Trabalho realizado por um formando do Curso EFA - B3 (2008/2009) da Escola E.B. 2,3 de Valongo, no âmbito do Tema de Vida 3 ("Somos Consumidores") e das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Camões e a lírica de saudade
1. Canto I
as armas e os barões assInalados
Que, da oCIdental praIa lusItana,
por mares nunCa dantes navegados
passaram aInda além da taprobana,
em perIgos e guerras esforçados,
maIs do Que prometIa a força humana,
e entre gente remota edIfICaram
novo reIno, Que tanto sublImaram;
e também as memórIas glorIosas
daQueles reIs Que foram dIlatando
a fé, o ImpérIo, e as terras vICIosas
de ÁfrICa e de ÁsIa andaram
devastando,
e aQueles Que por obras valerosas
se vão da leI da morte lIbertando:
Cantando espalhareI por toda a
parte,
se a tanto me ajudar o engenho e
arte.
luís vaz de Camões – os lusíadas
fotos.sapo.pt/76LsJhqpZvjEA7C14f7r
2. e também as memórIas glorIosas
daQueles reIs Que foram dIlatando
a fé, o ImpérIo, e as terras vICIosas
de ÁfrICa e de ÁsIa andaram devastando,
e aQueles Que por obras valorosas
se vão da leI da morte lIbertando;
Cantando espalhareI por toda a parte,
se a tanto me ajudar o engenho e arte .
luís vaz de Camões – os lusíadas
Olhares .aeio.pt/luis_de_camoes_foto1059537.html - 22k
3. fonte: http://www.dIaadIa.pr.gov.br/tvpendrIve/arQuIvos/fIle/Imagens/4portugues/897.jpg
Cessem do sÁbIo grego e do troIano
as navegações grandes Que fIzeram;
Cale-se de alexandro e de trajano
a fama das vItórIas Que tIveram;
Que eu Canto o peIto Ilustre lusItano ,
a Quem neptuno e marte obedeCeram.
Cesse tudo o Que a musa antIga Canta,
Que outro valor maIs alto se a levanta.
luís vaz de Camões – os
lusíadas
4. muItas são as
InCertezas sobre o
perCurso de vIda do
maIs Célebre dos
esCrItores
portugueses. Contudo,
é possível, Completar
o seu esboço
bIogrÁfICo reCorrendo
a vÁrIos doCumentos
esCrItos.
Começando pelo
loCal e data do seu
nasCImento, logo
surgem as prImeIras
dúvIdas: 1524 ou 1525?
a terra natal do
poeta terIa sIdo fonte: http://www.nenetteCh.Com/dIghtonroCk/baCkgrounds/palaCIo_dos_Corte_reaIs_-150.jpg
lIsboa? CoImbra?
5. Quando tudo aConteCeu...
1524 ou 1525: datas provÁveIs do
nasCImento de luís vaz de Camões, talvez
em lIsboa.
1548: desterro no rIbatejo; alIsta-se no
ultramar.
1549: embarCa para Ceuta; perde o olho
dIreIto numa esCaramuça Contra os mouros.
1551: regressa a lIsboa.
1552: numa brIga, fere um funCIonÁrIo da
CavalarIça real e é preso.
1553: é lIbertado; embarCa para o orIente.
1554: parte de goa em perseguIção a navIos
merCantes mouros, sob o Comando de
fernando de meneses.
1556: é nomeado provedor-mor em maCau;
naufraga nas Costas do Camboja.
1562: é preso por dívIdas não pagas e depoIs
lIbertado pelo vICe-reI Conde de redondo, de
Quem era protegIdo.
fonte: http://2.bp.blogspot.Com/_pdtk-
1567: segue para moçambIQue. gYeQoI/r8rtoIurQeI/aaaaaaaaanw/lCu9l
k8nlus/s320/selo%2bCam%C3%b5es.jpg
1570: regressa a lIsboa na nau santa
Clara.
1572: saI a prImeIra edIção d’os lusíadas.
1579 ou 1580: morre de peste, em lIsboa.
6. vão as serenas Águas
vão as serenas Águas
do mondego desCendo
mansamente, Que até o mar não param;
por onde mInhas mÁgoas
pouCo a pouCo CreCendo,
para nunCa aCabar se Começaram.
alI se ajuntaram
neste lugar ameno,
aonde agora mouro,
fIg. – CoImbra no séCulo xvI testa de nove e ouro,
rIso brando, suave, olhar sereno,
um gesto delICado,
Que sempre na alma me estarÁ pIntado.
luís de Camões
fonte: http://ofICIna.CIenCIavIva.pt/~pw020/g7/lat2.htm
7. fonte: http://www.InfopedIa.pt/mostra_Imagem.jsp?reCId=20855
e vós, tÁgIdes mInhas, poIs CrIado
tendes em mI um novo engenho ardente,
se sempre, em verso humIlde, Celebrado
foI de mI vosso rIo alegremente,
daI-me agora um som alto e sublImado,
um estIlo grandíloQuo e Corrente,
por Que de vossas Águas febo ordene
Que não tenham Inveja às de hIpoCrene .
luís de Camões
9. daI-me uma fúrIa grande e sonorosa,
e não de agreste avena ou frauta ruda ,
mas de tuba Canora e belICosa,
Que o peIto aCende e a Cor ao gesto muda.
daI-me Igual Canto aos feItos da famosa
gente vossa, Que a marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se Cante no unIverso,
se tão sublIme preço Cabe em verso.
luís de Camões
fonte:http://www.fraternIdaderosaCruz.org/Camoes.jpg
10. as rImas são a prImeIra edIção da lírICa CamonIana,
feIta a partIr de CanCIoneIros manusCrItos, em 1595.
fonte: http://www.aCademIa.org.br/abl/medIa/bb_rhYthamas.bmp
14. amor é um fogo Que arde sem se ver
amor é um fogo Que arde sem se ver,
é ferIda Que dóI, e não se sente;
é um Contentamento desContente,
é dor Que desatIna sem doer.
é um não Querer maIs Que bem Querer;
é um andar solItÁrIo entre a gente;
é nunCa Contentar-se de Contente;
é um CuIdar Que ganha em se perder.
é Querer estar preso por vontade;
é servIr a Quem venCe, o venCedor;
é ter Com Quem nos mata, lealdade.
mas Como Causar pode seu favor
nos Corações humanos amIzade,
se tão ContrÁrIo a sI é o mesmo amor?
fontes: www.nosCafora.be/.../Camoes.jpg
15. Que vençaIs no orIente tantos reIs,
Que de novo nos deIs da índIa o estado,
Que esCureçaIs a fama Que ganhado
tInham os Que ganharam a InfIéIs;
Que do tempo tenhaIs venCIdo as leIs,
Que tudo, enfIm, vençaIs C’o tempo armado;
Fonte: 3.bp.blogspot.com/.../s400/camoes.bmp maIs é venCer na pÁtrIa, desarmado,
os monstros e as QuImeras Que venCeIs.
e assI, sobre venCerdes tanto ImIgo,
e por armas fazer Que, sem segundo,
vosso nome no mundo ouvIdo seja,
o Que vos dÁ maIs nome Inda no mundo
é venCerdes, senhor, no reIno amIgo,
tantas IngratIdões, tão grande enveja!
16. a d. sImão da sIlveIra, em resposta de outro seu, pelos
mesmos Consoantes, mandando-lhe perguntar Quem
fora o prImeIro poeta Que fIzera sonetos
de um tão felICe engenho, produzIdo
de outro, Que o Claro sol não vIu maIor,
é trazer Cousas altas no sentIdo,
todas dInas de espanto e de louvor.
museu foI antIQuíssImo esCrItor,
fIlósofo e poeta ConheCIdo,
dIsCípulo do músICo amador
Que C’o som teve o Inferno suspendIdo.
este pôde abalar o monte mudo,
Cantando aQuele mal, Que eu jÁ passeI,
do manCebo de abIdo mal sIsudo.
agora Contam jÁ (segundo aCheI),
fontes: http://www.aupper.pt/obras/Images/oslusIadas.jpg
tasso, e o nosso bosCão, Que dIsse tudo
dos segredos Que move o Cego reI.
17. ah, mInha dInamene assI deIxaste
Quem não deIxara nunCa de Querer-te!
ah, nInfa mInha, jÁ não posso ver-te,
tão asInha esta vIda desprezaste!
Como jÁ para sempre te apartaste
de Quem tão longe estava de perder-te?
puderam estas ondas defender-te
Que não vIsses Quem tanto magoaste?
nem falar-te somente a dura morte
me deIxou, Que tão Cedo o negro manto
em teus olhos deItado ConsentIste!
ó mar! ó Céu! ó mInha esCura sorte!
Qual pena sentIreI, Que valha tanto,
Que aInda tenho por pouCo o vIver trIste?
Fonte: www.templodeapolo.net/.../big/ninfas03.jpg
18. apartava-se nIse de montano,
em Cuja alma partIndo-se fICava;
Que o pastor na memórIa a debuxava,
por poder sustentar-se deste engano.
pelas praIas do índICo oCeano
sobre o Curvo Cajado se enCostava,
e os olhos pelas Águas alongava,
Que pouCo se doíam de seu dano.
«poIs Com tamanha mÁgoa e saudade
— dezIa – QuIs deIxar-me a Que eu adoro,
por testemunhas tomo Céu e estrelas.
mas se em vós, ondas, mora pIedade,
levaI também as lÁgrImas Que Choro,
poIs assI me levaIs a Causa delas!
www.malhatlantica.pt
19. «deIxo, deuses, atrÁs a fama antIga,
Que Coma gente de rômulo alCançaram,
Quando Com vIrIato, na InImIga
guerra romana, tanto se afamaram;
também deIxo a memórIa Que os obrIga
a grande nome, Quando levantaram
um por seu CapItão, Que, peregrIno,
fIngIu na Cerva espírIto dIvIno.
fonte: members.fortuneCItY.Com
20. verdes são os
Campos
verdes são os Campos
da Cor do lImão:
assI são os olhos
do meu Coração.
Campo, Que te
estendes
Com verdura bela;
ovelhas, Que nela
vosso pasto tendes;
d’ervas vos
mantendes
Que traz o verão,
e eu das lembranças
do meu Coração.
gado, Que paCeIs,
Co Contentamento
vosso mantImento fonte: http://3.bp.blogspot.Com/_Itd-
não o entendeIs: lsb8Qmu/sr30h2zu37I/aaaaaaaaaem/waz2dpbtngg/s400/paIsagem_olh
os_verdes.jpg
Isso Que ComeIs
não são ervas, não:
são graças dos olhos
do meu Coração
luís vaz de Camões
21. oh, Como se me alonga, de ano em ano
oh, Como se me alonga, de ano em ano,
a peregrInação Cansada mInha!
Como se enCurta, e Como ao fIm CamInha
este meu breve e vão dIsCurso humano!
vaI-se gastando a Idade e CresCe o dano;
perde-se-me um remédIo, Que Inda tInha;
se por experIênCIa se adIvInha,
QualQuer grande esperança é grande engano.
Corro após este bem Que não se alCança;
no meIo do CamInho me faleCe,
mIl vezes CaIo, e perCo a ConfIança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,
se os olhos ergo a ver se Inda pareCe,
da vIsta se me perde e da esperança.
fonte:http://InCondICIonalmentevasCo.fIles.wordpress.Com/2008/03/Caravela2.jpg
22. Que me QuereIs perpétuas
saudades?
Que me QuereIs perpétuas saudades?
Com Que esperanças aInda me enganaIs?
Que o tempo Que se vaI não torna maIs,
e se torna, não tornam as Idades.
razão é jÁ, ó anos!, Que vos vades,
porQue estes tão lIgeIros Que passaIs,
nem todos para um gosto são IguaIs,
nem sempre são Conforme as vontades.
aQuIlo Que jÁ QuIs é tão mudado
Que Quase é outra Cousa; porQue os dIas
têm o prImeIro gosto jÁ danado.
esperanças de novas alegrIas
não mas deIxa a fortuna e o tempo errado,
Que do Contentamento são espIas.
fonte: http://farm4.statIC.flICkr.Com/3171/2738307582_14fa89C897.jpg?v=0
23. a luís de Camões
sem lÁstIma e sem Ira o tempo
arromba
as heróICas espadas. pobre e trIste
Á tua pÁtrIa nostÁlgICa voltaste,
ó CapItão, para nela morrer
e Com ela. no magICo deserto
tInha-se a flor de portugal perdIdo
e o Áspero espanhol, antes venCIdo,
ameaçava o seu Costado aberto.
Quero saber se aQuém da rIbeIra
últIma Compreendeste humIldemente
Que tudo o perdIdo, o oCIdente
e o orIente, o aço e a bandeIra,
fonte: perdurarIa (alheIo a toda a humana
http://3.bp.blogspot.Com/_rj2bl4kmmae/se0m_7CIrII/aaaaaaaad_C/Qd
lmnxvjkeg/s400/Cam%C3%b5es.bmp
mutaçao) na tua eneIda lusItana.
jorge luís borges
24. -"ó glórIa de mandar! ó vã CobIça
desta vaIdade a Quem Chamamos fama!
ó fraudulento gosto Que se atIça
Cua aura popular Que honra se Chama!
Que CastIgo tamanho e Que justIça
fazes no peIto vão Que muIto te ama!
Que mortes, Que perIgos, Que tormentas,
Que Crueldade neles experImentas!
fonte:
http://purl.pt/1229/1/d-394-
v_jpg/d-394-v_jpg_24-C-r0072/d-394-
v_t24-C-r0072.jpg
25. a lamentÁvel CatÁstrofe de d. Inês de
Castro
da trIste, bela Inês, Inda os Clamores
andas, eCo Chorosa, repetIndo;
Inda aos pIedosos Céus andas pedIndo
justIça Contra os ímpIos matadores;
ouvem-se Inda na fonte dos amores
de Quando em Quando as nÁIades CarpIndo;
e o mondego, no Caso refleCtIndo,
rompe Irado a barreIra, alaga as flores:
Inda altos hInos o unIverso entoa
a pedro, Que da morte formosura
ConvosCo, amores, ao sepulCro voa:
mIlagre da beleza e da ternura!
abre, desCe, olha, geme, abraça e C'roa
a malfadada Inês na sepultura.
boCage
fonte: www.mulheresddInIs.blogspot.Com
26. "(...) CÁ, onde o mal se afIna e o bem se dana,
e pode maIs Que a honra a tIranIa;
CÁ, onde a errada e Cega monarQuIa
CuIda Que um nome vão a deus engana;
(...) CÁ neste esCuro Caos de Confusão,
CumprIndo o Curso estou da natureza.
vê se me esQueCereI de tI, sIão!"
fonte:
http://2.bp.blogspot.Com/_w3epfneC69Y/roujump4CxI/a
aaaaaaaafe/nmtkrYwl6Cg/s200/Camoes.jpg
27. Cantava a bela deusa Que vIrIam
do tejo, pelo mar Que o gama abrIra,
armadas Que as rIbeIras venCerIam
por onde o oCeano índICo suspIra;
e Que os gentIos reIs Que não darIam
a CervIz sua ao jugo, o ferro e Ira
provarIam do braço duro e forte,
até render-se a ele ou logo à morte.
fonte:http://www.Iep.umInho.pt/aaC/lIC/te/ate04/wQpI/wQCamonIana/Images/Caravela%201.jpg
28. transforma-se o amador na Cousa
amada
transforma-se o amador na Cousa amada,
por vIrtude do muIto ImagInar;
não tenho logo maIs Que desejar,
poIs em mIm tenho a parte desejada.
se nela estÁ mInha alma transformada,
Que maIs deseja o Corpo de alCançar?
em sI sómente pode desCansar,
poIs ConsIgo tal alma estÁ lIada.
mas esta lInda e pura semIdeIa,
Que, Como o aCIdente em seu sujeIto,
assIm Co'a alma mInha se Conforma,
fonte:
http://mCebraga.fIles.wordpress.Com/2008/03/ponte.jpg
estÁ no pensamento Como IdeIa;
[e] o vIvo e puro amor de Que sou feIto,
Como matérIa sImples busCa a forma.
29. oh! Que famIntos beIjos na floresta,
e Que mImoso Choro Que soava
Que afagos tão suaves, Que Ira honesta!
Que em rIsInhos alegre se tornava!
o Que maIs passam na manhã e na sesta,
Que vénus Com prazeres Inflamava,
melhor é experImentÁ-lo Que julgÁ-lo;
mas julgue-o Quem não pode experImentÁ-lo
fontes: http://mulher50a60.weblog.Com.pt/arQuIvo/bottICellI_the_bIrth_of_venus_detaIl.jpg
30. erros meus, mÁ fortuna, amor ardente
erros meus, mÁ fortuna, amor ardente
em mInha perdIção se Conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mIm bastava amor somente.
tudo passeI; mas tenho tão presente
a grande dor das Cousas Que passaram,
Que as magoadas Iras me ensInaram
a não Querer jÁ nunCa ser Contente.
erreI todo o dIsCurso de meus anos;
fonte:
deI Causa [a] Que a fortuna CastIgasse http://3.bp.blogspot.Com/_IIrQw6elhdw/rtjenh9kopI/aaaaaaaaaIs/Ix
astflzduo/s1600-h/thoughts.bmp
as mInhas mal fundadas esperanças.
de amor não vI senão breves enganos.
oh! Quem tanto pudesse, Que fartasse
este meu duro génIo de vInganças!
luís de Camões
trabalho realIzado por
sIdónIo vIeIra , Curso efa - b3
(2008/2009)