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Fundamentos Epistêmicos da Medicina



          2.2. Conhecimento e
                Verdade
                             "O destino habitual das novas verdades é
                             começar como heresias e acabar como
                             superstições" (T. H. Huxley.)



Pretende-se considerar aqui apenas dois pontos de vista doutrinários
presentes da Gnosiologia atual: 1) o dos realistas e dos materialistas (que
sustentam que o conhecimento é uma marcha progressiva em busca da
verdade contida nas teorias, nas coisas e nos constrtutos); e 2) o dos
idealistas e fenomenistas que pretendem ser impossível conhecer os
objetos mesmos, porque o conhecimento se limitaria a uma imagem mais
ou menos distorcida de sua aparência, enganadora por definição).

Os positivistas lógicos e outros fenomenologistas imaginam a verdade
apenas como atributo da linguagem, por isto reduzem-na a um fenômeno
lógico, verbal. Os fenomenistas intuicionistas pretendem a verdade como
fruto exclusivo da intuição (conhecimento independente da razão ou da
experiência). Os materialistas e realistas tem-na como qualidade fática, um
fenômeno da realidade por extressar a correspondência entre o
pensamento e a experiência com fato a que ele corresponde.




                                                                          1
Desde um ponto de vista materialista, pretende-se que a verdade (do latim,
veritas) se refira ao conhecimento que pode ser tido como verdadeiro,
posto que se reconhece pela concordância, adequação, correspondência
ou identidade com aquilo a que se refere. Esta questão central consiste em
saber se é possível haver um conhecimento verdadeiro e, sendo possível,
se haverá viabilidade em reconhecer esta verdade como tal (isto é, de
demonstrar, comprovar ou verificar esta verdade). Ainda que isto se faça
de forma permanenteente incompleta e provisória, mas mesmo que
completa      e   definitiva   este   fato   á   de   ser   sempre   estabelecido
probabilisticamente.

Aqui se define verdade como reflexo mais ou menos fiel da realidade no
pensamento (através da razão ou da percepção) e como fidelidade de sua
expressão naquilo que pretende afirmar.A possibilidade de se conhecer a
verdade (nas proposições, na natureza, na sociedade ou nos seres
humanos) ou a possibilidade de se estabelecer um certo teor ou
probabilidade de verdade em um conhecimento ou informação é talvez o
mais candente dos problemas de ciência e da construção do conhecimento
científico.

O teor máximo de verdade que possa ser reconhecido em uma proposição
denomina-se veracidade. Verossimilhança (ou verosimilitude) é o termo que
expressa a semelhança de uma proposição com a verdade ou com a
identidade de dois conceitos ou duas proposições, teor de verdade que
pode ser expresso em percentuais.




                                                                                2
A veracidade de um conhecimento é expressa pelo se grau de verdade
que contém (ou que existe na proposição que o expressa). Se bem que
todo conhecimento, por definição, envolva algum grau de convicção de
que aquele dado da consciência corresponde à verdade (o contrário de
falsidade). Contudo, não se pode confundir o conhecimento com a
convicção de realidade. O que será mais detalhado logo adiante neste
trabalho (quando se diferenciar veracidade de verossimilitude).

Desde que se estuda a forma e o conteúdo do conhecimento foram se
diferenciando o conhecimento vulgar (mais ou menos espontãneo,
ametódico, acrítico e assistemático); do conhecimento filosófico (verosímil,
intencional, metódico e sistemático, referentes à generalidade dos objetos
e fenômenos); e do conhecimento científicofactual (idêntico ao
filosófico, mas referente a classe partculares de objetos e fenômenos da
raelidade natural, social ou humana) sugiu a necessidade de caraterizar
casa uma detas modalidades de conhecimento e as relações entre elas.

Desde Leibnitz, em filosofia da ciência diferencia a veracidade lógica ou
verdade da razão (referente a idéias, proposições e formulações teóricas,
característica das filosofia e das ciência ideiais), da veracidade fática
referente às verdades casuais, verdades de fato (que se referem à
correspondência dos fatos com o que se conhece sobre eles). Posição
mental que integra o racionalismo com o sensualismo.
    Do ponto de vista epistemológico, no conhecimento científico
    deve-se diferenciar dois pares categorias complementares da
    Epistemologia: o que já se conhece e o que resta para conhecer




                                                                           3
sobre algo; e o conhecimento completo e exaustivo que se possa
    elaborar sobre algo em confrontação com conhecimentos
    parciais e segmentares que se possa construir. O primeiro ponto
    de vista corresponde ao da maioria dos autores, enquanto o
    segundo, tem a marca do dogmatismo.

Entretanto, por definição, o procedimento de conhecer implica sempre,
para o sujeito do conhecimento,em algumaconvicçãode que aquilo que
se conhece é verdadeiro, que corresponde à verdade. A convicção na
veracidadeé um componendispensável da noção de conhecimento. E o
teor da possibilidade de um enunciado ser verdadeiro se expressa em
termosde probabilidade.
    Esta questão parece crucial para a atividade científica. Afinal, a
    cięncia sempre pretendeu produzir conhecimento verdadeiro. Se
    não completa e perenemente verdadeiro, ao menos, o mais
    verdadeiro possível em cada momento de sua evolução.

Do pontode vista da verdade,os enunciadose as proposições(inclusive
os enunciados e as proposições científicas podem ser classificados em
verdadeirose falsos.Estes,podemser atribuídosao enganoou à mentira.

Conhecimento e Convicção

Todoconhecimentoinclui a participaçãodo eu de quemconhece,ou seja,
a convicçãode veracidadenaquiloqueé tidocomoconhecidopelosujeito.
Isto é, a crença em sua veracidade. Ainda que esta crença não seja
característica essencial sua, porque as pessoas podemcultivas crenças
em proposições impossíveis, absurdas. Os não digmáticos têm
oconhecimento como uma modalidade particular de crença (a crença



                                                                         4
justificada através do recursos de comprobabilidade, lógico- ou fáticos,

possíveis no momento).

A aquisição    do   conhecimento    pelo   sujeito    cognoscente      consiste   no

processo funcional de apreensão e elaboração ativas de informações

sobre um objeto qualquer a ser conhecido, sob a forma de uma imagem

perceptiva, apreensão, noção, conceito ou um componente qualquer da

consciência que pode ser processado           logicamente      e assimilado pelo

sujeito como uma imagem da memória (representação), possível de ser

evocada e reconhecida como verdadeira.

Por isto, todo conhecimento está sempre associado à consciência pelo

agente de algum grau de convicção de verdade sobre si, porque quem

conhece deve capaz de reconhecer como verdadeiro o seu conhecimento.

A menos que se engane ou falseie deliberafamente a verdade. E é

também   por isto que a atividade científica elabora e constantemente

aperfeiçoa procedimentos para se assegurar da veravidade (ou, ao menos

verosimilitude, de seus achados teóricos e práticos.

Aqui se presume que todo conhecimento factual científico por definição

implica em alguma certeza de correspondência com a realidade. De fato,

mesmo o conhecimento comum implica em algum grau de convicção de

que o conhecido é verdadeiro. Contudo, o conhecimento científico deve ao

mnos resistir a algum esforço metodologicamente aprovável de qu é

verdadeiro    ou,   ao   menos,   que   não   é      falso.   Convém    diferenciar

conhecimento e crença, pois, desde sua origem, a noção de conhecimento




                                                                                   5
se opõe à de crença, embora ambas apresentem algum grau de
convicção.Podehaverconvicçãomuitoarraigada,umacrençamuitofirme,
quenãopossaserdenominadade conhecimento.

  Entretanto, nem toda convicção, mesmo intensa, arraigada e
profundamentedotadade participaçãodo eu, provémda correspondência
coma verdade,muitaconvicçãose originana credulidade,capacidadede
acreditarindependentede comprovaçãoou demonstração.A convicçãoda
realidade de uma informação costuma estar assentada em u ou dois
pilares interagentes : sua correspondência com a realidade (dimensão
objetiva)e da tendênciadosujeitoa acreditarnela(dimensãosubjetiva).

Desde Aristóteles, se conheceo seguinte caminho da busca da verdade
dos objetos desconhecimento: ignorância, dúvida, opinião ou impressão
(doxa)e a certeza(episteme).Cadaumdessesmomentosapontaparaum
grauprogressivamentemaiordeconvicçãoverificável

O conhecimento é um estrutura de informações e de habilidades que
coexistemcom a noção de ser coerente internamentee consistente em
suarelaçãocoma realidadee é estapossibilidadede utilizarumcritériode
verdadeque diferencia as simples crençasdas convicçõesprovindas do
conhecimento.
    O conhecimento se diferencia das crenças e do pensamento
    mágico-mítico-religioso que não podem ser chamados de dados
    do conhecimento, ainda que componham o patrimônio de
    certezas de muitas pessoas e sejam potencialmente capazes de
    exercer influęncia na propulsão, direção e modulação de seus




                                                                      6
comportamentos (inclusive as atitudes cognitivas, afetivas e
      referentes à conduta interpessoal). Pois, sabe-se que as crenças
      exercem      papel    motivador     muito     importante     nos
      comportamentos e que correspondem a necessidades
      psicológicas ou ideológicas sempre mais ou menos valiosas para
      quem as experimenta e cultiva.
      As crenças (ou dogmas) são conteúdos de natureza afetiva e
      não cognitiva, embora se expressem como conceitos, juízos e
      raciocínios como o conhecimento. E porque são fenômenos
      afetivos, se consolidam, se ampliam e se enraízam em função
      destes motivos e não pelo convencimento provindo da razão.
      Também costuma discutir se o conhecimento se limita a existir
      como atividade da conscięncia, uma representação mental de
      seu sujeito que incluiu uma imagem do objeto, ou se o processo
      de conhecer se dá pela incorporação e assimilação pelo sujeito
      das características do objeto. E, neste segundo caso, o fato de
      conhecer, determina uma transformação em quem conhece.

Conhecimento, Verdade e Falsidade

A definição mais sintética de verdade, designa- a como conhecimento da

realidade ou adequação à realidade; da realidade factual, da realidade

lógica ou da realidade de uma convenção.

A convicção de veracidade contida em uma proposição ou em sistema de

proposições é, por definição, uma característica do conhecimento. Todas

as formas de conhecimento compartilham esta condição, Por isto, podem

ser consideradas crenças. No conhecimento comum, estas crenças não

são     verificadas,   diferentemente   do   conhecimento    filosófico   e,

especialmente. Do conhecimento científico, os      quais contêm recursos




                                                                           7
metodológicosqie realizama aferiçãodoseugraudeveracidade.

O objetivomaisimportantedestarelaçãocognitivacomalgumacertezade
verdadepareceser assegurarque aquilo que se conhececorrespondeà
verdadeobjetiva,a verdadelógicaou à verdadeconvencionada,conforme
for o caso. Pode ser consideradocomo verdadeiro. Com isso, o sujeito
cognoscentepode usar o que conheceem seu processopermanentede
se adaptar ao mundo, de se defender dos riscos, de aumentar seu
conforto,sua segurançae se assegurarmaiorprobabilidadede sobreviver
como maiorbem-
             estarquelhe for possível.
    Ao menos do ponto de vista do conhecimento científico,
    importa que este grau de veracidade esteja devidamente
    confirmada por meio de alguma forma de verificação confiável.

O conhecimentocientíficoé uma formaespecíficade crençacaraterizada
pelapossibilidadede verificaro teorde verdadequecontém.Pois, crenças
são todos os conteúdospsíquicosaos quais o agenteatribui veracidade.
Quando este teor de verdade pode ser verificado, seja logicamente na
demonstraçãoou factualmentena comprovação,é quese devedenominar
conhecimento científico. Comose vê, por estadefiniçãoque se usa aqui,
o conhecimentodevecorresponderà verdade,pois o conhecimentoé uma
espécie de reflexo ou representação da realidade, acompanhado de
algumaconvicçãode que se trata da verdade.Ainda que se saiba que a
noçãodeverdadepodesermodificadacomo tempoe a experência

Analogamente, define-
                    se verdade como reflexo fiel e autêntico da
realidadeno pensamentoe comofidelidadede sua expressãonaquilo que



                                                                    8
pretende afirmar. Este dois elementos conceituais da verdade são a

validade (o quanto uma proposição reflete o aspecto da realidade a que se

refere) e a fidedignidade o quão fielmente os termos de uma proposição

transmitem aquilo que enunciam.

Outra ponderação a ser feita é que as ciências durante séculos estiveram

abrigadas no interior da Filosofia. Por muito tempo, até o Renascimento,

as ciências   na natureza   foram   englobadas   pela Filosofia Natural ou

Filosofia da Natureza. Foi deste ramo da Filosofia que se originaram todas

as ciências naturais na modernidade.

A questão da verdade contida nos conceitos,nos ju ízos e nas proposições
está s ituada no vértice tip ificador de toda d iscussão a respeito do
c onhecimento. Princ ipalm ente, porque, por definição, todo conhecimento
se com pleta em a lgum a convicção de sua veracidade Tanto com o
fenômenoind ividual, quanto com o processoc ultural.

Pode-
    se d izer que a verdade (do latim , veritas), reporta- e ao
                                                         s
c onhecimento verdadeiro. Nestes term os, segundo Aristóteles e os
c lássicos e os escolásticos,é aquele que se reconhecepela concordância,
adequação, correspondência ou identidade com aquilo a que se refere: a
identidade ou correspondência do conhecimento com o objeto estudado;
um fato real ou com um argumento racional. Para e les, existe verdade
quando há correspondência entre o pensamento, expresso por um
c onceito ou por um a proposição, e a realidade factual ou lóg ica a que e le
se refira.




                                                                           9
Assim,seguindo- e esta tendência,pode- definir verdade como reflexo o
              s                      se
mais fiel e autêntico da realidade no pensamento que for possível obter e,
também, como a possível fidelidade de sua expressão com aquilo que
pretende afirmar ou negar em uma proposição. Levando em conta as suas
formas intermediárias, expressas em probabilidade. Contudo, este critério
de verdade como corresondência com a realidade só se presta para aferir
as proposições das ciências factuais. Não tem eficácia nas ciências
formais (ou ideais) nem nas situações em que o fenômeno estudado é
convencionado, como sucede com as denomiações que se atribuem às
coisas ou os nomes das pessoas.

Não obstante, pode-se afirmar genericamente que a verdade reflete a
concordância entre dois extremos conceituais: dois fatos (ou dados reais,
dois entes existentes), dois dados intelectuais (duas idéias) ou uma idéia e
um fato da realidade. A verdade se expressa por conceitos ou proposições
verdadeiras que se referem a estes tipos de relações possíveis entre os
objetos estudados.

A questão da verdade está intim amentelig ada à cognoscibilidade porque o
essencial no c onhecimento é que e le se reflita a objetos e fenômenos
verdaderos. Se não houvesse cgnoscibilidade ão haveria c iência. Aqui, a
questão central da Gnosiologia consiste em saber se é possível haver um
c onhecimento verdadeiro e , sendo possível, se haverá viabilidade em
reconhecer esta verdade com o tal (isto é , de dem onstrar, com provar ou
verificar esta verdade). Por isto, todo conteúdo m ental que m ereça ser
c hamadode conhecimentopresumea convicçãode verdade.



                                                                          10
Veracidade do conhecimento. Aqui se coloca a questão do que é a
verdade,especialmenteda verdadecientífica. Se ela existee comopode
ser reconhecidae quais seriamseuslimites.Pois, estassão as perguntas
maisimportantesnestamatéria.

O oposto da verdade não é a mentira, é a falsidade. A falsidade pode
provir de engano ou de mentira. Mentira é a falsidade deliberada. Uma
proposiçãonão verdeiraé umaproposiçãofalsa. Falsidadee verdadesão
manifestaçõeslógicasopostas.

A verdade e a falsidade são possibilidades existentes ao final dos
procedimentos de verificação ou comprovação das proposições (ou
enunciados). Pode- afirmar genericamente que a verdade reflete a
                 se
concordânciaentredois extremosconceituais: dois fatos (ou dadosreais,
dois entesexistentes),dois dadosintelectuais(duasidéias)ou umaidéia e
umfatoda realidade.

A verdadese expressapor conceitosou proposiçõesverdadeirasque se
referema estestiposde relações.

Nas ciência formais, as verdades são do tipo lógico e se referem a
proposiçõesque expressamidéiase delas retiramconclusõeslógicasque
podemserverificadasracionalmente.

Todoenteé verdadeirocomotal, mesmoquese tratede umafantasia;sua
existênciaé comprovantede sua veracidade.O mito de Papai Noel, torna
o Papai Noel, verdadeiro como personagemmítico e não como um ser
humano real. O personagem(de literatura, cinema teatro) é verdadeiro



                                                                  11
como personage m, ainda que não o seja como pessoa (ainda que esteja

sendo   representado     por uma    ator que é uma      pessoa   verdadeira    e

represente alguém que exista de realmente).

Considera- se aqui os seguintes tipos de verdade: a verdade objetiva ou

ontológica, a verdade lógica, a verdade convencional.

A verdade material, verdade factual ou verdade ontológica consiste na

comprovação da existência objetiva de uma coisa.

A verdade lógica consiste na conformidade, adequação ou consistência de

duas idéias ou de uma idéia e a realidade.

A verdade convencional se expressa em uma proposição que obedece a

regras convencionadas.

A   falsidade   é   o   conceito   oposto   ao   de   verdade,   coerência    ou

correspondência com a realidade.

    Existe uma falsidade ideal (quando falta correspondęncia ou
    adequação entre duas idéias que é a falsidade dos raciocínios ou
    das arquiteturas lógicas) e uma falsidade material ou factual
    (quando inexiste correspondęncia entre um fato e uma idéia,
    como acontece nas cięncias factuais, como se de ver adiante).

As noções verdade e falsidade e, mais comumente, verdadeiro e falso são

atribuídos a conceitos, a juízos e a raciocínios. As proposições construídas

com estas figuras lógicas podem ser tidas como verdadeiras acreditadas

como falsas.

    Falsicabilidade é o princípio proposto por Popper para o



                                                                              12
conhecimento factual, pelo qual deve-se ter uma proposição
    como verdadeira enquanto ela não for comprovada como falsa.
    Isto é, enquanto resistir aos esforços metodologicamente
    corretos para comprovar sua falsidade. Este é núcleo essencial
    do conceito popperiano de verdade.

Ao contrário do que se pensa, quando se trabalha com os conceitos do
conhecimentovulgar, o opostode verdadenãoé mentira,é a falsidade.E
a falsidadepodese radicarno desconhimento,no enganoou na mentiraA
mentiraé umaformda fasidade.

Conhecimento: Impressão e Certeza da Verdade

Anteriormente, neste trabalho, já se definiu o conhecimento como a
apropriação mental pelo sujeito de propriedades do objeto do
conhecimento (objetos, fenômenos e relações deles entre sí e com o
mundo); tal apropriação se faz através da apreensão de características
descritivas ou explicativas do que está sendo conhecido; e implica,
sempre, em um certo grau de certeza de que aquele conhecimentoseja
verdadeiro.

A impressão ou mesmo certeza de veracidade é característica
fundamental do conhecimento. Ainda que não possa (nem deva) ser
tomadocomoindicadorde veracidade.Tambémjá se apontouparao fato
de que a ceetezade verdadepodeter origemobjetivaou subjetiva.E que
essa última depende do raciocínio ou dos interessos afetivos ou
ideológicosda pessoacognoscente.

Por definição, não há conhecimento sem que haja alguma convição de



                                                                     13
veracidade ou inveracidade no conteúdo pensado como conhecido. Além

do conhecimento, tudo o que é pensado ou sentido como crença, inclui

essa convicção de verdade ou algum grau de dúvida. Mesmo que não o

seja    verdadeiro,   pode   ser     sentido   como    se    fosse.   Pois,   nem   toda

convicção de veracidade corresponde à existência de veracidade, sequer

de verossimilitude. Alguém pode ter certeza (uma impressão muito forte,

uma convicção bastante arraigada) de que uma proposição é verdadeira e

ela ser falsa; não ser uma verdade, mas uma falsidade, como acontece

nas crenças da fé.

A definição mais sintética de verdade, designa- a como conhecimento da

realidade; da realidade lógica ou da realidade factual. Anteriormente, neste

trabalho, já se definiu o conhecimento como a apropriação mental pelo

sujeito de propriedades do objeto do conhecimento (objetos, fenômenos e

relações deles entre si e com o mundo); tal apropriação se faz através da

apreensão de características descritivas ou explicativas do que está sendo

conhecido; e implica, sempre, em um certo grau de certeza de que aquele

conhecimento      é    verdadeiro.     A   impressão        de   veracidade    é    uma

característica fundamental do conhecimento.

Tudo isso considerado, pode- se afirmar que a convicção de veracidade

está sempre presente em todo conhecimento, se bem que em diferentes

graus. A crença, a impressão (ou a convicção) de verdade de uma coisa

quase nunca é evidenciada por ela mesma, mas por suas relações.

       Este grau de convicção da veracidade do conhecimento se
       caracteriza por se saber que se sabe e saber o que se sabe,



                                                                                      14
permite reconhecer e ocasiona a possibilidade de comunicar que
    são características essenciais de todo conhecimento, porque não
    se conhece verdadeiramente, qualquer que for o tipo ou o grau
    deste conhecimento, se não se for capaz de reconhecer a coisa
    conhecida como tal ou de comunicar sobre ela. Já se viu que,
    com o sentido de conhecimento-resultado, também significa o
    acervo de informações proporcionadas por estes processos.

No conhecimento vulgar, a convicção de verdade existente em um
conhecimento qualquersobrealgumacoisa resulta apenasda impressão
subjetiva de sua veracidade na consciência do agente do processo de
conhecer; neste caso, quando se busca alguma comprovação para
reforçar a convicção, esta não deve passar de uma comparação de
aparências.

No entanto, este procedimento mental é muito influenciado pelos
interesses objetivos e subjetivos; neste caso, quando se busca alguma
comprovaçãopara reforçar a convicção, esta não deve passar de uma
comparaçãode aparências.Enquantono conhecimentocientífico,a noção
de veracidadede umaproposiçãoé dadopor um programasistemáticode
investigaçãoque fornecea necessária consonância de seus conceitos e
suasproposiçõesentresi e coma realidadefactual.

No âmbito do conhecimento filosófico, como no das ciências formais
(lógica, matemática) o critério de verdade é dado pela consistência de
seusconceitose de seusjuízos.E a convicãoé frutodo convencimentoda
correçãologicada elaboraçãoqueé umprocessocognitivo.
    De   qualquer   forma,   ainda   que   a   convicção   seja   parte



                                                                          15
importante do saber, conhecer é essencialmente diferente de
     acreditar, ter como verdadeiro, ter fé; pois, embora todo
     conhecimento implique em uma certa convicção de veracidade,
     a convicção pode provir ou não do conhecimento, pode ser fruto
     da fé.
     Em ambos os casos, a convicção tem estruturas completamente
     diferentes: crença nas diversas modalidades de conhecimento
     vulgar e convencimento no conhecimento superior (científico e
     filosófico).

O conceito de verdade é sempre atribuído a um juízo (um enunciado ou

uma proposição, como se diz em linguagem da ciência). Quando se trata

de um juízo científico em uma ciência factual, tem- se uma verdade

científica factual. Essas verdades científicas são do tipo factual, por isto,

devem ser objetivas.

A objetividade é um pressuposto tido como essencial para caracterizar

uma verdade científica, o que não deve ser confundido com objetivismo

(que implica na recusa sistemática de tudo que não for objetivo). Por isto, a

objetividade se situa como uma característica fundamental da ciência. A

objetividade, entendida como independência em relação ao observador, é

um   elemento     importante    para   o   reconhecimento   da     verdade.   A

objetividade, entendida como independência em relação ao observador, é

um elemento importante para o reconhecimento da verdade.

Tipos de Verdade

Na dependência das difererentes opiniões filosóficas que possam ser

alimentadas     por   quem     ofaz,   podem   ser   mencionadas     diferentes




                                                                              16
m odalidades de verdade, dentre as quais ;e bastanete com um que se jam
destacadasas seguintes:

  -   a verdade lógica ou verdade formal (que se expressa na consistência
      lógica entre conceitos e ou juízos);

  -   a verdade factual, também chmada objetiva, experimental ou material
      (que manifesta a coerência entre uma proposição e um fato objetivo);

  -   a verdade axiomática ou verdade convencional, (que traduz a
      fidedignidade de algo que foi convencionado, como o nome de uma
      pessoa ou coisa, por exemplo);

  -   a verdade narrativa (que expressa a correspondência entre uma
      narrativa e a história que está sendo narrada, quer essa se refira a
      acontecimentos reais ou produtos da imaginação).

Cada um destes tipos de verdade se materiza na correspondência entre
uma proposição e aquilo que ela menciona. O conhecimento do conteúdo
de verdade de uma proposição resulta do critério de verdade com o qual
ela é aferida. A noção de convicção de veracidade ou de certeza da
verdade em uma proposição ou em uma teoria pode se dar por qutro
mecanismos chamados critérios de verdade.

O primeiro, é o critério da consistência ou da consonância com a realidade
lógica a que se refere. Identifica a verdade pela demonstração da
coerência interna das proposições que formam uma tese; a verdade lógica.
Caracteriza as ciências formais. Por exemplo, dois objetos iguais a um




                                                                        17
terceirosãoiguaisentresi, umcálculoaritmético.

O segundocritériode verdade,é o critériode consonânciacoma realidade
material, que caracterizaas ciênciasfactuais. Este critério estabeleceum
conceito (ou uma proposição) como verdade na medida em que seja
comprovado como adequado à realidade. Além destes dois critérios de
verdade, existe um terceiro que é dado pela comparaçãocom o modelo
convencionadoou aceito comopadrão(que é usadopara estabeleceras
verdadesconvencionais),comonas escalasde avaliação,pesos,medidas
e nasconvençõese normassociais.

Além destes dois critérios de verdade, existe um terceiro que é a
comparaçãocomo modeloconvencionadoou aceitocomopadrão(que é
usadoparaestabeleceras verdadesconvencionais),comonas escalasde
avaliação, pesos, medidase nas convençõese normassociais. O quarto
tipo de aferiçãode veracidade,o da verdadenarrativa,tratada verificação
de umanarrativacomo queé narrado.
    Quando o conhecimento da realidade começou a demolir as
    chamadas verdades religiosas, os dogmas das religiões, um
    filósofo católico, AVERRÓIS (1126 -1198) inventou a doutrina
    da dupla verdade provavelmente para enganar crédulos e
    inquisidores. Consistia no seguinte: duas afirmativas
    contraditórias, uma científica e outra religiosa, podiam ser
    ambas verdadeiras (cada uma em seu mundo), ainda que se
    mostrassem antagônicas.

Adiante, se há de estudarum poucomais sobrea verdadecientífica e as
noções de veracidade e verossimilitude como importantes elementos



                                                                     18
lógicos do conhecimento científico. Por enquanto, deve- se continuar a

cuidar da comparação      da convicção     nas crenças   no processo    e no

resultado do conhecimento e a relação do conhecimento com a verdade.

Porque não é a convicção de realidade ou impressão mais ou menos

arraigada   de verdade, como       experiência subjetiva, que caracteriza o

conhecimento, notadamente o conhecimento cientifico. A convicção de

realidade é comum do conhecimento e das crenças.

Distinguem- se as proposições verdadeira das falsas por meio do emprego

dos assim chamados critérios de verdade, Critério de verdade é como se

denomina o procedimento lógico ou metodológico que se utiliza para

avaliar o grau de veracidade (conteúdo de verdade) ou de verossimilitude

(semelhança com a verdade) contida em uma proposição.

Quando o critário de verdade se revela negativo, indica a falsidade da

proposição examinada com ele. Entretanto, é preciso reparar que cada

modalidade de verdade exige o emprego de um critério de verdade

compatível com sua natureza. Destarte, quando se pretende identificar

uma verdade factual, uma verdade lógica, uma verdade convencional ou

uma verdade narrativa, deve- se empregar o tipo de critério de verdade

mais adequado para aquele tipo de proposição.

O critério empregado     para identificar uma verdade      material (também

denominada     verdade   factual    ou   verdade   ontológica)   consiste   na

comprovação da existência objetiva da coisa ou do fato a que uma

proposição se refere. O método experimental é o recurso científico mais




                                                                            19
e ficaz para com provar ou negar um a verdade factual utilizando um a ou
m ais experimentações desenhadas segundo um m odelo confiável de
investigação.

O c ritério usado para identificar um verdade lóg ica consiste na verificação
da conform idade, adequação ou consistência de duas idéias ou de um a
idé ia e a realidade. O intelecto e a razão são os recursos usados em tal
processo. A dem onstração de um teorema é um bom exemplo da
c om provaçãode um a verdade lóg ica.

O c ritério para verificar a verdade convencional reside na constatação da
verdade (a c orrespondência da coisa com o conceito ou o ju ízo
c onvencionado); usa-se este c ritário para promover a verificação de um a
c onvenção ou de um axiom a, para verificar o nom e de um a pessoa ou o
s ignificado de um a palavra. .

A falsidade é o conceito oposto ao de verdade, coerência ou
correspondência com a realidade (factual, lógica ou axiomática).

Na falsidade ideal falta correspondência ou adequação entre duas idéias
que é a falsidade dos raciocínios ou das arquiteturas lógicas; e pode-se
identificar   uma    falsidade    material   ou   factual   quando   inexiste
correspondência entre um fato e uma idéia. As verdades e as falsidades
ideais e as verdades e falsidades factuais estruturam as ciências ideais e
as ciências factuais.
     As noções de verdade e falsidade (ou como se diz mais
     comumente, as noções de verdadeiro e falso) podem ser



                                                                          20
atribuídas tanto a conceitos, como a juízos, a raciocínios e a
    teorias. Por isso, as proposições construídas com estas figuras
    lógicas podem ser tidas como verdadeiras ou acreditadas como
    falsas.
    Conceitos, juízos, raciocínios e teorias construídos com
    enunciados verdadeiros, são considerados verdadeiros. Caso
    contrário, falsos. Basta um conceito falso na estrutura de um
    juízo para tornar falso qualquer juízo construído com ele. E
    basta uma proposição falsa em uma estrutura racional simples
    ou complexa para tornar falso um racicínio que o contenha. Se
    um conceito ou um juízo essencial na estrutura de uma teoria
    for verificado falso, isso compromete a veracidade daquele
    estrutura teórica.

Verificabilidade - qualidade de tudo o que é verificável por qualquer recurso
lóg ico ou experimental, ao m esmotem po,na possibilidade de se verificar a
veracidade ou falsidade de um a proposição na teoria (dem onstração) ou
na prática (comprovação). Portanto, pode- verificar aa verdadede um
                                        se
c onceito ju ízo, rac ioc ínio ou   teoria por m eio de       com provação
(procedimento prático) ou dem onstração (procedimento teórico), recursos
que devem se c om pletarna atividade epistemológica..

Demonstrabilidade - conceito usado para a verificação nas ciências formais,
que pode se referir à qualidade de tudo o que for demonstrável ou à
possibilidade de se demontrar logicamente um raciocínio mais ou menos
complexo ou uma teoria.

Comprobabilidade pode significar a qualidade de tudo o que for comprovável
ou o tipo de verificabilidade que se faz por meio correspondência de um




                                                                          21
enunciado (ou proposição)c om a realidade do fato a que e la se refere.

Falsificabilidade é o princípio proposto por Popper para obter o
conhecimento factual verdaeiro, ainda que relativo e provisío, pelo qual
pode-se ter como verdeira uma proposição enquanto ela não for
comprovada            como    falsa   (ou   enquanto   resistir   aos   esforços
metodologicamente corretos que forem feitos para comprovar sua
falsidade).

Conhecimento, Crença e Fé

De uma maneira bastante particular, mas relativamente comum, é
freqüente que se definam a crença e a fé da seguinte maneira:

   -    o conhecimento, ja se afirmou, consiste na apropiação pelo sujeito
        de propriedades de um objeto, o que se acompanha por alguma
        convicção de que aquilo se trata da uma verdade;

   -    crença como o fenômeno subjetivo pelo qual se considera uma
        proposição qualquer como verdadeira ou falsa qualquer que for seu
        conteúdo e qu mobilize convicção, independente dos motivos pelos
        quais isto se faça;

   -    e que se estabeleça a fé como uma crença que contrarie a
        experiência ou a razão, especialmente as de conteúdo místico ou
        religioso,.
       Nestes termos, é possível que uma informação científica
       comprovada, possa existir como uma crença na conscięncia de
       quem não a entenda ou não alcance sua fundamentação.



                                                                              22
De certa maneira, o conhecimentoé uma constataçãoiniciada em uma
impressão, uma percepção ou em uma elaboração inteligente (uma
evidência, ainda que mais ou menos casual) que leva a uma conclusão
inteligentepormeiodeumprocessocognitivoeficaz;tal processocognitivo
que inicia- no reconhecimentoda existência de seu objeto, evolui para
          se
conhecê- a partir da sua formaparaseu conteúdo,da aparênciaparaa
       lo,
essência,da formaparao conteúdoe findana convicção.

Emborao conhecimentopossase dar de maneiramais ou menoscasual,
semparticipaçãoóbvia e ativa da inteligência, esta sempreestá presente
no processode fixaçãointeligente,ao menosnas conexõeslógicasquese
estabelecementre o material adquirido e o conhecimentojá havido pela
pessoa. Enquanto a crença não é uma conclusão lógico-
                                                    cognitiva, nem
resulta do processamento lógico de informações sensíveis ou lógicas
sobreo objeto, é uma convicçãoassimiladaa partir de uma necessidade
afetiva; nela, quando existe algum procedimento racional, este se dá a
posteriori,apenasparajustificá- e nãoparaelaborá-a.
                              la                l

O conhecimentoé umaconstatação(comocomponentecognitivomais ou
menoscomplexo)iniciadaemou restritaa umaimpressãoelementar,uma
percepção singela ou um indício lógico que possibilite elaboração
inteligente(evidência,aindaquemaisou menostênueou casual)queleva
a umaconclusãointeligentepormeiode umprocessocognitivoeficaz;que
inicia- no reconhecimento da existência de seu objeto, evolui para
      se
conhecê- a partir da sua formaparaseu contéudo,da aparênciaparaa
       lo,
essência,da formaparao conteúdoe findana convicção.



                                                                   23
Os elementos motivacionais e os critérios de verdade permitem diferenciar

a crença do conhecimento. Aqui se pretende estabelecer os elementos

distintivos entre conhecimento e crença (fé) e se distingue convicção

(certeza como processo cognitivo independente da afetividade) de crença

(expressão     de    credulidade,    fenômeno    de      base    afetiva)   como     tipos

diferentes   de impressão       subjetiva   da realidade        e veracidade      de um

conhecimento        qualquer.   A    convicção      ou   certeza     é   um      processo

predominantemente        cognitivo   (ainda   que    se relacione        muito   com   as

instâncias   afetivas     da    personalidade;      resulta     da   constatação       de

consistência e compatibilidade com a realidade que pode ser presumida

como relativamente independente dos interesses ou desejos de quem a

experimenta.

    Parece importante que o iniciante aprenda a estabelecer alguns
    elementos distintivos entre o conhecimento, a crença e a fé,
    além de exercitar o procedimento de distinguir a convicção
    cognitivamente lastreada (certeza como processo cognitivo
    independente da afetividade) da convicção baseada na
    afetividade (que é uma expressão de credulidade, fenômeno de
    base predominantemente afetiva) como tipos diferentes de
    impressão subjetiva da realidade e veracidade de um
    conhecimento qualquer.

As diferentes expressões da certeza e da dúvida fazem- se presentes em

todas as manifestaões do conhecimento, da crença e da fé. O dogmatismo

e o fanatismo se manifestam como expressões de convicção sem qualquer

dúvida e que recusam qualquer manifestação dubitativa. A diferença reside

no fato de que a convicção do conhecimento pode ser demonstrada




                                                                                        24
log icamente ou c om provada observacional ou experimentalmente. O
oposto da c onvicçãonão é a convicçãooposta,m as a dúvida.

O apego à verdade e sua valorização pelos ind ivíduos e c ulturas m ostra- e
                                                                         s
c om o um valor fundamental para do conhecimento e da personalidade e
para defesa c ontra as c renças ou os re lacionamentos baseados ne las.
Não é possível existir interação hum ana saudável que não se baseie na
verdade, nem organização social ou estrutura ética que possa prescindir
dela.

Dúvida e convicção são c ategorias d ialéticas. A convicção se com pleta na
dúvida (atitude de falta de convicção, de perplexidade, de vacilação, de
irresolução) que é sua antítese lógica e psicológica.

A dúvida pode ser uma atitude (tendência ou fenômeno psicológico) ou um
método de cogitação filosófica (a dúvida sistemática cartesiana que
caracteriza a ciência moderna desde Descartes). A dúvida do ceticismo
metodológico é um recurso do pensamento científico que aconselha a
duvidar de tudo que não possa ser verificado na teoria (demonstração) ou
na prática (comprovação).

A certeza e a dúvida estão sempre presentes em variadas proporções em
todos os conhecimentos. A convicção se completa na dúvida (atitude de
falta de convicção, de perplexidade, de vacilação, de irresolução) que é
sua antítese lógica e psicológica.
    As certezas delirantes e as dúvidas obsessivas colocam-se como
    extremos de um espectro ainda muito mal investigado.



                                                                         25
A dúvida pode ser um a atitude (tendência ou fenômenopsicológico)ou um
m étodo ou s istema de c ogitação filosófica (om o por exemplo, a dúvida
s istemáticac artesiana que c aracteriza a c iência e a filosofia m odernas).

A c rença (inc lusive a fé e outras expressões de re lig iosidade) é um
fenômeno subjetivo que se fundamenta em um a base afetiva,
estruturando- e a partir processos afetivo-
            s                             psicológicos ou ideológicos, há
m uito tem po, reconhecida com o processo subjetivo arracional e
incomprovável. M as, nas quais o sujeito dá m uita im portância e que pode
exercer notável influência sobre sua conduta e seu julgamento;
c om portando- e com o um a paixão.
             s

A c rença pode ser definida com o a atitude do espírito que adere a um
enunciado ou a um fato sem poder adm inistrar-he prova com pleta, sem
                                             l
que a c onvicção provenha da experiência ou da razão. Por isto, a crença
                                                           1
pode corresponder a todos os g rau de probabilidade. Mas a convicção
que provoca independe de sua correspondência com a realidade ou de
qualquer outro critério de verdade.

O denominador comum que pode ser identificado em todas essas
convicções é O alcance das crenças também costuma ser extremamente
variado, tanto em qualidade, quanto em intensidade da convicção presente
nas crenças. Pode variar de uma opinião mais ou menos comum acerca
de uma coisa pouco importante, até sistemas muito complexos de crenças
e valores que alcançam praticamente todos os aspectos da vida individual
e do convívio coletivo.
1
    Ronner, M., Comunicação Pessoal, 1993.




                                                                                26
O alcancedas crençastambémcostumaser extremamentevariado,tanto
em qualidade,quantoem intensidadeda convicçãopresentenas crenças.
Pode variar de uma opinião mais ou menoscomumacercade uma coisa
poucoimportante,atésistemasmuitocomplexosde crençase valoresque
alcançampraticamentetodosos aspectosda vida individual e do convívio
coletivo.

As crençaspodemresultarde necessidadesconscientesou inconscientes,
individuaisou sócio-
                   culturais,quetomamformade convicçãoinjustificável,
experimental, lógica ou racionalmente em pessoas sugestionáveis ou
anacásticas.Umacrençapodesurgircomorevelaçãodosujeito.

A revelaçãoé umaformaparticularde crençaquese manifestacomouma
convicção ou um conjunto de convicções originadas em experiências
subjetivas místicas (ou, de qualquer maneira, ideológicas) tidas como
provenientesda comunicaçãocomuma entidadesobrenatural. Em geral,
as   revelações resultam da     soma da      crença, ignorância e
sugestionabilidade (patológica ou não) combinadas em diversas
proporções.

A credulidade, entendida como tendência das pessoas para crer em
alguma coisa por força de suas motivações afetivas ou ideológicas, é
encontrável em todos os grupos humanos e muitos a denominam de
religiosidade, quando se refere a temas sobrenaturais mais ou menos
sistematizadose codificados.Masesta designaçãoé imprópria. A religião
é uma instituição social, uma organização de crentes, uma comunidade




                                                                  27
(eclesia) de fiéis. O fenômeno individual é a credulidade.

      No entanto, deve-se ter presente que as crenças religiosas não
      são sempre sobrenaturais. Existem crenças de natureza
      religiosa, mas cujo conteúdo se situa no campo de política, da
      prática esportiva e em outras situações semelhantes. As crenças
      são, em última análise, a concretização da credulidade
      (predisposição para ter fé independente de comprovação) com
      componentes ideológicos e psicológicos. Estes, mais afetivos que
      cognitivos.
      Adiante haverá oportunidade de diferenciar a crença como
      atributo da conscięncia individual (patológica ou não
      patológica) e a crença como aspecto da conscięncia social ou
      ideológica, a serviço de pessoas, das religiões, instituições
      sociais que se manifestam, em organizações mais ou menos
      complexas, a serviço do Estado ou das classes sociais
      hegemônicas.

Além da influência de fatores psicológicos e psicopatológicos, a existência,

a intensidade e o alcance das crenças depende de fatores econômicos,

culturais,   políticos   e   ideológicos       ou    ideologicamente     determinados.

Quando se promove o exame mental dos crentes, pode- se verificar que

nas   suas    crenças    podem     ser     identificadas     dimensões    psicológicas

(individuais, como as religiosas) e sociais, como as lastreadas na cultura e

culturalmente      compartilhadas)         e        ideológicas   (antropológicas    e

sociológicas).

      Pode-se dizer que a crença é a ideologia (com o sentido de
      falsa conscięncia determinada por influęncias objetivas de
      natureza social), o desejo, o temor (sendo que estes dois
      fenômenos, muitas vezes, são expressões aparentemente opostas



                                                                                    28
de uma mesma coisa) ou qualquer outra expressão de
    necessidade cultural ou afetiva, transformado em convicção.
    Convicção esta que pode assumir qualquer grau de certeza,
    independente de ser ideológica, afetiva ou interessada. Não
    sendo raro que se mostre muito arraigada e capaz de exercer
    influęncia diretora sobre uma área muito grande do
    comportamento.

As crençasimpõemumaatitudepositivaemrelaçãoà validez(ou validade,
no sentido de correspondência com a realidade) daquilo em que se crê,
por isto, todos têm convicção em suas crenças, ainda que elas não
correspondam à realidade e, mesmo, possam parecer completamente
incríveis (ou, mesmo,bastanteridículas) para todosos outros.Emboraas
fé ou as crenças religiosas ou sobrenaturais sejam sempre suas
expressões, nem todas as crenças têm este matiz religioso ou
sobrenatural.

Comofenômenopsicológico,a crençaé umamodalidadede concretização
da credulidade (ou predisposição humana para ter fé). A credulidade
humanasofrea influênciade fatoresinternose externos;organísmicosou
ambientais;psicopatológicosou psicossociais.Muitosos fatores,dentreos
quais se detacao medo(a ansiedadepatológicae a fobia), que confluem
paraaumentare insegurançaou diminuira esperançaou a autoestimados
sereshumanoscostumamincrementara suacredulidade,conduzindo- s a
                                                          o
condutasimpressionatementeinsensatas.

As crençasnão verificadasou inverifcáveis,inclusivea fé, são fenômenos
fundamentalmente psicológicos e de base afetiva ou ideológica.



                                                                   29
Dependem das características da personalidade de quem as experimenta

(inclusive de seus traços fóbicos ou anancásticos), de suas circunstâncias

e de suas possibilidades culturais e mentais. Sofre mais influência das

necessidades afetivas do que da cognição.

A religião se caracteriza por ser mais que expressão instituída de uma

crença.   A   religião   é   uma   instituição       social   com       grande   poder    de

mobilização    de seus       adeptos,    é uma       organização        de crentes,      uma

comunidade (eclesia) de fiéis que se reunem para cultuar ou celebrar sua

fé e cumprir os rituais de sua crença, mas que se organizam social e

politicamente em torno deste centro.

Existem   crenças    que     não   são       religiosas,    que   são    provenientes     da

confiança em quem seja considerado uma autoridade ou outras, como as

políticas e, até, as científicas. Porque é possível e comum que alguém

experimente opiniões científicas como uma fé, como se fossem crenças.

Para se reconhecer isto, leva- se em conta a dúvida, pois se sabe que a

dúvida    é   incompatível      com      a    crença       enquanto      é   essencial    ao

conhecimento     científico.   O conhecimento,             sobretudo     o conhecimento

científico, ao menos em princípio, não tem implicações afetivas ou, em

qualquer caso, não as deve ter dominantes. Por que isto configura uma

paixão.

O caráter institucional e ideológico das religiões lhes confere significado

particular no estudo da Psicologia Social. A comunidade de uma crença ou

de um sistema de crenças constitui unicamente o substrato de interação




                                                                                          30
dos aderentesa uma religião. O fenômenoindividual é a credulidade. A
confiançaque a pessoadeposita em coisas que podemser inteiramente
inverossímeis,masnasquaisele depositaconfiançaincondicional.

Ressalte- que a crença não é uma conclusão lógico-
        se                                       cognitiva, nem
resulta do processamento lógico de informações sensíveis ou lógicas
sobre o objeto. A crença é um processo basicamente afetivo que se
expressa como convicçãogerada, desenvolvida e assimilada a partir de
uma necessidade afetiva. Nela, quando existe algum procedimento
racional,estese dá a posteriori,apenasparajustificá- ou parareforçá-a,
                                                   la              l
e nãoparaelaborá-a ou comprová-
                l             la.

As pessoas tendem a confiar mais ou menos poderosamente em suas
crenças,pois elas geramuma atitudepositiva em relaçãoao seu crédito:
portanto, tendem a aceitar a validez (ou validade, no sentido de
correspondênciacoma realidade)daquiloemqueacredita,pois,todostêm
convicçãoem suas crenças, ainda que não correspondamà realidadee,
mesmo, possamparecer completamenteincríveis (ou, mesmo, bastante
ridículas) para todos os outros. Maneira eficaz de se distinguir os
conhecimentos das crenças, se dá quando de sua contestação ou,
mesmo, a prova de sua invalidade. Sempre que um conhecimento se
prova falso, ele é substituído sem qualquer emoção, frustração ou
sofrimento;ninguémlastimaa substituiçãode umconhecimento,aindaque
possa sofrer com sua repercussão prejudicial. Ao contrário do que
acontece com as crenças, quando se mobilizam reações emocionais
proporcionaisàs necessidadesafetivasinvestidasnelas.



                                                                   31
Quanto maior a necessidade             subjetiva de uma crença, maior é seu

arraigamento. A comprovação da falsidade de crenças muito arraigadas

pode   ocasionar      reações      desesperadas        de   grande   violência,     com

manifestações      superlativas    de ansiedade        e luto, podendo    determinar

comportamentos auto ou hetero- agressivos. A impressão de verdade é um

valor fundamental para o conhecimento, para a personalidade e pela a

sociedade. Não é possível existir interação humana saudável que não se

baseie na verdade, nem organização social ou estrutura ética que possa

prescindir dela.

Deve- se insistir que     não     obstante     a fé e as crenças       religiosas    ou

sobrenaturais sejam sempre suas expressões, nem todas as crenças têm

este matiz religioso ou sobrenatural. Analogamente, as pessoas tendem a

ficar muito mobilizados afetivamente por suas crenças. E, por isso, elas

exercem   sempre      alguma      influência   sobre   sua conduta.    Em geral, a

necessidade em jogo naquela situação costuma ser proporcional à sua

sugestionabilidade e influenciabilidade, sua imaturidade.

Existem crenças de motivação baseada em necessidades objetivas e

subjetivas.

    É fácil entender que uma pessoa acredite com mais facilidade
    em algo que atenda a um interesse seu, do que o contrário.

Dentre as crenças de motivação subjetiva, destacam- se as ideologias

(conceitos, juízos ou sistemas racionais que se apropriam da consciência e

que corresponde m aos interesses da pessoa) e as originadas em pulsões




                                                                                     32
inconscientes.

As crenças são fenômenos individuais ou psicossociais de gênese
predominantementeafetiva,apenasdirigidasou moduladaspela cognição;
enquanto o conhecimento é uma manifestação predominantemente
cognitiva, apenasmoduladaou dirigida pela afetividade(quer se trate de
emoções,sentimentos,estadosdeãnimo,afetosou paixões).

Paixão é uma emoçãoou sentimento vivenciada pelas pessoas com tal
arraigamento na personalidade que exerce uma ação diretora sobre o
pensamento, o julgamento, o comportamento, influindo mais ou menos
decisivamente na percepção, no juízo, nos raciocínio e na ação. As
paixões pode ser induzidas por necessidades subjetivas ou por
necessidadesmateriais.

As paixões, mesmoas paixões da ciência ou na ciência, costumamser
importantesfatoresde distorçãodoconhecimentona atividadecientífica.
    Deve-se atentar para as paixões como propulsoras das condutas
    pró-sociais e anti-sociais, mesmo no âmbito da cięncia. Mas não
    se pode esquecer a influęncia dos interesses objetivos e
    subjetivas. As pessoas podem se apaixonar por um time de
    futebol ou um partido político; mas é mais fácil encontrá-las
    apaixonadas por dinheiro, por poder, sexo, por autoridade, por
    fama, por prestígio e influęncia.
    A dificuldade de identificar as paixões da cięncia é tão maior
    quando acontece de tudo isto estar misturado, tal como se pode
    assistir recentemente na polęmica sobre a prioridade na
    descoberta e identificação do vírus da imunodeficięncia humana
    adquirida, quando interesses financeiros vultosos se somavam à



                                                                      33
uma grande carga de vaidade individual e nacional de cientistas
         franceses e norte-americanos, além dos interesses dos indivíduos
         e o poder das empresas envolvidos e interessados diretamente
         no resultado da querela.
         Apesar de haver poucos inocentes no mundo da cięncia, pode-se
         diferenciar os apaixonados empregando-se o mesmo critério
         usado para diferenciar a simulação da histeria; pode-se
         empregar a natureza da vantagem perseguida como critério
         diferencial para diferenciar a paixão da má-intenção. Quando a
         vantagem for material, considera-se que a paixão é secundária.
         No caso do ganho obtido redundar em vantagem psicológica ou
         ideológica, pode-se considerar a paixão como primária.

Um        outro elemento             psicológico         que pode           distorcer       a veracidade          do

conhecimento são as atitudes e os hábitos intelectuais.

Dentre          os    fenômenos           psicopatológicos                capazes      de     comprometer          a

qualidade do conhecimento, podem ser reconhecidos os seguintes: as

timopatias (depressiva ou eufórica, pelo comprometimento do juízo crítico),

os       delírios      (pela     distorção        característica           do    reconhecimento              ou   da

interpretação da realidade), as fobias (pela influência que exercem no

julgamento) e a obsessividade (pela influência dos pensamentos intrusivos

no comportamento da pessoa afetada).

Além da influência de fatores psicológicos e psicopatológicos, a existência,

a intensidade              e o alcance            das crenças             pode sofrer a influência                de

fenômenos e processos ideológicos ou ideologicamente determinados.

                                                                      2
Pode- se dizer que a crença é a ideologia,                                o desejo, o temor (sendo que

2
    Ideologia com o sentido de falsa consciência determinada por influências objetivas de natureza social.




                                                                                                                  34
estes dois fenômenos, muitas vezes, são expressões aparentemente
opostas de uma mesma coisa) ou qualquer outra expressão de
necessidade cultural ou afetiva, transformado em convicção; convicção
esta que podeassumirqualquergrau de certeza. Não sendoraro que se
mostremuito arraigadae capaz de exercerinfluência diretorasobreuma
área muito grande do comportamento. O denominador comumde todas
estas convicçõesé não teremsido verificadasou comprovadaspor seus
crentes.

O alcancedas crençastambémcostumaser extremamentevariado.Pode
variar de umaopiniãomais ou menoscomumacercade umacoisapouco
importante, até sistemas muito complexos de crenças e valores que
alcançampraticamentetodosos aspectosda vida individual e do convívio
coletivo.

As crenças resultam de necessidades conscientes ou inconscientes,
individuaisou sócio-
                   culturais, que tomamformade convicçãoinjustificável
lógica e racionalmente. Uma crença pode surgir como revelação. As
crenças têm dimensões psicológicas (individual e social) e ideológicas
(antropológicase sociológicas)e seu estudodeve se dar em todosestes
domínios.

Crença e Revelação

A revelaçãoé umaformaparticularde crençaquese manifestacomouma
convicção ou um conjunto de convicções originadas em experiências
subjetivas místicas (ou, de qualquer maneira, ideológicas) tidas como



                                                                   35
provenientes     da   comunicação    com    uma     entidade   sobrenatural    que

escolheu aquele sujeito como agente de uma missão.

Em geral, as revelações são resultado de uma crença, ignorância e

sugestionabilidade (patológica ou não) combinadas nas mais diversas

proporções.

    Mas não se pode esquecer a mistificação (a mentira deliberada)
    ainda que praticada com as melhores intenções. Em geral, o
    conceito de revelação é empregado pelos religiosos como
    verdade revelada (que foge às exigęncias de comprovação,
    dependendo apenas da fé. Não se trata de conhecimento, mas
    de crença.

Revelação é uma experiência consciente da recepção de uma mensage m,

tida subjetivamente por verdadeira porque teria sido transmitida por uma

divindade   ou   entidade   sobrenatural    superior,    diretamente    à pessoa,

utilizando algum meio sobrenatural para lhe comunicar alguma coisa.

A revelação pode ser percebida apenas como uma convicção subjetiva

supra- sensorial ou pode ser originada em pseudo- percepções tácteis,

auditivas, visuais ou outras. Pode         ser um fenômeno        de credulidade

patológica (obsessividade, delírio) ou não patológica. Neste segundo caso,

pode ser expressão de sugestionabilidade induzida por meio de uma

crença ou de uma ideologia.

Os conteúdos revelados não podem ser considerados científicos, sendo

componentes      muito   comuns     das   crenças   (e   dos   delírios),   embora,

eventualmente, possam corresponder à realidade mas sejam impossíveis




                                                                                 36
de c om provação. M as, em qualquer condição, um conhecimento assim
revelado é incompatível c om o conhecimento adquirido por m eios
c ientíficos.
                      3
Cunha, J.A. é um dos autores que empregam a ênfase na revelação como
divisor de águas das religiões e divide as crenças religiosas em reveladas
e encantadas. Nas primeiras, sua codificação é sempre atribuída a um ou
mais profetas que assumem o status de seus fundadores. As segundas, as
crenças religiosas encantadas são atribuídas a um trabalho de
desvendamento, uma espécie de descoberta coletiva intuitiva do mundo e,
embora possam ter iniciadores, caracterizam-se por ser uma construção
sócio-cultural.

Crença e Ciência

Diferentemente dos outros tipos de crença mencionados acima, o
conhecimento científico baseia uma modalidade de crença denominada
crenca verificada. Isto é, a crença decorrente da demonstração teórica
(como as que provém dos métodos lógico e matemático) e a produzida
pela comprovação (verificação prática ou factual produto do método
científico.

As crenças demonstradas, sejam factuais ou ideais iniciam a diferenciação
entre a ciência e a filosofia. Para Ferrater-Mora, muito resumidamente, a
ciência é essencialmente um modo particular de conhecimento que procura
formular, mediante linguagens rigorosas e apropriadas — tanto quanto possível,
com o auxílio da linguagem matemática — as leis por meio das quais se regem os

3
    Cunha, J.A., Filosofia, Ed. Atual, S.Paulo, 1992, p. 84.




                                                                            37
fenómenos.




             38

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Curso de Epistemologia/6 2

  • 1. Fundamentos Epistêmicos da Medicina 2.2. Conhecimento e Verdade "O destino habitual das novas verdades é começar como heresias e acabar como superstições" (T. H. Huxley.) Pretende-se considerar aqui apenas dois pontos de vista doutrinários presentes da Gnosiologia atual: 1) o dos realistas e dos materialistas (que sustentam que o conhecimento é uma marcha progressiva em busca da verdade contida nas teorias, nas coisas e nos constrtutos); e 2) o dos idealistas e fenomenistas que pretendem ser impossível conhecer os objetos mesmos, porque o conhecimento se limitaria a uma imagem mais ou menos distorcida de sua aparência, enganadora por definição). Os positivistas lógicos e outros fenomenologistas imaginam a verdade apenas como atributo da linguagem, por isto reduzem-na a um fenômeno lógico, verbal. Os fenomenistas intuicionistas pretendem a verdade como fruto exclusivo da intuição (conhecimento independente da razão ou da experiência). Os materialistas e realistas tem-na como qualidade fática, um fenômeno da realidade por extressar a correspondência entre o pensamento e a experiência com fato a que ele corresponde. 1
  • 2. Desde um ponto de vista materialista, pretende-se que a verdade (do latim, veritas) se refira ao conhecimento que pode ser tido como verdadeiro, posto que se reconhece pela concordância, adequação, correspondência ou identidade com aquilo a que se refere. Esta questão central consiste em saber se é possível haver um conhecimento verdadeiro e, sendo possível, se haverá viabilidade em reconhecer esta verdade como tal (isto é, de demonstrar, comprovar ou verificar esta verdade). Ainda que isto se faça de forma permanenteente incompleta e provisória, mas mesmo que completa e definitiva este fato á de ser sempre estabelecido probabilisticamente. Aqui se define verdade como reflexo mais ou menos fiel da realidade no pensamento (através da razão ou da percepção) e como fidelidade de sua expressão naquilo que pretende afirmar.A possibilidade de se conhecer a verdade (nas proposições, na natureza, na sociedade ou nos seres humanos) ou a possibilidade de se estabelecer um certo teor ou probabilidade de verdade em um conhecimento ou informação é talvez o mais candente dos problemas de ciência e da construção do conhecimento científico. O teor máximo de verdade que possa ser reconhecido em uma proposição denomina-se veracidade. Verossimilhança (ou verosimilitude) é o termo que expressa a semelhança de uma proposição com a verdade ou com a identidade de dois conceitos ou duas proposições, teor de verdade que pode ser expresso em percentuais. 2
  • 3. A veracidade de um conhecimento é expressa pelo se grau de verdade que contém (ou que existe na proposição que o expressa). Se bem que todo conhecimento, por definição, envolva algum grau de convicção de que aquele dado da consciência corresponde à verdade (o contrário de falsidade). Contudo, não se pode confundir o conhecimento com a convicção de realidade. O que será mais detalhado logo adiante neste trabalho (quando se diferenciar veracidade de verossimilitude). Desde que se estuda a forma e o conteúdo do conhecimento foram se diferenciando o conhecimento vulgar (mais ou menos espontãneo, ametódico, acrítico e assistemático); do conhecimento filosófico (verosímil, intencional, metódico e sistemático, referentes à generalidade dos objetos e fenômenos); e do conhecimento científicofactual (idêntico ao filosófico, mas referente a classe partculares de objetos e fenômenos da raelidade natural, social ou humana) sugiu a necessidade de caraterizar casa uma detas modalidades de conhecimento e as relações entre elas. Desde Leibnitz, em filosofia da ciência diferencia a veracidade lógica ou verdade da razão (referente a idéias, proposições e formulações teóricas, característica das filosofia e das ciência ideiais), da veracidade fática referente às verdades casuais, verdades de fato (que se referem à correspondência dos fatos com o que se conhece sobre eles). Posição mental que integra o racionalismo com o sensualismo. Do ponto de vista epistemológico, no conhecimento científico deve-se diferenciar dois pares categorias complementares da Epistemologia: o que já se conhece e o que resta para conhecer 3
  • 4. sobre algo; e o conhecimento completo e exaustivo que se possa elaborar sobre algo em confrontação com conhecimentos parciais e segmentares que se possa construir. O primeiro ponto de vista corresponde ao da maioria dos autores, enquanto o segundo, tem a marca do dogmatismo. Entretanto, por definição, o procedimento de conhecer implica sempre, para o sujeito do conhecimento,em algumaconvicçãode que aquilo que se conhece é verdadeiro, que corresponde à verdade. A convicção na veracidadeé um componendispensável da noção de conhecimento. E o teor da possibilidade de um enunciado ser verdadeiro se expressa em termosde probabilidade. Esta questão parece crucial para a atividade científica. Afinal, a cięncia sempre pretendeu produzir conhecimento verdadeiro. Se não completa e perenemente verdadeiro, ao menos, o mais verdadeiro possível em cada momento de sua evolução. Do pontode vista da verdade,os enunciadose as proposições(inclusive os enunciados e as proposições científicas podem ser classificados em verdadeirose falsos.Estes,podemser atribuídosao enganoou à mentira. Conhecimento e Convicção Todoconhecimentoinclui a participaçãodo eu de quemconhece,ou seja, a convicçãode veracidadenaquiloqueé tidocomoconhecidopelosujeito. Isto é, a crença em sua veracidade. Ainda que esta crença não seja característica essencial sua, porque as pessoas podemcultivas crenças em proposições impossíveis, absurdas. Os não digmáticos têm oconhecimento como uma modalidade particular de crença (a crença 4
  • 5. justificada através do recursos de comprobabilidade, lógico- ou fáticos, possíveis no momento). A aquisição do conhecimento pelo sujeito cognoscente consiste no processo funcional de apreensão e elaboração ativas de informações sobre um objeto qualquer a ser conhecido, sob a forma de uma imagem perceptiva, apreensão, noção, conceito ou um componente qualquer da consciência que pode ser processado logicamente e assimilado pelo sujeito como uma imagem da memória (representação), possível de ser evocada e reconhecida como verdadeira. Por isto, todo conhecimento está sempre associado à consciência pelo agente de algum grau de convicção de verdade sobre si, porque quem conhece deve capaz de reconhecer como verdadeiro o seu conhecimento. A menos que se engane ou falseie deliberafamente a verdade. E é também por isto que a atividade científica elabora e constantemente aperfeiçoa procedimentos para se assegurar da veravidade (ou, ao menos verosimilitude, de seus achados teóricos e práticos. Aqui se presume que todo conhecimento factual científico por definição implica em alguma certeza de correspondência com a realidade. De fato, mesmo o conhecimento comum implica em algum grau de convicção de que o conhecido é verdadeiro. Contudo, o conhecimento científico deve ao mnos resistir a algum esforço metodologicamente aprovável de qu é verdadeiro ou, ao menos, que não é falso. Convém diferenciar conhecimento e crença, pois, desde sua origem, a noção de conhecimento 5
  • 6. se opõe à de crença, embora ambas apresentem algum grau de convicção.Podehaverconvicçãomuitoarraigada,umacrençamuitofirme, quenãopossaserdenominadade conhecimento. Entretanto, nem toda convicção, mesmo intensa, arraigada e profundamentedotadade participaçãodo eu, provémda correspondência coma verdade,muitaconvicçãose originana credulidade,capacidadede acreditarindependentede comprovaçãoou demonstração.A convicçãoda realidade de uma informação costuma estar assentada em u ou dois pilares interagentes : sua correspondência com a realidade (dimensão objetiva)e da tendênciadosujeitoa acreditarnela(dimensãosubjetiva). Desde Aristóteles, se conheceo seguinte caminho da busca da verdade dos objetos desconhecimento: ignorância, dúvida, opinião ou impressão (doxa)e a certeza(episteme).Cadaumdessesmomentosapontaparaum grauprogressivamentemaiordeconvicçãoverificável O conhecimento é um estrutura de informações e de habilidades que coexistemcom a noção de ser coerente internamentee consistente em suarelaçãocoma realidadee é estapossibilidadede utilizarumcritériode verdadeque diferencia as simples crençasdas convicçõesprovindas do conhecimento. O conhecimento se diferencia das crenças e do pensamento mágico-mítico-religioso que não podem ser chamados de dados do conhecimento, ainda que componham o patrimônio de certezas de muitas pessoas e sejam potencialmente capazes de exercer influęncia na propulsão, direção e modulação de seus 6
  • 7. comportamentos (inclusive as atitudes cognitivas, afetivas e referentes à conduta interpessoal). Pois, sabe-se que as crenças exercem papel motivador muito importante nos comportamentos e que correspondem a necessidades psicológicas ou ideológicas sempre mais ou menos valiosas para quem as experimenta e cultiva. As crenças (ou dogmas) são conteúdos de natureza afetiva e não cognitiva, embora se expressem como conceitos, juízos e raciocínios como o conhecimento. E porque são fenômenos afetivos, se consolidam, se ampliam e se enraízam em função destes motivos e não pelo convencimento provindo da razão. Também costuma discutir se o conhecimento se limita a existir como atividade da conscięncia, uma representação mental de seu sujeito que incluiu uma imagem do objeto, ou se o processo de conhecer se dá pela incorporação e assimilação pelo sujeito das características do objeto. E, neste segundo caso, o fato de conhecer, determina uma transformação em quem conhece. Conhecimento, Verdade e Falsidade A definição mais sintética de verdade, designa- a como conhecimento da realidade ou adequação à realidade; da realidade factual, da realidade lógica ou da realidade de uma convenção. A convicção de veracidade contida em uma proposição ou em sistema de proposições é, por definição, uma característica do conhecimento. Todas as formas de conhecimento compartilham esta condição, Por isto, podem ser consideradas crenças. No conhecimento comum, estas crenças não são verificadas, diferentemente do conhecimento filosófico e, especialmente. Do conhecimento científico, os quais contêm recursos 7
  • 8. metodológicosqie realizama aferiçãodoseugraudeveracidade. O objetivomaisimportantedestarelaçãocognitivacomalgumacertezade verdadepareceser assegurarque aquilo que se conhececorrespondeà verdadeobjetiva,a verdadelógicaou à verdadeconvencionada,conforme for o caso. Pode ser consideradocomo verdadeiro. Com isso, o sujeito cognoscentepode usar o que conheceem seu processopermanentede se adaptar ao mundo, de se defender dos riscos, de aumentar seu conforto,sua segurançae se assegurarmaiorprobabilidadede sobreviver como maiorbem- estarquelhe for possível. Ao menos do ponto de vista do conhecimento científico, importa que este grau de veracidade esteja devidamente confirmada por meio de alguma forma de verificação confiável. O conhecimentocientíficoé uma formaespecíficade crençacaraterizada pelapossibilidadede verificaro teorde verdadequecontém.Pois, crenças são todos os conteúdospsíquicosaos quais o agenteatribui veracidade. Quando este teor de verdade pode ser verificado, seja logicamente na demonstraçãoou factualmentena comprovação,é quese devedenominar conhecimento científico. Comose vê, por estadefiniçãoque se usa aqui, o conhecimentodevecorresponderà verdade,pois o conhecimentoé uma espécie de reflexo ou representação da realidade, acompanhado de algumaconvicçãode que se trata da verdade.Ainda que se saiba que a noçãodeverdadepodesermodificadacomo tempoe a experência Analogamente, define- se verdade como reflexo fiel e autêntico da realidadeno pensamentoe comofidelidadede sua expressãonaquilo que 8
  • 9. pretende afirmar. Este dois elementos conceituais da verdade são a validade (o quanto uma proposição reflete o aspecto da realidade a que se refere) e a fidedignidade o quão fielmente os termos de uma proposição transmitem aquilo que enunciam. Outra ponderação a ser feita é que as ciências durante séculos estiveram abrigadas no interior da Filosofia. Por muito tempo, até o Renascimento, as ciências na natureza foram englobadas pela Filosofia Natural ou Filosofia da Natureza. Foi deste ramo da Filosofia que se originaram todas as ciências naturais na modernidade. A questão da verdade contida nos conceitos,nos ju ízos e nas proposições está s ituada no vértice tip ificador de toda d iscussão a respeito do c onhecimento. Princ ipalm ente, porque, por definição, todo conhecimento se com pleta em a lgum a convicção de sua veracidade Tanto com o fenômenoind ividual, quanto com o processoc ultural. Pode- se d izer que a verdade (do latim , veritas), reporta- e ao s c onhecimento verdadeiro. Nestes term os, segundo Aristóteles e os c lássicos e os escolásticos,é aquele que se reconhecepela concordância, adequação, correspondência ou identidade com aquilo a que se refere: a identidade ou correspondência do conhecimento com o objeto estudado; um fato real ou com um argumento racional. Para e les, existe verdade quando há correspondência entre o pensamento, expresso por um c onceito ou por um a proposição, e a realidade factual ou lóg ica a que e le se refira. 9
  • 10. Assim,seguindo- e esta tendência,pode- definir verdade como reflexo o s se mais fiel e autêntico da realidade no pensamento que for possível obter e, também, como a possível fidelidade de sua expressão com aquilo que pretende afirmar ou negar em uma proposição. Levando em conta as suas formas intermediárias, expressas em probabilidade. Contudo, este critério de verdade como corresondência com a realidade só se presta para aferir as proposições das ciências factuais. Não tem eficácia nas ciências formais (ou ideais) nem nas situações em que o fenômeno estudado é convencionado, como sucede com as denomiações que se atribuem às coisas ou os nomes das pessoas. Não obstante, pode-se afirmar genericamente que a verdade reflete a concordância entre dois extremos conceituais: dois fatos (ou dados reais, dois entes existentes), dois dados intelectuais (duas idéias) ou uma idéia e um fato da realidade. A verdade se expressa por conceitos ou proposições verdadeiras que se referem a estes tipos de relações possíveis entre os objetos estudados. A questão da verdade está intim amentelig ada à cognoscibilidade porque o essencial no c onhecimento é que e le se reflita a objetos e fenômenos verdaderos. Se não houvesse cgnoscibilidade ão haveria c iência. Aqui, a questão central da Gnosiologia consiste em saber se é possível haver um c onhecimento verdadeiro e , sendo possível, se haverá viabilidade em reconhecer esta verdade com o tal (isto é , de dem onstrar, com provar ou verificar esta verdade). Por isto, todo conteúdo m ental que m ereça ser c hamadode conhecimentopresumea convicçãode verdade. 10
  • 11. Veracidade do conhecimento. Aqui se coloca a questão do que é a verdade,especialmenteda verdadecientífica. Se ela existee comopode ser reconhecidae quais seriamseuslimites.Pois, estassão as perguntas maisimportantesnestamatéria. O oposto da verdade não é a mentira, é a falsidade. A falsidade pode provir de engano ou de mentira. Mentira é a falsidade deliberada. Uma proposiçãonão verdeiraé umaproposiçãofalsa. Falsidadee verdadesão manifestaçõeslógicasopostas. A verdade e a falsidade são possibilidades existentes ao final dos procedimentos de verificação ou comprovação das proposições (ou enunciados). Pode- afirmar genericamente que a verdade reflete a se concordânciaentredois extremosconceituais: dois fatos (ou dadosreais, dois entesexistentes),dois dadosintelectuais(duasidéias)ou umaidéia e umfatoda realidade. A verdadese expressapor conceitosou proposiçõesverdadeirasque se referema estestiposde relações. Nas ciência formais, as verdades são do tipo lógico e se referem a proposiçõesque expressamidéiase delas retiramconclusõeslógicasque podemserverificadasracionalmente. Todoenteé verdadeirocomotal, mesmoquese tratede umafantasia;sua existênciaé comprovantede sua veracidade.O mito de Papai Noel, torna o Papai Noel, verdadeiro como personagemmítico e não como um ser humano real. O personagem(de literatura, cinema teatro) é verdadeiro 11
  • 12. como personage m, ainda que não o seja como pessoa (ainda que esteja sendo representado por uma ator que é uma pessoa verdadeira e represente alguém que exista de realmente). Considera- se aqui os seguintes tipos de verdade: a verdade objetiva ou ontológica, a verdade lógica, a verdade convencional. A verdade material, verdade factual ou verdade ontológica consiste na comprovação da existência objetiva de uma coisa. A verdade lógica consiste na conformidade, adequação ou consistência de duas idéias ou de uma idéia e a realidade. A verdade convencional se expressa em uma proposição que obedece a regras convencionadas. A falsidade é o conceito oposto ao de verdade, coerência ou correspondência com a realidade. Existe uma falsidade ideal (quando falta correspondęncia ou adequação entre duas idéias que é a falsidade dos raciocínios ou das arquiteturas lógicas) e uma falsidade material ou factual (quando inexiste correspondęncia entre um fato e uma idéia, como acontece nas cięncias factuais, como se de ver adiante). As noções verdade e falsidade e, mais comumente, verdadeiro e falso são atribuídos a conceitos, a juízos e a raciocínios. As proposições construídas com estas figuras lógicas podem ser tidas como verdadeiras acreditadas como falsas. Falsicabilidade é o princípio proposto por Popper para o 12
  • 13. conhecimento factual, pelo qual deve-se ter uma proposição como verdadeira enquanto ela não for comprovada como falsa. Isto é, enquanto resistir aos esforços metodologicamente corretos para comprovar sua falsidade. Este é núcleo essencial do conceito popperiano de verdade. Ao contrário do que se pensa, quando se trabalha com os conceitos do conhecimentovulgar, o opostode verdadenãoé mentira,é a falsidade.E a falsidadepodese radicarno desconhimento,no enganoou na mentiraA mentiraé umaformda fasidade. Conhecimento: Impressão e Certeza da Verdade Anteriormente, neste trabalho, já se definiu o conhecimento como a apropriação mental pelo sujeito de propriedades do objeto do conhecimento (objetos, fenômenos e relações deles entre sí e com o mundo); tal apropriação se faz através da apreensão de características descritivas ou explicativas do que está sendo conhecido; e implica, sempre, em um certo grau de certeza de que aquele conhecimentoseja verdadeiro. A impressão ou mesmo certeza de veracidade é característica fundamental do conhecimento. Ainda que não possa (nem deva) ser tomadocomoindicadorde veracidade.Tambémjá se apontouparao fato de que a ceetezade verdadepodeter origemobjetivaou subjetiva.E que essa última depende do raciocínio ou dos interessos afetivos ou ideológicosda pessoacognoscente. Por definição, não há conhecimento sem que haja alguma convição de 13
  • 14. veracidade ou inveracidade no conteúdo pensado como conhecido. Além do conhecimento, tudo o que é pensado ou sentido como crença, inclui essa convicção de verdade ou algum grau de dúvida. Mesmo que não o seja verdadeiro, pode ser sentido como se fosse. Pois, nem toda convicção de veracidade corresponde à existência de veracidade, sequer de verossimilitude. Alguém pode ter certeza (uma impressão muito forte, uma convicção bastante arraigada) de que uma proposição é verdadeira e ela ser falsa; não ser uma verdade, mas uma falsidade, como acontece nas crenças da fé. A definição mais sintética de verdade, designa- a como conhecimento da realidade; da realidade lógica ou da realidade factual. Anteriormente, neste trabalho, já se definiu o conhecimento como a apropriação mental pelo sujeito de propriedades do objeto do conhecimento (objetos, fenômenos e relações deles entre si e com o mundo); tal apropriação se faz através da apreensão de características descritivas ou explicativas do que está sendo conhecido; e implica, sempre, em um certo grau de certeza de que aquele conhecimento é verdadeiro. A impressão de veracidade é uma característica fundamental do conhecimento. Tudo isso considerado, pode- se afirmar que a convicção de veracidade está sempre presente em todo conhecimento, se bem que em diferentes graus. A crença, a impressão (ou a convicção) de verdade de uma coisa quase nunca é evidenciada por ela mesma, mas por suas relações. Este grau de convicção da veracidade do conhecimento se caracteriza por se saber que se sabe e saber o que se sabe, 14
  • 15. permite reconhecer e ocasiona a possibilidade de comunicar que são características essenciais de todo conhecimento, porque não se conhece verdadeiramente, qualquer que for o tipo ou o grau deste conhecimento, se não se for capaz de reconhecer a coisa conhecida como tal ou de comunicar sobre ela. Já se viu que, com o sentido de conhecimento-resultado, também significa o acervo de informações proporcionadas por estes processos. No conhecimento vulgar, a convicção de verdade existente em um conhecimento qualquersobrealgumacoisa resulta apenasda impressão subjetiva de sua veracidade na consciência do agente do processo de conhecer; neste caso, quando se busca alguma comprovação para reforçar a convicção, esta não deve passar de uma comparação de aparências. No entanto, este procedimento mental é muito influenciado pelos interesses objetivos e subjetivos; neste caso, quando se busca alguma comprovaçãopara reforçar a convicção, esta não deve passar de uma comparaçãode aparências.Enquantono conhecimentocientífico,a noção de veracidadede umaproposiçãoé dadopor um programasistemáticode investigaçãoque fornecea necessária consonância de seus conceitos e suasproposiçõesentresi e coma realidadefactual. No âmbito do conhecimento filosófico, como no das ciências formais (lógica, matemática) o critério de verdade é dado pela consistência de seusconceitose de seusjuízos.E a convicãoé frutodo convencimentoda correçãologicada elaboraçãoqueé umprocessocognitivo. De qualquer forma, ainda que a convicção seja parte 15
  • 16. importante do saber, conhecer é essencialmente diferente de acreditar, ter como verdadeiro, ter fé; pois, embora todo conhecimento implique em uma certa convicção de veracidade, a convicção pode provir ou não do conhecimento, pode ser fruto da fé. Em ambos os casos, a convicção tem estruturas completamente diferentes: crença nas diversas modalidades de conhecimento vulgar e convencimento no conhecimento superior (científico e filosófico). O conceito de verdade é sempre atribuído a um juízo (um enunciado ou uma proposição, como se diz em linguagem da ciência). Quando se trata de um juízo científico em uma ciência factual, tem- se uma verdade científica factual. Essas verdades científicas são do tipo factual, por isto, devem ser objetivas. A objetividade é um pressuposto tido como essencial para caracterizar uma verdade científica, o que não deve ser confundido com objetivismo (que implica na recusa sistemática de tudo que não for objetivo). Por isto, a objetividade se situa como uma característica fundamental da ciência. A objetividade, entendida como independência em relação ao observador, é um elemento importante para o reconhecimento da verdade. A objetividade, entendida como independência em relação ao observador, é um elemento importante para o reconhecimento da verdade. Tipos de Verdade Na dependência das difererentes opiniões filosóficas que possam ser alimentadas por quem ofaz, podem ser mencionadas diferentes 16
  • 17. m odalidades de verdade, dentre as quais ;e bastanete com um que se jam destacadasas seguintes: - a verdade lógica ou verdade formal (que se expressa na consistência lógica entre conceitos e ou juízos); - a verdade factual, também chmada objetiva, experimental ou material (que manifesta a coerência entre uma proposição e um fato objetivo); - a verdade axiomática ou verdade convencional, (que traduz a fidedignidade de algo que foi convencionado, como o nome de uma pessoa ou coisa, por exemplo); - a verdade narrativa (que expressa a correspondência entre uma narrativa e a história que está sendo narrada, quer essa se refira a acontecimentos reais ou produtos da imaginação). Cada um destes tipos de verdade se materiza na correspondência entre uma proposição e aquilo que ela menciona. O conhecimento do conteúdo de verdade de uma proposição resulta do critério de verdade com o qual ela é aferida. A noção de convicção de veracidade ou de certeza da verdade em uma proposição ou em uma teoria pode se dar por qutro mecanismos chamados critérios de verdade. O primeiro, é o critério da consistência ou da consonância com a realidade lógica a que se refere. Identifica a verdade pela demonstração da coerência interna das proposições que formam uma tese; a verdade lógica. Caracteriza as ciências formais. Por exemplo, dois objetos iguais a um 17
  • 18. terceirosãoiguaisentresi, umcálculoaritmético. O segundocritériode verdade,é o critériode consonânciacoma realidade material, que caracterizaas ciênciasfactuais. Este critério estabeleceum conceito (ou uma proposição) como verdade na medida em que seja comprovado como adequado à realidade. Além destes dois critérios de verdade, existe um terceiro que é dado pela comparaçãocom o modelo convencionadoou aceito comopadrão(que é usadopara estabeleceras verdadesconvencionais),comonas escalasde avaliação,pesos,medidas e nasconvençõese normassociais. Além destes dois critérios de verdade, existe um terceiro que é a comparaçãocomo modeloconvencionadoou aceitocomopadrão(que é usadoparaestabeleceras verdadesconvencionais),comonas escalasde avaliação, pesos, medidase nas convençõese normassociais. O quarto tipo de aferiçãode veracidade,o da verdadenarrativa,tratada verificação de umanarrativacomo queé narrado. Quando o conhecimento da realidade começou a demolir as chamadas verdades religiosas, os dogmas das religiões, um filósofo católico, AVERRÓIS (1126 -1198) inventou a doutrina da dupla verdade provavelmente para enganar crédulos e inquisidores. Consistia no seguinte: duas afirmativas contraditórias, uma científica e outra religiosa, podiam ser ambas verdadeiras (cada uma em seu mundo), ainda que se mostrassem antagônicas. Adiante, se há de estudarum poucomais sobrea verdadecientífica e as noções de veracidade e verossimilitude como importantes elementos 18
  • 19. lógicos do conhecimento científico. Por enquanto, deve- se continuar a cuidar da comparação da convicção nas crenças no processo e no resultado do conhecimento e a relação do conhecimento com a verdade. Porque não é a convicção de realidade ou impressão mais ou menos arraigada de verdade, como experiência subjetiva, que caracteriza o conhecimento, notadamente o conhecimento cientifico. A convicção de realidade é comum do conhecimento e das crenças. Distinguem- se as proposições verdadeira das falsas por meio do emprego dos assim chamados critérios de verdade, Critério de verdade é como se denomina o procedimento lógico ou metodológico que se utiliza para avaliar o grau de veracidade (conteúdo de verdade) ou de verossimilitude (semelhança com a verdade) contida em uma proposição. Quando o critário de verdade se revela negativo, indica a falsidade da proposição examinada com ele. Entretanto, é preciso reparar que cada modalidade de verdade exige o emprego de um critério de verdade compatível com sua natureza. Destarte, quando se pretende identificar uma verdade factual, uma verdade lógica, uma verdade convencional ou uma verdade narrativa, deve- se empregar o tipo de critério de verdade mais adequado para aquele tipo de proposição. O critério empregado para identificar uma verdade material (também denominada verdade factual ou verdade ontológica) consiste na comprovação da existência objetiva da coisa ou do fato a que uma proposição se refere. O método experimental é o recurso científico mais 19
  • 20. e ficaz para com provar ou negar um a verdade factual utilizando um a ou m ais experimentações desenhadas segundo um m odelo confiável de investigação. O c ritério usado para identificar um verdade lóg ica consiste na verificação da conform idade, adequação ou consistência de duas idéias ou de um a idé ia e a realidade. O intelecto e a razão são os recursos usados em tal processo. A dem onstração de um teorema é um bom exemplo da c om provaçãode um a verdade lóg ica. O c ritério para verificar a verdade convencional reside na constatação da verdade (a c orrespondência da coisa com o conceito ou o ju ízo c onvencionado); usa-se este c ritário para promover a verificação de um a c onvenção ou de um axiom a, para verificar o nom e de um a pessoa ou o s ignificado de um a palavra. . A falsidade é o conceito oposto ao de verdade, coerência ou correspondência com a realidade (factual, lógica ou axiomática). Na falsidade ideal falta correspondência ou adequação entre duas idéias que é a falsidade dos raciocínios ou das arquiteturas lógicas; e pode-se identificar uma falsidade material ou factual quando inexiste correspondência entre um fato e uma idéia. As verdades e as falsidades ideais e as verdades e falsidades factuais estruturam as ciências ideais e as ciências factuais. As noções de verdade e falsidade (ou como se diz mais comumente, as noções de verdadeiro e falso) podem ser 20
  • 21. atribuídas tanto a conceitos, como a juízos, a raciocínios e a teorias. Por isso, as proposições construídas com estas figuras lógicas podem ser tidas como verdadeiras ou acreditadas como falsas. Conceitos, juízos, raciocínios e teorias construídos com enunciados verdadeiros, são considerados verdadeiros. Caso contrário, falsos. Basta um conceito falso na estrutura de um juízo para tornar falso qualquer juízo construído com ele. E basta uma proposição falsa em uma estrutura racional simples ou complexa para tornar falso um racicínio que o contenha. Se um conceito ou um juízo essencial na estrutura de uma teoria for verificado falso, isso compromete a veracidade daquele estrutura teórica. Verificabilidade - qualidade de tudo o que é verificável por qualquer recurso lóg ico ou experimental, ao m esmotem po,na possibilidade de se verificar a veracidade ou falsidade de um a proposição na teoria (dem onstração) ou na prática (comprovação). Portanto, pode- verificar aa verdadede um se c onceito ju ízo, rac ioc ínio ou teoria por m eio de com provação (procedimento prático) ou dem onstração (procedimento teórico), recursos que devem se c om pletarna atividade epistemológica.. Demonstrabilidade - conceito usado para a verificação nas ciências formais, que pode se referir à qualidade de tudo o que for demonstrável ou à possibilidade de se demontrar logicamente um raciocínio mais ou menos complexo ou uma teoria. Comprobabilidade pode significar a qualidade de tudo o que for comprovável ou o tipo de verificabilidade que se faz por meio correspondência de um 21
  • 22. enunciado (ou proposição)c om a realidade do fato a que e la se refere. Falsificabilidade é o princípio proposto por Popper para obter o conhecimento factual verdaeiro, ainda que relativo e provisío, pelo qual pode-se ter como verdeira uma proposição enquanto ela não for comprovada como falsa (ou enquanto resistir aos esforços metodologicamente corretos que forem feitos para comprovar sua falsidade). Conhecimento, Crença e Fé De uma maneira bastante particular, mas relativamente comum, é freqüente que se definam a crença e a fé da seguinte maneira: - o conhecimento, ja se afirmou, consiste na apropiação pelo sujeito de propriedades de um objeto, o que se acompanha por alguma convicção de que aquilo se trata da uma verdade; - crença como o fenômeno subjetivo pelo qual se considera uma proposição qualquer como verdadeira ou falsa qualquer que for seu conteúdo e qu mobilize convicção, independente dos motivos pelos quais isto se faça; - e que se estabeleça a fé como uma crença que contrarie a experiência ou a razão, especialmente as de conteúdo místico ou religioso,. Nestes termos, é possível que uma informação científica comprovada, possa existir como uma crença na conscięncia de quem não a entenda ou não alcance sua fundamentação. 22
  • 23. De certa maneira, o conhecimentoé uma constataçãoiniciada em uma impressão, uma percepção ou em uma elaboração inteligente (uma evidência, ainda que mais ou menos casual) que leva a uma conclusão inteligentepormeiodeumprocessocognitivoeficaz;tal processocognitivo que inicia- no reconhecimentoda existência de seu objeto, evolui para se conhecê- a partir da sua formaparaseu conteúdo,da aparênciaparaa lo, essência,da formaparao conteúdoe findana convicção. Emborao conhecimentopossase dar de maneiramais ou menoscasual, semparticipaçãoóbvia e ativa da inteligência, esta sempreestá presente no processode fixaçãointeligente,ao menosnas conexõeslógicasquese estabelecementre o material adquirido e o conhecimentojá havido pela pessoa. Enquanto a crença não é uma conclusão lógico- cognitiva, nem resulta do processamento lógico de informações sensíveis ou lógicas sobreo objeto, é uma convicçãoassimiladaa partir de uma necessidade afetiva; nela, quando existe algum procedimento racional, este se dá a posteriori,apenasparajustificá- e nãoparaelaborá-a. la l O conhecimentoé umaconstatação(comocomponentecognitivomais ou menoscomplexo)iniciadaemou restritaa umaimpressãoelementar,uma percepção singela ou um indício lógico que possibilite elaboração inteligente(evidência,aindaquemaisou menostênueou casual)queleva a umaconclusãointeligentepormeiode umprocessocognitivoeficaz;que inicia- no reconhecimento da existência de seu objeto, evolui para se conhecê- a partir da sua formaparaseu contéudo,da aparênciaparaa lo, essência,da formaparao conteúdoe findana convicção. 23
  • 24. Os elementos motivacionais e os critérios de verdade permitem diferenciar a crença do conhecimento. Aqui se pretende estabelecer os elementos distintivos entre conhecimento e crença (fé) e se distingue convicção (certeza como processo cognitivo independente da afetividade) de crença (expressão de credulidade, fenômeno de base afetiva) como tipos diferentes de impressão subjetiva da realidade e veracidade de um conhecimento qualquer. A convicção ou certeza é um processo predominantemente cognitivo (ainda que se relacione muito com as instâncias afetivas da personalidade; resulta da constatação de consistência e compatibilidade com a realidade que pode ser presumida como relativamente independente dos interesses ou desejos de quem a experimenta. Parece importante que o iniciante aprenda a estabelecer alguns elementos distintivos entre o conhecimento, a crença e a fé, além de exercitar o procedimento de distinguir a convicção cognitivamente lastreada (certeza como processo cognitivo independente da afetividade) da convicção baseada na afetividade (que é uma expressão de credulidade, fenômeno de base predominantemente afetiva) como tipos diferentes de impressão subjetiva da realidade e veracidade de um conhecimento qualquer. As diferentes expressões da certeza e da dúvida fazem- se presentes em todas as manifestaões do conhecimento, da crença e da fé. O dogmatismo e o fanatismo se manifestam como expressões de convicção sem qualquer dúvida e que recusam qualquer manifestação dubitativa. A diferença reside no fato de que a convicção do conhecimento pode ser demonstrada 24
  • 25. log icamente ou c om provada observacional ou experimentalmente. O oposto da c onvicçãonão é a convicçãooposta,m as a dúvida. O apego à verdade e sua valorização pelos ind ivíduos e c ulturas m ostra- e s c om o um valor fundamental para do conhecimento e da personalidade e para defesa c ontra as c renças ou os re lacionamentos baseados ne las. Não é possível existir interação hum ana saudável que não se baseie na verdade, nem organização social ou estrutura ética que possa prescindir dela. Dúvida e convicção são c ategorias d ialéticas. A convicção se com pleta na dúvida (atitude de falta de convicção, de perplexidade, de vacilação, de irresolução) que é sua antítese lógica e psicológica. A dúvida pode ser uma atitude (tendência ou fenômeno psicológico) ou um método de cogitação filosófica (a dúvida sistemática cartesiana que caracteriza a ciência moderna desde Descartes). A dúvida do ceticismo metodológico é um recurso do pensamento científico que aconselha a duvidar de tudo que não possa ser verificado na teoria (demonstração) ou na prática (comprovação). A certeza e a dúvida estão sempre presentes em variadas proporções em todos os conhecimentos. A convicção se completa na dúvida (atitude de falta de convicção, de perplexidade, de vacilação, de irresolução) que é sua antítese lógica e psicológica. As certezas delirantes e as dúvidas obsessivas colocam-se como extremos de um espectro ainda muito mal investigado. 25
  • 26. A dúvida pode ser um a atitude (tendência ou fenômenopsicológico)ou um m étodo ou s istema de c ogitação filosófica (om o por exemplo, a dúvida s istemáticac artesiana que c aracteriza a c iência e a filosofia m odernas). A c rença (inc lusive a fé e outras expressões de re lig iosidade) é um fenômeno subjetivo que se fundamenta em um a base afetiva, estruturando- e a partir processos afetivo- s psicológicos ou ideológicos, há m uito tem po, reconhecida com o processo subjetivo arracional e incomprovável. M as, nas quais o sujeito dá m uita im portância e que pode exercer notável influência sobre sua conduta e seu julgamento; c om portando- e com o um a paixão. s A c rença pode ser definida com o a atitude do espírito que adere a um enunciado ou a um fato sem poder adm inistrar-he prova com pleta, sem l que a c onvicção provenha da experiência ou da razão. Por isto, a crença 1 pode corresponder a todos os g rau de probabilidade. Mas a convicção que provoca independe de sua correspondência com a realidade ou de qualquer outro critério de verdade. O denominador comum que pode ser identificado em todas essas convicções é O alcance das crenças também costuma ser extremamente variado, tanto em qualidade, quanto em intensidade da convicção presente nas crenças. Pode variar de uma opinião mais ou menos comum acerca de uma coisa pouco importante, até sistemas muito complexos de crenças e valores que alcançam praticamente todos os aspectos da vida individual e do convívio coletivo. 1 Ronner, M., Comunicação Pessoal, 1993. 26
  • 27. O alcancedas crençastambémcostumaser extremamentevariado,tanto em qualidade,quantoem intensidadeda convicçãopresentenas crenças. Pode variar de uma opinião mais ou menoscomumacercade uma coisa poucoimportante,atésistemasmuitocomplexosde crençase valoresque alcançampraticamentetodosos aspectosda vida individual e do convívio coletivo. As crençaspodemresultarde necessidadesconscientesou inconscientes, individuaisou sócio- culturais,quetomamformade convicçãoinjustificável, experimental, lógica ou racionalmente em pessoas sugestionáveis ou anacásticas.Umacrençapodesurgircomorevelaçãodosujeito. A revelaçãoé umaformaparticularde crençaquese manifestacomouma convicção ou um conjunto de convicções originadas em experiências subjetivas místicas (ou, de qualquer maneira, ideológicas) tidas como provenientesda comunicaçãocomuma entidadesobrenatural. Em geral, as revelações resultam da soma da crença, ignorância e sugestionabilidade (patológica ou não) combinadas em diversas proporções. A credulidade, entendida como tendência das pessoas para crer em alguma coisa por força de suas motivações afetivas ou ideológicas, é encontrável em todos os grupos humanos e muitos a denominam de religiosidade, quando se refere a temas sobrenaturais mais ou menos sistematizadose codificados.Masesta designaçãoé imprópria. A religião é uma instituição social, uma organização de crentes, uma comunidade 27
  • 28. (eclesia) de fiéis. O fenômeno individual é a credulidade. No entanto, deve-se ter presente que as crenças religiosas não são sempre sobrenaturais. Existem crenças de natureza religiosa, mas cujo conteúdo se situa no campo de política, da prática esportiva e em outras situações semelhantes. As crenças são, em última análise, a concretização da credulidade (predisposição para ter fé independente de comprovação) com componentes ideológicos e psicológicos. Estes, mais afetivos que cognitivos. Adiante haverá oportunidade de diferenciar a crença como atributo da conscięncia individual (patológica ou não patológica) e a crença como aspecto da conscięncia social ou ideológica, a serviço de pessoas, das religiões, instituições sociais que se manifestam, em organizações mais ou menos complexas, a serviço do Estado ou das classes sociais hegemônicas. Além da influência de fatores psicológicos e psicopatológicos, a existência, a intensidade e o alcance das crenças depende de fatores econômicos, culturais, políticos e ideológicos ou ideologicamente determinados. Quando se promove o exame mental dos crentes, pode- se verificar que nas suas crenças podem ser identificadas dimensões psicológicas (individuais, como as religiosas) e sociais, como as lastreadas na cultura e culturalmente compartilhadas) e ideológicas (antropológicas e sociológicas). Pode-se dizer que a crença é a ideologia (com o sentido de falsa conscięncia determinada por influęncias objetivas de natureza social), o desejo, o temor (sendo que estes dois fenômenos, muitas vezes, são expressões aparentemente opostas 28
  • 29. de uma mesma coisa) ou qualquer outra expressão de necessidade cultural ou afetiva, transformado em convicção. Convicção esta que pode assumir qualquer grau de certeza, independente de ser ideológica, afetiva ou interessada. Não sendo raro que se mostre muito arraigada e capaz de exercer influęncia diretora sobre uma área muito grande do comportamento. As crençasimpõemumaatitudepositivaemrelaçãoà validez(ou validade, no sentido de correspondência com a realidade) daquilo em que se crê, por isto, todos têm convicção em suas crenças, ainda que elas não correspondam à realidade e, mesmo, possam parecer completamente incríveis (ou, mesmo,bastanteridículas) para todosos outros.Emboraas fé ou as crenças religiosas ou sobrenaturais sejam sempre suas expressões, nem todas as crenças têm este matiz religioso ou sobrenatural. Comofenômenopsicológico,a crençaé umamodalidadede concretização da credulidade (ou predisposição humana para ter fé). A credulidade humanasofrea influênciade fatoresinternose externos;organísmicosou ambientais;psicopatológicosou psicossociais.Muitosos fatores,dentreos quais se detacao medo(a ansiedadepatológicae a fobia), que confluem paraaumentare insegurançaou diminuira esperançaou a autoestimados sereshumanoscostumamincrementara suacredulidade,conduzindo- s a o condutasimpressionatementeinsensatas. As crençasnão verificadasou inverifcáveis,inclusivea fé, são fenômenos fundamentalmente psicológicos e de base afetiva ou ideológica. 29
  • 30. Dependem das características da personalidade de quem as experimenta (inclusive de seus traços fóbicos ou anancásticos), de suas circunstâncias e de suas possibilidades culturais e mentais. Sofre mais influência das necessidades afetivas do que da cognição. A religião se caracteriza por ser mais que expressão instituída de uma crença. A religião é uma instituição social com grande poder de mobilização de seus adeptos, é uma organização de crentes, uma comunidade (eclesia) de fiéis que se reunem para cultuar ou celebrar sua fé e cumprir os rituais de sua crença, mas que se organizam social e politicamente em torno deste centro. Existem crenças que não são religiosas, que são provenientes da confiança em quem seja considerado uma autoridade ou outras, como as políticas e, até, as científicas. Porque é possível e comum que alguém experimente opiniões científicas como uma fé, como se fossem crenças. Para se reconhecer isto, leva- se em conta a dúvida, pois se sabe que a dúvida é incompatível com a crença enquanto é essencial ao conhecimento científico. O conhecimento, sobretudo o conhecimento científico, ao menos em princípio, não tem implicações afetivas ou, em qualquer caso, não as deve ter dominantes. Por que isto configura uma paixão. O caráter institucional e ideológico das religiões lhes confere significado particular no estudo da Psicologia Social. A comunidade de uma crença ou de um sistema de crenças constitui unicamente o substrato de interação 30
  • 31. dos aderentesa uma religião. O fenômenoindividual é a credulidade. A confiançaque a pessoadeposita em coisas que podemser inteiramente inverossímeis,masnasquaisele depositaconfiançaincondicional. Ressalte- que a crença não é uma conclusão lógico- se cognitiva, nem resulta do processamento lógico de informações sensíveis ou lógicas sobre o objeto. A crença é um processo basicamente afetivo que se expressa como convicçãogerada, desenvolvida e assimilada a partir de uma necessidade afetiva. Nela, quando existe algum procedimento racional,estese dá a posteriori,apenasparajustificá- ou parareforçá-a, la l e nãoparaelaborá-a ou comprová- l la. As pessoas tendem a confiar mais ou menos poderosamente em suas crenças,pois elas geramuma atitudepositiva em relaçãoao seu crédito: portanto, tendem a aceitar a validez (ou validade, no sentido de correspondênciacoma realidade)daquiloemqueacredita,pois,todostêm convicçãoem suas crenças, ainda que não correspondamà realidadee, mesmo, possamparecer completamenteincríveis (ou, mesmo, bastante ridículas) para todos os outros. Maneira eficaz de se distinguir os conhecimentos das crenças, se dá quando de sua contestação ou, mesmo, a prova de sua invalidade. Sempre que um conhecimento se prova falso, ele é substituído sem qualquer emoção, frustração ou sofrimento;ninguémlastimaa substituiçãode umconhecimento,aindaque possa sofrer com sua repercussão prejudicial. Ao contrário do que acontece com as crenças, quando se mobilizam reações emocionais proporcionaisàs necessidadesafetivasinvestidasnelas. 31
  • 32. Quanto maior a necessidade subjetiva de uma crença, maior é seu arraigamento. A comprovação da falsidade de crenças muito arraigadas pode ocasionar reações desesperadas de grande violência, com manifestações superlativas de ansiedade e luto, podendo determinar comportamentos auto ou hetero- agressivos. A impressão de verdade é um valor fundamental para o conhecimento, para a personalidade e pela a sociedade. Não é possível existir interação humana saudável que não se baseie na verdade, nem organização social ou estrutura ética que possa prescindir dela. Deve- se insistir que não obstante a fé e as crenças religiosas ou sobrenaturais sejam sempre suas expressões, nem todas as crenças têm este matiz religioso ou sobrenatural. Analogamente, as pessoas tendem a ficar muito mobilizados afetivamente por suas crenças. E, por isso, elas exercem sempre alguma influência sobre sua conduta. Em geral, a necessidade em jogo naquela situação costuma ser proporcional à sua sugestionabilidade e influenciabilidade, sua imaturidade. Existem crenças de motivação baseada em necessidades objetivas e subjetivas. É fácil entender que uma pessoa acredite com mais facilidade em algo que atenda a um interesse seu, do que o contrário. Dentre as crenças de motivação subjetiva, destacam- se as ideologias (conceitos, juízos ou sistemas racionais que se apropriam da consciência e que corresponde m aos interesses da pessoa) e as originadas em pulsões 32
  • 33. inconscientes. As crenças são fenômenos individuais ou psicossociais de gênese predominantementeafetiva,apenasdirigidasou moduladaspela cognição; enquanto o conhecimento é uma manifestação predominantemente cognitiva, apenasmoduladaou dirigida pela afetividade(quer se trate de emoções,sentimentos,estadosdeãnimo,afetosou paixões). Paixão é uma emoçãoou sentimento vivenciada pelas pessoas com tal arraigamento na personalidade que exerce uma ação diretora sobre o pensamento, o julgamento, o comportamento, influindo mais ou menos decisivamente na percepção, no juízo, nos raciocínio e na ação. As paixões pode ser induzidas por necessidades subjetivas ou por necessidadesmateriais. As paixões, mesmoas paixões da ciência ou na ciência, costumamser importantesfatoresde distorçãodoconhecimentona atividadecientífica. Deve-se atentar para as paixões como propulsoras das condutas pró-sociais e anti-sociais, mesmo no âmbito da cięncia. Mas não se pode esquecer a influęncia dos interesses objetivos e subjetivas. As pessoas podem se apaixonar por um time de futebol ou um partido político; mas é mais fácil encontrá-las apaixonadas por dinheiro, por poder, sexo, por autoridade, por fama, por prestígio e influęncia. A dificuldade de identificar as paixões da cięncia é tão maior quando acontece de tudo isto estar misturado, tal como se pode assistir recentemente na polęmica sobre a prioridade na descoberta e identificação do vírus da imunodeficięncia humana adquirida, quando interesses financeiros vultosos se somavam à 33
  • 34. uma grande carga de vaidade individual e nacional de cientistas franceses e norte-americanos, além dos interesses dos indivíduos e o poder das empresas envolvidos e interessados diretamente no resultado da querela. Apesar de haver poucos inocentes no mundo da cięncia, pode-se diferenciar os apaixonados empregando-se o mesmo critério usado para diferenciar a simulação da histeria; pode-se empregar a natureza da vantagem perseguida como critério diferencial para diferenciar a paixão da má-intenção. Quando a vantagem for material, considera-se que a paixão é secundária. No caso do ganho obtido redundar em vantagem psicológica ou ideológica, pode-se considerar a paixão como primária. Um outro elemento psicológico que pode distorcer a veracidade do conhecimento são as atitudes e os hábitos intelectuais. Dentre os fenômenos psicopatológicos capazes de comprometer a qualidade do conhecimento, podem ser reconhecidos os seguintes: as timopatias (depressiva ou eufórica, pelo comprometimento do juízo crítico), os delírios (pela distorção característica do reconhecimento ou da interpretação da realidade), as fobias (pela influência que exercem no julgamento) e a obsessividade (pela influência dos pensamentos intrusivos no comportamento da pessoa afetada). Além da influência de fatores psicológicos e psicopatológicos, a existência, a intensidade e o alcance das crenças pode sofrer a influência de fenômenos e processos ideológicos ou ideologicamente determinados. 2 Pode- se dizer que a crença é a ideologia, o desejo, o temor (sendo que 2 Ideologia com o sentido de falsa consciência determinada por influências objetivas de natureza social. 34
  • 35. estes dois fenômenos, muitas vezes, são expressões aparentemente opostas de uma mesma coisa) ou qualquer outra expressão de necessidade cultural ou afetiva, transformado em convicção; convicção esta que podeassumirqualquergrau de certeza. Não sendoraro que se mostremuito arraigadae capaz de exercerinfluência diretorasobreuma área muito grande do comportamento. O denominador comumde todas estas convicçõesé não teremsido verificadasou comprovadaspor seus crentes. O alcancedas crençastambémcostumaser extremamentevariado.Pode variar de umaopiniãomais ou menoscomumacercade umacoisapouco importante, até sistemas muito complexos de crenças e valores que alcançampraticamentetodosos aspectosda vida individual e do convívio coletivo. As crenças resultam de necessidades conscientes ou inconscientes, individuaisou sócio- culturais, que tomamformade convicçãoinjustificável lógica e racionalmente. Uma crença pode surgir como revelação. As crenças têm dimensões psicológicas (individual e social) e ideológicas (antropológicase sociológicas)e seu estudodeve se dar em todosestes domínios. Crença e Revelação A revelaçãoé umaformaparticularde crençaquese manifestacomouma convicção ou um conjunto de convicções originadas em experiências subjetivas místicas (ou, de qualquer maneira, ideológicas) tidas como 35
  • 36. provenientes da comunicação com uma entidade sobrenatural que escolheu aquele sujeito como agente de uma missão. Em geral, as revelações são resultado de uma crença, ignorância e sugestionabilidade (patológica ou não) combinadas nas mais diversas proporções. Mas não se pode esquecer a mistificação (a mentira deliberada) ainda que praticada com as melhores intenções. Em geral, o conceito de revelação é empregado pelos religiosos como verdade revelada (que foge às exigęncias de comprovação, dependendo apenas da fé. Não se trata de conhecimento, mas de crença. Revelação é uma experiência consciente da recepção de uma mensage m, tida subjetivamente por verdadeira porque teria sido transmitida por uma divindade ou entidade sobrenatural superior, diretamente à pessoa, utilizando algum meio sobrenatural para lhe comunicar alguma coisa. A revelação pode ser percebida apenas como uma convicção subjetiva supra- sensorial ou pode ser originada em pseudo- percepções tácteis, auditivas, visuais ou outras. Pode ser um fenômeno de credulidade patológica (obsessividade, delírio) ou não patológica. Neste segundo caso, pode ser expressão de sugestionabilidade induzida por meio de uma crença ou de uma ideologia. Os conteúdos revelados não podem ser considerados científicos, sendo componentes muito comuns das crenças (e dos delírios), embora, eventualmente, possam corresponder à realidade mas sejam impossíveis 36
  • 37. de c om provação. M as, em qualquer condição, um conhecimento assim revelado é incompatível c om o conhecimento adquirido por m eios c ientíficos. 3 Cunha, J.A. é um dos autores que empregam a ênfase na revelação como divisor de águas das religiões e divide as crenças religiosas em reveladas e encantadas. Nas primeiras, sua codificação é sempre atribuída a um ou mais profetas que assumem o status de seus fundadores. As segundas, as crenças religiosas encantadas são atribuídas a um trabalho de desvendamento, uma espécie de descoberta coletiva intuitiva do mundo e, embora possam ter iniciadores, caracterizam-se por ser uma construção sócio-cultural. Crença e Ciência Diferentemente dos outros tipos de crença mencionados acima, o conhecimento científico baseia uma modalidade de crença denominada crenca verificada. Isto é, a crença decorrente da demonstração teórica (como as que provém dos métodos lógico e matemático) e a produzida pela comprovação (verificação prática ou factual produto do método científico. As crenças demonstradas, sejam factuais ou ideais iniciam a diferenciação entre a ciência e a filosofia. Para Ferrater-Mora, muito resumidamente, a ciência é essencialmente um modo particular de conhecimento que procura formular, mediante linguagens rigorosas e apropriadas — tanto quanto possível, com o auxílio da linguagem matemática — as leis por meio das quais se regem os 3 Cunha, J.A., Filosofia, Ed. Atual, S.Paulo, 1992, p. 84. 37