O documento fornece orientações sobre a criação de uma tarefa de visitação fraterna em um Grupo da Fraternidade, incluindo sugestões para estruturar as equipes de visitação, elaborar um regimento interno e estabelecer contato com outras áreas para levantar demandas e analisar a capacidade de atendimento.
2. “Nas grandes calamidades, a caridade se
emociona e observam-se impulsos generosos, no
sentido de reparar os desastres. Mas, a par
desses desastres gerais, há milhares de desastres
particulares, que passam despercebidos: os dos
que jazem sobre um grabato sem se queixarem.
Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a
verdadeira generosidade sabe descobrir, sem
esperar que peçam assistência”.
(ESE, Cap. XIII, Item 4)
3. “Sede, portanto, caridosos, não somente
dessa caridade que vos leva a tirar do bolso o
óbolo que friamente atirais ao que ousa pedir-
vos, mas ide ao encontro das misérias
ocultas” .
(São Vicente de Paulo, LE, Questão 888, “a”).
4. Jesus não passou simplesmente pela Terra.
Ele nos legou as marcas inapagáveis do perdão,
da compreensão superlativa e do amor às raias
do infinito! Ele próprio inaugurou a prática
sublime de VISITAS AO CORAÇÃO HUMANO e,
para tanto, mesmo considerando a exigüidade do
seu tempo no mundo, não eximiu de levar o
reconforto a lares premidos pelos mais afligentes
infortúnios.
11. • Também os seguidores de Jesus, aconchegando o
Evangelho em seus próprios corações e levando
bom ânimo às almas sedentas de afeto e de paz,
realizaram, em profusão, muitas visitas fraternas.
• Ainda para atestar a vivência do Evangelho, na
forma do calor que se leva na visitação fraternal,
retornamos aos ambientes do cristianismo
primitivo, particularmente na velha Roma, onde
Paulo, o apóstolo dos gentios, iria submeter-se ao
julgamento de César.
12. Paulo recebera a prerrogativa da “custódia libera”, isto é,
viveria fora do cárcere até o julgamento. Ele deliberou residir com
Lucas ( este alugou uma singela casa), Aristarco e Timóteo, a quem
aconselhou fixarem residência na via Nomentana e procurarem
trabalho para não serem pesados aos irmãos do Caminho”.
Contudo, ia diariamente até as grades do calabouço, onde tomava a
sua ração alimentar. “Aproveitava, então, essas horas de
convivência com os celerados ou com as vítimas da maldade para
pregar as verdades confortadoras do Reino, ainda que algemadas.
Eram criminosos do Esquilino, bandidos das regiões provincianas,
malfeitores da Suburra, servos, ladrões entregues à justiça pelos
senhores ... A palavra de Paulo de Tarso atuava como bálsamos de
santas consolações”.
(Livro “Paulo e Estevão”, psicografia de Francisco Cândido Xavier)
13. • Na reunião de ectoplasmia do dia 29/09/49, na residência
da família Soares, o espírito Scheilla, materializado,
destacou alguns irmãos dentre os presentes para deixarem
o recinto e fazerem uma visita a certa criatura enferma. A
entidade espiritual informou o beneficiário da visitação e o
local.
• Naqueles tempos idos era inabitual nas casas espíritas,
tarefas desse mister. Considere-se que a Doutrina Espírita
era pouco difundida no País. A equipe deliberada para
realizar a visita imergiu em dúvidas angustiantes pois,
ainda que confirmasse o nome e endereço, como abordar
desconhecidos com o pressuposto de levar o consolo e a
assistência cristã-espírita?
14. • Para surpresa geral todos os informes foram confirmados e
a família do enfermo, estupefata, rendeu-se ao ascendente
espiritual da visita, sorvendo com inusitada boa vontade o
momento de prece íntima e da terapêutica do passe a favor
do acamado parente consanguíneo. A emoção tangia a
alma de cada membro da equipe e não foi possível deter a
alegria, que silenciosa, converteu-se em lágrimas, deixando
a lição preciosa de que o Evangelho em ação produz os
frutos sazonados do amor.
• Estava, assim, realizada a primeira tarefa socorrista por
parte daqueles que acalentavam o desejo de se moverem
fraternalmente no mundo.
15. • A partir desta data, os companheiros do Grupo Scheilla,
adotaram o hábito regular e sistematizado de levar o
Evangelho de Jesus aos lares de criaturas enfermas
orgânica ou espiritualmente. O ato, sempre em equipe e
destituído de aparatos, manifestações mediúnicas,
fanatismo, intenções proselitistas e desejos outros que não
a caridade evangélica preceituada pelo Cristo, muito mais
que as curas, tem reacendido a esperança e a dignidade em
uma infinidade de criaturas, restabelecendo elos familiares,
muitas vezes rompidos pela ausência do odor do Cristo.
• A reunião do dia 29/09/49 representou um suave convite
para que se descobrisse a presença do Cristo nos corações
das criaturas torturadas da Terra.
17. • Na acepção lídima do termo, as visitas fraternas não são
mais do que um ato de cordialidade, de retribuição, de
sociabilidade, de simpatia e de amizade. Falamos de
visitas em que levamos a solidariedade, a esperança, o
nutriente da fé, a paz interior e deixamos energias
radiantes fortalecedoras do hemisfério orgânico ou da
mente em desassossego e as vibrações positivas que
nascem da intimidade do nosso ser.
• Raramente nos lembramos que colhemos dessas visitas
a gratidão, o agradecimento e vibrações de simpatia que
se revertem a benefício de nós mesmos, sem contar as
benesses de um tempo utilizado para o bem.
18. São relevantes as visitas realizadas em instituições
como hospitais, manicômios, leprosários, asilos e
congêneres, além do atendimento a enfermos de variados
matizes em seus lares, porém não se pode desconsiderar a
magnitude das visitas fraternas à irmãos não catalogados
como enfermos dentro da conversão humana. Nem sempre
logramos fazer boa leitura das carências que afetam nossos
irmãos em trânsito na Terra e quantos deles estão próximos
de nós. Muitos deles esposam os mesmos princípios
filosóficos que nós e foram valorosos tarefeiros do bem em
determinado momento de suas vidas e que circunstâncias
que nos escapam a compreensão, abafaram-lhes o
entusiasmo e as crenças. Se visitados pode ser que a vida
lhes reserve a benção do recomeço.
20. Situe-se bem na arte de visitar o outro pois a primeira impressão é a que
fica. Visitar alguém é diferente de estar com alguém, portanto detenha-se,
considerando a pessoa a visitar como a mais importante para você,
naquele momento.
Pare, se efetivamente desejas visitar o outro, dizendo só o essencial:
existem pessoas que sabem que não sabem e querem mostrar que sabem;
também encontramos aqueles que não sabem que não sabem e acham
que sabem (paralogistas) e, as que sabem, comportam-se com humildade,
paciência, bondade, sem desperdício do tempo.
Quem não é capaz de se manter em elevado clima de vibração, produz
descargas oscilantes sobre a corrente geral, causando prejuízos para o
conjunto. Um pensamento distraído, um diálogo desatento, um desejo
fugaz podem representar um nicho de energias descompensadas
afetando o ambiente.
21. “Somente com o coração nós podemos ver com clareza: o essencial é invisível
para os olhos (Saint Exuperry)”.
Não ceda seus olhos à fixação das faltas alheias, entendendo que você foi
chamado a ver para auxiliar (Instruções Psicofônicas).
Não basta ver simplesmente; os que se circunscrevem ao ato de enxergar
podem ser bons narradores excelentes estatísticos, entretanto, para ver e
glorificar o Senhor é indispensável escalar com o Cristo a montanha do
trabalho e do testemunho” (Vinha de Luz – lição34).
Encontramos olhos diferentes em toda parte: olhos de malícia; olhos de
crueldade; olhos de ferir; olhos de ciúme; olhos de desespero; olhos de
desconfiança; olhos de viciação; olhos de perturbação; olhos de frieza;
olhos de irritação. Se aspiras enobrecer os recursos da visão, ama e ajuda,
aprende a perdoa sempre e guardarás contigo os olhos bons referidos por
Jesus” (Palavras de Vida Eterna – lição 71).
22. É necessário atrair a atenção do ouvinte – conquistá-lo até.
“Achamos ouvidos superficiais em toda parte: ouvidos que apenas registram
sons; ouvidos que se prendem a noticiários escandalosos; ouvidos que se
dedicam a boatos perturbadores; ouvidos de propostas inferiores; ouvidos de
festas; ouvidos de mexericos; ouvidos de colar às paredes; ouvidos de
complicar. Se desejas, porém, sublimar as possibilidades de acústica da
própria alma, estuda e reflete, pondera e auxilia, fraternalmente, e terás
contigo os ouvidos de ouvir reportados por Jesus” (Palavras de Vida Eterna –
lição 72).
Evite indagações inoportunas ao visitado; nem sempre este está em dia com
sua memória. A enfermagem imediata dispensa interrogatório.
Ouça o visitado, procurando sondar-lhe os problemas íntimos e suas
necessidades primordiais.
Preserve seus ouvidos contra as tubas da maledicência e da calúnia
(Instruções Psicofônicas)
23. Pense bem pois o pensamento produz ondas, energia,, vibrações
e apresenta cor, brilho, opacidade, forma, sendo capaz de
propagar, criar campo e gerar influências nos outros.
Antes de falar pense nas limitações e dificuldades íntimas do
visitado, para não ferir susceptibilidades ou não ser
compreendido.
Organize-se mentalmente pois a clareza de idéias e a lógica de
raciocínio é que determinam a eficácia dos resultados.
24. Falando-se com alguém pode-se arrebatar, magnetizar, envolver, encantar e, para
tanto, vertem-se os talentos do poeta, do orador, do escritor, do filósofo ou do
professor; entrementes para falar ao coração um pouco de um ou de outro só será
importante com a vestidura do sentimento.
“Deus criou a apalavra, o homem engendrou o falatório. Cada frase do discípulo do
Evangelho deve ter lugar digno e adequado” (Vinha de Luz – 73).
Tem pessoas que simplesmente querem falar. Falando-se excessivamente, diz-se o que
não convém ou se arrasta sem ter o que dizer. A palavra deve ser justa, firme concisa,
ausente de expressões fracas ou vagas. Os gestos não podem ser mais amplos que a
voz.
Falar com as pessoas, sem dramas ou piequismo, mas de forma a traduzir equilíbrio,
pois que assim conversando edificaremos, não esquecendo nunca de que podemos
enganar aos homens, porém a Deus jamais!
Falar muito alto, falar muito baixo, falar com pausas longas, falar com pausas
excessivas ou sem pausas, falar com a voz estridente, falar muito depressa, falar muito
devagar, em verdade como melhor comunicar com o outro?
25. Levar assistência cristã-espírita aos lares,
asilos, hospitais e congêneres, propiciando
vibrações fraternas de carinho, harmonia e
paz.
26. Sugere-se que criação e estruturação da tarefa da Visitação Fraterna
no Grupo da Fraternidade observe os seguintes passos:
1º - Pesquisa sobre as necessidades a serem atendidas pelo Grupo da
Fraternidade e a capacidade de atendimento;
2º - Elaboração do Regimento Interno;
3º - Escolha da Coordenação da Visitação Fraterna;
4º - Composição das Equipes de Visitação Fraterna;
5º - Observância dos requisitos necessários aos componentes da
Equipe de Visitação Fraterna;
6º - Conduta da equipe durante a Tarefa.
27. • Para que a Tarefa da Visitação Fraterna cumpra o seu objetivo de
forma segura e estruturada, a equipe encarregada de instituí-la
deverá entrar em contato com as coordenações das demais áreas
que a ela estarão ligadas, tais como a MED e coordenações afins,
assim entendidas a da Reunião de Desobsessão, da Reunião de
tratamento espiritual (Ectoplasmia), do Atendimento Fraterno e
outras, de modo a levantar as demandas, para que, em conjunto,
possam analisar a capacidade de atendimento, lembrando-se que,
inicialmente, é preferível constituir poucas equipes, mas coesas e
comprometidas com o propósito, do que muitas equipes que,
passada a empolgação inicial, não persistirão na tarefa.
Dependendo da capacidade do Grupos da Fraternidade, uma única
equipe, mas composta por tarefeiros comprometidos com o
objetivo da tarefa, poderá realizar trabalho frutífero, que levará
conforto espiritual a muitos irmãos.
28. • Para a estruturação da Tarefa de Visitação Fraterna, é
essencial a elaboração do seu Regimento Interno, que deve
estabelecer todas as regras do seu funcionamento, para
que haja uniformidade de procedimentos e o afastamento
de práticas que desvirtuem o seu objetivo.
• Devemos lembrar que a vontade de auxiliar o próximo é o
primeiro passo para realizar a tarefa cristã, mas não podem
ser dispensadas as regras de como proceder durante a
visita, sob pena de interferir de forma não proveitosa no
estado do visitado e até mesmo na dinâmica da residência
de sua família ou instituição em que se encontra, quando
for o caso.
29. • A forma da escolha da Coordenação da
Visitação Fraterna deverá constar do seu
Regimento Interno; excepcionalmente,
enquanto não for elaborado, o Conselho de
Administração do Grupo da Fraternidade
poderá adotar procedimento específico com
esse intuito.
30. É aconselhável que cada equipe seja
composta de pelo menos três membros,
todos eles comprometidos com a causa do
Cristo e imbuídos do propósito de servir
com muito amor aos seus semelhantes.
31. • Possuir indispensáveis conhecimentos da Doutrina Espírita e do
Evangelho;
• Ser trabalhador efetivo do agrupamento cristão espírita;
• Cultivar hábitos de renovação íntima;
• Dominar os vícios do fumo, álcool e das drogas;
• Desfrutar de boa saúde física, mental e espiritual;
• Ser assíduo e pontual;
• Manifestar, na realização da tarefa, sinceridade de propósitos,
discrição e simplicidade;
• Ter concluído o curso sobre Passe Espírita;
• Realizar semanalmente o Culto do Evangelho no Lar;
• Subordinar-se às normas da instituição a que se vincula para o
cumprimento da tarefa.
32. • Criar atmosfera positiva por meio de conversação edificante;
• Sempre exprimir otimismo e alegria cristã, afastando sabiamente o azedume, o desequilíbrio e
o desespero;
• Não interferir no tratamento médico ou psicoterápico em vigor;
• Auxiliar sempre, sem interferir na vida familiar, falando e agindo sem impor convicções;
• Atender às necessidades físicas, materiais e morais com recursos ao alcance da equipe;
• Abster-se do transe mediúnico;
• Em tempo algum relatar quadros de vidência que possam criar desconfiança, incredulidade ou
medo;
• Ter cuidado no trato com os obsidiados, evitando relatos mediúnicos ou considerações
relativas ao quadro de etiologia espiritual em questão, susceptível de atormentar mais ainda o
enfermo ou a família;
• Evitar ações individualizadas, priorizando sempre o trabalho coletivo, com o mínimo de
improvisações;
• Respeitar o modo de vida dos lares e as normas internas dos hospitais e outras instituições;
• Recusar qualquer ajuda monetária para a consecução da tarefa, proclamando o esforço para a
auto suficiência;
• Evitar a distribuição de objetos de uso pessoal, cigarros e dinheiro;
• Iniciar e concluir a tarefa com prece ao Criador da vida e abster-se de conversações menos
dignas durante o transcurso da atividade.
33. Colônias de
Hansenianos
Visita a
Enfermos
Hospitais
Asilos
Psiquiátricos
34. Orientação
Espiritual
Atendimento Visita a Reunião de
Fraterno Desobsessão
Lares
Reunião de
Ectoplasmia
35. Visita às
Famílias
Assistidas
pelo Grupo da
Fraternidade
36. Tarefeiro
afastado
Família do
Famílias do
Tarefeiro por Visita tarefeiro por
motivo de
motivo Solidária nascimento
desencarne
de bebê
Tarefeiro por
motivo de
doença
37. Luz aos
lares
visitados
Expandir
Receber Fronteira do
Campanha
Grupo
doações do Quilo
da
Fraternidade
Evangelho
em
ação
38. “Pois tive fome e me destes de comer; tive sede e me
destes de beber; era estrangeiro e me acolhestes;
estava nu e me vestistes; estive enfermo e me
visitastes; estava na prisão e fostes me ver”.
(Jesus / Evangelho de Mateus 25:35-36)