Maçonaria Pernambucana pioneira no Brasil e na luta pela liberdade
1. A MAÇONARIA PERNAMBUCANA
PIONEIRA NO BRASIL E NA LUTA PELA LIBERDADE.
A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817.
Texto do Ir.’. Francisco Bonato Pereira da Silva –GLMPE
Extraído da Revista “Engenho & Arte” – janeiro/2000.
A Maçonaria Pernambucana se insere na Historia do Brasil como a pioneira em solo brasileiro e entre
as mais antigas no continente sul americano, embora o fato de que no território pernambucano, que
então abrangia as Comarcas das Alagoas e do São Francisco, de vez que aqui, em 1796 surgiu a
primeira loja maçônica brasileira – o Areópago de Itambé - e que dentre as vinte e oito (28) lojas
maçônicas organizadas no Brasil até 1822, onze destas foram fundadas em solo pernambucano,
embora este fato não receba até hoje o devido destaque histórico. A Comarca das Alagoas,
transformada em Província em 1817, o seu território corresponde ao atual Estado das Alagoas,
enquanto que a Comarca do São Francisco era limitada ao sul pelo curso do Rio São Francisco, indo
até a província de Minas Gerais.
A pioneira dessas lojas maçônicas fundadas no Brasil foi o célebre Areópago de Itambé, fundado em
1796-, obra de Manuel de Arruda Câmara, médico, cientista, o qual, juntamente com seu irmão
Francisco de Arruda Câmara, iniciados em Montpelier, na França, onde se abeberaram do
conhecimento intelectual e das luzes da liberdade. Eram também seus membros, além dos citados, os
irmãos Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque e Luis Francisco Cavalcanti de Albuquerque e
os padres Antonio Felix Velho Cardoso, José Pereira Tinoco, Antonio de Albuquerque Montenegro e
João Ribeiro Pessoa
Mário Melo ao falar dessa primeira célula da maçonaria brasileira, em solo pernambucano - o
Areópago de Itambé - assim a descreveu:
“(...) verá pela descrição que do Areópago faz o dr. Maximiano Machado, que a associação de Itambé
era um dos templos maçônicos semelhantes aos da Europa e o primeiro que se instituiu no Brasil,
como já uma vez tivemos ocasião de o demonstrar.”
“Foi Pernambuco a província que, a par das liberdades políticas, primeiro implantou o regime da
igualdade e fraternidade, com a instalação desse Areópago, de onde como satélites surgiram as
academias do Paraíso e Suassuna”. Ao passo que o Areópago é anterior a 1800, as primeiras lojas eu
surgiram no Brasil foram a Virtude e Razão, na Bahia, a 05 de julho de 1802 e Reunião, Consciência
e Filantropia, no Rio de Janeiro, em 1802.
O conhecido cronologista Dr. F. A. Pereira da Costa, em artigo publicado no Arquivo Maçônico, de
Dezembro de 1910, dá a introdução da maçonaria em Pernambuco no ano de 1801, reforçando assim
com seu conhecido valor nossa tese de prioridade deste Estado, mas em seu luminoso trabalho não se
refere ao Areópago, nem tão pouco cita as lojas levantadas nesse ano para documentação de sua
afirmativa.
Eis o período a que nos referimos: “No Brasil, é de Pernambuco, positivamente, o ponto de partida da
introdução e propaganda da maçonaria no país, porquanto se erigiram em 1801 algumas lojas no
Recife, das quais saíram os elementos de criação de várias outras nas principais povoações do
interior, constituindo essas oficinas um centro de ação na capital da Baia, com a instituição de um
2. grande oriente ou governo supremo, onde residiam vários associados, iniciados e elevados a altos
graus na Europa, fato este que sem dúvida teve lugar em 1802, quando já se havia instalado naquele
capital uma loja com o título Virtude e Razão, do rito moderno e, de cuja agremiação saíram outras
oficinas”.
Oculta a finalidade dessa loja maçônica com o véu de uma academia, eis que as sociedades secretas
estavam proscritas e seus membros réus de crime de lesa majestade não eram de esperar a divulgação
da sua existência, senão como centro de estudos e de reuniões da intelectualidade.
Outras lojas maçônicas existiram em Pernambuco no período de 1802 a 1817: a Academia Suassuna,
fundada em 1802, no Engenho Suassuna, no Cabo, por Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque, conhecido como Coronel Suassuna; a Academia Paraíso, fundada nesse mesmo ano, no
Hospital João de Deus, anexo da Igreja do Paraíso, dirigida pelo padre João Ribeiro Pessoa; e no
período de 1812 a 1815, a Oficina de Igarassú, fundada pelo Capitão-mor Francisco Xavier de
Morais Cavalcanti, na sua residência, sob a direção de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada; a
Universidade Democrática, sob a direção de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada; a Pernambuco do
Oriente, fundada por Antonio Gonçalves da Cruz Cabugá, nos Manguinhos; e a Pernambuco do
Ocidente, fundada por Domingos José Martins, em sua residência.
Cabe o registro de que estas quatro últimas estiveram reunidas em uma Grande Loja Provincial,
vinculada ao Grande Oriente Brasileiro, fundado em 1814 por Antonio Carlos Ribeiro de Andrade,
em Salvador, Bahia. A obra de Muniz Tavares registra que a luta pela liberdade teve como local de
nascimento as lojas maçônicas de Pernambuco. A existência das lojas maçônicas Guatimosim,
Restauração e Patriotismo, fundadas nesse período, também são citadas por Muniz Tavares e Kurt
Prober.
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Alguns historiadores maçônicos nacionais negam a existência do Areópago de Itambé e das lojas
maçônicas dele nascidas alegando a inexistência de um organismo formal, no Brasil, no final do
século XVIII, com autoridade para fundar corpos maçônicos. Esquecem de alguns dos princípios
então vigentes, que autorizavam, entre outros, o Cavaleiro Rosa Cruz a, sozinho, iniciar maçom e lhe
outorgar graus.
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Bibliografia:
Pereira da Costa, Francisco Augusto, Anais Pernambucanos, Volume VII, p. 99-100.
bACHEGAS PARA A HISTÓRIA DA MAÇONARIA NO BRASIL- Kurt Prober - São Paulo (SP),
AS ACADEMAIS SECRETAS DE PERNAMBUCO - Mário Melo Carneiro do Rego, publicado na
Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco, Volume XVII, nº 87, RECIFE (PE),
A MAÇONARIA E A REVOLUÇÃO REPUBLICANA DE 1817 - Mário Melo Carneiro do Rego
A MAÇONARIA NO BRASIL, citado na Maçonaria a Revolução Republicana de 1817
A HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817- Francisco Muniz Tavares - Recife
(PE), 1969, Nota XXIII de Oliveira Lima, p. 275.
AS ACADEMAIS SECRETAS DE PERNAMBUCO - Mário Melo Carneiro do Rego