1. JULHO / AGOSTO / SETEMBRO 2002
Volume 17 / Número 2
EDIÇÃO PORTUGUÊS
ATOS
A IGREJA
EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações
Bob Fitts
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1 / ATOS OUTUBRO/ NOVEMBRO / DEZEMBRO 2001
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AB1R/ILAT/ MOASI O / JUNHO 2002 OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBARTOOS20/ 101
2. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a Multiplicação de Congregações
Capítulo 1
A RAZÃO PARA TERMOS
IGREJAS EM CASAS
“Saudai Priscila e Áqüila, meus
cooperadores em Cristo Jesus...
saudai igualmente a igreja que se re-úne
na casa deles” (Rm 16:3-5).
‘’As igrejas da Ásia vos saúdam.
No Senhor, muito vos saúdam Áqüila
e Priscila e, bem assim, a igreja que
está na casa deles” (l Co 16:19).
“Saudai os irmãos de Laodicéia,
e Ninfa, e à igreja que ela hospeda
em sua casa” (Cl 4:15).
“Ao amado Filemom... e à igreja
que está em tua casa” (Fm 1,2).
Com base nos versículos acima, é
óbvio que a Igreja Primitiva reunia-se
em casas. Essas casas não eram o
que poderíamos chamar de um prédio
característico e específico de uma
igreja. Eram casas em que as pessoas
moravam, e eram abertas como um
local de reunião para a igreja.
A Igreja Primitiva não tinha prédi-os
de igreja. Os prédios não aparece-ram
até o ano 232 d.C. O período mais
explosivo do crescimento da Igreja na
história, até recentemente, aconteceu
durante os primeiros anos, quando não
havia nenhum prédio de igreja.
Bob Fitts
Contudo, neste exato momento, na
China, há um incomum mover do Es-pírito
de Deus que é até mesmo maior
que o crescimento inicial da Igreja.
Isso está acontecendo sem o uso de
prédios de igreja. Esse reavivamento
é um movimento de igrejas em casas.
A seguinte citação foi extraída do
Relatório Calebe da edição de Jan/Fev
de 1990 da REVISTA MINISTÉRIOS.
Este relatório foi feito por Loren
Cunningham, fundador e presidente da
JOCUM (Jovens com Uma Missão):
“De acordo com o U.S. Center For
World Mission (Centro Americano
Para Missões Mundiais), mais de
22.000 chineses estão vindo a Cristo
a cada dia. É o equivalente a 7 dias de
Pentecostes a cada 24 horas. Isso está
acontecendo neste exato momento. A
maior parte dessa explosão de uma
nova fé está vindo das comunidades
rurais da China, onde vive 80% da
população chinesa.
“Jonathan Chão, fundador da
Chinese Church Research Center
(Centro de Pesquisas da Igreja Chi-nesa),
contou-me como o reavivamen-to
chinês está sendo espalhado por
jovens, em sua maioria com idades de
15 a 19 anos. Os adolescentes vão aos
vilarejos e compartilham o Evangelho
onde ele nunca foi ouvido antes.
“Quando os convertidos são organi-zados
em pequenos grupos, os adoles-centes
chamam os ‘presbíteros’ ou
‘anciãos’ (crentes de 20 a 30 anos de
idade) para virem e ensinarem as recém-formadas
igrejas em casas. Ao mesmo
tempo, os adolescentes seguem adian-te,
para alcançarem o próximo vilarejo.
“Os pastores e mestres chineses
não têm barreiras financeiras para es-palharem
a mensagem cristã. Eles
moram com os camponeses e fazen-deiros
em cada região nova, e não
constróem edifícios. Eles têm muito
pouco e precisam de muito pouco.
“Através deste meio simples, as
Boas-Novas estão saltando sobre os
campos e montanhas da China.”
O explosivo crescimento da Igreja
que está acontecendo agora na China
tem algo em comum com o crescimen-to
da Igreja Primitiva do Livro de
Atos. Ambos são um movimento de
igrejas em casas. Este mesmo tipo de
crescimento é visto em outros países
2 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
3. hoje, onde os prédios de igrejas não
são permitidos.
Há um princípio simples que é ex-presso
aqui: Quanto mais obstáculos
que atrapalham a implantação de no-vas
igrejas forem removidos, tanto
maior será o crescimento que veremos.
Já tive experiências, tanto na im-plantação
como no pastoreamento de
igrejas em casas.
Vejo algumas claras vantagens na
implantação de igrejas em casas para
a multiplicação de igrejas:
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
FÁCEIS DE SE INICIAR
Para se implantar uma igreja numa
casa, você não precisa comprar propri-edades,
nem construir um prédio. Você
não precisa de um púlpito, bancos de
igreja, hinários, nem de um piano. Você
pode ficar sem um batistério, uma es-cola
dominical, e um pastor de jovens.
Você não precisa pertencer a uma
denominação, nem tornar-se membro.
Você não precisa ter uma reunião aos
domingos, ter um boletim da igreja,
nem ter uma reunião no mesmo lugar
todas as semanas.
Você não precisa ter uma placa
com o nome da sua igreja. Ela não pre-cisa
de um nome. Na verdade, você
nem mesmo precisa chamá-la de
“igreja”, contanto que você saiba que
ela é uma igreja. Nenhuma das situa-ções
acima são ruins ou erradas, mas
também não são necessárias. O Após-tolo
Paulo não usava nenhuma das
coisas acima em seu ministério de im-plantação
de igrejas.
Muitas das nossas igrejas moder-nas
deixaram a simplicidade do Novo
Testamento e acrescentaram tantas
coisas extras, que na verdade não são
necessárias. Por essa razão, tem fica-do
cada vez mais difícil iniciarmos
uma nova igreja.
Não podemos ir a nenhum país
hoje onde o Apóstolo Paulo implan-tou
igrejas e apontarmos para um pré-dio
e dizermos: “Aquela é a Igreja de
Corinto!” ou “Olhe para aquele lindo
prédio! É a Igreja dos Efésios!” ou
“Eis aqui a Igreja dos Tessalonicen-ses!”
Não há nenhum prédio assim.
Pelo que saibamos, as igrejas que Pau-lo
iniciou reuniam-se em casas.
Ray Willians, um amigo íntimo, é
missionário no México há 25 anos. Ele
tem sido usado por Deus para iniciar
dezenas de igrejas no México, das
quais centenas de outras igrejas têm
sido geradas.
Ele me contou recentemente, que
EDIÇÃO PORTUGUÊS
Volume 17 / Número 2
ATOS
Índice
A IGREJA EM CASAS
1. A Razão Para Termos Igrejas em Casas .... 2
2. As Igrejas em Casas no Novo
Testamento .................................................... 6
3. O que é Uma Igreja? ................................... 9
4. Implantação de Igrejas por Saturação .... 13
5. Uma Roda ou Uma Videira? ..................... 17
6. Será que os Prédios de Igrejas São
Mesmo Necessários? .................................. 18
7. Um Passo à Unidade .................................. 21
8. O que Fazemos Numa Igreja em Casa? .. 24
9. Perguntas e Respostas ............................... 27
Suplemento A – Por que a JOCUM (Jovens
com Uma Missão) Implanta Igrejas .............. 30
Suplemento B – Por que Implantar Novas
Igrejas ............................................................... 32
Como Fazer a Sua Igreja Crescer ................. 34
O Crescimento da Igreja e as Escrituras ...... 37
Diretor Responsável ................... Ralph Mahoney
Diretores ......................... Frank & Wendy Parrish
Diretores Administrativos
África .................................. Loreen Newington
Índia .................................................... Bill Scott
Internacional ................................ Gayla Dease
Artes Gráficas ... Dennis McLain & Vander Santos
Tradutor ....................................... Marcos Taveira
Revisora ........................................... Nadya Denis
Leitora de Provas ...................... Maura Ocampos
Impressão Gráfica ................ Editora Betânia S/C
VISÃO E MISSÃO
Como um ministério ao Corpo de Cristo, o
World MAP existe para:
1. Fornecer aos líderes de igrejas nos paí-ses
da Ásia, África e América Latina um
treinamento prático que os torne efica-zes
ministros do Evangelho.
2. Compartilhar com os crentes das nações
ocidentais as vitórias e as tribulações de
obreiros de igrejas nacionais, a fim de
que a Igreja: Ore mais fervorosamente e
dê mais sacrificialmente para abençoar
e desenvolver a obra dos que servem nas
linhas de frente do evangelismo.
ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publi-cada
a cada três meses pelo “World MAP”, 1419
N. San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA.
Toda correspondência deve ser dirigida para o en-dereço
acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-
970 Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail:
revista.atos@uol.com.br
SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudan-ças
de endereço para “World MAP”, Caixa Postal
5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil.
Todas as passagens das Escrituras serão da
Bíblia Sagrada, traduzida em português por João
Ferreira de Almeida – Sociedade Bíblica do Brasil
– 1981, a menos que outra fonte seja indicada.
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 3
4. certa vez, iniciou uma igreja num tri-gal.
A igreja cresceu, e dela surgiu uma
multidão de “igrejas-filhas e netas”, e
cada uma delas com uma visão de im-plantação
de novas igrejas.
Temos a tendência de tornar nos-sas
igrejas complexas demais. Deus
está nos chamando de volta à simplici-dade
e naturalidade da multiplicação.
AS IGREJAS EM CASAS
SÃO DESCONTRAÍDAS
E INFORMAIS
Vários anos atrás, levei minha fa-mília
a uma igreja cujo pastor era um
notável mestre da Bíblia. Eu gostava
muito daquela igreja e queria
freqüentá-la. No entanto, todos os
membros de lá vestiam-se com rou-pas
que eram muito caras para as con-dições
financeiras da minha família.
Algumas pessoas não frequentam
certas igrejas hoje porque o nível do
padrão do vestuário é alto demais.
Eles transformaram a igreja num even-to
“formal”. Muitos que não frequen-tam
uma igreja do tipo formal, fre-quentam
uma igreja numa casa por-que
ela é mais descontraída e tem um
ambiente informal e familiar.
Em seu livro UNDERSTANDING
CHURCH GROWTH (Comprendendo o
Crescimento da Igreja), o Dr. Donald
McGavran cita “Oito Chaves Para o
Crescimento da Igreja nas Cidades”.
A primeira delas nos dá a idéia do Dr.
McGavran sobre a importância da
implantação e multiplicação das igre-jas
em casas. Ele afirma:
“As oito chaves que estou para
mencionar não são meras adivinha-ções.
Elas descrevem princípios com
os quais concordam homens especi-alizados
no crescimento da Igreja.
“Em primeiro lugar, enfatize as igre-jas
em casas. Quando a igreja começa a
crescer, cada congregação precisa en-contrar
logo um lugar para se reunir.
“A congregação deveria reunir-se
nos ambientes mais naturais. Deveria ser
um lugar em que os não-cristãos pos-sam
vir com a maior tranqüilidade. Ela
deveria estimular os próprios converti-dos
a darem prosseguimento aos cultos.
A obtenção de um lugar de reunião não
deveria colocar um peso financeiro so-bre
as pequenas congregações.
“A igreja em casas supre todos es-ses
requisitos de forma ideal. Elas de-veriam
sempre ser consideradas, tan-to
para uma implantação inicial como
para expansões posteriores.”
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
FERRAMENTAS
EVANGELÍSTICAS
O Dr. Peter Wagner é considerado
por muitos como a maior autoridade
sobre o crescimento de igrejas hoje.
Ele diz: “O melhor método debaixo
do céu para a evangelização é a im-plantação
de igrejas. Nunca houve um
método melhor e nunca haverá.”
IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS POR
SATURAÇÃO é o nome dado à visão
que agora está sendo adotada por lí-deres
de missões no mundo todo.
Uma igreja que se divide a fim de
multiplicar-se experimenta uma adi-ção.
Uma igreja que tem o seu enfoque
somente na adição tem a tendência de
atolar-se e estagnar-se.
O objetivo de muitos líderes de
igrejas tem sido o de se tentar fazer
uma só congregação muito grande, em
vez de se multiplicar as congregações.
Contudo, a Igreja de qualquer cidade
aumenta muito mais rapidamente pela
multiplicação das congregações do
que pela tentativa de se edificar uma
só super-congregação.
A maior igreja do mundo encon-tra-
se em Seul, Coréia, sob a lideran-ça
pastoral do Dr. Yonggi Cho, que
tem aplicado o princípio de multipli-cação.
A sua igreja está evangelizan-do
a Cidade de Seul de uma maneira
notável, multiplicando as congrega-ções,
que são chamadas de “células”.
Eles se dispuseram a dividir-se a fim
de se multiplicarem, e a adição tem
sido incrível.
AS IGREJAS EM CASAS
FACILITAM O TREINAMENTO
DE PASTORES E LÍDERES
Os educadores têm entendido há
muito tempo que o melhor método de
treinamento ainda é o método de apren-dizagem,
isto é, o treinamento de “um
mestre a um aprendiz na prática”. É o
que um ferreiro, encanador, ou advo-gado
teria recebido há cem anos atrás.
Eles aprendiam observando e pratican-do,
e, ao mesmo tempo, sendo respon-sáveis
a um mestre na profissão.
Esse era o método de Jesus. Seus
discípulos aprendiam observando, ou-vindo
e praticando, enquanto con-viviam
com o Próprio Mestre dos mes-tres.
Nas igrejas em casas os pastores
podem ser treinados no sentido de fa-zerem
de fato a obra de pastoreio. Ao
mesmo tempo, eles estão sob a super-visão
de um pastor sênior. Eles cres-cem
à medida que a igreja cresce sob
a liderança deles.
Os pastores que têm empregos re-munerados
de tempo integral podem
continuar, a trabalhar até que a igreja
possa sustentá-los financeiramente. Al-guns
pastorearão mais do que uma igre-ja
numa casa, uma vez que nem todas
elas se reúnem no domingo de manhã.
AS IGREJAS EM CASAS
AJUDAM A ESTREITAR OS
RELACIONAMENTOS
Uma pequena igreja numa casa
tem uma probabilidade muito maior
de que as pessoas tímidas encontrem
sua identidade no Corpo de Cristo.
Em nossa igreja em casa geralmen-te
almoçávamos juntos nos domingos.
Todas as famílias participavam, pre-parando
e servindo as refeições. A for-mação
de relacionamentos ocorre
muito mais facilmente neste tipo de
situações “familiares”.
Em seu periódico Church Growth
Report (Relatório do Crescimento da
Igreja), Win Arn faz a seguinte afir-mação
sob o título “UM PRINCÍPIO
DE CRESCIMENTO COMPROVADO”:
GRUPOS PEQUENOS EFICAZES:
“Em nossos estudos de igrejas cres-centes,
descobrimos que uma carac-terística
comum é o alto nível de ‘cola
relacionamental’ entre os membros.
Podemos chamar esta característica de
‘amor’, ‘amizade’, ‘solicitude’..., mas
é o que genuinamente atrai e retém os
membros.”
AS IGREJAS EM CASAS SÃO
ECONÔMICAS
Uma igreja numa casa pode cana-lizar
para o ministério quase todos os
seus recursos financeiros. Já que as
4 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
5. reuniões são feitas em casas, todas as
despesas com construções são evita-das.
Desta forma, somente dez famí-lias
que dizimam poderiam sustentar
financeiramente um pastor em tempo
integral.
Já que um pastor poderia supervi-sionar
mais do que uma igreja em
casa, ele não precisa receber todo o
seu sustento de uma só congregação.
As reuniões podem ser feitas em ou-tros
dias ou noites, como também aos
domingos. Ouvi sobre um pastor que
estava fazendo regularmente 12 reu-niões
em casas toda as semanas. Não
há nada no Novo Testamento que diga
que domingo às 11 horas da manhã é
a hora de a igreja se reunir. Aliás, o
padrão do Livro de Atos é que eles se
reuniam diariamente. O primeiro dia
da semana é raramente mencionado,
e nunca é enfatizado como um dia es-pecial,
separado para a adoração.
Obviamente, muitas destas igrejas
em casas são dirigidas por pastores em
treinamento. Estas pessoas possuem
empregos regulares e pastoreiam uma
igreja numa casa à medida que seu
tempo permitir.
A honra de um salário razoável de-veria
ser dada aos que estão em tem-po
integral na obra. Contudo, até mes-mo
os que servem como pastor em
tempo parcial deveriam receber uma
honra semelhante. Eles deveriam re-ceber
algumas ofertas de amor e uma
remuneração proveniente dos dízimos
e ofertas. Isso ressarciria seus gastos
e os encorajaria na obra do ministé-rio.
Quer esteja em tempo parcial ou
integral, “digno é o trabalhador do
seu salário” (Lc 10:7).
AS IGREJAS EM CASAS
PODEM RESOLVER O
PROBLEMA DO
CRESCIMENTO
Algumas das nossas congregações
crescem tanto que precisam construir
prédios maiores, alugar instalações
maiores, ou fazer dois cultos. Isso é o
que chamamos de um “problema agra-dável”.
No entanto há também uma solu-ção
agradável. Comece a treinar pas-tores,
designando-lhes uma área da ci-dade.
Em seguida, dê-lhes algumas fa-mílias
para iniciarem uma igreja em
casa nestas áreas da cidade, com o pro-pósito
de “terem um bebê”.
A coisa mais vivificante que uma
igreja pode fazer é ter um bebê. Te-nho
visto muitas e muitas igrejas mor-rendo
por causa de um espírito pos-sessivo
na liderança. As igrejas que
Deus está abençoando são as igrejas
que continuamente dão tudo o que
Deus lhes dá.
Jesus disse: “dai, e dar-se-vos-á”
(Lc 6:38). Uma igreja que dá é uma
igreja que cresce.
Michael Green é o diretor da Fa-culdade
de Saint John de Nottingham,
Inglaterra. Em seu discurso no Con-gresso
Internacional sobre a Evange-lização
Mundial em Lausanne, Suíça,
em 1974, ele falou sobre os Métodos
e Estratégias na Evangelização da
Igreja Primitiva. Ele disse: “Na Igre-ja
Primitiva, os prédios não eram im-portantes.
Eles não tiveram nenhum
prédio de igreja durante o período de
seu maior avanço.
“Hoje em dia, os prédios de igreja
parecem importantíssimos a muitos
cristãos. A sua manutenção consome
o dinheiro e o interesse dos membros.
Isso geralmente os afunda em dívidas
e os isola dos que não frequentam a
igreja.
“Em alguns casos, até mesmo a pa-lavra
‘igreja’ mudou o seu significa-do.
Ela não significa mais um grupo
de pessoas, como significava na épo-ca
do Novo Testamento. Nos dias atu-ais,
‘igreja’ muitas vezes significa in-corretamente
um prédio.”
Há muitas vantagens nas igrejas
em casas. A mais importante delas é a
simplicidade e facilidade de multipli-cação.
Os movimentos de igreja que cres-ceram
mais rapidamente na história
foram os que não tiveram enormes es-truturas
organizacionais. Os movi-mentos
mais bem-sucedidos têm
enfocado os aspectos essenciais sem
hesitações. n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 5
6. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 2
AS IGREJAS EM CASAS NO
NOVO TESTAMENTO
Durante a vida de Jesus na terra,
residências comuns e simples eram
usadas para a propagação do Evange-lho
e para o discipulado de novos con-vertidos.
Isso também aconteceu du-rante
a expansão da Igreja no Livro
de Atos. Os versículos abaixo mos-tram
isto:
Uma Casa Onde Jesus Foi
Adorado
“Entrando na casa, viram o meni-no
com Maria, sua mãe. Prostrando-se,
o adoraram; e, abrindo os seus te-souros,
entregaram-lhe suas ofertas:
ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11).
A primeira vez em que um grupo
se reuniu para adorar a Jesus e ofere-cer-
Lhe presentes foi numa casa – a
casa de Maria e José.
A Casa de Pedro Foi Usada Para
Uma Reunião de Curas
“Tendo Jesus chegado à casa de
Pedro, viu a sogra deste acamada e
ardendo em febre. Mas Jesus tomou-a
pela mão, e a febre a deixou. Ela se
levantou e passou a servi-lo. Chega-da
a tarde, trouxeram-lhe muitos
endemoninhados; e ele meramente
com a palavra expeliu os espíritos e
curou todos os que estavam doentes”
(Mt 8:14-16).
Nos primeiros dias do Seu minis-tério,
Jesus usou a casa de Pedro para
fazer reuniões de pregação, cura, e li-bertação.
O Primeiro Culto de Ceia foi
Realizado Numa Casa
Na última semana do ministério de
Jesus, Ele disse aos Seus discípulos:
“Ide à cidade ter com certo homem e
dizei-lhe: O Mestre manda dizer: O
meu tempo está próximo; em tua casa
dis-cípulos”
celebrarei a Páscoa com os meus (Mt 26:18).
O nosso Senhor poderia ter esco-lhido
celebrar a primeira Ceia com os
Seus discípulos numa sinagoga, no
Templo, ou em algum outro lugar de
importância religiosa. Contudo, Ele
escolheu celebrá-la numa casa comum
e simples.
Assim sendo, Ele deu a Sua apro-vação
à residência comum como sen-do
um lugar consagrado e santifica-do,
digno dos mais solenes cultos de
adoração.
Jesus Pregou a Multidões
Reunidas em Casas
“Vários dias mais tarde, Ele vol-tou
a Capemaum e as notícias da Sua
chegada espalharam-se rapidamente
por toda a cidade. Logo, a casa em
que Ele estava ficou tão lotada de vi-sitantes
que não havia espaço para
nem mais uma pessoa, nem mesmo
fora da porta. E Ele lhes pregou a
Palavra” (Mc 2:1,2 – A Bíblia Viva).
Jesus fez em casa as mesmas coi-sas
que fazemos em nossos prédios de
igrejas hoje em dia. Ele também fez
estas coisas ao ar livre e no pátio do
Templo.
O Pentecostes Veio a Uma Igreja
em Casa
Pentecos-tes,
“Ao cumprir-se o dia de mes-mo
estavam todos reunidos no lugar; de repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e
as-sentados”
encheu toda a casa onde estavam (At 2:1,2).
Muitos de nós nunca consideramos
o número de eventos bíblicos funda-mentais
que aconteceram em residên-cias
particulares.
LEMBRETES:
• O primeiro culto de adoração
aconteceu numa casa
• O primeiro culto de Ceia foi numa
casa
• O primeiro culto de curas foi rea-lizado
numa casa
• A primeira ocasião de pregação
do Evangelho aos gentios aconteceu
na casa de Cornélio
• O derramamento do Espírito San-to
no Dia de Pentecostes foi numa
casa, e
• As primeiras igrejas que o Após-tolo
Paulo iniciou foram todas or-ganizadas
em casas.
Através dos séculos nós perdemos
a vida que pode ser encontrada na sim-plicidade.
Ao contrário, temos acres-centado
coisas que retardaram o pro-
6 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
7. gresso e a expansão da Igreja a todas
as nações.
Nas Ruas e nas Casas
“Eles adoravam juntos, regular-mente,
no Templo, todos os dias, reu-niam-
se em pequenos grupos nas ca-sas
para a comunhão, e compartilha-vam
as suas refeições com grande ale-gria
e gratidão” (At 2:46 – A Bíblia
Viva).
A Igreja Primitiva não somente se
reunia em pequenos grupos nas casas,
mas também em reuniões maiores em
lugares públicos. O crescimento mais
rápido da Igreja acontece quando ela
não usa locais formais de reunião. Por
toda a história, a Igreja cresceu mais
rapidamente quando ela permaneceu
flexível, móvel e militante.
Saulo, o Perseguidor, Ataca as
Igrejas em Casas
Saulo começou a perseguir a Igre-ja.
Indo de casa em casa, ele arrastava
os crentes e os colocava na prisão.
“Saulo, porém, assolava a igreja,
entrando pelas casas; e, arrastando
homens e mulheres, encerrava-os no
cárcere” (At 8:3).
Onde ia Saulo de Tarso para en-contrar
o “povo do caminho” a fim de
arrastá-los à prisão e à morte? Ele os
encontrava nas casas. Ele próprio,
mais tarde, iniciaria igrejas em casas
em suas viagens missionárias.
Onde Vocês se Reúnem?
“E todos os dias, no templo e de
casa em casa, não cessavam de en-sinar
e de pregar Jesus, o Cristo” (At
5:42).
Os crentes não se reuniam no Tem-plo
em si, mas nos pátios, ou perto do
Templo, onde as pessoas se reuniam.
Eram reuniões ao ar livre.
A HISTÓRIA DO CRISTIANISMO de
Lion afirma que os cristãos não ti-nham
nenhum prédio especial, mas
reuniam-se em casas particulares:
“Rústico, o Perfeito, perguntou o
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 7
8. vendo os irmãos, os confortaram. En-tão,
partiram” (At 16:40).
A Igreja de Filipos foi formada na
casa de Lídia. O Livro de Atos não
conta como a igreja cresceu. Muito
provavelmente, quando o grupo não
podia mais caber na casa de Lídia, os
membros formaram uma outra igreja
em casa em alguma outra parte da ci-dade.
Desta maneira eles continuaram
a dividir-se e a multiplicar-se.
A Igreja Primitiva não
somente se reunia em
pequenos grupos nas casas,
mas também em reuniões
maiores em lugares
públicos. O crescimento
mais rápido da Igreja
acontece quando ela não
usa locais formais de
reunião. Por toda a
história, a Igreja cresceu
mais rapidamente quando
ela permaneceu flexível,
móvel, e militante.
seguinte a Justino Mártir (100-165
d.C.): ‘Onde vocês se reúnem?’ Justi-no
disse: ‘Onde as pessoas escolhem
e podem, ou você supõe que todos nós
nos reunimos exatamente no mesmo
lugar? Nada disto, porque o Deus dos
cristãos não está confinado (restrito)
a um só lugar’.”
Em seu livro CELLS FOR LIFE (Cé-lulas
Para a Vida), Ron Trudinger diz:
“Eles iniciaram a prática de se reu-nirem
diariamente no Templo e de
partirem o pão de casa em casa.
Esta última frase também pode-ria
ser traduzida por: ‘nas várias
casas particulares’.
“A oposição dos judeus logo
impediu o uso do Templo pêlos
cristãos. As sinagogas foram usa-das
por algum tempo, mas não de-morou
muito até que muitas de-las
fossem fechadas aos cristãos
(veja Atos 19). No entanto, con-tinuamos
encontrando muitas re-ferências
em Atos e nas Epísto-las
de igrejas em casas.”
A Igreja em Casa que Abriu o
Evangelho às Nações
“No dia imediato, entrou em
Cesaréia. Cornélio estava espe-rando
por eles, tendo reunido
seus parentes e amigos íntimos.
Aconteceu que, indo Pedro a en-trar,
lhe saiu Cornélio ao encon-tro
e, prostrando-se-lhe aos pés,
o adorou... Pedro... entrou, en-contrando
muitos reunidos ali” (At
10:24-27).
Esse é um bom exemplo de como
iniciarmos uma igreja em casa. Al-guém
que esteja faminto por Deus re-úne
vários membros de sua família e
amigos. Aí então esta pessoa pede que
o homem de Deus venha e comparti-lhe
a Palavra de Deus. Tão simples
assim!
A reunião na casa de Cornélio foi
um irrompimento histórico. Ela con-venceu
os crentes judeus que as Boas-
Novas eram para todas as nações, e
não somente para os judeus.
A Casa de Lídia Foi a Primeira
Igreja da Europa
“Tendo-se retirado do cárcere, di-rigiram-
se para a casa de Lídia e,
A Casa Alugada de Paulo
“Por dois anos, permaneceu Pau-lo
na sua própria casa, que alugara,
onde recebia todos que o procuravam,
pregando o reino de Deus, e, com toda
a intrepidez, sem impedimento algum,
ensinava as coisas referentes ao Se-nhor
Jesus Cristo” (At 28:30,31).
Estas palavras finais do Livro de
Atos revelam que, em Roma, Paulo
usou sua casa alugada para divulgar
as Boas-Novas do amor de Deus.
O movimento que cresce mais ra-pidamente
no mundo hoje começou
em casas. O movimento cristão teve
o seu maior crescimento enquanto os
seus membros permaneceram flexí-veis
e móveis. Os cristãos multiplica-ram-
se mais quando o seu objetivo
principal era os relacionamentos, e
não os rituais.
Da Sombra à Substância
Todos os tipos e sombras do Anti-go
Testamento foram totalmente cum-pridos
em Cristo. Não precisamos
mais do Tabernáculo, das vestes sa-cerdotais
do Templo, da sua mobília,
ou de nenhuma outra coisa semelhan-te.
Cristo é tudo e em todos. Somos
completos n’Ele.
Não precisamos mais de um
“Lugar Santo”, como tinham os
judeus. Não precisamos de um al-tar
de incenso, da pia, dos pães
da proposição, nem do Urim ou
Tumim. Não precisamos das som-bras,
pois temos a substância – O
NOME DELE É JESUS.
Analisemos agora João 4:20-
23, quando a mulher de Samaria
disse a Jesus: “Nossos pais ado-ravam
neste monte; vós, entretan-to,
dizeis que em Jerusalém é o
lugar onde se deve adorar. Dis-se-
lhe Jesus: Mulher, podes crer-me
que a hora vem, quando nem
neste monte, nem em Jerusalém
adorareis o Pai. Vós adorais o
que não conheceis; nós adoramos
o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus. Mas
vem a hora e já chegou, em que
os verdadeiros adoradores ado-rarão
o Pai em espírito e em ver-dade;
porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores”.
Jesus esclareceu que DA SUA ÉPO-CA
EM DIANTE Jerusalém não era um
lugar mais santo que Samaria. Isso se
devia ao fato de que ELE HAVIA VIN-DO.
Em Sua vinda, Ele colocaria um
fim para sempre na idéia de lugares
santos. Isso porque Ele Próprio havia
cumprido todos os tipos e sombras do
Antigo Testamento.
Louvemos ao Senhor por termos
sido libertos de toda escravidão refe-rente
a um lugar onde possamos ado-rar
a Deus. Regozijemo-nos porque
fomos libertos do legalismo. Somos
livres para adorá-Lo quando estiver
mos a sós ou com outras pessoas. So-mos
livres para adorarmos a qualquer
hora, dia ou noite, em qualquer lugar
que escolhermos. n
8 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
9. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 3
O QUE É UMA IGREJA?
“Talvez você pense que foi uma ta-refa
fácil. No entanto, ficamos muito
frustrados.
“Considere todas as circunstânci-as
das pessoas na terra. Aí então exa-mine
todos os vários modelos da Igre-ja
na Bíblia. Agora você começará a
entender a nossa frustração. Após
muitas horas de discussão havíamos
produzido muitos modelos bons. Con-tudo,
não encontramos nenhuma de-finição
absoluta para a Igreja, a não
ser ‘pessoas movendo-se juntamente
sob o senhorio de Jesus’.”
Gosto da definição “pessoas mo-vendo-
se juntamente”. A maioria de
nós fomos levados a crer que a igreja
é um prédio – algo imóvel.
Se Deus estremecesse e retirasse
Uma igreja certamente não é aque-le
prédio da esquina, com as lindas ja-nelas
de vitrais e o campanário em
cima. A igreja talvez se reúna lá, mas
este prédio não é a igreja.
A palavra original no grego,
ekklesia, é composta por duas palavras:
ek, que significa “para fora de” e kalleo,
que significa “Eu chamo”. O signifi-cado
pleno e simples de “igreja”, de
acordo com a palavra grega original, é
“Eu chamo para fora de”.
Quando Jesus disse: “Edificarei a
Minha Igreja”, Ele estava dizendo:
“Chamarei o Meu povo para fora do
mundo. Eles se reunirão em Meu Nome
e as portas do Inferno não prevalece-rão
contra eles.” Isso mostra que o povo
de Jesus chamado para fora se agrupa-rá
como um exército. Eles tomarão o
mundo para Ele. O inimigo não será
capaz de parar este avanço. Este exér-cito
invencível será motivado pelo
amor de Deus no coração de seus mem-bros.
Eles terão uma mensagem de
amor e perdão em seus lábios.
Na verdade, ekklesia tem dois sig-nificados:
o de sermos chamados para
fora e o de estarmos reunidos. Não
podemos experimentar a Igreja até que
nos reunamos.
A minha esposa e eu somos UM.
Somos UM até mesmo quando estiver-mos
separados um do outro, por mui-tos
quilômetros de distância. Porém,
não experimentamos os benefícios e
bênçãos da nossa união matrimonial
até que nos reunamos.
Semelhantemente, você e todos os
outros crentes da sua cidade constitu-em
a Igreja desta cidade. Mesmo quan-do
vocês não estiverem reunidos, ain-da
assim são a Igreja. Mas vocês não
podem receber os benefícios e bênçãos
da Igreja até que se reúnam.
“Reunir-se” não significa que vocês
precisam estar no mesmo lugar ao mes-mo
tempo. Isso provavelmente nunca
acontecerá em nenhuma cidade.
“Pessoas Movendo-se
Juntamente”
John Dawson, em seu livro TAKING
OUR CITIES FOR GOD (Tomando Nos-sas
Cidades Para Deus), diz: “Não há
nenhum modelo absoluto para o que
deveria ser uma igreja local.
“Certa vez eu passei uma tarde
com mais de cem líderes espirituais
de várias denominações. Tentamos en-contrar
uma definição universal de
uma igreja local bíblica.
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 9
10. todas as coisas até que não houvesse
nada, senão uma simples e básica igre-ja
neo-testamentária, o que teríamos
de sobra?
Imagine que eu tirasse todas as
coisas desnecessárias do que eu en-tendo
ser uma igreja. O que permane-ceria?
O nosso propósito neste capí-tulo
é respondermos essa pergunta.
Em primeiro lugar examinemos a
palavra “paraigreja”.
O que é Uma Paraigreja?
Li recentemente um livro que pro-curava
explicar a natureza da igreja.
Um subtítulo do livro era “Qual é o
Relacionamento da Igreja com as Or-ganizações
Paraeclesiásticas?” O au-tor
fez a seguinte observação:
“A Bíblia é clara no sentido de que
é através da Igreja que Deus realizará
o Seu grande propósito. Contudo, a
Igreja nem sempre tem sido o que de-veria
ser. Por esta razão, muitos cren-tes
ficam desanimados com a Igreja.
Eles percebem que a Igreja, da forma
como é, não supre certas necessida-des
óbvias.
“Cristãos cuidadosos e solícitos
têm desejado suprir as necessidades
urgentes. Por essa razão, eles têm es-tabelecido
sociedades missionárias,
orfanatos, organizações para homens
de negócios cristãos, e outras institui-ções
semelhantes.
(Nota do Editor: Estas organiza-ções
são geralmente chamadas de “mi-nistérios
paraeclesiásticos”. A palavra
“paraigreja” ou “paraeclesiástico” sig-nifica
“fora da igreja” ou “paralelo à
igreja”.)
“À medida que Deus continuar a
restaurar e fortalecer a Sua Igreja, a
necessidade dessas organizações exis-tirem
diminuirá. As comunidades
eclesiásticas estarão ministrando às
necessidades das pessoas em toda par-te.”
É óbvio na citação acima que o es-critor
tinha um forte sentimento de que
“paraigreja” não era realmente “igre-ja”
absolutamente. Parece que ele acha
que algo inferior à “igreja” apareceu,
até que a igreja verdadeira possa ser
curada ou despertada para fazer a obra
que deveria estar fazendo. Este é um
clássico exemplo da seguinte idéia: “Se
você não for parecido com uma igreja,
então não é uma igreja.”
O fato é que, quando uma organi-zação
“paraeclesiástica” é constituí-da
de crentes nascidos de novo em
Jesus e eles se reúnem para servi-Lo
e adorá-Lo, ela não é uma “paraigre-ja”
– é uma igreja!
A Igreja São Pessoas
A igreja não é uma organização,
instituição, ou denominação. São
“pessoas movendo-se juntamente sob
o senhorio de Jesus”.
Seria difícil encontrarmos uma
verdadeira organização “paraeclesiás-tica”.
Uma organização destas, com-posta
por cristãos, não seria uma “pa-raigreja”.
Seria uma IGREJA – O
POVO DE DEUS CHAMADO PARA
FORA! Até mesmo se alguns membros
não fossem nascidos de novo, ainda
assim seria uma igreja. Qual é a igre-ja
que não tenha algumas pessoas não-salvas
frequentando os cultos?
Há alguns anos eu também tinha
uma idéia incorreta sobre as paraigre-jas.
Em meu ministério de ensino eu
geralmente dizia: “Se a igreja estives-se
fazendo o que deveria estar fazen-do
não precisaríamos de todas estas
organizações paraeclesiásticas.”
Nunca me ocorreu que as pessoas
paraeclesiásticas constituíam uma
igreja exatamente da mesma maneira
que nós, muito embora o prédio em
que se reuniam não tivesse o mesmo
formato que o nosso. Eu não percebia
que elas eram o povo de Deus, mo-vendo-
se juntamente sob o senhorio
de Jesus.
Meu filho mais velho é membro de
uma organização “paraeclesiástica” há
muitos anos. Seu grupo está fazendo
um trabalho notável em missões e
evangelização. Ele está crescendo
muito rapidamente em todo o mundo.
Alguns anos atrás meu filho e eu
estávamos discutindo o futuro dele
com essa organização específica.
Compartilhei que eu tinha algumas
idéias negativas sobre aquela orga-nização,
porque ela não era uma igre-ja,
e sim uma organização “paraecle-siástica”.
Aparentemente ele foi apologético
10 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
11. e concordou plenamente comigo. Ele
disse que o que ele e os outros esta-vam
fazendo naquela organização es-tava
sendo maravilhosamente abenço-ado
por Deus. No entanto, ele achava
que o ministério da organização ainda
não era o que Deus realmente queria.
Isso se devia ao fato de que aquele mi-nistério
não estava sendo feito através
de uma igreja, mas sim de uma
“paraigreja”. (Ele também estava con-fuso
sobre “igreja” e “paraigreja”.)
Um dia ou dois mais tarde eu esta-va
dirigindo o meu carro e pensando
sobre a minha conversa com o meu
filho. Senti o Senhor docilmente me
perguntando: “O que é que faz de uma
organização uma igreja?”
Enquanto eu tentava responder
esta pergunta, senti que Deus estava
me dando uma revelação. Eu nunca
havia visto antes tão claramente como
vi naquele momento.
Uma organização não é uma igre-ja
pelo fato de ter um prédio com um
certo formato que as pessoas chamam
de igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
sido devidamente registrada pelo go-verno
federal como sendo uma igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
sido reconhecida por uma sede
denominacional como sendo uma
igreja.
Não é uma igreja pelo fato de ter
cultos regulares aos domingos pela
manhã, e por praticar o batismo e a
Ceia do Senhor.
Não é uma igreja pelo fato de se
reunir regularmente ou num determi-nado
local.
É UMA IGREJA SIMPLESMENTE
E SOMENTE PELO FATO DE SER O
POVO DE DEUS CHAMADO PARA
FORA, MOVENDO-SE JUNTAMEN-TE
SOB O SENHORIO DE JESUS.
O autor do livro / WILL BUILD MY
CHURCH (Edificarei a Minha Igre-ja),
Alfred Kuen escreveu:
“E fácil ficarmos atolados com as-suntos
e questões insignificantes. Apa-rentemente
não há uma forma bem
clara e precisa de se definir uma igre-ja
local.
“Quando, então, um corpo de cren-tes
poderá ser chamado de Igreja? Eu
pessoalmente tenho a tendência de
aceitar uma definição simples: um
corpo de crentes pode ser chamado de
igreja sempre que um grupo se reunir
regularmente para uma edificação mú-tua.
“Porque, onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, ali estou
no meio deles” (Mt 18:20).
“É claro o que Tertuliano, um dos
patriarcas da Igreja Primitiva, achava
ser o significado das palavras de Je-sus.
Tertuliano disse: ‘Onde houver
dois ou três crentes, até mesmo lei-gos,
aí haverá uma igreja’.”
Jim Montgomery, autor de DAWN
2000: 7 MILLION CHURCHES TO GO
(Alvorada 2000: Ainda Faltam 7 Mi-lhões
de Igrejas) também aborda a
questão “O que é uma igreja?”. Ele
escreve: “Estou impressionado com a
maneira pela qual um grupo de cris-tãos
enfrentou esta questão bem fun-damental
na China.
“Esses crentes chineses comenta-ram:
‘Muitos cristãos mais velhos dis-seram
que não podiam predizer a for-ma
futura das igrejas chinesas. Eles
recorreram à Bíblia para encontrarem
uma resposta. Eles descobriram que
o formato de igrejas em casas era uma
igreja legítima. Paulo menciona uma
igreja em casa em l Coríntios 16:19.
“Mais tarde encontramos um livro
escrito por Wang Ming-dao. Ele era
talvez o crente mais respeitado na
China no que se refere à igreja. Por
causa da sua fé ele ficou preso por
mais de 20 anos. Ele acreditava que
onde houvesse cristãos havia uma
igreja.
“Estávamos felizes com relação a
isto. O nosso grupo consistia de ape-nas
algumas pessoas. Contudo, supú-nhamos
que éramos de fato uma igre-ja
e que a nossa Cabeça era Jesus.
“A afirmação de Wang Ming-dao
‘Onde há cristãos há uma igreja’ é uma
definição profunda, especialmente
pelo fato de ser proveniente de uma
igreja que está crescendo rapidamen-te
e que está trabalhando sob as mais
difíceis circunstâncias.”
Uma Congregação de Crentes é
Uma Igreja
Há alguns meses eu estava ensi-nando
um pequeno grupo de crentes
na vila de La Rumurosa, no Antigo
México. Eu estava explicando Mateus
18:20 – “Porque, onde estiverem dois
ou três reunidos em meu nome, ali
estou no meio deles.”
Em espanhol, este versículo é o se-guinte:
“Donde hay dos o três con-gregados
en Mi Nombre, alli estoy en
médio de ellos.”
Uma palavra saltou aos meus
olhos. Eu nunca a havia notado antes.
É a palavra espanhola congregados,
que significa “reunidos” em por-tuguês.
“Reunidos” significa “congrega-dos”.
“Onde dois ou três estiverem
CONGREGADOS em Meu Nome, aí es-tou
Eu no meio deles.” Isto me fez
lembrar da palavra “congregação”.
Então perguntei ao grupo de cren-tes
mexicanos: “De acordo com este
versículo, quantas pessoas são neces-sárias
para termos uma congregação?”
Enquanto eu aguardava que eles res-pondessem,
fui surpreendido com o
peso da resposta que estava se forman-do
em minha própria mente.
Duas ou três pessoas é tudo o que
é necessário para termos uma congre-gação
– uma congregação de crentes
com Jesus no meio é uma igreja! Isso
não significa que os dois ou três se-jam
simplesmente quaisquer pessoas.
Significa duas ou três pessoas que se-jam
chamadas pelo nome de Jesus,
porque pertencem a Ele.
Jesus no Meio
“Jesus dentro do coração” é a ex-periência
do indivíduo em seu cami-nhar
particular com o Senhor.
“Jesus no meio” tem o mesmo sig-nificado
no contexto de uma comuni-dade
de igreja.
“Jesus no meio” significa Jesus
andando em nosso meio, tocando-nos,
falando conosco através dos dons do
Espírito. É Jesus fluindo por intermé-dio
dos membros do Seu Corpo, a
Igreja.
“Jesus no meio” é a experiência
corporativa. “Jesus dentro do cora-ção”
é a experiência particular.
Quando dois ou três crentes ver-dadeiros,
nascidos de novo, se reúnem
em Seu Nome, Jesus está NO MEIO.
Jesus em nosso meio é IGREJA!
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 11
12. Essa experiência é diferente de
quando temos Jesus no coração. Não
podemos experimentar Jesus em nos-so
meio enquanto estamos sozinhos.
Somente podemos ter essa experiên-cia
quando estivermos na companhia
de outros – pelo menos uma ou duas
outras pessoas.
Será que dois ou três juntos são
uma igreja no mais pleno sentido da
palavra? Sim, são uma igreja no mais
pleno sentido da palavra. É a igreja
básica.
Podemos ter mais do que dois ou
três, e, ainda assim, ser uma igreja, uma
igreja no sentido mais pleno, mas ela
não se torna mais igreja pelo fato de
haver mais de dois ou três membros.
Ela apenas se torna uma igreja maior.
O Papel dos Líderes de Igrejas
E os pastores, mestres, apóstolos,
evangelistas, e profetas? Será que uma
organização poderá ser uma igreja sem
que esses ministérios estejam presen-tes?
Sim, será uma igreja, até mesmo
sem todos os ministérios citados aci-ma.
O quarto Capítulo de Efésios diz
que o Senhor deu esses cinco minis-térios
à Igreja. Ele deu esses dons a
algo que já existia.
Quando Paulo saiu de Antioquia
em sua Primeira Viagem Missionária,
ele estabeleceu igrejas em quatro ci-dades.
Em seu caminho de volta à
Antioquia, ele ordenou presbíteros
para essas igrejas.
Isso indica que o Espírito Santo,
que é o Autor do Livro de Atos, sabia
que elas eram igrejas ANTES que a li-derança
fosse designada.
“E, tendo anunciado o evangelho
naquela cidade efeito muitos discípu-los,
voltaram para Listra, e Icônio, e
Antioquia, fortalecendo a alma dos
discípulos, exortando-os a permanecer
firmes na fé; e mostrando que, através
de muitas tribulações, nos importa
entrar no reino de Deus. E, promoven-do-
lhes, em cada igreja, a eleição de
presbíteros, depois de orar com jejuns,
os encomendaram ao Senhor em quem
haviam crido” (At 14:21-23).
Os presbíteros foram escolhidos
dentre os discípulos que constituíam
as igrejas. Os discípulos eram pesso-as
chamadas por Deus das trevas para
a luz. Esse tipo de pessoa constitui a
IGREJA! Observe que o escritor de
Atos usa as palavras “discípulos” e
“igreja” de uma forma intercambiável.
Observe também que Paulo achou
seguro deixar aquelas igrejas recém-formadas
nas mãos do Senhor, em
quem as pessoas haviam crido. Esta é
uma afirmação fundamental e precisa
ser compreendida mais plenamente.
Nós, que estamos em posições de
liderança na igreja, às vezes coloca-mos
erroneamente uma importância
demasiada sobre nós próprios. Faze-mos
isso quando presumimos que a
igreja não pode funcionar sem a nos-sa
total “supervisão e vigilância” com
relação ao rebanho.
O bispo, presbítero, ou pastor é um
supervisor e alimentador. Ele funcio-na
como um pai ou uma enfermeira
aos seus “filhos” espirituais. No en-tanto,
é preciso que haja um limite à
sua supervisão espiritual. Muitos lí-deres
violam esse princípio frequen-temente.
A nossa violação principal como
líderes de igreja é que tiramos quase
que por completo a capacidade de
ministração dos membros e entrega-mos
esta capacidade ao “clero profis-sional”.
O que é Então Uma Igreja?
Se retirarmos tudo o que não é es-sencial
na igreja sobrará somente o
que é essencial. Teríamos então a Je-sus
e pelo menos duas pessoas que se
reuniram em Seu Nome.
Duas pessoas que nasceram de
novo, reunindo-se para reconhecerem
a presença de Jesus, são uma igreja
em seu nível mais básico. Não impor-ta
onde e nem quando estas duas pes-soas
se reúnem. Quando elas se reú-nem
para honrarem a Jesus isto ainda
é uma igreja.
Isso, obviamente, não significa que
esse nível essencial é onde o Senhor
quer que operemos o tempo todo. Lou-vado
seja Deus por grupos maiores.
No entanto, nunca percamos de vista
a igreja básica. Se o fizermos teremos
a tendência de cairmos de volta em
formalismos, rituais, cerimônias, re-ligiosidade,
e legalismo. n
12 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
13. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 4
IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS
POR SATURAÇÃO
O principal defensor de implanta-ção
de igrejas do Século XX foi o fa-lecido
Dr. Donald McGavran. No
DAWN REPORT (Relatório da Alvora-da),
Jim Montgomery conta o seguin-te
incidente:
“Durante os últimos meses da en-fermidade
de Mary McGavran, a mi-nha
esposa Lyn passava frequente-mente
algum tempo com ela. O
Donald McGavran estava presente
também. Ele não fazia caso do seu
próprio câncer doloroso enquanto to-mava
conta da sua amada Mary.
“ ‘Vocês podem ter a certeza de que
o Jim e eu continuaremos o nosso
compromisso com relação ao cresci-mento
das igrejas depois que você fa-lecer’,
disse Lyn ao Donald certo dia.
‘“Não o chame mais de crescimen-to
de igreja’, foi a sua rápida respos-ta.
‘Chame-o de multiplicação de igre-jas!’
“Duas semanas antes da sua morte
ele disse: ‘A única maneira pela qual
completaremos a tarefa da Grande
Comissão é implantando uma igreja
em todas as comunidades do mundo.’”
O Movimento A. D. 2000 e Além
O Movimento A.D. 2000 e Além
está ganhando um impulso em todo o
mundo. O seu objetivo é mobilizar o
Corpo de Cristo a trabalhar diretamen-te
no cumprimento da Grande Comis-são
em nossa época.
É uma visão que está sendo adota-da
por igrejas, organizações missio-nárias
e denominações em todo o mun-do.
Há mais interesse hoje em missões,
na evangelização do mundo, e na implan-tação
de igrejas do que em qualquer ou-tra
época da história.
O seguinte diagrama mostra o nos-so
progresso na conclusão da Grande
Comissão:
Não Crentes
Para Cada Crente
Ano = D.C. Proporção
100 360 para 1
1000 220 para 1
1500 69 para 1
1900 27 para 1
1950 21 para 1
1970 11 para 1
1990 7 para 1
2000
?
O Dr. Ralph Winter é o fundador
do U.S. Center For World Mission
(Centro Americano Para Missões
Mundiais). Com relação a este diagra-ma
ele diz o seguinte: “Nos últimos
20 séculos, os mansos têm herdado a
terra silenciosamente!”
Ao estudar o diagrama acima você
perceberá que há 1900 anos, havia 360
pessoas não-salvas no mundo para
cada crente nascido de novo. Esta era
uma proporção de 360 para 1.
No ano de 1500, esta proporção já
havia sido reduzida a apenas 69 para
1. No início do século passado, esta
proporção já havia caído a 27 para 1.
Veja agora o que está acontecen-do.
Desde 1950 somente, a propor-ção
de não-cristãos para verdadeiros
crentes foi reduzida em 67%. Ela
passou de 21 para l a apenas 7 para
l!
Exatamente como Jesus predis-se,
a Sua Igreja está penetrando
irresistivelmente em toda a Terra.
Estamos chegando mais perto do
tempo em que verdadeiramente “a
terra se encherá do conhecimento da
glória do Senhor” (Hc 2:14).
Igrejas em Todos os Bairros
Jesus ordenou que a Igreja fosse a
todo o mundo e discipulasse todas as
nações.
A palavra “nação” significa grupo
étnico, ou um grupo em que as pesso-as
compartilham da mesma cultura e
língua. De acordo com líderes missi-onários,
há aproximadamente seis mil
nações ou grupos étnicos que ainda
não possuem uma igreja.
São necessárias mais do que algu-mas
igrejas para se discipular uma
nação. A única maneira de fazê-lo é
por intermédio de implantação de
muitas igrejas dentro dessa nação.
Isso requer uma estratégia de IM-PLANTAÇÃO
DE IGREJAS POR SATU-RAÇÃO,
que significa a implantação de
igrejas em todos os bairros com uma
população de 500 a 1000 pessoas.
Esta visão de IMPLANTAÇÃO DE
IGREJAS POR SATURAÇÃO não é so-mente
para nações em desenvolvimen-to.
É para todas as nações, incluindo-se
as da Europa, América Latina e
América do Norte.
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 13
14. A maioria dos líderes das igrejas
existentes não ficam nervosos ao pen-sarem
sobre um movimento de igre-jas
em casas, se esse movimento esti-ver
localizado do outro lado do mun-do.
No entanto, se o movimento esti-ver
acontecendo em suas cidades, po-derá
haver uma reação bem diferente.
Damos brados de louvores a Deus
por todos os chineses que estão sendo
salvos por causa do movimento de igre-jas
em casas na China. Contudo, os
brados param e, às vezes, tornam-se um
resmungo de protesto se esse movi-mento
chegar em nossas cidades. Por-quê?
Muitos temem que isso cause uma
divisão dentro de suas igrejas e leve
embora alguns de seus membros.
Seria bom se pudéssemos ver o
movimento de igrejas em casas como
uma multiplicação de congregações.
Aí então todas as igrejas de uma dada
cidade poderiam tornar-se ativas na
multiplicação de congregações, em
vez de tentarem edificar uma só con-gregação
gigantesca.
Seríamos desafiados na área do
preparo de novos líderes. Nós já de-veríamos
mesmo estar treinando líde-res.
“O campo é o mundo” (Mt 13:38).
Sempre é o tempo certo para alcan-çarmos
todos os não-salvos em todo
o mundo.
Ninguém deveria dizer: “Ei, não
comece uma igreja aqui. Este é o MEU
território!” Não há nenhuma igreja
que esteja alcançando todos os não-salvos
em uma cidade, ou mesmo em
alguma região ou bairro. Precisamos
de toda ajuda que pudermos obter para
alcançarmos os necessitados.
Se um movimento de igrejas em
casas acelerasse a evangelização da
minha cidade, eu gostaria de iniciar
tantas igrejas em casas quanto possí-vel.
Eu tomaria as providências para
que elas se multiplicassem e eu tam-bém
estimularia a quaisquer outros
pastores que amam a Jesus a multi-plicarem
as congregações na minha
própria cidade ou em outra qualquer.
Desenvolvam Líderes Leigos
Não-Remunerados
Alguns se preocupam, achando
que a multiplicação de igrejas em ca-sas
produz líderes não-qualificados.
Há uma preocupação de que líde-res
ineptos possam causar um aumen-to
de heresias e de ignorância.
Esse argumento supõe que a rápi-da
multiplicação de congregações es-vazia
o nosso suprimento de líderes
qualificados. Alguns acham que essa
multiplicação torna necessária a co-locação,
como líderes nas igrejas em
casas, de homens e mulheres que Deus
não pode usar.
Precisamos manter em mente que
Jesus não foi às instituições religio-sas
da Sua época para escolher líde-
14 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
15. res para a Sua Igreja. Ele escolheu ho-mens
que eram pescadores ignoran-tes
e leigos simples e comuns. Em se-guida
Ele os capacitou com o enchi-mento
do Espírito Santo.
Deus gosta muito de usar coisas
pequeninas e fracas. Considere a se-guinte
passagem bíblica:
“Irmãos, reparai, pois, na vossa
vocação; visto que não foram chama-dos
muitos sábios segundo a carne,
nem muitos poderosos, nem muitos de
nobre nascimento; pelo contrário,
Deus escolheu as coisas loucas do
mundo para envergonhar os sábios e
escolheu as coisas fracas do mundo
para envergonhar as fortes; e Deus
escolheu as coisas humildes do mun-do,
e as desprezadas, e aquelas que não
são, para reduzir a nada as que são; a
fim de que ninguém se vanglorie na
presença de Deus” (l Co 1:26-29).
Têm havido muitos movimentos
mundiais significativos na divulgação
do Evangelho por toda a história da
Igreja. Em cada um deles, homens e
mulheres ordinários e comuns têm
tido um papel importante.
João Wesley era um homem muito
instruído, com anos de aprendizado e
treinamento religioso. Ele foi o líder
de um dos grandes movimentos de
reavivamento e implantação de igre-jas
da história. No entanto, Wesley não
foi às escolas estabelecidas de treina-mento
religioso para encontrar os seus
pastores e líderes.
Ele disse: “Dê-me doze homens
que amem a Jesus com todo o seu co-ração
e que não temam os homens ou
os demônios. Não dou a mínima im-portância
se forem clérigos ou leigos.
Com estes homens eu mudarei o mun-do.”
E foi exatamente isso que João
Wesley fez.
Pregar o Evangelho ao ar livre na
época de Wesley era o cúmulo do sa-crilégio.
Era considerado como uma
grave afronta à Igreja estabelecida. A
Sagrada Palavra de Deus não podia
ser proclamada fora de um prédio de
igreja.
Os Irmãos Wesley e George
Whitefield sofreram anos de persegui-ções
por quebrarem as antigas tradi-ções
da Igreja estabelecida. No entan-to,
isso não os deteve.
Eles conheciam as Escrituras. Eles
estavam convencidos de que se Jesus
podia quebrar as tradições, era acei-tável
para eles fazerem o mesmo.
Agora citaremos uma vez mais os
escritos do Dr. McGavran, o “Pai” do
Movimento de Crescimento de Igre-jas.
Em seu livro UNDERSTANDING
CHURCH GROWTH (Compreendendo
o Crescimento da Igreja), ele afirma:
“Desenvolva líderes leigos não-remunerados.
Os leigos têm tido um
papel importante nas expansões urba-nas
da Igreja.
“Desde o início do crescimento de
igrejas nas cidades da América Lati-na,
homens comuns não-remunerados
dirigiram as congregações.
“Em alguns lugares, trabalhadores,
mecânicos, balconistas, ou motoristas
de caminhão ensinam a Bíblia, dirigem
as orações, contam o que Deus tem fei-to
por eles, ou exortam os irmãos. Nes-tes
lugares, o cristianismo realmente
parece natural a homens comuns.
“Estes leigos que estão no minis-tério
estão sujeitos aos mesmos ris-cos
e estão limitados pelo mesmo ho-rário
de trabalho que os membros de
suas congregações. Talvez eles este-jam
carentes na precisão dos ensinos
bíblicos ou na beleza de suas orações.
Contudo, eles compensam abundan-temente
essa falha através do contato
íntimo com as pessoas comuns.
“Nenhum obreiro remunerado que
venha de fora pode saber tanto sobre
uma região ou bairro quanto alguém
que tenha dezenas de amigos íntimos
e parentes ao seu redor.
“É verdade que em ‘território no-vo’,
alguém de fora deve ser a pessoa
indicada para iniciar novos trabalhos.
No entanto, seria melhor a pessoa en-tregar
logo a direção das novas igre-jas
a homens da própria região.”
Em seu livro BREAKING THE
STA1NED GLASSBARRIER (Quebran-do
a Barreira das Janelas de Vitrais),
David Womack escreveu: “Há somen-te
uma maneira pela qual a Grande
Comissão pode ser realizada, a saber,
estabelecendo-se congregações que
preguem o Evangelho em todas as
comunidades sobre a face da terra.”
Roger Greenway, um especialista
na evangelização de cidades, diz em
DISCIPLING THE CITY (Discipulando
a Cidade): “A tarefa evangelística da
Igreja exige que cada bairro, prédio
de apartamentos, e vizinhança tenha
uma igreja fiel à Palavra de Deus
estabelecida.”
Igrejas aos Milhões
Há pouco tempo eu estava lendo o
livro de Jim Montgomery intitulado
DAWN 2000 (Alvorada 2000). Ele tem
um subtítulo que eu quase não conse-guia
crer: AINDA FALTAM SETE MI-LHÕES
DE IGREJAS. Pensei comigo
mesmo: “Como alguém consegue até
mesmo ousar pensar em termos de
milhões de igrejas?”
Eu ainda não havia lido muito até
descobrir que eu também poderia crer
que sete milhões de igrejas pudessem
ser implantadas por todo o mundo nos
próximos anos.
Creio que seja provável porque es-tamos
no limiar do mais forte movi-mento
missionário da história do mun-do.
Há mais interesse agora em alcan-çarmos
todas as línguas, tribos e na-ções
do que jamais houve desde que
Jesus subiu ao Pai.
Há um grande clamor subindo em
todo o mundo, a saber: VAMOS TER-MINAR
A TAREFA! VAMOS CUMPRIR
O MANDAMENTO DE CRISTO DE
PREGARMOS O EVANGELHO A TO-DAS
AS CRIATURAS. VAMOS OBE-DECER
O SEU MANDAMENTO DE
DISCIPULARMOS TODAS AS NA-ÇÕES.
VAMOS TRAZER CRISTO DE
VOLTA PARA REINAR EM JUSTIÇA.
VAMOS VER OS REINOS DESTE
MUNDO TORNANDO-SE OS REINOS
DO NOSSO DEUS E DO SEU CRISTO.
Há uma grande onda que está ga-nhando
impulso diariamente.
Certamente a pedra que foi corta-da
sem mãos, que o profeta Daniel viu
em sua visão, é Cristo. Daniel nos
conta como ele viu a pedra descendo
para ferir e golpear os pés da estátua
que representa os poderes do mundo
(Dn 2:34).
Essa pedra, que é Cristo, está fi-cando
cada vez maior e ganhando im-pulso.
Ela já colidiu ruidosamente
contra os pés do sistema deste mun-do.
Em breve ela crescerá e se trans-
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 15
16. formará numa montanha que cobrirá
a terra “do conhecimento do SE-NHOR,
como as águas cobrem o mar”
(Is 11:9).
A chave para o cumprimento da
Grande Comissão é a implantação de
igrejas.
Há um plano que está atraindo a
atenção de muitos estrategistas de
missões hoje em dia. É a implantação
de uma congregação de crentes em
todas as comunidades com 500 a 1000
habitantes. Isto é a IMPLANTAÇÃO
DE IGREJAS POR SATURAÇÃO.
Teremos de jogar fora o nosso con-ceito
de igreja com janelas de vitrais.
Não podemos mais pensar em “igre-jas”
como sendo uma construção de
tijolos.
Precisamos começar a pensar em
igreja como sendo pessoas, que se re-únem
em nome de Jesus. Essas pes-soas
estão se reunindo em casas, lo-jas,
escritórios, fábricas, armazéns, es-colas,
salões fúnebres, parques, peni-tenciárias,
prisões, hospitais, prédios
abandonados, esquinas, saguões, clu-bes
femininos, clubes de serviço, e até
mesmo em prédios de igreja.
O Sistema de Aprendizes
A pergunta urgente é a seguinte:
Onde vamos arrumar todos os pasto-res
que serão necessários para dirigi-rem
todas essas novas igrejas?
Há alguns anos, na América Lati-na,
vários missionários se reuniram
para traçarem um plano para o treina-mento
de jovens para o ministério. A
maioria das pessoas em suas regiões
eram muito pobres. Portanto, era mui-to
improvável que qualquer um daque-les
homens fossem enviados a uma
cidade para serem instruídos numa
escola teológica.
Aqueles missionários apresenta-ram
um plano chamado de ETE – Edu-cação
Teológica por Extensão. Era um
curso que os rapazes podiam fazer em
casa. Foi uma idéia oportuna para o
tempo em que estavam vivendo e tor-nou-
se um programa muito bem-su-cedido.
Mais tarde, um outro missionário
chamado George Patterson acrescen-tou
um outro “E” ao nome deste pro-grama.
Ele chamou o seu plano de
ETEE – Educação Teológica e Evan-gelização
por Extensão. Era um pla-no
para os pastores treinarem rapazes
para o ministério através de um siste-ma
de aprendizes.
O plano exigia que cada pastor su-pervisionasse
o treinamento pessoal
do aprendiz. Ele deveria dar ao jovem
um “laboratório” para que ele apren-desse
a pastorear uma igreja.
O “laboratório” era uma igreja ver-dadeira,
um pequeno grupo de pessoas
que se reuniam numa casa ou em al-gum
outro lugar. O aprendiz era envia-do
para pastorear esse grupo. De vez
em quando o aprendiz recebia tarefas
especiais do pastor patrocinador. Al-gumas
destas tarefas eram: ler certos
livros, ouvir fitas, frequentar reuniões,
ou participar de seminários. Semana
após semana, o aprendiz cumpria as
tarefas dadas pelo seu pastor-mestre.
A visão de multiplicação aconte-cia
à medida que cada aprendiz era en-sinado
a patrocinar também outro ho-mem
da própria congregação. Assim
sendo, a visão do movimento de im-plantação
de igrejas estava se cum-prindo.
n
16 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
17. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 5
UMA RODA OU UMA VIDEIRA?
Pense numa roda caída no chão,
com raios saindo em todas as direções,
procedentes de seu eixo no centro.
Pense agora numa videira, crescen-do
no chão, que começa num lugar e
estende os seus ramos em todas as di-reções.
Cada um dos ramos está in-troduzindo
raízes no solo que também
crescem e transformam-se em plantas.
Cada raiz está gerando uma outra
planta exatamente igual à primeira.
Todas essas novas plantas têm o mes-mo
potencial de enviarem ramos, os
quais também introduzem raízes no
solo.
Qual das duas, a roda ou a videira,
descreve melhor a estratégia de IM-PLANTAÇÃO
DE IGREJAS POR SA-TURAÇÃO?
A VIDEIRA, obviamente.
Não é uma questão de qual das
duas funciona. Ambas funcionam.
Uma delas, no entanto, funciona me-lhor
do que a outra. Algumas igrejas
estão usando o conceito da roda e ou-tras
estão começando a ver a sabedo-ria
do conceito da videira com rela-ção
à implantação de igrejas.
A Roda
O conceito da roda requer que to-das
as igrejas-bebês estejam intima-mente
ligadas e dependentes da igre-ja-
mãe. Normalmente elas não são
chamadas de igrejas. Às vezes são
chamadas de “grupos familiares” ou
“células”. Elas são consideradas como
uma extensão da igreja-mãe.
Todos os membros dos pequenos
grupos reúnem-se durante a semana a
fim de poderem freqüentar a igreja-mãe
no domingo de manhã. Todos os
dízimos e ofertas são canalizados à
igreja-mãe.
Os líderes das células não são con-siderados
como pastores. De vez em
quando uma das igrejas-células é li-berada
no sentido de tornar-se uma
igreja adulta e um pastor é designa-do.
Esse, em essência, é o conceito da
roda. Ele tem sido muito bem-sucedi-do
em alguns lugares e tem produzi-do
algumas congregações bem gran-des.
A Videira
O conceito da videira com relação
à implantação de igrejas pode ser ilus-trado
pela “planta-aranha”. Ela tem fo-lhas
longas, graciosas, e diversifica-das,
e assemelha-se a um chorão em
miniatura. De suas folhas crescem lon-gos
ramos que produzem “plantas-ara-nhas”
menores em intervalos ao lon-go
dos ramos.
A “planta-aranha” geralmente é
plantada num vaso suspenso. As
“plantas-aranhas” bebezinhas nunca
se tornam tão grandes quanto a plan-ta-
mãe. Isso se deve ao fato de que,
diferentemente da planta-mãe, que
tem as suas raízes plantadas no solo,
as “plantas-aranhas” bebês são deixa-das
pendentes no ar. Elas recebem
toda a sua vida da planta-mãe.
Imagine agora que você tirou essa
linda planta de sua posição suspensa
e a plantou no chão. Cada uma das
“plantas-aranhas” bebezinhas come-çarão
a introduzir suas raízes no chão.
Quando isso acontece, cada plan-ta-
bebê começa a crescer e a enviar
novos ramos em todas as direções.
Dessa forma, ela eventualmente gera
um infindável número de lindas e ma-duras
“plantas-aranhas”.
Tendências
A roda tem a tendência a atrair os
raios para si mesma; a videira, a libe-rar
os ramos para fora.
A roda tem a tendência a ser local;
a videira, a estar tanto dentro como
fora de sua área local.
A roda tem a tendência a adição; a
videira, à multiplicação.
A roda tem a tendência a edificar
uma só igreja; a videira, a edificar
muitas igrejas.
A roda tem a tendência a restringir
a visão missionária; a videira, a incen-tivar
a visão missionária.
A roda abrange a cidade; a videi-ra,
o mundo.
A roda treina líderes de grupos; a
videira, pastores e líderes.
A roda tem a visão de células, es-tudos
bíblicos, ou de grupos familia-res;
a videira tem a visão de igrejas
reunindo-se em casas.
Igrejas em Casas
Que o Senhor da Colheita nos dê
uma visão de longo alcance para a im-plantação
de igrejas. Que essa visão
permita uma liberdade total para que
a vida da igreja possa expressar-se.
Que não haja nenhuma restrição na
expressão da vida da igreja! Esta é a
nossa oração. Amém! n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 17
18. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 6
SERÁ QUE OS PRÉDIOS DE IGREJAS
SÃO MESMOS NECESSÁRIOS?
Howard Snyder escreveu um livro
muito importante, intitulado THE
PROBLEM WITH WINESKINS (O
Problema com os Odres). Nesse livro,
ele aborda detalhadamente os proble-mas
das estruturas eclesiásticas.
Ele fala sobre os propósitos de
Deus para a Sua Igreja que estão sen-do
revelados. Ele fala da nossa inca-pacidade,
algumas vezes, em fazermos
os ajustes apropriados com relação a
esses propósitos. O texto a seguir é
do capítulo intitulado “Os Prédios de
Igrejas São Supérfluos?”
“Imagine só! Imagine que você
está em qualquer cidade importante do
Primeiro Século, onde o cristianismo
havia penetrado.
“Agora faça a pergunta: ‘Onde está
a igreja?’ Você seria dirigido a um gru-po
de adoradores reunidos numa casa.
“Não havia nenhum prédio espe-cial
e nenhuma evidência de riqueza
com que pudéssemos associar a igre-ja.
Havia somente pessoas.”
Walter Oetting, em seu livro THE
CHURCH IN THE CATACOMBS (A
Igreja nas Catacumbas), escreveu:
‘“Os cristãos não começaram a
edificar prédios de igrejas até aproxi-madamente
o ano 200 d.C. Esse fato
sugere que os prédios não são essen-ciais
para um crescimento numérico
ou profundidade espiritual.
‘“A Igreja Primitiva possuía tanto
o crescimento quanto a profundidade.
Até épocas recentes, o maior período
de vitalidade e crescimento da Igreja
ocorreu durante os dois primeiros sé-culos
d.C. Em outras palavras, a Igre-ja
cresceu mais rapidamente quando
ela não tinha a ajuda – ou o estorvo –
dos prédios de igrejas.’”
Creio que o Senhor está chaman-do
Seu povo para arrepender-se da ên-fase
demasiada que se tem dado aos
prédios nos últimos séculos. Ele está
nos dizendo para nos livrarmos de to-das
as barreiras à rápida implantação
de igrejas.
O objetivo é que “a palavra do Se-nhor
se propague e seja glorificada”
(2 Ts 3:1). Um dos principais obs-táculos,
em muitos casos, é a constru-ção
ou prédio que chamamos de “igre-ja”.
Quebrando a Barreira dos
Vitrais da Igreja
O Dr. Donald McGavran, em seu
livro Understanding Church Growth
(Compreendendo o Crescimento da
Igreja), diz: “As igrejas em casas pos-sibilitaram
que a pequenina Igreja do
Primeiro Século crescesse poderosa-mente.
Com uma só cajadada, eles
venceram quatro obstáculos ao cres-cimento,
com os quais a Igreja se de-
18 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
19. parou, à medida que liberava novas
populações:
(1) ”O custo de um prédio de igreja.
Sem desembolsar absolutamente,
nenhum dinheiro, as igrejas em ca-sas
forneceram tantos lugares de
adoração quanto havia grupos de
cristãos. Esse primeiro obstáculo
comum à multiplicação de igrejas
nunca apareceu.”
(2) “O obstáculo da conexão judaica.
As igrejas em casas tiraram a Igre-ja
da sinagoga e a introduziu na po-pulação
gentia.”
(3) “O obstáculo de nos voltarmos
para dentro. Cada nova igreja em
casa expunha um novo grupo de
amigos e parentes a um contato ín-timo
com cristãos ardentes.”
(4)“O obstáculo de uma liderança li-mitada.
Cada igreja em casa lan-çava
as responsabilidades e o
prestígio da liderança em homens
capazes da nova congregação. Os
líderes trabalhavam de acordo
com os ensinamentos do Antigo
Testamento, com a tradição oral
da vida de Jesus, e uma ou duas
das Cartas de Paulo. Com esses
limites flexíveis, eles eram livres
para seguirem a direção do Espí-rito
Santo.”
“Em nosso contexto moderno, es-ses
quatro obstáculos e suas soluções
ainda são importantes. Ao falarmos
sobre as causas do crescimento da
Igreja Primitiva, deveríamos levar em
consideração o fato físico das igrejas
em casas.
A IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS
POR SATURAÇÃO exige um irrompi-mento.
Precisamos irromper através
das “barreiras das janelas de vitrais”
e entrar na comunhão simples e aber-ta
do povo de Deus. Precisamos ver
essa comunhão no maior número pos-sível
de aspectos em que o Espírito
Santo nos conduzir, e não termos
medo de chamar de igreja.
Quer estejamos nos reunindo em
nome de Jesus numa catedral ou numa
cozinha, ainda assim é “igreja”. É o
povo de Deus chamado para fora e
reunido.
Sim, usaremos prédios. No entan-to,
nunca permitiremos que os prédi-os
atrapalhem a nossa mobilidade,
visão, ou zelo de multiplicarmos as
congregações.
O Fiasco de Constantino
James Rutz, em seu livro THE
OPEN CHURCH (A Igreja Aberta), diz:
“O que realmente nos matou foram os
tijolos! Na maior asneira de sua histó-ria,
a Igreja começou a construir um
grande número de prédios.
“Ela desalojou as catacumbas (tú-mulos
subterrâneos) e os estreitos va-les
florestais em que os santos se reu-niam.
Ela terminou para sempre com
as calorosas e preciosas reuniões na
sala de estar das pessoas.
“Seguindo o modelo dos tribunais
romanos, os novos prédios tinham ca-pacidade
para centenas de cristãos.
Obviamente não podemos ter uma
interação íntima e fácil com uma mul-tidão
deste tamanho. Um novo santu-ário,
desde o primeiro domingo em
que foi aberto, colocava limites na li-vre
expressão das pessoas. O novo
berço sufocou o bebê.
“Imagine que você estivesse viven-do
naquela época.
“Talvez você se sentisse à vonta-de,
confessando um pecado a vinte ou
trinta amigos na casa de Josephus e
Johanna (ou vamos chamá-los de Zé
e Maria). Mas será que conseguiria
fazer ISTO na frente de quinhentas
pessoas desconhecidas?
“Se Deus colocasse algo muito for-te
em seu coração nesta semana, você
não hesitaria em levantar-se para pas-sar
dez ou quinze minutos comparti-lhando
isto na sala de estar do Zé e
.da Maria. Mas aqui, no novo salão,
há provavelmente doze homens e
mulheres, no mínimo, com uma men-sagem
queimando em seu coração.
Você provavelmente nunca teria a
chance de se expressar!
“Na casa do Zé e da Maria, todos
se envolveram na hora da adoração.
Você pôde louvar ao Senhor de cora-ção,
vez após vez, da forma como se
sentia dirigido. Foi o momento mais
significativo e benéfico da sua sema-na.
Mas e aqui no novo prédio? Você
teria de esperar por sua vez que tal-vez
nunca chegue!
“Eu poderia prosseguir, mas você
já faz idéia de onde quero chegar. Sem
os modernos equipamentos eletrôni-cos
de som, as reuniões ao ar livre
tornaram-se difíceis. Não difíceis
DEMAIS, note bem, somente difíceis.
Assim sendo, as reuniões em locais
fechados assumiram a supremacia.
“Tudo o que era falado ficou cen-tralizado
num púlpito. A ordem foi
mantida. Parecia uma boa idéia na
época.
“Na casa do Zé e da Maria você
era um participante. Aqui, você é um
espectador – um ouvinte passivo. De
alguma forma você não se sente mais
importante ou necessário.”
Paraíso Perdido
“Quando mudamos das salas de
estar para os prédios de igreja com
uma equipe profissional, perdemos
todo o impulso. A igreja local tornou-se
fraca e fria.
“Os que não eram sacerdotes fo-ram
chamados de ‘leigos’, uma pala-vra
que nem mesmo é encontrada na
Bíblia – e por uma boa razão.
“Como ‘leigo’ num prédio de igre-ja
do Quarto Século, você não mais
se aproximava de Deus diretamente.
O sacerdote fazia isso por você.
“Desta maneira, um problema
arquitetônico tornou-se um problema
doutrinário. Foi perdido o sacerdócio
do crente.
“A Bíblia foi tirada das mãos do
leigo e entregue ao sacerdote. E se não
lhe é permitido decidir o que ela sig-nifica,
por que você deveria se inco-modar
em lê-la?”
O Caminho da Ruína
“O que de fato saiu errado? Como
eu já disse, a Igreja ficou tão grande e
popular que ela conseguia erigir os
próprios prédios.
“Infelizmente, isto resolveu um an-tigo
‘problema’ que deveria ter sido
deixado sem solução. Sempre que
uma sadia igreja em casa ficava gran-de
demais para a sua sala de estar, ela
tinha que se dividir – em duas salas
de estar. Desta forma, novos líderes
estavam sempre sendo empurrados
para cima através da hierarquia.
“Mas quando os prédios de igre-jas
começaram a surgir em toda par-te,
as congregações não tiveram mais
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 19
20. que enfrentar esse ‘problema’. Não
havia mais aquela embaraçosa agonia
de se saber quem ficaria com os pres-bíteros
favoritos e quem teria que se
separar com os presbíteros menos po-pulares.
Todo mundo ficava com todo
mundo.
“O problema era que o comparti-lhamento
e a intimidade ficavam com-plicados
numa multidão de quinhen-tas
pessoas. As grandes multidões da-vam
muita importância aos discursos
eloqüentes. Portanto, os novos conver-tidos
gaguejantes começaram a ficar
escondidos ‘em suas cascas’.
“A situação em que nenhum mem-bro
conhecia os outros membros subs-tituiu
a comunhão. A comunicação du-rante
as reuniões começou a ser do-minada
pêlos poucos que tinham li-vros
e sabiam ler. No final, isso pas-sou
a significar os sacerdotes.
“Os leigos (ou não-sacerdotes)
eram cidadãos de um Império Roma-no
que já estava ruindo há muito tem-po.
Eles foram transformados em
‘eunucos’ espirituais. Eles perderam
a força que o Império necessitava tão
desesperadamente naquela época.
“Em 476, Roma caiu pela última
vez. Aí então a Igreja abriu o cami-nho
para a Idade Média ou ‘Eras Es-curas’.”
O Uso Apropriado dos Prédios
Não estamos sugerindo que os pré-dios
não têm lugar algum na expan-são
do Reino de Deus. O Senhor cer-tamente
nos dará sabedoria e direções
com relação a como utilizarmos os
prédios de todos os tipos no cumpri-mento
da Grande Comissão.
No entanto, nunca podemos cair
numa atitude doentia e não-bíblica
com relação à importância de um pré-dio
quando estivermos implantando e
edificando igrejas.
As igrejas podem certamente fun-cionar
sem a ajuda de prédios especi-almente
construídos para essa finali-dade.
Isto tem sido provado na histó-ria
da igreja em todas as épocas. Ali-ás,
a história mostra que a Igreja, na
verdade, cresce mais rapidamente e
fica mais sadia sem prédios de igrejas
do que com eles.
O movimento de igrejas em casas
é somente uma parte do mover de
Deus de volta à simplicidade. Deus
está Se movendo em muitas frentes no
sentido de levar a Sua Igreja à santi-dade
e pureza. Essa sempre foi Sua
vontade e Seu plano.
Não é como se Deus subitamente
acordasse um dia com relação à ne-cessidade
da Igreja e iniciasse um mo-vimento
para supri-la. A questão é que
finalmente há cada vez mais pessoas
ouvindo o que o Senhor tem dito o
tempo todo: “DEVOLVAM-ME A
MINHA IGREJA!!!”
Estou convencido de que a atitude
da Igreja deveria ser: “Senhor, a me-nos
que Tu nos digas especificamen-te
para construirmos, comprarmos, ou
alugarmos prédios, vamos implantar
e multiplicar igrejas sem eles.”
Estou aberto à idéia de prédios,
mas não estou aberto a restringirmos
a implantação de igrejas à tradicional
idéia de igrejas centralizadas em cons-truções.
A necessidade de uma IM-PLANTAÇÃO
DE IGREJAS POR
SATURAÇÃO é grande demais.
Nunca cumpriremos a Grande Co-missão
num futuro previsível, conti-nuando
a adotar o conceito tradicio-nal
de “igreja”. Essa idéia simples-mente
não permitirá um movimento
em grande escala de implantação de
igrejas que será necessário para
discipularmos as nações.
Durante séculos a Igreja, requin-tada
e pomposamente, projetou e de-corou
lindos e imponentes prédios,
que foram chamados de “igrejas”.
Em alguns casos, os prédios cha-mados
de “igrejas” tornaram-se, eles
próprios, objetos de adoração. Enormes
quantias de dinheiro dedicadas a Deus
foram gastas na construção e manuten-ção
destes prédios “sagrados”.
Esta era está chegando a um fim.
Há um movimento no meio do novo
de Deus de volta à simplicidade. E um
movimento que está se afastando do
cristianismo institucionalizado, poli-tiqueiro,
e super-organizado.
O Novo Testamento precisa ser o
nosso guia de fé e prática em todas as
coisas. Que ele seja também o nosso
guia nesta questão de prédios de igre-jas.
Que ele guie a nossa compreen-são
com relação ao lugar verdadeiro
dos prédios na expansão mundial da
mensagem de Jesus Cristo, nosso Se-nhor.
n
20 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
21. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 7
UM PASSO À UNIDADE
Alguém pode perguntar: “Mas to-das
as pequenas igrejas em casas, es-palhadas
em uma cidade, não causa-rão
uma divisão e desunião no Corpo
de Cristo daquela cidade?
A verdade é que as igrejas peque-nas
não causam mais divisões do que
as grandes. As igrejas muito grandes
e as igrejas muito pequenas têm o mes-mo
desafio quando a questão é a uni-dade.
Unidade Organizacional ou
Unidade Espiritual
No final da década de 1970 eu es-tava
envolvido com uma nova orga-nização
cristã chamada “João
Dezessete Vinte e Um”, que era um
esforço no sentido de ajudar a estimu-lar
e promover a unidade dentro do
Corpo de Cristo, tanto nos Estados
Unidos como em outros países.
Essa organização baseava-se na ora-ção
de Jesus encontrada em João 17:21:
“afim de que todos sejam um; e como
és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, tam-bém
sejam eles em nós; para que o
mundo creia que tu me enviaste.”
Num período de vários anos tenta-mos
reunir o povo de Deus em retiros,
encontros, eventos, paradas, marchas,
reuniões de oração, e em todas as ma-neiras
possíveis. Acreditávamos que
por intermédio da nossa “unidade” or-ganizada
o mundo veria e creria.
Foi uma das tentativas mais frus-trantes
de que eu já havia participa-do.
Isso não significa que esses even-tos
não tenham o seu lugar de impor-tância.
Certamente são importantes.
No entanto, estávamos tentando orga-nizar
a unidade, e a unidade simples-mente
não estava acontecendo.
A unidade nunca acontecerá por
meio de uma organização. Ela preci-sa
acontecer no espírito mediante uma
compreensão do que é a unidade.
Certo dia comecei a questionar a
nossa compreensão de João 17:21 e
vi, em primeiro lugar, que não havía-mos
interpretado corretamente a ora-ção
de Jesus. Ele não estava orando
por uma unidade organizacional nes-ta
passagem. Ele estava orando por
uma unidade espiritual.
Além disso, Jesus não estava oran-do
por uma unidade espiritual no meio
dos crentes. Ele estava orando pela
união do crente individual com o Pai,
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 21
22. e não pela união dos crentes uns com
os outros.
Toda esta passagem da oração de
Jesus aborda a união do indivíduo com
o Pai e o Filho. Ela não aborda o rela-cionamento
do crente com outros
crentes.
Uma interpretação errônea desta
passagem causa uma grande e dolo-rosa
frustração. Isso também faz com
que percamos o verdadeiro significa-do
daquilo pelo qual Jesus está de fato
orando.
João 17:21 poderia ser parafrase-ado
da seguinte maneira: “Para que
cada um deles possa ser um Contigo,
Pai, exatamente como Tu és em Mim,
e Eu sou em Ti, a fim de que o mundo
possa crer que Tu Me enviaste.”
O mundo nunca se convencerá de
que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus
Vivo, através de uma união organiza-cional.
Deus sempre usa homens e mu-lheres
que têm o mesmo relaciona-mento
de união com o Pai que Jesus
tinha.
O plano de Deus ainda é o mesmo
– encher os homens com o Seu Espí-rito
e demonstrar o Seu amor e poder
por intermédio deles. O que Ele fez
através de Jesus Ele quer fazer em
todo o mundo.
Ele quer habitar em nós e caminhar
em nós. Ele quer fazer obras de amor
e graça por meio de nós, exatamente
como Ele fez através de Jesus. Este é
o significado de João 17:21.
Uma Cidade – Uma Igreja
O único tipo de unidade que é abor-dado
no Novo Testamento é a unidade
espiritual e os seus resultados. Procu-ramos
em vão tentando encontrar
qualquer palavra na Bíblia que se re-fira
a organizações, sociedades, mis-sões,
ou qualquer outra coisa seme-lhante
às nossas atuais estruturas or-ganizacionais.
O que encontramos de fato no Novo
Testamento é autoridade espiritual sen-do
enviada no ministério de apóstolos
e profetas. Vemos esta autoridade sen-do
recebida pelas igrejas. Vemos uma
igreja unida, dentro de cada cidade,
mantida em união pela “unidade do
Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3).
O Apóstolo Paulo nunca escreveu
às “igrejas” de nenhuma cidade. Ele
sempre endereçava as suas cartas à
“igreja” de uma dada cidades.
Havia e há somente uma igreja em
cada cidade ou localidade. Ele escre-ve
à “igreja” de Roma, Corinto, Éfeso,
e assim por diante. No entanto, ele
escreve às “igrejas” da Galácia, às
“igrejas” da Ásia, e assim por diante.
Isso se deve ao fato de que esses lu-gares
eram províncias, e não cidades.
Talvez haja dezenas, ou até mesmo
centenas de “igrejas” que se reúnem
em nome de Jesus numa certa cidade.
No entanto, há na verdade somente
uma igreja nesta localidade. Esta úni-ca
igreja consiste dos muitos grupos
cristãos menores desta cidade. Exata-mente
como todas as igrejas de todas
as cidades do mundo constituem o
Corpo de Cristo, assim também as igre-jas
(congregações) de uma localidade
constituem a igreja daquela cidade.
Mantenham a Unidade
Em Efésios 4:3-6 lemos: “esfor-çando-
vos diligentemente por preser-var
a unidade do Espírito no vínculo
da paz; há somente um corpo e um
Espírito... um só Senhor, uma só fé,
um só batismo; um só Deus e Pai de
todos, o qual é sobre todos, age por
meio de todos e está em todos.”
Na passagem acima Paulo não dis-se
“Estabeleçam a unidade do Espí-rito.”
Ele disse: “preservar a unidade
do Espírito.” É como se esta unidade
fosse algo que já foi estabelecido. Ele
fala aqui como se a unidade fosse algo
que vem automaticamente como parte
de todo o “pacote” cristão.
Nascemos de novo e somos intro-duzidos
na unidade porque “há so-mente
um corpo e um Espírito... um
só Senhor... um só Deus e Pai.” A
nossa parte é simplesmente um reco-nhecimento
de que já somos um. Cum-prir
o mandamento de mantermos a
unidade do Espírito no vínculo da paz
significa mantermos algo que já te-mos,
pois não podemos manter o que
ainda não temos.
Esta unidade não se encontra em
estruturas externas. Ela não nasce em
vínculos externos, nem é mantida por
vínculos externos. Ela nasce no Espí-rito
e no coração. É uma atitude in-terior,
uma atitude para com as pesso-as
– o povo de Deus.
Unidade com Diversidade
Podemos ter todas as diversidades
que quisermos em organizações, de-nominações,
corporações, sociedades,
clubes, comunidades, movimentos,
cruzadas, e campanhas, e ainda assim
termos a unidade no Espírito.
Não somos mantidos em união por
sermos membros no “papel”. Somos
mantidos em união pela “unidade do
Espírito no vínculo da paz”
Por outro lado, podemos ter uma
gigantesca organização que inclua to-dos
os cristãos da terra e ainda assim
não termos nenhuma unidade verda-deira
no Espírito. Podemos ter uma
unidade organizacional sem uma ver-dadeira
unidade.
O “vínculo” de Efésios 4:3-6 fala
de algo que une como uma corda ou
cinturão.
Este vínculo é a “paz”. É chama-do
de “vínculo da paz”. O oposto da
paz é a rivalidade ou guerra.
Se você tiver uma atitude de amor
e aceitação para com os seus irmãos e
irmãs de outras igrejas, então você irá
“preservar a unidade” com eles. Você
não estará criando esta unidade; você
estará mantendo-a viva em seu espí-rito.
É aí que existe a unidade – no es-pírito
ou no coração. A unidade é ma-nifestada
em diferentes maneiras, mas
ela existe no espírito por meio do Es-pírito
Santo.
Por outro lado, se você tiver uma
atitude de rivalidade, de divisão, ou
separação, você não estará mantendo
a unidade do Espírito através do vín-culo
da paz.
Um Passo Intrínsico
O único passo à unidade, então, en-contra-
se em Romanos 14:1 e 15:7:
“Acolhei ao que é débil na fé, não,
porém, para discutir opiniões... Por-tanto,
acolhei-vos uns aos outros,
como também Cristo nos acolheu.”
A palavra “acolher” significa dar
as boas-vindas, abraçar, receber – re-conhecer
um parentesco. Aceitar sig-nifica
confessar e declarar o fato de
que somos um.
22 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
23. Somos um porque, pelo novo nas-cimento,
todos nascemos na mesma
família espiritual.
Somos todos irmãos e irmãs por-que
Jesus é o nosso Salvador, e Deus
é o nosso Pai! Exatamente como Je-sus
nos recebeu com todas as nossas
ruínas, falhas, e imaturidade, assim re-cebamos
também uns aos outros.
Dê Este Passo Agora
O único passo para a unidade pode
ser dado onde você estiver, neste exa-to
momento. Você pode voltar-se ao
Senhor neste momento e orar: “Pai,
em nome de Jesus Cristo meu Senhor,
eu realmente reconheço que sou um
membro do Teu Corpo espiritual, a
Igreja desta cidade e de todo o mun-do.
“Eu realmente aceito e recebo a
todos os Teus filhos como meus ir-mãos
ou irmãs porque Tu és o nosso
Pai. Não importa onde os Teus filhos
morem, não importa de qual raça se
originem. Não importa quais opiniões
ou práticas peculiares eles possam ter.
Não importa se eles batizam por asper-são
ou por imersão, ou se são Armini-anistas
ou Calvinistas. Não importa se
vão à igreja aos sábados, domingos,
às segundas, ou terças. Não importa a
que denominação pertençam.
“Eu agora declaro solenemente,
em nome de Jesus Cristo de Nazaré, o
Filho do Deus Todo-Poderoso, que eu
sou um com todos os outros crentes
nascidos de novo que vivem, que já
viveram, ou que ainda viverão no tem-po
e na eternidade. Eu os aceito e os
recebo.
“Eu os amarei, os sustentarei, e
orarei por eles. À medida que me di-rigires,
Senhor, trabalharei com eles.
Procurarei manter esta unidade do Es-pírito
por meio do vínculo da paz.
Amém!”
Você quer fazer esta oração ago-ra?
Se você puder fazer sinceramente
esta oração acima, você terá dado o
único passo à unidade.
Unidade Doutrinária
“Mas”, você poderá perguntar, “e
a unidade doutrinária? Como podere-mos
caminhar juntos, a menos que es-tejamos
de acordo?”
Em primeiro lugar, Deus não está
nos dirigindo para caminharmos na
mesma direção. Em segundo lugar,
Efésios 4:13 nos diz que devemos
manter esta unidade do Espírito, “até
que todos cheguemos à unidade da
fé”. Este versículo está simplesmente
dizendo que podemos ter uma unida-de
espiritual enquanto ainda estiver-mos
alcançando uma unidade doutri-nária.
Uma Verdade Central
Há somente uma verdade central
ao redor da qual podemos todos de-clarar
a nossa unidade. Esta verdade
não é um ensino, um conceito, um
princípio, ou uma doutrina. Não é uma
igreja, denominação, ou movimento.
Esta Verdade, é uma Pessoa. Jesus
é a Verdade. Ele disse: “Eu sou o ca-minho,
e a verdade, e a vida “ (Jo 14:6).
Quando nos voltamos a Ele, Ele
nos dá vida. Nascemos de novo!
Quando o carcereiro filipense pergun-tou
a Paulo e Silas: “Senhores, que
devo fazer para que seja salvo?”, a
resposta não foi: “Creia em nossa dou-trina
e una-se à nossa organização.”
A resposta foi: “Crê no Senhor Jesus
Cristo e serás salvo” (At 16:30,31).
Nós cremos na Pessoa de Jesus e
nascemos no Reino de Luz. Quando
nos unimos a Jesus, unimo-nos uns
aos outros. Somos um n’Ele.
Quem tem a Jesus tem a vida. Quem
não tem a Jesus não tem a vida. Somos
salvos, não pelo fato de adotarmos uma
posição doutrinária, mas por receber-mos
ao Próprio Jesus Cristo.
Recebam uns aos Outros
Em todas as igrejas, quer sejam
igrejas em casas ou algum outro tipo
de igreja, precisamos ensinar os mem-bros
a aceitarem todos os outros cren-tes.
Somos membros do mesmo Cor-po,
independentemente de uma afili-ação
denominacional.
Deus nos dirige às vezes a coope-rarmos
juntamente com outros em
projetos para a extensão do Seu Rei-no.
No entanto, a mais poderosa ex-pressão
de unidade não está no fato
de nos unirmos para demonstrarmos
uma solidariedade externa, através da
promoção de projetos especiais, mas
sim, aceitando e confirmando uns aos
outros nas coisas que já estiver fazen-do
para o Senhor.
Muitos Líderes
– um Só Exército
Estamos todos em guerra e há mui-tos
generais, tenentes, capitães, e sol-dados
de infantaria.
No entanto, há somente um Cabe-ça,
o nosso Comandante-Chefe, o Pró-prio
Jesus Cristo.
Ele disse: “Edificarei a Minha
Igreja”, e é isto o que Ele está fazen-do
(Mt 16:18). Vamos abrir espaço
para que Ele o faça. Ele tem a respon-sabilidade
sobre todas as pequenas
unidades do Seu poderoso Exército.
Talvez estejamos em diferentes di-visões,
em diferentes unidades, em di-ferentes
frentes, mas ainda assim so-mos
um só Exército. Somos um só
povo, lutando na mesma guerra con-tra
o Reino das Trevas.
Vamos confirmar e sustentar uns
aos outros em nossos vários lugares
de serviço. Não vamos pensar que
estamos separados pelo simples fato
de não estarmos todos no mesmo lu-gar,
fazendo as mesmas coisas, ao
mesmo tempo, sob o mesmo porta-estandarte.
Muitas Tribos –
Uma Só Nação
Havia doze Tribos em Israel. Cada
uma delas tinha o próprio território,
genealogia, líderes e bandeira. No
entanto, elas ainda eram um só povo
– Israel.
Podemos ser constituídos de cen-tenas
ou milhares de denominações,
organizações, e igrejas. No entanto,
somos um só povo – o povo de Deus
– o Israel de Deus.
Não temos de estar fisicamente
juntos, fazendo as mesmas coisas, sob
a mesma bandeira, a fim de sermos
um. Já somos um. Portanto, vamos
proclamar ousadamente a nossa uni-dade.
Vamos nos ocupar com a nossa
responsabilidade de ampliarmos o Seu
Reino e, ao mesmo tempo, confirmar
mos, aceitarmos, e recebermos uns aos
outros. Isso é o que significa “preser-var
a unidade do Espírito no vínculo
da paz” n
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 23
24. A IGREJA EM CASAS
O Modelo do Novo Testamento Para a
Multiplicação de Congregações
Capítulo 8
O QUE FAZEMOS NUMA
IGREJA EM CASA?
Se você nunca esteve numa reu-nião
de uma igreja em casa, talvez
suas primeiras perguntas fossem:
“Como seria uma igreja em casa? Será
que haveria cânticos? Será que have-ria
um sermão?
“Será que haveria um convite para
se receber a Cristo? Haveria batismos
e Santa Ceia? E a Escola Dominical?
E um culto de oração no meio da se-mana?
É significativo o fato de que nem
o Apóstolo Paulo nem o Próprio Je-sus
nos deram instruções específicas
na Palavra escrita, com relação ao que
deveria ser feito exatamente quando
nos congregamos como igreja.
As palavras de Jesus foram muito
simples em Mateus 18:20: “Porque,
onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, ali estou no meio de-les.”
Ele não disse que eles teriam de
estar fazendo certas coisas para que
Ele pudesse estar no meio deles. Eles
simplesmente precisavam estar reuni-dos.
O Apóstolo Paulo nos deu uma pe-quena
revelação com relação à natu-reza
das reuniões da Igreja Primitiva
em l Coríntios 14:26: “Que fazer, pois,
irmãos? Quando vos reunis, um tem
salmo, outro, doutrina, este traz re-velação,
aquele, outra língua, e ain-da
outro, interpretação. Seja tudo fei-to
para edificação.”
As reuniões de igreja naqueles dias
não enfatizavam um certo palestrante.
Elas eram reuniões abertas, onde cada
pessoa deveria contribuir para o be-nefício
de todo o corpo local. O exer-cício
de dons espirituais era estimu-lado
a fim de que todos fossem aben-çoados
e edificados.
Não há nenhuma instrução especí-fica
dada a nós por Jesus ou Seus após-tolos
com relação ao que fazermos
exatamente em nossas reuniões regu-lares.
No entanto, podemos encontrar
no Livro de Atos e nas Epístolas al-guns
dos elementos essenciais de uma
reunião de igreja. O que se segue são
algumas das coisas importantes a ob-servarmos
ao nos reunirmos:
• Louvor e adoração
• Dons ministeriais proféticos
• Outros dons do Espírito
• Testemunhos
• Ceia
• Avisos
• Orações de um membro pelo outro
• Ensino
24 / ATOS ABRIL / MAIO / JUNHO 2002
25. O Espírito Santo o guiará com re-lação
à ordem e quanto tempo deverá
ser dado a cada segmento. As vezes,
alguns desses itens não são incluídos,
mas, como via de regra, seria bom in-cluir
todos eles.
Louvor e Oração
Sempre é bom iniciarmos cada reu-nião
com um tempo prolongado de mi-nistério
ao Senhor através de cânticos
de louvor e adoração. Deve ser per-mitido
um tempo para orações infor-mais
no meio da adoração.
Quando o Espírito Santo começar
a Se mover sobre nós enquanto esti-vermos
adorando, é inteiramente
apropriado levantarmos nossas ora-ções
ao Senhor. Às vezes isso é feito
somente entre nós e Deus. Outras
vezes, Ele nos dirige a orarmos em
voz alta a fim de que os outros pos-sam
dizer “AMÉM” às nossas ora-ções.
Os músicos são uma bênção adici-onal
durante o tempo de louvor. Ore
para que Deus dê à sua igreja em casa
uma forte e habilidosa equipe de lou-vor.
Ainda que isso não seja absolu-tamente
essencial, certamente será um
grande impulso para o período de lou-vor.
Muitos grupos não terão ninguém
que toque um instrumento na hora do
louvor. Há várias fitas de louvor po-derosas
que podem ser usadas como
música de fundo, enquanto as pesso-as
estiverem cantando.
Não encurte o tempo de louvor.
Que todas as outras partes da reunião
sejam encurtadas antes mesmo de
você considerar a diminuição do tem-po
de louvor e adoração.
As igrejas mais vitais e dinâmicas
hoje são as que dão muito tempo e
atenção ao louvor e à adoração. Ha-verá
ocasiões em que o Espírito San-to
o dirigirá a não fazer nada mais
além de louvar ao Senhor. Esteja aber-to
à Sua direção. Todas as coisas flu-em
da fonte da oração, louvor, e ado-ração.
Ministério de uns aos Outros
Membros
Agora é um tempo de se comparti-lhar
os dons ministeriais de acordo
com l Coríntios 14:26: “Que fazer,
pois, irmãos? Quando vos reunis, um
tem salmo, outro, doutrina, este traz
revelação, aquele, outra língua, e ain-da
outro, interpretação. Seja tudo fei-to
para edificação.”
Numa reunião aberta, o líder diri-ge
e estimula o grupo a compartilhar
testemunhos, experiências, pedidos de
oração, breves ensinamentos, revela-ções,
relatórios de louvor, e assim por
diante.
Vigie para que algumas pessoas
ousadas não dominem o tempo de
compartilhamento. Estimule os quie-tos
fazendo perguntas.
Queremos compartilhar bênçãos
financeiras de acordo com 2 Coríntios
9:6-8 : “E isto afirmo: aquele que se-meia
pouco, pouco também ceifará;
e o que semeia com fartura com abun-dância
também ceifará.
“Cada um contribua segundo ti-ver
proposto no coração, não com
tristeza ou por necessidade; porque
Deus ama a quem dá com alegria.
“Deus pode fazer-vos abundar em
toda graça, afim de que, tendo sem-pre,
em tudo, ampla suficiência,
superabundeis em toda boa obra.”
A segunda parte do tempo de com-partilhamento
são as ofertas ao Se-nhor.
Esta é uma parte tão vital de um
culto de adoração que ela merece pelo
menos um pequeno ensino sobre a
“graça das doações” todas as vezes em
que nos reunimos.
Muitos cristãos sinceros caem na
escravidão da pobreza porque ainda
não compreenderam o princípio es-piritual
da generosidade. Muitos de
nós estamos aprendendo que a nos-sa
maior arma em tempos de proble-mas
financeiros é a nossa generosi-dade.
Os nossos membros precisam sa-ber
disto e ser fortalecidos na graça
de dar. A maioria das ofertas deveriam
ser encaminhadas ao sustento de líde-res
espirituais que dão tempo integral
ao pastoreamento, à evangelização, e
à implantação de igrejas.
Uma quantia generosa também
deveria ser encaminhada à obra mis-sionária
em outras nações. Deus
abençoa ricamente a igreja que tem
uma visão para o mundo todo, e não
somente para a sua própria vizinhan-ça.
Avisos
Precisamos informar aos nossos
membros sobre reuniões especiais,
planos para eventos evangelísticos,
além de compartilharmos o que Deus
está fazendo na cidade, na nação, e ao
redor do mundo. Precisamos enfocar
a obra do Senhor numa escala maior
do que somente na nossa pequena con-gregação.
Somos cristãos com visão mundi-al.
Jesus disse: “Levantai os vossos
olhos e vede os campos... “ (Jo 4:35.)
Somos apenas uma pequena parte
do quadro maior. Vamos manter nos-so
coração, nossos olhos e as nossas
orações, no mundo, enquanto procu-ramos
fazer a nossa parte na implan-tação
do Reino de Deus na terra.
Ceia – 1 Coríntios 11:20-34
Esse é também um tempo de ensi-no.
Antes da participação com o pão
e com o cálice, permita que alguém
explique bem resumidamente algum
aspecto do significado da Ceia. Em se-guida,
permita que os irmãos e irmãs
participem do corpo e do sangue do
nosso Senhor com compreensão e fé.
Esse pode ser um tempo muito pode-roso.
É uma boa ocasião para se fazer
um convite aos incrédulos presentes
para receberem a Cristo como seu
Senhor. Dirija-os numa oração para
que O recebam antes de você servir o
pão e o cálice.
Muitas pessoas estão prontas para
receberem a Jesus. Dê uma breve ex-plicação
do Evangelho e dirija a con-gregação
numa oração de recebimen-to
de Cristo. Muitos são levados a
Cristo desta maneira.
Os que recebem a Cristo como Sal-vador
devem receber o batismo nas
águas imediatamente. O exemplo da
Igreja Primitiva no Livro de Atos era
sempre o de batizar os novos conver-tidos
no mesmo dia em que recebiam
a Jesus.
Ministério
Estejam abertos para ministrarem
uns aos outros através da imposição
de mãos, da oração pêlos enfermos,
ABRIL / MAIO / JUNHO 2002 ATOS / 25