1. GRÊMIO RECREATIVO E ESCOLA DE SAMBA CONSULADO
Mais que uma Escola de Samba. Uma Academia de Solidariedade.
FUNDADO EM 05/05/1986
Sinopse do Enredo Consulado 2012
ATLANTIS INSULAE - AÇORIANO É SER DO MAR!
Sobre o vasto, misterioso e imponente Oceano Atlântico sobrevoa um Açor,
espécie de gavião, que solitário vê as últimas explosões de um vulcão em erupção.
Ele é a única testemunha dessa emblemática metáfora de uma epopeia Atlantis
Insulae, que esta prestes a começar!
No coração do Oceano Atlântico, entre a América do Norte e a Europa, a 700 milhas
marítimas de Lisboa e a 2000 de Nova York, três grupos de ilhas formam um
tesouro natural. Colar de nove pérolas a flutuar na imensidão do mar. As ilhas do
Arquipélago de Açores: São Miguel, Santa Maria, São Jorge, Terceira, Pico,
Faial, Graciosa, Corvo e Flores tiveram seus nomes de batismo provenientes da
contemplação da natureza e da cultura cristã.
Ilhas tão ambicionadas que somam na sua história, visitas dos Vikings, invasão e
saques dos Corsários do Atlântico, colonização dos Portugueses e berço de uma
grande miscigenação étnica e cultural europeia que a transformou num relicário do
Atlântico.
Lá encontramos um povo que soube fazer do mar o seu chão! Mais que
homens, gigantes que num esforço de titãs transformaram a dramática geografia
de lava vulcânica em vinhedos e campos de cultivos, construindo suas casas no alto
das falésias. Gente de uma Fé inquebrantável, com uma extrema delicadeza para
fazer arte com escamas de peixes e entelhas em ossos e dentes de cachalote - o
boi do mar, como eles dizem.
Poucos conhecem os mistérios que cercam a saga dessa gente. Muitos
historiadores e cientistas defendem que as ilhas dos Açores são os picos das
montanhas daquele que seria um dos maiores enigmas da humanidade: o reino
submerso de Atlântida - Um lugar de beleza fulgurante, desaparecido sob
gigantescas ondas do mar, provocadas por um cataclismo natural numa época já
não compreendida pelos seres humanos atuais, mas que encontra nas belezas
naturais do Arquipélago dos Açores uma forte razão para esta lendária afinidade.
Estaria mesmo no paradisíaco e lendário continente de Atlântida o elo perdido da
identidade cultural dessa gente?
Certo mesmo é que esse povo carrega consigo, como sina, uma genética e secular
herança migratória tal como o pássaro Açor. Espírito de aventura? Determinação
por vencer? Simples sonho?
Da proa da caravela às asas do avião – emigrar Foi preciso! Dos Açores à
Florianópolis e ao Maranhão. De Florianópolis para Porto Alegre. Depois Bermudas,
Curaçao, Estados Unidos, Canadá... Emigrar É preciso!
Partes do mesmo Oceano Atlântico e da história da grande Nação Portuguesa, as
ilhas dos Açores e o litoral de Santa Catarina estão profundamente ligados por
muitos laços de Açorianidade.
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E neste sonho de migrar imaginamos que uma das ilhas se desprendeu daquele
arquipélago e flutuou à deriva até aportar no Atlântico Sul, transformando-se na
Ilha de Santa Catarina. Novo desterro para nossos remanescentes de Atlântida? E
mais uma vez, como bem registrado na história dessa inédita diáspora custeada
pela Real Fazenda Portuguesa no Século XVIII, carregaram na bagagem apenas
promessas e poucos pertences, que hoje mais parecem vestígios arqueológicos da
Idade do Bronze Atlântica, como sugere o texto oficial do Edital para alistamento de
emigrantes publicado nos Açores em 07 de agosto de 1747: “(...) e logo que
chegarem aos sítios que hão de habitar se dará a cada casal uma espingarda, duas
enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas
tesouras, dois alqueires de sementes, duas vacas e uma égua (...)”.
Chamar Florianópolis de 10ª ilha dos Açores não é exagero! Basta olhar no
espelho do tempo e ainda se reconhece. Assumindo que nesse trajeto
transformações significativas aconteceram. Traços culturais foram aclimatados e
sincretizados com a realidade do Litoral Catarinense, inclusive com o aporte da
cultura cabocla e da cultura negra, mas ainda guardam visíveis suas origens
açorianas (e quem sabe invisíveis sua herança da esquecida Atlântida).
Aqui nesse novo mundo insular em mutantes anfíbios tivemos que nos
transformar: sai o caldo de carne, entra o caldo de peixe; troca-se o trigo pela
mandioca, as touradas à corda pelo boi-de-mamão, o profano pelo sagrado, nas
benzeduras, cantorias do divino e Terno de Reis, e aqui há beleza nas temíveis
bruxarias. E muitos pontos no enlaçar das redes e rendas de bilros,
permanecem inalterados há quase três séculos nas ágeis mãos dos artesãos.
Ícones de uma cultura a um só tempo rural e marítima.
Com esse mergulho no tempo, aportando de ilhas decantadas a ilhas
encantadas a Consulado quer lavar a alma nas águas do Atlântico, buscando
unir pelas origens e padrões culturais gentes de “aquém e além-mar”, revelando
senão a identidade, a alma desse povo que continuou genuinamente ilhéu.
Um dos grandes estudiosos da cultura de base açoriana no Sul do Brasil, Vilson
Francisco Farias, registra que “Numa época em que a globalização está a exigir
informações abrangentes e articuladas, o desenvolvimento de estudos dessa
natureza passa pela necessidade de se estabelecer relações históricas e culturais
entre os Açores e Santa Catarina, para que se possa compreender o temporário e o
permanente. (...); refletir sobre esta relação espaço-temporal de povos separados
por 8000 km, de distância, mas unidos por traços culturais expressos tanto no
saber fazer, quanto no saber ser, sintetizados no sentimento de Açorianidade”.
Imaginar a misteriosa ilha de Atlântida é como atravessar uma ponte submersa
entre o velho e o novo mundo. É sobrevoar como um açor os mistérios do
Arquipélago de Açores e, ao som dos mágicos tambores da Consulado, aportar na
bela e não menos misteriosa Ilha de Santa Catarina.
Embarque nessa viagem de “histórias encantadas, cantigas, de bela-aurora,
cheia de sentimentos do mar, consciência de exílio, de noções místicas da
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vida” transcrevendo aqui as palavras da poetisa Cecília Meireles, uma neta de
açorianos. Tente sentir essa magia!
E nessa noite show de carnaval, espetáculo popular movido pela roda engenhosa do
imaginário, é o jeito de ser de um povo que nem o cataclismo do tempo foi capaz
de afogar que a consulado vai cantar: Atlantis Insulae: Açoriano É Ser do Mar!
Autores: Marcelo Machado e Fernando Albalustro
Bibliografia:
CARUSO, Raimundo C., CARUSO, Mariléa M. Leal. Mares e longínquos Povos dos
Açores. Florianópolis. Editora insular.
FARIAS, Vilson Francisco de. Dos Açores ao Brasil Meridional: Uma Viagem no
Tempo. Ed. Do autor, 1998. 402p.
LEMOS, Olinda de lima Araújo. Na Rota da Atlântida - ensaio sobre o mito de
Atlântida. Edição do autor. Setúbal, 1995.
MUCK, Otto: O Fim da Atlântida. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1976.
SASS, Roselis Von. Atlântida: Princípio e fim da Grande Tragédia. São Paulo:
Ordem do Grall na terra, 1993.
AÇORES - GUIA TURÍSTICO. Publiçor- Marketing & Publicidade Ltda.
Açores/Portugal 1995/1996.
Site: www.manezinhodailha.com.br/ Cultura, Costumes e Tradições da Ilha
De Santa Catarina.