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Enfermagem
Cirúrgica
Enfermagem
Cirúrgica
senac
Este livro de Enfermagem Cirúrgica faz
parte de uma série de materiais produzidos
pelo SENAC com o objetivo de apoiar o
trabalho de professores e de alunos de cursos
da área de saúde, especialmente os que
estão-se preparando para o desempenho da
função de auxiliar de enfermagem. Ele serve
também ao técnico em enfermagem,
supondo, nesse caso, uma abordagem mais
aprofundada dos conteúdos.
APRESENTAÇÃOSENAC/Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
Conselho Nacional
Antônio de Oliveira Santos
Presidente
Departamento Nacional
Roberto Régnier
Diretor-Geral
Editoração
Marília Pessoa
Centro de Produção de Material Impresso/DMM
Projeto Gráfico e Capa
Anibal Guebel
Fotografia de Capa
Agência Keystone
Ilustrações
Marcos Pinho Paes Leme
Anibal Guebel
Revisão
Maria Elisa Sankuevitz
Referência bibliográfica conforme as normas adotadas pelo Sistema de Informações Bibliográficas do Senac.
©SENAC/Departamento Nacional 1996
Rua Dona Mariana 48 - Botafogo
Rio de Janeiro RJ CEP 22280-020
Editores Responsáveis
Maria Helena Barreto Gonçalves
Centro Técnico Pedagógico/DFP
Sonia Kritz
Coordenadoria de Tecnologia Educacional/DFP
Elaboração de Conteúdo
Maria Celeste Dalía Barros
Mercilda Bartmann
Tratamento de Conteúdo
Lourdes Hargreaves
Revisão Técnica
Fernando Manoel Paes Leme
Maria Lúcia Pimentel de Assis Moura
Redação Metodológica
Maria Leonor de Macedo Soares Leal
Consultor-Médico da Área de Saúde
Fernando Luiz Barroso
ISBN 85-85746-24-6
Senac. DN. Enfermagem cirúrgica. / Maria Celeste D. Barros;
Mercilda Bartmann; Lourdes Hargreaves. Rio de Janeiro :
SENAC/DN/DFP, 1996. 192 p. Il. Inclui bibliografia.
Saúde; Enfermagem; Enfermagem cirúrgica; Cirurgia; Centro
cirúrgico; Enfermeiro; Instrumentação cirúrgica; Paciente.
SUMÁRIO
parte 1
cirurgia 9
Classificação..................................................................... 11
Terminologia...................................................................... 13
Exercícios ......................................................................... 19
parte 2
pré-operatório 21
Pré operatório mediato ........................................................ 23
Pré operatório imediato ....................................................... 25
Exercícios ......................................................................... 33
parte 3
transoperatório 35
Centro Cirúrgico ................................................................ 37
Dependências básicas .................................................. 37
O trabalho no Centro Cirúrgico ...................................... 42
Tempos cirúrgicos ......................................................... 60
Instrumental cirúrgico básico ........................................... 60
Instrumental cirúrgico especial......................................... 68
Fios cirúrgicos .............................................................. 69
Considerações gerais sobre instrumentação ...................... 70
Centro de Material ............................................................. 73
Dependências básicas .................................................. 73
Atividades ................................................................... 75
Exercícios ......................................................................... 91
parte 4
pós-operatório 99
Fases do Pós-operatório..................................................... 101
Recuperação Pós-anestésica............................................... 103
Cuidados de Enfermagem ................................................. 107
Desconfortos.................................................................... 111
Complicações ................................................................. 115
A ferida cirúrgica ............................................................. 125
Drenagem cirúrgica .......................................................... 131
Exercícios ....................................................................... 135
parte 5
intervenções
cirúrgicas 139
Aparelho digestivo ........................................................... 141
Aparelho geniturinário ....................................................... 149
Operações neurológicas ................................................... 157
Outras operações ............................................................ 161
Cuidados nas operações ortopédicas.................................. 173
Complicações cirúrgicas ................................................... 179
Exercícios ....................................................................... 181
bibliografia 185
C I R U R G I A
PARTE
1
Cirurgia é um método de tratamento de doenças,
lesões ou deformidades internas e externas
executado através de técnicas geralmente
realizadas com o auxílio de instrumentos.
A partir desse conceito de cirurgia, podemos
dizer que enfermagem cirúrgica é aquela que
trata dos cuidados globais de enfermagem
prestados ao paciente nos períodos pré-
operatório, transoperatório e pós-operatório.
Esses cuidados objetivam minimizar os riscos
cirúrgicos, dar maior segurança ao paciente e
reabilitá-lo para se reintegrar à família e à
sociedade o mais rápido possível.
Você verá, nesta parte do livro, como as
cirurgias são classificadas e a terminologia
técnica adotada na área.
senac
ClassificaçãoCirurgia
As cirurgias podem ser classificadas em função
do tempo que decorre desde a sua indicação até
a execução e, ainda, em função de sua finalidade.
Pelo tempo transcorrido
eletiva. Aquela que, embora necessária, pode ser
programada com antecedência para uma determinada
data de conveniência do paciente e do cirurgião. Exemplo
deste tipo de cirurgia é a hernioplastia.
de urgência. Cirurgia que precisa ser realizada o mais rápido possível,
embora permita um preparo pré-operatório, capaz de melhorar as condições
gerais do paciente. Nesta categoria se encontra, por exemplo, a cirurgia
realizada nos casos de obstrução intestinal.
HerHerHerHerHernioplastia:nioplastia:nioplastia:nioplastia:nioplastia:
correção cirúrgica
da hérnia
Cirurgia
de emergência. Que precisa ser realizada imediatamente, não possibilitando,
muitas vezes, nenhum preparo do paciente. Aplica-se a situações muito graves,
quando há risco de vida iminente. Um exemplo de cirurgia de emergência é
quando ocorre uma hemorragia interna por ruptura de artéria.
Pela finalidade
curativa. Quando objetiva debelar a doença e devolver
a saúde ao paciente. Muitas vezes, para alcançar esse
objetivo, é necessária a retirada parcial ou total de um
órgão, como ocorre na apendicectomia. Este tipo de cirurgia
tem uma significação menos otimista quando se trata de
câncer. Neste caso, operação curativa é aquela que
permite uma sobrevida de, no mínimo, cinco anos.
paliativa. Tem a finalidade de atenuar ou buscar uma
alternativa para aliviar o mal, mas não cura a doença.
Como exemplo citamos a gastrostomia, realizada para fins
de alimentação, no caso de câncer de esôfago inoperável.
plástica. Realizada com objetivos estéticos ou repara-
dores como, por exemplo, o enxerto de pele em queima-
dos ou a mamoplastia.
Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia:
retirada do apêndice
vermiforme ou cecal
GastrGastrGastrGastrGastrostomia:ostomia:ostomia:ostomia:ostomia:
abertura do
estômago através da
parede abdominal
Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia:
plástica de mama
TerminologiaCirurgia
Formação das palavras
Analisando a disposição dos elementos e seu significado teremos a designação
dos diversos tipos de intervenções cirúrgicas.
Vejamos por exemplo a palavra laringoscopia:
laringo + scopia
laringe ato de ver, observar
12 Classificação
A terminologia técnica comumente adotada pelos
profissionais da área de saúde é constituída, em
sua maior parte, de palavras formadas pela
composição de elementos gregos e latinos.
Cirurgia
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação de
cistopexia ....................................bexiga
histeropexia .................................... útero
nefropexia......................................... rim
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação de
retinopexia .................................... retina
orquiopexia ou orquidopexia ......... testículo
Como você verifica, o primeiro elemento de composição da palavra se refere
a um órgão, aparelho ou parte do corpo humano, e o segundo elemento da
composição diz respeito à técnica ou ao procedimento executado, à ação
praticada ou à patologia.
Vamos ver, então, alguns desses elementos de origem greco-latina comumente
empregados em enfermagem cirúrgica e seus respectivos significados.
PrimeirPrimeirPrimeirPrimeirPrimeiro elementoo elementoo elementoo elementoo elemento
da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição
SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado
adeno- ..................................... glândula
angio- ............................................vaso
artro- ..................................... articulação
blefaro- .....................................pálpebra
cisto- ...........................................bexiga
colecisto-.................................... vesícula
colo- ............................................ cólon
colpo-..........................................vagina
entero- ....................................... intestino
flebo- ............................................. veia
gastro- ..................................... estômago
hepato- ........................................ fígado
hístero-........................................... útero
PrimeirPrimeirPrimeirPrimeirPrimeiro elementoo elementoo elementoo elementoo elemento
da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição
SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado
laparo- ..................... cavidade abdominal
laringo- ........................................laringe
nefro- ............................................... rim
neuro-........................................... nervo
oftalmo- .......................................... olho
ooforo- ........................................ ovário
orqui- ........................................ testículo
osteo- ............................................. osso
oto- ............................................. ouvido
procto-............................................. reto
rino- .............................................. nariz
salpingo- ......................................trompa
traqueo- ..................................... traquéia
Segundo elementoSegundo elementoSegundo elementoSegundo elementoSegundo elemento
da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição
SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado
-ectomia .......................... remoção parcial ou total
-pexia ............................. fixação de um órgão
-plastia ............................ reconstituição estética ou restauradora de uma parte do corpo
-rafia............................... sutura
-scopia ............................ ato de ver, observar
-stomia ............................ comunicação entre dois órgãos ocos ou entre um órgão e a pele
-tomia ............................. corte
Formação das palavras 1514 Terminologia
Agora vejamos os principais nomes de procedimentos cirúrgicos em que o
segundo elemento da composição é ectomia (remoção).
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara remoção deemoção deemoção deemoção deemoção de
apendicectomia ........................ apêndice
cistectomia ...................................bexiga
colecistectomia..................... vesícula biliar
colectomia .................................... cólon
embolectomia .............................. êmbolo
esofagectomia ............................ esôfago
esplenectomia ................................. baço
facectomia ................................ cristalino
gastrectomia ............................. estômago
hemorroidectomia .................. hemorróidas
hepatectomia .................. parte do fígado
histerectomia................................... útero
lobectomia ....................lobo de um órgão
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara remoção deemoção deemoção deemoção deemoção de
mastectomia ................................. mama
miomectomia ................................ mioma
nefrectomia ....................................... rim
ooforectomia ................................ ovário
pancreatectomia.........................pâncreas
pneumectomia ............................. pulmão
prostatectomia ............................ próstata
retossigmoidectomia ........... reto e sigmóide
salpingectomia..............................trompa
simpatectomia.......................... segmentos
selecionados do sistema
nervoso simpático
tireoidectomia .............................. tireóide
A seguir apresentamos denominações de outras cirurgias, desta vez
terminadas em pexia (fixação).
Outros procedimentos cirúrgicos têm seus nomes terminados em plastia
(reconstituição), como mostramos a seguir.
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara reconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição de
blefaroplastia .............................pálpebra
mamoplastia ................................. mama
piloroplastia................................... piloro
queiloplastia ................................... lábio
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara reconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição de
rinoplastia ...................................... nariz
ritidoplastia...................................... face
salpingoplastia ..............................trompa
Cirurgia
Há ainda denominações de procedimentos onde o segundo elemento é rafia
(sutura), como enumeramos a seguir. Dependendo da situação, nem sempre
esses procedimentos são cirúrgicos.
Formação das palavras 1716 Terminologia
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura de
blefarorrafia...............................pálpebra
colporrafia ...................................vagina
gastrorrafia ............................... estômago
herniorrafia ....................................hérnia
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura de
osteorrafia ....................................... osso
palatorrafia ........................fenda palatina
perineorrafia ................................ períneo
tenorrafia .....................................tendão
Vamos analisar outros nomes de procedimentos, desta vez compostos com o
elemento scopia (observação).
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para obserPara obserPara obserPara obserPara observação devação devação devação devação de
artroscopia ............................. articulação
broncoscopia............................ brônquios
cistoscopia ...................................bexiga
colonoscopia ................................. cólon
colposcopia .................................vagina
endoscopia .......................órgãos internos
esofagoscopia ............................ esôfago
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para obserPara obserPara obserPara obserPara observação devação devação devação devação de
gastroscopia ............................. estômago
laringoscopia................................laringe
laparoscopia ............. cavidade abdominal
retossigmoidoscopia........... reto e sigmóide
ureteroscopia ..................................ureter
uretroscopia................................... uretra
Vale observar que nos procedimentos relacionados à observação interna de
órgãos utilizam-se vários aparelhos como, por exemplo, o artroscópio, na ar-
troscopia; o broncoscópio, na broncoscopia; o laparoscópio, na laparoscopia; e o
retossigmoidoscópio, na retossigmoidoscopia.
Vejamos agora os principais nomes de cirurgias cujo segundo elemento de
formação é stomia (comunicação entre dois órgãos ocos ou entre um órgão e a pele).
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento
ÓrÓrÓrÓrÓrgão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicação
com a pelecom a pelecom a pelecom a pelecom a pele
cistostomia ...................................bexiga
colostomia .................................... cólon
gastrostomia ............................. estômago
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento
ÓrÓrÓrÓrÓrgão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicação
com a pelecom a pelecom a pelecom a pelecom a pele
jejunostomia .................................. jejuno
traqueostomia ............................. traquéia
Finalmente, as principais denominações de procedimentos cirúrgicos
terminadas em tomia (corte).
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento CorCorCorCorCorte da(o)te da(o)te da(o)te da(o)te da(o)
episiotomia..................................... vulva
laparotomia ................................abdome
toracotomia .................................... tórax
PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento CorCorCorCorCorte da(o)te da(o)te da(o)te da(o)te da(o)
traqueotomia .............................. traquéia
ureterotomia ...................................ureter
vasectomia ....................... canal deferente
amputaçãoamputaçãoamputaçãoamputaçãoamputação .................................................................remoção de uma parte do corpo
anastomoseanastomoseanastomoseanastomoseanastomose ............................................................conexão de dois órgãos tubulares, geralmente por sutura
ararararartrtrtrtrtrodeseodeseodeseodeseodese ...........................................................................fixação cirúrgica de articulações
biópsiabiópsiabiópsiabiópsiabiópsia..........................................................................................remoção de um tecido vivo para exame
cauterizaçãocauterizaçãocauterizaçãocauterizaçãocauterização.......................................................destruição de tecido por meio de agente cáustico ou de calor, através do
bisturi
elétrico, por exemplo
cesarianacesarianacesarianacesarianacesariana...........................................................................retirada do feto através de incisão na parede abdominal e no útero
circircircircircuncisãocuncisãocuncisãocuncisãocuncisão .................................................................ressecção da pele do prepúcio que cobre a glande
cistocelecistocelecistocelecistocelecistocele ................................................................................hérnia da bexiga por defeito na musculatura do períneo
curcurcurcurcuretagem uterinaetagem uterinaetagem uterinaetagem uterinaetagem uterina ....................raspagem e remoção do conteúdo uterino
deiscênciadeiscênciadeiscênciadeiscênciadeiscência .................................................................separação de bordos previamente suturados de uma ferida
dissecçãodissecçãodissecçãodissecçãodissecção ......................................................................corte e separação de tecidos do corpo
diverdiverdiverdiverdivertículotículotículotículotículo ......................................................................abertura no formato de bolsa em um órgão com a forma de saco ou de tubo
enxerenxerenxerenxerenxertototototo..........................................................................................transplante de órgão ou tecido
evisceraçãoevisceraçãoevisceraçãoevisceraçãoevisceração ............................................................saída de víscera de sua cavidade
exérexérexérexérexéreseeseeseeseese .....................................................................................extirpação cirúrgica
fístulafístulafístulafístulafístula ....................................................................................................passagem anormal que liga um órgão, cavidade ou abscesso a uma superfície
interna ou externa do corpo
hérhérhérhérhérnianianianiania ...............................................................................................saída total ou parcial de um órgão do espaço que normalmente o contém
incisãoincisãoincisãoincisãoincisão ..........................................................................................corte
litíaselitíaselitíaselitíaselitíase ....................................................................................................cálculo
paracenteseparacenteseparacenteseparacenteseparacentese............................................................denominação genérica de punção para esvaziamento de cavidade
prprprprprolapsoolapsoolapsoolapsoolapso ................................................................................queda de órgão, especialmente quando este surge em um orifício natural
ptoseptoseptoseptoseptose ....................................................................................................queda de um órgão
rrrrressecçãoessecçãoessecçãoessecçãoessecção ......................................................................remoção cirúrgica de parte de órgão
rrrrretoceleetoceleetoceleetoceleetocele .....................................................................................hérnia da parede do reto por defeito na musculatura do períneo
toracocentesetoracocentesetoracocentesetoracocentesetoracocentese .............................................punção cirúrgica na cavidade torácica
varicocelevaricocelevaricocelevaricocelevaricocele ......................................................................veias dilatadas no escroto
Existem ainda outros termos ou expressões médicas que, por serem de
utilização freqüente em enfermagem cirúrgica, merecem destaque neste livro.
Eis alguns deles:
1. Reflita sobre o papel do profissional que atua no campo da enfermagem
cirúrgica, e também converse com os colegas e o professor sobre a
questão. Depois, registre as suas conclusões.
2. Numere a coluna da direita de acordo com a coluna da esquerda,
relacionando o elemento de composição da palavra com o seu significado.
1) Tomia ( ) Perfuração de um órgão
2) Ectomia ( ) Remoção parcial ou total de um órgão
3) Rafia ( ) Fixação de um órgão
4) Plastia ( ) Corte em um órgão ou cavidade
5) Stomia ( ) Comunicação com o exterior feita através de cirurgia
6) Scopi ( ) Reparação de um órgão
7) Pexia ( ) Sutura de um órgão
( ) Imobilização de um órgão
( ) Visualização do interior de um órgão através de aparelho
3. Analise cada uma das situações a seguir. Depois, classifique a operação a
que o paciente deve se submeter, tendo em vista o tempo decorrido en-
tre a indicação e a execução do procedimento. Justifique sua resposta.
a) Roberto queixa-se de ardência no peito e cansaço, somente diante de esforço maior. Através de
exame clínico e cateterismo cardíaco, o médico diagnosticou a obstrução parcial de uma artéria
coronariana e verificou ser necessário colocar uma ponte de safena.
b) Flávio sentia dores na coluna, e por isso seu médico solicitou uma radiografia. Foi identificado,
além do problema de coluna, a presença de grande quantidade de cálculos em sua vesícula,
embora o paciente nunca tivesse apresentado qualquer sintoma relacionado a problema vesicular.
Visto isso, o médico indicou a retirada da vesícula.
c) Severina resistiu a um assalto e recebeu uma facada no abdome. Em conseqüência, uma parte
das vísceras se exteriorizou. Severina foi logo levada ao hospital mais próximo, e o médico de
plantão identificou a necessidade de operá-la.
Cirurgia Exercícios
20 Exercícios
4. Classifique as seguintes operações quanto a sua finalidade:
a) colostomia
b) traqueostomia
c) colecistectomia
d) hernioplastia
e) blefaroplastia
f) cistopexia
5. Enumere os objetivos dos cuidados de enfermagem que são prestados ao
paciente cirúrgico.
6. Escreva sobre o que consiste cada um dos seguintes procedimentos:
a) colostomia
b) nefrectomia
c) osteorrafia
d) histeropexia
e) blefaroplastia
f) broncoscopia
g) laparotomia
7. Complete o quadro tendo em vista a terminologia comumente adotada
pelos profissionais da área de saúde.
TTTTTerererererminologiaminologiaminologiaminologiaminologia SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado
Biópsia ................................................................................
.................... Veias dilatadas no escroto
.................... Corte e separação de tecidos do corpo
Prolapso ................................................................................
Litíase ................................................................................
Toracocentese ................................................................................
.................... Saída de víscera de sua cavidade
Cistocele ................................................................................
.................... Extirpação cirúrgica
.................... Corte
O período pré-operatório tem início no momento
em que o paciente recebe a indicação da operação
e se estende até a sua entrada no Centro Cirúrgico.
Esse período divide-se em duas fases:
pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.
PARTE
2
senac
PRÉ OPERATÓRIO
Pré-operatório
mediatoPré-operatório
No pré-operatório mediato, sempre que possível, o médico faz uma avaliação
do estado geral do paciente através de exame clínico detalhado e dos
resultados de exames de sangue, urina, raios X, eletrocardiograma, entre
outros. Essa avaliação tem o objetivo de identificar e corrigir distúrbios que
possam aumentar o risco cirúrgico.
Tratando-se de operações eletivas, onde há previsão de transfusão sangüínea,
muitas vezes é solicitado ao paciente para providenciar doadores saudáveis
e compatíveis com seu tipo sangüíneo. Com essa medida pretende-se
melhorar a qualidade do sangue disponível e aumentar a quantidade de
estoque existente nos bancos de sangue, evitando sua comercialização.
Esta fase começa no momento da indicação da
operação e termina 24 horas antes do seu início.
Geralmente, nesse período o pacien-te ainda não
se encontra internado.
Pré-operatório
imediato
Esta fase corresponde às 24 horas que antecedem a
operação. De um modo geral, o paciente é admitido
no hospital dentro desse período, com o objetivo de
serdevidamentepreparadoparaoatocirúrgico.Esse
procedimento, entretanto, pode variar de instituição
para instituição, ou de acordo com o tipo de cirurgia
ou o estado do paciente. Há casos em que o paciente
interna-se com vários dias de antecedência, quando
necessita de um trata-mento para habilitá-lo a ser
operado. Em outros casos, no entanto, a admissão se
dá no mesmo dia da operação.
Admissão do paciente
Chegando ao hospital, o paciente é encaminhado à unidade de internação cirúrgica, que
éaáreadestinadaaoalojamentodospacientesnosperíodospréepós-operatórios.
É fácil compreendermos as dúvidas, medos e ansiedades que povoam o
pensamento de quem vai ser operado. A separação da família, o medo do
desconhecido e as possibilidades de dor, de complicações, de morte, criam
uma situação de insegurança para o paciente cirúrgico.
Pré-operatório
Pré-operatório
26 Pré-operatório imediato
Por isso, é de extrema importância que o auxiliar de enfermagem receba o
paciente de modo afável, tendo o cuidado de conduzi-lo ao leito. Lá, deve
indicar-lhe o local para guardar seus pertences, orientá-lo quanto às normas
do hospital, esclarecer-lhe as dúvidas que estiverem ao seu alcance,
encaminhando as demais a quem de direito.
É também muito importante chamar o paciente sempre pelo nome e ser
honesto ao responder-lhe as perguntas, para ganhar a sua confiança. Proce-
dendo dessa maneira, o auxiliar de enfermagem alivia a ansiedade do paciente,
ajudando-o a sentir-se mais à vontade.
Admitido o paciente, o auxiliar de enfermagem deve obter algumas infor-
mações sobre ele: sua doença, hábitos intestinais, sono, tabagismo, alergias,
uso de álcool, de drogas ou de medicamentos. No caso do uso de drogas e
medicamentos, estes precisam ser especificados no prontuário do paciente.
Ao executar os demais procedimentos de rotina em uma admissão, o auxiliar
de enfermagem deve estar atento a anormalidades tais como febre, dispnéia,
hipertensão ou hipotensão, bradicardia ou taquicardia. A constatação de
qualquer anormalidade deve ser comunicada ao enfermeiro responsável ou
ao médico e também anotada no prontuário.
É importante, ainda, verificar a validade dos exames pré-operatórios.
Atualmente, essa validade é de três meses para os exames laboratoriais e de
seis meses para o eletrocardiograma (ECG) e as radiografias (RX).
Por fim, o auxiliar deve verificar se a autorização para a operação está
devidamente assinada pelo próprio paciente ou por seu responsável, quando
se tratar de crianças ou pessoas incapacitadas.
Cuidados
Compete ao cirurgião determinar o preparo do paciente, de acordo com a
operação a ser realizada.
Normalmente, os cuidados relativos a esse preparo são executados na véspera
e no dia da cirurgia.
Na véspera da operação
O auxiliar de enfermagem deve prestar uma série de orientações ao paciente,
executar o preparo da pele, o preparo intestinal, a higiene geral e também
cuidar para o paciente observar o jejum.
Orientações ao paciente
Durante o período pré-operatório, o paciente deve ser orientado e in-
centivado a praticar alguns exercícios que irão beneficiá-lo posteriormente,
no pós-operatório.
exercícios respiratórios, cuja finalidade é prevenir complicações
pulmonares após a realização da cirurgia. O auxiliar de enfermagem orienta
o paciente para colocar as duas mãos na parte inferior das costelas, a fim de
sentir o movimento torácico, expirar completamente, inspirar profundo pelo
nariz e expulsar todo o ar pela boca. Repetir esse exercício várias vezes.
Atualmente existem pequenos aparelhos denominados expirômetros de incentivo,
utilizados para a realização de exercícios respiratórios.
exercícios de tosse, cujo objetivo é retirar secreções da traquéia e dos
brônquios. O paciente é orientado para entrelaçar os dedos, colocando as
mãos sobre o local da futura incisão, ou então usar o travesseiro para apoiar as
mãos e pressionar o local. Isto funciona como imobilização durante a tosse,
eliminando a dor. Depois de pressionar o local, deve inclinar-se ligeiramente
para a frente, encher os pulmões e provocar rápidas tossidelas. O exercício
deve ser repetido uma ou duas vezes, tentando eliminar possíveis secreções.
O auxiliar de enfermagem também deve orientar e conscientizar o paciente
para a importância de realizar a deambulação precoce, que consiste em pequenas
caminhadas após a cirurgia, tão logo as suas condições o permitam. A
deambulação precoce favorece a expansão pulmonar, a circulação nos membros
inferiores e estimula o peristaltismo intestinal — função mecânica do intestino.
Preparo da pele
Esse procedimento tem como finalidade eliminar ao
máximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele
do paciente. A área em torno da futura ferida operatória
deve ser limpa de modo completo e feita a tricotomia. Em
vários hospitais, a tricotomia é realizada na véspera da
Cuidados na véspera da operação 27
TTTTTricotomia:ricotomia:ricotomia:ricotomia:ricotomia:
raspagem dos
pêlos em uma
região do corpo
Pré-operatório
28 Pré-operatório imediato
operação, à noite, muito embora seja mais indicado fazê-la até duas horas
antes da cirurgia, para evitar a proliferação de germes após o preparo da
pele.
Material necessário para a execução da tricotomia:
n vasilha com água morna;
n sabão ou anti-séptico contendo detergente;
n compressas de gaze;
n barbeador com lâminas novas;
n tesoura.
Etapas para a execução da tricotomia:
n esclarecer o paciente sobre a necessidade do procedimento;
n preparar o paciente posicionando-o de modo a facilitar a realização do
procedimento e expondo a região a ser tricomizada;
n cortar os pêlos longos com a tesoura;
n ensaboar a área com gaze, friccionando-a com movimentos circulares a
partir do local da futura incisão;
n esticar suavemente a pele com uma das mãos e, com o barbeador na outra
mão, raspar a área ensaboada, sempre no sentido dos pêlos, empregando
movimentos firmes e regulares. Prestar atenção a saliências existentes na
pele e a áreas onde haja pregas, como virilha e órgãos genitais;
n cuidar ao máximo para não machucar a pele do paciente e relatar qualquer
anormalidade observada como, por exemplo, doença cutânea ou
ferimento, uma vez que eles podem aumentar o risco de infecção da ferida
operatória;
n enxaguar e secar a pele, deixando o paciente confortável;
n remover todo o material utilizado, desfazendo-se dos descartáveis e
colocando os demais em solução;
n anotar no prontuário a hora, o local da realização do procedimento e as
observações relativas aos cuidados prestados.
Cabe observar que pesquisas realizadas acerca da tricotomia colocam em
dúvida a eficiência desse cuidado, no combate à infecção da ferida operatória.
Contudo, a maioria dos cirurgiões continua adotando tal prática.
Preparo intestinal
Para a maioria das operações, principalmente as realizadas sob anestesia
geral, é importante o reto estar vazio, evitando, assim, que o paciente evacue
durante o ato cirúrgico.
Em função do tipo de operação a ser realizada, o médico irá prescrever o
preparo adequado, que pode variar desde o uso de laxante até a aplicação
de clister ou lavagem intestinal.
Uma operação de intestino grosso, por exemplo, exige um preparo maior,
para o órgão ficar o mais vazio e limpo possível. Nesses casos, o laxante é
administrado dias antes, mas o clister e a lavagem são feitos na véspera da
operação. Já em operações de pequeno porte, pode-se dispensar a execução
desse preparo, desde que o paciente tenha evacuado normalmente na manhã
do dia da cirurgia.
Ainda em relação ao preparo intestinal, cabe ao auxiliar de enfermagem
que executou o procedimento verificar e anotar no prontuário as
características do material eliminado.
Higiene geral
Além do preparo local da pele, um banho completo, na
véspera da operação, ajuda a evitar infecções. Os pacientes
deambulantes devem ser orientados para fazer sua própria
higiene.Para estes,o auxiliar de enfermagem vai forne-
cer o material — sabão, de preferência anti-séptico, te-
sourinha de unha e outros que se fizerem necessários.
Para os pacientes acamados, no entanto, cabe ao auxiliar fazer a higiene,
incluindo lavagem de cabelo com xampu, limpeza das unhas das mãos e dos
pés e higiene oral.
Jejum
Na medida do possível, o estômago do paciente deve estar vazio, no momento
da operação. Caso contrário, ao ser administrado o anestésico geral ele pode
vomitar e aspirar o vômito para o interior dos pulmões, causando sérias
complicações, como asfixia, pneumonia ou abscesso pulmonar.
Normalmente, a última refeição ingerida pelo paciente antes da cirurgia
contém apenas alimento facilmente digerível, como sopa, caldo, etc. Após
essa refeição, o paciente precisa permanecer em jejum absoluto por várias
horas, até o momento da cirurgia, não sendo também permitida a ingestão
de água ou outros líquidos, como sucos e chás.
PacientePacientePacientePacientePaciente
deambulante:deambulante:deambulante:deambulante:deambulante:
aquele que é capaz
de se locomover
Cuidados na véspera da operação 29
Pré-operatório
30 Pré-operatório imediato
Em alguns tipos de operação, como, por exemplo, as de estômago e de
instestinos, uma dieta de fácil digestão precisa ainda ser observada durante
vários dias anteriores ao ato cirúrgico.
No dia da operação
Os cuidados que a enfermagem presta ao paciente no dia do ato cirúrgico
são os seguintes:
n retirar o esmalte de no mínimo uma das unhas, se o paciente estiver usando,
para o anestesista controlar melhor a oxigenação durante a cirurgia;
n orientar o paciente deambulante para ir ao banheiro, com o objetivo de
esvaziar a bexiga e o intestino, tomar banho sem lavar a cabeça e fazer a
higiene bucal adequada. No caso de paciente acamado, auxiliá-lo a realizar
esses cuidados;
n fornecer camisola limpa e ajudar o paciente a vesti-la com a abertura para
as costas, orientando-o para não colocar qualquer roupa de baixo;
n pentear os cabelos do paciente e prendê-los com gorro, principalmente
quando forem longos;
n retirar próteses, lentes de contato, jóias, etc. Depois, para evitar que se
percam, identificar esses objetos e entregá-los ao enfermeiro responsável
ou guardá-los em local apropriado,o qual varia de acordo com a instituição.
A retirada de prótese dentária ou ocular antes da anestesia constitui, para
alguns pacientes, violação de sua privacidade. Por esta razão, muitos
serviços adotam a rotina de retirá-las somente na sala de operação,
guardando-as para posterior devolução;
n verificar os sinais vitais: temperatura, pulso, respiração e pressão arte-
rial, informando ao enfermeiro responsável quaisquer alterações como
hipertemia, hipertensão ou outras;
n conferir se os exames pré-operatórios, a autorização para a operação e as
radiografias estão junto ao prontuário do paciente;
n administrar a medicação pré-anestésica prescrita aproximadamente 30 a
60 minutos antes de encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico. Nessa
fase, quando o efeito da medicação pré-anestésica está-se iniciando, o
paciente deve permanecer sob observação, jamais sendo deixado sozinho,
pois poderá apresentar reações adversas, como depressão respiratória ou
mesmo agitação;
n deixar o paciente deitado, protegido com grades. Verificar, novamente,
os sinais vitais, anotando-os no prontuário e comunicando qualquer
anormalidade observada ao enfermeiro responsável;
n colocar o paciente na maca, protegido com grades. Identificá-lo com uma
pulseira contendo nome, número do registro no prontuário, número do
leito e operação proposta;
n encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico com o prontuário completo,
incluindo a autorização para a operação e as radiografias.
Vale lembrar que em operações de emergência os preparos pré-operatórios
de rotina geralmente não são realizados por falta de tempo pois, nesses casos,
o importante é intervir imediatamente.
Cuidados no dia da operação 31
Pré-operatório Exercícios
1. Todos sabemos das dúvidas, ansiedades e medos característicos do
paciente no pré-operatório. Como o auxiliar de enfermagem deve
proceder ao receber o paciente, na tentativa de suavizar esse momento
de tensão e apreensão?
2. Analise cada situação e depois responda às perguntas.
a) Ao admitir um paciente cirúrgico, o auxiliar de enfermagem verifica
seus sinais vitais e constata que o paciente está hipertenso e taqui-
cárdico. Que providências deverá tomar?
b) Um auxiliar de enfermagem administrou o pré-anestésico em um
paciente que será submetido a uma intervenção cirúrgica. Após esse
procedimento, que cuidados deverão ser observados pelo auxiliar
de enfermagem?
3. Reflita sobre a situação a seguir.
Um paciente apresentou problemas respiratórios e pulmonares no pós-operatório de uma operação cardíaca.
Sabe-se que houve descuido por parte da enfermagem em relação à orientação e à prática de alguns
exercícios preventivos no pré-operatório imediato, os quais ajudariam a evitar tais complicações.
Agora responda:
a) Quais são esses exercícios e como cada um deles deve ser realizado?
b) Por que o paciente precisa ser orientado e incentivado a realizar esses
exercícios?
4. Descreva três cuidados prestados pelo auxiliar de enfermagem ao paciente,
no dia da operação. Depois, explique a necessidade de cada um deles.
34 Pré-operatório imediato
5. Leia a situação e complete as frases de modo correto.
Simone foi admitida pelo hospital na véspera de ser submetida a uma cesariana, e o seu médico indicou
a realização da tricotomia.
a) Tricotomia significa ...
b) O momento mais indicado para a realização da tricotomia em Simone
é ...
c) O material necessário à execução dessa técnica é ...
d) O preparo da pele é um procedimento importante para o paciente
cirúrgico porque ...
6. Indique, em cada caso,o cuidado pré-operatório imediato que tem por
finalidade:
a) evitar que o paciente vomite e aspire o vômito para o interior dos pulmões
b) evitar a infecção da ferida operatória
c) prevenir complicações pulmonares
d) evitar a evacuação durante o ato cirúrgico
e) retirar secreções da traquéia e dos brônquios
7. Leia e reflita sobre a situação descrita.
No dia em que Célia ia ser submetida a uma cirurgia, vários cuidados de enfermagem foram prestados a
ela. Carmem, a auxiliar de enfermagem, retirou o esmalte de uma de suas unhas; orientou-a para ir ao
banheiro; identificou e guardou as suas lentes de contato; e verificou os sinais vitais.
Explique qual é a finalidade de cada um dos diferentes cuidados prestados
a Célia, no dia de sua cirurgia.
8. Leia essa situação:
Almir será submetido a uma cirurgia daqui a 20 dias, para a qual está prevista a transfusão de sangue.
Para isso, a equipe já solicitou a ele que providenciasse doadores.
Com base nessa situação, responda:
a) Qual é o objetivo dessa medida?
b) Que cuidados Almir deve tomar na escolha dos doadores?
TRANSOPERATÓRIO
PARTE
3
O período chamado transoperatório é aquele
em que o paciente submete-se à operação
propriamente dita. O procedimento se realiza
no Centro Cirúrgico.
O Centro Cirúrgico deve ser dotado de uma
infra-estrutura tal que garanta plena segurança
e conforto ao paciente e à equipe de saúde.
O Centro de Material e a Recuperação
Pós-Anestésica são apoios importantes para
o Centro Cirúrgico. Por esta razão geralmente
são instalados dentro ou próximo a ele, ou
então com uma ligação direta.
senac
Centro
Cirúrgico
Dependências básicas
Um Centro Cirúrgico deve dispor das seguintes dependências:
vestiários masculino e feminino. Devem oferecer acesso externo (por fora das
instalações do Centro Cirúrgico) e interno (pelo corredor cirúrgico). É
importante que eles disponham de sanitários e chuveiros (para uso das
equipes) e armários (para a guarda de uniformes, roupas e outros
pertences).
posto de enfermagem. Local destinado à chefia e à secretaria, que exercem o
controle administrativo da unidade.
copa. Área reservada ao pessoal do Centro Cirúrgico, para lanches rápidos.
Transoperatório
Um Centro Cirúrgico compõe-se de várias depen-
dências e necessita de pessoal especializado para o
seu perfeito funcionamento.
Por isso, é importante analisarmos as dependên-
cias básicas de um Centro Cirúrgico e as equipes
que trabalham nessa unidade, com suas respec-
tivas atribuições, principalmente as que se referem
aos técnicos e auxiliares de enfermagem.
38 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Itens de uma sala de operação 39
sala de estar. Deve ficar localizada próxima aos vestiários e à copa, sempre que
possível, servindo de área de descanso para as equipes do Centro Cirúrgico.
área de baldeação ou troca-macas. Localizada à entrada do Centro Cirúrgico, onde
se dá a transferência do paciente da maca em que veio para a maca privativa
do Centro.
sala de material cirúrgico ou de estocagem de material esterilizado. Destina-se à recepção,
guarda e redistribuição de todo o material limpo e esterilizado a ser usado
no Centro Cirúrgico. Poderá, eventualmente, contar com uma autoclave
de esterilização rápida, para emergências.
lavabos. Destinados à lavagem e anti-sepsia das mãos e antebraços, antes da
operação. Por isso, devem ser equipados com recipientes para anti-sépticos
e torneiras que possam ser manobradas sem o uso das mãos.
sala de expurgo. Local equipado com tanque para o despejo de sangue, secreções
e outros líquidos provenientes da operação. Na sala de expurgo também
se depositam, inicialmente, instrumentos, roupas usadas e outros
materiais, para posterior lavagem. É considerada, portanto, área suja.
sala de material de limpeza. Área para a reserva de materiais e de utensílios usados
na limpeza do Centro Cirúrgico.
rouparia. Local destinado à guarda da roupa limpa não-estéril. Muitas vezes é
representada apenas por um armário.
Planta física de um
Centro Cirúrgico.
Analise com atenção
cada uma das
dependências
mostradas e como
estão localizadas.
sala de equipamento. Área usada para guardar aparelhos como os de anestesia,
bisturi elétrico, aspiradores, focos portáteis, suportes de soro, mesas
auxiliares e materiais que, eventualmente, não estejam em uso. O aparelho
de raios X móvel poderá também ser guardado nessa sala, caso não haja
local específico para ele.
sala de guarda de medicamentos e materiais estéreis descartáveis. Local onde se armazenam
materiais descartáveis como seringas e agulhas, equipos de soro, fios de
sutura, frascos de soro, entre outros.
sala de operação (S.O.). Dependência do Centro Cirúrgico destinada à realização
das intervenções cirúrgicas. Por isso, o trânsito a ela é restrito e a limpeza
é feita com o máximo rigor, pois deve ser a área mais limpa do Centro.
Comumente, tem a forma retangular.
Itens de uma sala de operação
Equipamentos, instalações, aparelhos e mobiliário podem ser classificados em
fixos (não podem ser deslocados da sala) ou móveis (podem ser deslocados).
Itens fixos:
foco central;
ar condicionado;
interruptores e tomadas elétricas de 110 e 220V;
vácuo, oxigênio, óxido nitroso e ar comprimido centralizados. O vácuo é utilizado para
fazer a aspiração de secreções, e os gases são usados nas anestesias;
eletrocautério, quando este é suspenso numa coluna retrátil, como encontramos
em alguns hospitais.
O eletrocautério ou bisturi elétrico é um aparelho usado com a finalidade de
corte e coagulação dos tecidos, os quais podem ocorrer simultaneamente.
Essa ação simultânea é chamada de mistura ou blender, cujo percentual é
programado no próprio aparelho, de acordo com a orientação do cirurgião.
Os bisturis elétricos mais comuns são o monopolar e o bipolar.
O bisturi monopolar é composto por uma unidade geradora, onde são conectadas
a caneta do bisturi e uma placa neutralizadora da corrente. A caneta é a parte
estéril do bisturi, que entra em contato com o campo operatório e passa a
corrente elétrica para a placa.
CORREDOR INTERNO
CORREDORINTERNO
CORREDOR EXTERNO
CORREDOREXTERNO
RECUPERAÇÃO
PÓS-ANESTÉSICA
SALA DE
GUARDA DE
EQUIPAMENTOS
SALA DE GUARDA DE
MEDICAMENTOS,
MATERIAL ESTERILIZADO
E PRONTO USO
POSTO DE
ENFERMAGEM
EXPURGO
SALA DE MATERIAL
ESTERILIZADO
ROUPARIA
SALA DE
ESTAR
COPA
SALA DE
MATERIAL DE
LIMPEZA
TROCA-MACAS
SALA DE
OPERAÇÕES
SALA DE
OPERAÇÕES SALA DE
OPERAÇÕES
SALA DE
OPERAÇÕES
LAVABOLAVABO
VESTIÁRIO
MASCULINO
VESTIÁRIO
FEMININO
40 Centro Cirúrgico
Transoperatório
O bisturi monopolar é utilizado quando há necessidade de corte ou de
coagulação, ou de ambos. No corte, a caneta entra em contato com o tecido,
provocando o seu aquecimento, até as células se desintegrarem. Na
coagulação, o tecido recebe uma quantidade de calor apenas suficiente para
secar as células.
O bisturi bipolar também é composto de uma unidade geradora, mas de menor
potência que a do bisturi monopolar, e de uma caneta ou pinça bipolar. Esse
tipo de aparelho é indicado apenas para a coagulação, e tem a vantagem de
dispensar o uso da placa neutralizadora, pois a corrente só passa entre as
duas pontas da pinça. O uso do bisturi bipolar é indicado para tecidos
sensíveis, em áreas pequenas e localizadas, preservando os tecidos vizinhos
ao local da coagulação.
Lembramos que existem outros tipos de bisturi utilizados com as mesmas
finalidades dos que acabamos de analisar, dentre os quais podemos citar o
bisturi a raio laser.
Itens móveis:
mesa cirúrgica e acessórios como braçadeiras, perneiras, ombreiras e arco de
narcose, para formação da barraca do anestesista. Incluem-se também,
nesse item, as manivelas e os pedais que possibilitam colocar a mesa em
diversas posições, segundo a exigência de cada operação;
mesas auxiliares, como a de Mayo e outras, que servem para a colocação do
instrumental cirúrgico e das roupas estéreis;
suportes de soro, em número de três, utilizados para colocação de frascos de
soluções. Esses suportes podem servir também para formação da barraca
do anestesista;
carro de anestesia;
saco de Hamper, que serve para o despejo de roupas usadas;
carro de medicação, com gavetas e outras divisões, para guardar medicamentos,
fios, equipos de soro, seringas, além de impressos. Esse carro substitui
os antigos armários fixos;
baldes para lixo, de preferência com rodas, conhecidos como baldes a chute;
foco auxiliar, para complementar ou substituir o foco central, em caso de
emergência;
bisturi elétrico, com rodas, que é o tipo usado mais freqüentemente;
aspirador elétrico;
estrado;
tala e suporte para braço;
bancos giratórios, um a dois, em média;
coxins, de vários tamanhos, para ajudar a posicionar e
acomodar o paciente;
estetoscópio;
tensiômetro;
negatoscópio, que é o aparelho destinado à observação
de radiografias.
Outros equipamentos podem ser acrescentados à sala de operação. Deve-se,
porém, estar atento para não acumular itens desnecessários que venham a
dificultar a limpeza e favorecer a contaminação.
Bisturi monopolar,
com caneta, placa
neutralizadora da
corrente e pedal.
Pontas das canetas
dos bisturis monopolar
e bipolar.
CCCCCoxinsoxinsoxinsoxinsoxins:::::
travesseiros de areia
ou de espuma,
forrados de tecido
Itens de uma sala de operação 41
42 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Quatro equipes prestam assistência direta no Centro Cirúrgico. É muito
importante os seus membros atuarem de forma integrada e harmônica,
visando à segurança do paciente e à eficiência do ato cirúrgico. É importante,
ainda, que as boas relações humanas e o profissionalismo sempre prevaleçam
sobre as tensões, inevitáveis nesse tipo de trabalho.
A equipe de anestesia é composta de médicos anestesistas, sendo responsável
por prescrever a medicação pré-anestésica, planejar e executar a anestesia.
Também cabe a esta equipe controlar o paciente durante e após o ato
cirúrgico, até o restabelecimento de seus reflexos.
A equipe cirúrgica realiza o ato cirúrgico. Dela fazem parte o médico cirurgião,
um ou mais médicos auxiliares, dependendo da operação, e o instrumen-
tador. O instrumentador deverá ser um elemento da equipe de enfermagem
ou, eventualmente, um médico.
A equipe de limpeza é formada por auxiliares de limpeza pertencentes ao
quadro hospitalar ou a uma firma prestadora de serviços. Em qualquer dos
casos, no entanto, a equipe sempre trabalha sob a orientação técnica do
enfermeiro.
A equipe de enfermagem é composta pelo enfermeiro, o técnico de enfermagem e
o auxiliar de enfermagem. Técnicos e auxiliares de enfermagem assumem, no
Centro Cirúrgico, a função de circulante ou de instrumentador. É freqüente encontrar
também, nesta equipe, um escriturário diretamente subordinado ao enfermeiro-
chefe, responsável pelo trabalho burocrático, como, por exemplo, a datilografia
e a distribuição dos programas cirúrgicos.
Atribuições da enfermagem
Enfermeiro-chefe
n prover a unidade de pessoal e de material necessários ao seu bom
funcionamento;
n organizar o trabalho a ser feito, distribuindo-o de forma racional;
n comandar o pessoal, baseando-se nos princípios éticos de relacionamento
humano, preocupando-se com o seu crescimento profissional;
n coordenar e supervisionar a assistência prestada ao paciente no transope-
ratório, executando-a sempre que houver necessidade.
Atribuições da enfermagem 43
Sala de operação com o material indispensável ao seu funcionamento (Clínica São Vicente - RJ).
O trabalho
no Centro Cirúrgico
O pessoal que circula dentro do Centro Cirúrgico deve apresentar boas
condições de saúde, não podendo ser portador de infecções agudas ou
crônicas, principalmente de orofaringe e de pele.
É obrigatório o uso de uniforme privativo, composto de calça comprida e de
jaleco unissex ou vestido, gorro para proteger os cabelos, máscara e sapatilhas
de tecido ou propés, usados sobre os sapatos.
Cabe ressaltar que o uniforme deve ser vestido diretamente sobre as roupas
de baixo. A máscara, para cumprir seu papel, precisa proteger o nariz e a
boca, sendo necessário trocá-la sempre que estiver úmida.
Foto:AlmirVeiga
44 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Circulante
Montagem da sala de operações
n saber quais são as operações marcadas para a sala sob sua responsabilidade,
os respectivos horários e a existência ou não de solicitação de equipamento
ou material especial;
n verificar a limpeza das paredes e do piso da sala. Geralmente a limpeza
diária é feita de véspera, ao final das operações do dia;
n arrumar a sala, provendo-a com o equipamento necessário à operação;
n remover o pó dos equipamentos expostos e das superfícies, começando
pelas partes consideradas mais limpas. Pode-se usar um tecido ou
compressa velha embebida em álcool etílico a 70° ou outros desinfetantes;
n testar as luzes e aparelhos a serem utilizados, como, por exemplo: focos,
pontos de gases, aspirador, etc.;
n regular a temperatura da sala;
n verificar se o lavabo está equipado para lavagem e anti-sepsia das mãos e
antebraços;
n revisar os materiais existentes na sala, tais como: medicações, anti-sépticos
e impressos, completando o que estiver faltando;
n providenciar o material específico de cada operação;
n colocar o pacote de campos e aventais, as luvas e a caixa de instrumentos
em local acessível para sua utilização, no momento devido;
n preparar soro morno, se necessário;
n equipar o carro de anestesia e colocá-lo à cabeceira da mesa cirúrgica. Em
muitos serviços, o controle dos materiais de anestesia é responsabilidade
de um funcionário específico ou dos próprios anestesistas;
n abrir os pacotes de material estéril seguindo as instruções:
Atribuições da enfermagem 45
A. Segurar o pacote afastado do corpo e na posição adequada para soltar o
adesivo que prende a ponta do envoltório.
B. Levantar essa primeira ponta para o lado oposto ao corpo.
C. Abrir cada uma das pontas laterais do envoltório.
D. Prender, cuidadosamente, as três pontas soltas, de forma a não contaminar
a parte interna do pacote.
E. Deixar o conteúdo do pacote cair sobre a mesa do material cirúrgico.
Pacotes grandes contendo instrumental, campos, aventais, por exemplo, devem sempre ser abertos
sobre uma mesa.
Auxílio ao instrumentador
n ajudar o instrumentador a vestir o avental ou capote, e a calçar as luvas
estéreis;
n colaborar na montagem das mesas auxiliares, fornecendo os materiais
estéreis e os líquidos necessários ao instrumentador, dentro dos princípios
de assepsia.
Esses princípios de assepsia (que devem ser cuidadosamente observados
pelo circulante) são:
l manter uma certa distância da mesa do instrumentador, quando lhe
oferecer o material;
l evitar tocar na parte interna das tampas das caixas que forem abertas;
l utilizar pinça servente estéril para retirar os instrumentos de caixas
ou cubas;
l usar a técnica adequada para o fornecimento de soluções anti-sépticas,
como álcool iodado, e de outros líquidos, como o soro fisiológico,
depositando-os em cuba redonda pequena;
l utilizar técnicas corretas para alcançar os materiais, como, por exemplo,
a ilustrada na figura.
Técnica para dar
o fio de sutura ao
instrumentador.
A B C
D E
46 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Atendimento ao paciente
n receber o paciente no Centro Cirúrgico, quando o enfermeiro está
impossibilitado de fazê-lo.
No ato do recebimento é necessário, primeiramente, identificar o paciente
e verificar se foram realizados os seguintes cuidados pré-operatórios:
l preparação da região operatória;
l colocação correta da roupa do paciente;
l retirada de jóias, próteses e esmalte de pelo menos uma das unhas;
n verificar,em seguida, as anotações do prontuário referentes ao pré-
operatório, tais como medicação pré-anestésica, sinais vitais, problemas
alérgicos e condições físicas e emocionais do paciente;
n observar se os exames laboratoriais de rotina estão junto ao prontuário,
como também os exames específicos, indispensáveis a certas operações,
tais como: eletrocardiogramas, radiografias, tomografias ou fotografias,
em casos de cirurgias plásticas. Se um desses itens estiver faltando, o cir-
culante deve avisar imediatamente a sua chefia, para as devidas providências;
n em seguida, na sala de operação, enquanto o paciente não estiver
anestesiado, demonstrar solidariedade e calor humano, tentando aliviar o
medo e a insegurança, comuns à maioria dos pacientes. Portanto, é
importante nunca deixá-lo sozinho e atendê-lo em suas necessidades, como
cobri-lo se sentir frio, ajudá-lo caso queira urinar, etc.
Auxílio ao anestesista
Posicionar o paciente de acordo com o tipo de anestesia que irá receber.
Nesse momento, é fundamental orientar o paciente e apoiá-lo
psicologicamente, para obter a sua colaboração.
Assim, é necessário o circulante conhecer os vários tipos de anestesia e,
também, saber como deve posicionar o paciente em cada caso:
anestesia geral, obtida através de inalação ou administração do anestésico por
via intravenosa ou retal. A posição indicada é o decúbito dorsal que você
poderá analisar na figura da página 48;
anestesias raquidiana e peridural, o anestésico é introduzido pelo anestesista nos
espaços subaracnóide e subdural, respectivamente. Para ambos os tipos pode-
se adotar qualquer uma das posições mostradas na figura adiante;
É importante lembrar que nas posições mostradas tanto em A como em B, o
paciente é recolocado na posição de decúbito dorsal, após a punção e
introdução da substância anestésica.
anestesia regional, caracterizada pela injeção do anestésico nos nervos ou ao
redor deles, anestesiando a área por eles inervada;
anestesia local, o anestésico é injetado nos tecidos onde será feita a incisão.
Nesses casos, o anestésico local mais comumente usado é a lidocaína
combinada com adrenalina.
Tanto para a anestesia regional como para a local, a posição do paciente
varia de acordo com a área a ser anestesiada mas, sempre que possível, ele
deve permanecer em decúbito dorsal.
Qualquer que seja o tipo de anestesia, se houver utilização de soro e o paciente
estiver em decúbito dorsal, seu braço deverá ser colocado no suporte acolcho-
ado, em ângulo inferior a 90°, a fim de evitar desconforto no pós-operatório.
Atribuições da enfermagem 47
AAAAA. O paciente é sentado sobre a mesa
cirúrgica com os membros inferiores para fora,
apoiados numa escadinha ou banco. Os
membros superiores são abaixados para a frente
e a cabeça bem inclinada para baixo.
O circulante mantém o paciente nessa posição,
colocando-se à sua frente, com as mãos em sua
cabeça, de modo a evitar qualquer
movimentação no momento da punção.
BBBBB. O paciente deve ser colocado em decúbito
lateral direito ou esquerdo, com as pernas fletidas
(flexionadas) sob as coxas e estas contra o
abdome. Os membros superiores são cruzados
na frente, à altura da cintura, e o pescoço bem
flexionado, de modo a aproximar o queixo do
esterno, um osso localizado no tórax.
O circulante ajuda a manter o paciente na
posição, colocando uma das mãos na região
cervical posterior do paciente e a outra na
dobra dos joelhos, a fim de forçar mais a coluna
em forma de arco.
A posição BBBBB é a mais usada, por ser mais
apropriada e confortável para o paciente.
A
B
48 Centro Cirúrgico
Transoperatório
No decorrer da anestesia, o circulante deve prestar espe-
cial atenção a alterações que o paciente possa apresentar,
tais como mudança de coloração da pele e da mucosa
(cianose ou palidez), aceleração ou diminuição da pul-
sação, sudorese, dentre outras, a fim de prevenir compli-
cações. É também da competência do circulante observar
o gotejamento das infusões e dos líquidos drenados.
Você deve saber que não é competência do circulante substituir o anestesista na administração de
medicamentos ou de algum anestésico.
Atendimento ao ato cirúrgico
As atribuições podem ser divididas em três momentos: no início da cirurgia,
quando ele é mais solicitado, durante a operação e ao término desta.
No início da cirurgia:
n auxiliar a equipe cirúrgica a vestir o capote ou avental, amarrando as tiras
do decote e do cinto e, depois, oferecendo as luvas;
n ajudar a colocar o paciente cuidadosamente em posição adequada à
operação, utilizando todos os recursos disponíveis para evitar ao máximo
que tal posição cause danos ao paciente. A falta desses cuidados pode,
por exemplo, provocar compressão de nervos, problemas circulatórios e
queimaduras por fricção.
Desse modo, é muito importante que o circulante conheça as principais
posições cirúrgicas.
Atribuições da enfermagem 49
Posição de decúbito
ventral. Paciente
deitado sobre o ventre,
apoiado em dois
coxins, sob os ombros.
Os braços ficam sobre
braçadeiras. A
cabeça, lateralizada,
repousa sobre um
travesseiro. Os pés se
apóiam em coxins,
evitando que os dedos
toquem a mesa
cirúrgica.
Posição indicada para
cirurgias de coluna
vertebral e membros
inferiores.
Posição de decúbito
lateral. Paciente deitado
sobre um dos lados. A
perna em posição
inferior fica flexionada,
enquanto a outra fica
estendida. Um
travesseiro as separa e
protege.O quadril é
fixado à mesa por uma
cinta. Um braço é
preso ao arco de
narcose; o outro fica
sobre braçadeira.
Posição utilizada,
basicamente, em
cirurgias de coluna
vertebral, pulmão e rim.
Nesta última,
geralmente é colocado
um coxim sob o flanco.
Posição de decúbito
dorsal. Paciente deitado
de costas, com pernas
estendidas e levemente
afastadas. Os braços
podem ficar em
posição anatômica,
com a palma da mão
virada para baixo, ou
apoiados em
braçadeiras.
Posição usada para a
maioria das cirurgias
gerais e outras
realizadas no tórax e
abdome.
Cianose:Cianose:Cianose:Cianose:Cianose:
coloração azulada
da pele e mucosas
conseqüente à má
oxigenação
50 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Atribuições da enfermagem 51
Posição de
Trendelemburg.
Paciente colocado
em decúbito dorsal,
com cabeça e tronco
em nível mais baixo
que os membros
inferiores.
Posição utilizada em
cirurgias no abdome
inferior e pélvicas.
Posição de litotomia.
Paciente colocado
em decúbito dorsal,
a mesa é dobrada
na parte inferior.
As nádegas são
posicionadas
ligeiramente para fora
da borda da mesa, as
pernas e coxas fletidas
em ângulo reto e
apoiadas em um
suporte, na altura dos
joelhos, tornozelos ou
dos pés.
Posição usada
para a maioria das
cirurgias perineais.
Posição de proclive
ou reverso de
Trendelemburg.
Paciente colocado
em decúbito dorsal,
com cabeça alguns
graus mais alta que
os membros inferiores.
No caso de uma
inclinação maior, usar
suporte para os pés.
Se precisar
hiperestender o
pescoço, colocar
coxim sob os ombros.
Posição utilizada em
algumas cirurgias da
cavidade abdominal
superior, cabeça e
pescoço.
Ainda no início da cirurgia:
n prender o paciente firmemente na mesa, tendo o cuidado de não comprimir
vasos e nervos, pois isso pode ocasionar vários problemas no pós-operatório;
n descobrir a área operatória e oferecer anti-sépticos à equipe cirúrgica;
n colocar a placa neutra do bisturi elétrico, caso ele vá ser usado, na
panturrilha do paciente ou outra região, conforme a cirurgia.
Colocação
da placa neutra
do bisturi elétrico.
52 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Atribuições da enfermagem 53
Ao utilizar o bisturi elétrico, é necessário observar vários cuidados, os quais
devem ser do conhecimento de qualquer circulante:
l não utilizar dois bisturis monopolares simultaneamente;
l não deixar que o paciente fique em contato com as partes metálicas da
mesa cirúrgica;
l limpar a pele do paciente no local de colocação da placa, deixando-a
desengordurada e seca, pois o contato deve ser perfeito;
l colocar gel condutor na placa e fixá-la no paciente, o mais próximo
possível do local da operação, porém afastada de eletrodos, como, por
exemplo, os usados na monitorização cardíaca;
l não conectar a placa do bisturi a outros equipamentos por meio de fios.
Isto só pode ser feito com o próprio bisturi;
l evitar que a placa seja molhada durante o preparo do campo operatório,
como também durante a operação;
A falta desses cuidados pode ocasionar queimaduras graves na pele do paciente.
Existem hoje, no comércio, placas neutras auto-adesivas e descartáveis,
que dão uma segurança excelente no manuseio do bisturi elétrico. Se
essas placas estiverem mal posicionadas, o bisturi não funciona, evitando
queimaduras nos pacientes. Elas são encontradas nos tamanhos adulto
e infantil;
n colocar o arco de narcose ou um suporte de soro de cada lado da mesa,
recebendo dos assistentes as extremidades dos campos esterilizados. Fixá-
las, então, no arco ou suportes, para formar a tenda (barraca) que separa
o campo de ação do anestesista;
n ligar o bisturi elétrico e o aspirador;
n colocar “baldes a chute” próximos ao cirurgião e ao assistente;
n ligar o foco cirúrgico, direcionando-o para o campo operatório.
Durante a realização da cirurgia:
n permanecer na sala atento a todas as solicitações de materiais e também
ao funcionamento dos aparelhos;
n acondicionar a peça anatômica retirada para exame, identificá-la por
escrito e providenciar seu encaminhamento, de acordo com a orientação
do serviço de patologia. O mesmo deve ser feito com secreções, lavados
gástricos e brônquicos destinados a exames laboratoriais;
n zelar pela limpeza, colocando imediatamente solução desinfetante sobre
locais eventualmente contaminados por sangue, pus ou outros fluidos
corpóreos. Depois de 10 minutos, limpar esses locais com solução
desinfetante, utilizando para isso pinças ou protegendo as mãos com luvas;
n fazer as anotações na folha de gastos, de acordo com as normas
administrativas do hospital.
Após o término da cirurgia:
n desligar o foco e os aparelhos elétricos, afastando-os da mesa cirúrgica;
n auxiliar o médico no curativo da incisão cirúrgica, oferecendo as soluções
anti-sépticas comumente usadas (água oxigenada, solução aquosa de iodo)
e fixando o adesivo;
n remover os campos e, em seguida, vestir e agasalhar o paciente
adequadamente;
n auxiliar a equipe cirúrgica a retirar os aventais;
n transferir o paciente para a maca, após a autorização do anestesista,
observando a permeabilidade de scalps, sondas e drenos;
n providenciar o transporte do paciente para a unidade de Recuperação
Pós-anestésica ou para sua unidade de origem, acompanhado do
prontuário completo;
n tratar o material de vidro, de borracha e o instrumental de acordo com a
rotina do serviço;
n desocupar a sala, encaminhando a roupa à lavanderia. Solicitar, logo após,
a limpeza do local.
Instrumentador
O técnico ou auxiliar de enfermagem, atuando na função de instrumentador,
passa a integrar a equipe cirúrgica e, como tal, suas atribuições são:
n verificar para que sala de operação está escalado e, em função disso, em
que operações irá atuar;
n informar-se quanto aos tipos de fios, agulhas e materiais especiais a serem
utilizados, caso não esteja familiarizado com a rotina do cirurgião;
n executar o preparo das mãos e dos antebraços, vestir o avental
esterilizado e calçar as luvas cirúrgicas, de acordo com a técnica correta,
descrita mais adiante;
Placa neutra
fixada ao paciente.
54 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Atribuições da enfermagem 55
n dispor instrumental, campos, gazes e fios nas mesas auxiliares, segundo
a técnica padronizada;
n estar pronto e ter tudo preparado antes de começar a operação, para
evitar atrasos;
n colocar à disposição do cirurgião, antes do início do procedimento
cirúrgico, o material para a anti-sepsia da região operatória e auxiliar na
colocação dos campos;
n passar os instrumentos, zelando constantemente pela total assepsia
do ato cirúrgico. É muito importante, por exemplo, cuidar para a mesa
do instrumental não ser contaminada pelas costas dos integrantes da
equipe ou por instrumentos que tenham entrado em contato com a
parte interna do intestino;
n evitar a falta de compressas, gazes, fios e outros materiais, solicitando
reposição ao circulante, com a devida antecedência;
n zelar pela peça anatômica retirada do paciente, identificando-a e
entregando-a ao circulante, que irá encaminhá-la para exame;
n desmontar a mesa, separando o material contaminado do limpo, ao
término da operação.
Como já observamos, antes de o instrumentador vestir o avental esterilizado
e calçar as luvas, ele deve realizar o preparo adequado das mãos e dos
antebraços, tendo em mente a possível perfuração das luvas esterilizadas e a
conseqüente contaminação pelas bactérias da pele.
Essas bactérias são de dois tipos: transitórias e residentes. As transitórias são
eliminadas com relativa facilidade, usando-se água e sabão, enquanto as
residentes são de difícil remoção, por estarem firmemente aderidas à
superfície cutânea. Assim, a lavagem retira as bactérias transitórias, e o anti-
séptico, hoje em dia à base de iodo, impede temporariamente a ação de
outras bactérias, não retiradas pela mecânica da lavagem.
Lavagem e anti-sepsia das mãos e dos antebraços
Para executar a técnica (baseada nas recomendações do Ministério da Saúde)
o instrumentador deverá estar com as unhas bem aparadas e usando máscara
e gorro. Logo, realizará o seguinte procedimento:
n remover as jóias das mãos e dos antebraços;
n lavar as mãos e os antebraços com água corrente e anti-séptico com deter-
gente PVP-I a 10%. As pessoas alérgicas ao iodo deverão usar a solução
detergente de CLOROHEXIDINA a 4%;
n enxaguar as mãos e elevá-las, para o anti-séptico escorrer em direção aos
cotovelos, indo da parte mais limpa para a menos limpa;
n retirar a escova esterilizada do suporte ou do invólucro, se ela for
descartável. Só usar escova de cerdas macias e, caso as disponíveis não atendam
a essa especificação, dispensar a escovação e realizar a anti-sepsia fazendo
a fricção com as mãos;
n molhar as cerdas e colocar PVP-I 10%, se a escova não contiver anti-séptico
com detergente;
n escovar as unhas da mão esquerda, com a escova na mão direita, enquanto
conta mentalmente até cinqüenta;
n continuar a escovação por etapas, tendo sempre em mente que é
necessário atingir desde a extremidade dos dedos até o cotovelo,
escovando cada segmento cerca de 25 vezes;
n começar essa etapa da escovação pela lateral do dedo mínimo, passando
pelos espaços interdigitais (entre os dedos), até atingir o polegar;
n em seguida, escovar a região ventral (palmar) da mão, partindo das pontas
dos dedos até o punho;
n com a palma voltada para baixo, escovar a região dorsal da mão, dando
especial atenção aos sulcos interdigitais;
n escovar, a seguir, as regiões anterior e posterior do antebraço, com
movimentos que se estendam do punho ao cotovelo;
n escovar o cotovelo com movimentos circulares;
n passar a escova para a outra mão e lavá-la, deixando a água escorrer;
n passar anti-séptico com detergente na escova e proceder à escovação da
mão direita, obedecendo às mesmas etapas já descritas para a mão esquerda;
n ao final, desprezar a escova na pia e enxaguar cada uma das mãos, unindo
as extremidades dos dedos e colocando os antebraços na vertical, de
maneira que a água escorra em direção aos cotovelos;
O tempo gasto na escovação da cada mão e antebraço deve ser, no mínimo, de cinco minutos.
n reaplicar o PVP-I, friccionando-o nas mãos, mantendo-as mais elevadas
que os cotovelos. Ter o cuidado de não remover os resíduos desse detergente
com soluções alcoólicas.
É importante esclarecer que o Ministério da Saúde oferece uma opção a ser
utilizada na falta dos anti-sépticos com detergente indicados. A técnica é a mesma da
segunda opção, porém é realizada com sabão comum em lugar do PVP-I.
Após os cinco minutos de fricção, enxaguar mãos e antebraços, removendo a
espuma e os resíduos de sabão. Em seguida, aplicar álcool iodado (0,5 a 1%).
O álcool iodado precisa ser literalmente aplicado às mãos e antebraços, e jamais utilizado para simples
imersão dos mesmos. É necessário friccionar as mãos com essa solução por, no mínimo, um minuto.
Ao finalizar o processo o instrumentador deve dirigir-se à sala de operação,
com mãos e antebraços mantidos na vertical, evitando tocar em objetos que
possam comprometer a escovação.
56 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Atribuições da enfermagem 57
Na sala, efetua-se a secagem das mãos e parte dos antebraços com uma
compressa esterilizada, indo na direção das mãos para os cotovelos. Fazer
movimentos compressivos e não de esfregação, evitando sempre que a
compressa atinja regiões não escovadas. Em seguida, jogar a compressa no
saco de hamper.
Estando com as mãos secas, o instrumentador vestirá o avental esterilizado,
tocando-o apenas pelo avesso para não contaminá-lo, já que as mãos, embora
escovadas, ainda estão sem luvas.
Técnica para vestir o avental
n pegar o avental com as pontas dos dedos e depois elevá-lo, trazendo-o para
fora da mesa. A maneira de pegar o avental vai depender do modo como
ele é dobrado, o que varia de uma região para outra do Brasil. Qualquer
que seja o modo, no entanto, é imprescindível observar o princípio fun-
damental de só tocar a parte interna do avental e nunca a parte externa;
n abrir o avental com movimentos delicados e firmes, tendo o cuidado de
não tocar sua face externa;
n segurar o avental afastado do corpo e introduzir, ao mesmo tempo, os
dois braços nas mangas, com um movimento para cima;
n dar as costas ao circulante de sala para que as tiras do decote das costas
e da cintura sejam amarradas por ele, afastando-as da cintura para facilitar
a ação.
Nas operações de grande porte, onde a assepsia é ainda mais rigorosa, a equipe cirúrgica protege as
costas do avental usando a opa esterilizada. A opa é uma espécie de sobrecapa, sem mangas, amarrada
na frente, que um dos membros da equipe, já vestido e enluvado, auxilia os demais a vestir.
Secagem de mãos
e antebraços.
AAAAA. Instrumentadora
retira a compressa que
se encontra em um
pacote aberto.
BBBBB. Instrumentadora
segura a compressa
afastada do seu corpo.
Seca apenas a área
bem escovada e evita
contaminar as mãos na
área próxima ao
cotovelo.
Técnica para vestir
o avental cirúrgico,
usada pelo
instrumentador no caso
específico do avental
estar com a face
externa para dentro.
AAAAA. Instrumentadora
pega o avental.
BBBBB. Instrumentadora
desenrola o avental e
introduz seus braços
dentro das mangas
com um movimento
para cima, sem tocar a
parte externa com suas
mãos desnudas.
CCCCC. A circulante de
sala alcança a parte
interna do avental e
puxa pela abertura das
mangas.
DDDDD. A circulante de
sala amarra as tiras do
decote e da cintura.
Entretanto,
dependendo do tipo
de avental usado, a
própria
instrumentadora, já
calçando luvas,
fechará o avental.
A B
A
B
C
D
58 Centro Cirúrgico
Transoperatório
AAAAA. Opa
BBBBB. Opa improvisada
Atribuições da enfermagem 59
Técnica para calçar luvas
n abrir o pacote de luvas de modo a deixar os punhos voltados para a pessoa
que irá calçá-las. Ter o cuidado de afastar a aba interna do pacote, sem
tocar as luvas com as mãos desnudas;
n retirar a luva esquerda do envelope, segurando-a pelo punho com a
mão direita;
n calçar a luva esquerda com o auxílio da mão direita, tocando-a apenas
pelo lado de dentro do punho e mantendo a dobra do punho;
n retirar a luva direita do envelope, colocando a mão esquerda na abertura
do mesmo e introduzindo os quatro dedos sob a dobra do punho;
n calçar essa luva com o auxílio da mão esquerda, mantendo os dedos
desta mão introduzidos na dobra e puxando até cobrir o punho da manga
do avental;
n introduzir os dedos na dobra do punho da luva esquerda e puxá-la,
igualmente, até cobrir o punho da manga do avental;
n manter as mãos enluvadas para o alto, acima do nível da cintura, e, quando
não ocupadas, protegê-las com compressa ou campo esterilizado. Existem
alguns aventais com local apropriado para o descanso e proteção das
mãos já enluvadas.
Recomendações ao calçar as luvas
n a mão nua só deve tocar a parte interna da luva, enquanto a mão enluvada
só pode tocar a parte externa;
n se, ao calçar as luvas, os dedos entrarem trocados, só tentar corrigir após
ter as duas luvas calçadas;
n com as mãos enluvadas, evitar tocar a gola, as costas e o terço inferior
do avental cirúrgico por serem consideradas “zonas perigosas”, em
termos de contaminação;
n para descalçar as luvas deve-se, primeiramente, dobrar o punho da luva
esquerda. Com os dedos da mão esquerda ainda enluvados, retirar a luva
direita sem que esta toque a pele. Com a mão esquerda enluvada segurar
a luva direita; depois, com a mão direita desnuda, remover a luva esquerda,
puxando-a pela dobra do punho por sobre a luva direita.Tocar apenas a
parte interna da luva esquerda.
A B
A B
G H
D E
J K
C
F
I
L
60 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Tempos cirúrgicos
Denominamos tempos cirúrgicos ou tempos operatórios as fases ou etapas em que
são executadas as operações. De um modo geral, são quatro:
deiérese é o momento de rompimento dos tecidos por meio de instrumentos
cortantes, como bisturis e tesouras. Pode ainda ser realizada com o bisturi
elétrico ou o bisturi a raio laser.
hemostasia é o processo através do qual se detém o sangramento ocasionado
pela diérese. Pode ser realizada de diversas maneiras, como, por exemplo,
usando-se pinças específicas comprimindo os vasos com compressas ou
utilizando o bisturi elétrico.
operação propriamente dita é o tempo cirúrgico principal, voltado para o objetivo
central do procedimento. Nesse momento são usados instrumentos especiais,
que variam de acordo com a especialidade cirúrgica.
síntese é a união de tecidos, a qual será tão mais perfeita quanto mais perfeita
tiver sido a diérese.
O processo mais comum de síntese é a sutura por planos, dos órgãos e tecidos,
e o fechamento da cavidade cirúrgica usando-se agulhas e porta-agulhas.
A sutura pode ser permanente —quando os fios cirúrgicos não são removidos—
ou temporária —quando os fios são retirados dias após a colocação.
Instrumental cirúrgico básico
É aquele comum a qualquer operação, devendo estar presente em todas elas,
independentemente da especialidade. Assim, o auxiliar de enfermagem
deverá conhecê-lo muito bem, principalmente o instrumentador, tendo em
vista o bom desempenho de suas funções.
Com apenas esse instrumental é possível realizar várias cirurgias gerais de pequeno porte, sem
necessidade de outros instrumentos mais específicos. Dentre essas cirurgias destacamos a
apendicectomia, a hernioplastia e a postectomia.
As Pinças de Preensão têm o objetivo de prender tecidos e órgãos, mas também
são usadas para prender gaze dobrada. Um exemplo é a pinça de Foerster,
mostrada na figura, que é utilizada no início da cirurgia, para fazer a anti-
sepsia da região cirúrgica.
Os bisturis são instrumentos de diérese e se apresentam com tipos e tamanhos
variados. São compostos de um cabo de tamanho variável, acoplado a uma
lâmina móvel, que também varia em forma e tamanho.
Em função da grande freqüência com que são utilizados, os bisturis ocupam
a parte da mesa mais acessível ao instrumentador, sempre com a ponta
voltada para ele.
Instrumental cirúrgico básico 61
Pinça de Foerster.
Diferentes tipos de
cabos e lâminas de
bisturis.
AAAAA. Cabos
BBBBB. Lâminas
Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO
A B
62 Centro Cirúrgico
Transoperatório
As tesouras, assim como os bisturis, são instrumentos de diérese, e têm
diferentes formas e tamanhos.
Também as tesouras são arrumadas na mesa de instrumental com a ponta
voltada para o instrumentador.
As pinças hemostáticas são instrumentos de hemostasia, utilizadas para pinçar os
vasos e impedir o sangramento. Essas pinças podem ser retas ou curvas e
têm tamanhos variados.
As pinças hemostáticas são conhecidas pelos nomes de seus criadores como
Kelly, Kocher, Crile, Halstead, Rochester e Mixter. São dispostas na mesa do instrumen-
tador em grupos do mesmo tipo e em ordem crescente de tamanho, sempre
da direita para a esquerda.
As pinças de dissecção são instrumentos auxiliares que apóiam o ato cirúrgico.
Elas existem em grande variedade, sendo diferentes em forma e tamanho,
com dentes ou não. Aquelas com dentes são comumente chamadas de “pinças
dentes de rato”.
Instrumental cirúrgico básico 63
Tesouras.
AAAAA. de Metzenbaum
reta e curva
BBBBB. de Mayo reta e
curva
Pinças hemostáticas.
CCCCC.de Crile reta e curva
DDDDD.de Kocher reta e
curva
Pinças hemostáticas.
AAAAA. de Kelly reta e
curva
BBBBB. de Halstead
Pinças de dissecção.
AAAAA. sem dente
BBBBB. "dente de rato"
A B
A B
C D
Fonte:catálogoEDLO
Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO
Fonte:catálogoEDLO
A
B
64 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Os afastadores são também instrumentos auxiliares, destinados a facilitar a
exposição do campo operatório. Eles variam quanto ao tipo e ao tamanho,
podendo ser manuais ou auto-estáticos. Esses últimos são chamados assim
porque afastam os tecidos por si próprios.
Os afastadores são ordenados na mesa de instrumental por tamanho e pela
ordem em que são empregados. Os menores são usados, em geral, nos planos
superficiais, como as camadas de tecido, e de acordo com o tamanho do
paciente. Já os maiores são empregados posteriormente, para afastamento
das estruturas profundas, como os órgãos.
As pinças de campo, ou pinças Backhaus, são instrumentos auxiliares destinados à
fixação dos campos que limitam a área operatória.
Esse tipo de pinça está presente na mesa de instrumental somente no início
da operação. Posteriormente, o espaço ocupado por elas é utilizado para
melhor acomodar instrumentos de hemostasia, instrumentos especiais,
compressas, gazes ou cubas.
Instrumental cirúrgico básico 65
Afastadores.
AAAAA. Farabeuf
BBBBB. Deaver Nº 6
CCCCC. Volkmann
DDDDD. auto-estático, Gelpi
EEEEE. auto-estático,
Weitlaner
FFFFF. abdominal, Gosset
GGGGG. abdominal, Balfour
HHHHH. abdominal, Doyen
Pinça Backhaus
ou de campo.
Afastadores.
IIIII. de costelas,
Finochietto
JJJJJ. para pele, Gillies
KKKKK. Haberer "maleável"
A B
D E
G H
C
F
Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO
Fonte:catálogoEDLO
I J K
66 Centro Cirúrgico
Transoperatório
As agulhas são instrumentos de síntese utilizados para conduzir o fio de sutura
através dos tecidos. Podem ser de diferentes tipos:
n retas, semi-retas ou curvas, sendo a curvatura bem variável;
n pequenas ou grandes;
n de ponta triangular ou cortante, para a pele; e de ponta cilíndrica ou
romba, para uso interno;
n com fundo fixo ou fundo falso.
Nas agulhas com fundo fixo, o fio é introduzido em seu orifício, como nas
agulhas de costura. Já nas agulhas com fundo falso o fio é introduzido no
canal, sob pressão. Atualmente, a maioria dos fios já vem agulhada de fábrica,
havendo uma preferência dos cirurgiões por esse tipo de fio, por serem
práticos e produzirem menor traumatismo nos tecidos.
A escolha das agulhas e dos fios a serem usados em uma cirurgia é de competência exclusiva do
cirurgião, uma vez que essa escolha vai depender de fatores como o tipo de cirurgia, a técnica
empregada e o tipo de tecido.
Quanto à arrumação das agulhas na mesa do instrumentador, ressaltamos que
elas devem ser dispostas ordenadamente, de modo a facilitar sua identificação.
Os porta-agulhas são também instrumentos de síntese, e têm a função de pren-
der as agulhas, para a execução da sutura. Eles se apresentam de diferentes
formas e tamanhos, sendo mais comuns os de Mayo-Hegar e de Mathieu.
À exceção dos demais instrumentos, os porta-agulhas devem ficar na mesa
de instrumental com os cabos sempre voltados para o instrumentador.
As agulhas e os porta-agulhas, usados nas suturas tradicionais, podem ser
substituídos por instrumentos que realizam vários tipos de suturas mecânicas.
Um exemplo desses instrumentos é o skin stapler, cuja forma é semelhante à
de um grampeador.
Instrumental cirúrgico básico 67
Agulhas cirúrgicas.
A.A.A.A.A. Forma das agulhas
B.B.B.B.B. Agulha de fundo
fixo
C.C.C.C.C. Agulha de fundo
falso
D.D.D.D.D. Agulha de ponta
romba ou cilíndrica
E.E.E.E.E. Agulha de ponta
Porta-agulhas.
AAAAA. de Mayo-Hegar
BBBBB. de Mathieu
Skin Stapler, usado
para suturas mecânicas.
Fonte:catálogoEDLO
A B
C
D
E
A B
68 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Fios cirúrgicos
Também denominados fios de sutura, os fios cirúrgicos são utilizados com
duas finalidades básicas:
n ligadura de vasos sangüíneos, para impedir o sangramento;
n sutura de tecidos orgânicos, para facilitar a cicatrização.
Esses fios dividem-se em duas categorias principais.
Fios cirúrgicos absorvíveis
São produzidos com material que pode ser eliminado pelas células e líquidos
corporais, durante e após a cicatrização dos tecidos. Eles são de dois tipos:
de origem animal, produzidos a partir do intestino de boi ou de carneiro, sendo
conhecidos como catgut (categute). Podem ser:
simples: categute não tratado, o qual é totalmente absorvido em torno do
10º dia após a cirurgia;
cromado: categute simples, com tratamento especial para prolongar o tempo
de absorção, que deverá acontecer entre o 20º
e o 25º
dia após a cirurgia.
de origem sintética, produzidos em laboratório, têm absorção total depois de 60
a 70 dias da operação.
Fios cirúrgicos inabsorvíveis
Não desaparecem, permanecendo envolvidos por um tecido fibroso, mesmo
sofrendo a ação dos líquidos do corpo. Esses fios são de três tipos:
de origem natural, fabricados a partir da seda, do algodão ou, ainda, do linho.
de origem sintética, produzidos em laboratório, podendo ser de náilon, poliéster
ou polipropileno.
metálicos, de prata, bronze ou aço inoxidável.
Espessura dos fios cirúrgicos
A grande variedade de espessura com que são encontrados motivou a sua
identificação por meio de uma escala numérica:
... 6-0 5-0 4-0 000 00 0 1 2 3 4 5 ...
Para entender como a escala funciona, vamos tomar o fio número zero como
referência, o qual tem uma espessura média.
Instrumental cirúrgico especial
É aquele que varia de acordo com as múltiplas especialidades cirúrgicas e,
em geral, é utilizado apenas no tempo principal da operação.
Esse tipo de instrumento deve ser colocado em local afastado da mesa do
instru-mentador ou, então, em mesa auxiliar secundária, no caso de serem
muito numerosos.
Fios cirúrgicos 69
Exemplos de
instrumental cirúrgico
especial.
AAAAA. tesoura vascular
Potts de Martel
BBBBB. rugina para
periósteo de Farabeuf
CCCCC. espéculo vaginal
de Collin
DDDDD. pinça Randall
para cálculos renais
EEEEE.saca-fibroma
de Doyen
FFFFF. espéculo nasal
de Hartmann
Fonte:catálogoEDLO
A B
D E
C
F
70 Centro Cirúrgico
Transoperatório
Os fios com numeração acima de zero são de espessura maior do que ele, como,
por exemplo, o fio 2 ou 3. Quanto maior é o número, mais grosso será o fio.
Por outro lado, os fios cuja numeração tem mais zeros são mais finos do que ele,
como 00 ou 4-0. Assim, quanto mais zeros na numeração, mais fino é o fio.
Observe que depois de 000 não se repetem mais os zeros para representar,
usando-se apenas 4-0, 5-0, 6-0, etc.
Os fios disponíveis no mercado são encontrados nas seguintes apresentações:
n envelopes com fios longos, sem agulha;
n envelopes com fios curtos e agulhas descartáveis presas ao fio.
Considerações gerais
sobre instrumentação
Vamos destacar algumas observações sobre o modo como os cirurgiões
solicitam os instrumentos e de como o instrumentador deve passá-los.
Os instrumentos de uso corrente podem ser solicitados pela sinalização
manual, que consiste em uma série de sinais em código, já conhecidos pela
equipe. Esses sinais estão diretamente relacionados com o movimento
característico do uso de cada um dos instrumentos.
Caso não empregue a sinalização manual, o cirurgião poderá pedir os
instrumentos pelos respectivos nomes.
A prática, no entanto, vai proporcionando, ao instrumentador, segurança
e condições de prever a necessidade de passar esse ou aquele instrumento.
Ele faz isso com base no conhecimento das regras gerais de uso seqüencial
de todo o instrumental, desobrigando o cirurgião de fazer qualquer
sinalização ou pedido.
Veja alguns exemplos:
O instrumentador deve estar sempre atento ao modo de manusear e passar
os instrumentos. Todo cuidado deve ser tomado para não deixá-los cair e
para sempre entregá-los na posição correta para o uso, evitando que o
cirurgião seja obrigado a virar os instrumentos antes de usá-los.
Em relação a esses instrumentos, cabe ainda lembrar que existem alguns
muito perigosos, como o bisturi e o porta-agulhas montado, os quais devem
ser manuseados com cautela e segurança, para prevenir acidentes.
Também é igualmente importante o instrumentador se colocar em local
que favoreça a passagem dos instrumentos e, se possível, que tenha
perfeita visualização do campo cirúrgico, para poder acompanhar os tem-
pos cirúrgicos e antecipar-se às solicitações dos vários instrumentos.
A forma de dispor os instrumentos varia, principalmente, em função do tipo
de cirurgia e da técnica a ser adotada. Como regra geral, no entanto, podemos
afirmar que os instrumentos são dispostos na mesa, em grupos, por ordem
de tamanho, sempre com suas pontas voltadas para o ins-trumentador. Os
porta-agulhas, como já ressaltamos, devem ficar com os cabos voltados para
o instrumentador, ao contrário dos demais instrumentos.
Considerações gerais sobre instrumentação 71
o cirurgião usa bisturi,
tesoura ou porta-agulhas
o instrumentador entrega pinça auxiliar,
exceto durante incisão da pele
o cirurgião devolve instrumentos
de diérese e auxiliares,
com muitas pinças hemostáticas no campo
o instrumentador entrega, prontamente,
fios para ligadura
o cirurgião usa fio
para sutura ou ligadura
o instrumentador passa
a tesoura reta
o cirurgião trabalha
com instrumentos de corte
o instrumentador passa,
automaticamente, pinças hemostáticas
72 Centro Cirúrgico
Centro
de Material
Dependências básicas
recepção e expurgo. Área destinada a receber o material usado no Centro Cirúrgico
e nas demais unidades do hospital, para execução ou comple-mentação
da limpeza.
Esse local precisa ser devidamente separado e isolado do local de entrega do material limpo,
a fim de evitar a contaminação do que foi recém-esterilizado.
preparo do material. Local onde se realizam o preparo e o empacotamento ou
acondicionamento do material para ser esterilizado.
Transoperatório
É o conjunto de áreas destinadas à limpeza, pre-paro,
esterilização, guarda e distribuição do material para
todo o hospital.
O CEMAT pode ser centralizado, quando o material é
limpo, preparado e esterilizado nas áreas específicas
do próprio Centro; ou descentralizado, quando as dife-
rentes unidades do hospital encarregam-se da lim-
peza e da preparação do material, encaminhando-o
depois ao CEMAT somente para esterilização.
O mais indicado é o sistema centralizado, princi-
palmente porque padroniza as técnicas empregadas
e possibilita o controle de qualidade garantindo
maior segurança no uso do material esterilizado.
74 Centro de Material
Transoperatório
esterilização. Espaço onde estão instaladas as autoclaves e estufas empregadas
para esterilizar o material.
guarda e distribuição. Parte reservada ao armazenamento ou estocagem do mate-
rial estéril em armários, prateleiras e, modernamente, em cestas de aço
inoxidável do tipo “gaiola”. É nesse local, também, que se dá a distribuição
do material a todas as unidades do hospital.
Em alguns hospitais, essa área comunica-se diretamente com a sala de
estocagem de material esterilizado do Centro Cirúrgico, facilitando muito
o abastecimento dessa sala.
posto de enfermagem. Área que se constitui no centro administrativo do CEMAT,
onde se encontram a chefia e a secretaria dessa unidade.
sala de reserva. Destinada à estocagem de materiais de consumo novos como,
por exemplo, seringas, agulhas, gazes, algodão, luvas, fitas-teste, fios, etc.,
usados na reposição de material dos pacotes e bandejas preparados para
esterilização.
copa. Área reservada para servir lanches rápidos ao pessoal do CEMAT.
vestiários masculino e feminino. Locais equipados com sanitários e chuveiros para
uso das equipes, e ainda de armários, para a guarda de uniformes, roupas
e outros pertences.
As diferentes áreas de um Centro de Material devem ser distribuídas de forma a permitir um fluxo
de trabalho progressivo, em linha reta e seqüencial, do expurgo até a área de distribuição, com o
objetivo de reduzir as possibilidades de contaminação.
Atividades
Antes de detalharmos as atividades desenvolvidas no Centro de Material, é
importante relembrar alguns conceitos de microbiologia que são básicos
para o pessoal de enfermagem realizar um trabalho consciente e responsável:
esterilização. Conjunto de meios empregados para extermi-
nar todos os germes, inclusive os esporos.
desinfecção. Meiosempregadosparadestruirosgermesnasua
forma vegetativa. Ela pode ou não destruir os esporos.
anti-sepsia. Meios através dos quais se impede a prolife-
ração dos germes. Na anti-sepsia são empregadas
substâncias chamadas anti-sépticas.
O emprego do termo anti-sepsia restringe-se ao tecido vivo, enquanto que o termo desinfecção
aplica-se a matérias inanimadas. Falamos, por exemplo, em anti-sepsia da pele e em
desinfecção do piso.
assepsia. Conjunto de práticas e técnicas através das quais se evita a penetração
de germes em locais ou objetos isentos dos mesmos.
descontaminação. Processo de inativação ou retirada de microorganismos, com
o objetivo primordial de dar ao profissional de saúde condições para ma-
nipular artigos médico-hospitalares com segurança.
Esses artigos, classificados em relação ao risco potencial de contaminação
de acordo com as novas orientações do Ministério da Saúde, são:
artigos não-críticos são todos aqueles que entram em contato com a pele íntegra
do paciente.
Esses artigos devem ser limpos.
Exemplo: termômetro clínico.
artigos semicríticos são os que entram em contato com a pele não-íntegra ou
com as mucosas do paciente.
Esses artigos devem ser desinfetados.
Exemplo: acessórios de respiradores artificiais e anestesia gasosa.
artigos críticos são aqueles que penetram na pele e nas mucosas do paciente.
Esses artigos devem ser esterilizados.
Exemplo: instrumentos de corte e de ponta.
artigos contaminados são os que entraram em contato com sangue, pus,
excreções e secreções do paciente, sem levar em consideração o grau
de sujeira presente.
Planta física de um
CEMAT com o fluxo
do material.
EsporEsporEsporEsporEsporos:os:os:os:os:
forma na qual o
germe é mais
resistente
Atividades no CEMAT 75
SALA DE RESERVAROUPARIABANCADA DE
ANESTESISTA
LUVAS ÁREA DE
ESTERILIZAÇÃO
BANCADA
DE MATERIAL
VARIADO
ÁREA DE
RECEPÇÃO
E EXPURGO
VESTIÁRIO
MASCULINO
VESTIÁRIO
FEMININO
ÁREA DE GUARDA
E DISTRIBUIÇÃO
POSTO DE
ENFERMAGEM
COPA
ÁREA DE PREPARO
DO MATERIAL
monta-
carga
(material
estéril)
elevador roupa
limpa
(da lavanderia)
monta-
carga
(material sujo)
elevador roupa
suja (para
lavanderia)
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  • 3. Este livro de Enfermagem Cirúrgica faz parte de uma série de materiais produzidos pelo SENAC com o objetivo de apoiar o trabalho de professores e de alunos de cursos da área de saúde, especialmente os que estão-se preparando para o desempenho da função de auxiliar de enfermagem. Ele serve também ao técnico em enfermagem, supondo, nesse caso, uma abordagem mais aprofundada dos conteúdos. APRESENTAÇÃOSENAC/Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Conselho Nacional Antônio de Oliveira Santos Presidente Departamento Nacional Roberto Régnier Diretor-Geral Editoração Marília Pessoa Centro de Produção de Material Impresso/DMM Projeto Gráfico e Capa Anibal Guebel Fotografia de Capa Agência Keystone Ilustrações Marcos Pinho Paes Leme Anibal Guebel Revisão Maria Elisa Sankuevitz Referência bibliográfica conforme as normas adotadas pelo Sistema de Informações Bibliográficas do Senac. ©SENAC/Departamento Nacional 1996 Rua Dona Mariana 48 - Botafogo Rio de Janeiro RJ CEP 22280-020 Editores Responsáveis Maria Helena Barreto Gonçalves Centro Técnico Pedagógico/DFP Sonia Kritz Coordenadoria de Tecnologia Educacional/DFP Elaboração de Conteúdo Maria Celeste Dalía Barros Mercilda Bartmann Tratamento de Conteúdo Lourdes Hargreaves Revisão Técnica Fernando Manoel Paes Leme Maria Lúcia Pimentel de Assis Moura Redação Metodológica Maria Leonor de Macedo Soares Leal Consultor-Médico da Área de Saúde Fernando Luiz Barroso ISBN 85-85746-24-6 Senac. DN. Enfermagem cirúrgica. / Maria Celeste D. Barros; Mercilda Bartmann; Lourdes Hargreaves. Rio de Janeiro : SENAC/DN/DFP, 1996. 192 p. Il. Inclui bibliografia. Saúde; Enfermagem; Enfermagem cirúrgica; Cirurgia; Centro cirúrgico; Enfermeiro; Instrumentação cirúrgica; Paciente.
  • 4. SUMÁRIO parte 1 cirurgia 9 Classificação..................................................................... 11 Terminologia...................................................................... 13 Exercícios ......................................................................... 19 parte 2 pré-operatório 21 Pré operatório mediato ........................................................ 23 Pré operatório imediato ....................................................... 25 Exercícios ......................................................................... 33 parte 3 transoperatório 35 Centro Cirúrgico ................................................................ 37 Dependências básicas .................................................. 37 O trabalho no Centro Cirúrgico ...................................... 42 Tempos cirúrgicos ......................................................... 60 Instrumental cirúrgico básico ........................................... 60 Instrumental cirúrgico especial......................................... 68 Fios cirúrgicos .............................................................. 69 Considerações gerais sobre instrumentação ...................... 70 Centro de Material ............................................................. 73 Dependências básicas .................................................. 73 Atividades ................................................................... 75 Exercícios ......................................................................... 91
  • 5. parte 4 pós-operatório 99 Fases do Pós-operatório..................................................... 101 Recuperação Pós-anestésica............................................... 103 Cuidados de Enfermagem ................................................. 107 Desconfortos.................................................................... 111 Complicações ................................................................. 115 A ferida cirúrgica ............................................................. 125 Drenagem cirúrgica .......................................................... 131 Exercícios ....................................................................... 135 parte 5 intervenções cirúrgicas 139 Aparelho digestivo ........................................................... 141 Aparelho geniturinário ....................................................... 149 Operações neurológicas ................................................... 157 Outras operações ............................................................ 161 Cuidados nas operações ortopédicas.................................. 173 Complicações cirúrgicas ................................................... 179 Exercícios ....................................................................... 181 bibliografia 185
  • 6. C I R U R G I A PARTE 1 Cirurgia é um método de tratamento de doenças, lesões ou deformidades internas e externas executado através de técnicas geralmente realizadas com o auxílio de instrumentos. A partir desse conceito de cirurgia, podemos dizer que enfermagem cirúrgica é aquela que trata dos cuidados globais de enfermagem prestados ao paciente nos períodos pré- operatório, transoperatório e pós-operatório. Esses cuidados objetivam minimizar os riscos cirúrgicos, dar maior segurança ao paciente e reabilitá-lo para se reintegrar à família e à sociedade o mais rápido possível. Você verá, nesta parte do livro, como as cirurgias são classificadas e a terminologia técnica adotada na área. senac
  • 7. ClassificaçãoCirurgia As cirurgias podem ser classificadas em função do tempo que decorre desde a sua indicação até a execução e, ainda, em função de sua finalidade. Pelo tempo transcorrido eletiva. Aquela que, embora necessária, pode ser programada com antecedência para uma determinada data de conveniência do paciente e do cirurgião. Exemplo deste tipo de cirurgia é a hernioplastia. de urgência. Cirurgia que precisa ser realizada o mais rápido possível, embora permita um preparo pré-operatório, capaz de melhorar as condições gerais do paciente. Nesta categoria se encontra, por exemplo, a cirurgia realizada nos casos de obstrução intestinal. HerHerHerHerHernioplastia:nioplastia:nioplastia:nioplastia:nioplastia: correção cirúrgica da hérnia
  • 8. Cirurgia de emergência. Que precisa ser realizada imediatamente, não possibilitando, muitas vezes, nenhum preparo do paciente. Aplica-se a situações muito graves, quando há risco de vida iminente. Um exemplo de cirurgia de emergência é quando ocorre uma hemorragia interna por ruptura de artéria. Pela finalidade curativa. Quando objetiva debelar a doença e devolver a saúde ao paciente. Muitas vezes, para alcançar esse objetivo, é necessária a retirada parcial ou total de um órgão, como ocorre na apendicectomia. Este tipo de cirurgia tem uma significação menos otimista quando se trata de câncer. Neste caso, operação curativa é aquela que permite uma sobrevida de, no mínimo, cinco anos. paliativa. Tem a finalidade de atenuar ou buscar uma alternativa para aliviar o mal, mas não cura a doença. Como exemplo citamos a gastrostomia, realizada para fins de alimentação, no caso de câncer de esôfago inoperável. plástica. Realizada com objetivos estéticos ou repara- dores como, por exemplo, o enxerto de pele em queima- dos ou a mamoplastia. Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia:Apendicectomia: retirada do apêndice vermiforme ou cecal GastrGastrGastrGastrGastrostomia:ostomia:ostomia:ostomia:ostomia: abertura do estômago através da parede abdominal Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia:Mamoplastia: plástica de mama TerminologiaCirurgia Formação das palavras Analisando a disposição dos elementos e seu significado teremos a designação dos diversos tipos de intervenções cirúrgicas. Vejamos por exemplo a palavra laringoscopia: laringo + scopia laringe ato de ver, observar 12 Classificação A terminologia técnica comumente adotada pelos profissionais da área de saúde é constituída, em sua maior parte, de palavras formadas pela composição de elementos gregos e latinos.
  • 9. Cirurgia PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação de cistopexia ....................................bexiga histeropexia .................................... útero nefropexia......................................... rim PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação dePara fixação de retinopexia .................................... retina orquiopexia ou orquidopexia ......... testículo Como você verifica, o primeiro elemento de composição da palavra se refere a um órgão, aparelho ou parte do corpo humano, e o segundo elemento da composição diz respeito à técnica ou ao procedimento executado, à ação praticada ou à patologia. Vamos ver, então, alguns desses elementos de origem greco-latina comumente empregados em enfermagem cirúrgica e seus respectivos significados. PrimeirPrimeirPrimeirPrimeirPrimeiro elementoo elementoo elementoo elementoo elemento da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado adeno- ..................................... glândula angio- ............................................vaso artro- ..................................... articulação blefaro- .....................................pálpebra cisto- ...........................................bexiga colecisto-.................................... vesícula colo- ............................................ cólon colpo-..........................................vagina entero- ....................................... intestino flebo- ............................................. veia gastro- ..................................... estômago hepato- ........................................ fígado hístero-........................................... útero PrimeirPrimeirPrimeirPrimeirPrimeiro elementoo elementoo elementoo elementoo elemento da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado laparo- ..................... cavidade abdominal laringo- ........................................laringe nefro- ............................................... rim neuro-........................................... nervo oftalmo- .......................................... olho ooforo- ........................................ ovário orqui- ........................................ testículo osteo- ............................................. osso oto- ............................................. ouvido procto-............................................. reto rino- .............................................. nariz salpingo- ......................................trompa traqueo- ..................................... traquéia Segundo elementoSegundo elementoSegundo elementoSegundo elementoSegundo elemento da composiçãoda composiçãoda composiçãoda composiçãoda composição SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado -ectomia .......................... remoção parcial ou total -pexia ............................. fixação de um órgão -plastia ............................ reconstituição estética ou restauradora de uma parte do corpo -rafia............................... sutura -scopia ............................ ato de ver, observar -stomia ............................ comunicação entre dois órgãos ocos ou entre um órgão e a pele -tomia ............................. corte Formação das palavras 1514 Terminologia Agora vejamos os principais nomes de procedimentos cirúrgicos em que o segundo elemento da composição é ectomia (remoção). PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara remoção deemoção deemoção deemoção deemoção de apendicectomia ........................ apêndice cistectomia ...................................bexiga colecistectomia..................... vesícula biliar colectomia .................................... cólon embolectomia .............................. êmbolo esofagectomia ............................ esôfago esplenectomia ................................. baço facectomia ................................ cristalino gastrectomia ............................. estômago hemorroidectomia .................. hemorróidas hepatectomia .................. parte do fígado histerectomia................................... útero lobectomia ....................lobo de um órgão PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara remoção deemoção deemoção deemoção deemoção de mastectomia ................................. mama miomectomia ................................ mioma nefrectomia ....................................... rim ooforectomia ................................ ovário pancreatectomia.........................pâncreas pneumectomia ............................. pulmão prostatectomia ............................ próstata retossigmoidectomia ........... reto e sigmóide salpingectomia..............................trompa simpatectomia.......................... segmentos selecionados do sistema nervoso simpático tireoidectomia .............................. tireóide A seguir apresentamos denominações de outras cirurgias, desta vez terminadas em pexia (fixação). Outros procedimentos cirúrgicos têm seus nomes terminados em plastia (reconstituição), como mostramos a seguir. PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara reconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição de blefaroplastia .............................pálpebra mamoplastia ................................. mama piloroplastia................................... piloro queiloplastia ................................... lábio PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para rPara rPara rPara rPara reconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição deeconstituição de rinoplastia ...................................... nariz ritidoplastia...................................... face salpingoplastia ..............................trompa
  • 10. Cirurgia Há ainda denominações de procedimentos onde o segundo elemento é rafia (sutura), como enumeramos a seguir. Dependendo da situação, nem sempre esses procedimentos são cirúrgicos. Formação das palavras 1716 Terminologia PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura de blefarorrafia...............................pálpebra colporrafia ...................................vagina gastrorrafia ............................... estômago herniorrafia ....................................hérnia PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura dePara sutura de osteorrafia ....................................... osso palatorrafia ........................fenda palatina perineorrafia ................................ períneo tenorrafia .....................................tendão Vamos analisar outros nomes de procedimentos, desta vez compostos com o elemento scopia (observação). PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para obserPara obserPara obserPara obserPara observação devação devação devação devação de artroscopia ............................. articulação broncoscopia............................ brônquios cistoscopia ...................................bexiga colonoscopia ................................. cólon colposcopia .................................vagina endoscopia .......................órgãos internos esofagoscopia ............................ esôfago PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento Para obserPara obserPara obserPara obserPara observação devação devação devação devação de gastroscopia ............................. estômago laringoscopia................................laringe laparoscopia ............. cavidade abdominal retossigmoidoscopia........... reto e sigmóide ureteroscopia ..................................ureter uretroscopia................................... uretra Vale observar que nos procedimentos relacionados à observação interna de órgãos utilizam-se vários aparelhos como, por exemplo, o artroscópio, na ar- troscopia; o broncoscópio, na broncoscopia; o laparoscópio, na laparoscopia; e o retossigmoidoscópio, na retossigmoidoscopia. Vejamos agora os principais nomes de cirurgias cujo segundo elemento de formação é stomia (comunicação entre dois órgãos ocos ou entre um órgão e a pele). PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento ÓrÓrÓrÓrÓrgão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicação com a pelecom a pelecom a pelecom a pelecom a pele cistostomia ...................................bexiga colostomia .................................... cólon gastrostomia ............................. estômago PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento ÓrÓrÓrÓrÓrgão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicaçãogão em comunicação com a pelecom a pelecom a pelecom a pelecom a pele jejunostomia .................................. jejuno traqueostomia ............................. traquéia Finalmente, as principais denominações de procedimentos cirúrgicos terminadas em tomia (corte). PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento CorCorCorCorCorte da(o)te da(o)te da(o)te da(o)te da(o) episiotomia..................................... vulva laparotomia ................................abdome toracotomia .................................... tórax PrPrPrPrProcedimentoocedimentoocedimentoocedimentoocedimento CorCorCorCorCorte da(o)te da(o)te da(o)te da(o)te da(o) traqueotomia .............................. traquéia ureterotomia ...................................ureter vasectomia ....................... canal deferente amputaçãoamputaçãoamputaçãoamputaçãoamputação .................................................................remoção de uma parte do corpo anastomoseanastomoseanastomoseanastomoseanastomose ............................................................conexão de dois órgãos tubulares, geralmente por sutura ararararartrtrtrtrtrodeseodeseodeseodeseodese ...........................................................................fixação cirúrgica de articulações biópsiabiópsiabiópsiabiópsiabiópsia..........................................................................................remoção de um tecido vivo para exame cauterizaçãocauterizaçãocauterizaçãocauterizaçãocauterização.......................................................destruição de tecido por meio de agente cáustico ou de calor, através do bisturi elétrico, por exemplo cesarianacesarianacesarianacesarianacesariana...........................................................................retirada do feto através de incisão na parede abdominal e no útero circircircircircuncisãocuncisãocuncisãocuncisãocuncisão .................................................................ressecção da pele do prepúcio que cobre a glande cistocelecistocelecistocelecistocelecistocele ................................................................................hérnia da bexiga por defeito na musculatura do períneo curcurcurcurcuretagem uterinaetagem uterinaetagem uterinaetagem uterinaetagem uterina ....................raspagem e remoção do conteúdo uterino deiscênciadeiscênciadeiscênciadeiscênciadeiscência .................................................................separação de bordos previamente suturados de uma ferida dissecçãodissecçãodissecçãodissecçãodissecção ......................................................................corte e separação de tecidos do corpo diverdiverdiverdiverdivertículotículotículotículotículo ......................................................................abertura no formato de bolsa em um órgão com a forma de saco ou de tubo enxerenxerenxerenxerenxertototototo..........................................................................................transplante de órgão ou tecido evisceraçãoevisceraçãoevisceraçãoevisceraçãoevisceração ............................................................saída de víscera de sua cavidade exérexérexérexérexéreseeseeseeseese .....................................................................................extirpação cirúrgica fístulafístulafístulafístulafístula ....................................................................................................passagem anormal que liga um órgão, cavidade ou abscesso a uma superfície interna ou externa do corpo hérhérhérhérhérnianianianiania ...............................................................................................saída total ou parcial de um órgão do espaço que normalmente o contém incisãoincisãoincisãoincisãoincisão ..........................................................................................corte litíaselitíaselitíaselitíaselitíase ....................................................................................................cálculo paracenteseparacenteseparacenteseparacenteseparacentese............................................................denominação genérica de punção para esvaziamento de cavidade prprprprprolapsoolapsoolapsoolapsoolapso ................................................................................queda de órgão, especialmente quando este surge em um orifício natural ptoseptoseptoseptoseptose ....................................................................................................queda de um órgão rrrrressecçãoessecçãoessecçãoessecçãoessecção ......................................................................remoção cirúrgica de parte de órgão rrrrretoceleetoceleetoceleetoceleetocele .....................................................................................hérnia da parede do reto por defeito na musculatura do períneo toracocentesetoracocentesetoracocentesetoracocentesetoracocentese .............................................punção cirúrgica na cavidade torácica varicocelevaricocelevaricocelevaricocelevaricocele ......................................................................veias dilatadas no escroto Existem ainda outros termos ou expressões médicas que, por serem de utilização freqüente em enfermagem cirúrgica, merecem destaque neste livro. Eis alguns deles:
  • 11. 1. Reflita sobre o papel do profissional que atua no campo da enfermagem cirúrgica, e também converse com os colegas e o professor sobre a questão. Depois, registre as suas conclusões. 2. Numere a coluna da direita de acordo com a coluna da esquerda, relacionando o elemento de composição da palavra com o seu significado. 1) Tomia ( ) Perfuração de um órgão 2) Ectomia ( ) Remoção parcial ou total de um órgão 3) Rafia ( ) Fixação de um órgão 4) Plastia ( ) Corte em um órgão ou cavidade 5) Stomia ( ) Comunicação com o exterior feita através de cirurgia 6) Scopi ( ) Reparação de um órgão 7) Pexia ( ) Sutura de um órgão ( ) Imobilização de um órgão ( ) Visualização do interior de um órgão através de aparelho 3. Analise cada uma das situações a seguir. Depois, classifique a operação a que o paciente deve se submeter, tendo em vista o tempo decorrido en- tre a indicação e a execução do procedimento. Justifique sua resposta. a) Roberto queixa-se de ardência no peito e cansaço, somente diante de esforço maior. Através de exame clínico e cateterismo cardíaco, o médico diagnosticou a obstrução parcial de uma artéria coronariana e verificou ser necessário colocar uma ponte de safena. b) Flávio sentia dores na coluna, e por isso seu médico solicitou uma radiografia. Foi identificado, além do problema de coluna, a presença de grande quantidade de cálculos em sua vesícula, embora o paciente nunca tivesse apresentado qualquer sintoma relacionado a problema vesicular. Visto isso, o médico indicou a retirada da vesícula. c) Severina resistiu a um assalto e recebeu uma facada no abdome. Em conseqüência, uma parte das vísceras se exteriorizou. Severina foi logo levada ao hospital mais próximo, e o médico de plantão identificou a necessidade de operá-la. Cirurgia Exercícios
  • 12. 20 Exercícios 4. Classifique as seguintes operações quanto a sua finalidade: a) colostomia b) traqueostomia c) colecistectomia d) hernioplastia e) blefaroplastia f) cistopexia 5. Enumere os objetivos dos cuidados de enfermagem que são prestados ao paciente cirúrgico. 6. Escreva sobre o que consiste cada um dos seguintes procedimentos: a) colostomia b) nefrectomia c) osteorrafia d) histeropexia e) blefaroplastia f) broncoscopia g) laparotomia 7. Complete o quadro tendo em vista a terminologia comumente adotada pelos profissionais da área de saúde. TTTTTerererererminologiaminologiaminologiaminologiaminologia SignificadoSignificadoSignificadoSignificadoSignificado Biópsia ................................................................................ .................... Veias dilatadas no escroto .................... Corte e separação de tecidos do corpo Prolapso ................................................................................ Litíase ................................................................................ Toracocentese ................................................................................ .................... Saída de víscera de sua cavidade Cistocele ................................................................................ .................... Extirpação cirúrgica .................... Corte
  • 13. O período pré-operatório tem início no momento em que o paciente recebe a indicação da operação e se estende até a sua entrada no Centro Cirúrgico. Esse período divide-se em duas fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato. PARTE 2 senac PRÉ OPERATÓRIO
  • 14. Pré-operatório mediatoPré-operatório No pré-operatório mediato, sempre que possível, o médico faz uma avaliação do estado geral do paciente através de exame clínico detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X, eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco cirúrgico. Tratando-se de operações eletivas, onde há previsão de transfusão sangüínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para providenciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sangüíneo. Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue disponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos bancos de sangue, evitando sua comercialização. Esta fase começa no momento da indicação da operação e termina 24 horas antes do seu início. Geralmente, nesse período o pacien-te ainda não se encontra internado.
  • 15. Pré-operatório imediato Esta fase corresponde às 24 horas que antecedem a operação. De um modo geral, o paciente é admitido no hospital dentro desse período, com o objetivo de serdevidamentepreparadoparaoatocirúrgico.Esse procedimento, entretanto, pode variar de instituição para instituição, ou de acordo com o tipo de cirurgia ou o estado do paciente. Há casos em que o paciente interna-se com vários dias de antecedência, quando necessita de um trata-mento para habilitá-lo a ser operado. Em outros casos, no entanto, a admissão se dá no mesmo dia da operação. Admissão do paciente Chegando ao hospital, o paciente é encaminhado à unidade de internação cirúrgica, que éaáreadestinadaaoalojamentodospacientesnosperíodospréepós-operatórios. É fácil compreendermos as dúvidas, medos e ansiedades que povoam o pensamento de quem vai ser operado. A separação da família, o medo do desconhecido e as possibilidades de dor, de complicações, de morte, criam uma situação de insegurança para o paciente cirúrgico. Pré-operatório
  • 16. Pré-operatório 26 Pré-operatório imediato Por isso, é de extrema importância que o auxiliar de enfermagem receba o paciente de modo afável, tendo o cuidado de conduzi-lo ao leito. Lá, deve indicar-lhe o local para guardar seus pertences, orientá-lo quanto às normas do hospital, esclarecer-lhe as dúvidas que estiverem ao seu alcance, encaminhando as demais a quem de direito. É também muito importante chamar o paciente sempre pelo nome e ser honesto ao responder-lhe as perguntas, para ganhar a sua confiança. Proce- dendo dessa maneira, o auxiliar de enfermagem alivia a ansiedade do paciente, ajudando-o a sentir-se mais à vontade. Admitido o paciente, o auxiliar de enfermagem deve obter algumas infor- mações sobre ele: sua doença, hábitos intestinais, sono, tabagismo, alergias, uso de álcool, de drogas ou de medicamentos. No caso do uso de drogas e medicamentos, estes precisam ser especificados no prontuário do paciente. Ao executar os demais procedimentos de rotina em uma admissão, o auxiliar de enfermagem deve estar atento a anormalidades tais como febre, dispnéia, hipertensão ou hipotensão, bradicardia ou taquicardia. A constatação de qualquer anormalidade deve ser comunicada ao enfermeiro responsável ou ao médico e também anotada no prontuário. É importante, ainda, verificar a validade dos exames pré-operatórios. Atualmente, essa validade é de três meses para os exames laboratoriais e de seis meses para o eletrocardiograma (ECG) e as radiografias (RX). Por fim, o auxiliar deve verificar se a autorização para a operação está devidamente assinada pelo próprio paciente ou por seu responsável, quando se tratar de crianças ou pessoas incapacitadas. Cuidados Compete ao cirurgião determinar o preparo do paciente, de acordo com a operação a ser realizada. Normalmente, os cuidados relativos a esse preparo são executados na véspera e no dia da cirurgia. Na véspera da operação O auxiliar de enfermagem deve prestar uma série de orientações ao paciente, executar o preparo da pele, o preparo intestinal, a higiene geral e também cuidar para o paciente observar o jejum. Orientações ao paciente Durante o período pré-operatório, o paciente deve ser orientado e in- centivado a praticar alguns exercícios que irão beneficiá-lo posteriormente, no pós-operatório. exercícios respiratórios, cuja finalidade é prevenir complicações pulmonares após a realização da cirurgia. O auxiliar de enfermagem orienta o paciente para colocar as duas mãos na parte inferior das costelas, a fim de sentir o movimento torácico, expirar completamente, inspirar profundo pelo nariz e expulsar todo o ar pela boca. Repetir esse exercício várias vezes. Atualmente existem pequenos aparelhos denominados expirômetros de incentivo, utilizados para a realização de exercícios respiratórios. exercícios de tosse, cujo objetivo é retirar secreções da traquéia e dos brônquios. O paciente é orientado para entrelaçar os dedos, colocando as mãos sobre o local da futura incisão, ou então usar o travesseiro para apoiar as mãos e pressionar o local. Isto funciona como imobilização durante a tosse, eliminando a dor. Depois de pressionar o local, deve inclinar-se ligeiramente para a frente, encher os pulmões e provocar rápidas tossidelas. O exercício deve ser repetido uma ou duas vezes, tentando eliminar possíveis secreções. O auxiliar de enfermagem também deve orientar e conscientizar o paciente para a importância de realizar a deambulação precoce, que consiste em pequenas caminhadas após a cirurgia, tão logo as suas condições o permitam. A deambulação precoce favorece a expansão pulmonar, a circulação nos membros inferiores e estimula o peristaltismo intestinal — função mecânica do intestino. Preparo da pele Esse procedimento tem como finalidade eliminar ao máximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele do paciente. A área em torno da futura ferida operatória deve ser limpa de modo completo e feita a tricotomia. Em vários hospitais, a tricotomia é realizada na véspera da Cuidados na véspera da operação 27 TTTTTricotomia:ricotomia:ricotomia:ricotomia:ricotomia: raspagem dos pêlos em uma região do corpo
  • 17. Pré-operatório 28 Pré-operatório imediato operação, à noite, muito embora seja mais indicado fazê-la até duas horas antes da cirurgia, para evitar a proliferação de germes após o preparo da pele. Material necessário para a execução da tricotomia: n vasilha com água morna; n sabão ou anti-séptico contendo detergente; n compressas de gaze; n barbeador com lâminas novas; n tesoura. Etapas para a execução da tricotomia: n esclarecer o paciente sobre a necessidade do procedimento; n preparar o paciente posicionando-o de modo a facilitar a realização do procedimento e expondo a região a ser tricomizada; n cortar os pêlos longos com a tesoura; n ensaboar a área com gaze, friccionando-a com movimentos circulares a partir do local da futura incisão; n esticar suavemente a pele com uma das mãos e, com o barbeador na outra mão, raspar a área ensaboada, sempre no sentido dos pêlos, empregando movimentos firmes e regulares. Prestar atenção a saliências existentes na pele e a áreas onde haja pregas, como virilha e órgãos genitais; n cuidar ao máximo para não machucar a pele do paciente e relatar qualquer anormalidade observada como, por exemplo, doença cutânea ou ferimento, uma vez que eles podem aumentar o risco de infecção da ferida operatória; n enxaguar e secar a pele, deixando o paciente confortável; n remover todo o material utilizado, desfazendo-se dos descartáveis e colocando os demais em solução; n anotar no prontuário a hora, o local da realização do procedimento e as observações relativas aos cuidados prestados. Cabe observar que pesquisas realizadas acerca da tricotomia colocam em dúvida a eficiência desse cuidado, no combate à infecção da ferida operatória. Contudo, a maioria dos cirurgiões continua adotando tal prática. Preparo intestinal Para a maioria das operações, principalmente as realizadas sob anestesia geral, é importante o reto estar vazio, evitando, assim, que o paciente evacue durante o ato cirúrgico. Em função do tipo de operação a ser realizada, o médico irá prescrever o preparo adequado, que pode variar desde o uso de laxante até a aplicação de clister ou lavagem intestinal. Uma operação de intestino grosso, por exemplo, exige um preparo maior, para o órgão ficar o mais vazio e limpo possível. Nesses casos, o laxante é administrado dias antes, mas o clister e a lavagem são feitos na véspera da operação. Já em operações de pequeno porte, pode-se dispensar a execução desse preparo, desde que o paciente tenha evacuado normalmente na manhã do dia da cirurgia. Ainda em relação ao preparo intestinal, cabe ao auxiliar de enfermagem que executou o procedimento verificar e anotar no prontuário as características do material eliminado. Higiene geral Além do preparo local da pele, um banho completo, na véspera da operação, ajuda a evitar infecções. Os pacientes deambulantes devem ser orientados para fazer sua própria higiene.Para estes,o auxiliar de enfermagem vai forne- cer o material — sabão, de preferência anti-séptico, te- sourinha de unha e outros que se fizerem necessários. Para os pacientes acamados, no entanto, cabe ao auxiliar fazer a higiene, incluindo lavagem de cabelo com xampu, limpeza das unhas das mãos e dos pés e higiene oral. Jejum Na medida do possível, o estômago do paciente deve estar vazio, no momento da operação. Caso contrário, ao ser administrado o anestésico geral ele pode vomitar e aspirar o vômito para o interior dos pulmões, causando sérias complicações, como asfixia, pneumonia ou abscesso pulmonar. Normalmente, a última refeição ingerida pelo paciente antes da cirurgia contém apenas alimento facilmente digerível, como sopa, caldo, etc. Após essa refeição, o paciente precisa permanecer em jejum absoluto por várias horas, até o momento da cirurgia, não sendo também permitida a ingestão de água ou outros líquidos, como sucos e chás. PacientePacientePacientePacientePaciente deambulante:deambulante:deambulante:deambulante:deambulante: aquele que é capaz de se locomover Cuidados na véspera da operação 29
  • 18. Pré-operatório 30 Pré-operatório imediato Em alguns tipos de operação, como, por exemplo, as de estômago e de instestinos, uma dieta de fácil digestão precisa ainda ser observada durante vários dias anteriores ao ato cirúrgico. No dia da operação Os cuidados que a enfermagem presta ao paciente no dia do ato cirúrgico são os seguintes: n retirar o esmalte de no mínimo uma das unhas, se o paciente estiver usando, para o anestesista controlar melhor a oxigenação durante a cirurgia; n orientar o paciente deambulante para ir ao banheiro, com o objetivo de esvaziar a bexiga e o intestino, tomar banho sem lavar a cabeça e fazer a higiene bucal adequada. No caso de paciente acamado, auxiliá-lo a realizar esses cuidados; n fornecer camisola limpa e ajudar o paciente a vesti-la com a abertura para as costas, orientando-o para não colocar qualquer roupa de baixo; n pentear os cabelos do paciente e prendê-los com gorro, principalmente quando forem longos; n retirar próteses, lentes de contato, jóias, etc. Depois, para evitar que se percam, identificar esses objetos e entregá-los ao enfermeiro responsável ou guardá-los em local apropriado,o qual varia de acordo com a instituição. A retirada de prótese dentária ou ocular antes da anestesia constitui, para alguns pacientes, violação de sua privacidade. Por esta razão, muitos serviços adotam a rotina de retirá-las somente na sala de operação, guardando-as para posterior devolução; n verificar os sinais vitais: temperatura, pulso, respiração e pressão arte- rial, informando ao enfermeiro responsável quaisquer alterações como hipertemia, hipertensão ou outras; n conferir se os exames pré-operatórios, a autorização para a operação e as radiografias estão junto ao prontuário do paciente; n administrar a medicação pré-anestésica prescrita aproximadamente 30 a 60 minutos antes de encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico. Nessa fase, quando o efeito da medicação pré-anestésica está-se iniciando, o paciente deve permanecer sob observação, jamais sendo deixado sozinho, pois poderá apresentar reações adversas, como depressão respiratória ou mesmo agitação; n deixar o paciente deitado, protegido com grades. Verificar, novamente, os sinais vitais, anotando-os no prontuário e comunicando qualquer anormalidade observada ao enfermeiro responsável; n colocar o paciente na maca, protegido com grades. Identificá-lo com uma pulseira contendo nome, número do registro no prontuário, número do leito e operação proposta; n encaminhar o paciente ao Centro Cirúrgico com o prontuário completo, incluindo a autorização para a operação e as radiografias. Vale lembrar que em operações de emergência os preparos pré-operatórios de rotina geralmente não são realizados por falta de tempo pois, nesses casos, o importante é intervir imediatamente. Cuidados no dia da operação 31
  • 19. Pré-operatório Exercícios 1. Todos sabemos das dúvidas, ansiedades e medos característicos do paciente no pré-operatório. Como o auxiliar de enfermagem deve proceder ao receber o paciente, na tentativa de suavizar esse momento de tensão e apreensão? 2. Analise cada situação e depois responda às perguntas. a) Ao admitir um paciente cirúrgico, o auxiliar de enfermagem verifica seus sinais vitais e constata que o paciente está hipertenso e taqui- cárdico. Que providências deverá tomar? b) Um auxiliar de enfermagem administrou o pré-anestésico em um paciente que será submetido a uma intervenção cirúrgica. Após esse procedimento, que cuidados deverão ser observados pelo auxiliar de enfermagem? 3. Reflita sobre a situação a seguir. Um paciente apresentou problemas respiratórios e pulmonares no pós-operatório de uma operação cardíaca. Sabe-se que houve descuido por parte da enfermagem em relação à orientação e à prática de alguns exercícios preventivos no pré-operatório imediato, os quais ajudariam a evitar tais complicações. Agora responda: a) Quais são esses exercícios e como cada um deles deve ser realizado? b) Por que o paciente precisa ser orientado e incentivado a realizar esses exercícios? 4. Descreva três cuidados prestados pelo auxiliar de enfermagem ao paciente, no dia da operação. Depois, explique a necessidade de cada um deles.
  • 20. 34 Pré-operatório imediato 5. Leia a situação e complete as frases de modo correto. Simone foi admitida pelo hospital na véspera de ser submetida a uma cesariana, e o seu médico indicou a realização da tricotomia. a) Tricotomia significa ... b) O momento mais indicado para a realização da tricotomia em Simone é ... c) O material necessário à execução dessa técnica é ... d) O preparo da pele é um procedimento importante para o paciente cirúrgico porque ... 6. Indique, em cada caso,o cuidado pré-operatório imediato que tem por finalidade: a) evitar que o paciente vomite e aspire o vômito para o interior dos pulmões b) evitar a infecção da ferida operatória c) prevenir complicações pulmonares d) evitar a evacuação durante o ato cirúrgico e) retirar secreções da traquéia e dos brônquios 7. Leia e reflita sobre a situação descrita. No dia em que Célia ia ser submetida a uma cirurgia, vários cuidados de enfermagem foram prestados a ela. Carmem, a auxiliar de enfermagem, retirou o esmalte de uma de suas unhas; orientou-a para ir ao banheiro; identificou e guardou as suas lentes de contato; e verificou os sinais vitais. Explique qual é a finalidade de cada um dos diferentes cuidados prestados a Célia, no dia de sua cirurgia. 8. Leia essa situação: Almir será submetido a uma cirurgia daqui a 20 dias, para a qual está prevista a transfusão de sangue. Para isso, a equipe já solicitou a ele que providenciasse doadores. Com base nessa situação, responda: a) Qual é o objetivo dessa medida? b) Que cuidados Almir deve tomar na escolha dos doadores?
  • 21. TRANSOPERATÓRIO PARTE 3 O período chamado transoperatório é aquele em que o paciente submete-se à operação propriamente dita. O procedimento se realiza no Centro Cirúrgico. O Centro Cirúrgico deve ser dotado de uma infra-estrutura tal que garanta plena segurança e conforto ao paciente e à equipe de saúde. O Centro de Material e a Recuperação Pós-Anestésica são apoios importantes para o Centro Cirúrgico. Por esta razão geralmente são instalados dentro ou próximo a ele, ou então com uma ligação direta. senac
  • 22. Centro Cirúrgico Dependências básicas Um Centro Cirúrgico deve dispor das seguintes dependências: vestiários masculino e feminino. Devem oferecer acesso externo (por fora das instalações do Centro Cirúrgico) e interno (pelo corredor cirúrgico). É importante que eles disponham de sanitários e chuveiros (para uso das equipes) e armários (para a guarda de uniformes, roupas e outros pertences). posto de enfermagem. Local destinado à chefia e à secretaria, que exercem o controle administrativo da unidade. copa. Área reservada ao pessoal do Centro Cirúrgico, para lanches rápidos. Transoperatório Um Centro Cirúrgico compõe-se de várias depen- dências e necessita de pessoal especializado para o seu perfeito funcionamento. Por isso, é importante analisarmos as dependên- cias básicas de um Centro Cirúrgico e as equipes que trabalham nessa unidade, com suas respec- tivas atribuições, principalmente as que se referem aos técnicos e auxiliares de enfermagem.
  • 23. 38 Centro Cirúrgico Transoperatório Itens de uma sala de operação 39 sala de estar. Deve ficar localizada próxima aos vestiários e à copa, sempre que possível, servindo de área de descanso para as equipes do Centro Cirúrgico. área de baldeação ou troca-macas. Localizada à entrada do Centro Cirúrgico, onde se dá a transferência do paciente da maca em que veio para a maca privativa do Centro. sala de material cirúrgico ou de estocagem de material esterilizado. Destina-se à recepção, guarda e redistribuição de todo o material limpo e esterilizado a ser usado no Centro Cirúrgico. Poderá, eventualmente, contar com uma autoclave de esterilização rápida, para emergências. lavabos. Destinados à lavagem e anti-sepsia das mãos e antebraços, antes da operação. Por isso, devem ser equipados com recipientes para anti-sépticos e torneiras que possam ser manobradas sem o uso das mãos. sala de expurgo. Local equipado com tanque para o despejo de sangue, secreções e outros líquidos provenientes da operação. Na sala de expurgo também se depositam, inicialmente, instrumentos, roupas usadas e outros materiais, para posterior lavagem. É considerada, portanto, área suja. sala de material de limpeza. Área para a reserva de materiais e de utensílios usados na limpeza do Centro Cirúrgico. rouparia. Local destinado à guarda da roupa limpa não-estéril. Muitas vezes é representada apenas por um armário. Planta física de um Centro Cirúrgico. Analise com atenção cada uma das dependências mostradas e como estão localizadas. sala de equipamento. Área usada para guardar aparelhos como os de anestesia, bisturi elétrico, aspiradores, focos portáteis, suportes de soro, mesas auxiliares e materiais que, eventualmente, não estejam em uso. O aparelho de raios X móvel poderá também ser guardado nessa sala, caso não haja local específico para ele. sala de guarda de medicamentos e materiais estéreis descartáveis. Local onde se armazenam materiais descartáveis como seringas e agulhas, equipos de soro, fios de sutura, frascos de soro, entre outros. sala de operação (S.O.). Dependência do Centro Cirúrgico destinada à realização das intervenções cirúrgicas. Por isso, o trânsito a ela é restrito e a limpeza é feita com o máximo rigor, pois deve ser a área mais limpa do Centro. Comumente, tem a forma retangular. Itens de uma sala de operação Equipamentos, instalações, aparelhos e mobiliário podem ser classificados em fixos (não podem ser deslocados da sala) ou móveis (podem ser deslocados). Itens fixos: foco central; ar condicionado; interruptores e tomadas elétricas de 110 e 220V; vácuo, oxigênio, óxido nitroso e ar comprimido centralizados. O vácuo é utilizado para fazer a aspiração de secreções, e os gases são usados nas anestesias; eletrocautério, quando este é suspenso numa coluna retrátil, como encontramos em alguns hospitais. O eletrocautério ou bisturi elétrico é um aparelho usado com a finalidade de corte e coagulação dos tecidos, os quais podem ocorrer simultaneamente. Essa ação simultânea é chamada de mistura ou blender, cujo percentual é programado no próprio aparelho, de acordo com a orientação do cirurgião. Os bisturis elétricos mais comuns são o monopolar e o bipolar. O bisturi monopolar é composto por uma unidade geradora, onde são conectadas a caneta do bisturi e uma placa neutralizadora da corrente. A caneta é a parte estéril do bisturi, que entra em contato com o campo operatório e passa a corrente elétrica para a placa. CORREDOR INTERNO CORREDORINTERNO CORREDOR EXTERNO CORREDOREXTERNO RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA SALA DE GUARDA DE EQUIPAMENTOS SALA DE GUARDA DE MEDICAMENTOS, MATERIAL ESTERILIZADO E PRONTO USO POSTO DE ENFERMAGEM EXPURGO SALA DE MATERIAL ESTERILIZADO ROUPARIA SALA DE ESTAR COPA SALA DE MATERIAL DE LIMPEZA TROCA-MACAS SALA DE OPERAÇÕES SALA DE OPERAÇÕES SALA DE OPERAÇÕES SALA DE OPERAÇÕES LAVABOLAVABO VESTIÁRIO MASCULINO VESTIÁRIO FEMININO
  • 24. 40 Centro Cirúrgico Transoperatório O bisturi monopolar é utilizado quando há necessidade de corte ou de coagulação, ou de ambos. No corte, a caneta entra em contato com o tecido, provocando o seu aquecimento, até as células se desintegrarem. Na coagulação, o tecido recebe uma quantidade de calor apenas suficiente para secar as células. O bisturi bipolar também é composto de uma unidade geradora, mas de menor potência que a do bisturi monopolar, e de uma caneta ou pinça bipolar. Esse tipo de aparelho é indicado apenas para a coagulação, e tem a vantagem de dispensar o uso da placa neutralizadora, pois a corrente só passa entre as duas pontas da pinça. O uso do bisturi bipolar é indicado para tecidos sensíveis, em áreas pequenas e localizadas, preservando os tecidos vizinhos ao local da coagulação. Lembramos que existem outros tipos de bisturi utilizados com as mesmas finalidades dos que acabamos de analisar, dentre os quais podemos citar o bisturi a raio laser. Itens móveis: mesa cirúrgica e acessórios como braçadeiras, perneiras, ombreiras e arco de narcose, para formação da barraca do anestesista. Incluem-se também, nesse item, as manivelas e os pedais que possibilitam colocar a mesa em diversas posições, segundo a exigência de cada operação; mesas auxiliares, como a de Mayo e outras, que servem para a colocação do instrumental cirúrgico e das roupas estéreis; suportes de soro, em número de três, utilizados para colocação de frascos de soluções. Esses suportes podem servir também para formação da barraca do anestesista; carro de anestesia; saco de Hamper, que serve para o despejo de roupas usadas; carro de medicação, com gavetas e outras divisões, para guardar medicamentos, fios, equipos de soro, seringas, além de impressos. Esse carro substitui os antigos armários fixos; baldes para lixo, de preferência com rodas, conhecidos como baldes a chute; foco auxiliar, para complementar ou substituir o foco central, em caso de emergência; bisturi elétrico, com rodas, que é o tipo usado mais freqüentemente; aspirador elétrico; estrado; tala e suporte para braço; bancos giratórios, um a dois, em média; coxins, de vários tamanhos, para ajudar a posicionar e acomodar o paciente; estetoscópio; tensiômetro; negatoscópio, que é o aparelho destinado à observação de radiografias. Outros equipamentos podem ser acrescentados à sala de operação. Deve-se, porém, estar atento para não acumular itens desnecessários que venham a dificultar a limpeza e favorecer a contaminação. Bisturi monopolar, com caneta, placa neutralizadora da corrente e pedal. Pontas das canetas dos bisturis monopolar e bipolar. CCCCCoxinsoxinsoxinsoxinsoxins::::: travesseiros de areia ou de espuma, forrados de tecido Itens de uma sala de operação 41
  • 25. 42 Centro Cirúrgico Transoperatório Quatro equipes prestam assistência direta no Centro Cirúrgico. É muito importante os seus membros atuarem de forma integrada e harmônica, visando à segurança do paciente e à eficiência do ato cirúrgico. É importante, ainda, que as boas relações humanas e o profissionalismo sempre prevaleçam sobre as tensões, inevitáveis nesse tipo de trabalho. A equipe de anestesia é composta de médicos anestesistas, sendo responsável por prescrever a medicação pré-anestésica, planejar e executar a anestesia. Também cabe a esta equipe controlar o paciente durante e após o ato cirúrgico, até o restabelecimento de seus reflexos. A equipe cirúrgica realiza o ato cirúrgico. Dela fazem parte o médico cirurgião, um ou mais médicos auxiliares, dependendo da operação, e o instrumen- tador. O instrumentador deverá ser um elemento da equipe de enfermagem ou, eventualmente, um médico. A equipe de limpeza é formada por auxiliares de limpeza pertencentes ao quadro hospitalar ou a uma firma prestadora de serviços. Em qualquer dos casos, no entanto, a equipe sempre trabalha sob a orientação técnica do enfermeiro. A equipe de enfermagem é composta pelo enfermeiro, o técnico de enfermagem e o auxiliar de enfermagem. Técnicos e auxiliares de enfermagem assumem, no Centro Cirúrgico, a função de circulante ou de instrumentador. É freqüente encontrar também, nesta equipe, um escriturário diretamente subordinado ao enfermeiro- chefe, responsável pelo trabalho burocrático, como, por exemplo, a datilografia e a distribuição dos programas cirúrgicos. Atribuições da enfermagem Enfermeiro-chefe n prover a unidade de pessoal e de material necessários ao seu bom funcionamento; n organizar o trabalho a ser feito, distribuindo-o de forma racional; n comandar o pessoal, baseando-se nos princípios éticos de relacionamento humano, preocupando-se com o seu crescimento profissional; n coordenar e supervisionar a assistência prestada ao paciente no transope- ratório, executando-a sempre que houver necessidade. Atribuições da enfermagem 43 Sala de operação com o material indispensável ao seu funcionamento (Clínica São Vicente - RJ). O trabalho no Centro Cirúrgico O pessoal que circula dentro do Centro Cirúrgico deve apresentar boas condições de saúde, não podendo ser portador de infecções agudas ou crônicas, principalmente de orofaringe e de pele. É obrigatório o uso de uniforme privativo, composto de calça comprida e de jaleco unissex ou vestido, gorro para proteger os cabelos, máscara e sapatilhas de tecido ou propés, usados sobre os sapatos. Cabe ressaltar que o uniforme deve ser vestido diretamente sobre as roupas de baixo. A máscara, para cumprir seu papel, precisa proteger o nariz e a boca, sendo necessário trocá-la sempre que estiver úmida. Foto:AlmirVeiga
  • 26. 44 Centro Cirúrgico Transoperatório Circulante Montagem da sala de operações n saber quais são as operações marcadas para a sala sob sua responsabilidade, os respectivos horários e a existência ou não de solicitação de equipamento ou material especial; n verificar a limpeza das paredes e do piso da sala. Geralmente a limpeza diária é feita de véspera, ao final das operações do dia; n arrumar a sala, provendo-a com o equipamento necessário à operação; n remover o pó dos equipamentos expostos e das superfícies, começando pelas partes consideradas mais limpas. Pode-se usar um tecido ou compressa velha embebida em álcool etílico a 70° ou outros desinfetantes; n testar as luzes e aparelhos a serem utilizados, como, por exemplo: focos, pontos de gases, aspirador, etc.; n regular a temperatura da sala; n verificar se o lavabo está equipado para lavagem e anti-sepsia das mãos e antebraços; n revisar os materiais existentes na sala, tais como: medicações, anti-sépticos e impressos, completando o que estiver faltando; n providenciar o material específico de cada operação; n colocar o pacote de campos e aventais, as luvas e a caixa de instrumentos em local acessível para sua utilização, no momento devido; n preparar soro morno, se necessário; n equipar o carro de anestesia e colocá-lo à cabeceira da mesa cirúrgica. Em muitos serviços, o controle dos materiais de anestesia é responsabilidade de um funcionário específico ou dos próprios anestesistas; n abrir os pacotes de material estéril seguindo as instruções: Atribuições da enfermagem 45 A. Segurar o pacote afastado do corpo e na posição adequada para soltar o adesivo que prende a ponta do envoltório. B. Levantar essa primeira ponta para o lado oposto ao corpo. C. Abrir cada uma das pontas laterais do envoltório. D. Prender, cuidadosamente, as três pontas soltas, de forma a não contaminar a parte interna do pacote. E. Deixar o conteúdo do pacote cair sobre a mesa do material cirúrgico. Pacotes grandes contendo instrumental, campos, aventais, por exemplo, devem sempre ser abertos sobre uma mesa. Auxílio ao instrumentador n ajudar o instrumentador a vestir o avental ou capote, e a calçar as luvas estéreis; n colaborar na montagem das mesas auxiliares, fornecendo os materiais estéreis e os líquidos necessários ao instrumentador, dentro dos princípios de assepsia. Esses princípios de assepsia (que devem ser cuidadosamente observados pelo circulante) são: l manter uma certa distância da mesa do instrumentador, quando lhe oferecer o material; l evitar tocar na parte interna das tampas das caixas que forem abertas; l utilizar pinça servente estéril para retirar os instrumentos de caixas ou cubas; l usar a técnica adequada para o fornecimento de soluções anti-sépticas, como álcool iodado, e de outros líquidos, como o soro fisiológico, depositando-os em cuba redonda pequena; l utilizar técnicas corretas para alcançar os materiais, como, por exemplo, a ilustrada na figura. Técnica para dar o fio de sutura ao instrumentador. A B C D E
  • 27. 46 Centro Cirúrgico Transoperatório Atendimento ao paciente n receber o paciente no Centro Cirúrgico, quando o enfermeiro está impossibilitado de fazê-lo. No ato do recebimento é necessário, primeiramente, identificar o paciente e verificar se foram realizados os seguintes cuidados pré-operatórios: l preparação da região operatória; l colocação correta da roupa do paciente; l retirada de jóias, próteses e esmalte de pelo menos uma das unhas; n verificar,em seguida, as anotações do prontuário referentes ao pré- operatório, tais como medicação pré-anestésica, sinais vitais, problemas alérgicos e condições físicas e emocionais do paciente; n observar se os exames laboratoriais de rotina estão junto ao prontuário, como também os exames específicos, indispensáveis a certas operações, tais como: eletrocardiogramas, radiografias, tomografias ou fotografias, em casos de cirurgias plásticas. Se um desses itens estiver faltando, o cir- culante deve avisar imediatamente a sua chefia, para as devidas providências; n em seguida, na sala de operação, enquanto o paciente não estiver anestesiado, demonstrar solidariedade e calor humano, tentando aliviar o medo e a insegurança, comuns à maioria dos pacientes. Portanto, é importante nunca deixá-lo sozinho e atendê-lo em suas necessidades, como cobri-lo se sentir frio, ajudá-lo caso queira urinar, etc. Auxílio ao anestesista Posicionar o paciente de acordo com o tipo de anestesia que irá receber. Nesse momento, é fundamental orientar o paciente e apoiá-lo psicologicamente, para obter a sua colaboração. Assim, é necessário o circulante conhecer os vários tipos de anestesia e, também, saber como deve posicionar o paciente em cada caso: anestesia geral, obtida através de inalação ou administração do anestésico por via intravenosa ou retal. A posição indicada é o decúbito dorsal que você poderá analisar na figura da página 48; anestesias raquidiana e peridural, o anestésico é introduzido pelo anestesista nos espaços subaracnóide e subdural, respectivamente. Para ambos os tipos pode- se adotar qualquer uma das posições mostradas na figura adiante; É importante lembrar que nas posições mostradas tanto em A como em B, o paciente é recolocado na posição de decúbito dorsal, após a punção e introdução da substância anestésica. anestesia regional, caracterizada pela injeção do anestésico nos nervos ou ao redor deles, anestesiando a área por eles inervada; anestesia local, o anestésico é injetado nos tecidos onde será feita a incisão. Nesses casos, o anestésico local mais comumente usado é a lidocaína combinada com adrenalina. Tanto para a anestesia regional como para a local, a posição do paciente varia de acordo com a área a ser anestesiada mas, sempre que possível, ele deve permanecer em decúbito dorsal. Qualquer que seja o tipo de anestesia, se houver utilização de soro e o paciente estiver em decúbito dorsal, seu braço deverá ser colocado no suporte acolcho- ado, em ângulo inferior a 90°, a fim de evitar desconforto no pós-operatório. Atribuições da enfermagem 47 AAAAA. O paciente é sentado sobre a mesa cirúrgica com os membros inferiores para fora, apoiados numa escadinha ou banco. Os membros superiores são abaixados para a frente e a cabeça bem inclinada para baixo. O circulante mantém o paciente nessa posição, colocando-se à sua frente, com as mãos em sua cabeça, de modo a evitar qualquer movimentação no momento da punção. BBBBB. O paciente deve ser colocado em decúbito lateral direito ou esquerdo, com as pernas fletidas (flexionadas) sob as coxas e estas contra o abdome. Os membros superiores são cruzados na frente, à altura da cintura, e o pescoço bem flexionado, de modo a aproximar o queixo do esterno, um osso localizado no tórax. O circulante ajuda a manter o paciente na posição, colocando uma das mãos na região cervical posterior do paciente e a outra na dobra dos joelhos, a fim de forçar mais a coluna em forma de arco. A posição BBBBB é a mais usada, por ser mais apropriada e confortável para o paciente. A B
  • 28. 48 Centro Cirúrgico Transoperatório No decorrer da anestesia, o circulante deve prestar espe- cial atenção a alterações que o paciente possa apresentar, tais como mudança de coloração da pele e da mucosa (cianose ou palidez), aceleração ou diminuição da pul- sação, sudorese, dentre outras, a fim de prevenir compli- cações. É também da competência do circulante observar o gotejamento das infusões e dos líquidos drenados. Você deve saber que não é competência do circulante substituir o anestesista na administração de medicamentos ou de algum anestésico. Atendimento ao ato cirúrgico As atribuições podem ser divididas em três momentos: no início da cirurgia, quando ele é mais solicitado, durante a operação e ao término desta. No início da cirurgia: n auxiliar a equipe cirúrgica a vestir o capote ou avental, amarrando as tiras do decote e do cinto e, depois, oferecendo as luvas; n ajudar a colocar o paciente cuidadosamente em posição adequada à operação, utilizando todos os recursos disponíveis para evitar ao máximo que tal posição cause danos ao paciente. A falta desses cuidados pode, por exemplo, provocar compressão de nervos, problemas circulatórios e queimaduras por fricção. Desse modo, é muito importante que o circulante conheça as principais posições cirúrgicas. Atribuições da enfermagem 49 Posição de decúbito ventral. Paciente deitado sobre o ventre, apoiado em dois coxins, sob os ombros. Os braços ficam sobre braçadeiras. A cabeça, lateralizada, repousa sobre um travesseiro. Os pés se apóiam em coxins, evitando que os dedos toquem a mesa cirúrgica. Posição indicada para cirurgias de coluna vertebral e membros inferiores. Posição de decúbito lateral. Paciente deitado sobre um dos lados. A perna em posição inferior fica flexionada, enquanto a outra fica estendida. Um travesseiro as separa e protege.O quadril é fixado à mesa por uma cinta. Um braço é preso ao arco de narcose; o outro fica sobre braçadeira. Posição utilizada, basicamente, em cirurgias de coluna vertebral, pulmão e rim. Nesta última, geralmente é colocado um coxim sob o flanco. Posição de decúbito dorsal. Paciente deitado de costas, com pernas estendidas e levemente afastadas. Os braços podem ficar em posição anatômica, com a palma da mão virada para baixo, ou apoiados em braçadeiras. Posição usada para a maioria das cirurgias gerais e outras realizadas no tórax e abdome. Cianose:Cianose:Cianose:Cianose:Cianose: coloração azulada da pele e mucosas conseqüente à má oxigenação
  • 29. 50 Centro Cirúrgico Transoperatório Atribuições da enfermagem 51 Posição de Trendelemburg. Paciente colocado em decúbito dorsal, com cabeça e tronco em nível mais baixo que os membros inferiores. Posição utilizada em cirurgias no abdome inferior e pélvicas. Posição de litotomia. Paciente colocado em decúbito dorsal, a mesa é dobrada na parte inferior. As nádegas são posicionadas ligeiramente para fora da borda da mesa, as pernas e coxas fletidas em ângulo reto e apoiadas em um suporte, na altura dos joelhos, tornozelos ou dos pés. Posição usada para a maioria das cirurgias perineais. Posição de proclive ou reverso de Trendelemburg. Paciente colocado em decúbito dorsal, com cabeça alguns graus mais alta que os membros inferiores. No caso de uma inclinação maior, usar suporte para os pés. Se precisar hiperestender o pescoço, colocar coxim sob os ombros. Posição utilizada em algumas cirurgias da cavidade abdominal superior, cabeça e pescoço. Ainda no início da cirurgia: n prender o paciente firmemente na mesa, tendo o cuidado de não comprimir vasos e nervos, pois isso pode ocasionar vários problemas no pós-operatório; n descobrir a área operatória e oferecer anti-sépticos à equipe cirúrgica; n colocar a placa neutra do bisturi elétrico, caso ele vá ser usado, na panturrilha do paciente ou outra região, conforme a cirurgia. Colocação da placa neutra do bisturi elétrico.
  • 30. 52 Centro Cirúrgico Transoperatório Atribuições da enfermagem 53 Ao utilizar o bisturi elétrico, é necessário observar vários cuidados, os quais devem ser do conhecimento de qualquer circulante: l não utilizar dois bisturis monopolares simultaneamente; l não deixar que o paciente fique em contato com as partes metálicas da mesa cirúrgica; l limpar a pele do paciente no local de colocação da placa, deixando-a desengordurada e seca, pois o contato deve ser perfeito; l colocar gel condutor na placa e fixá-la no paciente, o mais próximo possível do local da operação, porém afastada de eletrodos, como, por exemplo, os usados na monitorização cardíaca; l não conectar a placa do bisturi a outros equipamentos por meio de fios. Isto só pode ser feito com o próprio bisturi; l evitar que a placa seja molhada durante o preparo do campo operatório, como também durante a operação; A falta desses cuidados pode ocasionar queimaduras graves na pele do paciente. Existem hoje, no comércio, placas neutras auto-adesivas e descartáveis, que dão uma segurança excelente no manuseio do bisturi elétrico. Se essas placas estiverem mal posicionadas, o bisturi não funciona, evitando queimaduras nos pacientes. Elas são encontradas nos tamanhos adulto e infantil; n colocar o arco de narcose ou um suporte de soro de cada lado da mesa, recebendo dos assistentes as extremidades dos campos esterilizados. Fixá- las, então, no arco ou suportes, para formar a tenda (barraca) que separa o campo de ação do anestesista; n ligar o bisturi elétrico e o aspirador; n colocar “baldes a chute” próximos ao cirurgião e ao assistente; n ligar o foco cirúrgico, direcionando-o para o campo operatório. Durante a realização da cirurgia: n permanecer na sala atento a todas as solicitações de materiais e também ao funcionamento dos aparelhos; n acondicionar a peça anatômica retirada para exame, identificá-la por escrito e providenciar seu encaminhamento, de acordo com a orientação do serviço de patologia. O mesmo deve ser feito com secreções, lavados gástricos e brônquicos destinados a exames laboratoriais; n zelar pela limpeza, colocando imediatamente solução desinfetante sobre locais eventualmente contaminados por sangue, pus ou outros fluidos corpóreos. Depois de 10 minutos, limpar esses locais com solução desinfetante, utilizando para isso pinças ou protegendo as mãos com luvas; n fazer as anotações na folha de gastos, de acordo com as normas administrativas do hospital. Após o término da cirurgia: n desligar o foco e os aparelhos elétricos, afastando-os da mesa cirúrgica; n auxiliar o médico no curativo da incisão cirúrgica, oferecendo as soluções anti-sépticas comumente usadas (água oxigenada, solução aquosa de iodo) e fixando o adesivo; n remover os campos e, em seguida, vestir e agasalhar o paciente adequadamente; n auxiliar a equipe cirúrgica a retirar os aventais; n transferir o paciente para a maca, após a autorização do anestesista, observando a permeabilidade de scalps, sondas e drenos; n providenciar o transporte do paciente para a unidade de Recuperação Pós-anestésica ou para sua unidade de origem, acompanhado do prontuário completo; n tratar o material de vidro, de borracha e o instrumental de acordo com a rotina do serviço; n desocupar a sala, encaminhando a roupa à lavanderia. Solicitar, logo após, a limpeza do local. Instrumentador O técnico ou auxiliar de enfermagem, atuando na função de instrumentador, passa a integrar a equipe cirúrgica e, como tal, suas atribuições são: n verificar para que sala de operação está escalado e, em função disso, em que operações irá atuar; n informar-se quanto aos tipos de fios, agulhas e materiais especiais a serem utilizados, caso não esteja familiarizado com a rotina do cirurgião; n executar o preparo das mãos e dos antebraços, vestir o avental esterilizado e calçar as luvas cirúrgicas, de acordo com a técnica correta, descrita mais adiante; Placa neutra fixada ao paciente.
  • 31. 54 Centro Cirúrgico Transoperatório Atribuições da enfermagem 55 n dispor instrumental, campos, gazes e fios nas mesas auxiliares, segundo a técnica padronizada; n estar pronto e ter tudo preparado antes de começar a operação, para evitar atrasos; n colocar à disposição do cirurgião, antes do início do procedimento cirúrgico, o material para a anti-sepsia da região operatória e auxiliar na colocação dos campos; n passar os instrumentos, zelando constantemente pela total assepsia do ato cirúrgico. É muito importante, por exemplo, cuidar para a mesa do instrumental não ser contaminada pelas costas dos integrantes da equipe ou por instrumentos que tenham entrado em contato com a parte interna do intestino; n evitar a falta de compressas, gazes, fios e outros materiais, solicitando reposição ao circulante, com a devida antecedência; n zelar pela peça anatômica retirada do paciente, identificando-a e entregando-a ao circulante, que irá encaminhá-la para exame; n desmontar a mesa, separando o material contaminado do limpo, ao término da operação. Como já observamos, antes de o instrumentador vestir o avental esterilizado e calçar as luvas, ele deve realizar o preparo adequado das mãos e dos antebraços, tendo em mente a possível perfuração das luvas esterilizadas e a conseqüente contaminação pelas bactérias da pele. Essas bactérias são de dois tipos: transitórias e residentes. As transitórias são eliminadas com relativa facilidade, usando-se água e sabão, enquanto as residentes são de difícil remoção, por estarem firmemente aderidas à superfície cutânea. Assim, a lavagem retira as bactérias transitórias, e o anti- séptico, hoje em dia à base de iodo, impede temporariamente a ação de outras bactérias, não retiradas pela mecânica da lavagem. Lavagem e anti-sepsia das mãos e dos antebraços Para executar a técnica (baseada nas recomendações do Ministério da Saúde) o instrumentador deverá estar com as unhas bem aparadas e usando máscara e gorro. Logo, realizará o seguinte procedimento: n remover as jóias das mãos e dos antebraços; n lavar as mãos e os antebraços com água corrente e anti-séptico com deter- gente PVP-I a 10%. As pessoas alérgicas ao iodo deverão usar a solução detergente de CLOROHEXIDINA a 4%; n enxaguar as mãos e elevá-las, para o anti-séptico escorrer em direção aos cotovelos, indo da parte mais limpa para a menos limpa; n retirar a escova esterilizada do suporte ou do invólucro, se ela for descartável. Só usar escova de cerdas macias e, caso as disponíveis não atendam a essa especificação, dispensar a escovação e realizar a anti-sepsia fazendo a fricção com as mãos; n molhar as cerdas e colocar PVP-I 10%, se a escova não contiver anti-séptico com detergente; n escovar as unhas da mão esquerda, com a escova na mão direita, enquanto conta mentalmente até cinqüenta; n continuar a escovação por etapas, tendo sempre em mente que é necessário atingir desde a extremidade dos dedos até o cotovelo, escovando cada segmento cerca de 25 vezes; n começar essa etapa da escovação pela lateral do dedo mínimo, passando pelos espaços interdigitais (entre os dedos), até atingir o polegar; n em seguida, escovar a região ventral (palmar) da mão, partindo das pontas dos dedos até o punho; n com a palma voltada para baixo, escovar a região dorsal da mão, dando especial atenção aos sulcos interdigitais; n escovar, a seguir, as regiões anterior e posterior do antebraço, com movimentos que se estendam do punho ao cotovelo; n escovar o cotovelo com movimentos circulares; n passar a escova para a outra mão e lavá-la, deixando a água escorrer; n passar anti-séptico com detergente na escova e proceder à escovação da mão direita, obedecendo às mesmas etapas já descritas para a mão esquerda; n ao final, desprezar a escova na pia e enxaguar cada uma das mãos, unindo as extremidades dos dedos e colocando os antebraços na vertical, de maneira que a água escorra em direção aos cotovelos; O tempo gasto na escovação da cada mão e antebraço deve ser, no mínimo, de cinco minutos. n reaplicar o PVP-I, friccionando-o nas mãos, mantendo-as mais elevadas que os cotovelos. Ter o cuidado de não remover os resíduos desse detergente com soluções alcoólicas. É importante esclarecer que o Ministério da Saúde oferece uma opção a ser utilizada na falta dos anti-sépticos com detergente indicados. A técnica é a mesma da segunda opção, porém é realizada com sabão comum em lugar do PVP-I. Após os cinco minutos de fricção, enxaguar mãos e antebraços, removendo a espuma e os resíduos de sabão. Em seguida, aplicar álcool iodado (0,5 a 1%). O álcool iodado precisa ser literalmente aplicado às mãos e antebraços, e jamais utilizado para simples imersão dos mesmos. É necessário friccionar as mãos com essa solução por, no mínimo, um minuto. Ao finalizar o processo o instrumentador deve dirigir-se à sala de operação, com mãos e antebraços mantidos na vertical, evitando tocar em objetos que possam comprometer a escovação.
  • 32. 56 Centro Cirúrgico Transoperatório Atribuições da enfermagem 57 Na sala, efetua-se a secagem das mãos e parte dos antebraços com uma compressa esterilizada, indo na direção das mãos para os cotovelos. Fazer movimentos compressivos e não de esfregação, evitando sempre que a compressa atinja regiões não escovadas. Em seguida, jogar a compressa no saco de hamper. Estando com as mãos secas, o instrumentador vestirá o avental esterilizado, tocando-o apenas pelo avesso para não contaminá-lo, já que as mãos, embora escovadas, ainda estão sem luvas. Técnica para vestir o avental n pegar o avental com as pontas dos dedos e depois elevá-lo, trazendo-o para fora da mesa. A maneira de pegar o avental vai depender do modo como ele é dobrado, o que varia de uma região para outra do Brasil. Qualquer que seja o modo, no entanto, é imprescindível observar o princípio fun- damental de só tocar a parte interna do avental e nunca a parte externa; n abrir o avental com movimentos delicados e firmes, tendo o cuidado de não tocar sua face externa; n segurar o avental afastado do corpo e introduzir, ao mesmo tempo, os dois braços nas mangas, com um movimento para cima; n dar as costas ao circulante de sala para que as tiras do decote das costas e da cintura sejam amarradas por ele, afastando-as da cintura para facilitar a ação. Nas operações de grande porte, onde a assepsia é ainda mais rigorosa, a equipe cirúrgica protege as costas do avental usando a opa esterilizada. A opa é uma espécie de sobrecapa, sem mangas, amarrada na frente, que um dos membros da equipe, já vestido e enluvado, auxilia os demais a vestir. Secagem de mãos e antebraços. AAAAA. Instrumentadora retira a compressa que se encontra em um pacote aberto. BBBBB. Instrumentadora segura a compressa afastada do seu corpo. Seca apenas a área bem escovada e evita contaminar as mãos na área próxima ao cotovelo. Técnica para vestir o avental cirúrgico, usada pelo instrumentador no caso específico do avental estar com a face externa para dentro. AAAAA. Instrumentadora pega o avental. BBBBB. Instrumentadora desenrola o avental e introduz seus braços dentro das mangas com um movimento para cima, sem tocar a parte externa com suas mãos desnudas. CCCCC. A circulante de sala alcança a parte interna do avental e puxa pela abertura das mangas. DDDDD. A circulante de sala amarra as tiras do decote e da cintura. Entretanto, dependendo do tipo de avental usado, a própria instrumentadora, já calçando luvas, fechará o avental. A B A B C D
  • 33. 58 Centro Cirúrgico Transoperatório AAAAA. Opa BBBBB. Opa improvisada Atribuições da enfermagem 59 Técnica para calçar luvas n abrir o pacote de luvas de modo a deixar os punhos voltados para a pessoa que irá calçá-las. Ter o cuidado de afastar a aba interna do pacote, sem tocar as luvas com as mãos desnudas; n retirar a luva esquerda do envelope, segurando-a pelo punho com a mão direita; n calçar a luva esquerda com o auxílio da mão direita, tocando-a apenas pelo lado de dentro do punho e mantendo a dobra do punho; n retirar a luva direita do envelope, colocando a mão esquerda na abertura do mesmo e introduzindo os quatro dedos sob a dobra do punho; n calçar essa luva com o auxílio da mão esquerda, mantendo os dedos desta mão introduzidos na dobra e puxando até cobrir o punho da manga do avental; n introduzir os dedos na dobra do punho da luva esquerda e puxá-la, igualmente, até cobrir o punho da manga do avental; n manter as mãos enluvadas para o alto, acima do nível da cintura, e, quando não ocupadas, protegê-las com compressa ou campo esterilizado. Existem alguns aventais com local apropriado para o descanso e proteção das mãos já enluvadas. Recomendações ao calçar as luvas n a mão nua só deve tocar a parte interna da luva, enquanto a mão enluvada só pode tocar a parte externa; n se, ao calçar as luvas, os dedos entrarem trocados, só tentar corrigir após ter as duas luvas calçadas; n com as mãos enluvadas, evitar tocar a gola, as costas e o terço inferior do avental cirúrgico por serem consideradas “zonas perigosas”, em termos de contaminação; n para descalçar as luvas deve-se, primeiramente, dobrar o punho da luva esquerda. Com os dedos da mão esquerda ainda enluvados, retirar a luva direita sem que esta toque a pele. Com a mão esquerda enluvada segurar a luva direita; depois, com a mão direita desnuda, remover a luva esquerda, puxando-a pela dobra do punho por sobre a luva direita.Tocar apenas a parte interna da luva esquerda. A B A B G H D E J K C F I L
  • 34. 60 Centro Cirúrgico Transoperatório Tempos cirúrgicos Denominamos tempos cirúrgicos ou tempos operatórios as fases ou etapas em que são executadas as operações. De um modo geral, são quatro: deiérese é o momento de rompimento dos tecidos por meio de instrumentos cortantes, como bisturis e tesouras. Pode ainda ser realizada com o bisturi elétrico ou o bisturi a raio laser. hemostasia é o processo através do qual se detém o sangramento ocasionado pela diérese. Pode ser realizada de diversas maneiras, como, por exemplo, usando-se pinças específicas comprimindo os vasos com compressas ou utilizando o bisturi elétrico. operação propriamente dita é o tempo cirúrgico principal, voltado para o objetivo central do procedimento. Nesse momento são usados instrumentos especiais, que variam de acordo com a especialidade cirúrgica. síntese é a união de tecidos, a qual será tão mais perfeita quanto mais perfeita tiver sido a diérese. O processo mais comum de síntese é a sutura por planos, dos órgãos e tecidos, e o fechamento da cavidade cirúrgica usando-se agulhas e porta-agulhas. A sutura pode ser permanente —quando os fios cirúrgicos não são removidos— ou temporária —quando os fios são retirados dias após a colocação. Instrumental cirúrgico básico É aquele comum a qualquer operação, devendo estar presente em todas elas, independentemente da especialidade. Assim, o auxiliar de enfermagem deverá conhecê-lo muito bem, principalmente o instrumentador, tendo em vista o bom desempenho de suas funções. Com apenas esse instrumental é possível realizar várias cirurgias gerais de pequeno porte, sem necessidade de outros instrumentos mais específicos. Dentre essas cirurgias destacamos a apendicectomia, a hernioplastia e a postectomia. As Pinças de Preensão têm o objetivo de prender tecidos e órgãos, mas também são usadas para prender gaze dobrada. Um exemplo é a pinça de Foerster, mostrada na figura, que é utilizada no início da cirurgia, para fazer a anti- sepsia da região cirúrgica. Os bisturis são instrumentos de diérese e se apresentam com tipos e tamanhos variados. São compostos de um cabo de tamanho variável, acoplado a uma lâmina móvel, que também varia em forma e tamanho. Em função da grande freqüência com que são utilizados, os bisturis ocupam a parte da mesa mais acessível ao instrumentador, sempre com a ponta voltada para ele. Instrumental cirúrgico básico 61 Pinça de Foerster. Diferentes tipos de cabos e lâminas de bisturis. AAAAA. Cabos BBBBB. Lâminas Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO A B
  • 35. 62 Centro Cirúrgico Transoperatório As tesouras, assim como os bisturis, são instrumentos de diérese, e têm diferentes formas e tamanhos. Também as tesouras são arrumadas na mesa de instrumental com a ponta voltada para o instrumentador. As pinças hemostáticas são instrumentos de hemostasia, utilizadas para pinçar os vasos e impedir o sangramento. Essas pinças podem ser retas ou curvas e têm tamanhos variados. As pinças hemostáticas são conhecidas pelos nomes de seus criadores como Kelly, Kocher, Crile, Halstead, Rochester e Mixter. São dispostas na mesa do instrumen- tador em grupos do mesmo tipo e em ordem crescente de tamanho, sempre da direita para a esquerda. As pinças de dissecção são instrumentos auxiliares que apóiam o ato cirúrgico. Elas existem em grande variedade, sendo diferentes em forma e tamanho, com dentes ou não. Aquelas com dentes são comumente chamadas de “pinças dentes de rato”. Instrumental cirúrgico básico 63 Tesouras. AAAAA. de Metzenbaum reta e curva BBBBB. de Mayo reta e curva Pinças hemostáticas. CCCCC.de Crile reta e curva DDDDD.de Kocher reta e curva Pinças hemostáticas. AAAAA. de Kelly reta e curva BBBBB. de Halstead Pinças de dissecção. AAAAA. sem dente BBBBB. "dente de rato" A B A B C D Fonte:catálogoEDLO Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO Fonte:catálogoEDLO A B
  • 36. 64 Centro Cirúrgico Transoperatório Os afastadores são também instrumentos auxiliares, destinados a facilitar a exposição do campo operatório. Eles variam quanto ao tipo e ao tamanho, podendo ser manuais ou auto-estáticos. Esses últimos são chamados assim porque afastam os tecidos por si próprios. Os afastadores são ordenados na mesa de instrumental por tamanho e pela ordem em que são empregados. Os menores são usados, em geral, nos planos superficiais, como as camadas de tecido, e de acordo com o tamanho do paciente. Já os maiores são empregados posteriormente, para afastamento das estruturas profundas, como os órgãos. As pinças de campo, ou pinças Backhaus, são instrumentos auxiliares destinados à fixação dos campos que limitam a área operatória. Esse tipo de pinça está presente na mesa de instrumental somente no início da operação. Posteriormente, o espaço ocupado por elas é utilizado para melhor acomodar instrumentos de hemostasia, instrumentos especiais, compressas, gazes ou cubas. Instrumental cirúrgico básico 65 Afastadores. AAAAA. Farabeuf BBBBB. Deaver Nº 6 CCCCC. Volkmann DDDDD. auto-estático, Gelpi EEEEE. auto-estático, Weitlaner FFFFF. abdominal, Gosset GGGGG. abdominal, Balfour HHHHH. abdominal, Doyen Pinça Backhaus ou de campo. Afastadores. IIIII. de costelas, Finochietto JJJJJ. para pele, Gillies KKKKK. Haberer "maleável" A B D E G H C F Fonte:catálogoEDLOFonte:catálogoEDLO Fonte:catálogoEDLO I J K
  • 37. 66 Centro Cirúrgico Transoperatório As agulhas são instrumentos de síntese utilizados para conduzir o fio de sutura através dos tecidos. Podem ser de diferentes tipos: n retas, semi-retas ou curvas, sendo a curvatura bem variável; n pequenas ou grandes; n de ponta triangular ou cortante, para a pele; e de ponta cilíndrica ou romba, para uso interno; n com fundo fixo ou fundo falso. Nas agulhas com fundo fixo, o fio é introduzido em seu orifício, como nas agulhas de costura. Já nas agulhas com fundo falso o fio é introduzido no canal, sob pressão. Atualmente, a maioria dos fios já vem agulhada de fábrica, havendo uma preferência dos cirurgiões por esse tipo de fio, por serem práticos e produzirem menor traumatismo nos tecidos. A escolha das agulhas e dos fios a serem usados em uma cirurgia é de competência exclusiva do cirurgião, uma vez que essa escolha vai depender de fatores como o tipo de cirurgia, a técnica empregada e o tipo de tecido. Quanto à arrumação das agulhas na mesa do instrumentador, ressaltamos que elas devem ser dispostas ordenadamente, de modo a facilitar sua identificação. Os porta-agulhas são também instrumentos de síntese, e têm a função de pren- der as agulhas, para a execução da sutura. Eles se apresentam de diferentes formas e tamanhos, sendo mais comuns os de Mayo-Hegar e de Mathieu. À exceção dos demais instrumentos, os porta-agulhas devem ficar na mesa de instrumental com os cabos sempre voltados para o instrumentador. As agulhas e os porta-agulhas, usados nas suturas tradicionais, podem ser substituídos por instrumentos que realizam vários tipos de suturas mecânicas. Um exemplo desses instrumentos é o skin stapler, cuja forma é semelhante à de um grampeador. Instrumental cirúrgico básico 67 Agulhas cirúrgicas. A.A.A.A.A. Forma das agulhas B.B.B.B.B. Agulha de fundo fixo C.C.C.C.C. Agulha de fundo falso D.D.D.D.D. Agulha de ponta romba ou cilíndrica E.E.E.E.E. Agulha de ponta Porta-agulhas. AAAAA. de Mayo-Hegar BBBBB. de Mathieu Skin Stapler, usado para suturas mecânicas. Fonte:catálogoEDLO A B C D E A B
  • 38. 68 Centro Cirúrgico Transoperatório Fios cirúrgicos Também denominados fios de sutura, os fios cirúrgicos são utilizados com duas finalidades básicas: n ligadura de vasos sangüíneos, para impedir o sangramento; n sutura de tecidos orgânicos, para facilitar a cicatrização. Esses fios dividem-se em duas categorias principais. Fios cirúrgicos absorvíveis São produzidos com material que pode ser eliminado pelas células e líquidos corporais, durante e após a cicatrização dos tecidos. Eles são de dois tipos: de origem animal, produzidos a partir do intestino de boi ou de carneiro, sendo conhecidos como catgut (categute). Podem ser: simples: categute não tratado, o qual é totalmente absorvido em torno do 10º dia após a cirurgia; cromado: categute simples, com tratamento especial para prolongar o tempo de absorção, que deverá acontecer entre o 20º e o 25º dia após a cirurgia. de origem sintética, produzidos em laboratório, têm absorção total depois de 60 a 70 dias da operação. Fios cirúrgicos inabsorvíveis Não desaparecem, permanecendo envolvidos por um tecido fibroso, mesmo sofrendo a ação dos líquidos do corpo. Esses fios são de três tipos: de origem natural, fabricados a partir da seda, do algodão ou, ainda, do linho. de origem sintética, produzidos em laboratório, podendo ser de náilon, poliéster ou polipropileno. metálicos, de prata, bronze ou aço inoxidável. Espessura dos fios cirúrgicos A grande variedade de espessura com que são encontrados motivou a sua identificação por meio de uma escala numérica: ... 6-0 5-0 4-0 000 00 0 1 2 3 4 5 ... Para entender como a escala funciona, vamos tomar o fio número zero como referência, o qual tem uma espessura média. Instrumental cirúrgico especial É aquele que varia de acordo com as múltiplas especialidades cirúrgicas e, em geral, é utilizado apenas no tempo principal da operação. Esse tipo de instrumento deve ser colocado em local afastado da mesa do instru-mentador ou, então, em mesa auxiliar secundária, no caso de serem muito numerosos. Fios cirúrgicos 69 Exemplos de instrumental cirúrgico especial. AAAAA. tesoura vascular Potts de Martel BBBBB. rugina para periósteo de Farabeuf CCCCC. espéculo vaginal de Collin DDDDD. pinça Randall para cálculos renais EEEEE.saca-fibroma de Doyen FFFFF. espéculo nasal de Hartmann Fonte:catálogoEDLO A B D E C F
  • 39. 70 Centro Cirúrgico Transoperatório Os fios com numeração acima de zero são de espessura maior do que ele, como, por exemplo, o fio 2 ou 3. Quanto maior é o número, mais grosso será o fio. Por outro lado, os fios cuja numeração tem mais zeros são mais finos do que ele, como 00 ou 4-0. Assim, quanto mais zeros na numeração, mais fino é o fio. Observe que depois de 000 não se repetem mais os zeros para representar, usando-se apenas 4-0, 5-0, 6-0, etc. Os fios disponíveis no mercado são encontrados nas seguintes apresentações: n envelopes com fios longos, sem agulha; n envelopes com fios curtos e agulhas descartáveis presas ao fio. Considerações gerais sobre instrumentação Vamos destacar algumas observações sobre o modo como os cirurgiões solicitam os instrumentos e de como o instrumentador deve passá-los. Os instrumentos de uso corrente podem ser solicitados pela sinalização manual, que consiste em uma série de sinais em código, já conhecidos pela equipe. Esses sinais estão diretamente relacionados com o movimento característico do uso de cada um dos instrumentos. Caso não empregue a sinalização manual, o cirurgião poderá pedir os instrumentos pelos respectivos nomes. A prática, no entanto, vai proporcionando, ao instrumentador, segurança e condições de prever a necessidade de passar esse ou aquele instrumento. Ele faz isso com base no conhecimento das regras gerais de uso seqüencial de todo o instrumental, desobrigando o cirurgião de fazer qualquer sinalização ou pedido. Veja alguns exemplos: O instrumentador deve estar sempre atento ao modo de manusear e passar os instrumentos. Todo cuidado deve ser tomado para não deixá-los cair e para sempre entregá-los na posição correta para o uso, evitando que o cirurgião seja obrigado a virar os instrumentos antes de usá-los. Em relação a esses instrumentos, cabe ainda lembrar que existem alguns muito perigosos, como o bisturi e o porta-agulhas montado, os quais devem ser manuseados com cautela e segurança, para prevenir acidentes. Também é igualmente importante o instrumentador se colocar em local que favoreça a passagem dos instrumentos e, se possível, que tenha perfeita visualização do campo cirúrgico, para poder acompanhar os tem- pos cirúrgicos e antecipar-se às solicitações dos vários instrumentos. A forma de dispor os instrumentos varia, principalmente, em função do tipo de cirurgia e da técnica a ser adotada. Como regra geral, no entanto, podemos afirmar que os instrumentos são dispostos na mesa, em grupos, por ordem de tamanho, sempre com suas pontas voltadas para o ins-trumentador. Os porta-agulhas, como já ressaltamos, devem ficar com os cabos voltados para o instrumentador, ao contrário dos demais instrumentos. Considerações gerais sobre instrumentação 71 o cirurgião usa bisturi, tesoura ou porta-agulhas o instrumentador entrega pinça auxiliar, exceto durante incisão da pele o cirurgião devolve instrumentos de diérese e auxiliares, com muitas pinças hemostáticas no campo o instrumentador entrega, prontamente, fios para ligadura o cirurgião usa fio para sutura ou ligadura o instrumentador passa a tesoura reta o cirurgião trabalha com instrumentos de corte o instrumentador passa, automaticamente, pinças hemostáticas
  • 41. Centro de Material Dependências básicas recepção e expurgo. Área destinada a receber o material usado no Centro Cirúrgico e nas demais unidades do hospital, para execução ou comple-mentação da limpeza. Esse local precisa ser devidamente separado e isolado do local de entrega do material limpo, a fim de evitar a contaminação do que foi recém-esterilizado. preparo do material. Local onde se realizam o preparo e o empacotamento ou acondicionamento do material para ser esterilizado. Transoperatório É o conjunto de áreas destinadas à limpeza, pre-paro, esterilização, guarda e distribuição do material para todo o hospital. O CEMAT pode ser centralizado, quando o material é limpo, preparado e esterilizado nas áreas específicas do próprio Centro; ou descentralizado, quando as dife- rentes unidades do hospital encarregam-se da lim- peza e da preparação do material, encaminhando-o depois ao CEMAT somente para esterilização. O mais indicado é o sistema centralizado, princi- palmente porque padroniza as técnicas empregadas e possibilita o controle de qualidade garantindo maior segurança no uso do material esterilizado.
  • 42. 74 Centro de Material Transoperatório esterilização. Espaço onde estão instaladas as autoclaves e estufas empregadas para esterilizar o material. guarda e distribuição. Parte reservada ao armazenamento ou estocagem do mate- rial estéril em armários, prateleiras e, modernamente, em cestas de aço inoxidável do tipo “gaiola”. É nesse local, também, que se dá a distribuição do material a todas as unidades do hospital. Em alguns hospitais, essa área comunica-se diretamente com a sala de estocagem de material esterilizado do Centro Cirúrgico, facilitando muito o abastecimento dessa sala. posto de enfermagem. Área que se constitui no centro administrativo do CEMAT, onde se encontram a chefia e a secretaria dessa unidade. sala de reserva. Destinada à estocagem de materiais de consumo novos como, por exemplo, seringas, agulhas, gazes, algodão, luvas, fitas-teste, fios, etc., usados na reposição de material dos pacotes e bandejas preparados para esterilização. copa. Área reservada para servir lanches rápidos ao pessoal do CEMAT. vestiários masculino e feminino. Locais equipados com sanitários e chuveiros para uso das equipes, e ainda de armários, para a guarda de uniformes, roupas e outros pertences. As diferentes áreas de um Centro de Material devem ser distribuídas de forma a permitir um fluxo de trabalho progressivo, em linha reta e seqüencial, do expurgo até a área de distribuição, com o objetivo de reduzir as possibilidades de contaminação. Atividades Antes de detalharmos as atividades desenvolvidas no Centro de Material, é importante relembrar alguns conceitos de microbiologia que são básicos para o pessoal de enfermagem realizar um trabalho consciente e responsável: esterilização. Conjunto de meios empregados para extermi- nar todos os germes, inclusive os esporos. desinfecção. Meiosempregadosparadestruirosgermesnasua forma vegetativa. Ela pode ou não destruir os esporos. anti-sepsia. Meios através dos quais se impede a prolife- ração dos germes. Na anti-sepsia são empregadas substâncias chamadas anti-sépticas. O emprego do termo anti-sepsia restringe-se ao tecido vivo, enquanto que o termo desinfecção aplica-se a matérias inanimadas. Falamos, por exemplo, em anti-sepsia da pele e em desinfecção do piso. assepsia. Conjunto de práticas e técnicas através das quais se evita a penetração de germes em locais ou objetos isentos dos mesmos. descontaminação. Processo de inativação ou retirada de microorganismos, com o objetivo primordial de dar ao profissional de saúde condições para ma- nipular artigos médico-hospitalares com segurança. Esses artigos, classificados em relação ao risco potencial de contaminação de acordo com as novas orientações do Ministério da Saúde, são: artigos não-críticos são todos aqueles que entram em contato com a pele íntegra do paciente. Esses artigos devem ser limpos. Exemplo: termômetro clínico. artigos semicríticos são os que entram em contato com a pele não-íntegra ou com as mucosas do paciente. Esses artigos devem ser desinfetados. Exemplo: acessórios de respiradores artificiais e anestesia gasosa. artigos críticos são aqueles que penetram na pele e nas mucosas do paciente. Esses artigos devem ser esterilizados. Exemplo: instrumentos de corte e de ponta. artigos contaminados são os que entraram em contato com sangue, pus, excreções e secreções do paciente, sem levar em consideração o grau de sujeira presente. Planta física de um CEMAT com o fluxo do material. EsporEsporEsporEsporEsporos:os:os:os:os: forma na qual o germe é mais resistente Atividades no CEMAT 75 SALA DE RESERVAROUPARIABANCADA DE ANESTESISTA LUVAS ÁREA DE ESTERILIZAÇÃO BANCADA DE MATERIAL VARIADO ÁREA DE RECEPÇÃO E EXPURGO VESTIÁRIO MASCULINO VESTIÁRIO FEMININO ÁREA DE GUARDA E DISTRIBUIÇÃO POSTO DE ENFERMAGEM COPA ÁREA DE PREPARO DO MATERIAL monta- carga (material estéril) elevador roupa limpa (da lavanderia) monta- carga (material sujo) elevador roupa suja (para lavanderia)