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Desenvolvimento alternativo e
alternativas ao desenvolvimento

O caso Kil Ki di Nos Ten Balur - Guiné-Bissau
                                                  Miguel Filipe Silva


Seminário no Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento
                              Rural
               Escola Superior Agrária de Coimbra
                     11 de Fevereiro de 2012
Os loucos anos do Desenvolvimento
            1945/2000
1945 a 1960

• Modelo proposto é o Plano Marshall

   O Desenvolvimento da Europa é o modelo:
   Industrialização
   “Transferência” de Tecnologia
   Empréstimos para investimento

Problemas?

• Aparecem as ONG
• Quando a sua actuação deixa a Europa e se concentra na África em descolonização.
• Não concorda com o Modelo Marshall – por isso não governamentais.
Década de 1960

• Modelo: Crescimento é desenvolvimento

 Países em vias de desenvolvimento
Apenas precisam de financiamento para adquirem Vantagem Comparativa
 Ajuda alimentar de emergência


 Índia – Indústria Pesada (trabalho injusto? )
 Ásia – Produção de Bens de Consumo (Trabalho Injusto?)
 África – Exportação de matérias-primas (Novidade?)

 Subordinação do social e político ao económico? Fascismo Económico?
Década de 1970
• Modelo Crítico
 A teoria do crescimento estava a cavar o fosso das desigualdades.

 Porquê?

 O conceito de cooperação ganha forma assim como o de Desenvolvimento
  Sustentável
 Complementaridade ao crescimento – Educação, Saúde
 América Latina nasce CEPAL (Comissão Económica dos Países América Latina)
 Economia do Sul dependente da do Norte (Financiamento, Tecnologia, Balança
  comercial) – Dívida
 As elites do Sul são “predadoras” – importa bens de luxo financiados pela “ajuda”
•   Década de 1970
   Crise do Petróleo – a OPEP
   Aumento das regras proteccionistas
   Ajuda dos países da OPEP – Taxas de juro baixas e reestruturação da dívida
   Excedente de Petro Dólares


 Nixon – Aumento da Taxa de Juro/Fim do Padrão Ouro

 Fim dos gloriosos 30 – Bretton Woods/Kynes/Estado Social
 Crise da dívida
 Consenso de Washington - Milton Friedman – Escola de Chicago

 Neo-Conservadorismo
Décadas de 1980 e 1990
•   Modelo: Ajustamento Estrutural
   Os anos Reagan e Thatcher
   Condicionamento económico
   Países Pobres só têm acesso a financiamentos se cumprirem metas orçamentais:

   FMI e Banco Mundial – Lógica da Eficiência
   Desemprego - Pobreza
   Crise América do Sul e na Ásia
   Liberalização comercial e financeira – De que lado se aboliram as barreiras?

 Em 90 ao condicionamento económico junta-se o condicionamento político
a obrigação da Democracia Representativa

Catástrofes e guerras “matam” o sonho de uma cooperação mais positiva com a queda
   do muro de Berlim
O medo da imigração canaliza ajuda para PECO e NEI
FMI
-medidas standard para todos os países em crise ou em desenvolvimento
- decide de Washington as políticas macroeconómicas que os governos dos países pobres
têm imperiosamente que cumprir
-política orçamental restritiva - despesa pública
-Políticas monetárias muito restritivas – mesmo que isso leve ao aumento das taxas de juro
-constituição de reservas em títulos do tesouro norte-americano
-Controlo da inflação - emprego
- Livre circulação imediata de bens e de capitais.
 O emagrecimento do estado

OMC
-livre comércio imediato
- abolição de qualquer barreira ao livre comércio

Banco Mundial – Quantificar, Quantificar….
                     A partir de 1990 preocupação por programas de desenvolvimento
comunitário (Stiglitz) e de microcrédito (Yunus).
As desigualdades no Mundo
4 mil milhões de pobres
55% da População Mundial
Ao fim de décadas de imposição de políticas restritivas
- África não está a convergir com os países do norte
- o pib não descola (importância das exportações)
- a pobreza diminuiu no mundo excepto em África
- o acesso à saúde e à educação mantêm níveis paupérrimos
- a esperança de vida não descola dos níveis da revolução agrícola do séc x
- o investimento privado não existe
- a produção nacional é muito baixa
- a competitividade não aumentou
- o acesso à água diminuiu

Ênfase nos resultados macroeconómicos
-marginalização dos objetivos sociais
-marginalização participação democrática
-marginalização da distribuição equitativa dos resultados do desenvolvimento
-marginalização da preservação do ambiente – Em direção a um bem privado?
Porque nos devemos preocupar com
            a pobreza?
1) Pobreza desperdiça vidas que poderiam ter-se realizado na plenitude.
Quantos cientistas, médicos, professores desperdiçamos?

2) Pobreza e crime estão associados.
Quantos poderiam ser produtivos em vez e destrutivos?

3) Pobreza e saúde estão associados
Qual seria a dimensão das doenças endémicas? Quanto se pouparia?

4) A pobreza é inimiga da Democracia e pode promover regimes ditatoriais
Que lideres autocráticos nunca teriam aparecido?

5) Os Estados pobres e marginalizados podem tornar-se (tornam-se) uma ameaça mundial.
Não será a erradicação da pobreza ÚNICA maneira de asfixiar o terrorismo?

6) Há 3 mil milhões de pessoas “fora” deste modelo de economia de mercado.
Quanto potencial social, humano e económico é desperdiçado?

8) A pobreza é um dos mais importantes factores da imigração clandestina.
Quantos poderiam ter condições mais dignas nos seus Países?
Novo Milénio os ODM

E depois de 2015?
Actualmente as tendências vão no sentido de:
-DECLARAÇÃO DO MILÉNIO – 8 ODM 2000-2015
-MOBILIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO MAIS EFICAZ DOS RECURSOS FINANCEIROS – o que implica
(i) harmonizar as políticas dos doadores (ii) em articulação/alinhamento com as prioridades dos
beneficiários; (iii) desligamento da ajuda e reforço da cooperação multilateral e (iv) compromisso
para que a APD atinja 0,7% do RNB dos PD.
• Década de 1970
 Teoria das Necessidades Básicas – alternativa ao desenvolvimento ou
    Desenvolvimento alternativo?
-A industrialização não é solução
-As assimetrias mundiais e regionais (meio rural) aumentam - Índice de Gini
-É necessário responder à necesidade de alimentação, habitação, saúde.
Eco-Desenvolvimento?
Desenvolvimento Alternativo?




Alternativas ao desenvolvimento?



Ou será sempre assim?
Desenvolvimento Alternativo

- 1972 : Conferência de Estocolmo sobre o Desenvolvimento
- Programa ONU para o meio ambiente
- 1974: Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento
- 1975/76: Fundação Internacional de Alternativas ao Desenvolvimento
  (Fundação Sueca Dag Hammarskjold); Women in Development
- 1987 Desenvolvimento sustentável – Comissão Bruntland
- 1992 Conferência do Rio
Desenvolvimento Alternativo
1) Crítica da estrita racionalidade económica – inspiram políticas de desenvolvimento
    dominantes
2) Crítica à subordinação de todas as dimensões humanas ao princípio da racionalidade
    económica – sacrifício bens e valores não económicos (igualdade, participação
    democrática, diversidade cultural, meio ambiente)
3) Desenvolvimento é a melhoria das condições de vida e de participação igualitária/cidadania
4) Não rejeita o crescimento económico mas reflete sobre os seus limites e subordina-o a
    imperativos não-económicos
5) Comunidades marginalizadas são sujeitos do seu próprio desenvolvimento e não apenas
    objetos de desenvolvimento
6) Desenvolvimento Bottom/Up
7) Os atores são a sociedade civil e não exclusivamente o Estado e as élites económicas
8) Privilégio da escala local – poder comunitário
Desenvolvimento Alternativo
 9) Privilégios dos estudos interculturais e etnográficos
10) Cepticismo em relação as formas de produção capitalista e de controlo centralizado
11 ) Defesa das iniciativas coletivas – plasmadas em organizações económicas populares de
     gestão solidária – mais participação, mais igualdade, menos separação capital/trabalho
12) Autogestão contra o paternalismo do Estado e a “predação” do setor privado/economia
     informal
13) Assegurar o acesso a bens e serviços solidários (MST, MSTecto), limitando o “choque
     ecológico
14)Bancos comunitários/moedas socias (Palmar)
15) Formas de produção alternativas – mercado local, assentes no intercâmbio de serviços e
     bens com base em sistemas alternativos de medição de valor (não monetários – valor de
     troca) – Princípio da recioprocidade
14) Microcrédito?
15) Brasil – Secretária de Estado da Economia Solidária / Bolívia Eco.Sol. Na constituição
Crítica ao Desenvolvimento alternativo

1.   Proposta não sistémica
2.   Escala local e micro escala económica
3.   Privilégio da economia informal esquece as interdependências entre escalas
4.   A competição com a economia capitalista é dependente de trabalho em rede,
5.   à escala nacional e global
6.   Comunidade fortaleza para a Comunidade Amiba
Alternativa ao Desenvolvimento
1.   Rejeição do Paradigma
2.   Radicalização ecologista
3.   Crítica ao Desenvolvimento sustentável
4.   Impossível sustentar este desenvolvimento sustentável = crescimento sustentável sem
     destruir as condições de vida na terra
5.   O único desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento sem crescimento
6.   Reivindicação da diversidade cultural e de formas de produzir
7.   Consumo / troca recíproca
8.   Reificação do local

Swadeshi (autonomia)
Autonomia económica local baseada no espírito que nos exige que sirvamos os nossos vizinhos
    imediatos preferencialmente a outros e que usemos as coisas produzidas à nossa volta em
    vez das produzidas em locais remotos”
Ghandi exortando os indianos a não comprarem sal inglês – início da luta pela independência
Há Soluções Sistémicas?
- livre comércio com protecção à produção estratégica
- políticas monetárias mais expansivas
- diminuir taxas de juro
-deficit orçamental - investimento em infra-estruturas
-criação de emprego
-emissão de dívida pública com cobertura do BCE e do tesouro EUA
-defesa da propriedade privada
-actuação real dos tribunais
-fortalecimento da actividade bancária sem liberalização do mercado de capitais
-mais incentivos ao investimento estrangeiro
-Eco- turismo – controlado
-redução das taxas de circulação
-incentivo ao comércio inter-regional
O Caso Kil Ki Di Nos Ten Balur
Pressupostos
- A capacidade produtiva da Guiné-Bissau, quer do ponto de vista agrícola e agro-florestal
quer do ponto de vista do artesanato utilitário ou artístico tem um potencial comercial
importante claramente menosprezado pelos agentes de desenvolvimento

-Muitos esforços e investimentos foram canalizados na melhoria e aumento das produções
locais, sem equacionar a questão do seu escoamento e comercialização, resultando, hoje
ainda, num estrangulamento dos fluxos de mercadoria e no seu subsequente
armazenamento e desperdício nas zonas de produção.

-Opções por monoculturas de renda predadoras do seu meio ambiente e factor de risco nos
casos de irregularidade ou desmoronamento dos mercados, perda de variedades
endémicas resistentes e adaptadas, de terras aráveis e de fonte de diversidade para a dieta
das populações.

-A Guiné-Bissau, que na primeira década da sua independência exportava arroz para a sub-
região, importa hoje a quase totalidade da sua principal fonte de alimentação na forma de
arroz do sudeste asiático, colocando em risco a sua segurança e soberania alimentar
-A situação de crise alimentar actualmente vivida demonstra os limites dos modelos de
desenvolvimento até agora promovidos, baseados na especialização e vantagens
comparativas em detrimento da agricultura camponesa.

-Hoje, as principais Instituições Financeiras Internacionais e agências das Nações
Unidades reconhecem o impacto catastrófico destes modelos e defendem um efectivo
apoio à agricultura de tipo camponesa e familiar assente nos saberes e produtos
locais, referindo-se pela primeira vez a conceitos oriundos dos movimentos sociais
camponeses como o de “Soberania Alimentar”.
Fonte CIDAC
Problemas a resolver                                        Necessidades

                                                        Apoio à qualidade e apresentação; certificação,
Muitos produtos não cumprem critérios mínimos para
                                                        economias de escala para transporte e aquisição de
integrar o mercado formal
                                                        vasilhames, procura activa de mercados

O nível de autonomia dos produtores a nível da gestão   Capacitação na gestão, promoção e comercialização
e da venda é baixo                                      com vista à autonomização

Os produtores estão isolados e têm pouca força          Criação de fóruns de partilha, elaboração de estratégias
representativa e espaço de participação                 e reivindicações


                                                        Sensibilização, alianças, contrapartidas em marketing e
Os comerciantes não distribuem os produtos
                                                        comunicação


Os consumidores são sensíveis mas pouco mobilizados Sensibilização, educação, campanhas, trabalho junto
à volta da questão do consumo nacional              dos media, artistas populares e lideres de opinião

As experiências passadas e actuais não são
sistematizadas e divulgadas, a realidade comercial é    Recolha, sistematização e difusão; produção de
pouco estudada, há efeitos de redundância das           conhecimento, sinergias entre organizações de apoio
intervenções
O quadro legal e fiscal não é favorável à produção e
                                                        Advocacy junto das tutelas e dos parlamentares
comercialização de produtos locais
6 produtos locais guineenses


Produtos da Terra, promovido pelo parceiro local do projecto, Tiniguena, que responde
à definição seguinte:



produtos nacionais provenientes da exploração durável dos recursos da
biodiversidade, com enraizamento cultural e viabilidade económica, enquadrados num
referencial.




Fonte CIDAC e Tiniguena
Objectivo Geral: Contribuir para a soberania alimentar e o aumento do nível de bem-
estar dos produtores, das suas comunidades e das populações da Guiné-Bissau
através da dinamização do mercado de produtos locais.




Objectivo específico: Criar uma aliança entre produtores, comerciantes, consumidores
e organizações de apoio de modo a mobilizar estes actores a favor do comércio e do
consumo de Produtos da Terra, visando aumentar o volume e a diversidade dos
produtos transaccionados.



Fonte CIDAC e Tiniguena
Resultado Esperado 1: A comercialização de Produtos da Terra é fortalecida e potenciada
                                                                          - 1 formação sobre temáticas do projecto x 3 frentes x 20 pessoas realizada
                                                                          - 1 formação sobre exploração sustentável com 50 produtores realizada
                                                                          - 4 bancos de sementes reabilitados e funcionais
                                                                          - 30 reprodutores de sementes activos
                                                                          - 30 kits de ferramentas distribuídos
                                                                          - um processo de reflexão colectiva sobre modelos organizacionais levado a cabo
                                                                          - 6 modelos organizacionais definidos e aplicados
                                                                          - 1 formação em gestão-contabilidade para 20 pessoas realizada
                                                                          - 20 kits de registo documental e contabilistico distribuídos
                                                                          - 6 planos de negócio simplificados realizados
                                                                          - 18 auditorias às unidades de produção realizadas
A.1.1 – Reforço das capacidades dos produtores das 6 unidades de produção - 18 assenbleias gerais realizadas
                                                                          - 6 sistemas de comunicação entre unidades e sector de comercialização da
                                                                          Tiniguena montados
                                                                          - 12 visitas a Bissau de responsáveis comerciais das unidades realizadas
                                                                          - 1 formação sobre comercialização para 20 pessoas realizada
                                                                          - 3 pesquisas de mercado local realizadas
                                                                          - 6 kits de exposição venda distribuidos às unidades
                                                                          - 3 participações das 6 unidades na Feira camponesa de Djalicunda
                                                                          - 1 participação de 6 unidades na Feira da Terra
                                                                          - entre 6 e 12 projectos de inovação apoiados


                                                                              - 1 formação em promoção e força de venda de produtos locais para 20 pessoas
                                                                              realizada
     A.1.2 – Reforço das capacidades internas da Tiniguena na área da         - 3 missões de assistência técnica de 30 dias/ano concretizadas
                             comercialização                                  - 1 documento de sistematização sobre actividades comerciais de produtos locais
                                                                              elaborado e distribuido
                                                                              - 1 estágio numa loja especializada para 2 pessoas realizado


                                                                              - 1 Grupo de Trabalho multi-actores criado e funcional
                                                                              - 1 assessoria jurídica de 3 anos realizada
                                                                              - 3 encontros específicos entre o GT, comerciantes, serviços do Estado e
                                                                              produtores realizados
                                                                              - 18 acções de advocacy realizadas directamente por representantes de produtores
                                                                              - 3 programas de rádio realizados sobre as acções acima referidas
                                                                              - 3 fóruns dos produtores realizados com 40 produtores/fórum presentes
     A.1.3 – Trabalho em rede sobre a promoção dos Produtos da Terra
                                                                              - 3 participações de 4 representantes de produtores na rede COPAGEN
                                                                              concretizadas + 3 sessões de restituição realizadas
                                                                              - 1 participação de 2 representantes de produtores em encontro sub-regional da
                                                                              COPAGEN realizada + 1 sessão de restituição realizada
                                                                              - 1 participação de uma delegação de 6 produtores na Feira Internacional de
                                                                              Agricultura e dos Recursos Animais em Dakar realizada + 1 sessão de restituição
                                                                              realizada
Resultado Esperado 2: A procura dos produtos locais aumenta devido a um número crescente de consumidores que altera os seus padrões de consumo e dá
                                                            preferência aos Produtos da Terra.

                                                                               - 1 formação de formadores sobre comércio solidário e consumo responsável para 20
                                                                               pessoas realizada
                                                                               - 1 rede de jovens voluntários criada e activa
A.2.1 – Constituição e dinamização da rede de jovens promotores do consumo     - 9 Sessões de sensibilização em escolas secundarias e 6 em universidades realizadas
                                  nacional                                     - 9 sessões de sensibilização durante as férias para jovens realizadas



                                                                               - 18 iniciativas jornalísticas em campos temáticos do projecto apoiadas
                    A.2.2 – Comunicação com os media                           - 3 prémios para jornalistas entregues

                                                                               - 1000 repertórios de Produtos da Terra editados
                                                                               - 100 catálogos de Produtos da Terra editados
         A.2.3 – Elaboração de materiais de promoção e informação              - 1000 calendários editados
                                                                               - 1500 conjuntos de 6 postais editados

                                                                               - 12 programas de culinária na TV realizados e difundidos
           A.2.4 – Promoção da gastronomia tradicional guineense               - 100 DVD editados
                                                                               - 2 festivais de gastronomia realizados – 30 cozinheiras associadas

A.2.5 – Trabalho com artistas que cantam e divulgam os Produtos e Saberes da   - 2 festivais de música organizados
                                     Terra                                     - 100 CD com 12 títulos gravados e distribuídos

                                                                               - 2 « Dias do Consumo Nacional » realizados
                      A.2.6 – Organização de eventos                           - 1 « Feira da Terra » realizada


Resultado Esperado 3: Conhecimento sobre produtos e saberes da biodiversidade é produzido, divulgado e alimenta a acção e os actores relevantes associados.

                                                                               - 9 pesquisas sobre saber local e « expertise » camponesa realizadas, 500 ex. editados
                                                                               em papel, 1 versão digital pdf disponível online
                                                                               - 1 estudo sobre experiências de valorização e comercialização de produtos locais na
             A.3.1 – Dinamização da produção de conhecimento
                                                                               Guiné-Bissau realizado, 500 ex. editados em papel, 1 versão digital pdf disponível online



                                                                               - 2 conferências organizadas em universidades
                                                                               - 100 ex. das actas de cada conferência editados, uma versão disponível online
                                                                               - 1 workshop de preparação da conferência internacional realizada
                       A.3.2 – Oficinas e conferências                         - 1 conferência internacional sobre experiências de valorização e comercialização de
                                                                               produtos locais nos PLOP organizada
                                                                               - 500 exemplares da acta da conferência editados, uma versão disponível online


  A.3.3 – Concepção e manutenção do Website “Espaço da Terra” sobre as         - 1 site concebido e funcional
                         temáticas do projecto                                 - 1 formação em actualização de website de 3 técnicos da Tiniguena realizada
4º Mundo – O Sul Global
Monoculturas Hegemónicas                                  Ecologias
Saber científico e do rigor                               Saberes
Ausência: ignorância                                      Diálogo saber científico e popular

Tempo Linear (determinismo)                               Temporalidades
Ausência: primitivos , selvagens                          Vários tempos e ritmos
Naturalização da diferença                                Reconhecimento
Ausência: inferiorização, desqualificação                 Superação das hierárquias (desigualdade e exclusão)

Escala dominante (o local e o plural só interessam se     Transescala
forem escaláveis ao global                                Diálogo entre local, nacional e global
Ausência :irrelevante
Produtivismo capitalista                                  Produtividades:
Ausência: improdutivo, ineficiente                        Valorização dos sistemas alternativos de produção de
                                                          economia solidária, popular, autogestão
Meta Consumo capitalista                                  Consumo Solidário
Ausência: segregação social, despertença                  Clubes de troca
Resultado
Metonímia (Sinédoque) /Epistimícidio                      Expansão do presente (cabem mais experiências)
Contração do presente expansão do futuro                  Contração do futuro (melhor o preparar).
(crescimento progresso.                                   Democracia de alta intensidade (participativa)
Democracia de baixa intensidade (representativa)
   Boaventura de Sousa Santos, Luciane Lucas dos Santos
Escola agrária de coimbra mdadr 11022012

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  • 1. Desenvolvimento alternativo e alternativas ao desenvolvimento O caso Kil Ki di Nos Ten Balur - Guiné-Bissau Miguel Filipe Silva Seminário no Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural Escola Superior Agrária de Coimbra 11 de Fevereiro de 2012
  • 2.
  • 3. Os loucos anos do Desenvolvimento 1945/2000
  • 4. 1945 a 1960 • Modelo proposto é o Plano Marshall  O Desenvolvimento da Europa é o modelo:  Industrialização  “Transferência” de Tecnologia  Empréstimos para investimento Problemas? • Aparecem as ONG • Quando a sua actuação deixa a Europa e se concentra na África em descolonização. • Não concorda com o Modelo Marshall – por isso não governamentais.
  • 5. Década de 1960 • Modelo: Crescimento é desenvolvimento  Países em vias de desenvolvimento Apenas precisam de financiamento para adquirem Vantagem Comparativa  Ajuda alimentar de emergência  Índia – Indústria Pesada (trabalho injusto? )  Ásia – Produção de Bens de Consumo (Trabalho Injusto?)  África – Exportação de matérias-primas (Novidade?)  Subordinação do social e político ao económico? Fascismo Económico?
  • 6. Década de 1970 • Modelo Crítico  A teoria do crescimento estava a cavar o fosso das desigualdades.  Porquê?  O conceito de cooperação ganha forma assim como o de Desenvolvimento Sustentável  Complementaridade ao crescimento – Educação, Saúde  América Latina nasce CEPAL (Comissão Económica dos Países América Latina)  Economia do Sul dependente da do Norte (Financiamento, Tecnologia, Balança comercial) – Dívida  As elites do Sul são “predadoras” – importa bens de luxo financiados pela “ajuda”
  • 7. Década de 1970  Crise do Petróleo – a OPEP  Aumento das regras proteccionistas  Ajuda dos países da OPEP – Taxas de juro baixas e reestruturação da dívida  Excedente de Petro Dólares  Nixon – Aumento da Taxa de Juro/Fim do Padrão Ouro  Fim dos gloriosos 30 – Bretton Woods/Kynes/Estado Social  Crise da dívida  Consenso de Washington - Milton Friedman – Escola de Chicago  Neo-Conservadorismo
  • 8. Décadas de 1980 e 1990 • Modelo: Ajustamento Estrutural  Os anos Reagan e Thatcher  Condicionamento económico  Países Pobres só têm acesso a financiamentos se cumprirem metas orçamentais:  FMI e Banco Mundial – Lógica da Eficiência  Desemprego - Pobreza  Crise América do Sul e na Ásia  Liberalização comercial e financeira – De que lado se aboliram as barreiras?  Em 90 ao condicionamento económico junta-se o condicionamento político a obrigação da Democracia Representativa Catástrofes e guerras “matam” o sonho de uma cooperação mais positiva com a queda do muro de Berlim O medo da imigração canaliza ajuda para PECO e NEI
  • 9. FMI -medidas standard para todos os países em crise ou em desenvolvimento - decide de Washington as políticas macroeconómicas que os governos dos países pobres têm imperiosamente que cumprir -política orçamental restritiva - despesa pública -Políticas monetárias muito restritivas – mesmo que isso leve ao aumento das taxas de juro -constituição de reservas em títulos do tesouro norte-americano -Controlo da inflação - emprego - Livre circulação imediata de bens e de capitais. O emagrecimento do estado OMC -livre comércio imediato - abolição de qualquer barreira ao livre comércio Banco Mundial – Quantificar, Quantificar…. A partir de 1990 preocupação por programas de desenvolvimento comunitário (Stiglitz) e de microcrédito (Yunus).
  • 11.
  • 12. 4 mil milhões de pobres 55% da População Mundial
  • 13.
  • 14. Ao fim de décadas de imposição de políticas restritivas - África não está a convergir com os países do norte - o pib não descola (importância das exportações) - a pobreza diminuiu no mundo excepto em África - o acesso à saúde e à educação mantêm níveis paupérrimos - a esperança de vida não descola dos níveis da revolução agrícola do séc x - o investimento privado não existe - a produção nacional é muito baixa - a competitividade não aumentou - o acesso à água diminuiu Ênfase nos resultados macroeconómicos -marginalização dos objetivos sociais -marginalização participação democrática -marginalização da distribuição equitativa dos resultados do desenvolvimento -marginalização da preservação do ambiente – Em direção a um bem privado?
  • 15. Porque nos devemos preocupar com a pobreza?
  • 16. 1) Pobreza desperdiça vidas que poderiam ter-se realizado na plenitude. Quantos cientistas, médicos, professores desperdiçamos? 2) Pobreza e crime estão associados. Quantos poderiam ser produtivos em vez e destrutivos? 3) Pobreza e saúde estão associados Qual seria a dimensão das doenças endémicas? Quanto se pouparia? 4) A pobreza é inimiga da Democracia e pode promover regimes ditatoriais Que lideres autocráticos nunca teriam aparecido? 5) Os Estados pobres e marginalizados podem tornar-se (tornam-se) uma ameaça mundial. Não será a erradicação da pobreza ÚNICA maneira de asfixiar o terrorismo? 6) Há 3 mil milhões de pessoas “fora” deste modelo de economia de mercado. Quanto potencial social, humano e económico é desperdiçado? 8) A pobreza é um dos mais importantes factores da imigração clandestina. Quantos poderiam ter condições mais dignas nos seus Países?
  • 17. Novo Milénio os ODM E depois de 2015?
  • 18. Actualmente as tendências vão no sentido de: -DECLARAÇÃO DO MILÉNIO – 8 ODM 2000-2015 -MOBILIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO MAIS EFICAZ DOS RECURSOS FINANCEIROS – o que implica (i) harmonizar as políticas dos doadores (ii) em articulação/alinhamento com as prioridades dos beneficiários; (iii) desligamento da ajuda e reforço da cooperação multilateral e (iv) compromisso para que a APD atinja 0,7% do RNB dos PD.
  • 19. • Década de 1970  Teoria das Necessidades Básicas – alternativa ao desenvolvimento ou Desenvolvimento alternativo? -A industrialização não é solução -As assimetrias mundiais e regionais (meio rural) aumentam - Índice de Gini -É necessário responder à necesidade de alimentação, habitação, saúde.
  • 21. Desenvolvimento Alternativo? Alternativas ao desenvolvimento? Ou será sempre assim?
  • 22. Desenvolvimento Alternativo - 1972 : Conferência de Estocolmo sobre o Desenvolvimento - Programa ONU para o meio ambiente - 1974: Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento - 1975/76: Fundação Internacional de Alternativas ao Desenvolvimento (Fundação Sueca Dag Hammarskjold); Women in Development - 1987 Desenvolvimento sustentável – Comissão Bruntland - 1992 Conferência do Rio
  • 23. Desenvolvimento Alternativo 1) Crítica da estrita racionalidade económica – inspiram políticas de desenvolvimento dominantes 2) Crítica à subordinação de todas as dimensões humanas ao princípio da racionalidade económica – sacrifício bens e valores não económicos (igualdade, participação democrática, diversidade cultural, meio ambiente) 3) Desenvolvimento é a melhoria das condições de vida e de participação igualitária/cidadania 4) Não rejeita o crescimento económico mas reflete sobre os seus limites e subordina-o a imperativos não-económicos 5) Comunidades marginalizadas são sujeitos do seu próprio desenvolvimento e não apenas objetos de desenvolvimento 6) Desenvolvimento Bottom/Up 7) Os atores são a sociedade civil e não exclusivamente o Estado e as élites económicas 8) Privilégio da escala local – poder comunitário
  • 24. Desenvolvimento Alternativo 9) Privilégios dos estudos interculturais e etnográficos 10) Cepticismo em relação as formas de produção capitalista e de controlo centralizado 11 ) Defesa das iniciativas coletivas – plasmadas em organizações económicas populares de gestão solidária – mais participação, mais igualdade, menos separação capital/trabalho 12) Autogestão contra o paternalismo do Estado e a “predação” do setor privado/economia informal 13) Assegurar o acesso a bens e serviços solidários (MST, MSTecto), limitando o “choque ecológico 14)Bancos comunitários/moedas socias (Palmar) 15) Formas de produção alternativas – mercado local, assentes no intercâmbio de serviços e bens com base em sistemas alternativos de medição de valor (não monetários – valor de troca) – Princípio da recioprocidade 14) Microcrédito? 15) Brasil – Secretária de Estado da Economia Solidária / Bolívia Eco.Sol. Na constituição
  • 25. Crítica ao Desenvolvimento alternativo 1. Proposta não sistémica 2. Escala local e micro escala económica 3. Privilégio da economia informal esquece as interdependências entre escalas 4. A competição com a economia capitalista é dependente de trabalho em rede, 5. à escala nacional e global 6. Comunidade fortaleza para a Comunidade Amiba
  • 26. Alternativa ao Desenvolvimento 1. Rejeição do Paradigma 2. Radicalização ecologista 3. Crítica ao Desenvolvimento sustentável 4. Impossível sustentar este desenvolvimento sustentável = crescimento sustentável sem destruir as condições de vida na terra 5. O único desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento sem crescimento 6. Reivindicação da diversidade cultural e de formas de produzir 7. Consumo / troca recíproca 8. Reificação do local Swadeshi (autonomia) Autonomia económica local baseada no espírito que nos exige que sirvamos os nossos vizinhos imediatos preferencialmente a outros e que usemos as coisas produzidas à nossa volta em vez das produzidas em locais remotos” Ghandi exortando os indianos a não comprarem sal inglês – início da luta pela independência
  • 27. Há Soluções Sistémicas? - livre comércio com protecção à produção estratégica - políticas monetárias mais expansivas - diminuir taxas de juro -deficit orçamental - investimento em infra-estruturas -criação de emprego -emissão de dívida pública com cobertura do BCE e do tesouro EUA -defesa da propriedade privada -actuação real dos tribunais -fortalecimento da actividade bancária sem liberalização do mercado de capitais -mais incentivos ao investimento estrangeiro -Eco- turismo – controlado -redução das taxas de circulação -incentivo ao comércio inter-regional
  • 28. O Caso Kil Ki Di Nos Ten Balur
  • 29. Pressupostos - A capacidade produtiva da Guiné-Bissau, quer do ponto de vista agrícola e agro-florestal quer do ponto de vista do artesanato utilitário ou artístico tem um potencial comercial importante claramente menosprezado pelos agentes de desenvolvimento -Muitos esforços e investimentos foram canalizados na melhoria e aumento das produções locais, sem equacionar a questão do seu escoamento e comercialização, resultando, hoje ainda, num estrangulamento dos fluxos de mercadoria e no seu subsequente armazenamento e desperdício nas zonas de produção. -Opções por monoculturas de renda predadoras do seu meio ambiente e factor de risco nos casos de irregularidade ou desmoronamento dos mercados, perda de variedades endémicas resistentes e adaptadas, de terras aráveis e de fonte de diversidade para a dieta das populações. -A Guiné-Bissau, que na primeira década da sua independência exportava arroz para a sub- região, importa hoje a quase totalidade da sua principal fonte de alimentação na forma de arroz do sudeste asiático, colocando em risco a sua segurança e soberania alimentar
  • 30. -A situação de crise alimentar actualmente vivida demonstra os limites dos modelos de desenvolvimento até agora promovidos, baseados na especialização e vantagens comparativas em detrimento da agricultura camponesa. -Hoje, as principais Instituições Financeiras Internacionais e agências das Nações Unidades reconhecem o impacto catastrófico destes modelos e defendem um efectivo apoio à agricultura de tipo camponesa e familiar assente nos saberes e produtos locais, referindo-se pela primeira vez a conceitos oriundos dos movimentos sociais camponeses como o de “Soberania Alimentar”. Fonte CIDAC
  • 31. Problemas a resolver Necessidades Apoio à qualidade e apresentação; certificação, Muitos produtos não cumprem critérios mínimos para economias de escala para transporte e aquisição de integrar o mercado formal vasilhames, procura activa de mercados O nível de autonomia dos produtores a nível da gestão Capacitação na gestão, promoção e comercialização e da venda é baixo com vista à autonomização Os produtores estão isolados e têm pouca força Criação de fóruns de partilha, elaboração de estratégias representativa e espaço de participação e reivindicações Sensibilização, alianças, contrapartidas em marketing e Os comerciantes não distribuem os produtos comunicação Os consumidores são sensíveis mas pouco mobilizados Sensibilização, educação, campanhas, trabalho junto à volta da questão do consumo nacional dos media, artistas populares e lideres de opinião As experiências passadas e actuais não são sistematizadas e divulgadas, a realidade comercial é Recolha, sistematização e difusão; produção de pouco estudada, há efeitos de redundância das conhecimento, sinergias entre organizações de apoio intervenções O quadro legal e fiscal não é favorável à produção e Advocacy junto das tutelas e dos parlamentares comercialização de produtos locais
  • 32. 6 produtos locais guineenses Produtos da Terra, promovido pelo parceiro local do projecto, Tiniguena, que responde à definição seguinte: produtos nacionais provenientes da exploração durável dos recursos da biodiversidade, com enraizamento cultural e viabilidade económica, enquadrados num referencial. Fonte CIDAC e Tiniguena
  • 33. Objectivo Geral: Contribuir para a soberania alimentar e o aumento do nível de bem- estar dos produtores, das suas comunidades e das populações da Guiné-Bissau através da dinamização do mercado de produtos locais. Objectivo específico: Criar uma aliança entre produtores, comerciantes, consumidores e organizações de apoio de modo a mobilizar estes actores a favor do comércio e do consumo de Produtos da Terra, visando aumentar o volume e a diversidade dos produtos transaccionados. Fonte CIDAC e Tiniguena
  • 34. Resultado Esperado 1: A comercialização de Produtos da Terra é fortalecida e potenciada - 1 formação sobre temáticas do projecto x 3 frentes x 20 pessoas realizada - 1 formação sobre exploração sustentável com 50 produtores realizada - 4 bancos de sementes reabilitados e funcionais - 30 reprodutores de sementes activos - 30 kits de ferramentas distribuídos - um processo de reflexão colectiva sobre modelos organizacionais levado a cabo - 6 modelos organizacionais definidos e aplicados - 1 formação em gestão-contabilidade para 20 pessoas realizada - 20 kits de registo documental e contabilistico distribuídos - 6 planos de negócio simplificados realizados - 18 auditorias às unidades de produção realizadas A.1.1 – Reforço das capacidades dos produtores das 6 unidades de produção - 18 assenbleias gerais realizadas - 6 sistemas de comunicação entre unidades e sector de comercialização da Tiniguena montados - 12 visitas a Bissau de responsáveis comerciais das unidades realizadas - 1 formação sobre comercialização para 20 pessoas realizada - 3 pesquisas de mercado local realizadas - 6 kits de exposição venda distribuidos às unidades - 3 participações das 6 unidades na Feira camponesa de Djalicunda - 1 participação de 6 unidades na Feira da Terra - entre 6 e 12 projectos de inovação apoiados - 1 formação em promoção e força de venda de produtos locais para 20 pessoas realizada A.1.2 – Reforço das capacidades internas da Tiniguena na área da - 3 missões de assistência técnica de 30 dias/ano concretizadas comercialização - 1 documento de sistematização sobre actividades comerciais de produtos locais elaborado e distribuido - 1 estágio numa loja especializada para 2 pessoas realizado - 1 Grupo de Trabalho multi-actores criado e funcional - 1 assessoria jurídica de 3 anos realizada - 3 encontros específicos entre o GT, comerciantes, serviços do Estado e produtores realizados - 18 acções de advocacy realizadas directamente por representantes de produtores - 3 programas de rádio realizados sobre as acções acima referidas - 3 fóruns dos produtores realizados com 40 produtores/fórum presentes A.1.3 – Trabalho em rede sobre a promoção dos Produtos da Terra - 3 participações de 4 representantes de produtores na rede COPAGEN concretizadas + 3 sessões de restituição realizadas - 1 participação de 2 representantes de produtores em encontro sub-regional da COPAGEN realizada + 1 sessão de restituição realizada - 1 participação de uma delegação de 6 produtores na Feira Internacional de Agricultura e dos Recursos Animais em Dakar realizada + 1 sessão de restituição realizada
  • 35. Resultado Esperado 2: A procura dos produtos locais aumenta devido a um número crescente de consumidores que altera os seus padrões de consumo e dá preferência aos Produtos da Terra. - 1 formação de formadores sobre comércio solidário e consumo responsável para 20 pessoas realizada - 1 rede de jovens voluntários criada e activa A.2.1 – Constituição e dinamização da rede de jovens promotores do consumo - 9 Sessões de sensibilização em escolas secundarias e 6 em universidades realizadas nacional - 9 sessões de sensibilização durante as férias para jovens realizadas - 18 iniciativas jornalísticas em campos temáticos do projecto apoiadas A.2.2 – Comunicação com os media - 3 prémios para jornalistas entregues - 1000 repertórios de Produtos da Terra editados - 100 catálogos de Produtos da Terra editados A.2.3 – Elaboração de materiais de promoção e informação - 1000 calendários editados - 1500 conjuntos de 6 postais editados - 12 programas de culinária na TV realizados e difundidos A.2.4 – Promoção da gastronomia tradicional guineense - 100 DVD editados - 2 festivais de gastronomia realizados – 30 cozinheiras associadas A.2.5 – Trabalho com artistas que cantam e divulgam os Produtos e Saberes da - 2 festivais de música organizados Terra - 100 CD com 12 títulos gravados e distribuídos - 2 « Dias do Consumo Nacional » realizados A.2.6 – Organização de eventos - 1 « Feira da Terra » realizada Resultado Esperado 3: Conhecimento sobre produtos e saberes da biodiversidade é produzido, divulgado e alimenta a acção e os actores relevantes associados. - 9 pesquisas sobre saber local e « expertise » camponesa realizadas, 500 ex. editados em papel, 1 versão digital pdf disponível online - 1 estudo sobre experiências de valorização e comercialização de produtos locais na A.3.1 – Dinamização da produção de conhecimento Guiné-Bissau realizado, 500 ex. editados em papel, 1 versão digital pdf disponível online - 2 conferências organizadas em universidades - 100 ex. das actas de cada conferência editados, uma versão disponível online - 1 workshop de preparação da conferência internacional realizada A.3.2 – Oficinas e conferências - 1 conferência internacional sobre experiências de valorização e comercialização de produtos locais nos PLOP organizada - 500 exemplares da acta da conferência editados, uma versão disponível online A.3.3 – Concepção e manutenção do Website “Espaço da Terra” sobre as - 1 site concebido e funcional temáticas do projecto - 1 formação em actualização de website de 3 técnicos da Tiniguena realizada
  • 36.
  • 37.
  • 38. 4º Mundo – O Sul Global
  • 39. Monoculturas Hegemónicas Ecologias Saber científico e do rigor Saberes Ausência: ignorância Diálogo saber científico e popular Tempo Linear (determinismo) Temporalidades Ausência: primitivos , selvagens Vários tempos e ritmos Naturalização da diferença Reconhecimento Ausência: inferiorização, desqualificação Superação das hierárquias (desigualdade e exclusão) Escala dominante (o local e o plural só interessam se Transescala forem escaláveis ao global Diálogo entre local, nacional e global Ausência :irrelevante Produtivismo capitalista Produtividades: Ausência: improdutivo, ineficiente Valorização dos sistemas alternativos de produção de economia solidária, popular, autogestão Meta Consumo capitalista Consumo Solidário Ausência: segregação social, despertença Clubes de troca Resultado Metonímia (Sinédoque) /Epistimícidio Expansão do presente (cabem mais experiências) Contração do presente expansão do futuro Contração do futuro (melhor o preparar). (crescimento progresso. Democracia de alta intensidade (participativa) Democracia de baixa intensidade (representativa) Boaventura de Sousa Santos, Luciane Lucas dos Santos