O documento descreve o movimento literário Arcádico no Brasil do século 18, incluindo seus principais características e autores como Claudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Basílio da Gama.
2. ARCADIA: região montanhosa (e fictícia) no
Peloponeso, Grécia Antiga, onde moravam os
pastores, as ninfas e o deus Pan.
Foi a tendência literária da segunda metade do
século XVIII em todo o mundo.
No Brasil, teve como marco inicial a publicação de
“Obras Poéticas”, de Cláudio Manoel da Costa.
Encerrou-se com a primeira publicação
assumidamente romântica, em 1836.
3. Século XVIII, Ciclo do Ouro, MG (Vila Rica – atual
Ouro Preto).
Na Europa, o Iluminismo inspirava e valorizava o
uso da razão para progresso, libertação e governo do
homem. Era o “Século das Luzes”.
Lutas pela Independência: Independência dos EUA
(1776) e Revolução Francesa (1789-1799). No Brasil,
a Inconfidência Mineira (1789).
4. Retorno aos Clássicos
(greco-romanos) e à
mitologia.
Valorização da vida
campestre
Uso e valorização da
razão ao invés de
sentimentalismo
Mito do bom
Selvagem (Jean
Jaques-Russeau)
Imagem ao fundo: “Pastoral de outono”, de
François Boucher (1749)
5. Bucolismo: valorização da vida campestre;
Fingimento poético e pseudônimo: eu-lírico
encarna um pastor que se declara a mulher amada. O
pseudônimo era o uso de um nome falso.
Locus Amoenus: idealização da natureza
Fugere Urbem: “fuga da cidade” – que é um lugar
contaminado e vazio/valorização da vida no campo.
Aureas Mediocritas: vida modesta e negação ao luxo,
riquezas e pensamentos extremistas.
Inutilia Truncat: “deixar o inútil”, referindo-se,
principalmente, ao rebuscamento barroco.
Carpe Diem: “aproveite o dia”, a vida, sem pensar no
amanhã incerto.
6. Formas padronizadas
Lira: Parte ou divisão de poemas longos, como é o
caso de Marília de Dirceu.
Soneto: composto por dois quartetos e dois tercetos e
rimas alternadas em ABBA.
Epopeia: Poema longo e narrativo, que conta feitos e
saga de um heroi.
7. Claudio Manuel da Costa (Glauceste Saturnino)
‘Obras Poéticas’ e ‘Vila Rica’
Tomás Antônio Gonzaga (Dirceu)
‘Marília de Dirceu’ e ‘Cartas Chilenas’
Basílio da Gama
‘O Uraguai’ (epopeia)
Santa Rita Durão
‘Caramuru’ (epopeia)
8. "Assim o nosso chefe não descansa
De fazer, Doroteu, no seu governo,
Asneiras sobre asneiras e, entre as muitas,
Que menos violentas nos parecem,
Pratica outras que excedem muito e muito
As raias dos humanos desconcertos.”
Cartas Chilenas, de Tomás Antonio Gonzaga (trecho), sobre o
“Fanfarrão Minésio” (pseudônimo para o então governador de MG,
Luis Cunha Menezes)
Imagem ao fundo: “O balanço”, de Nicolas Lancret (1730)
9. Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga (trecho), tentando
conquistar a Marília pela sua “ostentação” árcade.
#ostentacaoarcadeémorarnaroça