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UNIP – Universidade Paulista – Campus Vergueiro
Faculdade de Letras
Licenciatura em Línguas Portuguesa e Inglesa

CAROLLINA TORRES– B67JCB-0
JULIETTE MILLIAU – B5887E – 5
MARCEL DIAS LÚCIO – B84782-4
MARCELINO FRANÇA – B6597D – 1
MARCELO BIRRER FUJISAKI – B6827J - 2
VICTOR HUGO CRISTO– B96561-4

Analise do livro, A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira.
Marcos Bagno, — São Paulo: Parábola Editora, 8ª edição 2009

SÃO PAULO 2013
A Norma Oculta
O livro, A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira (2003), de Marcos Bagno
retoma a questão do preconceito lingüístico e social, já abordado no livro com o mesmo nome
“Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999)”.
Basicamente, com um trocadilho entre norma culta e norma oculta, ele nos aponta para duas
questões: o uso da língua como instrumento de poder e o preconceito social e econômico no
uso do mesmo. O autor começa, questionando o sentido das nomenclaturas usadas no
julgamento dos conceitos de: certo e errado, válido e inválido, de prestigio e popular, o seu
peso semântico e social, pois há quem dita e quem segue, as regras e convenções sociais.
Então, quem tem o poder de ditar as regras, teoricamente tem o poder de usá-las como bem
quiser, direito este negado aos outros usuários das mesmas regras, seja quanto a leis ou a
língua.
Tudo isto pode estar baseado num sistema ancestral, pois, o sistema de regras das línguas,
teriam sido criados a partir do exemplo de um código legal, um primeiro conjunto de regras
(im)posto em ordem e sistematizado, de novo, por quem detém o poder. Esse conjunto de
regras, é basicamente dicotômico, ou se esta certo ou errado, sem espaço para as nuances e
variações de algo vivo e evolutivo como uma língua e seus falantes. Portanto, juízes e não
doutores em línguas ditam e manipulam as regras das mesmas e o poder por detrás delas, ao
seu bel-prazer, sem considerar os falantes, antagonizando a sua intuição lingüística criando
assim, uma sensação de frustração e falta de auto-estima as classes menos abastadas e com
menor acesso a educação.
Ele diz: “ Uma coisa que sempre surpreende as pessoas que investigam a realidade lingüística
do Brasil é a grande diferença que existe entre a norma-padrão e o português brasileiro, isto
é, entre o ideal de língua “ certa”, que vigora na mentalidade das classes privilegiadas que têm
acesso à cultura letrada, e a atividade lingüística efetiva, empiricamente observável, falada e
escrita dos cidadãos brasileiros de qualquer ponto do pais.” BAGNO M. (2003) pag. 71.
Com isso, ele nos leva em uma viagem histórica pela formação da variação da língua
portuguesa falada no Brasil, do pais e seus diversos falantes, e do sistema educacional. Ele
nos mostra como a variações faladas aqui, não são tão diferentes da suposta norma culta ou de
prestígio vinda de Portugal, o poder de transformação das línguas, a supressão das formas de
prestigio pelas consideradas um dia variedades estigmatizadas, por meio das forças centrípeta
e centrifuga, que geram essa dinâmica. Este processo, hoje, é catalisado com a comunicação
eletrônica. A língua, este “instrumento de interação social (...), vivo e dinâmico que participa,
interfere, influi na construção e continuação de nossa sociedade, cada vez mais complexa e
multifacetada” BAGNO M. (2003) pag. 97, é determinante na criação de uma identidade
nacional, o que pode ser um risco a quem detém o poder e lucra com isso.
Outra coisa que também fica clara, é que não podemos negar a função e importância de se ter
regras que tornem possível a comunicação e o entendimento entre a maioria dos usuários de
uma língua, mas não podemos nos prender as normas e toda a carga de preconceito que vem
com a palavra, ditadas por gramáticos sem o menor conhecimento cientifico da língua, que se
prendem em pequenos exemplos pinçados em grandes obras literárias. “ Embora,
inevitavelmente, contenha em boa medida uma descrição dos fatos lingüísticos detectáveis
numa variedade muito específica da língua (a “escrita literária”), a gramática normativa é,
antes de tudo, prescrição.” (...) não se detecta nenhuma “interferência da língua falada”.
BAGNO M. (2003) pag. 157. Ele aponta para a necessidade do reconhecimento das variações
da língua, seu estudo feito de maneira cientifica, e da consideração da gramática internalizada
dos falantes, para assim, podermos criar uma metodologia de ensino mais adequado, menos
impositivo e de inclusão. Para tanto, ele cita Modern Protuguese: a Reference Grammar.
PERINI M. A. 2002 USA, gramática revolucionária, criada para ensinar português brasileiro
para estrangeiros, e que poderia ser facilmente usada para o ensino dos nativos. “ Quanto
tempo e quanto desgaste psicológico poderiam ser poupados, quanta insegurança se evitaria,
se nas escolas brasileiras (e nas gramáticas brasileiras!) toda aquela parafernália de regras
inconsistentes e incompatíveis com a nossa intuição lingüística fosse substituída pelas regras
que de fato vigoram entre nós”, na língua falada. BAGNO M. (2003) pag. 178
Por fim, Marcos Bagno, nos mostra um painel de como os falantes das variedades chamadas
por ele de estigmatizadas, são também impedidos de diversas formas ao acesso a educação,
perpetuando o circulo vicioso, de menor letramento, menor poder econômico, menor poder de
fala, menor poder de decisão. “ Essa discriminação não dita ou implícita é que configura a
norma oculta, o disfarce lingüístico de uma discriminação que é de fato, social.” BAGNO M.
(2003) pag. 193

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Norma Oculta relatório

  • 1. UNIP – Universidade Paulista – Campus Vergueiro Faculdade de Letras Licenciatura em Línguas Portuguesa e Inglesa CAROLLINA TORRES– B67JCB-0 JULIETTE MILLIAU – B5887E – 5 MARCEL DIAS LÚCIO – B84782-4 MARCELINO FRANÇA – B6597D – 1 MARCELO BIRRER FUJISAKI – B6827J - 2 VICTOR HUGO CRISTO– B96561-4 Analise do livro, A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira. Marcos Bagno, — São Paulo: Parábola Editora, 8ª edição 2009 SÃO PAULO 2013
  • 2. A Norma Oculta O livro, A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira (2003), de Marcos Bagno retoma a questão do preconceito lingüístico e social, já abordado no livro com o mesmo nome “Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999)”. Basicamente, com um trocadilho entre norma culta e norma oculta, ele nos aponta para duas questões: o uso da língua como instrumento de poder e o preconceito social e econômico no uso do mesmo. O autor começa, questionando o sentido das nomenclaturas usadas no julgamento dos conceitos de: certo e errado, válido e inválido, de prestigio e popular, o seu peso semântico e social, pois há quem dita e quem segue, as regras e convenções sociais. Então, quem tem o poder de ditar as regras, teoricamente tem o poder de usá-las como bem quiser, direito este negado aos outros usuários das mesmas regras, seja quanto a leis ou a língua. Tudo isto pode estar baseado num sistema ancestral, pois, o sistema de regras das línguas, teriam sido criados a partir do exemplo de um código legal, um primeiro conjunto de regras (im)posto em ordem e sistematizado, de novo, por quem detém o poder. Esse conjunto de regras, é basicamente dicotômico, ou se esta certo ou errado, sem espaço para as nuances e variações de algo vivo e evolutivo como uma língua e seus falantes. Portanto, juízes e não doutores em línguas ditam e manipulam as regras das mesmas e o poder por detrás delas, ao seu bel-prazer, sem considerar os falantes, antagonizando a sua intuição lingüística criando assim, uma sensação de frustração e falta de auto-estima as classes menos abastadas e com menor acesso a educação. Ele diz: “ Uma coisa que sempre surpreende as pessoas que investigam a realidade lingüística do Brasil é a grande diferença que existe entre a norma-padrão e o português brasileiro, isto é, entre o ideal de língua “ certa”, que vigora na mentalidade das classes privilegiadas que têm acesso à cultura letrada, e a atividade lingüística efetiva, empiricamente observável, falada e escrita dos cidadãos brasileiros de qualquer ponto do pais.” BAGNO M. (2003) pag. 71. Com isso, ele nos leva em uma viagem histórica pela formação da variação da língua portuguesa falada no Brasil, do pais e seus diversos falantes, e do sistema educacional. Ele
  • 3. nos mostra como a variações faladas aqui, não são tão diferentes da suposta norma culta ou de prestígio vinda de Portugal, o poder de transformação das línguas, a supressão das formas de prestigio pelas consideradas um dia variedades estigmatizadas, por meio das forças centrípeta e centrifuga, que geram essa dinâmica. Este processo, hoje, é catalisado com a comunicação eletrônica. A língua, este “instrumento de interação social (...), vivo e dinâmico que participa, interfere, influi na construção e continuação de nossa sociedade, cada vez mais complexa e multifacetada” BAGNO M. (2003) pag. 97, é determinante na criação de uma identidade nacional, o que pode ser um risco a quem detém o poder e lucra com isso. Outra coisa que também fica clara, é que não podemos negar a função e importância de se ter regras que tornem possível a comunicação e o entendimento entre a maioria dos usuários de uma língua, mas não podemos nos prender as normas e toda a carga de preconceito que vem com a palavra, ditadas por gramáticos sem o menor conhecimento cientifico da língua, que se prendem em pequenos exemplos pinçados em grandes obras literárias. “ Embora, inevitavelmente, contenha em boa medida uma descrição dos fatos lingüísticos detectáveis numa variedade muito específica da língua (a “escrita literária”), a gramática normativa é, antes de tudo, prescrição.” (...) não se detecta nenhuma “interferência da língua falada”. BAGNO M. (2003) pag. 157. Ele aponta para a necessidade do reconhecimento das variações da língua, seu estudo feito de maneira cientifica, e da consideração da gramática internalizada dos falantes, para assim, podermos criar uma metodologia de ensino mais adequado, menos impositivo e de inclusão. Para tanto, ele cita Modern Protuguese: a Reference Grammar. PERINI M. A. 2002 USA, gramática revolucionária, criada para ensinar português brasileiro para estrangeiros, e que poderia ser facilmente usada para o ensino dos nativos. “ Quanto tempo e quanto desgaste psicológico poderiam ser poupados, quanta insegurança se evitaria, se nas escolas brasileiras (e nas gramáticas brasileiras!) toda aquela parafernália de regras inconsistentes e incompatíveis com a nossa intuição lingüística fosse substituída pelas regras que de fato vigoram entre nós”, na língua falada. BAGNO M. (2003) pag. 178 Por fim, Marcos Bagno, nos mostra um painel de como os falantes das variedades chamadas por ele de estigmatizadas, são também impedidos de diversas formas ao acesso a educação, perpetuando o circulo vicioso, de menor letramento, menor poder econômico, menor poder de fala, menor poder de decisão. “ Essa discriminação não dita ou implícita é que configura a norma oculta, o disfarce lingüístico de uma discriminação que é de fato, social.” BAGNO M. (2003) pag. 193