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Práticas Agroecológicas e inclusão digital como
ferramentas para a agricultura familiar
Dirlane de F. do Carmo - TER
Regina Leal Toledo - TIC
James Hall - TER
Mariana Vezonne
Karine Marinho – TER
Camila da Silva Almeida – TER
Wanderson Trindade Vitorino – TCC
Maria Thereza A. de J. Dutra – TGH
Outubro a Dezembro de 2014
São Gonçalo – Rio de Janeiro
Índice
1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural .....................4
2. Atividades agrícolas e proteção ambiental..............................7
2.1 Áreas de proteção............................................................................ 7
2.1.1 Unidades de Proteção Integral ................................................. 7
2.2 Código Florestal ................................................................................. 9
2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR..................................................... 15
2.3.1 O que é o CAR? ........................................................................ 15
2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR) .... 16
3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos ............................23
3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos?.............................................. 23
3.2 Cuidados no manuseio..................................................................... 25
3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos ................. 28
3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças. ........................... 30
3.3.1.1 Controle biológico ............................................................... 30
3.3.1.2 Controle cultural.................................................................. 30
3.3.1.3 Controle físico ..................................................................... 31
3.3.1.4 Controle mecânico .............................................................. 31
3.2.1.5 Controle químico ................................................................. 31
4.1 Qualidade do solo ............................................................................ 32
4.2 Qualidade da água........................................................................... 33
5. Resíduos agrícolas...............................................................37
5.1 Bokashi ............................................................................................ 37
5.2 Compostagem.................................................................................. 39
6.1 Análise de solos ............................................................................... 40
6.2 Nutrientes do solo ............................................................................ 41
7. Rotação de Culturas e Consorciação ...................................44
7.1 Rotação de culturas............................................................44
7.2 Consórcio de Culturas...................................................................... 45
8. Caldas ..................................................................................53
8.1 Calda bordalesa ............................................................................... 53
8.2 Calda sulfocálcica ............................................................................ 56
8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções..................................... 58
9. Produção Animal agroecológica ...........................................59
9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção
agroecológica: .................................................................................................. 59
9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza ............................. 59
9.1.2 Alimentação............................................................................... 60
9.1.3 Controle de pragas e doenças................................................... 61
9.1.4 Instalações e Manejo................................................................. 61
Método .....................................................................................64
Modo de preparação ............................................................................ 64
Método .....................................................................................65
Modo de preparação ............................................................................ 65
Método .....................................................................................66
Modo de preparação ............................................................................ 66
Módulo 1 – Caracterização da propriedade rural
1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural
A agricultura familiar representa um importante setor da economia, sendo
muito importante para a produção de alimentos e para o desenvolvimento do país
(MACEDO e BORTOT, 2011). Apesar de a agricultura familiar responder por 84 %
das propriedades rurais no Brasil, a área total ocupada é de 24 %, entretanto, é a
principal fornecedora, para a população brasileira, de alimentos básicos como:
feijão (70%), leite (58%), mandioca (87%), milho (46%), aves (50%) e suínos
(59%). Além disso, a agricultura familiar ocupa 15,3 trabalhadores a cada
100 hectares, enquanto a patronal ocupa 1,7. As cadeias da agricultura familiar
respondem por quase 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,
gerando R$ 677,00 por hectare, enquanto a patronal gera R$ 358,00 a cada ano
(BRASIL, 2010).
Atualmente é de grande importância conciliar a produção agrícola com a
preservação do meio ambiente, mas mantendo a viabilidade e o lucro.
Para isso, torna-se necessário avaliar como os produtores rurais realizam
suas atividades, qual a relação que têm com o meio, quais pontos positivos
devem ser desenvolvidos e quais pontos fracos devem ser minimizados ou
eliminados visando aproximar a atividade rural local da sustentabilidade.
A falta de planejamento estratégico é um ponto relevante apontado por
Padilha e colaboradores (2010), visto que observa-se que no modelo de gestão
rural familiar atualmente adotado por diversas propriedades há falhas na
administração, não havendo a adoção de formas de controle, como por exemplo
sobre os custos de produção e a renda, reduzindo assim as possibilidades de
aumentar a competitividade, dificultando a agilidade na tomada de decisões
diante de situações difíceis.
Portanto, o agricultor familiar deve se reconhecer como empreendedor rural
e a partir daí, como ressaltam Padilha e colaboradores (2010), assim como ocorre
com os empresários de outras atividades econômicas, deve monitorar o ambiente
do qual faz parte, avaliando tudo o que envolve a atividade desenvolvida,
preocupando-se com a elaboração de estratégias para defender-se das ameaças,
sabendo aproveitar as oportunidades.
Dessa forma, o agricultor familiar deve identificar os pontos fracos e fortes
da sua estrutura produtiva, avaliando a tecnologia adotada e os resultados
econômicos obtidos para definir qual a melhor decisão a ser tomada para a
condução adequada das atividades agrícolas. Esta verificação deve atingir os
campos produtivos, financeiros, comerciais e ligados aos recursos humanos,
sendo a utilização do diagnóstico estratégico uma ferramenta auxiliar de
fundamental importância (PADILHA et al., 2010).
O agricultor familiar deve buscar reduzir custos, utilizar novas tecnologias,
identificar novas alternativas de produção e diferentes tipos de mercado. Torna-se
fundamental, portanto o planejamento!
Uma das formas de facilitar o planejamento é o uso da matriz SWOT
(Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade:).
Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade:
Pontos Positivos Pontos Negativos
Napropriedade
Forças Fraquezas
Forada
propriedade
Oportunidades Ameaças
Para preenchê-la o produtor rural deve avaliar em sua propriedade o que
são considerados pontos positivos, ou seja, suas forças e o que são considerados
pontos negativos, ou seja, suas fraquezas. Desta forma, fica mais fácil saber o
que pode ser ressaltado, aproveitado e o que deve ser melhorado. Fora da
propriedade, o produtor deve avaliar quais são as suas oportunidades, ou seja,
condições que devem ser aproveitadas, tais como: feiras livres disponíveis,
estradas boas, mercado acessível, atendimento de órgãos de extensão rural ou
setores da prefeitura que atendem ao produtor rural. Também devem ser
identificadas as ameaças, o que ocorre fora da propriedade que dificulta a ação
do produtor rural. A inexistência do que foi apresentado como oportunidade pode-
se caracterizar como ameaças.
Assim, o agricultor familiar deve identificar as forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças e colocá-las em uma matriz para melhor visualização e
busca de alternativas. O preenchimento da matriz facilita a observação da
propriedade como um todo para buscar soluções. Portanto, avaliar as
propriedades rurais a partir da percepção dos que realizam a atividade, buscando
reduzir as fraquezas e ameaças, e aumentar as forças para alcançar as
oportunidades, assume importância em qualquer região do país.
Módulo 2 – A legislação brasileira e a atividade rural
2. Atividades agrícolas e proteção ambiental
No Brasil há várias leis que buscam proteger o ambiente. Entretanto, uma
das que mais afetam a atividade está relacionada ao código florestal brasileiro.
Portanto, é importante identificar quais são as áreas de proteção ambiental e a
sua importância para as diversas atividades agrícolas.
Para entender o conceito, apresentamos abaixo os diferentes tipos de
áreas de proteção:
2.1 Áreas de proteção
2.1.1 Unidades de Proteção Integral
A proteção da natureza é o principal objetivo dessas unidades, por isso as
regras e normas são mais restritivas. Nessas áreas é permitido apenas o uso
indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta
ou dano aos recursos naturais. Exemplos de atividades de uso indireto dos
recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico,
pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outras.
As categorias de proteção integral são:
a) Estação Ecológica: área destinada à preservação da natureza e à
realização de pesquisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo
educacional.
b) Reserva Biológica: área destinada à preservação da diversidade
biológica, na qual são realizadas medidas de recuperação dos ecossistemas
alterados para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade biológica,
podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional.
c). Parque Nacional: área destinada à preservação dos ecossistemas
naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma
maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de
atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, turismo, além de
permitir a realização de pesquisas científicas.
d) Monumento Natural: área destinada à preservação de lugares
singulares, raros e de grande beleza da paisagem, permitindo diversas atividades
de visitação.
e) Refúgio da Vida Silvestre (REVIS): área destinada à proteção de
ambientes naturais, no qual se objetiva assegurar condições para a existência ou
reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite
diversas atividades de visitação e a existência de áreas particulares, assim como
no monumento natural.
2.1.2 Unidades de Uso Sustentável
São áreas que visam conciliar a conservação da natureza com o uso
sustentável dos recursos naturais. Nessas áreas pode haver atividades que
envolvem coleta e uso dos recursos naturais, mas desde que praticadas de uma
forma que a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos
ecológicos esteja assegurada.
As categorias de uso sustentável são:
a) Área de Proteção Ambiental: área que possua características naturais,
beleza e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das
populações humanas. Geralmente, é uma área extensa, com o objetivo de
proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terra
pública e privada. As áreas de topo de morro e margens de rios e lagoas são
exemplos dessas áreas de proteção ambiental, também conhecidas pela sigla
APP.
b) Área de Relevante Interesse Ecológico: área com o objetivo de
preservar os ecossistemas naturais de importância regional ou local. Geralmente,
é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e
com características naturais singulares. É constituída por terra pública e privada.
c) Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam
espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais
e a pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradicionais que
a habitam desde sua criação.
d) Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas
tradicionais onde exercem suas atividades baseadas na retirada de material
florestal, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte,
assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes. Permite
visitação pública e pesquisa científica.
e) Reserva de Fauna: área natural com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para
estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recurso da
fauna. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com a lei. A visitação
pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de
acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. A
comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas
obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.
f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem
populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração
de recursos naturais. Permite visitação pública e pesquisa científica.
g) Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada com o objetivo
de conservar a diversidade biológica, permitida a pesquisa científica e a visitação
turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode
ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC na gestão da UC.
2.2 Código Florestal
O código florestal é uma importante lei federal que o produtor rural deve
obedecer. Trata-se da lei federal número 4.771 que foi inicialmente promulgada
em 15 de Setembro de 1965. Essa lei foi alterada pela lei federal número 12.651
em maio de 2012.
Pela lei florestal as áreas de encostas com declividade superior a 45 graus
são protegidas por muitos motivos, tais como: permitem a infiltração de água das
chuvas que vão alimentar nascentes e rios consequentemente, são, portanto
áreas de recarga de água; se preservadas evitam a erosão, a descida de terra
que pode prejudicar áreas agricultáveis, perda de solo fértil e também redução da
quantidade de água disponível para uso.
A nova lei destaca que em áreas de inclinação entre 25 e 45 graus são
permitidos o manejo florestal sustentável, o exercício de atividades
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao
desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, desde
que estas atividades estivessem sendo realizadas antes da lei de 2012. Não
permite, portanto a conversão de novas áreas, a não ser em casos de utilidade
pública e de interesse social, o que é definido pelo governo e não pelo produtor
rural.
Porém como podemos definir os tipos de topos de morros, montes,
montanhas e serras? Como podemos saber qual é a inclinação?
Para isso alguns conceitos devem ser entendidos. A altura mínima
considerada de importância é de 100 (cem) metros e a inclinação média, como foi
dita, é maior que 25 graus (como demonstrado na Figura 1). A divisão das áreas
específicas dos morros é feita basicamente da seguinte forma:
Base: definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho
d'água próximo, vizinho ou, nos relevos (Figura 1),
Ondulados: pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação (Figura
2).
APP: as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3
(dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base (Figura 2).
A Figura 2 pode auxiliar na identificação destes conceitos.
Figura 1 - Identificação das áreas de topo de morro em que deve ser
mantida a área de preservação permanente.
Figura 2 - Esquema demonstrando morros com altura inferior e superior a
100 metros, o que seriam os pontos de sela e a área a ser destinada para
preservação permanente.
As áreas de topo de morro, assim como as áreas de margens de rios,
lagoas e nascentes são, portanto consideradas áreas de preservação permanente
porque podem conter a erosão do solo e reduzir riscos de enchentes e
deslizamentos de terra e de rocha; porque protegem as restingas ou veredas e
também várzeas; porque podem abrigar exemplares da fauna ou da flora
ameaçados de extinção; porque podem proteger locais de excepcional beleza ou
de valor científico, cultural ou histórico; porque podem formar faixas de proteção
ao longo de rodovias e ferrovias; porque asseguram condições de bem-estar
público; porque podem auxiliar na defesa do território nacional e porque podem
proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
Para a intervenção na beira de cursos de rios, encostas, manguezais,
dentre outros, existe um espaço físico que deve ser protegido por lei. Essa área
de recomposição da área de preservação permanente (APP) deve ser respeitada,
para que o lençol freático ou as nascentes não fiquem com o nível d‟água
comprometido. O resumo das principais áreas e espaços físicos a ser
protegida/mantida pode ser visto na tabela a seguir:
Tabela 2 – Resumo apresentando ás principais áreas de preservação
permanente (considerando local e metragem de acordo com a legislação federal):
Para os produtores rurais que alteraram essas áreas de preservação
permanente e que possuem atividades nessas áreas, deve ser feita a
recomposição da faixa florestal. Porém, com a alteração no código florestal, para
os módulos fiscais menores, o que se encaixa nas propriedades rurais familiares,
a área de recomposição é menor, de acordo com os módulos. Essas informações
estão mais detalhadas quando for esclarecido o passo a passo para o cadastro
ambiental rural (item 2.3.2 desta apostila). Essas informações constam no decreto
federal número 7830 de 2012, no artigo 19.
O novo código florestal assegura a todas as propriedades rurais a
manutenção de atividades agrossilvopastoris nas margens dos rios, desde que
consolidadas até 2008, e autoriza o uso de APPs para alguns tipos de cultivos,
como maçã e café. A pecuária também ficaria permitida em encostas de até
45 graus.
No código florestal também é destacada a área de reserva legal.
A área de Reserva Legal é a área de mata nativa que deve ser preservada
dentro da propriedade. De acordo com o texto aprovado na Câmara, a área a ser
protegida na propriedade rural deve ser de 20 %, porém se a propriedade estiver
na Amazônia Legal essa área deve ser de 80% e se estiver no cerrado, a área
deve ser de 35 %.
O projeto aprovado no Senado permanece com as especificações citadas,
mas possibilita a redução da reserva para 50% em estados com mais de 65% das
suas áreas em reservas ambientais, desde que a redução seja autorizada pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Para quem foi multado por destruir áreas de preservação permanente
houve com a mudança no código florestal a possibilidade de conversão de multas.
Produtores rurais com propriedade de até 4 módulos fiscais, autuados até julho de
2008, poderiam converter multas com reflorestamento, de acordo com o texto
aprovado pela Câmara. Com a nova redação, estes benefícios passaram a valer
também para os grandes proprietários rurais que desmataram até julho de 2008.
Considerando a pequena propriedade ou posse rural familiar, os cultivos e
outras atividades de baixo impacto ambiental em Áreas de Preservação
Permanente (APPs) e de reserva legal poderiam ser mantidos, desde que o
imóvel estivesse inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e que as atividades
fossem declaradas ao órgão ambiental.
O registro da reserva legal no CAR será gratuito para as unidades rurais
familiares. O CAR estabelece prazo de um ano, prorrogável uma única vez por
igual período, para que os donos de terras registrem suas propriedades nesse
cadastro. O cadastro serve para armazenar informações ambientais de todas as
propriedades rurais. Essa base de dados servirá para controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR
2.3.1 O que é o CAR?
O Cadastro Ambiental Rural ou CAR é um registro obrigatório para todos
os imóveis rurais, disposto na Lei federal 12.651/2012. Consiste no levantamento
de informações georreferenciadas de um imóvel, com delimitação das Áreas de
Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação
nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública,
com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os
valores das áreas para diagnóstico ambiental.
O CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle,
monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de
vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico
dos imóveis rurais.
Como exemplo de alguns benefícios em decorrência do cadastramento,
podemos citar:
- Possibilidade de regularização das Áreas de Preservação Permanente
(APP) e/ou Reserva Legal cuja vegetação natural foi suprimida ou alterada até
22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração administrativa ou crime
ambiental;
- Suspensão de sanções em função de infrações administrativas por
supressão irregular de vegetação em áreas de APP, Reserva Legal e de uso
restrito, cometidas até 22/07/2008.
- Obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas
de juros menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no
mercado;
- Dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de
uso restrito base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR,
gerando créditos tributários;
- Contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas
no mercado;
- Linhas de financiamento específicas para atender iniciativas de
preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa
ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na
propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; e
- Isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais
como: fio de arame, postes de madeira tratada, bombas d‟água, trado de
perfuração do solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e
manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso
restrito.
Deve ser destacado que as instituições financeiras não poderão conceder
nenhum tipo de crédito agrícola para imóveis rurais que não estejam com o CAR
registrado após cinco anos da publicação do novo Código Florestal (outubro de
2017).
Para saber como fazer o CAR apresentamos abaixo o passo a passo, mas
maiores informações podem ser obtidas na internet, no site www.car.org.br, onde
podem ser vistos os dados apontados na figura abaixo:
Figura 3 – Dados que podem ser visualizados no site para o CAR:
2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR)
Passo 1 - Definir se o imóvel é rural ou urbano. Se o proprietário paga o
ITR (Imposto Territorial Rural), o imóvel é rural, mesmo que esteja dentro de
áreas de expansão urbana. Portanto, imóvel rural é uma área formada de uma ou
mais matrículas de terras contínuas, do mesmo detentor, podendo ser localizada
tanto na zona rural quanto urbana do município. O que caracteriza o imóvel rural
para a legislação agrária é a sua “destinação agrícola, pecuária, extrativa vegetal,
florestal ou agroindustrial”.
Passo 2 - Em sendo rural, saber quantos módulos fiscais tem o imóvel. O
Módulo fiscal é estabelecido para cada município. No município de São Gonçalo
no estado do Rio de Janeiro cada módulo fiscal corresponde a 10 hectares.
Passo 3 - Conferir a classificação do imóvel em relação ao número de
módulos fiscais. Porém, atenção: a área do imóvel rural é a considerada em 22
de julho de 2008. Essa identificação é importante no momento de definir:
As obrigações do imóvel em relação à área de Reserva Legal. Nesse caso
os imóveis são classificados em:
Até 4 módulos fiscais
Com mais de 4 módulos fiscais.
Largura mínima de recomposição obrigatória das APPs. Para este item, os
imóveis seguem estas classificações:
Até 1 módulo fiscal;
Entre 1 e 2 módulos fiscais;
Entre 2 e 4 módulos fiscais;
Entre 4 e 10 módulos fiscais;
Mais de 10 módulos fiscais.
Passo 4 - Delimitar todas as áreas de Preservação Permanente do imóvel
rural.
Identificar todas as APPs do imóvel rural (independente do seu tamanho)
em um mapa. Devem ser delimitar todas as APPs, independente do uso ou de
sua situação atual. Caso as APPS estejam cobertas com vegetação nativa, ela
deverá ser mantida e protegida, não podendo mais ser removida.
Passo 5 - Delimitar as chamadas áreas de uso restrito (AUR).
São duas as chamadas áreas de uso restrito e as limitações sobre elas
estão nos artigos 10 e 11 da nova Lei.
Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração
ecologicamente sustentável (...)
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo
florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris (...)
Passo 6 - Mapear todos os fragmentos de vegetação nativa do imóvel.
Passo 7 - Conferir o uso do solo das APPs
Caso a APP tenha sido convertida antes de 22 de julho de 2008 e a
cobertura vegetal nativa seja menor que a exigida, o proprietário ou produtor rural
tem duas opções (Tabela 3):
I) Recompor as APPs com vegetação nativa dentro dos limites
determinados;
II) Optar por manter o uso consolidado e recompor somente as faixas
obrigatórias previstas para as APPs.
IMPORTANTE: Para a pequena propriedade ou posse rural familiar de até
4 módulos fiscais, é permitido o plantio de culturas temporárias de ciclo curto, na
faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos. Mas
desde que não haja corte de novas áreas de vegetação nativa e que o cultivo
conserve a qualidade da água e do solo e proteja a fauna silvestre.
Tabela 3 – Faixas mínimas e obrigatórias de recomposição de APP
hídricas naturais para áreas convertidas até 22 de julho de 2008.
A obrigação poderá ser menor que a apresentada anteriormente na tabela
somente quando a área recomposta atingir:
1) 10% (dez por cento) da área total do imóvel, com até 2 (dois) módulos
fiscais;
2) 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com
área entre 2 (dois) e 4 (quatro) módulos fiscais.
Passo 8 - Avaliar se há a necessidade de recompor a Reserva Legal
Para os imóveis de até 4 módulos fiscais, a Reserva Legal será
representada pelos fragmentos existentes na propriedade.
Para os imóveis com mais de 4 Módulos Fiscais, sempre que a cobertura
florestal for menor que a porcentagem exigida para os imóveis da região ou do
bioma, haverá a obrigação de recompor a Reserva Legal.
Passo 9 - Definir a forma de Recompor a Reserva Legal
Se houver necessidade de restauração, ela pode ser feita na própria
propriedade, ou compensada em outra propriedade. A compensação deve
ocorrer, obrigatoriamente, no mesmo bioma e, preferencialmente, no mesmo
Estado. Veja a figura abaixo:
Figura 4 – Formas de recomposição da área de reserva legal.
Passo 10 - Comprovar a existência da RL, como mostra a figura abaixo:
Figura 5 – Formas de comprovação da existência de Reserva legal na
propriedade.
Passo 11- Comprovar a existência de excedente (somente aplicável para
quem tem excedente de Vegetação Nativa), como demonstrado na figura abaixo:
Figura 6 – Formas de comprovação de excedente de vegetação nativa
Atenção: a APP, mesmo que ocupe mais de 20% da propriedade, não
conta como excedente. Para calcular o excedente, veja a figura abaixo:
Figura 7 – Formas de calcular o excedente de vegetação nativa.
Módulo 3 - Agroquímicos
3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos
3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos?
Os agroquímicos são produtos químicos sintéticos, ou seja, produzidos
pelo homem, destinados à atividade agrícola. São exemplos de agroquímicos os
agrotóxicos, os fertilizantes e os corretivos.
A perda de fertilidade do solo, a descoberta das necessidades químicas da
planta, além da possibilidade de aumentar a produtividade motivaram o uso de
fertilizantes químicos, os adubos.
Além disso, com o desmatamento, a monocultura, o uso de sementes
híbridas ao invés de variedades, aumentou-se muito o número de pragas e
doenças na agricultura que passaram a ser controladas pelo uso dos agrotóxicos.
A falta de mão de obra também motivou o uso de agrotóxicos (herbicidas)
na chamada capina química. Portanto, os agrotóxicos são substâncias (produtos
químicos) usadas para proteger as culturas agrícolas das pragas, doenças e
plantas daninhas. Estes chegaram ao Brasil, alavancados pelo crescimento
tecnológico proporcionado pela 2ª Guerra Mundial e a descoberta das
propriedades inseticidas do DDT, em 1939.
Os agrotóxicos também são conhecidos como defensivos agrícolas,
pesticidas e biocidas. Classificam-se quanto:
i) Ao organismo-alvo: Exemplos: Inseticidas (controle de insetos);
Acaricidas (controle de ácaros); Formicidas (controle de formigas); Nematicidas
(controle de nematóides); Fungicidas (controle de fungos);
Bactericidas/fumegantes (controle de bactérias do solo); Herbicidas (controle de
plantas invasoras); Rodenticidas ou raticidas (controle de roedores/ratos);
Desfolhantes (controle de folhas indesejadas)
ii) Toxicidade: Podem ser distribuídos considerando de pouco a
extremamente tóxico, separando dessa forma por classe e cor, de acordo com a
dose letal, que é descoberta a partir de experimentos em laboratório a partir da
quantidade de agrotóxico utilizada em que há a morte de 50% (metade) de uma
população exposta. Assim, a classificação é feita como mostra a tabela abaixo:
Tabela 4 – Classificação dos agrotóxicos de acordo com a toxicidade,
indicando a dose letal e a cor utilizada:
Classe
Toxicológica
Toxicidade Dose letal a 50% (DL50) Cor da faixa
(advertência)
I Extremamente tóxico Menor que 5 mg/kg Vermelha
II Altamente tóxico Entre 5 e 50 mg/kg Amarela
III Medianamente tóxico Entre 50 e 500 mg/kg Azul
IV Pouco tóxico Entre 500 e 5000 mg/kg Verde
As principais formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e os
possíveis cenários que apresentam o risco dessa ocorrência estão apresentados
na tabela abaixo:
Tabela 5 – Formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e
situações mais prováveis em que isso pode ocorrer:
VIAS DE
ENTRADA
PELE OLHOS NARIZ BOCA
Risco de
ocorrência
- Tipos de
formulações;
-Altas
temperaturas e
umidade do ar.
- respingos -vapores, pós e
gases;
- partículas
mínimas durante
pulverização;
-pulverização em
locais fechados.
- armazenar em
vasilhames
incorretos;
- limpar bicos ou abrir
embalagens com a
boca;
- comer, beber ou
fumar durante o
manuseio.
Por isso, observar e executar as instruções para o manuseio e uso seguro
dos agrotóxicos é fundamental para evitar danos à saúde humana e a natureza
em geral.
3.2 Cuidados no manuseio
Ao decidir pelo uso de agrotóxicos, vários são os cuidados que o agricultor
deve tomar em diferentes etapas que vão desde a aquisição até o descarte:
a) Na aquisição ou compra o agricultor deve ter o cuidado de comprar
somente agrotóxicos que forem indicados por um agrônomo e que lhe forneçam o
receituário agronômico. Deve ser exigida a nota fiscal e o agricultor deve
examinar o prazo de validade; não aceitando embalagens que estiverem
danificadas. Além disso, o rótulo e a bula devem estar legíveis.
b) No transporte do agrotóxico o agricultor deve utilizar veículos abertos
tipo caminhonete, tendo o cuidado de não transportar o produto junto com
pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos. E lembrando sempre de
levar junto a nota fiscal do produto.
c) No armazenamento do agrotóxico o agricultor deve ter o cuidado de
deixar o produto separado da residência e de outras instalações rurais; alimentos,
rações animais, medicamentos e sementes. O depósito onde for ficar o agrotóxico
deve ser trancado para evitar a entrada de crianças, animais e pessoas não
autorizadas.
d) No preparo da calda o agricultor deve ter os seguintes cuidados: usar
equipamentos de proteção individual (bota, avental, mascara /óculos); manusear
longe de pessoas desprotegidas; utilizar sempre água limpa para preparar a calda
e evitar o entupimento dos bicos do pulverizador; nunca desentupir bicos com a
boca e sempre seguir as instruções do rótulo e bula do produto.
e) No destino de embalagens vazias: há uma legislação aplicada no Brasil
que exige que quando for utilizado agrotóxico em galão ou similar, deve ser
realizada a tríplice lavagem antes do descarte da embalagem.
A tríplice lavagem quando são utilizados galões ou similares é feita da
seguinte forma:
1º: após esvaziar completamente o conteúdo da embalagem no tanque do
pulverizador;
2º: adicionar água limpa à embalagem até ¼ do volume (metade da
metade);
3º: tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos;
4º: despeje a água da lavagem no tanque do pulverizador;
5º: Faça esta operação 3 vezes;
6º: inutilize a embalagem plástica ou metálica perfurando o fundo.
A figura abaixo demonstra as etapas apresentadas acima:
Figura 8 – Etapas a serem seguidas na tríplice lavagem antes do descarte
da embalagem de agrotóxico
Porém, se o agrotóxico vier em sacos plásticos o descarte correto deve ser
feito da seguinte forma: primeiro deve ser esvaziado completamente na ocasião
de uso e depois guardado dentro de um saco plástico padronizado ou seja,
utilizado apenas para esse fim (pode ser com cor diferente, por exemplo).
f) Na aplicação do agrotóxicos o agricultor deve ter os seguintes cuidados:
não usar equipamentos com defeitos ou vazamentos; fazer a revisão e
manutenção periódica nos pulverizadores; lavar o pulverizador e verificar o seu
funcionamento após cada dia de trabalho; sempre ler as instruções do fabricante
do equipamento pulverizador e calibrar corretamente; observar a pressão exigida
para a bomba porque pressão excessiva na bomba causa perda da calda de
pulverização. O agricultor nunca deve comer, beber ou fumar enquanto prepara
ou usa o agrotóxico. Além disso, há vários fatores que influenciam na dispersão
do agrotóxico: o tamanho da gota; a dosagem, a formulação e o volume do spray
e o solvente utilizados no preparo; as condições ambientais e a altura da
plantação.
Na figura abaixo são apresentadas algumas formas de auxiliar na
visualização da velocidade do vento para a pulverização:
Tabela 6 – Velocidade do ar a ser observada para a pulverização
g) Carência do produto a ser observada: o agricultor deve ter o cuidado de
respeitar a carência do produto, ou seja, o número de dias entre a última
aplicação e a colheita, que vem escrito na bula do produto. Dessa forma fica
garantido que o alimento colhido não possua resíduo acima do limite máximo.
h) Higiene antes e após a aplicação do agrotóxico: o agricultor deve ter o
cuidado de lavar bem as mãos e o rosto antes de comer, beber ou fumar. Ao final
do dia de trabalho de aplicação de agrotóxicos deve lavar as roupas usadas na
aplicação separadas das roupas da família e tomar banho com bastante água e
sabonete, lavando bem o corpo.
i) Primeiros socorros em caso de contaminação: Em caso de contaminação
o agricultor deve ver a bula; dar banho e vestir uma roupa limpa na vítima e levá-
la imediatamente para o hospital. A bula do produto ou rótulo deve ser mostrado
ao médico e também o agricultor deve ligar para o telefone de emergência do
fabricante, informando o nome e a idade do paciente, o nome do médico e o
telefone do hospital.
3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos
Os defensivos levados por águas de chuva podem atingir a terra e também
o lençol freático, as águas do subsolo. Isso pode levar a contaminação, ou seja, à
possibilidade de causar doenças.
As enxurradas e erosões também podem auxiliar na contaminação,
principalmente se ocorrer fortes chuvas logo após as aplicações.
Outras formas de contaminação de águas por práticas agricultáveis são as
lavagens de embalagens e pulverizadores, diretamente nos mananciais ou a
disposição inadequada de embalagens nas margens.
3.3 Por que não utilizar agrotóxicos?!
A preocupação com a presença de agrotóxicos nos alimentos não é de
hoje, a relação entre agricultura e saúde pública sempre teve espaço nas
discussões sobre qualidade de vida da sociedade e preservação do meio
ambiente.
Infelizmente, o uso do agrotóxico no Brasil é uma realidade que faz parte
da vida rural, principalmente pela grande extensão de terras com possibilidade de
plantio no país e escassez de mão de obra. Além disso, a monocultura e a
alteração do meio rural sem avaliação do equilíbrio dado pelas florestas e
diversificação de culturas forçam o produtor rural a usar agrotóxicos para o
controle de pragas e doenças. Muitas vezes, os agrotóxicos são usados sem
controle, sem observar as indicações e ajustes corretos na aplicação, sem
aprovação de um profissional, provocando assim, contaminação do meio
ambiente, prejudicando a saúde da população e causando danos ao próprio
produtor rural que os utiliza.
O grande aumento no volume de agrotóxicos aplicados na agricultura tem
trazido uma série de problemas para o ambiente, tanto pela contaminação dos
seres vivos, quanto pela sua acumulação nos grupos com vida e sem vida que
fazem parte do ecossistema.
Há dois grupos químicos que apresentam alto nível tóxico e são
amplamente utilizados: os organoclorados e os organofosforados. Estes são
capazes de causar danos ao ambiente, pessoas e animais. A capacitação técnica
para a correta aplicação dos produtos é uma medida que apenas reduz os riscos.
Além dos riscos durante a aplicação de agrotóxicos, os resíduos destes
nos alimentos consumidos podem influenciar diretamente na saúde da população.
Esses resíduos são encontrados não apenas nos produtos agrícolas, mas
também no solo, na água e no ar.
A aplicação dos defensivos agrícolas pode levar também ao
desaparecimento de algumas espécies de insetos úteis que atacam as pragas e
que são conhecidos como inimigos naturais. Sem estes há o aumento das pragas.
Além disso, muitas espécies tornaram-se resistentes a certos agrotóxicos, o que
levou ao uso de venenos mais potentes ou a mistura de agrotóxicos.
Há vários métodos e ações que permitem a redução no uso de agrotóxicos
e até mesmo a não utilização destes.
Portanto é preciso incentivar à produção agrícola sustentável, ou seja, é
necessário incorporar na produção práticas mais limpas, como por exemplo, a
produção orgânica, o manejo integrado de pragas e doenças, o uso de caldas
alternativas e o controle biológico de pragas e doenças. É possível ter uma
agricultura que mantenha os níveis de produtividade e que ao mesmo tempo
agregue valor ao produto agrícola, garantindo alimentação para a população, sem
elevar os níveis de contaminação ambiental, nem prejudicar a saúde humana.
3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças.
Há diferentes formas de controle de pragas e doenças. Abaixo
apresentaremos algumas:
3.3.1.1 Controle biológico
O controle biológico de doenças de plantas é feito pela utilização de
organismos selecionados para o controle ou eliminação de agentes causadores
de doenças nas plantas. Um exemplo de controle biológico é o uso do
Baculovírus, que age de maneira eficiente no controle de lagarta da soja ou a
joaninha que controla o pulgão.
3.3.1.2 Controle cultural
O controle cultural das doenças consiste basicamente na manipulação das
condições de pré-plantio e durante o desenvolvimento da cultura, favorecendo-a
em relação à praga que levaria à doença. Busca-se assim reduzir o contato entre
a cultura suscetível à doença e o causador desta, de maneira a reduzir a taxa de
infecção e a propagação da doença, eliminando o agente causal e levando a
obtenção de plantas sadias (MICHEREFF, 2001).
São exemplos de controle cultural: (MICHEREFF, 2001): a rotação de
culturas, a utilização de material propagativo (mudas e sementes) sadio; a
eliminação de plantas vivas doentes ("roguing"); a eliminação ou queima de restos
de cultura; a incorporação de matéria orgânica no solo; a irrigação de forma
adequada; o manuseio de plantas buscando controlar a densidade de plantio; a
alteração nas épocas de plantio e colheita; a utilização de enxertia e poda.
3.3.1.3 Controle físico
Os métodos de controle físico baseiam-se no uso agentes físicos para
reduzir o inoculo (organismo que causa a doença) ou o desenvolvimento da
doença (MICHEREFF, 2001).
A utilização de temperatura, umidade e radiações eletromagnéticas são os
principais agentes físicos de controle dos insetos indesejáveis. Um exemplo de
controle físico é o uso de armadilhas luminosas. Elas são eficientes tanto para
combater insetos diurnos quanto noturnos, tendo como as principais faixas
espectrais do ultravioleta, visível e a do infravermelho as mais utilizadas para este
fim.
Outros exemplos de controle físico são (MICHEREFF, 2001): solarização
do solo; tratamento por calor do material de propagação das culturas; utilização
de filmes plásticos.
3.3.1.4 Controle mecânico
Os métodos de controle mecânico se caracterizam pela utilização de
barreiras e/ou pela destruição direta dos insetos.
São exemplos desta forma de controle: o uso de armadilhas; a utilização de
casa de vegetação; a catação de larvas e pragas adultas; a utilização de barreiras
como o ensacamento feito em goiabas.
3.2.1.5 Controle químico
Os métodos de controle químicos alternativos correspondem a utilização de
caldas. As mais comumente utilizadas são as Caldas Bordalesa e a Sufocálcica.
Porém também podem ser utilizadas caldas à base de extratos vegetais.
Módulo 4 – Qualidade ambiental
4. O que é ambiente degradado?
A atividade agrícola pode levar a alteração da paisagem pelo uso do solo,
da água, pelo cultivo de plantas e criação de animais, muitas vezes não
característicos da região. Essa alteração pode causar um desequilíbrio
provocando a destruição do ambiente, gradativa ou abrupta.
4.1 Qualidade do solo
O solo apresenta características químicas, físicas e biológicas que
dependem de diferentes fatores, tais como a rocha que o originou, o clima da
região, os organismos que interferem nele, como vegetais e animais.
São exemplos de características químicas dos solos que interferem nas
práticas agrícolas:
 O potencial hidrogeniônico (pH) que indicará se o solo é ácido ou
alcalino;
 A capacidade de troca catiônica (CTC) que indica a capacidade que
o solo tem em reter ou perder nutrientes. Normalmente baixa CTC
indica susceptibilidade à perda de nutrientes, baixa fertilidade,
reduzida quantidade de matéria orgânica e, portanto, necessidade
de calagem e adubação mais frequente que um solo com CTC mais
elevada (FERREIRA, SCHWARZ e STRECK, 2000);
 Teor de nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, que são
essenciais para o desenvolvimento da planta.
 Teor de matéria orgânica que é formada pela decomposição de
restos animais e vegetais.
São exemplos de características físicas dos solos que interferem nas
práticas agrícolas:
 Textura que indica a proporção que há no solo de areia, silte e
argila.
 Estrutura que mostra o arranjo das partículas do solo e do espaço
poroso. A estrutura do solo pode ser alterada em função do manejo
inadequado; considerando assim o aspecto físico (mecanização,
pastoreio) e também o químico (adubação desbalanceada); podendo
também ser influenciada por mudanças de clima e atividade biológica;
 Porosidade que é o espaço do solo não ocupado por sólidos, mas por
ar e água.
O manejo nas atividades agrícolas pode, portanto interferir na qualidade do
solo, favorecendo ou prejudicando.
As operações de aração e gradagem, por exemplo, realizadas na
agricultura convencional podem levar à formação do “pé-de-arado” ou “pé-de-
grade”, que é uma camada compactada formada no perfil do solo pela destruição
dos agregados do solo, que são pulverizados pela ação dos implementos e
também do tráfego do trator (VEIGA, REICHERT e REINERT, 2009). Entretanto,
uma forma de manejo também pode ser a solução, que é a implantação do plantio
direto ou manejo mínimo do solo.
Os pequenos açudes sucessivos, alocados da parte mais alta para a mais
baixa do terreno, visando a contenção de águas de chuva também são uma forma
de manejo que contribui para a qualidade ambiental (BARROS, 2000).
Outra forma de manejo que contribui para a qualidade do solo e da água é
o cultivo adotando curvas de nível. As curvas de nível unem pontos de mesma
cota no terreno e desta forma a água da chuva ao cair nesse solo encontra esses
sulcos com as plantas. Assim há a infiltração de água, evita-se a alta perda de
nutrientes pelo arraste, evita-se a erosão.
4.2 Qualidade da água
A falta de água pode se tornar um problema sério para a agricultura e em
alguns locais, essa questão grave já é uma realidade. O assoreamento (arraste
de terra para os corpos de água), a poluição (lançamento de esgoto e de outros
resíduos nos corpos hídricos) e o desmatamento estão entre os principais fatores
que interferem na qualidade das águas nas regiões rurais.
Assim como o solo, a água também apresentada características físicas,
químicas e biológicas que indicam sua qualidade.
São características físicas da água:
 Temperatura: medida da intensidade de calor que pode variar em
função de fontes naturais, como a energia solar e também de fontes
humanas, como o lançamento de esgoto. A temperatura pode
interferir em outras características da água, como por exemplo, a
viscosidade e a quantidade de oxigênio dissolvido. Há uma
temperatura ideal para os organismos que vivem na água, portanto,
a mudança de temperatura pode também interferir na vida aquática;
 Sabor e odor: a água não tem gosto e cheiro, porém pode sofrer
alteração destes pela presença de algas, restos de vegetação que
se decompõem, além da presença de organismos como bactérias e
fungos. Portanto, a alteração do sabor e odor podem indicar a
qualidade da água;
 Compostos orgânicos: ao contrário do solo, a presença de matéria
orgânica na água pode levar a perda de sua qualidade, alterando
outros fatores, tais como: sabor, odor, quantidade de oxigênio
disponível. A presença de matéria orgânica da água se dá pelo
carreamento de material sólido da terra para a água, como também
pelo lançamento de esgotos, dentre outras formas.
 Cor: resulta da existência de substâncias em solução. As causas
podem ser naturais, como a cor amarelada devido a presença de
ferro vindo do solo; ou pela presença de material orgânico em
decomposição.
 Turbidez: presença de matéria em suspensão na água, como argila,
silte, substâncias orgânicas, organismos, que interferem na sua
transparência. No meio rural é comum avaliar a turbidez na água na
criação de peixes.
 Sólidos: material presente na água que pode ser visível e se
encontrar em suspensão ou pode ser invisível, se encontrando
dissolvido na água.
São características químicas da água importantes de ser avaliadas no meio
rural:
 pH (potencial hidrogeniônico): que indica se a água é ácida (pH
menor que 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7).
Água com baixo pH pode ser corrosiva e com alto pH pode levar a
formação de incrustações em tubulação
 Cloretos: são substâncias químicas que podem vir da dissolução de
minerais ou da intrusão de águas do mar, do lançamento de esgoto
ou do uso inadequado de insumos agrícolas. Em alta concentração
podem levar a salinização do solo, prejudicando a produção
agrícola;
 Nitrogênio e fósforo: são nutrientes importantes para o crescimento
vegetal, que, portanto, em excesso na água podem causar diversos
problemas. Esses nutrientes podem chegar à água pelo uso de
adubos, estercos, pelo despejo de esgoto.
 Oxigênio Dissolvido (OD): é essencial para a respiração de
organismos aeróbios. Se há o aumento do lançamento de matéria
orgânica na água, a quantidade de oxigênio dissolvida pode ser
reduzida ao ser utilizada pelos organismos para a decomposição
dessa matéria. Quanto menor o teor de oxigênio dissolvido, menor a
qualidade da água.
São características biológicas da água importantes de ser avaliadas no
meio rural:
 Coliformes: esses organismos são utilizados como indicadores da
presença de microrganismos patogênicos na água;
 Algas: são organismos importantes na produção de oxigênio
dissolvido através da fotossíntese, mas em grande quantidade
podem causar danos, como aumentando a quantidade de matéria
orgânica que para ser decomposta levará a redução da quantidade
de oxigênio.
No meio rural, para a decomposição dos resíduos orgânicos evitando os
diversos danos que estes podem causar à água, podem ser utilizados alguns
tipos de tratamento, sendo os mais comuns os biodigestores e as wetlands.
Módulo 5 – Resíduos agrícolas e sua utilidade
5. Resíduos agrícolas
No meio rural podem ser gerados diferentes tipos de resíduos que deverão
ser separados para ser utilizados, vendidos ou descartados.
Na casa são gerados resíduos recicláveis e não recicláveis. Dentre os
recicláveis temos as garrafas, papéis, latas, caixas, dentre outros.
Dentre os não recicláveis podemos fazer a separação como orgânicos e
não orgânicos.
Alguns resíduos orgânicos podem ser reutilizados no próprio local, como os
resíduos alimentares, cascas, restos vegetais.
Resíduos de controle de pragas, bem como restos de remédios devem ser
encaminhados para a coleta pública, para serem destinados a aterros sanitários.
Nas atividades agrícolas os resíduos gerados variarão com as
propriedades e com as práticas adotadas, podendo ser citados como exemplos:
restos de ração e silagem; palhada; cascas; carcaças; estrumes.
Embalagens de agrotóxicos são resíduos em que há legislação específica
para o descarte, evitando a contaminação do agricultor e de sua propriedade,
como já citado anteriormente.
O produtor rural deve estar atento aos resíduos gerados e na possibilidade
de sua utilização. Resíduos orgânicos podem ser utilizados na compostagem, na
formação de biofertilizantes, na formação do bokashi.
5.1 Bokashi
É um adubo orgânico de excelente qualidade, muito utilizado na adubação
de plantio das espécies mais exigentes, tais como o tomate, couve flor, brócolis,
milho, frutíferas, dentre outras espécies.
Materiais necessários:
- 250 Kg de terra virgem de barranco, isento de sementes;
- 100 Kg de esterco de galinha (ou farelo de soja ou farelo/torta de mamona);
- 100 Kg de farelo de arroz (pode ser substituído por resíduos de milho e batata
obtidos em fábricas de fécula);
- 75 Kg de farinha de osso;
- 1 litro de microrganimos (EM-4) diluídos em 20 a 30 litros de água;
Deixar fermentar durante 7 a 10 dias, revirando 3 vezes ao dia nos 3 a 4
primeiros dias.
Dosagens:
- 300 gramas por cova (tomate, etc.);
- 200 a 300 gramas/m² no preparo de canteiros de hortaliças;
- 150 a 200 gramas por metro em sulcos;
- 500 gramas por cova em fruteiras.
Como fazer EM4:
Cozinhe qualquer quantidade de arroz (mais ou menos 1 quilo), sem óleo e
sem sal e coloque numa vasilha de barro ou de madeira. Coloque esta vasilha
com o arroz numa mata fechada e embrulhe ou projeta-a com uma tela ou
sombrite. Coloque as folhas do solo encima deste embrulhado e deixe este
material durante 30 dias. Depois dos 30 dias, desembrulhe e elimine as colônias
de fungos de coloração negra, cinza escuro e amarronzada. Dissolve/esfarele o
restante do material em um balde com 10 litros de melaço ou garapa ferventada
(espere esfriar para depois dissolver o arroz). Deixar curtir durante 10 dias ou
mais, em recipiente aberto (tipo um balde) e em ambiente escuro (quarto
fechado). Depois de 10 dias poderá diluir este material em qualquer quantidade
de água e inocule no bokashi.
5.2 Compostagem
A compostagem pode ser definida como um processo controlado de
decomposição da matéria orgânica.
A compostagem pode ser feita com os restos de alimentos da casa.
Também pode ser feita na limpeza dos currais, auxiliando no combate a
doenças e pragas. Todos os dias deve ser feita a raspagem do curral,
acumulando em um monte até o término da semana. Na semana seguinte
começa-se novo monte de estrumes. Ao final de 5 semanas, o primeiro monte já
poderá ser utilizado para adubação das pastagens.
Pode-se fazer o composto também mais elaborado, montando-se as leiras.
No material da apresentação e na pasta do módulo 6 – Adubação há informações
mais detalhadas para a compostagem.
Módulo 6 - Adubação
6.1 Análise de solos
Antes de qualquer adubação, seja convencional ou orgânica, é essencial a
análise de solo. Somente essa análise indicará o estado em que se encontra o
solo, qual a quantidade que há nele de nutrientes e quais devem ser repostos.
A amostragem depende de quem está executando-a. Para que ela seja a
mais representativa possível, é preciso que a área amostrada seja homogênea ou
bem próxima disto. Por este motivo divide-se a propriedade em vários „mini-locais‟
ou glebas. Para ser homogênea a gleba deve ser de apenas uma cultura. Em
cada gleba serão retiradas várias amostras simples que misturadas formarão a
amostra composta.
Portanto, a amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da
gleba e a composta é a mistura homogênea das várias amostras simples
coletadas na gleba. Assim, a amostra composta é representativa da área e á
amostra que será submetida à análise química.
Deve-se andar em zigue-zague durante a retirada de amostras e colocá-
las, de preferência, em um balde plástico, para que assim as interferências sejam
minimizadas (Figura 9).
Figura 9 - Divisão da área em glebas para amostragem de solo (RIBEIRO,
GUIMARÃES e ALVAREZ V., 1999).
Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada
de 0 a 20 cm, contudo, deve-se levar em conta a camada de solo, onde se
concentra o maior volume da raiz. Por exemplo, para pastagens já estabelecidas,
recomenda-se a amostragem na camada de 0 a 5cm, ou, até, 0 a 7cm. Quando
necessário, pode retirar-se outra amostra composta de 7 a 20 cm.
No ponto de coleta das amostras simples, a superfície do solo deverá ser
limpa, removendo restos vegetais sem, contudo, remover a camada superficial do
solo. Os pontos de coleta das amostras simples não devem ser localizados
próximos a acidentes atípicos na área, como por exemplo, cupinzeiros, local de
queimadas de restos culturais, formigueiros, local de deposição de fezes e cochos
ou saleiros em áreas de pastagens.
As amostras podem ser coletadas com trado ou com pá.
O número de amostras a ser coletado depende do tamanho da área. Em
uma área com até 4 hectares deverão ser coletadas pelo menos 15 amostras
simples para fazer uma composta; em uma área com até 20 hectares deverão ser
coletadas pelo menos 20 amostras.
As amostras simples são colocadas em um mesmo balde, fazendo-se a
mistura com as mãos para homogeneizar e formar a amostra composta. Esta
deve secar à sombra por um dia para eliminar o excesso de umidade.
Retira-se então em torno de 300 gramas de amostra para enviar ao
laboratório para análise.
6.2 Nutrientes do solo
Segundo a pesquisadora da Embrapa, Alessandra M. S. Mendes, os
elementos carbono (C), hidrogênio (H) e o oxigênio (O) são absorvidos pelas
plantas a partir da água absorvida pelas raízes e do gás carbônico (CO2)
absorvido via fotossíntese. Juntamente a esses três elementos, mais seis são
absorvidos e exigidos pelas plantas em quantidades superiores aos demais:
nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg),
formando os chamados macronutrientes. Já os micronutrientes, que são exigidos
em quantidades inferiores aos nove anteriormente citados, são: ferro (Fe),
manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B) molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
Estes nutrientes possuem funções específicas e essenciais no
metabolismo da planta.
Falaremos aqui sobre o N, P, K , Ca e Mg.
Nitrogênio está ligado diretamente ao desenvolvimento da planta, pois
constitui a „peça-base‟ de formação das proteínas, os aminoácidos. Na ausência
deste, o processo mais afetado é a produção de proteínas, o que compromete o
crescimento da planta.
Indício de sua ausência - As folhas velhas tornam-se amareladas.
Fósforo é um importante componente energético da planta. Importante
para o enraizamento da planta e deve ser aplicado antes ou no momento do
plantio.
Indício de sua ausência – Folhas mais velhas adquirem coloração
arroxeada. Além disso, a planta retarda a sua frutificação.
Potássio participa do processo de fotossíntese. Também é importante no
momento da formação e enchimento do fruto.
Indício de sua ausência - As folhas novas afilam e as velhas apresentam
amarelecimento das bordas, tornando-se amarronzadas e necrosadas.
Cálcio ajuda a planta a evitar estresse decorrente da presença de metais
pesados, segundo a pesquisadora da Embrapa Alessandra M. S. Mendes.
Indício de sua ausência - Observam-se tecidos necrosados no interior dos
frutos. Deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento.
Magnésio está ligado ao metabolismo energético do vegetal.
Indício de sua ausência - Quando a deficiência é mais severa, as áreas
amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas
por infecção de vírus podem ser confundidos com a falta deste nutriente.
É também muito importante para o conhecimento do agricultor a definição,
isto é, entender no que consiste o processo de calagem, algo tão falado durante
o dia-a-dia do cultivo dos vegetais.
Este processo fornece cálcio e magnésio para as plantas. O cálcio estimula
o crescimento das raízes e, portanto, com a calagem ocorre o aumento do
sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo,
auxiliando a planta na tolerância à seca. Além de contribuir para o aumento da
eficiência dos adubos e reduzir a acidez do solo (que prejudica a disponibilidade
de nutrientes contidos no solo).
A quantidade de calcário a ser aplicada ao solo será determinada pelo
agrônomo, mediante o resultado da análise química do solo.
Módulo 7 – Rotação e Consorciação de Culturas
7. Rotação de Culturas e Consorciação
7.1 Rotação de culturas
A rotação de culturas é a alternância regular e ordenada do cultivo de
diferentes espécies vegetais em sequência temporal em uma determinada área.
O planejamento cultural estratégico na propriedade proporciona o equilíbrio
necessário quanto aos aspectos físicos, químicos, biológicos e econômicos dos
sistemas de produção.
Alguns benefícios da rotação de culturas são:
 Auxilia o controle da propagação de ervas daninhas, pragas e
doenças;
 Reciclagem de nutrientes;
 Repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes
climáticos;
 Melhora a estrutura e fertilidade do solo.
Apesar das vantagens da rotação de culturas, alguns cuidados devem ser
tomados, tais como evitar a rotação com culturas da mesma família, evitar rotação
com culturas que possam inibir o crescimento das que a sucederão e promover a
rotação com culturas que beneficiarão as próximas que ocuparão a área. Assim,
na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de rotação favoráveis e
desfavoráveis:
Tabela 7 – Exemplos de rotação apontando a cultura, o cultivo
anterior que pode ser favorável e o que deve ser evitado:
Família / Cultura
Cultivo anterior que
pode ser Favorável
Cultivo anterior que deve
ser Evitado
Compostas: Alface,
Alcachofra, Cravo Túnico,
Calêndula
Alho, Alho-Francês,
Batata, Cebola
Beterraba, Couve, Nabo,
Compostas
Crúciferas: Couve,
Brócolos, Nabo, Rúcula,
Rabanete
Alho, Alho-Francês,
Cebola, Espinafre
Abóbora, Aipo, Cenoura,
Feijão, Melão, Pepino,
Tomate, Crucíferas
Cucurbitáceas: Abóbora,
Courgete, Melão, Melancia,
Pepino
Alho, Alho-Francês,
Cebola, Espinafre
Abóbora, Cucurbitáceas
Liliáceas: Alho, Alho-
Francês, Cebola, Cebolinho
Crucíferas,
Cucurbitáceas,
Leguminosas
Beterraba, Milho, Liliáceas
Leguminosas: Ervilha,
Fava, Feijão
Alho, Alho-Francês,
Cebola
Leguminosas
Solanáceas: Batata,
Berinjela, Pimento, Tomate
Alho, Alho-Francês,
Cebola
Abóbora, Melão, Pepino,
Solanáceas
Umbelíferas: Aipo,
Cenoura, Salsa, Coentros
Alho, Alho-Francês,
Cebola, Milho
Aipo, Beterraba, Cenoura
7.2 Consórcio de Culturas
O consórcio de culturas é o cultivo simultâneo, num mesmo local, de duas
ou mais espécies vegetais (Figura 10).
As plantas podem ser semeadas ou plantadas ao mesmo tempo ou terem
época de implantação levemente defasada, mas compartilham dos mesmos
recursos ambientais durante grande parte de seus ciclos de vida, fato que leva a
forte interatividade entre as espécies consorciadas e entre elas e o ambiente,
como mostra a figura abaixo.
Figura 10 - Consórcio de culturas
Os benefícios da consorciação são:
 Auxilia no controle de ervas daninhas, pragas e doenças;
 Promove uma excelente cobertura viva e morta do solo, durante o
maior período de tempo possível;
 Maximiza o aproveitamento do solo;
 Maximiza o aproveitamento da água disponível no solo ou do
período chuvoso.
Podem ser utilizados diferentes tipos de consorciação, como demonstrado
na figura abaixo:
Figura 11 – Tipos de consorciação
Para a escolha das culturas, deve-se levar em conta:
 Os insumos que precisa (sementes, adubos, inseticidas);
 As raízes que as culturas têm;
 A capacidade que as culturas têm de melhorar a fertilidade do solo;
 A capacidade das culturas em cobrir o solo;
 Os efeitos de consorciação entre as culturas.
Da mesma forma que na rotação, na consorciação também pode haver
culturas que são benéficas e outras que prejudicam. Na tabela abaixo são
apresentados alguns exemplos de consorciação:
Tabela 8 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais
consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados:
Cultura Consorciações Favoráveis
Consorciações
Desfavoráveis
Abóbora
Alface, Chaga, Feijão, Manjericão,
Melão, Milho
Batata, Legumes-
Tuberoso, Rabanete
Acelga Cebola, Cenoura, Couve, Feijão
Aipim
Feijão-de-vagem rasteiro, batata,
milho-verde
Aipo
Alface, Alho-Francês (alho-poró),
Couve, Feijão
Batata, Milho
Alface
Abóbora, Aipo, Alcachofra, Alho-
Francês, Beterraba, Cebola, Cenoura,
Couve, Couve-Flor, Ervilha, Feijão,
Morango, Pepino, Picle (pepino para
conserva), Rabanete, Repolho,
Tomate
Espinafre, Girassol,
Salsa
Alho
Aipo, Alface, Beterraba, Cenoura,
Couve, Morango, Pepino, Picle,
Tomate
Ervilha, Espargo, Feijão,
Repolho
Alho-Francês
Aipo, Alface, Batata, Beterraba,
Cebola, Cenoura, Couve, Espinafre,
Morango, Tomate
Beterraba, Ervilha,
Feijão, Repolho
Batata
Aipo, Ervilha, Espinafre, Feijão,
Nasturtium, Rabanete, Repolho
Abóbora, Aipo,
Berinjela, Beterraba,
Cebola, Couve, Ervilha,
Framboesa, Girassol,
Maçã, Milho, Pepino,
Picle, Tomate
Berinjela
Ervilha, Estragão, Feijão, Pimenta,
Salsa, Tomate, Tomilho
Batata, Cebola
Espargo
Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha,
Manjericão, Salsa, Tomate
Alho, Beterraba, Cebola
Beterraba
Aipo, Alface, Alho, Cebola, Cenoura,
Couve, Feijão-Rateiro, Morango,
Pepino, Rabanete, Rábano, Repolho
Alho-Francês, Batata,
Espargo, Feijão, Feijão-
Trepador, Milho, Tomate
Brócolis
Alface, Alecrim, Chaga, Salsa, Sálvia,
Tomate
Morango
Tabela 9 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais
consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação):
Cultura Consorciações Favoráveis
Consorciações
Desfavoráveis
Cebola
Alface, Alho-Francês, Beterraba, Camomila,
Cenoura, Erva-Doce, Morango, Pepino,
Salgado, Tomate
Batata, Couve, Ervilha,
Feijão, Repolho
Cenoura
Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho, Alho-
Francês, Beterraba, Cebola, Cebolinho,
Cerefólio, Ervilha, Espinafre, Rabanete,
Rábano, Sálvia, Tomate
Aneto, Endro, Funcho
Couve
Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho-Francês,
Batata, Beterraba, Ervilha, Espinafre, Feijão
Menta, Rabanete,
Rábano, Rasteiro, Sálvia,
Tomate, Tomilho
Couve-
Flor
Alface, Alecrim, Aipo, Batata, Beterraba,
Camomila, Cebola, Chaga, Endro, Feijão,
Hortelã, Rabanete, Sálvia
Morango, Tomate, Videira
Damasco
Manjericão, Malmequer, Alho, Espinafre,
Urtiga, Girassol, Chagas (Nastartium)
Tomate
Ervilha
Aipo, Alface, Batata, Cenoura, Couve,
Feijão, Milho, Nabo, Pepino, Picle,
Rabanete, Rábano, Repolho
Alho, Alho-Francês,
Batata, Cebola, Feijão,
Salsa, Tomate
Espargo
Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha,
Manjericão, Salsa, Tomate
Alho, Beterraba, Cebola
Espinafre
Aipo, Alface, Alho-Francês, Couve, Feijão,
Milho, Morango, Nabo, Rabanete, Rábano,
Repolho, Tomate
Batata, Beterraba
Feijão
Acelga, Aipo, Alface, Alho, Batata,
Beterraba, Cenoura, Couve, Espinafre,
Milho, Morango, Nabo, Pepino, Rabanete,
Rábano, Tomate
Alho, Alho-Francês,
Batata, Cebola, Ervilha
Tabela 10 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais
consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação):
Cultura Consorciações Favoráveis
Consorciações
Desfavoráveis
Feijão-Verde Batata, Milho, Rabanete
Alho, Beterraba,
Cebola
Manjericão
Damasco, Espargo, Feijão, Pepino, Repolho,
Tomate
Milho
Abóbora, Alface, Ervilha, Feijão, Pepino,
Tomate
Aipo, Alecrim,
Alface, Batata,
Beterraba, Hortelã
Morango
Alface, Alho, Alho-Francês, Beterraba,
Cebola, Couve, Espinafre, Feijão, Rabanete,
Rábano, Tomilho
Repolho
Nabo
Acelga, Alecrim, Alface, Ervilha, Espinafre,
Feijão, Hortelã
Alho, Batata,
Mostarda, Tomate
Pepino
Aipo, Alface, Beterraba, Cebola, Ervilha,
Feijão, Girassol, Milho, Repolho, Salsa
Batata, Melão,
Rabanete, Rábano,
Tomate
Pimentão Cebola, Cenoura, Salsa, Tomate Rábano
Rabanete
Acelga, Agrião, Alface, Alho, Cenoura, Couve,
Ervilha, Espinafre, Feijão, Morango, Salsa,
Tomate
Abóbora, Acelga,
Batata, Pepino,
Repolho, Videira
Salsa
Alface, Alho-Francês, Espargo, Milho,
Rabanete, Tomate
Ervilha, Feijão,
Repolho
Tomate
Aipo, Alface, Alho, Alho-Francês, Cebola,
Cebolinho, Cenoura, Coentro, Couve-Flor,
Endro, Espargo, Espinafre, Feijão,
Manjericão, Milho, Rabanete, Salsa
Batata, Beterraba,
Couve, Erva-Doce,
Ervilha, Feijão,
Pepino
Videira
Aipo, Alface, Camomila, Chaga, Feijão,
Pepino
Beterraba, Brócolis,
Tomate
Uma das formas de consórcio mais utilizadas na agricultura familiar é a do
milho com o feijão. Neste caso, a leguminosa (feijão) pode ser semeada nas
linhas, nas entrelinhas ou nas linhas e entrelinhas do milho. O feijão pode ser
semeado simultaneamente, na maturação fisiológica ou de 10 a 20 dias antes da
semeadura do milho. Esta cultura pode ser consorciada também a outras
leguminosas anuais, tais como, feijão-de-porco, mucuna anã, lab lab, crotalária,
objetivando, principalmente, por meio da simbiose e da reciclagem, obter-se
significativo aporte de nitrogênio que, em parte, é usado pela gramínea (Figura
12).
Figura 12 – Consórcio do milho
Na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de consórcio que
podem ser utilizados, o que é feito na prática e o efeito que pode ocorrer.
Tabela 11 - Exemplos de consórcios, com a prática comumente adotada e
o efeito da consorciação das culturas:
Consorciação Prática Efeito
Batata + Feijão Filas alternadas
Protege a batata do
escaravelho
Cenoura + alho francês ou
cebola ou ervilha
2 filas de cenoura e 1
de alhos ou cebola ou
ervilhas
Protege a cenoura da mosca
Cenoura + alecrim, salva e
losna
Aromáticas em
fronteira
Repele a mosca da cenoura
Couve + tomilho
Aromática envasada e
dispersa entre a
cultura
Repele a mosca da couve
Couve, nabo ou rabanetes +
hissopo e hortelã pimenta
Aromáticas em
fronteira
Repele a altica
Couve + aipo Filas alternadas Repele a lagarta da couve
Couve + alecrim, hissopo e
salva
Aromáticas em
fronteira
Repele a lagarta da couve
Couve + trevo Filas alternadas Repele a lagarta da couve
Espargo + tomate Filas alternadas
Repele o gorgulho do
espargo
Macieiras + chagas
(capuchinha)
Plantadas junto de
cada árvore
Protege do pulgão lanígero
Macieira + cebolinho
Plantadas junto de
cada árvore
Protege do pedrado
Melão + cebola
1 cebola junto a cada
pé de melão
Protege do fusário
Tomate + cravos de Tunes
ou chagas
Protege da mosca branca
Coentro + Tomate
Reduz os danos da traça do
tomate
Sálvia e Alecrim + Brássicas
(repolho, couve-flor, couve e
brócolis)
Repele a borboleta que põe
os ovos nas folhas dando
origem as lagartas
Arruda e hortelã + hortaliças Repele a mosca branca
Manjerona Repele insetos em geral
Capim Cidreira Repele insetos em geral
Poejo Repele as formigas e traças
Hortelã Repele as formigas e ratos
Módulo 8 – Caldas para controle de pragas e doenças
8. Caldas
Há diversas caldas que podem ser utilizadas no controle de pragas e
doenças na agricultura, além de outros métodos alternativos como a homeopatia.
Entre as mais usadas estão a Calda bordalesa e a Sulfocálcica.
8.1 Calda bordalesa
A calda bordalesa é um fungicida à base de sulfato de cobre previamente
neutralizado com cal. É eficiente no controle de diversas doenças fúngicas, mas
também pode ser utilizada para o combate a infecções por bactérias e para o
controle de algumas pragas.
Material necessário:
200 gramas de sulfato de cobre
200 gramas de cal virgem (Pode ser empregada a cal hidratada para o
preparo da calda bordalesa, porém esta deve ser nova quanto à
fabricação e deve-se utilizar 360 gramas ao invés de 200 gramas)
20 litros de água
Modo de preparar:
Utilizar para preparar a calda bordalesa um tanque ou vasilhame de plástico,
cimento amianto ou madeira. Não utilizar tambores de ferro, latão ou alumínio, pois
estes reagem com o sulfato de cobre. No recipiente a ser utilizado, coloque 10
litros d‟água. Se o sulfato de cobre (200 gramas) estiver na forma de pedra deve
ser imerso nesta água. Para isso deve estar bem moído e ser colocado dentro de
um saco de pano ralo que será amarrado em uma vara atravessada sobre o
recipiente com a água, de modo a apenas mergulhar nesta. Espere o sulfato de
cobre dissolver, o que geralmente ocorre uma hora após a imersão.
Se o sulfato de cobre estiver na forma cristalizada, será de mais fácil
solubilidade, podendo ser dissolvido na mesma hora de preparo, em um pouco de
água quente ou normal.
Em outro recipiente com capacidade superior a 20 litros vá adicionando
200 gramas de cal virgem com água aos poucos até formar uma pasta
consistente. Após isto, complete o volume de água para 10 litros.
Despeje a calda contendo o sulfato de cobre sobre a calda contendo a cal
ou então em um terceiro recipiente de capacidade superior a 20 litros, juntam-se
as duas soluções, em pequenas quantidades, ao mesmo tempo, agitando-se a
mistura, enquanto vai sendo preparada.
Para verificar se a calda apresenta pH neutro (desejável), você deve
mergulhar na solução uma lâmina de canivete ou faca bem limpa, durante meio
minuto. Se houver formação de ferrugem sobre a lâmina quando for retirada da
solução, indica que esta está ácida e que deve ser acrescentada mais solução de
água e cal. Quando a faca/canivete for colocada na solução e não houver mais
reação, significa que a calda está pronta e sua aplicação deve ser feita no mesmo
dia. Para o controle do pH pode ser utilizada uma fita de tornassol (comprada em
farmácia) ao invés da faca. Se a solução estiver ácida o pH estará abaixo de 7,0 e
deve-se acrescentar mais cal ou seja o leite de cal até que esteja neutralizado o
cobre (o pH ficará acima de 7,0).
A aplicação deve ser feita com tempo bom e seco, sendo a pulverização no
início da manhã ou no final da tarde. Essas recomendações devem ser
obedecidas para não haver risco de toxicidade à planta. A pulverização também
deve ser feita em alta pressão.
Informações importantes:
Fazer a aplicação da calda bordalesa imediatamente após o seu preparo.
A concentração dos ingredientes, difere de uma espécie, condições
climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta. Utilizar
dosagens menores nas fases iniciais e em plantas mais sensíveis. Testar em
poucas plantas e depois fazer o tratamento ideal para o local. Na tabela abaixo há
uma indicação de acordo com o tipo de cultura:
Tabela 12 – Calda bordalesa: indicação das quantias ideias para a mistura
de acordo com o tipo de cultura e doença
Cultura Doenças
Sulfato De
Cobre
(gramas)
Cal Virgem
(gramas)
Abobrinha Míldio e manchas foliares 500 500
Abacate Antracnose 1.000 1.000
Alface Míldio e podridão de esclerotínia 500 500
Alho Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000
Batata Requeima, Pinta preta 1.000 1.000
Beterraba Cercospora 1.000 1.000
Café Ferrugem, manchas foliares 1.500 1.500
Caqui
Antracnose, cercosporiose e
mycosferela
300 a 500 1500 a 2500
Cebola Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000
Chicória Míldio e esclerotínia 500 500
Citros Verrugose, Melanose, Rubelose 600 300
Couve, Repolho Míldio e alternária em sementeira 500 500
Cucurbitáceas Míldio, Antracnose 300 300
Figo Ferrugem, Antracnose, Podridões 800 800
Goiaba Verrugose e Ferrugem 600 600
Maçã Entomosporiose, sarna, podridões 400 800
Macadâmia Manchas foliares 1.000 1.000
Manga Antracnose 1.000 1.000
Maracujá Bacteriose, Verrugose 400 400
Morango Micosferela, Antracnose 500 500
Nêspera Entomosporiose, Manchas foliares 800 800
Noz pecã Manchas foliares 1.000 1.000
Pepino Míldio e manchas foliares 500 500
Pêra Entomosporiose, Sarna, Podridões 400 800
Solanáceas Pinta preta, Podridões 800 800
Tomate Requeima, Pinta preta e Septoriose 1.000 1.000
Uva Itália Míldio, Podridões 600 300
Uva Niágara Míldio, Manchas 500 a 600 800
Em plantas novas, deve ser usada a metade da quantidade de sulfato de
cobre e de cal virgem. Pulverize preferencialmente em horários de temperatura
amena, sendo recomendável filtrar a calda para evitar entupimento no
pulverizador.
Não aplicar a Calda Bordalesa em goiabeira quando os frutos atingirem
diâmetro superior a 2 cm.
8.2 Calda sulfocálcica
A calda Sulfocálcica também é amplamente utilizada na atividade agrícola
tendo ação fungicida, inseticida e acaricida.
Material necessário
5 kg de enxofre
2,5 kg de cal virgem pura e bem calcinada (acima de 95%)
10 litros de água
2 vasilhames de ferro ou lata com capacidade de no mínimo 40 litros
Modo de preparar
A calda é feita sobre o fogo em vasilhame de lata ou inox. Coloque 40 litros
de água para ferver, num tambor de ferro ou latão. Em outro tambor (esmaltado
de preferência ou de ferro, nunca de cobre), fora do fogo, coloque 5 quilos de
enxofre peneirado. Adicione (lentamente e mexendo) 5 litros de água quente e
mais 2 colheres de espalhante adesivo (1 copo de álcool ou cachaça ou leite)
sobre o enxofre peneirado, para facilitar a mistura.
Em seguida, agite fortemente essa calda com um bastão de madeira, até
formar uma pasta. Encima desta pasta, espalhe aos poucos 2,5 quilos de cal
virgem moída e mais 5 litros de água quente, mexendo continuamente a mistura.
Coloque o tambor sobre o fogo intenso e deixe a mistura cozinhando
durante 10 a 15 minutos. Vá acrescentando à pasta água fervente até completar
20 litros (o tambor deve apresentar no seu lado interno uma marca para indicar
este volume).
Deixe ferver em fogo alto por mais 30 minutos, devendo-se repor a água
perdida por evaporação, mantendo constante o volume inicial de 20 litros. Essa
reposição deverá ser feita com a água quente do outro tambor (O uso de água
quente reduz o tempo de preparação da calda).
A calda apresenta coloração amarelada no início e com o tempo de
preparo vai se transformando num tom avermelhado cada vez mais intenso.
Quando a calda passar a um líquido transparente de cor pardo-avermelhada ou
vinho e de fundo preto ou café, deverá ser retirada do fogo.
Deixe a calda coberta descansando por 12 horas para haver a separação
do enxofre com o cal. Haverá a formação de uma “massa” no fundo do vasilhame.
Deverá ser recolhido o sobrenadante com uma caneca esmaltada ou de plástico,
que deverá ser coada em pano ralo (saco de pano)
Deve ser feita a leitura com o densímetro - Aerômetro de Baumé. A calda
considerada boa apresenta uma faixa de 28º a 32º Baumé.
A calda sulfocálcica deve ser guardada em garrafões de vidro ou plásticos
bem tampados, em ambiente escuro, podendo permanecer assim por até
5 meses.
Indicações
A concentração a ser utilizada depende do tipo de planta ou espécie
vegetal, as condições climáticas, o grau de infestação da doença e fase de
crescimento da planta.
Cultura Doenças Mistura
Hortaliças: alho, cebola, feijão,
pimentão, tomate e berinjela:
Ferrugem e
ácaros
0,5 litro de calda para 20 litros de
água
Quiabo oídio
0,5 litro de calda para 20 litros de
água
Alho, feijão, cebola e tomate
Tripes 800 mililitros para 20 litros de água.
Goiaba e café Ferrugem 0,5 litro para 20 litros de água
Coqueiro Ácaro
600 mililitros para 20 litros de água
(antes da bainha abrir, nunca nos
frutos)
Informações importantes:
Essa calda nunca deve ser usada em plantas da família das curcubitáceas
(abóbora, melancia, pepino, etc) pois elas são sensíveis ao enxofre.
Também não deve ser utilizada sobre a florada das culturas.
Há o risco de queima da folhagem com doses concentradas no verão,
havendo a necessidade da utilização de diluições fracas.
Aplicar em períodos frescos do dia. Não aplicar quando estiver previsto
ocorrências de geadas ou quando a temperatura for superior a 32 º C.
A calda sulfocálcica é altamente alcalina e corrosiva, danifica recipientes de
metal, roupas e a pele. Então, após o seu uso, os recipientes e as mãos devem
ser muito bem lavados com solução de 1 parte de vinagre e/ou limão para 10
litros de água.
8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções
Há várias outras formas de controle de pragas e doenças que vêm sendo
utilizadas na agricultura, tais como homeopatia e usos de extratos naturais.
No final desta apostila, no anexo, há uma tabela com diferentes extratos e
indicações de uso para controle de pragas e doenças na atividade agrícola.
Módulo 9 – Produção animal e agroecologia
9. Produção Animal agroecológica
O número de produtores rurais que vêm adotando práticas agroecológicas
em suas atividades é crescente, por diversos motivos, destacando-se a
preocupação com a saúde e agregação de valor ao produto.
É comum associar o produto agroecológico a um em que não se utiliza
agrotóxicos, porém não se resume a isso.
9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção
agroecológica:
A agroecologia muitas vezes se apresenta como uma ferramenta a ser
utilizada para mudar a produção convencional, seguindo a agricultura chamada
moderna para a produção orgânica. Há entre a produção convencional e a
agroecológica várias diferenças, porém alguns pontos podem ser ressaltados.
9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza
A produção agroecológica visa a sustentabilidade, ou seja, que haja um
equilíbrio das ações tomadas em relação ao ambiente natural. Avalia-se assim o
risco que as atividades possam implicar ao ambiente e como podem ser
executadas minimizando ao máximo os danos causados.
Através das práticas agroecológicas busca-se aproximar a atividade
agrícola das relações normais que ocorrem na natureza, evitando a entrada de
produtos estranhos ao ambiente e que possam dessa forma causar algum
desequilíbrio.
Portanto, o ambiente natural torna-se uma fonte de observação e
aprendizagem. Um exemplo prático disso é o controle de pragas. Observando a
predação que normalmente ocorre na natureza pode-se usar de ações que
estimulem estas evitando assim o uso de produtos sintéticos como os
agrotóxicos.
9.1.2 Alimentação
Na alimentação animal prioriza-se a produção do alimento para a condução
da atividade no próprio local ou onde haja acesso a informação para saber como
foram produzidos.
Evita-se a utilização de alimentos que possuam alguma forma de
contaminação, aditivos, promotores de crescimento, ureia, estimulante de apetite,
dentre outros.
Avalia-se também a necessidade de cada animal de forma a supri-la sem
causar desgastes.
Para a criação de galinhas caipiras, por exemplo, observa-se a formação
de piquetes e a rotação necessária entre eles para a alimentação das aves,
partindo da ideia que o mínimo necessário para manter as condições ideais para
as aves é de 3 metros quadrados para cada uma delas.
A área de pasto necessário, seja para aves ou gado, depende do tipo de
gramínea utilizada, da sua forma de crescimento, do número de animais que
ocupam a área. Dessa forma pode-se ocupar um determinado piquete por um
tempo em que não haja prejuízo do crescimento da gramínea quando o animal for
retirado, avaliando-se, portanto o tempo de ocupação e o tempo de descanso
necessário para a recuperação da gramínea. É comum adotar o tempo de
descanso de acordo com a gramínea utilizada no piquete. Também pode ser
utilizada a avaliação da altura da gramínea na entrada e na saída do animal para
a rápida rebrotação depois que este for retirado do piquete, o que também varia
de acordo com a gramínea plantada.
Devem-se buscar também outras formas de alimentação, como cultivos de
hortaliças e grãos para a manutenção dos animais na época de baixo crescimento
das gramíneas, como também para manter a qualidade nutricional.
9.1.3 Controle de pragas e doenças
O controle de pragas e doenças no manejo agroecológico ocorre e é de
grande importância.
Deve-se seguir o calendário de vacinação para a criação evitando-se assim
epidemias e mantendo a sanidade do rebanho. Esse calendário varia de região
para região e tem informações importantes, tais como: para qual doença está
sendo empregada, a época em que deve ser feita e quais condições devem ser
observadas.
É importante que o produtor rural tenha um controle mínimo sobre os
animais que cria, tomando nota para haver o controle zootécnico da atividade. É
importante que o produtor rural saiba a idade dos animais, quando foi feita a
vacinação, quais tratamentos utilizou, qual a produtividade animal. Essas
informações são úteis para o controle de doenças e gastos, bem como para uma
eventual necessidade de descarte animal, o produtor rural saber qual animal deve
ser descartado/vendido.
Busca-se a utilização de produtos naturais ou de métodos naturais, tais
como a homeopatia.
O ambiente é avaliado para evitar o desequilíbrio, que na maioria das
vezes é o causador da praga ou doença.
9.1.4 Instalações e Manejo
As condições em que os animais são mantidos e a forma de manejo são de
grande importância para manter a sanidade animal.
Atualmente tem sido comum utilizar o termo “bem estar animal” para indicar
formas de ação na condução da atividade agrícola que mantenham a qualidade
de vida animal, evitando estresse e o desconforto dos animais.
Os cuidados no manejo e nas instalações estão relacionados não somente
com a higiene, mas também com o conforto considerando a temperatura,
umidade, água disponível, redução do estresse animal, redução de focos de
doença e cuidados na condução da atividade.
De acordo com a criação é que são determinadas essas ações. Estão
disponíveis manuais de boas práticas no material cedido nesse curso, bem como
na internet em sites especializados, como o do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e também da EMBRAPA.
Referências Bibliográficas
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alternativos coletânea de receitas. Apostila. Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo; Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral – CATI; Departamento de Extensão Rural – DEXTRU, 84 p.
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FERREIRA, T. N.; SCHWARZ, R. A.; STRECK, E. V. Solos: manejo integrado e
ecológico - elementos básicos. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. 95p.
MENDES, A. M. S. Introdução à Fertilidade do solo. Pesquisadora. Aula
ministrada no Curso de Manejo e Conservação do Solo e da Água na
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MICHEREFF, S. J. Fundamentos de fitopatologia. Universidade Federal Rural de
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propriedades rurais do agronegócio: análise ambiental em uma propriedade rural
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Anexo
Tabela 13 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças:
indicação, forma utilizada, preparo e aplicação
Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação
Ácaros e
Cochonilhas
Macerado de
samambaia
500 g de folhas frescas
ou 100g de folhas secas
de samambaia em 1 litro
de água. Ferver p/ meia
hora.
Diluir 1 litro de solução
em 10 litros de água e
pulverizar.
Pulgões, Lagartas
(Aplicar no solo)
Macerado curtido
de urtiga
500 g de folhas frescas
ou 100 g de folhas
secas de urtiga em l litro
de água. Deixar curtir
por 2 dias.
Diluir 1 litro de solução
em 10 litros de água e
pulverizar sobre a
planta ou no solo.
Pulgões,
Cochonilhas e
Lagartas
Macerado de
fumo
Picar 10 cm de fumo em
corda.Colocar 1 litro de
água. Curtir por 2 dias.
Diluir 1 litro de solução
em 10 litros de água e
pulverizar as plantas.
Pulgões,
Cochonilhas e
Lagartas
Solução de água
e sabão
Colocar 50 g de
sabão em 5 litros
de água quente.
Após esfriar aplicar
com pulverizador.
Lesmas Sacos de
aniagem
Colocam-se os sacos
molhados estendidos
entre os canteiros, a
noite.
No dia seguinte retirar
os sacos e matar as
lemas que estarão
embaixo.
Pulgões e
Nematóides
Macerado de
alho
Esmagar os dentes em
1 litro de água. Curtir
por 12 dias. Diluir em 10
l e usar.
Pulverizar a planta e
/ou imergir os dentes
na solução quando
plantar.
Lagartas e Lesmas Infusão de losna Derramar 1 litro de água
fervente sobre 300g de
folhas secas e deixar
em infusão por 10
minutos.
Diluir em 10 l de água.
Pulverizar sobre as
plantas.
Ácaros Soro de leite Pulverizar sobre a
planta.
Resseca e mata o
ácaro
Diversas doenças
fúngicas.
Chá de
camomila
Imergir um punhado de
flores em água fria por 1
a 2 dias.
Pulverizar as plantas e
mudas na sementeira.
Cochonilhas e
pulgões
Querosene +
sabão + calda de
fumo
Aquecer 10 litros de
água. Juntar 20
colheres de sobremesa
de querosene e 3
colheres de sopa de
sabão em pó.
Deixar esfriar e
adicionar 1 litro de
calda de fumo.
Pulverizar as plantas
atacadas.
Pragas da parte
aérea
Cinzas Deixar um punhado de
cinzas de molho em
água durante 1 dia.
Coar e pulverizar
sobre as plantas.
Tabela 14 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças:
indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação)
Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação
Formigas lava-pés.
quémquém e
cupins.
Solução de
creolina
1 copo de creolina em
10 litros de água, ou
duas tampinhas por litro
d‟água
Localizar o
formigueiro, remover a
terra com a enxada.
Encharcar o local com
a solução.
Formigas Hortelã Plantio nas bordas dos
canteiros.
As formigas
desaparecem.
Pulgões, ácaros,
cochonilhas e trips.
Solução de fumo
com cinzas
Picar 100g de fumo em
corda ou 500g de folha
de fumo verde picado.
Acrescentar 100 g de
cinzas e 10 litros de
água.
Deixar repousar por 12
horas e coar. Aplicar
em pulverização logo
em seguida.
Pulgões,
trips
e
cochonilhas
Sabão e
querosene
Cortar ½ quilo de sabão
em fatias finas e
dissolver em 1,5 litros
de água quente. A
seguir agitando bastante
despeje lentamente 3
litros de querosene.
Completar com 50
litros de água. Juntar 3
Kg de farinha de trigo
previamente dissolvida
em água fria para não
empelotar. Pulverizar
as plantas
Pulgões
e
trips
Pulverizar nas
horas mais quente
do dia.
Extrato de
nicotina
Picar 20cm de fumo de
rolo forte em 1 litro de
água. Levar ao fogo e
ferver por ½ hora.
Retirar do fogo e deixar
esfriar.
Acrescentar 3 litros de
água. Regar os
canteiros e as plantas.
Aplicar rapidamente,
pois o efeito dura só 8
horas.
Pulgões e
cochonilhas
Sabão e
querosene
Raspar um sabão com
canivete. Deixar de
molho em água por 24
horas.
Coar com pano.
Adicionar 6 gotas de
querosene e 10 litros
de água. Pulverizar as
plantas.
Formigas e outros
insetos
Atanásia Plantio Repele formigas e
outros
insetos.
Traças Anis Plantio Repelente
Nematóides,
pulgões e brocas.
Cravo de defunto Plantio Controla nematóides e
age como repelente.
Tatuzinho e
formigas
Tártaro emético
e açúcar
Misturar 10 g de tártaro
e 80 g de açúcar.
Espalhar em caixas de
fósforo p/ tatuzinho e
entrada do
formigueiro.
Tatuzinho Pano úmido Umedecer um pano. Colocar o pano no solo
ao anoitecer. De
manhã
virar o pano e jogar
água quente.
Tabela 15 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças:
indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação)
Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação
Lesmas e
caracóis
Cal ou cinza Um punhado de cal ou
cinza. Ela adere ao
corpo das lesmas e as
mata.
Distribuir nas bordas
do canteiro em uma
faixa de 15 cm.
Lesmas e
caracóis
Infusão de losna Fazer uma infusão com
30 g de losna (folhas
secas) em 1 litro de
água fervente. Deixar
em infusão por10
minutos.
Diluir a solução
preparada em 5 litros
de água e pulverizar.
Desinfeção de
cortes de poda,
lesões, pintura de
troncos e ramos
grossos. Controla
barba, liquens,
musgos, algas,
fungos em
frutíferas e ajuda a
controlar doenças
bacterianas em
outras plantas.
Pasta
Bordalesa
1 Kg de Sulfato de
cobre 2 Kg de cal
virgem e 12 li-
tros de água.
Colocar o sulfato de
cobre em 6 lts. De água
quente. Numa vasilha
de plástico ou madeira
dissolver aos poucos 2
Kg de cal virgem até
completar 6 litros água
Depois que a cal apagar
deitar a cal na vasilha
com Sulf. Cobre,
mexendo sempre,
formando pasta.
A mistura formada é a
Pasta Bordalesa e é
aplicada com auxílio
de uma brocha. Obs. A
cal virgem é queimada
com água quente e o
sulf de cobre, bem
moido. A aplicação é
feita logo após que a
calda esfrie.
Escama farinha. Caldo de
cinzas
Juntar a maior qtde. de
cin zas do fogão de
lenha e misturar dentro
de um tam bor com
água suficiente para
formar um caldo gro-
sso.
Pincelar os troncos
das laranjeiras
atacados com uma
brocha de pintar
paredes.
Lesmas e caracóis. Sulfato de cobre Misturar 100 gramas de
Sulfato de Cobre em 12
litros de água
Irrigar o solo infestado
com lesmas com essa
mistura.
Vaquinha ou
patriota
Cabaça ou
Purungo
Planta trepadeira, seme-
lhante a folha da
abóbora. O fruto maduro
é usado para cuia de
chimarrão.
O fruto verde é cortado
no meio e colocado na
lavoura. O líquido junto
à semente atrai os
insetos
Formigas
cortadeiras
Incorporação de
matéria orgânica
À medida que vai se
incorporando as
formigas desaparecem

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  • 1. Práticas Agroecológicas e inclusão digital como ferramentas para a agricultura familiar Dirlane de F. do Carmo - TER Regina Leal Toledo - TIC James Hall - TER Mariana Vezonne Karine Marinho – TER Camila da Silva Almeida – TER Wanderson Trindade Vitorino – TCC Maria Thereza A. de J. Dutra – TGH Outubro a Dezembro de 2014 São Gonçalo – Rio de Janeiro
  • 2. Índice 1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural .....................4 2. Atividades agrícolas e proteção ambiental..............................7 2.1 Áreas de proteção............................................................................ 7 2.1.1 Unidades de Proteção Integral ................................................. 7 2.2 Código Florestal ................................................................................. 9 2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR..................................................... 15 2.3.1 O que é o CAR? ........................................................................ 15 2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR) .... 16 3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos ............................23 3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos?.............................................. 23 3.2 Cuidados no manuseio..................................................................... 25 3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos ................. 28 3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças. ........................... 30 3.3.1.1 Controle biológico ............................................................... 30 3.3.1.2 Controle cultural.................................................................. 30 3.3.1.3 Controle físico ..................................................................... 31 3.3.1.4 Controle mecânico .............................................................. 31 3.2.1.5 Controle químico ................................................................. 31 4.1 Qualidade do solo ............................................................................ 32 4.2 Qualidade da água........................................................................... 33 5. Resíduos agrícolas...............................................................37 5.1 Bokashi ............................................................................................ 37 5.2 Compostagem.................................................................................. 39
  • 3. 6.1 Análise de solos ............................................................................... 40 6.2 Nutrientes do solo ............................................................................ 41 7. Rotação de Culturas e Consorciação ...................................44 7.1 Rotação de culturas............................................................44 7.2 Consórcio de Culturas...................................................................... 45 8. Caldas ..................................................................................53 8.1 Calda bordalesa ............................................................................... 53 8.2 Calda sulfocálcica ............................................................................ 56 8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções..................................... 58 9. Produção Animal agroecológica ...........................................59 9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção agroecológica: .................................................................................................. 59 9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza ............................. 59 9.1.2 Alimentação............................................................................... 60 9.1.3 Controle de pragas e doenças................................................... 61 9.1.4 Instalações e Manejo................................................................. 61 Método .....................................................................................64 Modo de preparação ............................................................................ 64 Método .....................................................................................65 Modo de preparação ............................................................................ 65 Método .....................................................................................66 Modo de preparação ............................................................................ 66
  • 4. Módulo 1 – Caracterização da propriedade rural 1. Análise e Caracterização da Propriedade Rural A agricultura familiar representa um importante setor da economia, sendo muito importante para a produção de alimentos e para o desenvolvimento do país (MACEDO e BORTOT, 2011). Apesar de a agricultura familiar responder por 84 % das propriedades rurais no Brasil, a área total ocupada é de 24 %, entretanto, é a principal fornecedora, para a população brasileira, de alimentos básicos como: feijão (70%), leite (58%), mandioca (87%), milho (46%), aves (50%) e suínos (59%). Além disso, a agricultura familiar ocupa 15,3 trabalhadores a cada 100 hectares, enquanto a patronal ocupa 1,7. As cadeias da agricultura familiar respondem por quase 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, gerando R$ 677,00 por hectare, enquanto a patronal gera R$ 358,00 a cada ano (BRASIL, 2010). Atualmente é de grande importância conciliar a produção agrícola com a preservação do meio ambiente, mas mantendo a viabilidade e o lucro. Para isso, torna-se necessário avaliar como os produtores rurais realizam suas atividades, qual a relação que têm com o meio, quais pontos positivos devem ser desenvolvidos e quais pontos fracos devem ser minimizados ou eliminados visando aproximar a atividade rural local da sustentabilidade. A falta de planejamento estratégico é um ponto relevante apontado por Padilha e colaboradores (2010), visto que observa-se que no modelo de gestão rural familiar atualmente adotado por diversas propriedades há falhas na administração, não havendo a adoção de formas de controle, como por exemplo sobre os custos de produção e a renda, reduzindo assim as possibilidades de aumentar a competitividade, dificultando a agilidade na tomada de decisões diante de situações difíceis. Portanto, o agricultor familiar deve se reconhecer como empreendedor rural e a partir daí, como ressaltam Padilha e colaboradores (2010), assim como ocorre
  • 5. com os empresários de outras atividades econômicas, deve monitorar o ambiente do qual faz parte, avaliando tudo o que envolve a atividade desenvolvida, preocupando-se com a elaboração de estratégias para defender-se das ameaças, sabendo aproveitar as oportunidades. Dessa forma, o agricultor familiar deve identificar os pontos fracos e fortes da sua estrutura produtiva, avaliando a tecnologia adotada e os resultados econômicos obtidos para definir qual a melhor decisão a ser tomada para a condução adequada das atividades agrícolas. Esta verificação deve atingir os campos produtivos, financeiros, comerciais e ligados aos recursos humanos, sendo a utilização do diagnóstico estratégico uma ferramenta auxiliar de fundamental importância (PADILHA et al., 2010). O agricultor familiar deve buscar reduzir custos, utilizar novas tecnologias, identificar novas alternativas de produção e diferentes tipos de mercado. Torna-se fundamental, portanto o planejamento! Uma das formas de facilitar o planejamento é o uso da matriz SWOT (Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade:). Tabela 1 – Análise SWOT de uma propriedade: Pontos Positivos Pontos Negativos Napropriedade Forças Fraquezas Forada propriedade Oportunidades Ameaças
  • 6. Para preenchê-la o produtor rural deve avaliar em sua propriedade o que são considerados pontos positivos, ou seja, suas forças e o que são considerados pontos negativos, ou seja, suas fraquezas. Desta forma, fica mais fácil saber o que pode ser ressaltado, aproveitado e o que deve ser melhorado. Fora da propriedade, o produtor deve avaliar quais são as suas oportunidades, ou seja, condições que devem ser aproveitadas, tais como: feiras livres disponíveis, estradas boas, mercado acessível, atendimento de órgãos de extensão rural ou setores da prefeitura que atendem ao produtor rural. Também devem ser identificadas as ameaças, o que ocorre fora da propriedade que dificulta a ação do produtor rural. A inexistência do que foi apresentado como oportunidade pode- se caracterizar como ameaças. Assim, o agricultor familiar deve identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças e colocá-las em uma matriz para melhor visualização e busca de alternativas. O preenchimento da matriz facilita a observação da propriedade como um todo para buscar soluções. Portanto, avaliar as propriedades rurais a partir da percepção dos que realizam a atividade, buscando reduzir as fraquezas e ameaças, e aumentar as forças para alcançar as oportunidades, assume importância em qualquer região do país.
  • 7. Módulo 2 – A legislação brasileira e a atividade rural 2. Atividades agrícolas e proteção ambiental No Brasil há várias leis que buscam proteger o ambiente. Entretanto, uma das que mais afetam a atividade está relacionada ao código florestal brasileiro. Portanto, é importante identificar quais são as áreas de proteção ambiental e a sua importância para as diversas atividades agrícolas. Para entender o conceito, apresentamos abaixo os diferentes tipos de áreas de proteção: 2.1 Áreas de proteção 2.1.1 Unidades de Proteção Integral A proteção da natureza é o principal objetivo dessas unidades, por isso as regras e normas são mais restritivas. Nessas áreas é permitido apenas o uso indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou dano aos recursos naturais. Exemplos de atividades de uso indireto dos recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outras. As categorias de proteção integral são: a) Estação Ecológica: área destinada à preservação da natureza e à realização de pesquisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional. b) Reserva Biológica: área destinada à preservação da diversidade biológica, na qual são realizadas medidas de recuperação dos ecossistemas alterados para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade biológica, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional. c). Parque Nacional: área destinada à preservação dos ecossistemas naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma
  • 8. maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvolvimento de atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, turismo, além de permitir a realização de pesquisas científicas. d) Monumento Natural: área destinada à preservação de lugares singulares, raros e de grande beleza da paisagem, permitindo diversas atividades de visitação. e) Refúgio da Vida Silvestre (REVIS): área destinada à proteção de ambientes naturais, no qual se objetiva assegurar condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite diversas atividades de visitação e a existência de áreas particulares, assim como no monumento natural. 2.1.2 Unidades de Uso Sustentável São áreas que visam conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. Nessas áreas pode haver atividades que envolvem coleta e uso dos recursos naturais, mas desde que praticadas de uma forma que a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos esteja assegurada. As categorias de uso sustentável são: a) Área de Proteção Ambiental: área que possua características naturais, beleza e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Geralmente, é uma área extensa, com o objetivo de proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terra pública e privada. As áreas de topo de morro e margens de rios e lagoas são exemplos dessas áreas de proteção ambiental, também conhecidas pela sigla APP. b) Área de Relevante Interesse Ecológico: área com o objetivo de preservar os ecossistemas naturais de importância regional ou local. Geralmente, é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e com características naturais singulares. É constituída por terra pública e privada.
  • 9. c) Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam desde sua criação. d) Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem suas atividades baseadas na retirada de material florestal, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes. Permite visitação pública e pesquisa científica. e) Reserva de Fauna: área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recurso da fauna. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com a lei. A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos. f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais. Permite visitação pública e pesquisa científica. g) Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada com o objetivo de conservar a diversidade biológica, permitida a pesquisa científica e a visitação turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC na gestão da UC. 2.2 Código Florestal O código florestal é uma importante lei federal que o produtor rural deve obedecer. Trata-se da lei federal número 4.771 que foi inicialmente promulgada
  • 10. em 15 de Setembro de 1965. Essa lei foi alterada pela lei federal número 12.651 em maio de 2012. Pela lei florestal as áreas de encostas com declividade superior a 45 graus são protegidas por muitos motivos, tais como: permitem a infiltração de água das chuvas que vão alimentar nascentes e rios consequentemente, são, portanto áreas de recarga de água; se preservadas evitam a erosão, a descida de terra que pode prejudicar áreas agricultáveis, perda de solo fértil e também redução da quantidade de água disponível para uso. A nova lei destaca que em áreas de inclinação entre 25 e 45 graus são permitidos o manejo florestal sustentável, o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, desde que estas atividades estivessem sendo realizadas antes da lei de 2012. Não permite, portanto a conversão de novas áreas, a não ser em casos de utilidade pública e de interesse social, o que é definido pelo governo e não pelo produtor rural. Porém como podemos definir os tipos de topos de morros, montes, montanhas e serras? Como podemos saber qual é a inclinação? Para isso alguns conceitos devem ser entendidos. A altura mínima considerada de importância é de 100 (cem) metros e a inclinação média, como foi dita, é maior que 25 graus (como demonstrado na Figura 1). A divisão das áreas específicas dos morros é feita basicamente da seguinte forma: Base: definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d'água próximo, vizinho ou, nos relevos (Figura 1), Ondulados: pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação (Figura 2). APP: as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base (Figura 2). A Figura 2 pode auxiliar na identificação destes conceitos.
  • 11. Figura 1 - Identificação das áreas de topo de morro em que deve ser mantida a área de preservação permanente.
  • 12. Figura 2 - Esquema demonstrando morros com altura inferior e superior a 100 metros, o que seriam os pontos de sela e a área a ser destinada para preservação permanente. As áreas de topo de morro, assim como as áreas de margens de rios, lagoas e nascentes são, portanto consideradas áreas de preservação permanente porque podem conter a erosão do solo e reduzir riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; porque protegem as restingas ou veredas e também várzeas; porque podem abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; porque podem proteger locais de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; porque podem formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; porque asseguram condições de bem-estar público; porque podem auxiliar na defesa do território nacional e porque podem proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. Para a intervenção na beira de cursos de rios, encostas, manguezais, dentre outros, existe um espaço físico que deve ser protegido por lei. Essa área
  • 13. de recomposição da área de preservação permanente (APP) deve ser respeitada, para que o lençol freático ou as nascentes não fiquem com o nível d‟água comprometido. O resumo das principais áreas e espaços físicos a ser protegida/mantida pode ser visto na tabela a seguir: Tabela 2 – Resumo apresentando ás principais áreas de preservação permanente (considerando local e metragem de acordo com a legislação federal): Para os produtores rurais que alteraram essas áreas de preservação permanente e que possuem atividades nessas áreas, deve ser feita a recomposição da faixa florestal. Porém, com a alteração no código florestal, para os módulos fiscais menores, o que se encaixa nas propriedades rurais familiares, a área de recomposição é menor, de acordo com os módulos. Essas informações estão mais detalhadas quando for esclarecido o passo a passo para o cadastro ambiental rural (item 2.3.2 desta apostila). Essas informações constam no decreto federal número 7830 de 2012, no artigo 19. O novo código florestal assegura a todas as propriedades rurais a manutenção de atividades agrossilvopastoris nas margens dos rios, desde que consolidadas até 2008, e autoriza o uso de APPs para alguns tipos de cultivos,
  • 14. como maçã e café. A pecuária também ficaria permitida em encostas de até 45 graus. No código florestal também é destacada a área de reserva legal. A área de Reserva Legal é a área de mata nativa que deve ser preservada dentro da propriedade. De acordo com o texto aprovado na Câmara, a área a ser protegida na propriedade rural deve ser de 20 %, porém se a propriedade estiver na Amazônia Legal essa área deve ser de 80% e se estiver no cerrado, a área deve ser de 35 %. O projeto aprovado no Senado permanece com as especificações citadas, mas possibilita a redução da reserva para 50% em estados com mais de 65% das suas áreas em reservas ambientais, desde que a redução seja autorizada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente. Para quem foi multado por destruir áreas de preservação permanente houve com a mudança no código florestal a possibilidade de conversão de multas. Produtores rurais com propriedade de até 4 módulos fiscais, autuados até julho de 2008, poderiam converter multas com reflorestamento, de acordo com o texto aprovado pela Câmara. Com a nova redação, estes benefícios passaram a valer também para os grandes proprietários rurais que desmataram até julho de 2008. Considerando a pequena propriedade ou posse rural familiar, os cultivos e outras atividades de baixo impacto ambiental em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de reserva legal poderiam ser mantidos, desde que o imóvel estivesse inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e que as atividades fossem declaradas ao órgão ambiental. O registro da reserva legal no CAR será gratuito para as unidades rurais familiares. O CAR estabelece prazo de um ano, prorrogável uma única vez por igual período, para que os donos de terras registrem suas propriedades nesse cadastro. O cadastro serve para armazenar informações ambientais de todas as propriedades rurais. Essa base de dados servirá para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
  • 15. 2.3 Cadastro Ambiental Rural – CAR 2.3.1 O que é o CAR? O Cadastro Ambiental Rural ou CAR é um registro obrigatório para todos os imóveis rurais, disposto na Lei federal 12.651/2012. Consiste no levantamento de informações georreferenciadas de um imóvel, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, com o objetivo de traçar um mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental. O CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais. Como exemplo de alguns benefícios em decorrência do cadastramento, podemos citar: - Possibilidade de regularização das Áreas de Preservação Permanente (APP) e/ou Reserva Legal cuja vegetação natural foi suprimida ou alterada até 22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração administrativa ou crime ambiental; - Suspensão de sanções em função de infrações administrativas por supressão irregular de vegetação em áreas de APP, Reserva Legal e de uso restrito, cometidas até 22/07/2008. - Obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no mercado; - Dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR, gerando créditos tributários; - Contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no mercado;
  • 16. - Linhas de financiamento específicas para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; e - Isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fio de arame, postes de madeira tratada, bombas d‟água, trado de perfuração do solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito. Deve ser destacado que as instituições financeiras não poderão conceder nenhum tipo de crédito agrícola para imóveis rurais que não estejam com o CAR registrado após cinco anos da publicação do novo Código Florestal (outubro de 2017). Para saber como fazer o CAR apresentamos abaixo o passo a passo, mas maiores informações podem ser obtidas na internet, no site www.car.org.br, onde podem ser vistos os dados apontados na figura abaixo: Figura 3 – Dados que podem ser visualizados no site para o CAR: 2.3.2 Passo a passo para fazer o Cadastro ambiental rural (CAR) Passo 1 - Definir se o imóvel é rural ou urbano. Se o proprietário paga o ITR (Imposto Territorial Rural), o imóvel é rural, mesmo que esteja dentro de áreas de expansão urbana. Portanto, imóvel rural é uma área formada de uma ou mais matrículas de terras contínuas, do mesmo detentor, podendo ser localizada
  • 17. tanto na zona rural quanto urbana do município. O que caracteriza o imóvel rural para a legislação agrária é a sua “destinação agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agroindustrial”. Passo 2 - Em sendo rural, saber quantos módulos fiscais tem o imóvel. O Módulo fiscal é estabelecido para cada município. No município de São Gonçalo no estado do Rio de Janeiro cada módulo fiscal corresponde a 10 hectares. Passo 3 - Conferir a classificação do imóvel em relação ao número de módulos fiscais. Porém, atenção: a área do imóvel rural é a considerada em 22 de julho de 2008. Essa identificação é importante no momento de definir: As obrigações do imóvel em relação à área de Reserva Legal. Nesse caso os imóveis são classificados em: Até 4 módulos fiscais Com mais de 4 módulos fiscais. Largura mínima de recomposição obrigatória das APPs. Para este item, os imóveis seguem estas classificações: Até 1 módulo fiscal; Entre 1 e 2 módulos fiscais; Entre 2 e 4 módulos fiscais; Entre 4 e 10 módulos fiscais; Mais de 10 módulos fiscais. Passo 4 - Delimitar todas as áreas de Preservação Permanente do imóvel rural. Identificar todas as APPs do imóvel rural (independente do seu tamanho) em um mapa. Devem ser delimitar todas as APPs, independente do uso ou de sua situação atual. Caso as APPS estejam cobertas com vegetação nativa, ela deverá ser mantida e protegida, não podendo mais ser removida. Passo 5 - Delimitar as chamadas áreas de uso restrito (AUR).
  • 18. São duas as chamadas áreas de uso restrito e as limitações sobre elas estão nos artigos 10 e 11 da nova Lei. Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras, é permitida a exploração ecologicamente sustentável (...) Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris (...) Passo 6 - Mapear todos os fragmentos de vegetação nativa do imóvel. Passo 7 - Conferir o uso do solo das APPs Caso a APP tenha sido convertida antes de 22 de julho de 2008 e a cobertura vegetal nativa seja menor que a exigida, o proprietário ou produtor rural tem duas opções (Tabela 3): I) Recompor as APPs com vegetação nativa dentro dos limites determinados; II) Optar por manter o uso consolidado e recompor somente as faixas obrigatórias previstas para as APPs. IMPORTANTE: Para a pequena propriedade ou posse rural familiar de até 4 módulos fiscais, é permitido o plantio de culturas temporárias de ciclo curto, na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos. Mas desde que não haja corte de novas áreas de vegetação nativa e que o cultivo conserve a qualidade da água e do solo e proteja a fauna silvestre.
  • 19. Tabela 3 – Faixas mínimas e obrigatórias de recomposição de APP hídricas naturais para áreas convertidas até 22 de julho de 2008. A obrigação poderá ser menor que a apresentada anteriormente na tabela somente quando a área recomposta atingir: 1) 10% (dez por cento) da área total do imóvel, com até 2 (dois) módulos fiscais; 2) 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área entre 2 (dois) e 4 (quatro) módulos fiscais. Passo 8 - Avaliar se há a necessidade de recompor a Reserva Legal Para os imóveis de até 4 módulos fiscais, a Reserva Legal será representada pelos fragmentos existentes na propriedade. Para os imóveis com mais de 4 Módulos Fiscais, sempre que a cobertura florestal for menor que a porcentagem exigida para os imóveis da região ou do bioma, haverá a obrigação de recompor a Reserva Legal.
  • 20. Passo 9 - Definir a forma de Recompor a Reserva Legal Se houver necessidade de restauração, ela pode ser feita na própria propriedade, ou compensada em outra propriedade. A compensação deve ocorrer, obrigatoriamente, no mesmo bioma e, preferencialmente, no mesmo Estado. Veja a figura abaixo: Figura 4 – Formas de recomposição da área de reserva legal. Passo 10 - Comprovar a existência da RL, como mostra a figura abaixo:
  • 21. Figura 5 – Formas de comprovação da existência de Reserva legal na propriedade. Passo 11- Comprovar a existência de excedente (somente aplicável para quem tem excedente de Vegetação Nativa), como demonstrado na figura abaixo: Figura 6 – Formas de comprovação de excedente de vegetação nativa Atenção: a APP, mesmo que ocupe mais de 20% da propriedade, não conta como excedente. Para calcular o excedente, veja a figura abaixo:
  • 22. Figura 7 – Formas de calcular o excedente de vegetação nativa.
  • 23. Módulo 3 - Agroquímicos 3. O produtor rural e o uso de Agroquímicos 3.1 O que motivou o uso de agrotóxicos? Os agroquímicos são produtos químicos sintéticos, ou seja, produzidos pelo homem, destinados à atividade agrícola. São exemplos de agroquímicos os agrotóxicos, os fertilizantes e os corretivos. A perda de fertilidade do solo, a descoberta das necessidades químicas da planta, além da possibilidade de aumentar a produtividade motivaram o uso de fertilizantes químicos, os adubos. Além disso, com o desmatamento, a monocultura, o uso de sementes híbridas ao invés de variedades, aumentou-se muito o número de pragas e doenças na agricultura que passaram a ser controladas pelo uso dos agrotóxicos. A falta de mão de obra também motivou o uso de agrotóxicos (herbicidas) na chamada capina química. Portanto, os agrotóxicos são substâncias (produtos químicos) usadas para proteger as culturas agrícolas das pragas, doenças e plantas daninhas. Estes chegaram ao Brasil, alavancados pelo crescimento tecnológico proporcionado pela 2ª Guerra Mundial e a descoberta das propriedades inseticidas do DDT, em 1939. Os agrotóxicos também são conhecidos como defensivos agrícolas, pesticidas e biocidas. Classificam-se quanto: i) Ao organismo-alvo: Exemplos: Inseticidas (controle de insetos); Acaricidas (controle de ácaros); Formicidas (controle de formigas); Nematicidas (controle de nematóides); Fungicidas (controle de fungos); Bactericidas/fumegantes (controle de bactérias do solo); Herbicidas (controle de plantas invasoras); Rodenticidas ou raticidas (controle de roedores/ratos); Desfolhantes (controle de folhas indesejadas) ii) Toxicidade: Podem ser distribuídos considerando de pouco a extremamente tóxico, separando dessa forma por classe e cor, de acordo com a
  • 24. dose letal, que é descoberta a partir de experimentos em laboratório a partir da quantidade de agrotóxico utilizada em que há a morte de 50% (metade) de uma população exposta. Assim, a classificação é feita como mostra a tabela abaixo: Tabela 4 – Classificação dos agrotóxicos de acordo com a toxicidade, indicando a dose letal e a cor utilizada: Classe Toxicológica Toxicidade Dose letal a 50% (DL50) Cor da faixa (advertência) I Extremamente tóxico Menor que 5 mg/kg Vermelha II Altamente tóxico Entre 5 e 50 mg/kg Amarela III Medianamente tóxico Entre 50 e 500 mg/kg Azul IV Pouco tóxico Entre 500 e 5000 mg/kg Verde As principais formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e os possíveis cenários que apresentam o risco dessa ocorrência estão apresentados na tabela abaixo: Tabela 5 – Formas de entrada dos agrotóxicos no corpo humano e situações mais prováveis em que isso pode ocorrer: VIAS DE ENTRADA PELE OLHOS NARIZ BOCA Risco de ocorrência - Tipos de formulações; -Altas temperaturas e umidade do ar. - respingos -vapores, pós e gases; - partículas mínimas durante pulverização; -pulverização em locais fechados. - armazenar em vasilhames incorretos; - limpar bicos ou abrir embalagens com a boca; - comer, beber ou fumar durante o manuseio.
  • 25. Por isso, observar e executar as instruções para o manuseio e uso seguro dos agrotóxicos é fundamental para evitar danos à saúde humana e a natureza em geral. 3.2 Cuidados no manuseio Ao decidir pelo uso de agrotóxicos, vários são os cuidados que o agricultor deve tomar em diferentes etapas que vão desde a aquisição até o descarte: a) Na aquisição ou compra o agricultor deve ter o cuidado de comprar somente agrotóxicos que forem indicados por um agrônomo e que lhe forneçam o receituário agronômico. Deve ser exigida a nota fiscal e o agricultor deve examinar o prazo de validade; não aceitando embalagens que estiverem danificadas. Além disso, o rótulo e a bula devem estar legíveis. b) No transporte do agrotóxico o agricultor deve utilizar veículos abertos tipo caminhonete, tendo o cuidado de não transportar o produto junto com pessoas, animais, alimentos, rações ou medicamentos. E lembrando sempre de levar junto a nota fiscal do produto. c) No armazenamento do agrotóxico o agricultor deve ter o cuidado de deixar o produto separado da residência e de outras instalações rurais; alimentos, rações animais, medicamentos e sementes. O depósito onde for ficar o agrotóxico deve ser trancado para evitar a entrada de crianças, animais e pessoas não autorizadas. d) No preparo da calda o agricultor deve ter os seguintes cuidados: usar equipamentos de proteção individual (bota, avental, mascara /óculos); manusear longe de pessoas desprotegidas; utilizar sempre água limpa para preparar a calda e evitar o entupimento dos bicos do pulverizador; nunca desentupir bicos com a boca e sempre seguir as instruções do rótulo e bula do produto.
  • 26. e) No destino de embalagens vazias: há uma legislação aplicada no Brasil que exige que quando for utilizado agrotóxico em galão ou similar, deve ser realizada a tríplice lavagem antes do descarte da embalagem. A tríplice lavagem quando são utilizados galões ou similares é feita da seguinte forma: 1º: após esvaziar completamente o conteúdo da embalagem no tanque do pulverizador; 2º: adicionar água limpa à embalagem até ¼ do volume (metade da metade); 3º: tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos; 4º: despeje a água da lavagem no tanque do pulverizador; 5º: Faça esta operação 3 vezes; 6º: inutilize a embalagem plástica ou metálica perfurando o fundo. A figura abaixo demonstra as etapas apresentadas acima: Figura 8 – Etapas a serem seguidas na tríplice lavagem antes do descarte da embalagem de agrotóxico Porém, se o agrotóxico vier em sacos plásticos o descarte correto deve ser feito da seguinte forma: primeiro deve ser esvaziado completamente na ocasião de uso e depois guardado dentro de um saco plástico padronizado ou seja, utilizado apenas para esse fim (pode ser com cor diferente, por exemplo). f) Na aplicação do agrotóxicos o agricultor deve ter os seguintes cuidados: não usar equipamentos com defeitos ou vazamentos; fazer a revisão e
  • 27. manutenção periódica nos pulverizadores; lavar o pulverizador e verificar o seu funcionamento após cada dia de trabalho; sempre ler as instruções do fabricante do equipamento pulverizador e calibrar corretamente; observar a pressão exigida para a bomba porque pressão excessiva na bomba causa perda da calda de pulverização. O agricultor nunca deve comer, beber ou fumar enquanto prepara ou usa o agrotóxico. Além disso, há vários fatores que influenciam na dispersão do agrotóxico: o tamanho da gota; a dosagem, a formulação e o volume do spray e o solvente utilizados no preparo; as condições ambientais e a altura da plantação. Na figura abaixo são apresentadas algumas formas de auxiliar na visualização da velocidade do vento para a pulverização: Tabela 6 – Velocidade do ar a ser observada para a pulverização g) Carência do produto a ser observada: o agricultor deve ter o cuidado de respeitar a carência do produto, ou seja, o número de dias entre a última aplicação e a colheita, que vem escrito na bula do produto. Dessa forma fica garantido que o alimento colhido não possua resíduo acima do limite máximo.
  • 28. h) Higiene antes e após a aplicação do agrotóxico: o agricultor deve ter o cuidado de lavar bem as mãos e o rosto antes de comer, beber ou fumar. Ao final do dia de trabalho de aplicação de agrotóxicos deve lavar as roupas usadas na aplicação separadas das roupas da família e tomar banho com bastante água e sabonete, lavando bem o corpo. i) Primeiros socorros em caso de contaminação: Em caso de contaminação o agricultor deve ver a bula; dar banho e vestir uma roupa limpa na vítima e levá- la imediatamente para o hospital. A bula do produto ou rótulo deve ser mostrado ao médico e também o agricultor deve ligar para o telefone de emergência do fabricante, informando o nome e a idade do paciente, o nome do médico e o telefone do hospital. 3.2 Cuidados ao meio ambiente quando utilizar agrotóxicos Os defensivos levados por águas de chuva podem atingir a terra e também o lençol freático, as águas do subsolo. Isso pode levar a contaminação, ou seja, à possibilidade de causar doenças. As enxurradas e erosões também podem auxiliar na contaminação, principalmente se ocorrer fortes chuvas logo após as aplicações. Outras formas de contaminação de águas por práticas agricultáveis são as lavagens de embalagens e pulverizadores, diretamente nos mananciais ou a disposição inadequada de embalagens nas margens. 3.3 Por que não utilizar agrotóxicos?! A preocupação com a presença de agrotóxicos nos alimentos não é de hoje, a relação entre agricultura e saúde pública sempre teve espaço nas discussões sobre qualidade de vida da sociedade e preservação do meio ambiente. Infelizmente, o uso do agrotóxico no Brasil é uma realidade que faz parte da vida rural, principalmente pela grande extensão de terras com possibilidade de
  • 29. plantio no país e escassez de mão de obra. Além disso, a monocultura e a alteração do meio rural sem avaliação do equilíbrio dado pelas florestas e diversificação de culturas forçam o produtor rural a usar agrotóxicos para o controle de pragas e doenças. Muitas vezes, os agrotóxicos são usados sem controle, sem observar as indicações e ajustes corretos na aplicação, sem aprovação de um profissional, provocando assim, contaminação do meio ambiente, prejudicando a saúde da população e causando danos ao próprio produtor rural que os utiliza. O grande aumento no volume de agrotóxicos aplicados na agricultura tem trazido uma série de problemas para o ambiente, tanto pela contaminação dos seres vivos, quanto pela sua acumulação nos grupos com vida e sem vida que fazem parte do ecossistema. Há dois grupos químicos que apresentam alto nível tóxico e são amplamente utilizados: os organoclorados e os organofosforados. Estes são capazes de causar danos ao ambiente, pessoas e animais. A capacitação técnica para a correta aplicação dos produtos é uma medida que apenas reduz os riscos. Além dos riscos durante a aplicação de agrotóxicos, os resíduos destes nos alimentos consumidos podem influenciar diretamente na saúde da população. Esses resíduos são encontrados não apenas nos produtos agrícolas, mas também no solo, na água e no ar. A aplicação dos defensivos agrícolas pode levar também ao desaparecimento de algumas espécies de insetos úteis que atacam as pragas e que são conhecidos como inimigos naturais. Sem estes há o aumento das pragas. Além disso, muitas espécies tornaram-se resistentes a certos agrotóxicos, o que levou ao uso de venenos mais potentes ou a mistura de agrotóxicos. Há vários métodos e ações que permitem a redução no uso de agrotóxicos e até mesmo a não utilização destes. Portanto é preciso incentivar à produção agrícola sustentável, ou seja, é necessário incorporar na produção práticas mais limpas, como por exemplo, a produção orgânica, o manejo integrado de pragas e doenças, o uso de caldas alternativas e o controle biológico de pragas e doenças. É possível ter uma
  • 30. agricultura que mantenha os níveis de produtividade e que ao mesmo tempo agregue valor ao produto agrícola, garantindo alimentação para a população, sem elevar os níveis de contaminação ambiental, nem prejudicar a saúde humana. 3.3.1 Controles Alternativos de Pragas e Doenças. Há diferentes formas de controle de pragas e doenças. Abaixo apresentaremos algumas: 3.3.1.1 Controle biológico O controle biológico de doenças de plantas é feito pela utilização de organismos selecionados para o controle ou eliminação de agentes causadores de doenças nas plantas. Um exemplo de controle biológico é o uso do Baculovírus, que age de maneira eficiente no controle de lagarta da soja ou a joaninha que controla o pulgão. 3.3.1.2 Controle cultural O controle cultural das doenças consiste basicamente na manipulação das condições de pré-plantio e durante o desenvolvimento da cultura, favorecendo-a em relação à praga que levaria à doença. Busca-se assim reduzir o contato entre a cultura suscetível à doença e o causador desta, de maneira a reduzir a taxa de infecção e a propagação da doença, eliminando o agente causal e levando a obtenção de plantas sadias (MICHEREFF, 2001). São exemplos de controle cultural: (MICHEREFF, 2001): a rotação de culturas, a utilização de material propagativo (mudas e sementes) sadio; a eliminação de plantas vivas doentes ("roguing"); a eliminação ou queima de restos de cultura; a incorporação de matéria orgânica no solo; a irrigação de forma adequada; o manuseio de plantas buscando controlar a densidade de plantio; a alteração nas épocas de plantio e colheita; a utilização de enxertia e poda.
  • 31. 3.3.1.3 Controle físico Os métodos de controle físico baseiam-se no uso agentes físicos para reduzir o inoculo (organismo que causa a doença) ou o desenvolvimento da doença (MICHEREFF, 2001). A utilização de temperatura, umidade e radiações eletromagnéticas são os principais agentes físicos de controle dos insetos indesejáveis. Um exemplo de controle físico é o uso de armadilhas luminosas. Elas são eficientes tanto para combater insetos diurnos quanto noturnos, tendo como as principais faixas espectrais do ultravioleta, visível e a do infravermelho as mais utilizadas para este fim. Outros exemplos de controle físico são (MICHEREFF, 2001): solarização do solo; tratamento por calor do material de propagação das culturas; utilização de filmes plásticos. 3.3.1.4 Controle mecânico Os métodos de controle mecânico se caracterizam pela utilização de barreiras e/ou pela destruição direta dos insetos. São exemplos desta forma de controle: o uso de armadilhas; a utilização de casa de vegetação; a catação de larvas e pragas adultas; a utilização de barreiras como o ensacamento feito em goiabas. 3.2.1.5 Controle químico Os métodos de controle químicos alternativos correspondem a utilização de caldas. As mais comumente utilizadas são as Caldas Bordalesa e a Sufocálcica. Porém também podem ser utilizadas caldas à base de extratos vegetais.
  • 32. Módulo 4 – Qualidade ambiental 4. O que é ambiente degradado? A atividade agrícola pode levar a alteração da paisagem pelo uso do solo, da água, pelo cultivo de plantas e criação de animais, muitas vezes não característicos da região. Essa alteração pode causar um desequilíbrio provocando a destruição do ambiente, gradativa ou abrupta. 4.1 Qualidade do solo O solo apresenta características químicas, físicas e biológicas que dependem de diferentes fatores, tais como a rocha que o originou, o clima da região, os organismos que interferem nele, como vegetais e animais. São exemplos de características químicas dos solos que interferem nas práticas agrícolas:  O potencial hidrogeniônico (pH) que indicará se o solo é ácido ou alcalino;  A capacidade de troca catiônica (CTC) que indica a capacidade que o solo tem em reter ou perder nutrientes. Normalmente baixa CTC indica susceptibilidade à perda de nutrientes, baixa fertilidade, reduzida quantidade de matéria orgânica e, portanto, necessidade de calagem e adubação mais frequente que um solo com CTC mais elevada (FERREIRA, SCHWARZ e STRECK, 2000);  Teor de nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, que são essenciais para o desenvolvimento da planta.  Teor de matéria orgânica que é formada pela decomposição de restos animais e vegetais. São exemplos de características físicas dos solos que interferem nas práticas agrícolas:
  • 33.  Textura que indica a proporção que há no solo de areia, silte e argila.  Estrutura que mostra o arranjo das partículas do solo e do espaço poroso. A estrutura do solo pode ser alterada em função do manejo inadequado; considerando assim o aspecto físico (mecanização, pastoreio) e também o químico (adubação desbalanceada); podendo também ser influenciada por mudanças de clima e atividade biológica;  Porosidade que é o espaço do solo não ocupado por sólidos, mas por ar e água. O manejo nas atividades agrícolas pode, portanto interferir na qualidade do solo, favorecendo ou prejudicando. As operações de aração e gradagem, por exemplo, realizadas na agricultura convencional podem levar à formação do “pé-de-arado” ou “pé-de- grade”, que é uma camada compactada formada no perfil do solo pela destruição dos agregados do solo, que são pulverizados pela ação dos implementos e também do tráfego do trator (VEIGA, REICHERT e REINERT, 2009). Entretanto, uma forma de manejo também pode ser a solução, que é a implantação do plantio direto ou manejo mínimo do solo. Os pequenos açudes sucessivos, alocados da parte mais alta para a mais baixa do terreno, visando a contenção de águas de chuva também são uma forma de manejo que contribui para a qualidade ambiental (BARROS, 2000). Outra forma de manejo que contribui para a qualidade do solo e da água é o cultivo adotando curvas de nível. As curvas de nível unem pontos de mesma cota no terreno e desta forma a água da chuva ao cair nesse solo encontra esses sulcos com as plantas. Assim há a infiltração de água, evita-se a alta perda de nutrientes pelo arraste, evita-se a erosão. 4.2 Qualidade da água A falta de água pode se tornar um problema sério para a agricultura e em alguns locais, essa questão grave já é uma realidade. O assoreamento (arraste
  • 34. de terra para os corpos de água), a poluição (lançamento de esgoto e de outros resíduos nos corpos hídricos) e o desmatamento estão entre os principais fatores que interferem na qualidade das águas nas regiões rurais. Assim como o solo, a água também apresentada características físicas, químicas e biológicas que indicam sua qualidade. São características físicas da água:  Temperatura: medida da intensidade de calor que pode variar em função de fontes naturais, como a energia solar e também de fontes humanas, como o lançamento de esgoto. A temperatura pode interferir em outras características da água, como por exemplo, a viscosidade e a quantidade de oxigênio dissolvido. Há uma temperatura ideal para os organismos que vivem na água, portanto, a mudança de temperatura pode também interferir na vida aquática;  Sabor e odor: a água não tem gosto e cheiro, porém pode sofrer alteração destes pela presença de algas, restos de vegetação que se decompõem, além da presença de organismos como bactérias e fungos. Portanto, a alteração do sabor e odor podem indicar a qualidade da água;  Compostos orgânicos: ao contrário do solo, a presença de matéria orgânica na água pode levar a perda de sua qualidade, alterando outros fatores, tais como: sabor, odor, quantidade de oxigênio disponível. A presença de matéria orgânica da água se dá pelo carreamento de material sólido da terra para a água, como também pelo lançamento de esgotos, dentre outras formas.  Cor: resulta da existência de substâncias em solução. As causas podem ser naturais, como a cor amarelada devido a presença de ferro vindo do solo; ou pela presença de material orgânico em decomposição.  Turbidez: presença de matéria em suspensão na água, como argila, silte, substâncias orgânicas, organismos, que interferem na sua
  • 35. transparência. No meio rural é comum avaliar a turbidez na água na criação de peixes.  Sólidos: material presente na água que pode ser visível e se encontrar em suspensão ou pode ser invisível, se encontrando dissolvido na água. São características químicas da água importantes de ser avaliadas no meio rural:  pH (potencial hidrogeniônico): que indica se a água é ácida (pH menor que 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7). Água com baixo pH pode ser corrosiva e com alto pH pode levar a formação de incrustações em tubulação  Cloretos: são substâncias químicas que podem vir da dissolução de minerais ou da intrusão de águas do mar, do lançamento de esgoto ou do uso inadequado de insumos agrícolas. Em alta concentração podem levar a salinização do solo, prejudicando a produção agrícola;  Nitrogênio e fósforo: são nutrientes importantes para o crescimento vegetal, que, portanto, em excesso na água podem causar diversos problemas. Esses nutrientes podem chegar à água pelo uso de adubos, estercos, pelo despejo de esgoto.  Oxigênio Dissolvido (OD): é essencial para a respiração de organismos aeróbios. Se há o aumento do lançamento de matéria orgânica na água, a quantidade de oxigênio dissolvida pode ser reduzida ao ser utilizada pelos organismos para a decomposição dessa matéria. Quanto menor o teor de oxigênio dissolvido, menor a qualidade da água. São características biológicas da água importantes de ser avaliadas no meio rural:
  • 36.  Coliformes: esses organismos são utilizados como indicadores da presença de microrganismos patogênicos na água;  Algas: são organismos importantes na produção de oxigênio dissolvido através da fotossíntese, mas em grande quantidade podem causar danos, como aumentando a quantidade de matéria orgânica que para ser decomposta levará a redução da quantidade de oxigênio. No meio rural, para a decomposição dos resíduos orgânicos evitando os diversos danos que estes podem causar à água, podem ser utilizados alguns tipos de tratamento, sendo os mais comuns os biodigestores e as wetlands.
  • 37. Módulo 5 – Resíduos agrícolas e sua utilidade 5. Resíduos agrícolas No meio rural podem ser gerados diferentes tipos de resíduos que deverão ser separados para ser utilizados, vendidos ou descartados. Na casa são gerados resíduos recicláveis e não recicláveis. Dentre os recicláveis temos as garrafas, papéis, latas, caixas, dentre outros. Dentre os não recicláveis podemos fazer a separação como orgânicos e não orgânicos. Alguns resíduos orgânicos podem ser reutilizados no próprio local, como os resíduos alimentares, cascas, restos vegetais. Resíduos de controle de pragas, bem como restos de remédios devem ser encaminhados para a coleta pública, para serem destinados a aterros sanitários. Nas atividades agrícolas os resíduos gerados variarão com as propriedades e com as práticas adotadas, podendo ser citados como exemplos: restos de ração e silagem; palhada; cascas; carcaças; estrumes. Embalagens de agrotóxicos são resíduos em que há legislação específica para o descarte, evitando a contaminação do agricultor e de sua propriedade, como já citado anteriormente. O produtor rural deve estar atento aos resíduos gerados e na possibilidade de sua utilização. Resíduos orgânicos podem ser utilizados na compostagem, na formação de biofertilizantes, na formação do bokashi. 5.1 Bokashi
  • 38. É um adubo orgânico de excelente qualidade, muito utilizado na adubação de plantio das espécies mais exigentes, tais como o tomate, couve flor, brócolis, milho, frutíferas, dentre outras espécies. Materiais necessários: - 250 Kg de terra virgem de barranco, isento de sementes; - 100 Kg de esterco de galinha (ou farelo de soja ou farelo/torta de mamona); - 100 Kg de farelo de arroz (pode ser substituído por resíduos de milho e batata obtidos em fábricas de fécula); - 75 Kg de farinha de osso; - 1 litro de microrganimos (EM-4) diluídos em 20 a 30 litros de água; Deixar fermentar durante 7 a 10 dias, revirando 3 vezes ao dia nos 3 a 4 primeiros dias. Dosagens: - 300 gramas por cova (tomate, etc.); - 200 a 300 gramas/m² no preparo de canteiros de hortaliças; - 150 a 200 gramas por metro em sulcos; - 500 gramas por cova em fruteiras. Como fazer EM4: Cozinhe qualquer quantidade de arroz (mais ou menos 1 quilo), sem óleo e sem sal e coloque numa vasilha de barro ou de madeira. Coloque esta vasilha com o arroz numa mata fechada e embrulhe ou projeta-a com uma tela ou sombrite. Coloque as folhas do solo encima deste embrulhado e deixe este material durante 30 dias. Depois dos 30 dias, desembrulhe e elimine as colônias de fungos de coloração negra, cinza escuro e amarronzada. Dissolve/esfarele o restante do material em um balde com 10 litros de melaço ou garapa ferventada (espere esfriar para depois dissolver o arroz). Deixar curtir durante 10 dias ou mais, em recipiente aberto (tipo um balde) e em ambiente escuro (quarto
  • 39. fechado). Depois de 10 dias poderá diluir este material em qualquer quantidade de água e inocule no bokashi. 5.2 Compostagem A compostagem pode ser definida como um processo controlado de decomposição da matéria orgânica. A compostagem pode ser feita com os restos de alimentos da casa. Também pode ser feita na limpeza dos currais, auxiliando no combate a doenças e pragas. Todos os dias deve ser feita a raspagem do curral, acumulando em um monte até o término da semana. Na semana seguinte começa-se novo monte de estrumes. Ao final de 5 semanas, o primeiro monte já poderá ser utilizado para adubação das pastagens. Pode-se fazer o composto também mais elaborado, montando-se as leiras. No material da apresentação e na pasta do módulo 6 – Adubação há informações mais detalhadas para a compostagem.
  • 40. Módulo 6 - Adubação 6.1 Análise de solos Antes de qualquer adubação, seja convencional ou orgânica, é essencial a análise de solo. Somente essa análise indicará o estado em que se encontra o solo, qual a quantidade que há nele de nutrientes e quais devem ser repostos. A amostragem depende de quem está executando-a. Para que ela seja a mais representativa possível, é preciso que a área amostrada seja homogênea ou bem próxima disto. Por este motivo divide-se a propriedade em vários „mini-locais‟ ou glebas. Para ser homogênea a gleba deve ser de apenas uma cultura. Em cada gleba serão retiradas várias amostras simples que misturadas formarão a amostra composta. Portanto, a amostra simples é o volume de solo coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura homogênea das várias amostras simples coletadas na gleba. Assim, a amostra composta é representativa da área e á amostra que será submetida à análise química. Deve-se andar em zigue-zague durante a retirada de amostras e colocá- las, de preferência, em um balde plástico, para que assim as interferências sejam minimizadas (Figura 9). Figura 9 - Divisão da área em glebas para amostragem de solo (RIBEIRO, GUIMARÃES e ALVAREZ V., 1999).
  • 41. Para a maioria das culturas, as amostras simples são coletadas na camada de 0 a 20 cm, contudo, deve-se levar em conta a camada de solo, onde se concentra o maior volume da raiz. Por exemplo, para pastagens já estabelecidas, recomenda-se a amostragem na camada de 0 a 5cm, ou, até, 0 a 7cm. Quando necessário, pode retirar-se outra amostra composta de 7 a 20 cm. No ponto de coleta das amostras simples, a superfície do solo deverá ser limpa, removendo restos vegetais sem, contudo, remover a camada superficial do solo. Os pontos de coleta das amostras simples não devem ser localizados próximos a acidentes atípicos na área, como por exemplo, cupinzeiros, local de queimadas de restos culturais, formigueiros, local de deposição de fezes e cochos ou saleiros em áreas de pastagens. As amostras podem ser coletadas com trado ou com pá. O número de amostras a ser coletado depende do tamanho da área. Em uma área com até 4 hectares deverão ser coletadas pelo menos 15 amostras simples para fazer uma composta; em uma área com até 20 hectares deverão ser coletadas pelo menos 20 amostras. As amostras simples são colocadas em um mesmo balde, fazendo-se a mistura com as mãos para homogeneizar e formar a amostra composta. Esta deve secar à sombra por um dia para eliminar o excesso de umidade. Retira-se então em torno de 300 gramas de amostra para enviar ao laboratório para análise. 6.2 Nutrientes do solo Segundo a pesquisadora da Embrapa, Alessandra M. S. Mendes, os elementos carbono (C), hidrogênio (H) e o oxigênio (O) são absorvidos pelas plantas a partir da água absorvida pelas raízes e do gás carbônico (CO2) absorvido via fotossíntese. Juntamente a esses três elementos, mais seis são absorvidos e exigidos pelas plantas em quantidades superiores aos demais: nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), formando os chamados macronutrientes. Já os micronutrientes, que são exigidos
  • 42. em quantidades inferiores aos nove anteriormente citados, são: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B) molibdênio (Mo) e cloro (Cl). Estes nutrientes possuem funções específicas e essenciais no metabolismo da planta. Falaremos aqui sobre o N, P, K , Ca e Mg. Nitrogênio está ligado diretamente ao desenvolvimento da planta, pois constitui a „peça-base‟ de formação das proteínas, os aminoácidos. Na ausência deste, o processo mais afetado é a produção de proteínas, o que compromete o crescimento da planta. Indício de sua ausência - As folhas velhas tornam-se amareladas. Fósforo é um importante componente energético da planta. Importante para o enraizamento da planta e deve ser aplicado antes ou no momento do plantio. Indício de sua ausência – Folhas mais velhas adquirem coloração arroxeada. Além disso, a planta retarda a sua frutificação. Potássio participa do processo de fotossíntese. Também é importante no momento da formação e enchimento do fruto. Indício de sua ausência - As folhas novas afilam e as velhas apresentam amarelecimento das bordas, tornando-se amarronzadas e necrosadas. Cálcio ajuda a planta a evitar estresse decorrente da presença de metais pesados, segundo a pesquisadora da Embrapa Alessandra M. S. Mendes. Indício de sua ausência - Observam-se tecidos necrosados no interior dos frutos. Deformações das folhas novas e morte dos pontos de crescimento. Magnésio está ligado ao metabolismo energético do vegetal.
  • 43. Indício de sua ausência - Quando a deficiência é mais severa, as áreas amarelas vão escurecendo, tornando-se posteriormente necrosadas. Sintomas por infecção de vírus podem ser confundidos com a falta deste nutriente. É também muito importante para o conhecimento do agricultor a definição, isto é, entender no que consiste o processo de calagem, algo tão falado durante o dia-a-dia do cultivo dos vegetais. Este processo fornece cálcio e magnésio para as plantas. O cálcio estimula o crescimento das raízes e, portanto, com a calagem ocorre o aumento do sistema radicular e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo, auxiliando a planta na tolerância à seca. Além de contribuir para o aumento da eficiência dos adubos e reduzir a acidez do solo (que prejudica a disponibilidade de nutrientes contidos no solo). A quantidade de calcário a ser aplicada ao solo será determinada pelo agrônomo, mediante o resultado da análise química do solo.
  • 44. Módulo 7 – Rotação e Consorciação de Culturas 7. Rotação de Culturas e Consorciação 7.1 Rotação de culturas A rotação de culturas é a alternância regular e ordenada do cultivo de diferentes espécies vegetais em sequência temporal em uma determinada área. O planejamento cultural estratégico na propriedade proporciona o equilíbrio necessário quanto aos aspectos físicos, químicos, biológicos e econômicos dos sistemas de produção. Alguns benefícios da rotação de culturas são:  Auxilia o controle da propagação de ervas daninhas, pragas e doenças;  Reciclagem de nutrientes;  Repõe a matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos;  Melhora a estrutura e fertilidade do solo. Apesar das vantagens da rotação de culturas, alguns cuidados devem ser tomados, tais como evitar a rotação com culturas da mesma família, evitar rotação com culturas que possam inibir o crescimento das que a sucederão e promover a rotação com culturas que beneficiarão as próximas que ocuparão a área. Assim, na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de rotação favoráveis e desfavoráveis:
  • 45. Tabela 7 – Exemplos de rotação apontando a cultura, o cultivo anterior que pode ser favorável e o que deve ser evitado: Família / Cultura Cultivo anterior que pode ser Favorável Cultivo anterior que deve ser Evitado Compostas: Alface, Alcachofra, Cravo Túnico, Calêndula Alho, Alho-Francês, Batata, Cebola Beterraba, Couve, Nabo, Compostas Crúciferas: Couve, Brócolos, Nabo, Rúcula, Rabanete Alho, Alho-Francês, Cebola, Espinafre Abóbora, Aipo, Cenoura, Feijão, Melão, Pepino, Tomate, Crucíferas Cucurbitáceas: Abóbora, Courgete, Melão, Melancia, Pepino Alho, Alho-Francês, Cebola, Espinafre Abóbora, Cucurbitáceas Liliáceas: Alho, Alho- Francês, Cebola, Cebolinho Crucíferas, Cucurbitáceas, Leguminosas Beterraba, Milho, Liliáceas Leguminosas: Ervilha, Fava, Feijão Alho, Alho-Francês, Cebola Leguminosas Solanáceas: Batata, Berinjela, Pimento, Tomate Alho, Alho-Francês, Cebola Abóbora, Melão, Pepino, Solanáceas Umbelíferas: Aipo, Cenoura, Salsa, Coentros Alho, Alho-Francês, Cebola, Milho Aipo, Beterraba, Cenoura 7.2 Consórcio de Culturas O consórcio de culturas é o cultivo simultâneo, num mesmo local, de duas ou mais espécies vegetais (Figura 10). As plantas podem ser semeadas ou plantadas ao mesmo tempo ou terem época de implantação levemente defasada, mas compartilham dos mesmos recursos ambientais durante grande parte de seus ciclos de vida, fato que leva a
  • 46. forte interatividade entre as espécies consorciadas e entre elas e o ambiente, como mostra a figura abaixo. Figura 10 - Consórcio de culturas Os benefícios da consorciação são:  Auxilia no controle de ervas daninhas, pragas e doenças;  Promove uma excelente cobertura viva e morta do solo, durante o maior período de tempo possível;  Maximiza o aproveitamento do solo;  Maximiza o aproveitamento da água disponível no solo ou do período chuvoso. Podem ser utilizados diferentes tipos de consorciação, como demonstrado na figura abaixo:
  • 47. Figura 11 – Tipos de consorciação Para a escolha das culturas, deve-se levar em conta:  Os insumos que precisa (sementes, adubos, inseticidas);  As raízes que as culturas têm;  A capacidade que as culturas têm de melhorar a fertilidade do solo;  A capacidade das culturas em cobrir o solo;  Os efeitos de consorciação entre as culturas. Da mesma forma que na rotação, na consorciação também pode haver culturas que são benéficas e outras que prejudicam. Na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de consorciação:
  • 48. Tabela 8 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados: Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis Abóbora Alface, Chaga, Feijão, Manjericão, Melão, Milho Batata, Legumes- Tuberoso, Rabanete Acelga Cebola, Cenoura, Couve, Feijão Aipim Feijão-de-vagem rasteiro, batata, milho-verde Aipo Alface, Alho-Francês (alho-poró), Couve, Feijão Batata, Milho Alface Abóbora, Aipo, Alcachofra, Alho- Francês, Beterraba, Cebola, Cenoura, Couve, Couve-Flor, Ervilha, Feijão, Morango, Pepino, Picle (pepino para conserva), Rabanete, Repolho, Tomate Espinafre, Girassol, Salsa Alho Aipo, Alface, Beterraba, Cenoura, Couve, Morango, Pepino, Picle, Tomate Ervilha, Espargo, Feijão, Repolho Alho-Francês Aipo, Alface, Batata, Beterraba, Cebola, Cenoura, Couve, Espinafre, Morango, Tomate Beterraba, Ervilha, Feijão, Repolho Batata Aipo, Ervilha, Espinafre, Feijão, Nasturtium, Rabanete, Repolho Abóbora, Aipo, Berinjela, Beterraba, Cebola, Couve, Ervilha, Framboesa, Girassol, Maçã, Milho, Pepino, Picle, Tomate Berinjela Ervilha, Estragão, Feijão, Pimenta, Salsa, Tomate, Tomilho Batata, Cebola Espargo Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha, Manjericão, Salsa, Tomate Alho, Beterraba, Cebola Beterraba Aipo, Alface, Alho, Cebola, Cenoura, Couve, Feijão-Rateiro, Morango, Pepino, Rabanete, Rábano, Repolho Alho-Francês, Batata, Espargo, Feijão, Feijão- Trepador, Milho, Tomate Brócolis Alface, Alecrim, Chaga, Salsa, Sálvia, Tomate Morango
  • 49. Tabela 9 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação): Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis Cebola Alface, Alho-Francês, Beterraba, Camomila, Cenoura, Erva-Doce, Morango, Pepino, Salgado, Tomate Batata, Couve, Ervilha, Feijão, Repolho Cenoura Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho, Alho- Francês, Beterraba, Cebola, Cebolinho, Cerefólio, Ervilha, Espinafre, Rabanete, Rábano, Sálvia, Tomate Aneto, Endro, Funcho Couve Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho-Francês, Batata, Beterraba, Ervilha, Espinafre, Feijão Menta, Rabanete, Rábano, Rasteiro, Sálvia, Tomate, Tomilho Couve- Flor Alface, Alecrim, Aipo, Batata, Beterraba, Camomila, Cebola, Chaga, Endro, Feijão, Hortelã, Rabanete, Sálvia Morango, Tomate, Videira Damasco Manjericão, Malmequer, Alho, Espinafre, Urtiga, Girassol, Chagas (Nastartium) Tomate Ervilha Aipo, Alface, Batata, Cenoura, Couve, Feijão, Milho, Nabo, Pepino, Picle, Rabanete, Rábano, Repolho Alho, Alho-Francês, Batata, Cebola, Feijão, Salsa, Tomate Espargo Alcachofra, Alho-Francês, Ervilha, Manjericão, Salsa, Tomate Alho, Beterraba, Cebola Espinafre Aipo, Alface, Alho-Francês, Couve, Feijão, Milho, Morango, Nabo, Rabanete, Rábano, Repolho, Tomate Batata, Beterraba Feijão Acelga, Aipo, Alface, Alho, Batata, Beterraba, Cenoura, Couve, Espinafre, Milho, Morango, Nabo, Pepino, Rabanete, Rábano, Tomate Alho, Alho-Francês, Batata, Cebola, Ervilha
  • 50. Tabela 10 – Exemplos de consorciação apontando a cultura, quais consórcios podem ser favoráveis e os que devem ser evitados (continuação): Cultura Consorciações Favoráveis Consorciações Desfavoráveis Feijão-Verde Batata, Milho, Rabanete Alho, Beterraba, Cebola Manjericão Damasco, Espargo, Feijão, Pepino, Repolho, Tomate Milho Abóbora, Alface, Ervilha, Feijão, Pepino, Tomate Aipo, Alecrim, Alface, Batata, Beterraba, Hortelã Morango Alface, Alho, Alho-Francês, Beterraba, Cebola, Couve, Espinafre, Feijão, Rabanete, Rábano, Tomilho Repolho Nabo Acelga, Alecrim, Alface, Ervilha, Espinafre, Feijão, Hortelã Alho, Batata, Mostarda, Tomate Pepino Aipo, Alface, Beterraba, Cebola, Ervilha, Feijão, Girassol, Milho, Repolho, Salsa Batata, Melão, Rabanete, Rábano, Tomate Pimentão Cebola, Cenoura, Salsa, Tomate Rábano Rabanete Acelga, Agrião, Alface, Alho, Cenoura, Couve, Ervilha, Espinafre, Feijão, Morango, Salsa, Tomate Abóbora, Acelga, Batata, Pepino, Repolho, Videira Salsa Alface, Alho-Francês, Espargo, Milho, Rabanete, Tomate Ervilha, Feijão, Repolho Tomate Aipo, Alface, Alho, Alho-Francês, Cebola, Cebolinho, Cenoura, Coentro, Couve-Flor, Endro, Espargo, Espinafre, Feijão, Manjericão, Milho, Rabanete, Salsa Batata, Beterraba, Couve, Erva-Doce, Ervilha, Feijão, Pepino Videira Aipo, Alface, Camomila, Chaga, Feijão, Pepino Beterraba, Brócolis, Tomate Uma das formas de consórcio mais utilizadas na agricultura familiar é a do milho com o feijão. Neste caso, a leguminosa (feijão) pode ser semeada nas
  • 51. linhas, nas entrelinhas ou nas linhas e entrelinhas do milho. O feijão pode ser semeado simultaneamente, na maturação fisiológica ou de 10 a 20 dias antes da semeadura do milho. Esta cultura pode ser consorciada também a outras leguminosas anuais, tais como, feijão-de-porco, mucuna anã, lab lab, crotalária, objetivando, principalmente, por meio da simbiose e da reciclagem, obter-se significativo aporte de nitrogênio que, em parte, é usado pela gramínea (Figura 12). Figura 12 – Consórcio do milho Na tabela abaixo são apresentados alguns exemplos de consórcio que podem ser utilizados, o que é feito na prática e o efeito que pode ocorrer.
  • 52. Tabela 11 - Exemplos de consórcios, com a prática comumente adotada e o efeito da consorciação das culturas: Consorciação Prática Efeito Batata + Feijão Filas alternadas Protege a batata do escaravelho Cenoura + alho francês ou cebola ou ervilha 2 filas de cenoura e 1 de alhos ou cebola ou ervilhas Protege a cenoura da mosca Cenoura + alecrim, salva e losna Aromáticas em fronteira Repele a mosca da cenoura Couve + tomilho Aromática envasada e dispersa entre a cultura Repele a mosca da couve Couve, nabo ou rabanetes + hissopo e hortelã pimenta Aromáticas em fronteira Repele a altica Couve + aipo Filas alternadas Repele a lagarta da couve Couve + alecrim, hissopo e salva Aromáticas em fronteira Repele a lagarta da couve Couve + trevo Filas alternadas Repele a lagarta da couve Espargo + tomate Filas alternadas Repele o gorgulho do espargo Macieiras + chagas (capuchinha) Plantadas junto de cada árvore Protege do pulgão lanígero Macieira + cebolinho Plantadas junto de cada árvore Protege do pedrado Melão + cebola 1 cebola junto a cada pé de melão Protege do fusário Tomate + cravos de Tunes ou chagas Protege da mosca branca Coentro + Tomate Reduz os danos da traça do tomate Sálvia e Alecrim + Brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis) Repele a borboleta que põe os ovos nas folhas dando origem as lagartas Arruda e hortelã + hortaliças Repele a mosca branca Manjerona Repele insetos em geral Capim Cidreira Repele insetos em geral Poejo Repele as formigas e traças Hortelã Repele as formigas e ratos
  • 53. Módulo 8 – Caldas para controle de pragas e doenças 8. Caldas Há diversas caldas que podem ser utilizadas no controle de pragas e doenças na agricultura, além de outros métodos alternativos como a homeopatia. Entre as mais usadas estão a Calda bordalesa e a Sulfocálcica. 8.1 Calda bordalesa A calda bordalesa é um fungicida à base de sulfato de cobre previamente neutralizado com cal. É eficiente no controle de diversas doenças fúngicas, mas também pode ser utilizada para o combate a infecções por bactérias e para o controle de algumas pragas. Material necessário: 200 gramas de sulfato de cobre 200 gramas de cal virgem (Pode ser empregada a cal hidratada para o preparo da calda bordalesa, porém esta deve ser nova quanto à fabricação e deve-se utilizar 360 gramas ao invés de 200 gramas) 20 litros de água Modo de preparar: Utilizar para preparar a calda bordalesa um tanque ou vasilhame de plástico, cimento amianto ou madeira. Não utilizar tambores de ferro, latão ou alumínio, pois estes reagem com o sulfato de cobre. No recipiente a ser utilizado, coloque 10 litros d‟água. Se o sulfato de cobre (200 gramas) estiver na forma de pedra deve ser imerso nesta água. Para isso deve estar bem moído e ser colocado dentro de
  • 54. um saco de pano ralo que será amarrado em uma vara atravessada sobre o recipiente com a água, de modo a apenas mergulhar nesta. Espere o sulfato de cobre dissolver, o que geralmente ocorre uma hora após a imersão. Se o sulfato de cobre estiver na forma cristalizada, será de mais fácil solubilidade, podendo ser dissolvido na mesma hora de preparo, em um pouco de água quente ou normal. Em outro recipiente com capacidade superior a 20 litros vá adicionando 200 gramas de cal virgem com água aos poucos até formar uma pasta consistente. Após isto, complete o volume de água para 10 litros. Despeje a calda contendo o sulfato de cobre sobre a calda contendo a cal ou então em um terceiro recipiente de capacidade superior a 20 litros, juntam-se as duas soluções, em pequenas quantidades, ao mesmo tempo, agitando-se a mistura, enquanto vai sendo preparada. Para verificar se a calda apresenta pH neutro (desejável), você deve mergulhar na solução uma lâmina de canivete ou faca bem limpa, durante meio minuto. Se houver formação de ferrugem sobre a lâmina quando for retirada da solução, indica que esta está ácida e que deve ser acrescentada mais solução de água e cal. Quando a faca/canivete for colocada na solução e não houver mais reação, significa que a calda está pronta e sua aplicação deve ser feita no mesmo dia. Para o controle do pH pode ser utilizada uma fita de tornassol (comprada em farmácia) ao invés da faca. Se a solução estiver ácida o pH estará abaixo de 7,0 e deve-se acrescentar mais cal ou seja o leite de cal até que esteja neutralizado o cobre (o pH ficará acima de 7,0). A aplicação deve ser feita com tempo bom e seco, sendo a pulverização no início da manhã ou no final da tarde. Essas recomendações devem ser obedecidas para não haver risco de toxicidade à planta. A pulverização também deve ser feita em alta pressão. Informações importantes: Fazer a aplicação da calda bordalesa imediatamente após o seu preparo.
  • 55. A concentração dos ingredientes, difere de uma espécie, condições climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta. Utilizar dosagens menores nas fases iniciais e em plantas mais sensíveis. Testar em poucas plantas e depois fazer o tratamento ideal para o local. Na tabela abaixo há uma indicação de acordo com o tipo de cultura: Tabela 12 – Calda bordalesa: indicação das quantias ideias para a mistura de acordo com o tipo de cultura e doença Cultura Doenças Sulfato De Cobre (gramas) Cal Virgem (gramas) Abobrinha Míldio e manchas foliares 500 500 Abacate Antracnose 1.000 1.000 Alface Míldio e podridão de esclerotínia 500 500 Alho Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000 Batata Requeima, Pinta preta 1.000 1.000 Beterraba Cercospora 1.000 1.000 Café Ferrugem, manchas foliares 1.500 1.500 Caqui Antracnose, cercosporiose e mycosferela 300 a 500 1500 a 2500 Cebola Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000 Chicória Míldio e esclerotínia 500 500 Citros Verrugose, Melanose, Rubelose 600 300 Couve, Repolho Míldio e alternária em sementeira 500 500 Cucurbitáceas Míldio, Antracnose 300 300 Figo Ferrugem, Antracnose, Podridões 800 800 Goiaba Verrugose e Ferrugem 600 600 Maçã Entomosporiose, sarna, podridões 400 800 Macadâmia Manchas foliares 1.000 1.000 Manga Antracnose 1.000 1.000 Maracujá Bacteriose, Verrugose 400 400 Morango Micosferela, Antracnose 500 500 Nêspera Entomosporiose, Manchas foliares 800 800 Noz pecã Manchas foliares 1.000 1.000 Pepino Míldio e manchas foliares 500 500 Pêra Entomosporiose, Sarna, Podridões 400 800 Solanáceas Pinta preta, Podridões 800 800 Tomate Requeima, Pinta preta e Septoriose 1.000 1.000 Uva Itália Míldio, Podridões 600 300 Uva Niágara Míldio, Manchas 500 a 600 800
  • 56. Em plantas novas, deve ser usada a metade da quantidade de sulfato de cobre e de cal virgem. Pulverize preferencialmente em horários de temperatura amena, sendo recomendável filtrar a calda para evitar entupimento no pulverizador. Não aplicar a Calda Bordalesa em goiabeira quando os frutos atingirem diâmetro superior a 2 cm. 8.2 Calda sulfocálcica A calda Sulfocálcica também é amplamente utilizada na atividade agrícola tendo ação fungicida, inseticida e acaricida. Material necessário 5 kg de enxofre 2,5 kg de cal virgem pura e bem calcinada (acima de 95%) 10 litros de água 2 vasilhames de ferro ou lata com capacidade de no mínimo 40 litros Modo de preparar A calda é feita sobre o fogo em vasilhame de lata ou inox. Coloque 40 litros de água para ferver, num tambor de ferro ou latão. Em outro tambor (esmaltado de preferência ou de ferro, nunca de cobre), fora do fogo, coloque 5 quilos de enxofre peneirado. Adicione (lentamente e mexendo) 5 litros de água quente e mais 2 colheres de espalhante adesivo (1 copo de álcool ou cachaça ou leite) sobre o enxofre peneirado, para facilitar a mistura. Em seguida, agite fortemente essa calda com um bastão de madeira, até formar uma pasta. Encima desta pasta, espalhe aos poucos 2,5 quilos de cal virgem moída e mais 5 litros de água quente, mexendo continuamente a mistura. Coloque o tambor sobre o fogo intenso e deixe a mistura cozinhando durante 10 a 15 minutos. Vá acrescentando à pasta água fervente até completar 20 litros (o tambor deve apresentar no seu lado interno uma marca para indicar este volume).
  • 57. Deixe ferver em fogo alto por mais 30 minutos, devendo-se repor a água perdida por evaporação, mantendo constante o volume inicial de 20 litros. Essa reposição deverá ser feita com a água quente do outro tambor (O uso de água quente reduz o tempo de preparação da calda). A calda apresenta coloração amarelada no início e com o tempo de preparo vai se transformando num tom avermelhado cada vez mais intenso. Quando a calda passar a um líquido transparente de cor pardo-avermelhada ou vinho e de fundo preto ou café, deverá ser retirada do fogo. Deixe a calda coberta descansando por 12 horas para haver a separação do enxofre com o cal. Haverá a formação de uma “massa” no fundo do vasilhame. Deverá ser recolhido o sobrenadante com uma caneca esmaltada ou de plástico, que deverá ser coada em pano ralo (saco de pano) Deve ser feita a leitura com o densímetro - Aerômetro de Baumé. A calda considerada boa apresenta uma faixa de 28º a 32º Baumé. A calda sulfocálcica deve ser guardada em garrafões de vidro ou plásticos bem tampados, em ambiente escuro, podendo permanecer assim por até 5 meses. Indicações A concentração a ser utilizada depende do tipo de planta ou espécie vegetal, as condições climáticas, o grau de infestação da doença e fase de crescimento da planta. Cultura Doenças Mistura Hortaliças: alho, cebola, feijão, pimentão, tomate e berinjela: Ferrugem e ácaros 0,5 litro de calda para 20 litros de água Quiabo oídio 0,5 litro de calda para 20 litros de água Alho, feijão, cebola e tomate Tripes 800 mililitros para 20 litros de água. Goiaba e café Ferrugem 0,5 litro para 20 litros de água Coqueiro Ácaro 600 mililitros para 20 litros de água (antes da bainha abrir, nunca nos frutos)
  • 58. Informações importantes: Essa calda nunca deve ser usada em plantas da família das curcubitáceas (abóbora, melancia, pepino, etc) pois elas são sensíveis ao enxofre. Também não deve ser utilizada sobre a florada das culturas. Há o risco de queima da folhagem com doses concentradas no verão, havendo a necessidade da utilização de diluições fracas. Aplicar em períodos frescos do dia. Não aplicar quando estiver previsto ocorrências de geadas ou quando a temperatura for superior a 32 º C. A calda sulfocálcica é altamente alcalina e corrosiva, danifica recipientes de metal, roupas e a pele. Então, após o seu uso, os recipientes e as mãos devem ser muito bem lavados com solução de 1 parte de vinagre e/ou limão para 10 litros de água. 8.3 Uso de extratos vegetais e outras soluções Há várias outras formas de controle de pragas e doenças que vêm sendo utilizadas na agricultura, tais como homeopatia e usos de extratos naturais. No final desta apostila, no anexo, há uma tabela com diferentes extratos e indicações de uso para controle de pragas e doenças na atividade agrícola.
  • 59. Módulo 9 – Produção animal e agroecologia 9. Produção Animal agroecológica O número de produtores rurais que vêm adotando práticas agroecológicas em suas atividades é crescente, por diversos motivos, destacando-se a preocupação com a saúde e agregação de valor ao produto. É comum associar o produto agroecológico a um em que não se utiliza agrotóxicos, porém não se resume a isso. 9.1 Principais diferenças entre a produção convencional e a produção agroecológica: A agroecologia muitas vezes se apresenta como uma ferramenta a ser utilizada para mudar a produção convencional, seguindo a agricultura chamada moderna para a produção orgânica. Há entre a produção convencional e a agroecológica várias diferenças, porém alguns pontos podem ser ressaltados. 9.1.1 Sustentabilidade: Harmonia com a natureza A produção agroecológica visa a sustentabilidade, ou seja, que haja um equilíbrio das ações tomadas em relação ao ambiente natural. Avalia-se assim o risco que as atividades possam implicar ao ambiente e como podem ser executadas minimizando ao máximo os danos causados. Através das práticas agroecológicas busca-se aproximar a atividade agrícola das relações normais que ocorrem na natureza, evitando a entrada de produtos estranhos ao ambiente e que possam dessa forma causar algum desequilíbrio. Portanto, o ambiente natural torna-se uma fonte de observação e aprendizagem. Um exemplo prático disso é o controle de pragas. Observando a
  • 60. predação que normalmente ocorre na natureza pode-se usar de ações que estimulem estas evitando assim o uso de produtos sintéticos como os agrotóxicos. 9.1.2 Alimentação Na alimentação animal prioriza-se a produção do alimento para a condução da atividade no próprio local ou onde haja acesso a informação para saber como foram produzidos. Evita-se a utilização de alimentos que possuam alguma forma de contaminação, aditivos, promotores de crescimento, ureia, estimulante de apetite, dentre outros. Avalia-se também a necessidade de cada animal de forma a supri-la sem causar desgastes. Para a criação de galinhas caipiras, por exemplo, observa-se a formação de piquetes e a rotação necessária entre eles para a alimentação das aves, partindo da ideia que o mínimo necessário para manter as condições ideais para as aves é de 3 metros quadrados para cada uma delas. A área de pasto necessário, seja para aves ou gado, depende do tipo de gramínea utilizada, da sua forma de crescimento, do número de animais que ocupam a área. Dessa forma pode-se ocupar um determinado piquete por um tempo em que não haja prejuízo do crescimento da gramínea quando o animal for retirado, avaliando-se, portanto o tempo de ocupação e o tempo de descanso necessário para a recuperação da gramínea. É comum adotar o tempo de descanso de acordo com a gramínea utilizada no piquete. Também pode ser utilizada a avaliação da altura da gramínea na entrada e na saída do animal para a rápida rebrotação depois que este for retirado do piquete, o que também varia de acordo com a gramínea plantada. Devem-se buscar também outras formas de alimentação, como cultivos de hortaliças e grãos para a manutenção dos animais na época de baixo crescimento das gramíneas, como também para manter a qualidade nutricional.
  • 61. 9.1.3 Controle de pragas e doenças O controle de pragas e doenças no manejo agroecológico ocorre e é de grande importância. Deve-se seguir o calendário de vacinação para a criação evitando-se assim epidemias e mantendo a sanidade do rebanho. Esse calendário varia de região para região e tem informações importantes, tais como: para qual doença está sendo empregada, a época em que deve ser feita e quais condições devem ser observadas. É importante que o produtor rural tenha um controle mínimo sobre os animais que cria, tomando nota para haver o controle zootécnico da atividade. É importante que o produtor rural saiba a idade dos animais, quando foi feita a vacinação, quais tratamentos utilizou, qual a produtividade animal. Essas informações são úteis para o controle de doenças e gastos, bem como para uma eventual necessidade de descarte animal, o produtor rural saber qual animal deve ser descartado/vendido. Busca-se a utilização de produtos naturais ou de métodos naturais, tais como a homeopatia. O ambiente é avaliado para evitar o desequilíbrio, que na maioria das vezes é o causador da praga ou doença. 9.1.4 Instalações e Manejo As condições em que os animais são mantidos e a forma de manejo são de grande importância para manter a sanidade animal. Atualmente tem sido comum utilizar o termo “bem estar animal” para indicar formas de ação na condução da atividade agrícola que mantenham a qualidade de vida animal, evitando estresse e o desconforto dos animais. Os cuidados no manejo e nas instalações estão relacionados não somente com a higiene, mas também com o conforto considerando a temperatura, umidade, água disponível, redução do estresse animal, redução de focos de doença e cuidados na condução da atividade.
  • 62. De acordo com a criação é que são determinadas essas ações. Estão disponíveis manuais de boas práticas no material cedido nesse curso, bem como na internet em sites especializados, como o do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e também da EMBRAPA.
  • 63. Referências Bibliográficas AUGUSTO, G.; ABREU JÚNIOR, H. Controle fitossanitário com produtos alternativos coletânea de receitas. Apostila. Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – CATI; Departamento de Extensão Rural – DEXTRU, 84 p. BARROS, L. C.de. Captação de águas superficiais de chuvas em barraginhas. Circular Técnica, 2. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2000. 16p. (Embrapa Milho e Sorgo. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER). Disponível em: http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/programas/assistenciatecnica/2522569. Acesso em: 24 abr. 2013. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Disponível em: < http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Tomate/TomateIndustr ial_2ed/deficiencias.htm FERREIRA, T. N.; SCHWARZ, R. A.; STRECK, E. V. Solos: manejo integrado e ecológico - elementos básicos. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. 95p. MENDES, A. M. S. Introdução à Fertilidade do solo. Pesquisadora. Aula ministrada no Curso de Manejo e Conservação do Solo e da Água na Universidade Federal da Bahia. MICHEREFF, S. J. Fundamentos de fitopatologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE. 150 p.2001. PADILHA; A. C. M. et al. O desenvolvimento do diagnóstico estratégico em propriedades rurais do agronegócio: análise ambiental em uma propriedade rural familiar. INGEPRO – Inovação, Gestão e Produção. v.2, n. 6, 57-68 p., 2010. PAULUS, G.; MULLER, A.M.; BARCELLOS, L.A.R. Agroecologia aplicada: praticas e métodos para uma agricultura de base ecológica. Porto Alegre: EMATER/RS, 2000. p. 86. RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V., V. H.. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes, 5ª Aproximação. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 359 p., 1999. Viçosa, Minas Gerais. VEIGA, M., REICHERT, J. M.; REINERT, D. J. Compactação: das causas às soluções. Revista A Granja, p. 41-43, fevereiro de 2009.
  • 64. Anexo Tabela 13 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Ácaros e Cochonilhas Macerado de samambaia 500 g de folhas frescas ou 100g de folhas secas de samambaia em 1 litro de água. Ferver p/ meia hora. Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar. Pulgões, Lagartas (Aplicar no solo) Macerado curtido de urtiga 500 g de folhas frescas ou 100 g de folhas secas de urtiga em l litro de água. Deixar curtir por 2 dias. Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar sobre a planta ou no solo. Pulgões, Cochonilhas e Lagartas Macerado de fumo Picar 10 cm de fumo em corda.Colocar 1 litro de água. Curtir por 2 dias. Diluir 1 litro de solução em 10 litros de água e pulverizar as plantas. Pulgões, Cochonilhas e Lagartas Solução de água e sabão Colocar 50 g de sabão em 5 litros de água quente. Após esfriar aplicar com pulverizador. Lesmas Sacos de aniagem Colocam-se os sacos molhados estendidos entre os canteiros, a noite. No dia seguinte retirar os sacos e matar as lemas que estarão embaixo. Pulgões e Nematóides Macerado de alho Esmagar os dentes em 1 litro de água. Curtir por 12 dias. Diluir em 10 l e usar. Pulverizar a planta e /ou imergir os dentes na solução quando plantar. Lagartas e Lesmas Infusão de losna Derramar 1 litro de água fervente sobre 300g de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em 10 l de água. Pulverizar sobre as plantas. Ácaros Soro de leite Pulverizar sobre a planta. Resseca e mata o ácaro Diversas doenças fúngicas. Chá de camomila Imergir um punhado de flores em água fria por 1 a 2 dias. Pulverizar as plantas e mudas na sementeira. Cochonilhas e pulgões Querosene + sabão + calda de fumo Aquecer 10 litros de água. Juntar 20 colheres de sobremesa de querosene e 3 colheres de sopa de sabão em pó. Deixar esfriar e adicionar 1 litro de calda de fumo. Pulverizar as plantas atacadas. Pragas da parte aérea Cinzas Deixar um punhado de cinzas de molho em água durante 1 dia. Coar e pulverizar sobre as plantas.
  • 65. Tabela 14 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação) Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Formigas lava-pés. quémquém e cupins. Solução de creolina 1 copo de creolina em 10 litros de água, ou duas tampinhas por litro d‟água Localizar o formigueiro, remover a terra com a enxada. Encharcar o local com a solução. Formigas Hortelã Plantio nas bordas dos canteiros. As formigas desaparecem. Pulgões, ácaros, cochonilhas e trips. Solução de fumo com cinzas Picar 100g de fumo em corda ou 500g de folha de fumo verde picado. Acrescentar 100 g de cinzas e 10 litros de água. Deixar repousar por 12 horas e coar. Aplicar em pulverização logo em seguida. Pulgões, trips e cochonilhas Sabão e querosene Cortar ½ quilo de sabão em fatias finas e dissolver em 1,5 litros de água quente. A seguir agitando bastante despeje lentamente 3 litros de querosene. Completar com 50 litros de água. Juntar 3 Kg de farinha de trigo previamente dissolvida em água fria para não empelotar. Pulverizar as plantas Pulgões e trips Pulverizar nas horas mais quente do dia. Extrato de nicotina Picar 20cm de fumo de rolo forte em 1 litro de água. Levar ao fogo e ferver por ½ hora. Retirar do fogo e deixar esfriar. Acrescentar 3 litros de água. Regar os canteiros e as plantas. Aplicar rapidamente, pois o efeito dura só 8 horas. Pulgões e cochonilhas Sabão e querosene Raspar um sabão com canivete. Deixar de molho em água por 24 horas. Coar com pano. Adicionar 6 gotas de querosene e 10 litros de água. Pulverizar as plantas. Formigas e outros insetos Atanásia Plantio Repele formigas e outros insetos. Traças Anis Plantio Repelente Nematóides, pulgões e brocas. Cravo de defunto Plantio Controla nematóides e age como repelente. Tatuzinho e formigas Tártaro emético e açúcar Misturar 10 g de tártaro e 80 g de açúcar. Espalhar em caixas de fósforo p/ tatuzinho e entrada do formigueiro. Tatuzinho Pano úmido Umedecer um pano. Colocar o pano no solo ao anoitecer. De manhã virar o pano e jogar água quente.
  • 66. Tabela 15 – Formas alternativas para controle de pragas e doenças: indicação, forma utilizada, preparo e aplicação (continuação) Pragas e doenças Método Modo de preparação Forma de aplicação Lesmas e caracóis Cal ou cinza Um punhado de cal ou cinza. Ela adere ao corpo das lesmas e as mata. Distribuir nas bordas do canteiro em uma faixa de 15 cm. Lesmas e caracóis Infusão de losna Fazer uma infusão com 30 g de losna (folhas secas) em 1 litro de água fervente. Deixar em infusão por10 minutos. Diluir a solução preparada em 5 litros de água e pulverizar. Desinfeção de cortes de poda, lesões, pintura de troncos e ramos grossos. Controla barba, liquens, musgos, algas, fungos em frutíferas e ajuda a controlar doenças bacterianas em outras plantas. Pasta Bordalesa 1 Kg de Sulfato de cobre 2 Kg de cal virgem e 12 li- tros de água. Colocar o sulfato de cobre em 6 lts. De água quente. Numa vasilha de plástico ou madeira dissolver aos poucos 2 Kg de cal virgem até completar 6 litros água Depois que a cal apagar deitar a cal na vasilha com Sulf. Cobre, mexendo sempre, formando pasta. A mistura formada é a Pasta Bordalesa e é aplicada com auxílio de uma brocha. Obs. A cal virgem é queimada com água quente e o sulf de cobre, bem moido. A aplicação é feita logo após que a calda esfrie. Escama farinha. Caldo de cinzas Juntar a maior qtde. de cin zas do fogão de lenha e misturar dentro de um tam bor com água suficiente para formar um caldo gro- sso. Pincelar os troncos das laranjeiras atacados com uma brocha de pintar paredes. Lesmas e caracóis. Sulfato de cobre Misturar 100 gramas de Sulfato de Cobre em 12 litros de água Irrigar o solo infestado com lesmas com essa mistura. Vaquinha ou patriota Cabaça ou Purungo Planta trepadeira, seme- lhante a folha da abóbora. O fruto maduro é usado para cuia de chimarrão. O fruto verde é cortado no meio e colocado na lavoura. O líquido junto à semente atrai os insetos Formigas cortadeiras Incorporação de matéria orgânica À medida que vai se incorporando as formigas desaparecem