SlideShare a Scribd company logo
1 of 25
Download to read offline
Maria José Nogueira 2008/09
Maria José Nogueira 2008/09
A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra
1799   Nasceu, no Porto, a 4 de Fevereiro.
1809   A família refugiou-se na Ilha Terceira,
       devido às Invasões Francesas.
1814   Iniciou o curso de Direito, em
       Coimbra.
1820   A 24 de Agosto triunfa a Revolução
       Liberal, iniciada no Porto, com
       participação activa de Garrett.
1821   Representação, em Lisboa, da sua
       tragédia Catão, construído à maneira
       clássica.
1823- Garrett conhece o seu primeiro exílio
24    em Inglaterra e França.
1825   Publicação, em França, do poema
       Camões.




              Maria José Nogueira 2008/09
A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra
1826   Publicação, em França, do poema D.
       Branca.
       Regresso a Portugal.
1828   Novo exílio em Inglaterra.
1832   Integra-se no exército liberal, participa
       no desembarque do Mindelo. Escreve
       a primeira parte de O Arco de
       Santana.
1834- É representante de Portugal, cônsul-
36    geral, em Bruxelas.
1836   Regressa a Portugal e é encarregado,
       por Passos Manuel, de reorganizar o
       teatro em Portugal. É criado o
       Conservatório Real e o Teatro Nacional
       D. Maria II.




              Maria José Nogueira 2008/09
A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra
1838   Publicação do drama Um Auto de
       Gil Vicente.
1841   É demitido de todos os cargos
       públicos que ocupava, após a
       subida ao poder de Costa Cabral,
       que impõe uma ditadura.
1842   Publicação do drama Alfageme de
       Santarém.
1843   Publicação do drama Frei Luís de
       Sousa e sua primeira apresentação
       em Lisboa.
       Escreve o romance Viagens na
       Minha Terra.
1844   Colaboração na fundação da
       “Sociedade dramatica da thalia”.




             Maria José Nogueira 2008/09
A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra
1845   Representação da comédia Falar
       Verdade a Mentir, na Sociedade da
       Tália, em Lisboa.
       Publicação dos poemas Flores Sem
       Fruto.
1852   É nomeado Ministro dos Negócios
       Estrangeiros, após a demissão do
       governo de Costa Cabral, em 1851,
       devido ao movimento da
       regeneração.
1853   Publicação dos poemas Folhas
       Caídas.
1854   Morre, em Lisboa, aos 55 anos, no
       dia 9 de Dezembro, na sua casa da
       antiga Rua Santa Isabel, devido a
       um cancro de origem hepática,
       tendo sido sepultado no Cemitério
       dos Prazeres.

             Maria José Nogueira 2008/09
Casa de Almeida Garrett, em Lisboa




                    Maria José Nogueira 2008/09
Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português,
criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna,
jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de
aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o
cidadão e o poeta.
Nasceu no Porto, no seio de uma família burguesa, que se
refugiou na Ilha Terceira, a fim de escapar à segunda invasão
francesa.
Nos Açores, recebeu uma educação clássica e iluminista
(Voltaire e Rousseau, que lhe ensinaram o valor da
Liberdade), orientada pelo tio, Frei Alexandre da Conceição,
Bispo de Angra, ele próprio escritor.
Quando foi estudar para Coimbra, envolveu-se com a política
e identificou-se com a luta das ideias liberais, que aí se
fomentavam.
Em 1822, foi nomeado funcionário do Ministério do Reino,
casou com Luísa Midosi e fundou o jornal para senhoras O
Toucador.
De 1823 a 1826, continuou a sua actividade jornalística,
política e de escritor, mesmo estando exilado.




                    Maria José Nogueira 2008/09
Em 1836, regressou a Lisboa, separou-se de Luísa Midosi e
  fundou o jornal O Português Constitucional. Nesse mesmo ano,
  foi incumbido pelo governo da organização do Teatro Nacional.
  É por esta altura que inicia um romance com Adelaide Deville,
  que morrerá em 1841, deixando-lhe uma filha (episódio que o
  inspirará em Frei Luís de Sousa).
  Como romancista, Garrett é considerado o criador da prosa
  moderna em Portugal. Na poesia, foi dos primeiros a libertar se
  dos cânones clássicos e a introduzir em Portugal a nova estética
  romântica.




Curiosidade
Almeida Garrett era vaidoso no vestir, procurava dissimular os
defeitos físicos, e raras vezes dizia ao certo a sua idade.
Costumava gabar-se da sua capacidade de trabalho. Dizia ter
escrito o Frei Luís de Sousa em treze dias, o que fez Ramalho
Ortigão dizer ironicamente que Garrett em algumas horas da noite
escrevia a sua obra e gastava uma manhã inteira a barbear-se e a
perfumar-se.

                        Maria José Nogueira 2008/09
Maria José Nogueira 2008/09
O início do século XIX é um período politicamente
conturbado, dado a existência das crises sucessivas, em
1836 dá-se uma revolução que leva ao poder Passos
Manuel. Por portaria publicada no Diário do Governo de
29 de Setembro desse ano, aquele Ministro do Reino
encarregou Almeida Garrett de elaborar um plano para a
reorganização do teatro em Portugal.

 Manda Sua Magestade a RAINHA, que João Baptista
 da Silva Leitão d’Almeida Garrett, proponha sem
 perda de tempo por esta Secretaria de Estado, um
 Plano para a fundação e organisação de um Theatro
 Nacional nesta Capital, o qual sendo uma Escola de
 bom gosto, contribua para a civilisação, e
 aperfeiçoamento moral da Nação Portugueza, e
 satisfaça aos outros fins de tão uteis
 Estabelecimentos, informando ao mesmo tempo
 ácerca das providencias necessarias para levar a
 effeito os melhoramentos possiveis dos Theatros
 existentes. E espera Sua Magestade que o dito João
 Baptista da Silva Leitão d’Almeida Garrett no
 desempenho desta Commissão, se havera com zelo
 e intelligencia que são proprios do seu patriotismo e
 reconhecidos talentos. Palacio das Necessidades, 28
 de Setembro de 1836 = Manoel da Silva Passos.




                 Maria José Nogueira 2008/09
Nesse âmbito, desenvolveu uma acção notável, dirigiu
a Inspecção Geral dos Teatros e o Conservatório de
Arte Dramática, intervindo no projecto do futuro
Teatro Nacional D. Maria II.
Garrett tinha como objectivo criar “o Drama Português
e educar uma nova geração para dedicar-se ao estudo
e perfeição da cena, organizando à maneira de França
e Inglaterra um Conservatório de Arte Dramática;
tornar os teatros dignos de respeito e serem recebidos
como escola, sendo urgente o estabelecimento de
uma Inspecção Geral dos Teatros; e levantar um
edifício digno das tradições do Teatro Nacional, a par
da ideia de instituição social que se lhe ligava na
Europa.”

Isto porque os actores eram de qualidade artística
duvidosa, os textos correspondiam a más traduções,
as instalações dividiam-se entre os barracões do Bairro
Alto e do Beco da Comédia e as salas do Teatro do
Salitre e da Rua dos Condes eram miseráveis.
Assim, o Conservatório de Arte Dramática entre outros
aspectos tinha como objectivo formar actores e a
Inspecção Geral dos Teatros animar o teatro,
finalidades criadas por decreto no ano de 1836.

Teófilo Braga, Garrett e os Dramas Românticos, Porto, Livraria Chandron




                        Maria José Nogueira 2008/09
28 de Setembro de 1840
                       ESTATUTOS
                   TÍTULO PRIMEIRO
            Da organisação do Conservatorio.

                       CAPITULO I.

    Do objecto do Conservatorio e das suas secções.

                        ARTIGO 1º

O Conservatorio Real de Lisboa tem por objecto restaurar
e conservar entre nós a littteratura dramatica e a lingua
portugueza, a musica, e a declamação. (…)
                             *…]

                    TITULO TERCEIRO

   Dos trabalhos litterarios e artisticos, e dos premios.

                       CAPITULO XI.

                       Dos premios.

                       ARTIGO 36º

O Conservatorio distribui annualmente premios ás
composições litterarias, dramaticas e musicáes cujo
objecto ou assumpto será annunciado no princípio de
cada anno, em programma publicado por edital da
Vice-Presidencia. Maria José Nogueira 2008/09
Maria José Nogueira 2008/09
Maria José Nogueira 2008/09
Falar Verdade a Mentir foi um dos muitos textos escritos por
Almeida Garrett e representado pela primeira vez em 1845,
no teatro Tália, em Lisboa.




Trata-se de uma peça que pertence ao género comédia e que
respeita as exigências do texto dramático no que concerne à
“economia de meios” (ver pág. 609, de AGUIAR e SILVA, Vitor, Teoria da
Literatura, Coimbra, Almedina, 8ª ed., 1988) as personagens são limitadas
ao essencial, o espaço é um só, tempo reduzido a menos de
um dia… ( sete personagens: Duarte, Amália, José Félix, Joaquina, Brás
Ferreira, General Lemos e lacaio; espaço: Lisboa – sala de visitas; a acção inicia-
se de manhã “Lá por fora ainda mal são nove horas…” e termina à hora do
almoço do mesmo dia , “ Um almoço de família…Esperarei.”).
O objectivo de Almeida Garrett é aquele a que se propôs
aquando do exercício das suas funções, em 1836: contribuir
para a existência de um repertório nacional, cuja insuficiência
e fraca qualidade ele assinalava e escrever “teatro” que
correspondesse ao gosto popular, mas igualmente com o fim
de “educar” esse gosto.


                             Maria José Nogueira 2008/09
A obra era uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje
conserva o seu humor refinado.
Garrett retrata “a vida(…) nos seus momentos de crise e as
relações humanas são apreendidas nos seus aspectos de tensão
antagónica”. As personagens são confrontadas com uma sucessão
de “pequenas” mentiras geradoras de um conflito que antecede
a própria “entrada em cena”.

A peça conta a história de dois criados, José Félix e Joaquina, que
se reencontram , quando Joaquina veio com os seus patrões do
Porto para Lisboa, onde vive José Félix. Joaquina revelou a José
Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu-lhe que lhe iria
dar um dote de cem moedas quando se casasse. Mas Joaquina
disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um
mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse-lhe
que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu
casamento. Interessado no dote, José Félix ofereceu-se para
ajudar Amália a resolver o problema de Duarte. Caso contrário,
ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina
nunca receberia o dote de Amália.
Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália,
que após algumas histórias extraordinárias, começou a
desconfiar dele. Quando Amália finalmente contou as exigências
do seu pai a Duarte, este ficou muito baralhado, e começou a
confundir as suas mentiras.
Na tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar pelas
pessoas que Duarte mencionava nas suas mentiras, como por
exemplo Tomás José Marques e Milorde Coockimbrook.


                       Maria José Nogueira 2008/09
Apesar das desconfianças, Brás Ferreira continuava sem provas
do defeito de Duarte. Mas depois do almoço, o pai de Amália
descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, aquando da
chegada do General Lemos.
Mais uma vez foi salvo por José Félix e todas as suas mentiras
acabaram por ser verdade.
Como agradecimento pela sua ajuda e pela "lição" que ele lhe
deu, Duarte promete emendar-se e Amália entrega o saco de
dinheiro a José Félix.
Com o "vício" de Duarte emendado e com o desejo de José Félix
pelo dinheiro, satisfeito, a peça acaba com um final feliz.




                       Maria José Nogueira 2008/09
CATEGORIAS do TEXTO DRAMÁTICO

                        Exposição    Fase inicial em que se faz a apresentação das
                                     personagens e dos antecedentes da acção.

            Interna
                        Conflito     Sucessão de acontecimentos que constituem a
                                     acção.
Estrutura
da acção                Desenlace    Parte final que contém o desfecho feliz ou infeliz
                                     da acção dramática.

                        Acto         Grande divisão do texto dramático, que decorre
            Externa                  num mesmo espaço. Sempre que há mudança de
                                     cenário (espaço), há um novo acto.

                        Cena         Divisão do acto, determinada pela entrada ou
                                     saída de personagens.



                       FALAR VERDADE A MENTIR
                         Exposição     CENAS I e II
                                       Apresentam-se as personagens e o aconteci -
                                       mento que vai gerar as peripécias da acção : o
             Interna                   pai de Amália pretende acabar com o noivado,
                                       por desconfiar de Duarte; Amália, Joaquina e
Estrutura                              José Félix unem-se por interesses diversos.
da acção                 Conflito      CENAS III a XV
                                       Complicação dos acontecimentos: as sucessivas
                                       mentiras de Duarte aumentam as desconfian -
                                       ças do pai de Amália; José Félix dá vida às
                                       mentiras de Duarte, representando as figuras
                                       inventadas por este.
                         Desenlace     CENAS XVI a XVII
                                       Resolução do conflito: a intervenção final do
                                       General faz com que o desenlace seja feliz ,
                                       pois colabora na última representação de José
                                       Félix (Amália casa com Duarte e Joaquina com
                                       José Félix, com o respectivo dote).
                         Acto          Acto único, pois a acção decorre sempre no
             Externa                   mesmo espaço.
                         Cena           A peça apresenta 17 cenas, marcadas pela
                            Maria José Nogueira 2008/09 personagens.
                                       entrada ou saída das
Definição               Aplicação
                           Principal       Em torno da qual se     Duarte      Noivo de
                                           desenrola toda a                    Amália, tem o
              Relevo                       acção.                              vício de
Personagens                                                                    mentir
                           secundária      Detém um papel          Amália      Filha de Brás
                                           menos importante                    Ferreira e
                                           sendo, no entanto,                  noiva de
                                           fundamental para o                  Duarte.
                                           desenvolvimento         Joaqui-     É empregada
                                           da acção.               na          da família de
                                                                               Brás Ferreira
                                                                               e noiva de
                                                                               José Félix.
                                                                   J. Félix    Criado
                                                                               particular do
                                                                               General
                                                                               Lemos e
                                                                               noivo de
                                                                   Brás        Joaquina.
                                                                   Ferreira    Pai de Amália

                                                                   General     Amigo
                                                                   Lemos       pessoal do pai
                                                                               de Duarte.
                                                                   Lacaio      criado
                           figurantes      apenas ilustra um
                                           ambiente ou
                                           cenário, não
                                           interfere na acção.
              Caracteri-   Física – descrição do aspecto físico;
              zação        Psicológica – apresentação de
                           atitudes e comportamentos,
                           relacionados com a personalidade
              Processos    Directa – revelada a partir da fala
                           das personagens e/ou das
                           indicações cénicas.
                           Indirecta – deduções feitas pelo
                           leitor a partir de atitudes e acções
                           das personagens.


                               Maria José Nogueira 2008/09
CARACTERIZAÇÃO das PERSONAGENS
Personagens     Características              Elementos comprovativos

Duarte          generoso;                    “Bom coração…” C. II
                mentiroso;                   “…tomou o costume de nunca dizer uma palavra que seja
                                             verdade.” C. II
                mundano;                     “Se eu tal soubesse, não tinha ido a S. Carlos…” C. III
                apaixonado;                  “…o que eu entendo bem é o amor que lhe tenho,
                                             Amália…” C. III
Amália          lisura = sinceridade;
                honradez
                apaixonada                   “Tenho-lho encoberto até agora,…” C. II
                Amiga                        “É um anjo!” C. I
                triste                       “E a menina anda triste, desassossegada.” C. I
José Félix      Interesseiro                 “É em dinheiro de contado, sonante…”
                Exibicionista                “…bem vês a minha educação…”
                Calculista                   “Mas tu tens dote…” = C. I
                Desenrascado                 C . V José Félix disfarçado de negociante
                Apaixonado                   C. I “..minha adorada Joaquina, reclamar o prémio de onze
                                             meses de eternas saudades.”
                Criativo                     ao conseguir, de forma convincente, representar a
                Versátil e talentoso        personalidade de um lord inglês, a quem não falta o
                                             sotaque e a crítica aos hábitos da sociedade portuguesa. C.
                                             VIII; IX e X
Joaquina        Apaixonada, fiel             “…hei-de avisá-lo que tome conta em si…” C. II
                Perspicaz *                  * no monólogo C. XII, revela o seu carácter de grande
                Atenta*                      observadora dos comportamentos humanos. Conhece a
                Observadora*                 fundo a personalidade de Duarte, ao considerar que é
                Simples                      uma condenação o facto de ser obrigado a falar verdade.
                Realista
                Bairrista                    “…Porto… é a segunda capital do reino, e a cidade eterna…”
                                             C. I
Brás Ferreira   Negociante rico e honesto    “…têm dinheiro como milho…” C. I
                Preserva a verdade           “Meu pai… leva a honra e probidade, a lisura e a verdade
                Homem de palavra             no trato, a um ponto de severidade que é quase
                                             rudeza…” C. II
                                             “A palavra do senhor Brás é letra que não tem desconto.” C.
                                             XVII
General Lemos   Educado e respeita -dor     “Não permita Deus que eu tal perturbe. Esperarei.” C. XIII
                das normas sociais;
                Íntegro, estima a amizade   “Eu que vinha para obsequiar … sou tão amigo!” C. XV
                e a honestidade
Lacaio          criado              Maria José Nogueira 2008/09
cronológico     Momento em que       1845 - Um dia (início de manhã até à hora
                         decorre a acção.     de almoço).
Tempo
         da                                   Variável de encenação para encenação.
         representação
         físico          Lugar onde decorre   Lugar da cena – Lisboa, numa “sala de
                         a acção.             visitas elegante”.
         social                               Ambiente social de Lisboa onde se podem
Espaço
                                              destacar três categorias de estrangeiros:
                                              ingleses (ricos e bons apreciadores de
                                              “pratos”), brasileiros (ricos e corruptos) e
                                              espanhóis (mentirosos). A burguesia rica
                                              domina-o , pretendendo-se destacar a
                                              influência nefasta deste ambiente sobre as
                                              pessoas: favorecendo o “talento de
                                              mentir”; a vida mundana lisboeta: bailes,
                                              cafés, teatro; o peso da moda.




                          Maria José Nogueira 2008/09
Esta peça é muito divertida...
Isso deve-se, quer pela linguagem utilizada por José Félix, quer
pelas situações que o mesmo cria/provoca, aquando da sua
representação como negociante Tomás José Marques, Lord
Coockimbrook, General Lemos, o próprio carácter desta
personagem provoca o riso.
Para além disso, a obra visa retratar a sociedade da época (fins
do século XIX), sociedade lisboeta, nos seus aspectos menos
positivos, que Almeida Garrett critica:
- a rivalidade entre o Porto e Lisboa, nomeadamente o facto dos
lisboetas considerarem o Porto província (cena I);
- a retórica e a literatura romântica que não possui originalidade
(cena I);
- a sociedade lisboeta que vive de aparência e falsidade (cena
II);
- a ideia de que Lisboa é a capital da civilização (cena II);
- a um dos costumes pouco civilizados da população lisboeta,
que consistia em atirar pela janela as águas sujas, costume
anunciado pela expressão “Água vai!” (cena IX);
- os exageros do snobismo da sociedade inglesa (cena XII).
Outro aspecto interessante é de na peça haver teatro dentro do
próprio teatro, isto é, existe a obra “Falar Verdade a Mentir” e
encaixada nela três mini-peças, as representações de José Félix,
que tornam verdade as mentiras de Duarte, daí o nome deste
texto dramático.




                    Maria José Nogueira 2008/09
Mentiu com habilidade,
Fez quantas mentiras quis;
Agora fala verdade,
Ninguém crê no que ele diz.

P’ra te tornares distinto
E mostrar capacidade,
Dizes sempre que te minto,
Quando te digo verdade.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério.
                                ALEIXO, António
                    -Este livro que vos deixo…,
                   Ed. De Vitalino Martins Aleixo




         Maria José Nogueira 2008/09
Maria José Nogueira 2008/09

More Related Content

What's hot

Sílabas Métricas
Sílabas MétricasSílabas Métricas
Sílabas Métricas713773
 
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Maria Góis
 
Apresentação luís de camões
Apresentação luís de camõesApresentação luís de camões
Apresentação luís de camõesinaciasantana
 
Narrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasNarrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasDina Baptista
 
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitária
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitáriaA valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitária
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitáriaIlda Bicacro
 
"A um negrilho" de Miguel Torga
"A um negrilho" de Miguel Torga"A um negrilho" de Miguel Torga
"A um negrilho" de Miguel TorgaMateus Ferraz
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemPaulo Vitorino
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel TorgaGabriela
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoquintaldasletras
 
Geografia A 11 ano - Áreas Urbanas
Geografia A 11 ano - Áreas UrbanasGeografia A 11 ano - Áreas Urbanas
Geografia A 11 ano - Áreas UrbanasRaffaella Ergün
 

What's hot (20)

Regioes agrarias
Regioes agrariasRegioes agrarias
Regioes agrarias
 
Sílabas Métricas
Sílabas MétricasSílabas Métricas
Sílabas Métricas
 
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
 
Amor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que arde
 
Poema amigo
Poema amigoPoema amigo
Poema amigo
 
Apresentação luís de camões
Apresentação luís de camõesApresentação luís de camões
Apresentação luís de camões
 
Narrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os MaiasNarrativa e estilo n' Os Maias
Narrativa e estilo n' Os Maias
 
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitária
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitáriaA valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitária
A valorização ambiental em portugal e a política ambiental comunitária
 
"A um negrilho" de Miguel Torga
"A um negrilho" de Miguel Torga"A um negrilho" de Miguel Torga
"A um negrilho" de Miguel Torga
 
Os Maias - Capítulo X
Os Maias - Capítulo XOs Maias - Capítulo X
Os Maias - Capítulo X
 
Manuel Alegre
Manuel AlegreManuel Alegre
Manuel Alegre
 
Formação de palavras
Formação de palavrasFormação de palavras
Formação de palavras
 
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 
. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e MensagemIntertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
Intertextualidade entre Os Lusíadas e Mensagem
 
Miguel Torga
Miguel TorgaMiguel Torga
Miguel Torga
 
Os maias personagens
Os maias personagensOs maias personagens
Os maias personagens
 
Funções sintáticas
Funções sintáticasFunções sintáticas
Funções sintáticas
 
Predicativo do complemento direto
Predicativo do complemento diretoPredicativo do complemento direto
Predicativo do complemento direto
 
Geografia A 11 ano - Áreas Urbanas
Geografia A 11 ano - Áreas UrbanasGeografia A 11 ano - Áreas Urbanas
Geografia A 11 ano - Áreas Urbanas
 

Similar to Almeida Garrett e a fundação do Teatro Nacional

Almeida Garrett
Almeida Garrett Almeida Garrett
Almeida Garrett andreaires
 
Almeida Garrett, historia
Almeida Garrett, historiaAlmeida Garrett, historia
Almeida Garrett, historiaTomás Verdelho
 
Escritores do século xix
Escritores do século xixEscritores do século xix
Escritores do século xixmaria.antonia
 
Biografia almeida garrett
Biografia almeida garrettBiografia almeida garrett
Biografia almeida garrettSara Gonçalves
 
Biografia de almeida garett portugues
Biografia de almeida garett portuguesBiografia de almeida garett portugues
Biografia de almeida garett portuguesMigvip
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrettliofer21
 
Almeida Garrett
Almeida GarrettAlmeida Garrett
Almeida Garrettliofer21
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona branca
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona brancaSistema de Bibliotecas UCS - Dona branca
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona brancaBiblioteca UCS
 
Teatro romântico um auto de gil vicente
Teatro romântico  um auto de gil vicenteTeatro romântico  um auto de gil vicente
Teatro romântico um auto de gil vicenteHelena Coutinho
 
Almeida Garrett Biografia
Almeida Garrett BiografiaAlmeida Garrett Biografia
Almeida Garrett BiografiaHelena Coutinho
 
Almeida Garrett - Vida e Obra
Almeida Garrett - Vida e ObraAlmeida Garrett - Vida e Obra
Almeida Garrett - Vida e ObraTiago Faisca
 
Trabalho de história g.p.
Trabalho de história g.p.Trabalho de história g.p.
Trabalho de história g.p.maria.antonia
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrettLima
 
Evolucao teatro - 9ano
Evolucao teatro - 9anoEvolucao teatro - 9ano
Evolucao teatro - 9anoSofia Melo
 
Almeida garrett e o Cerco do porto
Almeida garrett e o Cerco do portoAlmeida garrett e o Cerco do porto
Almeida garrett e o Cerco do portoManuelAyresPereira
 
Almeida Garrett e o Cerco do Porto
Almeida Garrett e o Cerco do PortoAlmeida Garrett e o Cerco do Porto
Almeida Garrett e o Cerco do PortoManuelAyresPereira
 

Similar to Almeida Garrett e a fundação do Teatro Nacional (20)

Almeida Garrett
Almeida Garrett Almeida Garrett
Almeida Garrett
 
Almeida Garrett, historia
Almeida Garrett, historiaAlmeida Garrett, historia
Almeida Garrett, historia
 
Escritores do século xix
Escritores do século xixEscritores do século xix
Escritores do século xix
 
Biografia almeida garrett
Biografia almeida garrettBiografia almeida garrett
Biografia almeida garrett
 
Biografia de almeida garett portugues
Biografia de almeida garett portuguesBiografia de almeida garett portugues
Biografia de almeida garett portugues
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrett
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrett
 
Almeida Garrett
Almeida GarrettAlmeida Garrett
Almeida Garrett
 
..
....
..
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona branca
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona brancaSistema de Bibliotecas UCS - Dona branca
Sistema de Bibliotecas UCS - Dona branca
 
Teatro romântico um auto de gil vicente
Teatro romântico  um auto de gil vicenteTeatro romântico  um auto de gil vicente
Teatro romântico um auto de gil vicente
 
Biografia almeida garret
Biografia almeida garretBiografia almeida garret
Biografia almeida garret
 
Almeida Garrett Biografia
Almeida Garrett BiografiaAlmeida Garrett Biografia
Almeida Garrett Biografia
 
Almeida Garrett - Vida e Obra
Almeida Garrett - Vida e ObraAlmeida Garrett - Vida e Obra
Almeida Garrett - Vida e Obra
 
Trabalho de história g.p.
Trabalho de história g.p.Trabalho de história g.p.
Trabalho de história g.p.
 
Almeida garrett
Almeida garrettAlmeida garrett
Almeida garrett
 
Evolucao teatro - 9ano
Evolucao teatro - 9anoEvolucao teatro - 9ano
Evolucao teatro - 9ano
 
Almeida garrett e o Cerco do porto
Almeida garrett e o Cerco do portoAlmeida garrett e o Cerco do porto
Almeida garrett e o Cerco do porto
 
Almeida Garrett e o Cerco do Porto
Almeida Garrett e o Cerco do PortoAlmeida Garrett e o Cerco do Porto
Almeida Garrett e o Cerco do Porto
 
. A obra e o contexto
. A obra e o contexto. A obra e o contexto
. A obra e o contexto
 

More from MARIA NOGUE

Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01
Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01
Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01MARIA NOGUE
 
Trabalho colaborativoo marceneiro
Trabalho colaborativoo marceneiroTrabalho colaborativoo marceneiro
Trabalho colaborativoo marceneiroMARIA NOGUE
 
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010MARIA NOGUE
 
Boletim cre 2009-alunoeb23
Boletim   cre 2009-alunoeb23Boletim   cre 2009-alunoeb23
Boletim cre 2009-alunoeb23MARIA NOGUE
 
Workshop 2ª Parte
Workshop 2ª ParteWorkshop 2ª Parte
Workshop 2ª ParteMARIA NOGUE
 
Workshop 1ª Parte
Workshop 1ª ParteWorkshop 1ª Parte
Workshop 1ª ParteMARIA NOGUE
 
Um Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoUm Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoMARIA NOGUE
 
Um Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoUm Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoMARIA NOGUE
 
ApresentaçãO1 Solidariedade
ApresentaçãO1 SolidariedadeApresentaçãO1 Solidariedade
ApresentaçãO1 SolidariedadeMARIA NOGUE
 
ApresentaçãO1 Destinos Inacabados
ApresentaçãO1 Destinos InacabadosApresentaçãO1 Destinos Inacabados
ApresentaçãO1 Destinos InacabadosMARIA NOGUE
 
DIREITOS HUMANOS III
DIREITOS HUMANOS IIIDIREITOS HUMANOS III
DIREITOS HUMANOS IIIMARIA NOGUE
 
Direitos Humanos II
Direitos Humanos IIDireitos Humanos II
Direitos Humanos IIMARIA NOGUE
 
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOSMARIA NOGUE
 
ApresentaçãOcontos Tradic
ApresentaçãOcontos TradicApresentaçãOcontos Tradic
ApresentaçãOcontos TradicMARIA NOGUE
 
ApresentaçãO1b.D.
ApresentaçãO1b.D.ApresentaçãO1b.D.
ApresentaçãO1b.D.MARIA NOGUE
 

More from MARIA NOGUE (20)

Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01
Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01
Regras basicasdecomportamentoacumprirnas 110905163515-phpapp01
 
Trabalho colaborativoo marceneiro
Trabalho colaborativoo marceneiroTrabalho colaborativoo marceneiro
Trabalho colaborativoo marceneiro
 
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010
Apresentação vis.g. bib. 5º ano2010
 
O outono
O outonoO outono
O outono
 
Boletim cre 2009-alunoeb23
Boletim   cre 2009-alunoeb23Boletim   cre 2009-alunoeb23
Boletim cre 2009-alunoeb23
 
Workshop 2ª Parte
Workshop 2ª ParteWorkshop 2ª Parte
Workshop 2ª Parte
 
Workshop 1ª Parte
Workshop 1ª ParteWorkshop 1ª Parte
Workshop 1ª Parte
 
Um Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoUm Livro, Um Amigo
Um Livro, Um Amigo
 
Um Livro, Um Amigo
Um Livro, Um AmigoUm Livro, Um Amigo
Um Livro, Um Amigo
 
ApresentaçãO1 Solidariedade
ApresentaçãO1 SolidariedadeApresentaçãO1 Solidariedade
ApresentaçãO1 Solidariedade
 
ApresentaçãO1 Destinos Inacabados
ApresentaçãO1 Destinos InacabadosApresentaçãO1 Destinos Inacabados
ApresentaçãO1 Destinos Inacabados
 
DIREITOS HUMANOS III
DIREITOS HUMANOS IIIDIREITOS HUMANOS III
DIREITOS HUMANOS III
 
Direitos Humanos II
Direitos Humanos IIDireitos Humanos II
Direitos Humanos II
 
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS
 
Ainauditagagc
AinauditagagcAinauditagagc
Ainauditagagc
 
Ainauditagagc
AinauditagagcAinauditagagc
Ainauditagagc
 
Monumentos2
Monumentos2Monumentos2
Monumentos2
 
Monumentos1
Monumentos1Monumentos1
Monumentos1
 
ApresentaçãOcontos Tradic
ApresentaçãOcontos TradicApresentaçãOcontos Tradic
ApresentaçãOcontos Tradic
 
ApresentaçãO1b.D.
ApresentaçãO1b.D.ApresentaçãO1b.D.
ApresentaçãO1b.D.
 

Recently uploaded

ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 

Recently uploaded (20)

ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 

Almeida Garrett e a fundação do Teatro Nacional

  • 3. A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra 1799 Nasceu, no Porto, a 4 de Fevereiro. 1809 A família refugiou-se na Ilha Terceira, devido às Invasões Francesas. 1814 Iniciou o curso de Direito, em Coimbra. 1820 A 24 de Agosto triunfa a Revolução Liberal, iniciada no Porto, com participação activa de Garrett. 1821 Representação, em Lisboa, da sua tragédia Catão, construído à maneira clássica. 1823- Garrett conhece o seu primeiro exílio 24 em Inglaterra e França. 1825 Publicação, em França, do poema Camões. Maria José Nogueira 2008/09
  • 4. A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra 1826 Publicação, em França, do poema D. Branca. Regresso a Portugal. 1828 Novo exílio em Inglaterra. 1832 Integra-se no exército liberal, participa no desembarque do Mindelo. Escreve a primeira parte de O Arco de Santana. 1834- É representante de Portugal, cônsul- 36 geral, em Bruxelas. 1836 Regressa a Portugal e é encarregado, por Passos Manuel, de reorganizar o teatro em Portugal. É criado o Conservatório Real e o Teatro Nacional D. Maria II. Maria José Nogueira 2008/09
  • 5. A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra 1838 Publicação do drama Um Auto de Gil Vicente. 1841 É demitido de todos os cargos públicos que ocupava, após a subida ao poder de Costa Cabral, que impõe uma ditadura. 1842 Publicação do drama Alfageme de Santarém. 1843 Publicação do drama Frei Luís de Sousa e sua primeira apresentação em Lisboa. Escreve o romance Viagens na Minha Terra. 1844 Colaboração na fundação da “Sociedade dramatica da thalia”. Maria José Nogueira 2008/09
  • 6. A LMEIDA GARRETT – Vida e Obra 1845 Representação da comédia Falar Verdade a Mentir, na Sociedade da Tália, em Lisboa. Publicação dos poemas Flores Sem Fruto. 1852 É nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, após a demissão do governo de Costa Cabral, em 1851, devido ao movimento da regeneração. 1853 Publicação dos poemas Folhas Caídas. 1854 Morre, em Lisboa, aos 55 anos, no dia 9 de Dezembro, na sua casa da antiga Rua Santa Isabel, devido a um cancro de origem hepática, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres. Maria José Nogueira 2008/09
  • 7. Casa de Almeida Garrett, em Lisboa Maria José Nogueira 2008/09
  • 8. Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português, criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta. Nasceu no Porto, no seio de uma família burguesa, que se refugiou na Ilha Terceira, a fim de escapar à segunda invasão francesa. Nos Açores, recebeu uma educação clássica e iluminista (Voltaire e Rousseau, que lhe ensinaram o valor da Liberdade), orientada pelo tio, Frei Alexandre da Conceição, Bispo de Angra, ele próprio escritor. Quando foi estudar para Coimbra, envolveu-se com a política e identificou-se com a luta das ideias liberais, que aí se fomentavam. Em 1822, foi nomeado funcionário do Ministério do Reino, casou com Luísa Midosi e fundou o jornal para senhoras O Toucador. De 1823 a 1826, continuou a sua actividade jornalística, política e de escritor, mesmo estando exilado. Maria José Nogueira 2008/09
  • 9. Em 1836, regressou a Lisboa, separou-se de Luísa Midosi e fundou o jornal O Português Constitucional. Nesse mesmo ano, foi incumbido pelo governo da organização do Teatro Nacional. É por esta altura que inicia um romance com Adelaide Deville, que morrerá em 1841, deixando-lhe uma filha (episódio que o inspirará em Frei Luís de Sousa). Como romancista, Garrett é considerado o criador da prosa moderna em Portugal. Na poesia, foi dos primeiros a libertar se dos cânones clássicos e a introduzir em Portugal a nova estética romântica. Curiosidade Almeida Garrett era vaidoso no vestir, procurava dissimular os defeitos físicos, e raras vezes dizia ao certo a sua idade. Costumava gabar-se da sua capacidade de trabalho. Dizia ter escrito o Frei Luís de Sousa em treze dias, o que fez Ramalho Ortigão dizer ironicamente que Garrett em algumas horas da noite escrevia a sua obra e gastava uma manhã inteira a barbear-se e a perfumar-se. Maria José Nogueira 2008/09
  • 11. O início do século XIX é um período politicamente conturbado, dado a existência das crises sucessivas, em 1836 dá-se uma revolução que leva ao poder Passos Manuel. Por portaria publicada no Diário do Governo de 29 de Setembro desse ano, aquele Ministro do Reino encarregou Almeida Garrett de elaborar um plano para a reorganização do teatro em Portugal. Manda Sua Magestade a RAINHA, que João Baptista da Silva Leitão d’Almeida Garrett, proponha sem perda de tempo por esta Secretaria de Estado, um Plano para a fundação e organisação de um Theatro Nacional nesta Capital, o qual sendo uma Escola de bom gosto, contribua para a civilisação, e aperfeiçoamento moral da Nação Portugueza, e satisfaça aos outros fins de tão uteis Estabelecimentos, informando ao mesmo tempo ácerca das providencias necessarias para levar a effeito os melhoramentos possiveis dos Theatros existentes. E espera Sua Magestade que o dito João Baptista da Silva Leitão d’Almeida Garrett no desempenho desta Commissão, se havera com zelo e intelligencia que são proprios do seu patriotismo e reconhecidos talentos. Palacio das Necessidades, 28 de Setembro de 1836 = Manoel da Silva Passos. Maria José Nogueira 2008/09
  • 12. Nesse âmbito, desenvolveu uma acção notável, dirigiu a Inspecção Geral dos Teatros e o Conservatório de Arte Dramática, intervindo no projecto do futuro Teatro Nacional D. Maria II. Garrett tinha como objectivo criar “o Drama Português e educar uma nova geração para dedicar-se ao estudo e perfeição da cena, organizando à maneira de França e Inglaterra um Conservatório de Arte Dramática; tornar os teatros dignos de respeito e serem recebidos como escola, sendo urgente o estabelecimento de uma Inspecção Geral dos Teatros; e levantar um edifício digno das tradições do Teatro Nacional, a par da ideia de instituição social que se lhe ligava na Europa.” Isto porque os actores eram de qualidade artística duvidosa, os textos correspondiam a más traduções, as instalações dividiam-se entre os barracões do Bairro Alto e do Beco da Comédia e as salas do Teatro do Salitre e da Rua dos Condes eram miseráveis. Assim, o Conservatório de Arte Dramática entre outros aspectos tinha como objectivo formar actores e a Inspecção Geral dos Teatros animar o teatro, finalidades criadas por decreto no ano de 1836. Teófilo Braga, Garrett e os Dramas Românticos, Porto, Livraria Chandron Maria José Nogueira 2008/09
  • 13. 28 de Setembro de 1840 ESTATUTOS TÍTULO PRIMEIRO Da organisação do Conservatorio. CAPITULO I. Do objecto do Conservatorio e das suas secções. ARTIGO 1º O Conservatorio Real de Lisboa tem por objecto restaurar e conservar entre nós a littteratura dramatica e a lingua portugueza, a musica, e a declamação. (…) *…] TITULO TERCEIRO Dos trabalhos litterarios e artisticos, e dos premios. CAPITULO XI. Dos premios. ARTIGO 36º O Conservatorio distribui annualmente premios ás composições litterarias, dramaticas e musicáes cujo objecto ou assumpto será annunciado no princípio de cada anno, em programma publicado por edital da Vice-Presidencia. Maria José Nogueira 2008/09
  • 16. Falar Verdade a Mentir foi um dos muitos textos escritos por Almeida Garrett e representado pela primeira vez em 1845, no teatro Tália, em Lisboa. Trata-se de uma peça que pertence ao género comédia e que respeita as exigências do texto dramático no que concerne à “economia de meios” (ver pág. 609, de AGUIAR e SILVA, Vitor, Teoria da Literatura, Coimbra, Almedina, 8ª ed., 1988) as personagens são limitadas ao essencial, o espaço é um só, tempo reduzido a menos de um dia… ( sete personagens: Duarte, Amália, José Félix, Joaquina, Brás Ferreira, General Lemos e lacaio; espaço: Lisboa – sala de visitas; a acção inicia- se de manhã “Lá por fora ainda mal são nove horas…” e termina à hora do almoço do mesmo dia , “ Um almoço de família…Esperarei.”). O objectivo de Almeida Garrett é aquele a que se propôs aquando do exercício das suas funções, em 1836: contribuir para a existência de um repertório nacional, cuja insuficiência e fraca qualidade ele assinalava e escrever “teatro” que correspondesse ao gosto popular, mas igualmente com o fim de “educar” esse gosto. Maria José Nogueira 2008/09
  • 17. A obra era uma crítica cómica à sociedade da altura, e ainda hoje conserva o seu humor refinado. Garrett retrata “a vida(…) nos seus momentos de crise e as relações humanas são apreendidas nos seus aspectos de tensão antagónica”. As personagens são confrontadas com uma sucessão de “pequenas” mentiras geradoras de um conflito que antecede a própria “entrada em cena”. A peça conta a história de dois criados, José Félix e Joaquina, que se reencontram , quando Joaquina veio com os seus patrões do Porto para Lisboa, onde vive José Félix. Joaquina revelou a José Félix que Amália, a filha do seu amo, prometeu-lhe que lhe iria dar um dote de cem moedas quando se casasse. Mas Joaquina disse que havia um problema: Duarte, o noivo de Amália, era um mentiroso compulsivo, e o pai de Amália (Brás Ferreira) disse-lhe que se o apanhasse numa mentira, acabava com o seu casamento. Interessado no dote, José Félix ofereceu-se para ajudar Amália a resolver o problema de Duarte. Caso contrário, ele iria ser apanhado, o casamento iria ser cancelado e Joaquina nunca receberia o dote de Amália. Duarte já tinha começado a contar mentiras ao pai de Amália, que após algumas histórias extraordinárias, começou a desconfiar dele. Quando Amália finalmente contou as exigências do seu pai a Duarte, este ficou muito baralhado, e começou a confundir as suas mentiras. Na tentativa de socorrer Duarte, José Félix, fez-se passar pelas pessoas que Duarte mencionava nas suas mentiras, como por exemplo Tomás José Marques e Milorde Coockimbrook. Maria José Nogueira 2008/09
  • 18. Apesar das desconfianças, Brás Ferreira continuava sem provas do defeito de Duarte. Mas depois do almoço, o pai de Amália descobriu que o seu futuro genro tinha mentido, aquando da chegada do General Lemos. Mais uma vez foi salvo por José Félix e todas as suas mentiras acabaram por ser verdade. Como agradecimento pela sua ajuda e pela "lição" que ele lhe deu, Duarte promete emendar-se e Amália entrega o saco de dinheiro a José Félix. Com o "vício" de Duarte emendado e com o desejo de José Félix pelo dinheiro, satisfeito, a peça acaba com um final feliz. Maria José Nogueira 2008/09
  • 19. CATEGORIAS do TEXTO DRAMÁTICO Exposição Fase inicial em que se faz a apresentação das personagens e dos antecedentes da acção. Interna Conflito Sucessão de acontecimentos que constituem a acção. Estrutura da acção Desenlace Parte final que contém o desfecho feliz ou infeliz da acção dramática. Acto Grande divisão do texto dramático, que decorre Externa num mesmo espaço. Sempre que há mudança de cenário (espaço), há um novo acto. Cena Divisão do acto, determinada pela entrada ou saída de personagens. FALAR VERDADE A MENTIR Exposição CENAS I e II Apresentam-se as personagens e o aconteci - mento que vai gerar as peripécias da acção : o Interna pai de Amália pretende acabar com o noivado, por desconfiar de Duarte; Amália, Joaquina e Estrutura José Félix unem-se por interesses diversos. da acção Conflito CENAS III a XV Complicação dos acontecimentos: as sucessivas mentiras de Duarte aumentam as desconfian - ças do pai de Amália; José Félix dá vida às mentiras de Duarte, representando as figuras inventadas por este. Desenlace CENAS XVI a XVII Resolução do conflito: a intervenção final do General faz com que o desenlace seja feliz , pois colabora na última representação de José Félix (Amália casa com Duarte e Joaquina com José Félix, com o respectivo dote). Acto Acto único, pois a acção decorre sempre no Externa mesmo espaço. Cena A peça apresenta 17 cenas, marcadas pela Maria José Nogueira 2008/09 personagens. entrada ou saída das
  • 20. Definição Aplicação Principal Em torno da qual se Duarte Noivo de desenrola toda a Amália, tem o Relevo acção. vício de Personagens mentir secundária Detém um papel Amália Filha de Brás menos importante Ferreira e sendo, no entanto, noiva de fundamental para o Duarte. desenvolvimento Joaqui- É empregada da acção. na da família de Brás Ferreira e noiva de José Félix. J. Félix Criado particular do General Lemos e noivo de Brás Joaquina. Ferreira Pai de Amália General Amigo Lemos pessoal do pai de Duarte. Lacaio criado figurantes apenas ilustra um ambiente ou cenário, não interfere na acção. Caracteri- Física – descrição do aspecto físico; zação Psicológica – apresentação de atitudes e comportamentos, relacionados com a personalidade Processos Directa – revelada a partir da fala das personagens e/ou das indicações cénicas. Indirecta – deduções feitas pelo leitor a partir de atitudes e acções das personagens. Maria José Nogueira 2008/09
  • 21. CARACTERIZAÇÃO das PERSONAGENS Personagens Características Elementos comprovativos Duarte generoso; “Bom coração…” C. II mentiroso; “…tomou o costume de nunca dizer uma palavra que seja verdade.” C. II mundano; “Se eu tal soubesse, não tinha ido a S. Carlos…” C. III apaixonado; “…o que eu entendo bem é o amor que lhe tenho, Amália…” C. III Amália lisura = sinceridade; honradez apaixonada “Tenho-lho encoberto até agora,…” C. II Amiga “É um anjo!” C. I triste “E a menina anda triste, desassossegada.” C. I José Félix Interesseiro “É em dinheiro de contado, sonante…” Exibicionista “…bem vês a minha educação…” Calculista “Mas tu tens dote…” = C. I Desenrascado C . V José Félix disfarçado de negociante Apaixonado C. I “..minha adorada Joaquina, reclamar o prémio de onze meses de eternas saudades.” Criativo ao conseguir, de forma convincente, representar a Versátil e talentoso personalidade de um lord inglês, a quem não falta o sotaque e a crítica aos hábitos da sociedade portuguesa. C. VIII; IX e X Joaquina Apaixonada, fiel “…hei-de avisá-lo que tome conta em si…” C. II Perspicaz * * no monólogo C. XII, revela o seu carácter de grande Atenta* observadora dos comportamentos humanos. Conhece a Observadora* fundo a personalidade de Duarte, ao considerar que é Simples uma condenação o facto de ser obrigado a falar verdade. Realista Bairrista “…Porto… é a segunda capital do reino, e a cidade eterna…” C. I Brás Ferreira Negociante rico e honesto “…têm dinheiro como milho…” C. I Preserva a verdade “Meu pai… leva a honra e probidade, a lisura e a verdade Homem de palavra no trato, a um ponto de severidade que é quase rudeza…” C. II “A palavra do senhor Brás é letra que não tem desconto.” C. XVII General Lemos Educado e respeita -dor “Não permita Deus que eu tal perturbe. Esperarei.” C. XIII das normas sociais; Íntegro, estima a amizade “Eu que vinha para obsequiar … sou tão amigo!” C. XV e a honestidade Lacaio criado Maria José Nogueira 2008/09
  • 22. cronológico Momento em que 1845 - Um dia (início de manhã até à hora decorre a acção. de almoço). Tempo da Variável de encenação para encenação. representação físico Lugar onde decorre Lugar da cena – Lisboa, numa “sala de a acção. visitas elegante”. social Ambiente social de Lisboa onde se podem Espaço destacar três categorias de estrangeiros: ingleses (ricos e bons apreciadores de “pratos”), brasileiros (ricos e corruptos) e espanhóis (mentirosos). A burguesia rica domina-o , pretendendo-se destacar a influência nefasta deste ambiente sobre as pessoas: favorecendo o “talento de mentir”; a vida mundana lisboeta: bailes, cafés, teatro; o peso da moda. Maria José Nogueira 2008/09
  • 23. Esta peça é muito divertida... Isso deve-se, quer pela linguagem utilizada por José Félix, quer pelas situações que o mesmo cria/provoca, aquando da sua representação como negociante Tomás José Marques, Lord Coockimbrook, General Lemos, o próprio carácter desta personagem provoca o riso. Para além disso, a obra visa retratar a sociedade da época (fins do século XIX), sociedade lisboeta, nos seus aspectos menos positivos, que Almeida Garrett critica: - a rivalidade entre o Porto e Lisboa, nomeadamente o facto dos lisboetas considerarem o Porto província (cena I); - a retórica e a literatura romântica que não possui originalidade (cena I); - a sociedade lisboeta que vive de aparência e falsidade (cena II); - a ideia de que Lisboa é a capital da civilização (cena II); - a um dos costumes pouco civilizados da população lisboeta, que consistia em atirar pela janela as águas sujas, costume anunciado pela expressão “Água vai!” (cena IX); - os exageros do snobismo da sociedade inglesa (cena XII). Outro aspecto interessante é de na peça haver teatro dentro do próprio teatro, isto é, existe a obra “Falar Verdade a Mentir” e encaixada nela três mini-peças, as representações de José Félix, que tornam verdade as mentiras de Duarte, daí o nome deste texto dramático. Maria José Nogueira 2008/09
  • 24. Mentiu com habilidade, Fez quantas mentiras quis; Agora fala verdade, Ninguém crê no que ele diz. P’ra te tornares distinto E mostrar capacidade, Dizes sempre que te minto, Quando te digo verdade. Julgando um dever cumprir, Sem descer no meu critério, Digo verdades a rir Aos que me mentem a sério. ALEIXO, António -Este livro que vos deixo…, Ed. De Vitalino Martins Aleixo Maria José Nogueira 2008/09