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Caderno de Orientação Assim Se Brinca
23
Os Cadernos de Orientação fazem parte dos materiais pedagó-
gicos do projeto Paralapracá, destinados aos profissionais que
trabalham na Educação Infantil. Cada Caderno tem um eixo, assim
como a série de vídeos, e visa apoiar os educadores no uso dos
demais materiais do projeto e na sua prática junto às crianças e
famílias. Nas próximas páginas há uma série de orientações ou su-
gestões de como explorar os materiais que compõem o projeto e
de como envolver todos os que fazem parte do processo educati-
vo – crianças, famílias, colegas, instituição e outras escolas – a fa-
zer sempre mais e melhor. Cada sugestão está organizada a partir
de um roteiro estruturado da seguinte forma:
1. Título
2. Público
3. Materiais
Mala Paralapracá
Livros de literatura, livros técnicos, CDs, fantoches, tecidos, chapéus, Almanaque
­Paralapracá, Série de Vídeos Paralapracá, Caderno de Orientação Paralapracá, Pasta
de Registro Paralapracá.
4. Seções
Cá entre Nós
Nesta seção há questionamentos, reflexões e provocações para
fazer o educador pensar.
Pra fazer
Esta seção trata da proposta em si. Nas sugestões estão incluídas
em destaque:
Lá
Esta seção se dedica ao público que quer ir mais além, através da
consulta a livros, sites, revistas, etc.
Agora que você já sabe como este Caderno está organizado é só
FAZER ACONTECER!
intenção saiba maisDICAS
Crianças Professores Instituição Comunidade
2
Sumário
O direito de brincar
A brincadeira e a cultura
Brincar de faz-de-conta
Brincar e aprender
Oficina de brinquedos
Brincar com as palavras
7
9
12
15
17
20
Realização
Instituto C&A
Diretor-Presidente
Paulo Castro
Gerente da Área Educação, Arte e Cultura
Áurea Maria Alencar R. Oliveira
Coordenadora dos Programas
Educação Infantil e Educação Integral
Priscila Fernandes Magrin
Coordenadora do Programa Prazer em Ler
Patrícia Monteiro Lacerda
Gerente da Área Mobilização Social
Carla Sattler
Coordenador do Programa Voluntariado
Luiz Covo
Gerente da Área Desenvolvimento
Institucional e Comunitário
Janaína Jatobá
Coordenadora dos Programas Desenvolvimento
Institucional e Redes e Alianças
Cristiane Félix
Assessora de Educação
Alais Ávila
Analista de Projetos
Solange Martins
Assistentes de Programas
Daniela Paiva
Patrícia Souza Carvalho
Consultoria de Comunicação Instituto C&A
Sandra Mara Costa
Concepção, Produção de Conteúdo e Redação
Avante Educação e Mobilização Social
Coordenação do Projeto
Mônica Samia
Autoria
Fabiane Brazileiro
Fabiola Margeritha B. de Santana
Giovana Zen
Mônica Samia
Verônica Valladares
Revisão Técnica
Maria Thereza Marcílio de Souza
Mônica Samia
Leitura Crítica
Abaporu Educação e Cultura
Priscila Fernandes Magrin
Consultoria de Comunicação Projeto Paralapracá
Olho de Peixe Filmes / Selo Toca Cidadania
Coordenação de Comunicação
Sabrina Alves
Estagiária de Comunicação
Samanta da Cunha Santos
Revisão
Mauro de Barros
Projeto Gráfico, Editoração e Ilustrações
Santo Design
O Caderno de Orientação Paralapracá é uma
pu­blicação do Programa Educação Infantil do
Instituto C&A. Permitida a reprodução segundo
condições da versão 3.0 Unported da licença
Creative ­Commons sobre direito autoral de uso não
comercial e recompartilhamento. Para consultar a
licença acesse ‹creativecommons.org/licenses/by-
nc-nd/3.0›
www.institutocea.org.br
5
A brincadeira é a maior expressão do
desenvolvimento humano na infância, pois é a
expressão livre do que vai na alma da criança.
Friedrich Froebel
Assim se brinca
6
A brincadeira permite que as crianças expres-
sem o que sentem e pensam sobre o mundo
de uma forma própria. Por meio das brincadei-
ras, aproximam-se da sua cultura, criam e rein-
ventam sua própria realidade, fazem escolhas,
tomam decisões e, nas palavras de Chico dos
Bonecos, no vídeo Assim se brinca, experimen-
tam, investigam e exploram.
Brincar é tão importante para a criança que
se faz necessário priorizar espaços e momentos
específicos nas instituições de Educação Infan-
til, ora para que brinquem livremente, ora para
as brincadeiras dirigidas. Por isso, cabe ao edu-
cador dialogar com a comunidade e seus cole-
gas sobre a importância da brincadeira para o
desenvolvimento ­infantil, além de planejar cri-
teriosamente situações que garantam o direito
de brincar.
As propostas aqui apresentadas favorecem
esse diálogo e sugerem atividades com as crian-
ças, desde a exploração de textos do Almanaque
Paralapracá, que brincam com as palavras, pas-
sando pelas várias brincadeiras sugeridas por
Adriana Friedman no livro A arte de brincar:
brincadeiras e jogos tradicionais, até a construção
de brinquedos propostos no livro Baragandão
Arco-Íris, além das brincadeiras de faz-de-conta –
essas inventadas sem dificuldade pelas próprias
crianças a partir das suas vivências sociais. Há
também convites para pensar sobre a dimensão
cultural e o direito de brincar.
Então, vamos brincar?
7
Cá entre nós
ƒƒ Por que a brincadeira se constitui como um direito da criança?
ƒƒ Na escola onde você atua, a brincadeira é um direito garantido
na rotina das crianças?
ƒƒ Elas têm oportunidade de escolher as brincadeiras?
ƒƒ Será que os espaços da instituição estão organizados de modo
a favorecer as brincadeiras?
ƒƒ O que a instituição tem feito para garantir que esse direito seja
usufruído pelas crianças?
ƒƒ E na comunidade, o direito de brincar é reconhecido e valoriza-
do? Como a escola contribui nesse aspecto?
Pra fazer
Toda criança tem direito a brincar. Esse direito é tão fundamental
que foi incluído na Declaração das Nações Unidas dos Direitos
da Criança em 1959 e reiterado em 1989, quando a ONU adotou
a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), a qual declara
no artigo 31º: “A criança tem direito ao descanso e lazer, ao diver-
É um direito das crianças ter acesso a essa
cultura milenar e planetária dos brinquedos
e brincadeiras.
Chico dos Bonecos
O direito
de brincar
   
■ SÉRIE DE VídeoS
■ LIVROS DE LITERATURA
Refletir e tomar decisões sobre a impor-
tância de garantir o direito de brincar.
8
timento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na
vida cultural e artística”.
Uma boa forma de refletir sobre esta questão é se reunir com todos os profissionais
da instituição, inclusive os funcionários, para assistir ao vídeo Assim se brinca. Muitas
vezes, nem todos têm conhecimento de que brincar é um direito.
Isso também é comum entre os pais, que, por vezes, acham que
“é bobagem” usar o tempo na escola para brincar. Se brincadeira
é coisa séria para o desenvolvimento infantil, deve ser tratada
como tal por todos que estão em torno da criança.
Há várias formas de assistir ao vídeo. Nesse caso, se o desejo
é direcionar o olhar do grupo de educadores da instituição para a
questão do direito de brincar, é importante organizar um ambien-
te propício. Uma maneira de fazer isso poderia ser recorrendo ao
livro Os direitos das crianças segundo Ruth Rocha, da Cia. das
Letrinhas, que está na Mala Paralapracá. “Em forma de poema, a
mais lírica e divertida declaração dos direitos das crianças!”
Após esse momento de mobilização, é possível destacar a ques-
tão do direito à brincadeira e convidar o grupo para assistir ao vídeo,
refletindo sobre algumas das indagações da seção Cá entre Nós.
Outra sugestão é usar os indicadores a seguir, retirados daquele documento, para
avaliar como está sua instituição em relação à garantia do direito de brincar.
Lá
ƒƒ A publicação Convenção sobre os direitos da criança pode ser encontrada no site do
Unicef: ‹www.unicef.org/brazil/pt/resources_ 10120.htm›
ƒƒ Você sabia que existe no Brasil uma associação que luta pela garantia do direito de
brincar? Ela se chama Associação Brasileira pelo Direito de Brincar – IPA. Acesse o
site ‹www.ipadireitodebrincar.org.br›
ƒƒ BRASIL, MEC, SEB. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos
fundamentais das crianças. 2ª. ed. Brasília: MEC/SEB/DCOCEB/COEDI, 2009. ‹portal.mec.
gov.br/dmdoc›
Os direitos da criança, incluindo o direito
de brincar, também estão divulgados no
documento Critérios para um atendimento em
creches que respeite os direitos fundamentais das
crianças. Acesse a lista completa dos direitos
no site do MEC. Veja como na seção Lá.
Produzir um cartaz com os indicadores,
usando cores ou uma legenda para classifi-
car como estão. O importante é que, após
essa avaliação, sejam tomadas decisões
que melhorem ainda mais a qualidade do
trabalho desenvolvido na instituição.
Nossas crianças têm direito à brincadeira quando
ƒƒ Os brinquedos estão disponíveis às
crianças em todos os momentos.
ƒƒ Os brinquedos são guardados em locais de
livre acesso às crianças.
ƒƒ Os brinquedos são guardados com
carinho, de forma organizada.
ƒƒ As rotinas da creche são flexíveis e
reservam períodos longos para as
brincadeiras livres das crianças.
ƒƒ As famílias recebem orientação sobre
a importância das brincadeiras para o
desenvolvimento infantil.
ƒƒ Ajudamos as crianças a aprender a guardar
os brinquedos nos lugares apropriados.
ƒƒ As salas onde as crianças ficam estão
arrumadas de forma a facilitar brincadeiras
espontâneas e interativas.
ƒƒ Ajudamos as crianças a aprender a usar
brinquedos novos.
ƒƒ Os adultos também propõem brincadeiras
às crianças.
ƒƒ Os espaços externos permitem as
brincadeiras das crianças.
ƒƒ As crianças maiores podem organizar os
seus jogos de bola, inclusive futebol.
ƒƒ As meninas também participam de jogos
que desenvolvem os movimentos amplos:
correr, jogar, pular.
ƒƒ Demonstramos o valor que damos às
brincadeiras infantis participando delas
sempre que as crianças pedem.
ƒƒ Os adultos também acatam as brincadeiras
propostas pelas crianças.
9
Cá entre nós
ƒƒ Você sabia que a brincadeira possui uma dimensão cultural? E
que essa dimensão cultural revela o modo de ser e de viver de
um determinado grupo social?
ƒƒ Você já parou para pensar que as brincadeiras de seus alunos
revelam algo sobre a sua cultura?
ƒƒ Você conhece as brincadeiras presentes na sua comunidade?
Pra fazer
Segundo Brougère, a criança não nasce sabendo brincar, pois a
brincadeira é uma produção cultural.
Brincar com o outro, portanto, é uma experiência de cultura e um
complexo processo interativo e reflexivo que envolve a construção de
habilidades, conhecimentos e valores sobre o mundo. O brincar con-
tém o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressá-lo, pensá-lo
e recriá-lo. Dessa forma, amplia os conhecimentos da criança sobre si
mesma e sobre a realidade ao seu redor.
A brincadeira
e a cultura
A brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez
que se configura como um conjunto de práticas,
conhecimentos e artefatos construídos e acu-
mulados pelos sujeitos nos contextos históricos
e sociais em que se inserem. Representa, dessa
forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos
desenvolvem atividades conjuntas.
Ângela M. Borba
Refletir sobre as possibilidades de
ampliação cultural promovidas pela
brincadeira.
 
■ ALMANAQUE
■ SÉRIE DE VídeoS
■ CDS DE MÚSICA
10
Juntos, vocês podem consultar a seção Repare do mês de agosto do Almanaque
Paralapracá. Vejam como uma mesma brincadeira ganha sentidos diversos em cada re-
gião do nosso país. Observem o que expressou o poeta Carlos Drummond de Andrade
sobre a brincadeira com as pipas:
— O bom da pipa não é mostrar aos outros,
é sentir individualmente a pipa,
dando ao céu o recado da gente.
— Que recado? Explique isso direito!
João olhou-me com delicado desprezo.
— Pensei que não precisasse.
Você solta o bichinho e solta-se a si mesmo.
Ela é sua liberdade, o seu eu, girando por aí,
dispensado de todas as limitações.
Outra dica é explorar o CD Abra a Roda Tin do lê lê que está na Mala Paralapracá.
Nesse material é possível encontrar muitas brincadeiras cantadas, típicas da cultura
brasileira. Comece lendo a proposta do CD, porque a ideia é brincar com a música, nada
de ficar parado! Repare que logo depois das músicas tem um
Como se Brinca ou Movimentação, para ensinar qual é a propos-
ta. Assim, além de muitas aprendizagens e prazer, as crianças
também poderão se apropriar de um rico acervo de brincadeiras
tradicionais! Vai ser pura diversão!
Por fim, seria interessante investigar o repertório de brincadei-
ras que compõe a cultura lúdica infantil da comunidade.
Assim como no vídeo Assim se brinca, vocês também pode-
rão recorrer às pessoas da comunidade para descobrir do que
brincam as crianças quando não estão na escola.
Outra possibilidade interessante é resgatar as brincadeiras de
rua de “antigamente”, que, além do prazer de brincar, fortaleciam
os laços de convivência, de vizinhança, de comunidade. Convide
os pais ou avós para contar os tipos de brincadeira que faziam!
Esta também é uma forma interessante de aproximar os pais da
escola. Experimente!
E sabe por que isso é tão importante?!
Quando o aluno chega à escola, traz consigo um acervo cul-
tural próprio da família, da região onde mora e da sociedade a
que pertence. Esse acervo inclui, além de um conhecimento do
mundo, uma maneira de comunicar-se, uma forma linguística de
se expressar.
Não esqueça de anotar tudo na Pasta de Registro Experiên-
cias Culturais.
Lá
ƒƒ BENJAMIM, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Sum-
mus, 1984.
ƒƒ BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Brasil, MEC,
Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de 6 anos
de idade, 2006.
Cândido Portinari foi um artista que
dedicou sua vida ao registro da cultura de
seu povo e de seu país. Nasceu em Bro-
dósqui, cidade do interior paulista, em
1903. Na Fazenda Santa Rosa, onde mo-
rava, observava os colonos trabalhando
na roça e, assim, pintava coisas e pessoas
do interior, exaltando a gente que produz
e trabalha pelo país. Portinari adorava
pintar crianças brincando e dizia:
“Sabem por que eu pinto tanto
meninos em gangorra e balanço? Para
botá-los no ar, feito anjos”.
Portinari pintava crianças brincando
em árvores, participando de jogos de
futebol e de festas de São João. Todas
essas imagens trazem a lembrança da
vida rural do artista. Espantalhos, pipas,
luas e estrelas são elementos recorrentes
que refletem o apego à cultura rural e à
paisagem do interior.
Consulte ‹www.portinari.org.br›
11
ƒƒ BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KYSHIMOTO, T. M. (org.). O brincar e
suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
ƒƒ CARVALHO, Ana M. A. et al. (orgs.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brin-
ca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
12
Cá entre Nós
ƒƒ Nesta instituição há diferentes espaços e objetos/materiais para
as crianças brincarem e simbolizarem situações do cotidiano?
ƒƒ De que maneira faz-de-conta é incentivado para que as crian-
ças possam assumir variados papéis como: pai, mãe, herói,
professor(a), profissionais diversos e outros personagens que
a imaginação criar?
ƒƒ O ambiente da escola (sala, pátio e outros espaços) é organizado
de forma que incentive a imaginação das crianças, possibilitando
a construção de diferentes cenários, narrativas e papéis?
ƒƒ Nos planejamentos realizados, há tempo e espaços previstos
para as brincadeiras de faz-de-conta?
Pra fazer
Proposta1
Na próxima reunião de professores seria interessante ler o texto
na página seguinte e fazer uma reflexão sobre as brincadeiras de
faz-de-conta das crianças pequenas.
Brincar de
faz-de-conta
Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo e
da brincadeira do faz-de-conta para o desenvol-
vimento infantil. Por exemplo, quando a criança
coloca várias cadeiras uma atrás da outra dizendo
tratar-se de um trem, percebe-se que ela já é
capaz de simbolizar, pois as cadeiras enfileiradas
representam uma realidade ausente, ajudando
a criança a separar objeto de significado. Tal
capacidade representa um passo importante para
o desenvolvimento do pensamento, pois faz com
que a criança se desvincule das situações concre-
tas e imediatas, sendo capaz de abstrair.
Maria Carmem Craidy
e Gládis E. Kaercher
Refletir sobre a importância das brinca-
deiras simbólicas para o conhecimento
de si e do mundo.
 
■ SÉRIE DE VídeoS
13
As brincadeiras de faz-de-conta são formas de explorar e compreender
a sociedade. Quando as crianças representam diversas cenas da vida
cotidiana, assumindo papéis, construindo narrativas, apropriando-se e
reinventando práticas sociais e culturais, elas não estão apenas incorpo-
rando conteúdos, mas também ampliando suas experiências e se apro-
priando de formas de pensar, de conhecer e de agir sobre o mundo. É
por meio do “faz-de-conta” que elas representam como compreendem
a sociedade e a relação entre as pessoas nas diversas situações.
Em seguida, é interessante assistir ao vídeo Assim se brinca, prestando atenção ao
trecho em que as crianças estão imitando cenas do mundo adulto, com destaque para o
depoimento esclarecedor de Cyrce Andrade, quando relata uma brincadeira de faz-de-
conta, vivenciada por uma menina com sua boneca.
Para finalizar, refletir sobre as questões da seção Cá entre nós é uma boa forma de apro-
fundar os conhecimentos sobre a importância do jogo simbólico na Educação Infantil.
Proposta 2
Mais uma vez, várias cenas do vídeo Assim se brinca podem
ajudar a instituição no sentido de coletar ideias simples para or-
ganizar espaços para o faz-de-conta. Repare como há espaços
organizados para brincadeiras de médico, de manicure… Estes
espaços não são fixos, mas preparados para essas brincadeiras
em um determinado dia da semana.
E as crianças podem ajudar muito nisso: sugerindo que tipo
de espaços gostariam de organizar, ajudando a coletar materiais para esses espaços e
organizando-os no dia da brincadeira. Um exemplo simples é o dia do supermercado
ou da feira.
Mas atenção! Nem todas as crianças precisam brincar da mes-
ma coisa. Pode haver espaços diversificados para a sua escolha,
como sugerem as educadoras do CEI Grão da Vida em São Paulo,
no vídeo Assim se organiza o ambiente.
Além desses espaços temporários, alguns podem fazer parte da
sala durante períodos maiores de tempo. Isso é possível por meio
da organização do ambiente através de cantos. Pode haver o canto da casinha, das fanta-
sias, dos blocos e construções, das profissões, etc. Tudo depende do interesse do grupo,
das possibilidades relacionadas ao espaço e, é claro, da intenção do(a) professor(a).
Lá
ƒƒ SANTOS, Vera Lúcia B. Promovendo o desenvolvimento do faz-de-conta na educação
infantil. In: CRAIDY, M. C. e KAERCHER G. (org). Educação infantil: pra que te quero?
Cap. 8. Porto Alegre: Artmed, 2001.
ƒƒ KLISYS, Adriana. Faz-de-conta: invenção do possível. In: Revista Criança do professor
de Educação Infantil, nº 43, ano 2007. Ministério da Educação.
ƒƒ BONDIOLI, Anna e MANTOVANI, Susanna. Manual de educação infantil: de 0 a 3 anos –
uma abordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Organizar espaços e disponibilizar ma-
teriais que favoreçam as brincadeiras de
faz-de-conta.
Se quiser saber mais sobre a organização
dos ambientes, tem também um caderno
de orientação sobre esse tema e o vídeo
já citado.
As brincadeiras de faz-de-conta também
são conhecidas como jogo simbólico ou
jogo de papéis. Este jogo se caracteriza pela
capacidade que as crianças desenvolvem de
representar, de simbolizar, substituindo um
objeto por outro.
É importante deixar disponível para as crianças objetos/brinquedos, como caixas, panos, objetos
para construção, bonecos, fantasias, além de objetos variados utilizados em diversos contextos: biblio-
teca, escritório, consultórios médicos, bibliotecas, escolas, cozinha e outras situações da vida social.
14
ƒƒ VIGOTISKI, Lev. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança.
Revista Virtual de Gestão e Iniciativas Virtuais – Gis. [online] V.11, p.23 a 36. Disponível
em ‹www.ltds.ufrj.br/gis/anteriores.htm›
15
Cá entre nós
ƒƒ Você já planejou alguma brincadeira?
ƒƒ Você sabe o que os alunos podem aprender quando estão
brincando?
ƒƒ Que tipo de problema as crianças resolvem quando brincam?
Pra fazer
No vídeo Assim se brinca, a professora Maria Cristina, do CMEI
­Rubens José Quintiliano, em Castro (PR), comenta quantas apren-
dizagens podem ocorrer nas brincadeiras da Cadeira e da Está-
tua. Para ela, isso está muito claro: as crianças aprendem a ganhar
e perder, desenvolvem sua percepção espacial, ritmo e apren-
dem a resolver problemas. No caso da brincadeira da cadeira, o
problema central é: como consigo sentar antes do meu amigo?
E você professor(a), ao planejar, também pensa nas possíveis
aprendizagens promovidas pelas brincadeiras? Pois então, vamos lá!
Consulte a seção Brincadeiras do Almanaque Paralapracá e
escolha e planeje uma atividade a ser realizada com seus alunos.
Brincar
e aprender
É importante demarcar que no brincar as crianças
vão se constituindo como agentes de sua expe-
riência social, organizando com autonomia suas
ações e interações, elaborando planos e formas
de ações conjuntas, criando regras de convivência
social e de participação nas brincadeiras. Nesse
processo, instituem coletivamente uma ordem so-
cial que rege as relações entre pares e se afirmam
como autoras de suas práticas sociais e culturais.
Ângela M. Borba
Analisar o que as crianças aprendem
quando brincam.
■ SÉRIE DE VídeoS
■ ALMANAQUE
16
Antecipe os possíveis desafios a serem enfrentados pelas crian-
ças e as aprendizagens que serão promovidas.
Durante a brincadeira, escolha uma criança e faça uma obser-
vação mais atenta de como esses desafios são enfrentados e
de como ela reage a eles. Esse registro de observação será um
instrumento para você pensar sobre o modo como seus alunos
resolvem os problemas que surgem nessas situações.
O texto em destaque poderá ajudá-lo(a) a pensar sobre as di-
ferentes aprendizagens inerentes ao ato de brincar.
Que tal registrar suas reflexões na Pasta de Registro Experiên-
cias Pedagógicas?
Lá
ƒƒ BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus
Editorial, 1984.
ƒƒ CLOUDER, Clouder e NICOL, Janni. Brincadeiras criativas para o seu bebê. São Paulo:
Publifolha, 2008.
ƒƒ FRIEDMAN, Adriana. A Arte de brincar: brincadeiras e jogos tradicionais. Vozes, 2004.
ƒƒ KISHIMOTO, T. M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez,
2000.
ƒƒ MOYLES, Janet. R. Só Brincar? O Papel do Brincar na Educação Infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
ƒƒ SMOLE, K.; DINIZ, Maria I. e CÂNDIDO, Patrícia. Coleção Matemática de 0 a 6. Volume 1.
Brincadeiras Infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
ƒƒ VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Nenhuma criança brinca espontaneamente só
para passar o tempo. Sua escolha é motivada
por processos íntimos, desejos, problemas, an-
siedades. O que está acontecendo com a men-
te da criança determina suas atividades lúdicas;
brincar é sua linguagem secreta, que devemos
respeitar mesmo se não a entendemos.
Bruno Bettelheim
17
Cá entre nós
ƒƒ As crianças têm sido apoiadas e incentivadas a confeccionar
seus próprios brinquedos?
ƒƒ A criação de brinquedos é compreendida como possibilidade
de ampliação de conhecimentos?
ƒƒ Os espaços e os tempos da instituição propiciam as situações
lúdicas de criação e exploração de objetos?
ƒƒ As crianças têm tido contato com diferentes tipos de materiais
que possam instrumentalizá-las para confeccionar brinquedos
livremente?
ƒƒ O que as crianças aprendem quando criam ou constroem seus
próprios brinquedos?
ƒƒ Já contou às crianças quais eram suas brincadeiras de infância?
Pra fazer
Proposta1
Os brinquedos são artefatos culturais que fazem parte de um de-
terminado tempo histórico, de costumes e de modos diferentes
Oficina de
brinquedos
Todo esse processo nos faz pensar que, em um
momento tão marcado pela comercialização de
brinquedos, ainda há um importante espaço para a
valorização da criação pessoal, ainda se mantém o
encanto de aprender fazendo o próprio brinquedo
e construindo o ato de brincar.
Kátia Smole, Maria Inez Diniz
e Patrícia Cândido
 
■ ALMANAQUE
■ SÉRIE DE VídeoS
■ LIVROS TÉCNICOS
 
18
de vida. Ao entrar em contato com brinquedos de outras épocas,
as crianças podem compreender muito da vida social da comuni-
dade, das mudanças ocorridas no tempo, no avanço tecnológico
e certamente também se encantarão com esses outros modos de
viver a infância.
Uma das formas de elas conhecerem brinquedos de épocas
passadas é envolver as famílias e a comunidade para contarem
com que tipo de brinquedo elas brincavam na infância. Assim, as
crianças também começam a compreender o mundo social, uma
aprendizagem importante para elas.
Então, que tal convidar pessoas da comunidade para realizar uma Oficina de Brinque-
dos? Podem ser um artesão, pais de alunos ou até mesmo alguém da própria instituição.
Observar alguém construindo brinquedos pode tornar essa “brincadeira” ainda mais rica
e divertida para as crianças.
Esta também pode ser uma boa oportunidade de ampliar as referências e o acervo
cultural das crianças, uma vez que a pessoa convidada poderá construir brinquedos
muito interessantes, porém bem diferentes daqueles com que as crianças estão acos-
tumadas a brincar.
Esse tema é tão rico que pode até virar um projeto de investigação! Que tal: Do que
brincavam os adultos quando eram crianças?
Se entendermos que a infância é um período em que o ser humano está se constituindo cultu-
ralmente, a brincadeira assume importância fundamental como forma de participação social
e como atividade que possibilita a apropriação, a ressignificação e a reelaboração da cultura
pelas crianças.
Ângela M. Borba
As crianças também podem aprender sobre reaproveitamento de objetos e sucatas a
partir dessa oficina. Muitas pessoas têm habilidade para construir brinquedos com obje-
tos que iriam para o lixo. Essa é uma ótima lição de cidadania! Afinal, os bons hábitos em
relação ao meio ambiente devem ser formados desde muito cedo.
Não perca a chance de registrar esses novos artefatos na Pasta de Registro Experi-
ências Culturais.
Proposta 2
Numa conversa informal, pergunte às crianças qual é o seu brin-
quedo predileto; se sabem quem construiu aquele brinquedo; se
já viram alguém fazendo brinquedos ou se conhecem alguém
que os faça. Pergunte o que acham de construírem seus próprios
brinquedos.
ProponhaàscriançasfazerumaOficinadeBrinquedos.Apresente
para elas o livro Baragandão Arco-Íris e o Almanaque ­Paralapracá.
Mostre que no almanaque existem várias sugestões na seção É
brinquedo, sim!, mas esteja receptivo às idéias e sugestões do grupo. Lembre-se: as crian-
ças são as protagonistas, precisam sentir-se envolvidas e interessadas pela proposta.
O momento da escolha do brinquedo a ser construído pode gerar conflitos, já que
são muitas crianças no grupo. Para isso, você pode usar a estratégia da votação, uma
forma interessante e democrática de resolver este tipo de impasse. Ou, dependendo da
disponibilidade de tempo e materiais, decidir fazer dois ou mais tipos de brinquedo.
Que tal começar com um “planejamento” do brinquedo que será construído? Pode
ser uma modelagem usando massinha ou, até mesmo, com papel e lápis, através de
um desenho. Desenhando, as crianças começam a pensar nas formas e cores daquele
Envolver as crianças em atividades essen-
cialmente lúdicas, nas quais terão opor-
tunidades de tomar decisões, explorar,
criar, experimentar, transformar, atribuir
novo sentido às coisas e brincar!
Saiba mais sobre esse assunto no vídeo
Assim se explora o mundo.
Produzir brinquedos com as crianças.
Lembra dos brinquedos criados por
­Chico dos Bonecos no vídeo Assim se
brinca? Você e seus alunos podem cons-
truir e criar muitos outros. Inspire-se!
19
objeto; revelam suas hipóteses sobre a estrutura e dinâmica do
brinquedo; descartam ideias, elaboram novas e se divertem!
Falar sobre o desenho é também uma estratégia interessante.
Assim, as crianças comunicam seus pensamentos e comparam
suas idéias com as dos colegas.
Por fim, faça junto com as crianças uma lista dos materiais necessários para a confec-
ção do brinquedo. Providencie esses materiais e arrume-os em uma mesa, garantindo
que todas as crianças tenham acesso a eles. Dê um tempo para que explorem cada um
deles. É importante que toquem, brinquem, cheirem, apertem, experimentando diferen-
tes possibilidades de interação com esses materiais.
A construção do brinquedo é o passo final desta proposta e o primeiro passo para a
tão esperada brincadeira.
Lá
ƒƒ ADELSIN. Barangandão Arco-íris: 36 brinquedos inventados por meninos e meninas.
Ed. Peirópolis, 1997.
ƒƒ EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem linguagens da criança:
A abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.
ƒƒ Ministério da Educação. A Brincadeira como experiência de cultura na educação infan-
til. In: Revista Criança do professor de educação infantil. Novembro, nº 44, p. 12, 2007.
Lembre-se: os pais também podem fazer
parte dessa proposta!
20
Cá entre nós
ƒƒ Você acredita que a sonoridade das palavras tem tanta impor-
tância quanto seu significado?
ƒƒ De que maneira pode se promover um ambiente letrado para
as crianças?
ƒƒ Por que brincar com as palavras é tão importante para o desen-
volvimento da linguagem?
ƒƒ Que situações de brincadeira com as palavras podem ser pla-
nejadas para explorar com as crianças?
ƒƒ Além dos trava-línguas, que outros textos você utiliza que pro-
movam a brincadeira com palavras?
Pra fazer
As crianças se divertem com os trava-línguas. São momentos que
propiciam a fantasia, a imaginação, a invenção de jogos em seu
pensamento e muita, muita diversão!
Procure os trava-línguas no Almanaque Paralapracá e divirta-
se com as crianças. Você pode fazer uma rodada com todos para
Brincar
com palavras
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
José Paulo Paes
■ ALMANAQUE
■ LIVROS DE LITERATURA
21
ver quem consegue falar o trava-língua sem se atrapalhar. Vai ser
muito divertido! É garantia de muitas risadas!
Experimente também se divertir com as crianças lendo as
­Parlendas encontradas no Almanaque Paralapracá.
Outra idéia é explorar e soltar a imaginação com o livro Trava-
dinhas, de Eva Furnari, que se encontra na Mala Paralapracá.
Lá
ƒƒ CIÇA. O livro do trava-língua. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
ƒƒ CORREIA, Almir. Trava-língua quebra-queixo rema-rema remelexo. São Paulo: Cortez.
ƒƒ VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro do. Brincar de aprender: uni duni tê: o escolhido foi
você! Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008.
ƒƒ SORRENTI, Neuza. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de ativida-
des. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Brincar com as palavras para que as
crianças entrem em contato com o
mundo da leitura e da escrita de forma
divertida.
24
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  • 1. 1 Caderno de Orientação Assim Se Brinca
  • 2. 23 Os Cadernos de Orientação fazem parte dos materiais pedagó- gicos do projeto Paralapracá, destinados aos profissionais que trabalham na Educação Infantil. Cada Caderno tem um eixo, assim como a série de vídeos, e visa apoiar os educadores no uso dos demais materiais do projeto e na sua prática junto às crianças e famílias. Nas próximas páginas há uma série de orientações ou su- gestões de como explorar os materiais que compõem o projeto e de como envolver todos os que fazem parte do processo educati- vo – crianças, famílias, colegas, instituição e outras escolas – a fa- zer sempre mais e melhor. Cada sugestão está organizada a partir de um roteiro estruturado da seguinte forma: 1. Título 2. Público 3. Materiais Mala Paralapracá Livros de literatura, livros técnicos, CDs, fantoches, tecidos, chapéus, Almanaque ­Paralapracá, Série de Vídeos Paralapracá, Caderno de Orientação Paralapracá, Pasta de Registro Paralapracá. 4. Seções Cá entre Nós Nesta seção há questionamentos, reflexões e provocações para fazer o educador pensar. Pra fazer Esta seção trata da proposta em si. Nas sugestões estão incluídas em destaque: Lá Esta seção se dedica ao público que quer ir mais além, através da consulta a livros, sites, revistas, etc. Agora que você já sabe como este Caderno está organizado é só FAZER ACONTECER! intenção saiba maisDICAS Crianças Professores Instituição Comunidade
  • 3. 2 Sumário O direito de brincar A brincadeira e a cultura Brincar de faz-de-conta Brincar e aprender Oficina de brinquedos Brincar com as palavras 7 9 12 15 17 20
  • 4.
  • 5. Realização Instituto C&A Diretor-Presidente Paulo Castro Gerente da Área Educação, Arte e Cultura Áurea Maria Alencar R. Oliveira Coordenadora dos Programas Educação Infantil e Educação Integral Priscila Fernandes Magrin Coordenadora do Programa Prazer em Ler Patrícia Monteiro Lacerda Gerente da Área Mobilização Social Carla Sattler Coordenador do Programa Voluntariado Luiz Covo Gerente da Área Desenvolvimento Institucional e Comunitário Janaína Jatobá Coordenadora dos Programas Desenvolvimento Institucional e Redes e Alianças Cristiane Félix Assessora de Educação Alais Ávila Analista de Projetos Solange Martins Assistentes de Programas Daniela Paiva Patrícia Souza Carvalho Consultoria de Comunicação Instituto C&A Sandra Mara Costa Concepção, Produção de Conteúdo e Redação Avante Educação e Mobilização Social Coordenação do Projeto Mônica Samia Autoria Fabiane Brazileiro Fabiola Margeritha B. de Santana Giovana Zen Mônica Samia Verônica Valladares Revisão Técnica Maria Thereza Marcílio de Souza Mônica Samia Leitura Crítica Abaporu Educação e Cultura Priscila Fernandes Magrin Consultoria de Comunicação Projeto Paralapracá Olho de Peixe Filmes / Selo Toca Cidadania Coordenação de Comunicação Sabrina Alves Estagiária de Comunicação Samanta da Cunha Santos Revisão Mauro de Barros Projeto Gráfico, Editoração e Ilustrações Santo Design O Caderno de Orientação Paralapracá é uma pu­blicação do Programa Educação Infantil do Instituto C&A. Permitida a reprodução segundo condições da versão 3.0 Unported da licença Creative ­Commons sobre direito autoral de uso não comercial e recompartilhamento. Para consultar a licença acesse ‹creativecommons.org/licenses/by- nc-nd/3.0› www.institutocea.org.br
  • 6. 5 A brincadeira é a maior expressão do desenvolvimento humano na infância, pois é a expressão livre do que vai na alma da criança. Friedrich Froebel Assim se brinca
  • 7. 6 A brincadeira permite que as crianças expres- sem o que sentem e pensam sobre o mundo de uma forma própria. Por meio das brincadei- ras, aproximam-se da sua cultura, criam e rein- ventam sua própria realidade, fazem escolhas, tomam decisões e, nas palavras de Chico dos Bonecos, no vídeo Assim se brinca, experimen- tam, investigam e exploram. Brincar é tão importante para a criança que se faz necessário priorizar espaços e momentos específicos nas instituições de Educação Infan- til, ora para que brinquem livremente, ora para as brincadeiras dirigidas. Por isso, cabe ao edu- cador dialogar com a comunidade e seus cole- gas sobre a importância da brincadeira para o desenvolvimento ­infantil, além de planejar cri- teriosamente situações que garantam o direito de brincar. As propostas aqui apresentadas favorecem esse diálogo e sugerem atividades com as crian- ças, desde a exploração de textos do Almanaque Paralapracá, que brincam com as palavras, pas- sando pelas várias brincadeiras sugeridas por Adriana Friedman no livro A arte de brincar: brincadeiras e jogos tradicionais, até a construção de brinquedos propostos no livro Baragandão Arco-Íris, além das brincadeiras de faz-de-conta – essas inventadas sem dificuldade pelas próprias crianças a partir das suas vivências sociais. Há também convites para pensar sobre a dimensão cultural e o direito de brincar. Então, vamos brincar?
  • 8. 7 Cá entre nós ƒƒ Por que a brincadeira se constitui como um direito da criança? ƒƒ Na escola onde você atua, a brincadeira é um direito garantido na rotina das crianças? ƒƒ Elas têm oportunidade de escolher as brincadeiras? ƒƒ Será que os espaços da instituição estão organizados de modo a favorecer as brincadeiras? ƒƒ O que a instituição tem feito para garantir que esse direito seja usufruído pelas crianças? ƒƒ E na comunidade, o direito de brincar é reconhecido e valoriza- do? Como a escola contribui nesse aspecto? Pra fazer Toda criança tem direito a brincar. Esse direito é tão fundamental que foi incluído na Declaração das Nações Unidas dos Direitos da Criança em 1959 e reiterado em 1989, quando a ONU adotou a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), a qual declara no artigo 31º: “A criança tem direito ao descanso e lazer, ao diver- É um direito das crianças ter acesso a essa cultura milenar e planetária dos brinquedos e brincadeiras. Chico dos Bonecos O direito de brincar     ■ SÉRIE DE VídeoS ■ LIVROS DE LITERATURA Refletir e tomar decisões sobre a impor- tância de garantir o direito de brincar.
  • 9. 8 timento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística”. Uma boa forma de refletir sobre esta questão é se reunir com todos os profissionais da instituição, inclusive os funcionários, para assistir ao vídeo Assim se brinca. Muitas vezes, nem todos têm conhecimento de que brincar é um direito. Isso também é comum entre os pais, que, por vezes, acham que “é bobagem” usar o tempo na escola para brincar. Se brincadeira é coisa séria para o desenvolvimento infantil, deve ser tratada como tal por todos que estão em torno da criança. Há várias formas de assistir ao vídeo. Nesse caso, se o desejo é direcionar o olhar do grupo de educadores da instituição para a questão do direito de brincar, é importante organizar um ambien- te propício. Uma maneira de fazer isso poderia ser recorrendo ao livro Os direitos das crianças segundo Ruth Rocha, da Cia. das Letrinhas, que está na Mala Paralapracá. “Em forma de poema, a mais lírica e divertida declaração dos direitos das crianças!” Após esse momento de mobilização, é possível destacar a ques- tão do direito à brincadeira e convidar o grupo para assistir ao vídeo, refletindo sobre algumas das indagações da seção Cá entre Nós. Outra sugestão é usar os indicadores a seguir, retirados daquele documento, para avaliar como está sua instituição em relação à garantia do direito de brincar. Lá ƒƒ A publicação Convenção sobre os direitos da criança pode ser encontrada no site do Unicef: ‹www.unicef.org/brazil/pt/resources_ 10120.htm› ƒƒ Você sabia que existe no Brasil uma associação que luta pela garantia do direito de brincar? Ela se chama Associação Brasileira pelo Direito de Brincar – IPA. Acesse o site ‹www.ipadireitodebrincar.org.br› ƒƒ BRASIL, MEC, SEB. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 2ª. ed. Brasília: MEC/SEB/DCOCEB/COEDI, 2009. ‹portal.mec. gov.br/dmdoc› Os direitos da criança, incluindo o direito de brincar, também estão divulgados no documento Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Acesse a lista completa dos direitos no site do MEC. Veja como na seção Lá. Produzir um cartaz com os indicadores, usando cores ou uma legenda para classifi- car como estão. O importante é que, após essa avaliação, sejam tomadas decisões que melhorem ainda mais a qualidade do trabalho desenvolvido na instituição. Nossas crianças têm direito à brincadeira quando ƒƒ Os brinquedos estão disponíveis às crianças em todos os momentos. ƒƒ Os brinquedos são guardados em locais de livre acesso às crianças. ƒƒ Os brinquedos são guardados com carinho, de forma organizada. ƒƒ As rotinas da creche são flexíveis e reservam períodos longos para as brincadeiras livres das crianças. ƒƒ As famílias recebem orientação sobre a importância das brincadeiras para o desenvolvimento infantil. ƒƒ Ajudamos as crianças a aprender a guardar os brinquedos nos lugares apropriados. ƒƒ As salas onde as crianças ficam estão arrumadas de forma a facilitar brincadeiras espontâneas e interativas. ƒƒ Ajudamos as crianças a aprender a usar brinquedos novos. ƒƒ Os adultos também propõem brincadeiras às crianças. ƒƒ Os espaços externos permitem as brincadeiras das crianças. ƒƒ As crianças maiores podem organizar os seus jogos de bola, inclusive futebol. ƒƒ As meninas também participam de jogos que desenvolvem os movimentos amplos: correr, jogar, pular. ƒƒ Demonstramos o valor que damos às brincadeiras infantis participando delas sempre que as crianças pedem. ƒƒ Os adultos também acatam as brincadeiras propostas pelas crianças.
  • 10. 9 Cá entre nós ƒƒ Você sabia que a brincadeira possui uma dimensão cultural? E que essa dimensão cultural revela o modo de ser e de viver de um determinado grupo social? ƒƒ Você já parou para pensar que as brincadeiras de seus alunos revelam algo sobre a sua cultura? ƒƒ Você conhece as brincadeiras presentes na sua comunidade? Pra fazer Segundo Brougère, a criança não nasce sabendo brincar, pois a brincadeira é uma produção cultural. Brincar com o outro, portanto, é uma experiência de cultura e um complexo processo interativo e reflexivo que envolve a construção de habilidades, conhecimentos e valores sobre o mundo. O brincar con- tém o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo. Dessa forma, amplia os conhecimentos da criança sobre si mesma e sobre a realidade ao seu redor. A brincadeira e a cultura A brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acu- mulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem. Representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas. Ângela M. Borba Refletir sobre as possibilidades de ampliação cultural promovidas pela brincadeira.   ■ ALMANAQUE ■ SÉRIE DE VídeoS ■ CDS DE MÚSICA
  • 11. 10 Juntos, vocês podem consultar a seção Repare do mês de agosto do Almanaque Paralapracá. Vejam como uma mesma brincadeira ganha sentidos diversos em cada re- gião do nosso país. Observem o que expressou o poeta Carlos Drummond de Andrade sobre a brincadeira com as pipas: — O bom da pipa não é mostrar aos outros, é sentir individualmente a pipa, dando ao céu o recado da gente. — Que recado? Explique isso direito! João olhou-me com delicado desprezo. — Pensei que não precisasse. Você solta o bichinho e solta-se a si mesmo. Ela é sua liberdade, o seu eu, girando por aí, dispensado de todas as limitações. Outra dica é explorar o CD Abra a Roda Tin do lê lê que está na Mala Paralapracá. Nesse material é possível encontrar muitas brincadeiras cantadas, típicas da cultura brasileira. Comece lendo a proposta do CD, porque a ideia é brincar com a música, nada de ficar parado! Repare que logo depois das músicas tem um Como se Brinca ou Movimentação, para ensinar qual é a propos- ta. Assim, além de muitas aprendizagens e prazer, as crianças também poderão se apropriar de um rico acervo de brincadeiras tradicionais! Vai ser pura diversão! Por fim, seria interessante investigar o repertório de brincadei- ras que compõe a cultura lúdica infantil da comunidade. Assim como no vídeo Assim se brinca, vocês também pode- rão recorrer às pessoas da comunidade para descobrir do que brincam as crianças quando não estão na escola. Outra possibilidade interessante é resgatar as brincadeiras de rua de “antigamente”, que, além do prazer de brincar, fortaleciam os laços de convivência, de vizinhança, de comunidade. Convide os pais ou avós para contar os tipos de brincadeira que faziam! Esta também é uma forma interessante de aproximar os pais da escola. Experimente! E sabe por que isso é tão importante?! Quando o aluno chega à escola, traz consigo um acervo cul- tural próprio da família, da região onde mora e da sociedade a que pertence. Esse acervo inclui, além de um conhecimento do mundo, uma maneira de comunicar-se, uma forma linguística de se expressar. Não esqueça de anotar tudo na Pasta de Registro Experiên- cias Culturais. Lá ƒƒ BENJAMIM, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Sum- mus, 1984. ƒƒ BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: Brasil, MEC, Ensino Fundamental de Nove Anos: orientações para a inclusão da criança de 6 anos de idade, 2006. Cândido Portinari foi um artista que dedicou sua vida ao registro da cultura de seu povo e de seu país. Nasceu em Bro- dósqui, cidade do interior paulista, em 1903. Na Fazenda Santa Rosa, onde mo- rava, observava os colonos trabalhando na roça e, assim, pintava coisas e pessoas do interior, exaltando a gente que produz e trabalha pelo país. Portinari adorava pintar crianças brincando e dizia: “Sabem por que eu pinto tanto meninos em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos”. Portinari pintava crianças brincando em árvores, participando de jogos de futebol e de festas de São João. Todas essas imagens trazem a lembrança da vida rural do artista. Espantalhos, pipas, luas e estrelas são elementos recorrentes que refletem o apego à cultura rural e à paisagem do interior. Consulte ‹www.portinari.org.br›
  • 12. 11 ƒƒ BROUGÈRE, Gilles. A criança e a cultura lúdica. In: KYSHIMOTO, T. M. (org.). O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. ƒƒ CARVALHO, Ana M. A. et al. (orgs.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brin- ca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
  • 13. 12 Cá entre Nós ƒƒ Nesta instituição há diferentes espaços e objetos/materiais para as crianças brincarem e simbolizarem situações do cotidiano? ƒƒ De que maneira faz-de-conta é incentivado para que as crian- ças possam assumir variados papéis como: pai, mãe, herói, professor(a), profissionais diversos e outros personagens que a imaginação criar? ƒƒ O ambiente da escola (sala, pátio e outros espaços) é organizado de forma que incentive a imaginação das crianças, possibilitando a construção de diferentes cenários, narrativas e papéis? ƒƒ Nos planejamentos realizados, há tempo e espaços previstos para as brincadeiras de faz-de-conta? Pra fazer Proposta1 Na próxima reunião de professores seria interessante ler o texto na página seguinte e fazer uma reflexão sobre as brincadeiras de faz-de-conta das crianças pequenas. Brincar de faz-de-conta Vygotsky enfatiza a importância do brinquedo e da brincadeira do faz-de-conta para o desenvol- vimento infantil. Por exemplo, quando a criança coloca várias cadeiras uma atrás da outra dizendo tratar-se de um trem, percebe-se que ela já é capaz de simbolizar, pois as cadeiras enfileiradas representam uma realidade ausente, ajudando a criança a separar objeto de significado. Tal capacidade representa um passo importante para o desenvolvimento do pensamento, pois faz com que a criança se desvincule das situações concre- tas e imediatas, sendo capaz de abstrair. Maria Carmem Craidy e Gládis E. Kaercher Refletir sobre a importância das brinca- deiras simbólicas para o conhecimento de si e do mundo.   ■ SÉRIE DE VídeoS
  • 14. 13 As brincadeiras de faz-de-conta são formas de explorar e compreender a sociedade. Quando as crianças representam diversas cenas da vida cotidiana, assumindo papéis, construindo narrativas, apropriando-se e reinventando práticas sociais e culturais, elas não estão apenas incorpo- rando conteúdos, mas também ampliando suas experiências e se apro- priando de formas de pensar, de conhecer e de agir sobre o mundo. É por meio do “faz-de-conta” que elas representam como compreendem a sociedade e a relação entre as pessoas nas diversas situações. Em seguida, é interessante assistir ao vídeo Assim se brinca, prestando atenção ao trecho em que as crianças estão imitando cenas do mundo adulto, com destaque para o depoimento esclarecedor de Cyrce Andrade, quando relata uma brincadeira de faz-de- conta, vivenciada por uma menina com sua boneca. Para finalizar, refletir sobre as questões da seção Cá entre nós é uma boa forma de apro- fundar os conhecimentos sobre a importância do jogo simbólico na Educação Infantil. Proposta 2 Mais uma vez, várias cenas do vídeo Assim se brinca podem ajudar a instituição no sentido de coletar ideias simples para or- ganizar espaços para o faz-de-conta. Repare como há espaços organizados para brincadeiras de médico, de manicure… Estes espaços não são fixos, mas preparados para essas brincadeiras em um determinado dia da semana. E as crianças podem ajudar muito nisso: sugerindo que tipo de espaços gostariam de organizar, ajudando a coletar materiais para esses espaços e organizando-os no dia da brincadeira. Um exemplo simples é o dia do supermercado ou da feira. Mas atenção! Nem todas as crianças precisam brincar da mes- ma coisa. Pode haver espaços diversificados para a sua escolha, como sugerem as educadoras do CEI Grão da Vida em São Paulo, no vídeo Assim se organiza o ambiente. Além desses espaços temporários, alguns podem fazer parte da sala durante períodos maiores de tempo. Isso é possível por meio da organização do ambiente através de cantos. Pode haver o canto da casinha, das fanta- sias, dos blocos e construções, das profissões, etc. Tudo depende do interesse do grupo, das possibilidades relacionadas ao espaço e, é claro, da intenção do(a) professor(a). Lá ƒƒ SANTOS, Vera Lúcia B. Promovendo o desenvolvimento do faz-de-conta na educação infantil. In: CRAIDY, M. C. e KAERCHER G. (org). Educação infantil: pra que te quero? Cap. 8. Porto Alegre: Artmed, 2001. ƒƒ KLISYS, Adriana. Faz-de-conta: invenção do possível. In: Revista Criança do professor de Educação Infantil, nº 43, ano 2007. Ministério da Educação. ƒƒ BONDIOLI, Anna e MANTOVANI, Susanna. Manual de educação infantil: de 0 a 3 anos – uma abordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998. Organizar espaços e disponibilizar ma- teriais que favoreçam as brincadeiras de faz-de-conta. Se quiser saber mais sobre a organização dos ambientes, tem também um caderno de orientação sobre esse tema e o vídeo já citado. As brincadeiras de faz-de-conta também são conhecidas como jogo simbólico ou jogo de papéis. Este jogo se caracteriza pela capacidade que as crianças desenvolvem de representar, de simbolizar, substituindo um objeto por outro. É importante deixar disponível para as crianças objetos/brinquedos, como caixas, panos, objetos para construção, bonecos, fantasias, além de objetos variados utilizados em diversos contextos: biblio- teca, escritório, consultórios médicos, bibliotecas, escolas, cozinha e outras situações da vida social.
  • 15. 14 ƒƒ VIGOTISKI, Lev. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista Virtual de Gestão e Iniciativas Virtuais – Gis. [online] V.11, p.23 a 36. Disponível em ‹www.ltds.ufrj.br/gis/anteriores.htm›
  • 16. 15 Cá entre nós ƒƒ Você já planejou alguma brincadeira? ƒƒ Você sabe o que os alunos podem aprender quando estão brincando? ƒƒ Que tipo de problema as crianças resolvem quando brincam? Pra fazer No vídeo Assim se brinca, a professora Maria Cristina, do CMEI ­Rubens José Quintiliano, em Castro (PR), comenta quantas apren- dizagens podem ocorrer nas brincadeiras da Cadeira e da Está- tua. Para ela, isso está muito claro: as crianças aprendem a ganhar e perder, desenvolvem sua percepção espacial, ritmo e apren- dem a resolver problemas. No caso da brincadeira da cadeira, o problema central é: como consigo sentar antes do meu amigo? E você professor(a), ao planejar, também pensa nas possíveis aprendizagens promovidas pelas brincadeiras? Pois então, vamos lá! Consulte a seção Brincadeiras do Almanaque Paralapracá e escolha e planeje uma atividade a ser realizada com seus alunos. Brincar e aprender É importante demarcar que no brincar as crianças vão se constituindo como agentes de sua expe- riência social, organizando com autonomia suas ações e interações, elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras. Nesse processo, instituem coletivamente uma ordem so- cial que rege as relações entre pares e se afirmam como autoras de suas práticas sociais e culturais. Ângela M. Borba Analisar o que as crianças aprendem quando brincam. ■ SÉRIE DE VídeoS ■ ALMANAQUE
  • 17. 16 Antecipe os possíveis desafios a serem enfrentados pelas crian- ças e as aprendizagens que serão promovidas. Durante a brincadeira, escolha uma criança e faça uma obser- vação mais atenta de como esses desafios são enfrentados e de como ela reage a eles. Esse registro de observação será um instrumento para você pensar sobre o modo como seus alunos resolvem os problemas que surgem nessas situações. O texto em destaque poderá ajudá-lo(a) a pensar sobre as di- ferentes aprendizagens inerentes ao ato de brincar. Que tal registrar suas reflexões na Pasta de Registro Experiên- cias Pedagógicas? Lá ƒƒ BENJAMIN, Walter. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus Editorial, 1984. ƒƒ CLOUDER, Clouder e NICOL, Janni. Brincadeiras criativas para o seu bebê. São Paulo: Publifolha, 2008. ƒƒ FRIEDMAN, Adriana. A Arte de brincar: brincadeiras e jogos tradicionais. Vozes, 2004. ƒƒ KISHIMOTO, T. M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000. ƒƒ MOYLES, Janet. R. Só Brincar? O Papel do Brincar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002. ƒƒ SMOLE, K.; DINIZ, Maria I. e CÂNDIDO, Patrícia. Coleção Matemática de 0 a 6. Volume 1. Brincadeiras Infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre: Artmed, 2000. ƒƒ VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o tempo. Sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, an- siedades. O que está acontecendo com a men- te da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos. Bruno Bettelheim
  • 18. 17 Cá entre nós ƒƒ As crianças têm sido apoiadas e incentivadas a confeccionar seus próprios brinquedos? ƒƒ A criação de brinquedos é compreendida como possibilidade de ampliação de conhecimentos? ƒƒ Os espaços e os tempos da instituição propiciam as situações lúdicas de criação e exploração de objetos? ƒƒ As crianças têm tido contato com diferentes tipos de materiais que possam instrumentalizá-las para confeccionar brinquedos livremente? ƒƒ O que as crianças aprendem quando criam ou constroem seus próprios brinquedos? ƒƒ Já contou às crianças quais eram suas brincadeiras de infância? Pra fazer Proposta1 Os brinquedos são artefatos culturais que fazem parte de um de- terminado tempo histórico, de costumes e de modos diferentes Oficina de brinquedos Todo esse processo nos faz pensar que, em um momento tão marcado pela comercialização de brinquedos, ainda há um importante espaço para a valorização da criação pessoal, ainda se mantém o encanto de aprender fazendo o próprio brinquedo e construindo o ato de brincar. Kátia Smole, Maria Inez Diniz e Patrícia Cândido   ■ ALMANAQUE ■ SÉRIE DE VídeoS ■ LIVROS TÉCNICOS  
  • 19. 18 de vida. Ao entrar em contato com brinquedos de outras épocas, as crianças podem compreender muito da vida social da comuni- dade, das mudanças ocorridas no tempo, no avanço tecnológico e certamente também se encantarão com esses outros modos de viver a infância. Uma das formas de elas conhecerem brinquedos de épocas passadas é envolver as famílias e a comunidade para contarem com que tipo de brinquedo elas brincavam na infância. Assim, as crianças também começam a compreender o mundo social, uma aprendizagem importante para elas. Então, que tal convidar pessoas da comunidade para realizar uma Oficina de Brinque- dos? Podem ser um artesão, pais de alunos ou até mesmo alguém da própria instituição. Observar alguém construindo brinquedos pode tornar essa “brincadeira” ainda mais rica e divertida para as crianças. Esta também pode ser uma boa oportunidade de ampliar as referências e o acervo cultural das crianças, uma vez que a pessoa convidada poderá construir brinquedos muito interessantes, porém bem diferentes daqueles com que as crianças estão acos- tumadas a brincar. Esse tema é tão rico que pode até virar um projeto de investigação! Que tal: Do que brincavam os adultos quando eram crianças? Se entendermos que a infância é um período em que o ser humano está se constituindo cultu- ralmente, a brincadeira assume importância fundamental como forma de participação social e como atividade que possibilita a apropriação, a ressignificação e a reelaboração da cultura pelas crianças. Ângela M. Borba As crianças também podem aprender sobre reaproveitamento de objetos e sucatas a partir dessa oficina. Muitas pessoas têm habilidade para construir brinquedos com obje- tos que iriam para o lixo. Essa é uma ótima lição de cidadania! Afinal, os bons hábitos em relação ao meio ambiente devem ser formados desde muito cedo. Não perca a chance de registrar esses novos artefatos na Pasta de Registro Experi- ências Culturais. Proposta 2 Numa conversa informal, pergunte às crianças qual é o seu brin- quedo predileto; se sabem quem construiu aquele brinquedo; se já viram alguém fazendo brinquedos ou se conhecem alguém que os faça. Pergunte o que acham de construírem seus próprios brinquedos. ProponhaàscriançasfazerumaOficinadeBrinquedos.Apresente para elas o livro Baragandão Arco-Íris e o Almanaque ­Paralapracá. Mostre que no almanaque existem várias sugestões na seção É brinquedo, sim!, mas esteja receptivo às idéias e sugestões do grupo. Lembre-se: as crian- ças são as protagonistas, precisam sentir-se envolvidas e interessadas pela proposta. O momento da escolha do brinquedo a ser construído pode gerar conflitos, já que são muitas crianças no grupo. Para isso, você pode usar a estratégia da votação, uma forma interessante e democrática de resolver este tipo de impasse. Ou, dependendo da disponibilidade de tempo e materiais, decidir fazer dois ou mais tipos de brinquedo. Que tal começar com um “planejamento” do brinquedo que será construído? Pode ser uma modelagem usando massinha ou, até mesmo, com papel e lápis, através de um desenho. Desenhando, as crianças começam a pensar nas formas e cores daquele Envolver as crianças em atividades essen- cialmente lúdicas, nas quais terão opor- tunidades de tomar decisões, explorar, criar, experimentar, transformar, atribuir novo sentido às coisas e brincar! Saiba mais sobre esse assunto no vídeo Assim se explora o mundo. Produzir brinquedos com as crianças. Lembra dos brinquedos criados por ­Chico dos Bonecos no vídeo Assim se brinca? Você e seus alunos podem cons- truir e criar muitos outros. Inspire-se!
  • 20. 19 objeto; revelam suas hipóteses sobre a estrutura e dinâmica do brinquedo; descartam ideias, elaboram novas e se divertem! Falar sobre o desenho é também uma estratégia interessante. Assim, as crianças comunicam seus pensamentos e comparam suas idéias com as dos colegas. Por fim, faça junto com as crianças uma lista dos materiais necessários para a confec- ção do brinquedo. Providencie esses materiais e arrume-os em uma mesa, garantindo que todas as crianças tenham acesso a eles. Dê um tempo para que explorem cada um deles. É importante que toquem, brinquem, cheirem, apertem, experimentando diferen- tes possibilidades de interação com esses materiais. A construção do brinquedo é o passo final desta proposta e o primeiro passo para a tão esperada brincadeira. Lá ƒƒ ADELSIN. Barangandão Arco-íris: 36 brinquedos inventados por meninos e meninas. Ed. Peirópolis, 1997. ƒƒ EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella e FORMAN, George. As cem linguagens da criança: A abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. ƒƒ Ministério da Educação. A Brincadeira como experiência de cultura na educação infan- til. In: Revista Criança do professor de educação infantil. Novembro, nº 44, p. 12, 2007. Lembre-se: os pais também podem fazer parte dessa proposta!
  • 21. 20 Cá entre nós ƒƒ Você acredita que a sonoridade das palavras tem tanta impor- tância quanto seu significado? ƒƒ De que maneira pode se promover um ambiente letrado para as crianças? ƒƒ Por que brincar com as palavras é tão importante para o desen- volvimento da linguagem? ƒƒ Que situações de brincadeira com as palavras podem ser pla- nejadas para explorar com as crianças? ƒƒ Além dos trava-línguas, que outros textos você utiliza que pro- movam a brincadeira com palavras? Pra fazer As crianças se divertem com os trava-línguas. São momentos que propiciam a fantasia, a imaginação, a invenção de jogos em seu pensamento e muita, muita diversão! Procure os trava-línguas no Almanaque Paralapracá e divirta- se com as crianças. Você pode fazer uma rodada com todos para Brincar com palavras Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam. As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam. Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia. Vamos brincar de poesia? José Paulo Paes ■ ALMANAQUE ■ LIVROS DE LITERATURA
  • 22. 21 ver quem consegue falar o trava-língua sem se atrapalhar. Vai ser muito divertido! É garantia de muitas risadas! Experimente também se divertir com as crianças lendo as ­Parlendas encontradas no Almanaque Paralapracá. Outra idéia é explorar e soltar a imaginação com o livro Trava- dinhas, de Eva Furnari, que se encontra na Mala Paralapracá. Lá ƒƒ CIÇA. O livro do trava-língua. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. ƒƒ CORREIA, Almir. Trava-língua quebra-queixo rema-rema remelexo. São Paulo: Cortez. ƒƒ VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro do. Brincar de aprender: uni duni tê: o escolhido foi você! Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008. ƒƒ SORRENTI, Neuza. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de ativida- des. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. Brincar com as palavras para que as crianças entrem em contato com o mundo da leitura e da escrita de forma divertida.
  • 23.