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*
*Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no
Rio de Janeiro no dia 13 de maio. Filho de Joaquim
Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos
mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu
pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo
cedo ficou órfão de mãe.
*Estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso
secundário no Colégio Pedro II, ingressou na Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de
Engenharia. Em 1904 foi obrigado a abandonar o curso,
pois, seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três
irmão agora era responsabilidade dele.
*Em 1904 consegue emprego de escrevente copista
na Secretaria de Guerra, ao mesmo tempo que
colabora com quase todos os jornais do Rio de
Janeiro. Ainda estudante já colaborava para a
Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em
1905 passa a escrever no Correio da Manhã, jornal
de grande prestígio.
*Com uma linguagem descuidada, suas obras são
impregnadas da justa preocupação com os fatos
históricos e com os costumes sociais. Torna-se uma
espécie de cronista e um caricaturista se vingando
da hostilidade dos escritores e do público burguês.
Poucos aceitam aqueles contos e romances que
revelavam a vida cotidiana das classes populares,
sem qualquer idealização.
*
*Em Clara dos Anjos relata-se a estória de
uma pobre mulata, filha de um carteiro de
subúrbio, que apesar das cautelas
excessivas da família, é iludida, seduzida e,
como tantas outras, desprezada, enfim, por
um rapaz de condição social menos humilde
do que a sua. É uma estória onde se tenta
pintar em cores ásperas o drama de tantas
outras raparigas da mesma cor e do mesmo
ambiente.
*O romancista procurou fazer de sua personagem
uma figura apagada, de natureza "amorfa e
pastosa", como se nela quisesse resumir a
fatalidade que persegue tantas criaturas de sua
casta: "A priori", diz, "estão condenadas, e tudo
e todos parecem condenar os seus esforços e os
dos seus para elevar a sua condição moral e
social." É claro que os traços singulares, capazes
de formar um verdadeiro "caráter" romanesco,
dando-lhe relevo próprio e nitidez hão de
esbater-se aqui para melhor se ajustarem à
regra genérica. E Clara dos Anjos torna-se,
assim, menos uma personagem do que um
argumento vivo e um elemento para a denúncia."
*
*Clara dos Anjos: Protagonista e narradora.
Mulata do subúrbio carioca, era admirada
por sua, beleza e inocência. Tinha por
ambição arranjar um belo casamento,
tivera uma vida simples, porém o melhor
que seus pais podiam lhe oferecer.
* Ex:
“Era tratada pelos pais com muito desvelo,
recato e carinho; e, a não ser com a mãe
ou pai, só saía com Dona margarida, uma
viúva muito séria, que morava nas
vizinhanças e ensinava a Clara bordados e
costuras.”
*Marrameque : Semiparalítico, padrinho de
Clara, compadre de Joaquim dos Anjos,
frequentara uma pequena roda de boêmios e
literatos e poetas.
*Ex:
“(...)devido a seu estado de invalidez, de
semi-aleijado e semiparalítico do lado
esquerdo, tinha, entretanto, pertencido a
uma modesta roda de boêmios literatos e
poetas, na qual, a par da poesia e de
coisas de literatura, se discutia muita
política, hábito que lhe fico(...).”
*Cassi Jones: Andava na moda, seduzia as damas
com seu irresistível violão, seguido de
escândalos, nos jornais e nas delegacias. Pelo
fato de sedução em senhoras casadas. Porém a
mãe sempre o defendia.
*Ex:
“Era Cassi um rapaz de pouco menos de
trinta anos, branco, sardento, insignificante,
de rosto e de corpo; e, conquanto fosse
conhecido como consumado "modinhoso",
além de o ser também por outras façanhas
verdadeiramente ignóbeis, não tinha as
melenas do virtuose do violão, nem outro
qualquer traço de capadócio(...).”
*Joaquim dos anjos: carteiro, acredita-se
músico escreveu a polca, valsas, tangos e
acompanhamentos de modinha. polca: siri
sem unhas; valsa: magos do coração.
Tiveram algum sucesso, a ponto de vender
ele a propriedade de cada uma, por
cinquenta mil-réis, a uma casa de músicas.
O seu saber musical era fraco; adivinha
mais do que empregava noções teóricas que
tivesse estudo. Pai de Clara dos Anjos
*Ex:
*“O carteiro Joaquim dos anjos não
era homem de serestas e serenatas;
mas gostava de violão e de
modinhas. Ele mesmo tocava flauta,
instrumento que já foi muito estimado
em outras épocas, não o sendo
atualmente como outrora.”
*Mr. Shays: Chefe da seita bíblica, homem
tenaz cheio de eloquência bíblica faz seus
adeptos ouvir a palavra. Quando os adeptos
se acham preparados põem-se a propagá-la.
*Ex:
“Era Shays Quick ou Quick Shays daquela
raça curiosa de yankees fundadores de
novas seitas cristãs. De quando em
quando, um cidadão protestante dessa
raça que deseja a felicidade de nós outros,
na terra e no céu, à luz de uma sua
interpretação de um ou mais versículos da
Bíblia, funda uma novíssima seita, põe-se a
propagá-la e logo encontra dedicados
adeptos(...).”
*Manuel borges de Azevedo e Salustiana Baeta
de Azevedo: Pais de Cassi. O pai não gostava
dos procedimentos do filho, enquanto a mãe,
cobria-lhe as desfeitas com as proteções.
*“(...) Dona Salustiana, chorando e
jurando a sua inocência, asseverando
que a tal fulana – qualquer das vítimas –
já estava perdida, por esse ou por aquele;
que fora uma cilada que lhe armaram,
para encobrir um mal feito por outrem, e
por o saberem de boa família, etc.,etc.”
*Ex:
“O pai desse Cassi era verdadeiramente
um homem sério. Estreito de ideias,
familiarizado no emprego público, que, há
cerca de trinta anos, exercia, ele tinha
profundos sentimentos morais, que lhe
guiavam a conduta no seu comércio com
os filhos. Nunca fora afetuoso: evitava até
todas as exibições e exageros
sentimentais(...). ”
*Doutor Meneses:
es: O dentista da família. Intermediário dos
bilhetes e cartas de Cassi para Clara. Senhor
Monção - caixeiro vendedor; Belmiro Bernedes &
Cia. - "tocava realejo", era um moço português,
simpático, educado, e bom porte.
*Ex:
*“ - Foi para casa do carteiro. Está tratando
dos dentes da filha e almoça quase sempre
lá. Ele precisava, coitado do Doutor
Meneses! – um homem ilustrado, velho,
doente – quase não comia; era só beber
(...).”
*D.laurentina Jácome: gostava de rezar, ficar
zelando a igreja.
*Ex:
“(...)Dona Laurentina Jácome, uma velha,
sempre metida com rezas e padres,
pensionista do ex Imperador e empregada
numa capelinha da vizinhança, de cuja
limpeza era encarregada, inclusive da
lavagem das toalhas dos altares. . Não
podia conversar outra coisa que não
fossem acontecimentos eclesiásticos e,
quase sempre, os de sua igreja.”
*D. Vicêntina : cartomante.
*Ex:
“(...)Além desta, havia uma digna de
nota: era Dona Vicência. Morava na
vizinhança também e vivia a deitar cartas
e cortar "cousas feitas". O seu
procedimento era inatacável e exercia a
sua profissão de cartomante com toda a
seriedade e convicção.”
*João pintor: Era um cidadão que visitava "os
bíblias" aqueles que pregavam o evangelho.
*Ex:
“Era homem de pouca altura, trazia a
cabeça sempre erguida, testa reta e alta,
queixo forte e largo, olhar firme, debaixo
de seu pince-nez de aros de ouro. “Era
preto retinto, grossos lábios, malares
proeminentes, testa curta dentes muito
bons e muitos claros, longos braços,
manoplas enormes, longas pernas e uns
tais pés que não havia calçado”.
*
*Tempo Psicológico: “(...) Hoje, é raro ver-
se, no Rio de Janeiro, um muro coberto
de hera; entretanto, há trinta anos, nas
laranjeiras, na rua Conde de Bonfim, no
Rio Comprido, no Andaraí, no Engenho
Novo, enfim, em todos os bairros que
foram antigamente estações de repouso
e prazer, encontravam-se, a cada passo,
longos muros cobertos de hera, exalando
melancolia e sugerindo recordações (...)”
* Tempo Cronológico: “(...)Chegou
Cassi Jones à casa de Lafões quase à
noite. Era uma pequena casa, mas
bem tratada e limpa(...)”
*
*Rio de Janeiro: sob o impacto das
mudanças estruturais impostas à cidade,
surgem através de aspectos relevantes para
a constituição do espaço da narrativa. A
idealização do espaço urbano, de seu
planejamento, e as diferentes estratégias
de intervenção que fizeram parte do Rio de
Janeiro, no começo do século XX, pareceu-
nos transformar a cidade em denúncia de
uma sociedade injusta e racista.
*Ex:
“O subúrbio é um refugio dos infelizes.
Os que perderam o emprego, as
fortunas; os que faliram nos negócios,
enfim, todos os que perderam a sua
situação normal vão se alinhar ali (...).”
*
*O narrador é observador e em 3ª pessoa. Em
outras palavras, conta a historia e, ao
mesmo tempo, vai descrevendo as
personagens e o espaço para nós, leitores,
termos informação para formar o perfil
social e psicológico de cada personagem e
também para conseguirmos perceber como
eram os subúrbios.
*Ex:
“[...] O carteiro Joaquim dos Anjos não era
homem de serestas; mas gostava de
violão e de modinhas. Ele mesmo tocava
flauta, instrumento que já foi muito
estimado em outras épocas, não o sendo
atualmente como outrora[...]”
*
*O autor procura usar uma linguagem
simples, aproximando-se da língua falada
da época. O estilo da narrativa é objetivo,
incorporando a linguagem do texto
jornalístico, com frases espontâneas. Foi
muito criticado por escrever desse modo e
mostra a questão social do uso da
linguagem em trechos do livro.
*Ex:
“O violeiro leu o que quis, fechou a
carta e deu ao pobre velho. A sua
resolução já estava tomada. Havia
forçosamente de se entregar que o
arrastava. Ela o havia levado até ali; era
inútil resistir. Entregou a carta a clara.
No dia seguinte, recebeu a resposta.
Entregou-a Cassi. Assim, durante um
mês e tanto, e ele foi o intermediário
dos dois(...).”
*
*Questão racial... que até hoje muitas
pessoas sofrem com o problema de
preconceito racial. e clara sofria com
isso.
*Ex:
“ (...) repugnava-lhe ver o filho
casado com uma criada preta, ou
com uma pobre mulata
costureira(...).“
*
*Preconceito racial-social
*Realismo e naturalismo
*Cultural brasileira
*Ex:
“(...) não haveria um talvez, entre toda
aquela gente de ambos os sexos, que
não fosse indiferente á sua desgraça...
Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro!
O que era preciso, tanto a ela como ás
suas iguais, era educar o caráter (...)“
*
*A narrativa literária nos propicia
estabelecer a intersubjetividade entre a
obra, autor e leitor, fato que nos orienta
para o real e que se estabelece de maneira
concreta pela escritura. As múltiplas visões
que uma história pode vir a ter são criadas
nesse momento, projetando aspectos
sociais de dadas culturas que, nesse caso,
mostrado por Clara dos Anjos, assume o
imaginário vivido no Brasil do século
passado,marcado pelo racismo.
*Lima Barreto descrevia, em seus textos, tudo
aquilo que caísse na sua inconformidade com
a sociedade. Em Clara dos Anjos, o autor não
separa a obra literária dos acontecimentos
reais, representando as crenças, o
comportamento e a tradição popular das
pessoas. Barreto faz uma fusão do real com a
ficção, narrando acontecimentos e fatos que
demonstram a situação das famílias cariocas
no início do século XX, atentando para a
maneira de agir de alguns grupos sociais, que
contribuiriam direta ou indiretamente na
formação da nova sociedade que estava por
vir.
*Não é preciso, portanto, mencionar todos os
capítulos desse romance para que se chegue a
uma consideração, aqui já dita, de que Lima
Barreto contempla o imaginário social que se
forma pela base de pessoas comuns,
conseguindo, assim, revelar a busca por uma
sociedade igualitária, embora se mostre
esfacelada e caótica perante o olhar do autor.
*
*http://www.e-biografias.net/lima_barreto/
*http://livroseresumos.com.br/clara-dos-anjos/
*http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2436095
*file:///C:/Users/User/Downloads/2438-10109-1-PB.pdf

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Clara dos anjos 3ª a - 2015

  • 1.
  • 2. * *Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio. Filho de Joaquim Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta, ambos mestiços e pobres. Sofreu preconceito a vida toda. Seu pai era tipógrafo e sua mãe professora primária. Logo cedo ficou órfão de mãe. *Estudou no Liceu Popular Niteroiense e concluiu o curso secundário no Colégio Pedro II, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Engenharia. Em 1904 foi obrigado a abandonar o curso, pois, seu pai havia enlouquecido e o sustento dos três irmão agora era responsabilidade dele.
  • 3. *Em 1904 consegue emprego de escrevente copista na Secretaria de Guerra, ao mesmo tempo que colabora com quase todos os jornais do Rio de Janeiro. Ainda estudante já colaborava para a Revista da Época e para a Quinzena Alegre. Em 1905 passa a escrever no Correio da Manhã, jornal de grande prestígio. *Com uma linguagem descuidada, suas obras são impregnadas da justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Torna-se uma espécie de cronista e um caricaturista se vingando da hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.
  • 4.
  • 5.
  • 6. * *Em Clara dos Anjos relata-se a estória de uma pobre mulata, filha de um carteiro de subúrbio, que apesar das cautelas excessivas da família, é iludida, seduzida e, como tantas outras, desprezada, enfim, por um rapaz de condição social menos humilde do que a sua. É uma estória onde se tenta pintar em cores ásperas o drama de tantas outras raparigas da mesma cor e do mesmo ambiente.
  • 7. *O romancista procurou fazer de sua personagem uma figura apagada, de natureza "amorfa e pastosa", como se nela quisesse resumir a fatalidade que persegue tantas criaturas de sua casta: "A priori", diz, "estão condenadas, e tudo e todos parecem condenar os seus esforços e os dos seus para elevar a sua condição moral e social." É claro que os traços singulares, capazes de formar um verdadeiro "caráter" romanesco, dando-lhe relevo próprio e nitidez hão de esbater-se aqui para melhor se ajustarem à regra genérica. E Clara dos Anjos torna-se, assim, menos uma personagem do que um argumento vivo e um elemento para a denúncia."
  • 8. * *Clara dos Anjos: Protagonista e narradora. Mulata do subúrbio carioca, era admirada por sua, beleza e inocência. Tinha por ambição arranjar um belo casamento, tivera uma vida simples, porém o melhor que seus pais podiam lhe oferecer.
  • 9. * Ex: “Era tratada pelos pais com muito desvelo, recato e carinho; e, a não ser com a mãe ou pai, só saía com Dona margarida, uma viúva muito séria, que morava nas vizinhanças e ensinava a Clara bordados e costuras.”
  • 10. *Marrameque : Semiparalítico, padrinho de Clara, compadre de Joaquim dos Anjos, frequentara uma pequena roda de boêmios e literatos e poetas. *Ex: “(...)devido a seu estado de invalidez, de semi-aleijado e semiparalítico do lado esquerdo, tinha, entretanto, pertencido a uma modesta roda de boêmios literatos e poetas, na qual, a par da poesia e de coisas de literatura, se discutia muita política, hábito que lhe fico(...).”
  • 11. *Cassi Jones: Andava na moda, seduzia as damas com seu irresistível violão, seguido de escândalos, nos jornais e nas delegacias. Pelo fato de sedução em senhoras casadas. Porém a mãe sempre o defendia. *Ex: “Era Cassi um rapaz de pouco menos de trinta anos, branco, sardento, insignificante, de rosto e de corpo; e, conquanto fosse conhecido como consumado "modinhoso", além de o ser também por outras façanhas verdadeiramente ignóbeis, não tinha as melenas do virtuose do violão, nem outro qualquer traço de capadócio(...).”
  • 12. *Joaquim dos anjos: carteiro, acredita-se músico escreveu a polca, valsas, tangos e acompanhamentos de modinha. polca: siri sem unhas; valsa: magos do coração. Tiveram algum sucesso, a ponto de vender ele a propriedade de cada uma, por cinquenta mil-réis, a uma casa de músicas. O seu saber musical era fraco; adivinha mais do que empregava noções teóricas que tivesse estudo. Pai de Clara dos Anjos
  • 13. *Ex: *“O carteiro Joaquim dos anjos não era homem de serestas e serenatas; mas gostava de violão e de modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estimado em outras épocas, não o sendo atualmente como outrora.”
  • 14. *Mr. Shays: Chefe da seita bíblica, homem tenaz cheio de eloquência bíblica faz seus adeptos ouvir a palavra. Quando os adeptos se acham preparados põem-se a propagá-la. *Ex: “Era Shays Quick ou Quick Shays daquela raça curiosa de yankees fundadores de novas seitas cristãs. De quando em quando, um cidadão protestante dessa raça que deseja a felicidade de nós outros, na terra e no céu, à luz de uma sua interpretação de um ou mais versículos da Bíblia, funda uma novíssima seita, põe-se a propagá-la e logo encontra dedicados adeptos(...).”
  • 15. *Manuel borges de Azevedo e Salustiana Baeta de Azevedo: Pais de Cassi. O pai não gostava dos procedimentos do filho, enquanto a mãe, cobria-lhe as desfeitas com as proteções. *“(...) Dona Salustiana, chorando e jurando a sua inocência, asseverando que a tal fulana – qualquer das vítimas – já estava perdida, por esse ou por aquele; que fora uma cilada que lhe armaram, para encobrir um mal feito por outrem, e por o saberem de boa família, etc.,etc.”
  • 16. *Ex: “O pai desse Cassi era verdadeiramente um homem sério. Estreito de ideias, familiarizado no emprego público, que, há cerca de trinta anos, exercia, ele tinha profundos sentimentos morais, que lhe guiavam a conduta no seu comércio com os filhos. Nunca fora afetuoso: evitava até todas as exibições e exageros sentimentais(...). ”
  • 17. *Doutor Meneses: es: O dentista da família. Intermediário dos bilhetes e cartas de Cassi para Clara. Senhor Monção - caixeiro vendedor; Belmiro Bernedes & Cia. - "tocava realejo", era um moço português, simpático, educado, e bom porte. *Ex: *“ - Foi para casa do carteiro. Está tratando dos dentes da filha e almoça quase sempre lá. Ele precisava, coitado do Doutor Meneses! – um homem ilustrado, velho, doente – quase não comia; era só beber (...).”
  • 18. *D.laurentina Jácome: gostava de rezar, ficar zelando a igreja. *Ex: “(...)Dona Laurentina Jácome, uma velha, sempre metida com rezas e padres, pensionista do ex Imperador e empregada numa capelinha da vizinhança, de cuja limpeza era encarregada, inclusive da lavagem das toalhas dos altares. . Não podia conversar outra coisa que não fossem acontecimentos eclesiásticos e, quase sempre, os de sua igreja.”
  • 19. *D. Vicêntina : cartomante. *Ex: “(...)Além desta, havia uma digna de nota: era Dona Vicência. Morava na vizinhança também e vivia a deitar cartas e cortar "cousas feitas". O seu procedimento era inatacável e exercia a sua profissão de cartomante com toda a seriedade e convicção.”
  • 20. *João pintor: Era um cidadão que visitava "os bíblias" aqueles que pregavam o evangelho. *Ex: “Era homem de pouca altura, trazia a cabeça sempre erguida, testa reta e alta, queixo forte e largo, olhar firme, debaixo de seu pince-nez de aros de ouro. “Era preto retinto, grossos lábios, malares proeminentes, testa curta dentes muito bons e muitos claros, longos braços, manoplas enormes, longas pernas e uns tais pés que não havia calçado”.
  • 21. * *Tempo Psicológico: “(...) Hoje, é raro ver- se, no Rio de Janeiro, um muro coberto de hera; entretanto, há trinta anos, nas laranjeiras, na rua Conde de Bonfim, no Rio Comprido, no Andaraí, no Engenho Novo, enfim, em todos os bairros que foram antigamente estações de repouso e prazer, encontravam-se, a cada passo, longos muros cobertos de hera, exalando melancolia e sugerindo recordações (...)”
  • 22. * Tempo Cronológico: “(...)Chegou Cassi Jones à casa de Lafões quase à noite. Era uma pequena casa, mas bem tratada e limpa(...)”
  • 23. * *Rio de Janeiro: sob o impacto das mudanças estruturais impostas à cidade, surgem através de aspectos relevantes para a constituição do espaço da narrativa. A idealização do espaço urbano, de seu planejamento, e as diferentes estratégias de intervenção que fizeram parte do Rio de Janeiro, no começo do século XX, pareceu- nos transformar a cidade em denúncia de uma sociedade injusta e racista.
  • 24. *Ex: “O subúrbio é um refugio dos infelizes. Os que perderam o emprego, as fortunas; os que faliram nos negócios, enfim, todos os que perderam a sua situação normal vão se alinhar ali (...).”
  • 25. * *O narrador é observador e em 3ª pessoa. Em outras palavras, conta a historia e, ao mesmo tempo, vai descrevendo as personagens e o espaço para nós, leitores, termos informação para formar o perfil social e psicológico de cada personagem e também para conseguirmos perceber como eram os subúrbios.
  • 26. *Ex: “[...] O carteiro Joaquim dos Anjos não era homem de serestas; mas gostava de violão e de modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estimado em outras épocas, não o sendo atualmente como outrora[...]”
  • 27. * *O autor procura usar uma linguagem simples, aproximando-se da língua falada da época. O estilo da narrativa é objetivo, incorporando a linguagem do texto jornalístico, com frases espontâneas. Foi muito criticado por escrever desse modo e mostra a questão social do uso da linguagem em trechos do livro.
  • 28. *Ex: “O violeiro leu o que quis, fechou a carta e deu ao pobre velho. A sua resolução já estava tomada. Havia forçosamente de se entregar que o arrastava. Ela o havia levado até ali; era inútil resistir. Entregou a carta a clara. No dia seguinte, recebeu a resposta. Entregou-a Cassi. Assim, durante um mês e tanto, e ele foi o intermediário dos dois(...).”
  • 29. * *Questão racial... que até hoje muitas pessoas sofrem com o problema de preconceito racial. e clara sofria com isso. *Ex: “ (...) repugnava-lhe ver o filho casado com uma criada preta, ou com uma pobre mulata costureira(...).“
  • 30. * *Preconceito racial-social *Realismo e naturalismo *Cultural brasileira *Ex: “(...) não haveria um talvez, entre toda aquela gente de ambos os sexos, que não fosse indiferente á sua desgraça... Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro! O que era preciso, tanto a ela como ás suas iguais, era educar o caráter (...)“
  • 31. * *A narrativa literária nos propicia estabelecer a intersubjetividade entre a obra, autor e leitor, fato que nos orienta para o real e que se estabelece de maneira concreta pela escritura. As múltiplas visões que uma história pode vir a ter são criadas nesse momento, projetando aspectos sociais de dadas culturas que, nesse caso, mostrado por Clara dos Anjos, assume o imaginário vivido no Brasil do século passado,marcado pelo racismo.
  • 32. *Lima Barreto descrevia, em seus textos, tudo aquilo que caísse na sua inconformidade com a sociedade. Em Clara dos Anjos, o autor não separa a obra literária dos acontecimentos reais, representando as crenças, o comportamento e a tradição popular das pessoas. Barreto faz uma fusão do real com a ficção, narrando acontecimentos e fatos que demonstram a situação das famílias cariocas no início do século XX, atentando para a maneira de agir de alguns grupos sociais, que contribuiriam direta ou indiretamente na formação da nova sociedade que estava por vir.
  • 33. *Não é preciso, portanto, mencionar todos os capítulos desse romance para que se chegue a uma consideração, aqui já dita, de que Lima Barreto contempla o imaginário social que se forma pela base de pessoas comuns, conseguindo, assim, revelar a busca por uma sociedade igualitária, embora se mostre esfacelada e caótica perante o olhar do autor.