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Estórias  da  Vovó Mima
CLARICE SABICHONA
Dona Nicota era uma rata muito carinhosa, que cuidava com amor de sua casa e de sua família. Moravam no sótão de uma casa bem cuidada, e não eram importunados por ninguém. Comida nunca faltou e o frio nunca os perturbou, já que  havia roupas e mais roupas dentro de um velho baú. Como toda mãe, Dona Nicota tinha  preocupações com a família, principalmente  com sua caçula, Clarice, que era diferente  de seus outros filhos, ratinhos  caseiros e obedientes.  Dona Nicota, mal se descuidava,  e ela sumia... Alguém viu minha  filha Clarice por aí?
Dona Nicota tinha medo que algo de ruim pudesse acontecer à sua filhinha, pois na casa tinha até um gato! Alguém viu a Clarice por aí? Nada fazia com que Clarice ficasse em casa; o que ela queria mesmo era conhecer o mundo. Mas, como uma pequena ratinha ia conseguir?
Clarice fazia suas explorações pela casa e pelas redondezas desde muito pequena e, por causa disso, ficou conhecendo outras ratinhas, ficou amiga das formigas (que no começo tinham medo dela) e aprendeu a correr dos gatos. E adorava os passarinhos!  Se pudesse, queria ser um pássaro para poder voar, ser livre.  Como seria bom!!! Bem que eu queria ser um beija-flor!
Cada andança de Clarice era uma verdadeira aventura no meio de jardins, carros e bueiros. Com isso, Clarice foi conhecendo o mundo dos homens e dos bichos que habitavam o bairro onde morava e, aos poucos foi ficando entediada.  As antigas aventuras ficaram chatas  e ela queria mais, muito mais.  Queria conhecer outros lugares,  outra gente mas,  suas pernas não  agüentariam caminhar tanto...
Andou meio tristonha, quieta e Dona Nicota começou a ficar preocupada com a filha.  Tratou de levá-la ao Dr. Ratão pra ver o que estava acontecendo, e ele constatou que o que Clarice tinha era...  tristeza... E o senhor tem algum remédio pra tristeza, Dr. Ratão?  Perguntou Dona Nicota. Infelizmente pra esse mal Dr. Ratão nada podia fazer, a não ser recomendar muito carinho e...  passeios.
Ao longo dos dias Dona Nicota procurou fazer as vontades de Clarice, acarinhá-la ainda mais.  Nada fazia sua alegria voltar,  uma tristeza! Clarice pensou que precisava sair daquele estado e resolver fazer força, muita força pra ir em busca da alegria perdida. Uma tarde, após uma boa soneca, Clarice andava pela casa e viu uma porta entreaberta – uma porta que ela nunca havia atravessado. O que será que tem do lado de lá, pensava Clarice e...  resolver ir verificar.
Clarice resolveu explorar o lugar. Subiu por uma escada bem grande e viu livros, muitos livros e, lembrou-se que há tempos tinha ouvido falar que as crianças-gente aprendem a entender aqueles sinais nas páginas dos livros. E, como era uma ratinha, nunca aprendeu a ler, só lhe ensinavam travessuras –  uma pena! Entrou e viu uma enorme sala cheia de estantes, mesas, luminárias e algumas pessoas. Tudo era silêncio, que era quebrado, vez ou outra por alguns passos cuidadosos.
Mesmo assim foi até onde estavam os livros e encontrou alguns com as páginas abertas. Numa página tinha um grande desenho: um céu cheio de estrelas e uma lua a brilhar –  uma beleza! Com algum esforço Clarice virava as páginas dos livros e, conforme encontrava as figuras ia se encantando cada vez mais. Figuras de pessoas, de lugares, de animais (até de ratos) e até de um lindo barco. Um dia vou viajar num barco...
Quando voltou pra casa Clarice estava se sentindo um pouco melhor, o que deixou Dona Nicota menos preocupada. E, dia após dia Clarice ia até aquela sala fazer suas explorações. Nos livros ela procurava o que a encantava – aventura. E, não é que encontrava mesmo? Nos livros a pequena ratinha viajava por mares, conhecia pessoas, animais e imaginava como viviam.  Pena que não sabia ler... E Clarice sonhava... Até que voava com um beija-flor!
O sorriso foi voltando em Clarice, que agora se sentia uma ratinha esperta, muito mais sabida que seus irmãos, primos e amigos. Eles sequer sabiam da existência de tanta coisa deste mundo e ela sim, era a  sabichona do pedaço. Quando a família ia visitar os amigos, Clarice sempre era a mais requisitada por todos – queriam que ela contasse como era o mundo lá fora, o mundo que eles não conheciam. E ela, na maior felicidade contava, contava e a todos encantava. A vida de Clarice ficou a cada dia mais  interessante, divertida e ela agora  é conhecida como  “ratinha de biblioteca” ou...  Clarice sabichona. Ah, ela aprendeu até a cantar...
Estória criada e formatada por: Mima (Wilma) Badan, a Vovó Mima [email_address] Música: Music Box – Execução de Ernesto Cortazar Imagens: da Net (Repasse com os devidos créditos) Às minhas netas que, como Clarice, são xeretas e sabichonas...  E, é claro, com o amor da vovó...

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  • 1. Estórias da Vovó Mima
  • 3. Dona Nicota era uma rata muito carinhosa, que cuidava com amor de sua casa e de sua família. Moravam no sótão de uma casa bem cuidada, e não eram importunados por ninguém. Comida nunca faltou e o frio nunca os perturbou, já que havia roupas e mais roupas dentro de um velho baú. Como toda mãe, Dona Nicota tinha preocupações com a família, principalmente com sua caçula, Clarice, que era diferente de seus outros filhos, ratinhos caseiros e obedientes. Dona Nicota, mal se descuidava, e ela sumia... Alguém viu minha filha Clarice por aí?
  • 4. Dona Nicota tinha medo que algo de ruim pudesse acontecer à sua filhinha, pois na casa tinha até um gato! Alguém viu a Clarice por aí? Nada fazia com que Clarice ficasse em casa; o que ela queria mesmo era conhecer o mundo. Mas, como uma pequena ratinha ia conseguir?
  • 5. Clarice fazia suas explorações pela casa e pelas redondezas desde muito pequena e, por causa disso, ficou conhecendo outras ratinhas, ficou amiga das formigas (que no começo tinham medo dela) e aprendeu a correr dos gatos. E adorava os passarinhos! Se pudesse, queria ser um pássaro para poder voar, ser livre. Como seria bom!!! Bem que eu queria ser um beija-flor!
  • 6. Cada andança de Clarice era uma verdadeira aventura no meio de jardins, carros e bueiros. Com isso, Clarice foi conhecendo o mundo dos homens e dos bichos que habitavam o bairro onde morava e, aos poucos foi ficando entediada. As antigas aventuras ficaram chatas e ela queria mais, muito mais. Queria conhecer outros lugares, outra gente mas, suas pernas não agüentariam caminhar tanto...
  • 7. Andou meio tristonha, quieta e Dona Nicota começou a ficar preocupada com a filha. Tratou de levá-la ao Dr. Ratão pra ver o que estava acontecendo, e ele constatou que o que Clarice tinha era... tristeza... E o senhor tem algum remédio pra tristeza, Dr. Ratão? Perguntou Dona Nicota. Infelizmente pra esse mal Dr. Ratão nada podia fazer, a não ser recomendar muito carinho e... passeios.
  • 8. Ao longo dos dias Dona Nicota procurou fazer as vontades de Clarice, acarinhá-la ainda mais. Nada fazia sua alegria voltar, uma tristeza! Clarice pensou que precisava sair daquele estado e resolver fazer força, muita força pra ir em busca da alegria perdida. Uma tarde, após uma boa soneca, Clarice andava pela casa e viu uma porta entreaberta – uma porta que ela nunca havia atravessado. O que será que tem do lado de lá, pensava Clarice e... resolver ir verificar.
  • 9. Clarice resolveu explorar o lugar. Subiu por uma escada bem grande e viu livros, muitos livros e, lembrou-se que há tempos tinha ouvido falar que as crianças-gente aprendem a entender aqueles sinais nas páginas dos livros. E, como era uma ratinha, nunca aprendeu a ler, só lhe ensinavam travessuras – uma pena! Entrou e viu uma enorme sala cheia de estantes, mesas, luminárias e algumas pessoas. Tudo era silêncio, que era quebrado, vez ou outra por alguns passos cuidadosos.
  • 10. Mesmo assim foi até onde estavam os livros e encontrou alguns com as páginas abertas. Numa página tinha um grande desenho: um céu cheio de estrelas e uma lua a brilhar – uma beleza! Com algum esforço Clarice virava as páginas dos livros e, conforme encontrava as figuras ia se encantando cada vez mais. Figuras de pessoas, de lugares, de animais (até de ratos) e até de um lindo barco. Um dia vou viajar num barco...
  • 11. Quando voltou pra casa Clarice estava se sentindo um pouco melhor, o que deixou Dona Nicota menos preocupada. E, dia após dia Clarice ia até aquela sala fazer suas explorações. Nos livros ela procurava o que a encantava – aventura. E, não é que encontrava mesmo? Nos livros a pequena ratinha viajava por mares, conhecia pessoas, animais e imaginava como viviam. Pena que não sabia ler... E Clarice sonhava... Até que voava com um beija-flor!
  • 12. O sorriso foi voltando em Clarice, que agora se sentia uma ratinha esperta, muito mais sabida que seus irmãos, primos e amigos. Eles sequer sabiam da existência de tanta coisa deste mundo e ela sim, era a sabichona do pedaço. Quando a família ia visitar os amigos, Clarice sempre era a mais requisitada por todos – queriam que ela contasse como era o mundo lá fora, o mundo que eles não conheciam. E ela, na maior felicidade contava, contava e a todos encantava. A vida de Clarice ficou a cada dia mais interessante, divertida e ela agora é conhecida como “ratinha de biblioteca” ou... Clarice sabichona. Ah, ela aprendeu até a cantar...
  • 13. Estória criada e formatada por: Mima (Wilma) Badan, a Vovó Mima [email_address] Música: Music Box – Execução de Ernesto Cortazar Imagens: da Net (Repasse com os devidos créditos) Às minhas netas que, como Clarice, são xeretas e sabichonas... E, é claro, com o amor da vovó...