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P2 • Quinta-feira 22 Janeiro 2009 • P2@publico.pt




                                                    Limpar os genes
                                                    de todas as
                                                    doenças é ficção
                                                    científica
                                                    Pág. 6/7




                                                                      Todos os livros
                                                                      são bons,
                                                                      até os maus
                                                                      Pág. 4/5




                                                                                        FERNANDO VELUDO/ARQUIVO
4 • P2 • Quinta-feira 22 Janeiro 2009

                                        Passamos a vida a dizer que os miúdos devem ler.
                                        Criam-se planos nacionais de leitura e renovam-se
                                        estratégias de conquista para os livros. Até se fazem
                                        congressos internacionais para pensar nisso, como
                                        o de promoção da leitura que hoje começa em Lisboa.
                                        Porque ler é preciso, dizem os especialistas. Para quê?




                                                   Leiam
 Rita Pimenta
 a Ler o quê? Tudo. Anúncios,
 legendas, jornais e até receitas
 de culinária, mas principalmente
                                                 tudo o que                                                                                                   Nacional do Livro e da Leitura
                                                                                                                                                              no Brasil e fala na existência, em
                                                                                                                                                              paralelo, de “95 milhões de leitores
                                                                                                                                                              de livros e de 77 milhões de não
                                                                                                                                                              leitores”.




                                                  puderem
 literatura. E para quê? Para                                                                                                                                    Virtudes da leitura: “Ler para
 ampliar as capacidades do cérebro,                                                                                                                           ampliar o próprio universo, para
 aprender a pensar, a ver com                                                                                                                                 se apropriar do conhecimento
 o olhar dos outros e a recriar                                                                                                                               universal. Para desenvolver a
 emoções ou sentimentos. A leitura                                                                                                                            inteligência, mas, principalmente,
 torna o mundo mais inteligível e                                                                                                                             para olhar com o olhar do outro
 as pessoas mais inteligentes. Além                                                                                                                           e, assim, se tornar mais tolerante,
 disso, está vinculada directamente                                                                                                                           mais humano. Nos países pobres
 à educação e à cultura e também                                                                                                                              ou em desenvolvimento, ler
 ao desenvolvimento social                                                                                                                                    é fundamental como meio de
 e económico sustentado de                                                                                                                                    promover a cidadania.”
 qualquer país. Quem o diz são                                                                                                                                   António Prole, assessor da
 os especialistas em promoção                                                                                                                                 Direcção-Geral do Livro e das
 da leitura que hoje e amanhã                                                                                                                                 Bibliotecas, diferencia-se dos
 se reúnem em congresso                                                                                                                                       teóricos cujo objectivo essencial
 internacional na Gulbenkian, em                                                                                                                              é formar leitores literários. “Eu,
 Lisboa. O tema é Formar Leitores       complexa e interessante,                                                             Nunca antecipar as fases         como português, quero formar
 para Ler o Mundo e o objectivo         então, provavelmente, estes                                                  de desenvolvimento da criança é          leitores competentes. Sabendo
 também.                                leitores precisarão de ler ficção,                                            uma das regras a seguir quando se        que, quando tiver uma grande
    As perguntas devem ser feitas       romances – livros”, explica o autor   dos textos escritos para crianças (e   orientam as suas leituras: “Devem        massa de leitores competentes,
 pela ordem inversa – Ler o quê? Ler    de Children’s Literature: Critical    no conceito de infância implícito),    ler as obras que conseguem               terei (não na proporção directa)
 para quê? –, começa por dizer Peter    Concepts in Literary and Cultural     especialmente em termos de             compreender em função do seu             uma maior capacidade de ter
 Hunt, professor da Universidade de     Studies.                              estilo, ritmo e complexidade           nível de desenvolvimento e de            leitores literários.”
 Cardiff (Reino Unido), especialista        A escolha de Peter Hunt para       de referências e estruturas            domínio das convenções literárias.          A redescoberta do prazer da
 em Literatura para a Infância e o      a abertura dos trabalhos foi          intertextuais e intratextuais”.        Os miúdos não dominam os saltos          leitura foi uma das respostas
 primeiro orador no congresso. “Ler     justificada por António Prole,                                                temporais e perder-se-iam em             enviadas por Sandra Beckett,
 para quê? Ler o quê?”, é então a       coordenador da Casa da Leitura,       Ampliar o cérebro                      obras que se constroem alterando         professora da Universidade de
 forma a partir da qual organiza as     organizadora do congresso, pela       Da Universidade Autónoma               a linha cronológica.” Acredita que       Brock, Canadá, que estuda a ficção
 respostas que envia ao P2 por e-       comunicação abrangente que irá        de Barcelona chegam ao P2 as           os contos tradicionais são a melhor      de cruzamento, em que adultos
 mail. Porque primeiro, argumenta,      apresentar. “Irá reflectir sobre o     respostas de Teresa Colomer,           base literária, mas que a leitura        e crianças partilham o mesmo
 é preciso definir que tipo de           que se passou nos últimos 30 anos     doutorada em Ciências da               de livros medíocres também traz          tipo de leituras, caso dos livros
 leitores se quer formar.               na literatura infantil. O que é que   Educação. “A leitura é uma             vantagens, como a de “consolidar a       do Harry Potter. “A ficção de
    “Se quisermos formar ‘leitores      mudou? Qual é a diferença entre       operação que amplia as                 capacidade leitora sem exigir muito      cruzamento ganhou visibilidade
 funcionais’, pessoas que               os livros de hoje e os de então?      capacidades do nosso cérebro.          esforço”, diz a autora de Siete Llaves   nos media. Mais adultos estão
 conseguem ler o suficiente para ter     Será que perderam qualidade? As       Permite-nos recriar experiências       para Valorar las Historias Infantiles.   neste momento a ler literatura
 uma vida normal, como saberem          componentes gráficas e ilustrativas    perceptivas, diferentes                                                         para a infância, porque alguns dos
 ler anúncios ou um aviso para          são diferentes? O álbum será uma      perspectivas intelectuais e            77 milhões de não leitores               melhores escritores são desta área.
 que não caiam num buraco mais          influência dos meios visuais que       emotivas e dar sentido às              Para Galeno Amorim, escritor             Redescobrem assim o prazer de
 adiante, então pouco importa o         está a contaminar a escrita para as   situações. Permite-nos dominar         e jornalista brasileiro, “é              uma boa história, como nos casos
 que lêem. Para isso, servem os         crianças? No fundo, pôr o livro em    as possibilidades da linguagem e       fundamental ler, não importa o           das imaginadas por J.K. Rowling,
 jogos de computador, os jornais, as    questão.”                             essa é a matéria-prima do nosso        suporte. Ler (ou ouvir ou tactear!)      Philip Pullman e outros.”
 bandas desenhadas ou a televisão.         Um estudo do Reino Unido           pensamento. O mundo torna-se           livros, revistas, jornais, histórias        Outros especialistas vão passar
 Se quisermos formar leitores           relativo a 2008, que será             mais inteligível (e por conseguinte    aos quadradinhos, tudo. Mas,             pela Gulbenkian nestes dois dias,
 que consigam compreender               apresentado por Hunt, conclui         torna-nos mais inteligentes). É uma    sobretudo, ler literatura, nos seus      um congresso que fecha o primeiro
 uma linguagem complexa, para           que, “nos últimos 30 anos, ocorreu    forma de desfrutar melhor o nosso      mais diferentes géneros”. Foi o          ciclo da Casa da Leitura, criada há
 que a sua vida seja também mais        uma mudança radical na natureza       tempo de vida.”                        primeiro coordenador do Plano            três anos.

                                                                              “Eu, como português,
                                                                              quero formar leitores
                                                                              competentes. Sabendo
                                                                              que, quando tiver
                                                                              uma grande massa
                                                                              de leitores competentes,
                                                                              terei uma maior
                                                                              capacidade de ter
                                                                              leitores literários”
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Os meus livros em criança



Júlio Machado Vaz                    Eduarda Abbondanza                    Miguel Guilherme                        José Rodrigues                         João Pedro Lucas
59 anos                              50 anos                               50 anos                                 dos Santos                             11 anos
Psiquiatra                           Directora da Moda Lisboa              Actor                                                                          Aluno do 6.º ano
                                                                                                                   44 anos
Quando penso nos meus livros         O meu pai tinha uma indústria         Quando decidi que queria começar        Jornalista e escritor                  Já li os livros todos do Harry Potter,
de infância, o primeiro lugar tem    gráfica e por isso havia muitos        a ler livros sem bonecos, peguei                                               alguns da colecção Uma Aventura
inquilino perpétuo — os livros dos   livros lá em casa (em Campo           nos Cinco (Enid Blyton). Mas como       Quando era miúdo, em Tete              e outros da Viagens no Tempo (Ana
Cinco, de Enid Blyton. O dono da     de Ourique, Lisboa). Além da          aprendi a ler tarde, por volta          (Moçambique), lia sobretudo Walt       Maria Magalhães e Isabel Alçada).
Livraria Latina (Porto) telefonava   imagética das aventuras de Enid       dos oito anos, chegava ao fim de         Disney, Tarzan, Spirou, Gaston         Gostei muito do Marley, Um Cão
a avisar da chegada de mais um, e    Blyton (Os Cinco, Os Sete e as        uma página muito cansado e já           Lagaffe, Mundo de Aventuras,            Especial ( John Grogan). Agora
meu pai trazia-o à hora de jantar.   Gémeas), tinha um imaginário de       esquecido do que acontecera no          Selecções do Reader’s Digest e         estou a ler o Eragon (Christopher
Porque a “ressaca” entre cada        fadas muito presente. Chegava         início. Mas não desisti. Também lia     romances de cowboys, alguns            Paolini). Leio porque gosto,
um deles era longa, obrigava-me      a fazer buraquinhos no jardim         Walt Disney, as histórias do Pato       bem grossos. Fui para Lourenço         porque os livros são interessantes
a um exercício de autodisciplina     para encontrar tesouros. Lembro-      Donald, do Tio Patinhas. Antes          Marques com nove anos e                e emocionantes. É a minha mãe
férrea, lendo apenas dez páginas     me de ter lido Tom Sawyer e           mesmo de conseguir ler, “via os         dediquei-me ao Astérix, Tintin,        que os escolhe, mas, se eu gostar
de cada vez. Um verdadeiro           o Principezinho, mas também           bonecos” nos livros do Tintin.          Michel Vaillant, Os Sete e Os Cinco.   do primeiro e for uma série, vou
suplício para quem vibrava com as    Albert Camus e Luiz Pacheco. Li       Ainda hoje volto muito ao Tintin.       Vim para Portugal com dez anos         lendo os seguintes. Desde que haja
aventuras da miudagem e do fiel       bastante cedo Henry Miller. Os        De vez em quando, leio a colecção       em 1974 e, numa primeira fase, lia     mundos fantásticos e aventura,
cão e também com descrições de       livros que estavam nas prateleiras    de uma ponta à outra. Mas foi           pouco, dava a impressão de que         leio.
scones e sanduíches irresistíveis!   de cima eram os que eu não            com Alexandre Dumas (Os Três            havia menos livros disponíveis em
Mas recordo outras leituras: os      devia ler, os mais interditos, mas    Mosqueteiros e Vinte Anos Depois),      Portugal do que em Moçambique.         Depoimentos recolhidos por Rita
fascículos do Cavaleiro Andante,     eu empoleirava-me e chegava           aos 12 anos, que senti intensamente     A partir dos 12 anos, comecei          Pimenta
Sandokan, o Tigre da Malásia         lá. A minha infância foi rodeada      o prazer da leitura, de uma forma       a ler muitos livros de ciência,
(Emilio Salgari), a lendária         de rapazes, muitos primos. A          que não mais se repetiu. Só queria      em particular astronomia e
Condessa de Ségur (Sophie            minha mãe pensava que eu nunca        isolar-me do mundo e ler, ler.          cosmologia, e depois passei para
Rostopchine)... E as principais      iria ter uns joelhos normais. As      A leitura acabou por me fazer           a ficção científica. Consumia um
notícias dos jornais, para ver um    crostas sobrepunham-se e nunca        desinteressar da escola, fui por        livro da colecção Argonauta de dois
sorriso de aprovação no brilhante    chegavam a sarar totalmente.          isso um aluno mediano. Só se            em dois dias. Vendo as coisas em
e implacável conversador que era     Mais tarde, quando todos os           gostasse muito das cadeiras é que       retrospectiva, o que me atraía em
meu pai.                             meus colegas se aborreciam com        conseguia resultados bons. Mas          todos estes livros era sobretudo
                                     os Lusíadas, eu maravilhava-me.       Dumas permitiu-me fazer grandes         o lado da aventura, e penso que
                                     Herdei da minha irmã, 11 anos mais    brilharetes nas aulas de História: eu   foi isso que ficou. Suponho que
                                     velha que eu, um livro anotado. Eu    sabia quem era o cardeal Richelieu,     ainda hoje esse lado aventureiro
                                     adorava aquilo. Como os nossos        o Mazarin, conhecia os reinados de      influencia o meu trabalho
                                     pais trabalhavam, as brincadeiras     Luís XIII e Luís XIV de França. Um      — enquanto jornalista e enquanto
                                     ou se passavam na rua ou em casa      sucesso. Por essa altura li também a    romancista.
                                     a descobrir os segredos deles. Isso   Madame Bovary (Gustave Flaubert),
                                     conseguia-se na biblioteca e na       adorava aquele erotismo... Li
                                     garrafeira.                           muito Emilio Salgari (Sandokan,
                                                                           O Corsário Negro). Pus-me a ler o
                                                                           Deus das Moscas (William Golding)
                                                                           e não percebi nada. Aos 13 anos,
                                                                           voltei a lê-lo e adorei. É fascinante
                                                                           como os livros têm diferentes
                                                                           camadas de entendimento. Quando
                                                                           os revisitamos, encontramos
                                                                           sempre algo novo porque já não
                                                                           somos os mesmos.

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Congresso Gulbenkian

  • 1. P2 • Quinta-feira 22 Janeiro 2009 • P2@publico.pt Limpar os genes de todas as doenças é ficção científica Pág. 6/7 Todos os livros são bons, até os maus Pág. 4/5 FERNANDO VELUDO/ARQUIVO
  • 2. 4 • P2 • Quinta-feira 22 Janeiro 2009 Passamos a vida a dizer que os miúdos devem ler. Criam-se planos nacionais de leitura e renovam-se estratégias de conquista para os livros. Até se fazem congressos internacionais para pensar nisso, como o de promoção da leitura que hoje começa em Lisboa. Porque ler é preciso, dizem os especialistas. Para quê? Leiam Rita Pimenta a Ler o quê? Tudo. Anúncios, legendas, jornais e até receitas de culinária, mas principalmente tudo o que Nacional do Livro e da Leitura no Brasil e fala na existência, em paralelo, de “95 milhões de leitores de livros e de 77 milhões de não leitores”. puderem literatura. E para quê? Para Virtudes da leitura: “Ler para ampliar as capacidades do cérebro, ampliar o próprio universo, para aprender a pensar, a ver com se apropriar do conhecimento o olhar dos outros e a recriar universal. Para desenvolver a emoções ou sentimentos. A leitura inteligência, mas, principalmente, torna o mundo mais inteligível e para olhar com o olhar do outro as pessoas mais inteligentes. Além e, assim, se tornar mais tolerante, disso, está vinculada directamente mais humano. Nos países pobres à educação e à cultura e também ou em desenvolvimento, ler ao desenvolvimento social é fundamental como meio de e económico sustentado de promover a cidadania.” qualquer país. Quem o diz são António Prole, assessor da os especialistas em promoção Direcção-Geral do Livro e das da leitura que hoje e amanhã Bibliotecas, diferencia-se dos se reúnem em congresso teóricos cujo objectivo essencial internacional na Gulbenkian, em é formar leitores literários. “Eu, Lisboa. O tema é Formar Leitores complexa e interessante, Nunca antecipar as fases como português, quero formar para Ler o Mundo e o objectivo então, provavelmente, estes de desenvolvimento da criança é leitores competentes. Sabendo também. leitores precisarão de ler ficção, uma das regras a seguir quando se que, quando tiver uma grande As perguntas devem ser feitas romances – livros”, explica o autor dos textos escritos para crianças (e orientam as suas leituras: “Devem massa de leitores competentes, pela ordem inversa – Ler o quê? Ler de Children’s Literature: Critical no conceito de infância implícito), ler as obras que conseguem terei (não na proporção directa) para quê? –, começa por dizer Peter Concepts in Literary and Cultural especialmente em termos de compreender em função do seu uma maior capacidade de ter Hunt, professor da Universidade de Studies. estilo, ritmo e complexidade nível de desenvolvimento e de leitores literários.” Cardiff (Reino Unido), especialista A escolha de Peter Hunt para de referências e estruturas domínio das convenções literárias. A redescoberta do prazer da em Literatura para a Infância e o a abertura dos trabalhos foi intertextuais e intratextuais”. Os miúdos não dominam os saltos leitura foi uma das respostas primeiro orador no congresso. “Ler justificada por António Prole, temporais e perder-se-iam em enviadas por Sandra Beckett, para quê? Ler o quê?”, é então a coordenador da Casa da Leitura, Ampliar o cérebro obras que se constroem alterando professora da Universidade de forma a partir da qual organiza as organizadora do congresso, pela Da Universidade Autónoma a linha cronológica.” Acredita que Brock, Canadá, que estuda a ficção respostas que envia ao P2 por e- comunicação abrangente que irá de Barcelona chegam ao P2 as os contos tradicionais são a melhor de cruzamento, em que adultos mail. Porque primeiro, argumenta, apresentar. “Irá reflectir sobre o respostas de Teresa Colomer, base literária, mas que a leitura e crianças partilham o mesmo é preciso definir que tipo de que se passou nos últimos 30 anos doutorada em Ciências da de livros medíocres também traz tipo de leituras, caso dos livros leitores se quer formar. na literatura infantil. O que é que Educação. “A leitura é uma vantagens, como a de “consolidar a do Harry Potter. “A ficção de “Se quisermos formar ‘leitores mudou? Qual é a diferença entre operação que amplia as capacidade leitora sem exigir muito cruzamento ganhou visibilidade funcionais’, pessoas que os livros de hoje e os de então? capacidades do nosso cérebro. esforço”, diz a autora de Siete Llaves nos media. Mais adultos estão conseguem ler o suficiente para ter Será que perderam qualidade? As Permite-nos recriar experiências para Valorar las Historias Infantiles. neste momento a ler literatura uma vida normal, como saberem componentes gráficas e ilustrativas perceptivas, diferentes para a infância, porque alguns dos ler anúncios ou um aviso para são diferentes? O álbum será uma perspectivas intelectuais e 77 milhões de não leitores melhores escritores são desta área. que não caiam num buraco mais influência dos meios visuais que emotivas e dar sentido às Para Galeno Amorim, escritor Redescobrem assim o prazer de adiante, então pouco importa o está a contaminar a escrita para as situações. Permite-nos dominar e jornalista brasileiro, “é uma boa história, como nos casos que lêem. Para isso, servem os crianças? No fundo, pôr o livro em as possibilidades da linguagem e fundamental ler, não importa o das imaginadas por J.K. Rowling, jogos de computador, os jornais, as questão.” essa é a matéria-prima do nosso suporte. Ler (ou ouvir ou tactear!) Philip Pullman e outros.” bandas desenhadas ou a televisão. Um estudo do Reino Unido pensamento. O mundo torna-se livros, revistas, jornais, histórias Outros especialistas vão passar Se quisermos formar leitores relativo a 2008, que será mais inteligível (e por conseguinte aos quadradinhos, tudo. Mas, pela Gulbenkian nestes dois dias, que consigam compreender apresentado por Hunt, conclui torna-nos mais inteligentes). É uma sobretudo, ler literatura, nos seus um congresso que fecha o primeiro uma linguagem complexa, para que, “nos últimos 30 anos, ocorreu forma de desfrutar melhor o nosso mais diferentes géneros”. Foi o ciclo da Casa da Leitura, criada há que a sua vida seja também mais uma mudança radical na natureza tempo de vida.” primeiro coordenador do Plano três anos. “Eu, como português, quero formar leitores competentes. Sabendo que, quando tiver uma grande massa de leitores competentes, terei uma maior capacidade de ter leitores literários”
  • 3. P2 • Quinta-feira 22 Janeiro 2009 • 5 Os meus livros em criança Júlio Machado Vaz Eduarda Abbondanza Miguel Guilherme José Rodrigues João Pedro Lucas 59 anos 50 anos 50 anos dos Santos 11 anos Psiquiatra Directora da Moda Lisboa Actor Aluno do 6.º ano 44 anos Quando penso nos meus livros O meu pai tinha uma indústria Quando decidi que queria começar Jornalista e escritor Já li os livros todos do Harry Potter, de infância, o primeiro lugar tem gráfica e por isso havia muitos a ler livros sem bonecos, peguei alguns da colecção Uma Aventura inquilino perpétuo — os livros dos livros lá em casa (em Campo nos Cinco (Enid Blyton). Mas como Quando era miúdo, em Tete e outros da Viagens no Tempo (Ana Cinco, de Enid Blyton. O dono da de Ourique, Lisboa). Além da aprendi a ler tarde, por volta (Moçambique), lia sobretudo Walt Maria Magalhães e Isabel Alçada). Livraria Latina (Porto) telefonava imagética das aventuras de Enid dos oito anos, chegava ao fim de Disney, Tarzan, Spirou, Gaston Gostei muito do Marley, Um Cão a avisar da chegada de mais um, e Blyton (Os Cinco, Os Sete e as uma página muito cansado e já Lagaffe, Mundo de Aventuras, Especial ( John Grogan). Agora meu pai trazia-o à hora de jantar. Gémeas), tinha um imaginário de esquecido do que acontecera no Selecções do Reader’s Digest e estou a ler o Eragon (Christopher Porque a “ressaca” entre cada fadas muito presente. Chegava início. Mas não desisti. Também lia romances de cowboys, alguns Paolini). Leio porque gosto, um deles era longa, obrigava-me a fazer buraquinhos no jardim Walt Disney, as histórias do Pato bem grossos. Fui para Lourenço porque os livros são interessantes a um exercício de autodisciplina para encontrar tesouros. Lembro- Donald, do Tio Patinhas. Antes Marques com nove anos e e emocionantes. É a minha mãe férrea, lendo apenas dez páginas me de ter lido Tom Sawyer e mesmo de conseguir ler, “via os dediquei-me ao Astérix, Tintin, que os escolhe, mas, se eu gostar de cada vez. Um verdadeiro o Principezinho, mas também bonecos” nos livros do Tintin. Michel Vaillant, Os Sete e Os Cinco. do primeiro e for uma série, vou suplício para quem vibrava com as Albert Camus e Luiz Pacheco. Li Ainda hoje volto muito ao Tintin. Vim para Portugal com dez anos lendo os seguintes. Desde que haja aventuras da miudagem e do fiel bastante cedo Henry Miller. Os De vez em quando, leio a colecção em 1974 e, numa primeira fase, lia mundos fantásticos e aventura, cão e também com descrições de livros que estavam nas prateleiras de uma ponta à outra. Mas foi pouco, dava a impressão de que leio. scones e sanduíches irresistíveis! de cima eram os que eu não com Alexandre Dumas (Os Três havia menos livros disponíveis em Mas recordo outras leituras: os devia ler, os mais interditos, mas Mosqueteiros e Vinte Anos Depois), Portugal do que em Moçambique. Depoimentos recolhidos por Rita fascículos do Cavaleiro Andante, eu empoleirava-me e chegava aos 12 anos, que senti intensamente A partir dos 12 anos, comecei Pimenta Sandokan, o Tigre da Malásia lá. A minha infância foi rodeada o prazer da leitura, de uma forma a ler muitos livros de ciência, (Emilio Salgari), a lendária de rapazes, muitos primos. A que não mais se repetiu. Só queria em particular astronomia e Condessa de Ségur (Sophie minha mãe pensava que eu nunca isolar-me do mundo e ler, ler. cosmologia, e depois passei para Rostopchine)... E as principais iria ter uns joelhos normais. As A leitura acabou por me fazer a ficção científica. Consumia um notícias dos jornais, para ver um crostas sobrepunham-se e nunca desinteressar da escola, fui por livro da colecção Argonauta de dois sorriso de aprovação no brilhante chegavam a sarar totalmente. isso um aluno mediano. Só se em dois dias. Vendo as coisas em e implacável conversador que era Mais tarde, quando todos os gostasse muito das cadeiras é que retrospectiva, o que me atraía em meu pai. meus colegas se aborreciam com conseguia resultados bons. Mas todos estes livros era sobretudo os Lusíadas, eu maravilhava-me. Dumas permitiu-me fazer grandes o lado da aventura, e penso que Herdei da minha irmã, 11 anos mais brilharetes nas aulas de História: eu foi isso que ficou. Suponho que velha que eu, um livro anotado. Eu sabia quem era o cardeal Richelieu, ainda hoje esse lado aventureiro adorava aquilo. Como os nossos o Mazarin, conhecia os reinados de influencia o meu trabalho pais trabalhavam, as brincadeiras Luís XIII e Luís XIV de França. Um — enquanto jornalista e enquanto ou se passavam na rua ou em casa sucesso. Por essa altura li também a romancista. a descobrir os segredos deles. Isso Madame Bovary (Gustave Flaubert), conseguia-se na biblioteca e na adorava aquele erotismo... Li garrafeira. muito Emilio Salgari (Sandokan, O Corsário Negro). Pus-me a ler o Deus das Moscas (William Golding) e não percebi nada. Aos 13 anos, voltei a lê-lo e adorei. É fascinante como os livros têm diferentes camadas de entendimento. Quando os revisitamos, encontramos sempre algo novo porque já não somos os mesmos.