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Capítulo 1
THERON ANETAKIS separava em pilhas a montanha
de papéis de trabalho que a secretária deixara so-
bre sua mesa para que ele analisasse.Resmungan-
do xingamentos, atirava cartas para a direita e a
esquerda.Quando surgia alguma que merecia mais
que um olhar superficial,ela era atirada na pilha de
assuntos que demandavam sua atenção.Outras ti-
nham como destino a lata de lixo,que se encontra-
va ao lado de seu pé.
Assumir os escritórios de Nova York não fora um
processo tranquilo.Após a descoberta de que um dos
membros da equipe da empresa estava vendendo os
projetosdeumhoteldaAnetakisparaumconcorrente,
Theron e os irmãos fizeram uma faxina corporativa e
reformaram o quadro de funcionários.A criminosa,a
ex-assistente de Chrysander,fora presa após um acor-
do judicial.
Por conta do ocorrido, os irmãos Anetakis se
tornaram receosos em permitir acesso ilimitado
às informações confidenciais da empresa a outro
funcionário. Mas, por fim, Theron optara por tra-
zer a própria secretária do seu escritório em Lon-
dres.Era uma mulher mais velha,responsável e – o
mais importante – leal. Embora nenhum dos ir-
mãos Anetakis estivesse disposto a confiar total-
mente em outro funcionário, após o fiasco com
Roslyn.
Ao chegar de Londres, Theron foi recebido com
uma pilha de documentos,contratos,mensagens e
e-mails.Dois dias depois,ele ainda tentava decifrar
aquela bagunça. E pensar que a secretária já dera
conta da maior parte daquela desordem!
Theron estacou diante de uma carta endereçada
a Chrysander e quase a atirou no lixo;mas se deteve
quando viu o que estava escrito. Linhas profundas
lhe vincavam a testa ao esticar a outra mão para o
telefone.
Sem se importar com a diferença de fuso horário
e com a possibilidade de acordar o irmão, digitou o
número e esperou,impaciente,que a ligação se com-
pletasse.Sentiuumapontadaderemorsopelaproba-
bilidade de acordar Marley,a esposa de Chrysander,
mas tinha esperança de que ele atendesse antes que
isso acontecesse.
– É melhor ter uma boa razão para telefonar a
esta hora – rosnou Chrysander com voz sonolenta.
Theron não perdeu tempo com saudações.
– Quem diabos é Isabella? – perguntou.
– Isabella?–Nãohaviadúvidasquantoàsurpre-
sa na voz de Chrysander. – Está ligando a esta hora
para perguntar sobre uma mulher?
– Diga-me…–Theronfezummovimentonega-
tivo com a cabeça.
Não, Chrysander não seria infiel a Marley. O que
quer que aquela mulher representasse na vida do ir-
mão,deveria ter sido antes de ele conhecer a esposa.
– Diga-me apenas o que preciso saber para me
livrar dela – acrescentou Theron, quase irritado.
– Estou diante de uma carta na qual ela o informa
de seu progresso, seja lá o que isso signifique, e
que se formou com sucesso. – Seus lábios se con-
traíram em uma expressão desgostosa. – Theos,
Chrysander. Essa mulher não é muito nova para
estar envolvida com você?
Chrysander explodiu em uma torrente de xinga-
mentos em grego que fez Theron afastar o fone do
ouvido até que o irmão se acalmasse.
– Não estou gostando de sua insinuação,irmão-
zinho – disse Chrysander em um tom de voz frio. –
Estoucasado.Claroquenãoestouenvolvidocomessa
Isabella.
EentãoTheronouviuoirmãoofegardooutrolado
da linha.
– Bella! Claro – murmurou ele.– Não estou con-
seguindo pensar com clareza a esta hora da noite.
– E eu repito: quem é Bella? – Theron sentia a
paciência se esvair.
– Caplan.Isabella Caplan.Certamente você lem-
bra.
– A pequena Isabella? – perguntou Theron, sur-
preso.
TheronnãoselembraradelaatéChrysandermen-
cionar o sobrenome.A imagem de uma pré-adoles-
cente desengonçada, de rabo de cavalo e aparelho
dentáriolheespocounamente.Desdeentão,aencon-
trara algumas vezes, mas para ser sincero, não con-
seguia conjurar a imagem de Isabella mais velha.
Lembrava-se de que ela era tímida e modesta,
sempre procurando passar despercebida. Isabella
comparecera ao funeral de seu pai, mas, focado na
própria dor, Theron não prestara atenção à jovem.
Que idade ela teria naquela época?
Chrysander soltou uma risada abafada.
– Ela não está tão pequena agora. Isabella deve
ter acabado de se formar.Estava indo muito bem na
faculdade.Menina inteligente…
– Masporqueestárecebendonotíciasdela?–quis
saber Theron.– Pelo amor de Deus,achei que ela fos-
se uma ex-amante sua,e a última coisa que eu queria
era vê-la causando problemas a Marley.
– Emborasuadevoçãoàminhaesposasejalouvá-
vel, não é necessária – retrucou Chrysander sem ro-
deios.Emseguida,deixouescaparumsuspiro.–Nosso
dever para com Bella sumiu da minha mente.De uns
temposparacátenhoestadofocadoemMarleyenos-
so filho.
– Que dever? – Theron se surpreendeu. – E por
que nunca ouvi esta história antes?
– Nossos pais foram amigos e sócios nos negó-
cios por muito tempo. O pai de Isabella fez o nosso
prometer que, se lhe acontecesse alguma coisa, cui-
daríamos da menina.Nosso pai morreu antes do pai
dela,portanto assumi a responsabilidade pelo bem-
-estar de Isabella quando ela ficou órfã.
– Nesse caso, você deveria saber que, de acordo
com esta carta, ela irá para Nova York daqui a dois
dias – disse Theron.
Chrysander soltou um xingamento.
– Não posso deixar Marley agora.
– Claro que não.– Theron meneou a cabeça,im-
paciente.– Cuidarei disso.Mas preciso dos detalhes.
A última coisa de que você necessita agora é de outra
preocupação.OescritóriodeNovaYorkéresponsabi-
lidade minha.Vou creditar isso na conta de proble-
mas que herdei quando trocamos de filial.
– Bella não será problema algum. É uma doce
menina. Tudo que tem de fazer é ajudá-la a resolver
seusassuntoseprovidenciar o que ela necessita.Isa-
bella só terá total controle sobre sua herança quan-
dofizer25anos,ouquandosecasar;oqueacontecer
primeiro.Portanto,nesse meio-tempo,ogrupoAne-
takis International atua como seu curador. Como
agora é você o representante da Anetakis em Nova
York,isso o torna uma espécie de tutor de Isabella.
Theron gemeu.
– EusabiaquedeviaterobrigadoPiersaassumir
o escritório de NovaYork.
Chrysander soltou uma risada.
– Issoserámoleza,irmãozinho.Nãolevarámuito
tempo para que a acomode e providencie o que ela
precisa.

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  • 2. Capítulo 1 THERON ANETAKIS separava em pilhas a montanha de papéis de trabalho que a secretária deixara so- bre sua mesa para que ele analisasse.Resmungan- do xingamentos, atirava cartas para a direita e a esquerda.Quando surgia alguma que merecia mais que um olhar superficial,ela era atirada na pilha de assuntos que demandavam sua atenção.Outras ti- nham como destino a lata de lixo,que se encontra- va ao lado de seu pé. Assumir os escritórios de Nova York não fora um processo tranquilo.Após a descoberta de que um dos membros da equipe da empresa estava vendendo os projetosdeumhoteldaAnetakisparaumconcorrente, Theron e os irmãos fizeram uma faxina corporativa e reformaram o quadro de funcionários.A criminosa,a ex-assistente de Chrysander,fora presa após um acor- do judicial.
  • 3. Por conta do ocorrido, os irmãos Anetakis se tornaram receosos em permitir acesso ilimitado às informações confidenciais da empresa a outro funcionário. Mas, por fim, Theron optara por tra- zer a própria secretária do seu escritório em Lon- dres.Era uma mulher mais velha,responsável e – o mais importante – leal. Embora nenhum dos ir- mãos Anetakis estivesse disposto a confiar total- mente em outro funcionário, após o fiasco com Roslyn. Ao chegar de Londres, Theron foi recebido com uma pilha de documentos,contratos,mensagens e e-mails.Dois dias depois,ele ainda tentava decifrar aquela bagunça. E pensar que a secretária já dera conta da maior parte daquela desordem! Theron estacou diante de uma carta endereçada a Chrysander e quase a atirou no lixo;mas se deteve quando viu o que estava escrito. Linhas profundas lhe vincavam a testa ao esticar a outra mão para o telefone. Sem se importar com a diferença de fuso horário e com a possibilidade de acordar o irmão, digitou o número e esperou,impaciente,que a ligação se com- pletasse.Sentiuumapontadaderemorsopelaproba- bilidade de acordar Marley,a esposa de Chrysander, mas tinha esperança de que ele atendesse antes que isso acontecesse. – É melhor ter uma boa razão para telefonar a esta hora – rosnou Chrysander com voz sonolenta. Theron não perdeu tempo com saudações. – Quem diabos é Isabella? – perguntou.
  • 4. – Isabella?–Nãohaviadúvidasquantoàsurpre- sa na voz de Chrysander. – Está ligando a esta hora para perguntar sobre uma mulher? – Diga-me…–Theronfezummovimentonega- tivo com a cabeça. Não, Chrysander não seria infiel a Marley. O que quer que aquela mulher representasse na vida do ir- mão,deveria ter sido antes de ele conhecer a esposa. – Diga-me apenas o que preciso saber para me livrar dela – acrescentou Theron, quase irritado. – Estou diante de uma carta na qual ela o informa de seu progresso, seja lá o que isso signifique, e que se formou com sucesso. – Seus lábios se con- traíram em uma expressão desgostosa. – Theos, Chrysander. Essa mulher não é muito nova para estar envolvida com você? Chrysander explodiu em uma torrente de xinga- mentos em grego que fez Theron afastar o fone do ouvido até que o irmão se acalmasse. – Não estou gostando de sua insinuação,irmão- zinho – disse Chrysander em um tom de voz frio. – Estoucasado.Claroquenãoestouenvolvidocomessa Isabella. EentãoTheronouviuoirmãoofegardooutrolado da linha. – Bella! Claro – murmurou ele.– Não estou con- seguindo pensar com clareza a esta hora da noite. – E eu repito: quem é Bella? – Theron sentia a paciência se esvair. – Caplan.Isabella Caplan.Certamente você lem- bra.
  • 5. – A pequena Isabella? – perguntou Theron, sur- preso. TheronnãoselembraradelaatéChrysandermen- cionar o sobrenome.A imagem de uma pré-adoles- cente desengonçada, de rabo de cavalo e aparelho dentáriolheespocounamente.Desdeentão,aencon- trara algumas vezes, mas para ser sincero, não con- seguia conjurar a imagem de Isabella mais velha. Lembrava-se de que ela era tímida e modesta, sempre procurando passar despercebida. Isabella comparecera ao funeral de seu pai, mas, focado na própria dor, Theron não prestara atenção à jovem. Que idade ela teria naquela época? Chrysander soltou uma risada abafada. – Ela não está tão pequena agora. Isabella deve ter acabado de se formar.Estava indo muito bem na faculdade.Menina inteligente… – Masporqueestárecebendonotíciasdela?–quis saber Theron.– Pelo amor de Deus,achei que ela fos- se uma ex-amante sua,e a última coisa que eu queria era vê-la causando problemas a Marley. – Emborasuadevoçãoàminhaesposasejalouvá- vel, não é necessária – retrucou Chrysander sem ro- deios.Emseguida,deixouescaparumsuspiro.–Nosso dever para com Bella sumiu da minha mente.De uns temposparacátenhoestadofocadoemMarleyenos- so filho. – Que dever? – Theron se surpreendeu. – E por que nunca ouvi esta história antes? – Nossos pais foram amigos e sócios nos negó- cios por muito tempo. O pai de Isabella fez o nosso
  • 6. prometer que, se lhe acontecesse alguma coisa, cui- daríamos da menina.Nosso pai morreu antes do pai dela,portanto assumi a responsabilidade pelo bem- -estar de Isabella quando ela ficou órfã. – Nesse caso, você deveria saber que, de acordo com esta carta, ela irá para Nova York daqui a dois dias – disse Theron. Chrysander soltou um xingamento. – Não posso deixar Marley agora. – Claro que não.– Theron meneou a cabeça,im- paciente.– Cuidarei disso.Mas preciso dos detalhes. A última coisa de que você necessita agora é de outra preocupação.OescritóriodeNovaYorkéresponsabi- lidade minha.Vou creditar isso na conta de proble- mas que herdei quando trocamos de filial. – Bella não será problema algum. É uma doce menina. Tudo que tem de fazer é ajudá-la a resolver seusassuntoseprovidenciar o que ela necessita.Isa- bella só terá total controle sobre sua herança quan- dofizer25anos,ouquandosecasar;oqueacontecer primeiro.Portanto,nesse meio-tempo,ogrupoAne- takis International atua como seu curador. Como agora é você o representante da Anetakis em Nova York,isso o torna uma espécie de tutor de Isabella. Theron gemeu. – EusabiaquedeviaterobrigadoPiersaassumir o escritório de NovaYork. Chrysander soltou uma risada. – Issoserámoleza,irmãozinho.Nãolevarámuito tempo para que a acomode e providencie o que ela precisa.