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Nelson Traquina, um percurso dedicado aos media e ao jornalismo



Professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, licenciado em Política
Internacional (Assumption College, Estados Unidos, 1970), mestre em Política
Internacional (Universidade de Denver, 1974), diplomado em Ciências da Informação
(Institut Français de Presse, 1977) e em Comunicação Política e Social (Universidade de
Paris I, 1979) e doutorado em Sociologia (Universidade de Paris V, 1980) e jornalista
da agência noticiosa United Press International, o percurso profissional e intelectual de
Nelson Traquina marca de modo distinto os estudos de media e jornalismo em Portugal.

O primeiro curso de Teoria da Notícia no mestrado de Comunicação Social da
Universidade Nova de Lisboa que Nelson Traquina lecionou foi no ano 1991-1992, em
instalações da avenida Luís Bívar, Lisboa. Havia uma mesa grande onde professor e
alunos discutiam textos de Molotch e Lester, Tuchman, Breed e outros. Recordo a
preparação e a discussão semanal dos textos, e o caderno A4 de linhas em que o
professor Traquina tomava notas das intervenções dos alunos, após o que fazia uma boa
síntese dos contributos gerados.

O professor hoje homenageado recordaria esse tempo letivo ao escrever o seguinte no
livro Do chumbo à era digital (2010: 11): “Quando, em 1991, preparei a bibliografia
para o meu primeiro seminário de graduação sobre o jornalismo no Mestrado em
Comunicação Social (agora Ciências da Comunicação) na Universidade Nova de
Lisboa, confrontei-me com um problema bem real de que não me tinha apercebido
conscientemente até então: a quase inexistência de livros em língua portuguesa sobre o
jornalismo e mesmo livros sobre a área mais vasta da Comunicação”.

Dos textos que os seus alunos leram em inglês, Nelson Traquina tornou-os rapidamente
numa antologia, Jornalismo: questões, teorias e “estórias” (1993), livro que passou a
referência obrigatória neste campo de investigação. O livro dividiu-se em três partes,
exatamente aquelas que dão o título ao livro: questões, teorias, histórias. Na introdução,
o organizador da obra escreveu: “Por um lado, determinam quais são os acontecimentos
(assuntos e problemáticas) com direito a existência pública e que, por isso, figuram na
agenda de preocupações, como temas importantes da opinião pública (é o conceito de
agenda-setting). Por outro lado, definem o(s) significado(s) dos acontecimentos
(assuntos e problemáticas), oferecendo interpretações de como compreendê-los” (1993:


                                            1
11). O livro tinha vinte textos, com cada uma das três partes antecedidas por uma
introdução de Nelson Traquina, que enquadrava histórica e sociologicamente os artigos
editados. Pela importância que exerceu na investigação que me ocupou o mestrado e o
doutoramento, destaco os textos de David Molotch e Marilyn Lester, Johan Galtung e
Mari Holmoe Ruge, Gaye Tuchman, David Manning White, Warren Breed, Stuart Hall
e colegas, Michael Schudson, Daniel C. Hallin e Paolo Mancini. Fixei-me sobretudo no
texto de Molotch e Lester, um dos mais difíceis de compreender, apesar da clareza de
escrita. Os autores diferenciavam várias formas de os acontecimentos se transformarem
em notícia, através de procedimentos de rotina, de acidente e de escândalo. Mas
Molotch e Lester acrescentavam um quarto tipo, cujo termo não apareceu traduzido na
antologia de 1993: serendipity. Na altura, fiquei intrigado. Sim, o termo era de difícil
tradução, como depois verifiquei na tradução do mesmo texto para o francês, onde
também não se ousou converter a palavra para a língua traduzida.

Não muitos anos depois da edição do livro de Nelson Traquina, o mercado internacional
publicava uma antologia de Dan Berkowitz (1997), Social Meanings of News, cuja
estrutura (produção social, cultura de redação, normas e rotinas profissionais, economia,
a notícia como história, poder social) e autores (Schudson, White, Breed, Solosky,
Tuchman, Molotch e Lester, Bird e Dardenne) se assemelhavam às do livro de Nelson
Traquina, prova da estratégia adequada no território dos media e do jornalismo revelada
pelo professor da Universidade Nova de Lisboa.

Nelson Traquina publicaria outros livros essenciais, casos de O poder do jornalismo
(2000), Jornalismo (2002) e A tribo jornalística (2004), além de números temáticos da
Revista de Comunicação e Linguagens, como o dedicado ao jornalismo (nº 27, 2000).
Tópicos como agendamento, valor-notícia, acontecimento noticioso, profissionalização
e teoria do jornalismo entraram no jargão técnico dos investigadores portugueses. Nesse
número da Revista de Comunicação e Linguagens, Traquina imprimiu textos de autores
que, entretanto, atualizaram o pensamento do, e sobre o, jornalismo face aos clássicos
publicados na antologia de 1993: Barbie Zelizer, Thomas Patterson, Jay Rosen, Doris
A. Graber, além de jovens autores portugueses como Hélder Bastos, Anabela de Sousa
Lopes e João Correia.

O livro Jornalismo (O que é jornalismo) é, no meu entender, o texto mais importante da
obra do professor. Dividido em cinco capítulos, ele trata as matérias fundamentais do
estudo do jornalismo, dentro das perspetivas sociológica, antropológica e filosófica:


                                            2
jornalismo e democracia, profissão, teorias, identidade e cultura. Este trabalho de
Nelson Traquina era o resultado de investigação e contributos em livros e artigos e de
discussões e reflexões com colegas e discípulos nacionais e internacionais. Sem poder
enumerar todos, recordo os nomes de três investigadores que trabalharam diretamente
com ele durante as décadas de 1980 e 1990: Mário Mesquita, Cristina Ponte e Eduardo
Meditsch, este último o seu primeiro aluno a concluir doutoramento sob sua orientação.
A colaboração destes e de outros investigadores deu origem à edição de livros, como o
organizado por Nelson Traquina e Mário Mesquita (Jornalismo cívico, 2003).

Um dos textos de Traquina talvez menos conhecidos na atualidade (ou de mais difícil
acesso) é aquele que foi publicado no Journalism & Mass Communication Monographs
(nº 167, 1998), chamado Western European broadcasting, deregulation, and public
television: the Portuguese experience. No artigo, o autor reflete sobre as transformações
operadas no mercado televisivo nas duas últimas décadas do século XX, nomeadamente
a desregulação e a entrada de canais comerciais nos mercados europeus. A tese do
artigo é que o governo português não possibilitou, aquando da entrada dos canais
comerciais, a adequada promoção do cinema português e de outras produções
audiovisuais, a defesa da identidade nacional e a emissão de programação de qualidade
e diversidade (1998: 34). Daí a ideia de desregulação selvagem em Portugal, que Hallin
e Mancini no seu livro de estudos comparativos dos media retomam.

Uma faceta essencial do seu labor inteletual foi a constituição do CIMJ, em 1997. O
CIMJ começou por ser um centro de investigação independente das universidades, o
que lhe trouxe uma vantagem, a da total liberdade de atuação científica. Quando veio o
primeiro dinheiro da FCT atribuído a um projeto (sobre as notícias do VIH-Sida), foi
um passo decisivo. A teimosia de Nelson Traquina, isto é a sua visão dos estudos de
jornalismo e dos media em Portugal, triunfara.

Depois, veio a coleção de livros numa parceria com a editora Horizonte, que se tem
revelado preciosa para dar a conhecer textos nacionais e internacionais, aqui no caso do
livro de Daniel Hallin e Paolo Mancini sobre sistemas comparados de media. E a revista
Media & Jornalismo, pioneira no país e uma das marcas de referência da investigação
em Portugal. Creio que a primeira vez que se falou deste título de revista foi a uma mesa
do café Benard, ao Chiado. Era um sábado de manhã e cheio de sol. O modelo seguia a
estrutura das revistas americanas de jornalismo: artigos científicos e com referees, que



                                            3
caucionariam a validade dos textos. A ideia alargada a todos sócios do CIMJ recebeu
novos contributos.

Recordo mais dois livros organizados por Traquina com alguns dos seus discípulos e
colaboradores mais próximos, num dos casos (O jornalismo português em análise de
casos, 2001), e de colegas e investigadores da área do jornalismo, muitos com a marca
de passagem pela Universidade Nova (Do chumbo à era digital, 2010). Este último,
como se lembra na introdução, resultou de artigos publicados principalmente na revista
do CIMJ, Media & Jornalismo, com atenção especial ao jornalismo português desde o
começo do século XX e temas como crime, eleições presidenciais, imigrantes e
crianças. Na minha leitura, é um reconhecimento da tribo dos investigadores na área do
jornalismo e dos media por parte de um dos seus principais mentores, o organizador da
obra. E uma espécie de herança de discípulos e parceiros. Deixo aqui os nomes dos
contribuintes do livro: Rosa Sobreira, Álvaro Matos, Fernando Correia, Carla Baptista,
Ana Cabrera, Cristina Penedo, Rita Figueiras, Isabel Ferin, Willy Filho, Estrela Serrano,
Maria João Silveirinha, Cristina Ponte, Rui Gomes e o próprio Nelson Traquina.

Destaco também a importância de seminários internacionais e workshops que marcaram
os primeiros anos de atividade do Centro, agora integrado como unidade da
Universidade Nova de Lisboa. Mas outros colegas aqui presentes terão mais autoridade
do que eu para recordar essa faceta organizativa do professor Nelson Traquina.




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Nelson Traquina

  • 1. Nelson Traquina, um percurso dedicado aos media e ao jornalismo Professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, licenciado em Política Internacional (Assumption College, Estados Unidos, 1970), mestre em Política Internacional (Universidade de Denver, 1974), diplomado em Ciências da Informação (Institut Français de Presse, 1977) e em Comunicação Política e Social (Universidade de Paris I, 1979) e doutorado em Sociologia (Universidade de Paris V, 1980) e jornalista da agência noticiosa United Press International, o percurso profissional e intelectual de Nelson Traquina marca de modo distinto os estudos de media e jornalismo em Portugal. O primeiro curso de Teoria da Notícia no mestrado de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa que Nelson Traquina lecionou foi no ano 1991-1992, em instalações da avenida Luís Bívar, Lisboa. Havia uma mesa grande onde professor e alunos discutiam textos de Molotch e Lester, Tuchman, Breed e outros. Recordo a preparação e a discussão semanal dos textos, e o caderno A4 de linhas em que o professor Traquina tomava notas das intervenções dos alunos, após o que fazia uma boa síntese dos contributos gerados. O professor hoje homenageado recordaria esse tempo letivo ao escrever o seguinte no livro Do chumbo à era digital (2010: 11): “Quando, em 1991, preparei a bibliografia para o meu primeiro seminário de graduação sobre o jornalismo no Mestrado em Comunicação Social (agora Ciências da Comunicação) na Universidade Nova de Lisboa, confrontei-me com um problema bem real de que não me tinha apercebido conscientemente até então: a quase inexistência de livros em língua portuguesa sobre o jornalismo e mesmo livros sobre a área mais vasta da Comunicação”. Dos textos que os seus alunos leram em inglês, Nelson Traquina tornou-os rapidamente numa antologia, Jornalismo: questões, teorias e “estórias” (1993), livro que passou a referência obrigatória neste campo de investigação. O livro dividiu-se em três partes, exatamente aquelas que dão o título ao livro: questões, teorias, histórias. Na introdução, o organizador da obra escreveu: “Por um lado, determinam quais são os acontecimentos (assuntos e problemáticas) com direito a existência pública e que, por isso, figuram na agenda de preocupações, como temas importantes da opinião pública (é o conceito de agenda-setting). Por outro lado, definem o(s) significado(s) dos acontecimentos (assuntos e problemáticas), oferecendo interpretações de como compreendê-los” (1993: 1
  • 2. 11). O livro tinha vinte textos, com cada uma das três partes antecedidas por uma introdução de Nelson Traquina, que enquadrava histórica e sociologicamente os artigos editados. Pela importância que exerceu na investigação que me ocupou o mestrado e o doutoramento, destaco os textos de David Molotch e Marilyn Lester, Johan Galtung e Mari Holmoe Ruge, Gaye Tuchman, David Manning White, Warren Breed, Stuart Hall e colegas, Michael Schudson, Daniel C. Hallin e Paolo Mancini. Fixei-me sobretudo no texto de Molotch e Lester, um dos mais difíceis de compreender, apesar da clareza de escrita. Os autores diferenciavam várias formas de os acontecimentos se transformarem em notícia, através de procedimentos de rotina, de acidente e de escândalo. Mas Molotch e Lester acrescentavam um quarto tipo, cujo termo não apareceu traduzido na antologia de 1993: serendipity. Na altura, fiquei intrigado. Sim, o termo era de difícil tradução, como depois verifiquei na tradução do mesmo texto para o francês, onde também não se ousou converter a palavra para a língua traduzida. Não muitos anos depois da edição do livro de Nelson Traquina, o mercado internacional publicava uma antologia de Dan Berkowitz (1997), Social Meanings of News, cuja estrutura (produção social, cultura de redação, normas e rotinas profissionais, economia, a notícia como história, poder social) e autores (Schudson, White, Breed, Solosky, Tuchman, Molotch e Lester, Bird e Dardenne) se assemelhavam às do livro de Nelson Traquina, prova da estratégia adequada no território dos media e do jornalismo revelada pelo professor da Universidade Nova de Lisboa. Nelson Traquina publicaria outros livros essenciais, casos de O poder do jornalismo (2000), Jornalismo (2002) e A tribo jornalística (2004), além de números temáticos da Revista de Comunicação e Linguagens, como o dedicado ao jornalismo (nº 27, 2000). Tópicos como agendamento, valor-notícia, acontecimento noticioso, profissionalização e teoria do jornalismo entraram no jargão técnico dos investigadores portugueses. Nesse número da Revista de Comunicação e Linguagens, Traquina imprimiu textos de autores que, entretanto, atualizaram o pensamento do, e sobre o, jornalismo face aos clássicos publicados na antologia de 1993: Barbie Zelizer, Thomas Patterson, Jay Rosen, Doris A. Graber, além de jovens autores portugueses como Hélder Bastos, Anabela de Sousa Lopes e João Correia. O livro Jornalismo (O que é jornalismo) é, no meu entender, o texto mais importante da obra do professor. Dividido em cinco capítulos, ele trata as matérias fundamentais do estudo do jornalismo, dentro das perspetivas sociológica, antropológica e filosófica: 2
  • 3. jornalismo e democracia, profissão, teorias, identidade e cultura. Este trabalho de Nelson Traquina era o resultado de investigação e contributos em livros e artigos e de discussões e reflexões com colegas e discípulos nacionais e internacionais. Sem poder enumerar todos, recordo os nomes de três investigadores que trabalharam diretamente com ele durante as décadas de 1980 e 1990: Mário Mesquita, Cristina Ponte e Eduardo Meditsch, este último o seu primeiro aluno a concluir doutoramento sob sua orientação. A colaboração destes e de outros investigadores deu origem à edição de livros, como o organizado por Nelson Traquina e Mário Mesquita (Jornalismo cívico, 2003). Um dos textos de Traquina talvez menos conhecidos na atualidade (ou de mais difícil acesso) é aquele que foi publicado no Journalism & Mass Communication Monographs (nº 167, 1998), chamado Western European broadcasting, deregulation, and public television: the Portuguese experience. No artigo, o autor reflete sobre as transformações operadas no mercado televisivo nas duas últimas décadas do século XX, nomeadamente a desregulação e a entrada de canais comerciais nos mercados europeus. A tese do artigo é que o governo português não possibilitou, aquando da entrada dos canais comerciais, a adequada promoção do cinema português e de outras produções audiovisuais, a defesa da identidade nacional e a emissão de programação de qualidade e diversidade (1998: 34). Daí a ideia de desregulação selvagem em Portugal, que Hallin e Mancini no seu livro de estudos comparativos dos media retomam. Uma faceta essencial do seu labor inteletual foi a constituição do CIMJ, em 1997. O CIMJ começou por ser um centro de investigação independente das universidades, o que lhe trouxe uma vantagem, a da total liberdade de atuação científica. Quando veio o primeiro dinheiro da FCT atribuído a um projeto (sobre as notícias do VIH-Sida), foi um passo decisivo. A teimosia de Nelson Traquina, isto é a sua visão dos estudos de jornalismo e dos media em Portugal, triunfara. Depois, veio a coleção de livros numa parceria com a editora Horizonte, que se tem revelado preciosa para dar a conhecer textos nacionais e internacionais, aqui no caso do livro de Daniel Hallin e Paolo Mancini sobre sistemas comparados de media. E a revista Media & Jornalismo, pioneira no país e uma das marcas de referência da investigação em Portugal. Creio que a primeira vez que se falou deste título de revista foi a uma mesa do café Benard, ao Chiado. Era um sábado de manhã e cheio de sol. O modelo seguia a estrutura das revistas americanas de jornalismo: artigos científicos e com referees, que 3
  • 4. caucionariam a validade dos textos. A ideia alargada a todos sócios do CIMJ recebeu novos contributos. Recordo mais dois livros organizados por Traquina com alguns dos seus discípulos e colaboradores mais próximos, num dos casos (O jornalismo português em análise de casos, 2001), e de colegas e investigadores da área do jornalismo, muitos com a marca de passagem pela Universidade Nova (Do chumbo à era digital, 2010). Este último, como se lembra na introdução, resultou de artigos publicados principalmente na revista do CIMJ, Media & Jornalismo, com atenção especial ao jornalismo português desde o começo do século XX e temas como crime, eleições presidenciais, imigrantes e crianças. Na minha leitura, é um reconhecimento da tribo dos investigadores na área do jornalismo e dos media por parte de um dos seus principais mentores, o organizador da obra. E uma espécie de herança de discípulos e parceiros. Deixo aqui os nomes dos contribuintes do livro: Rosa Sobreira, Álvaro Matos, Fernando Correia, Carla Baptista, Ana Cabrera, Cristina Penedo, Rita Figueiras, Isabel Ferin, Willy Filho, Estrela Serrano, Maria João Silveirinha, Cristina Ponte, Rui Gomes e o próprio Nelson Traquina. Destaco também a importância de seminários internacionais e workshops que marcaram os primeiros anos de atividade do Centro, agora integrado como unidade da Universidade Nova de Lisboa. Mas outros colegas aqui presentes terão mais autoridade do que eu para recordar essa faceta organizativa do professor Nelson Traquina. 4