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inusitada-harry-potter-aos-4-anos/
Uma leitura inusitada: Harry Potter aos 4 anos
ESCRITO POR MARCELA HADDAD EM 25/09/2004. PUBLICADO EM ATIVIDADE PERMANENTE, REVISTA AVISA LÁ #20
A professora Marcela põe abaixo,neste artigo,um mito da educação infantil:o de que não é possível ler
livros com muitas páginas,sem ilustrações,para criançasmuito pequenas.O entusiasmo de sua turma de
leitores mirins com um texto considerado complexo para a faixa etária conduz a um repensar das propostas
comumente oferecidas aos pequenos
Montagem do rosto ampliado de João Pedro sobre papelão dá origem ao “bruxo” que sobrevoa a sala de aula
Hoje se sabe,devido a inúmeras pesquisas etnográficas e piscolingüísticas,que viver em um ambiente no
qual ler e escrever integra o cotidiano faz toda a diferença para o desenvolvimento de competênciasleitoras
e escritoras.Dentre as inúmeras ações que uma criança ainda na educação infantil pode presenciar e
participar,sem dúvida,a leitura compartilhada,dialógica,é uma das mais importantes.As interações entre
adultos e crianças que uma leitura em voz alta pode proporcionar contribui para a construção de habilidades
comunicativas fundamentais em nossa cultura da informação.Segundo Teberosky e Ribeira1,“O processo
cognitivo de ler não é um processo natural,mas propiciado pelas interações com pessoas mais experientes
no mundo letrado e que contribui para as formas de comunicação em nossa sociedade”.
Nessa atividade de leitura de um livro longo a professora,no caso a leitora experiente,conhecendo bem as
experiências culturais de suas crianças,amplia significativamente a capacidade comunicativa desses leitores
não convencionais.Neste caso,o cinema,por meio da filmografia de Harry Potter,não só virou pretexto para
o encontro de crianças de 4 anos com a literatura,como também possibilitou um incremento do jogo
simbólico e de outros conhecimentos,como se um grande caldeirão cultural fosse transportado para a sala
de aula. Como num passe de mágica,o conhecimento foi oferecido tal qual um prato saboroso,convidativo,
a ser degustado e transformado pelas crianças.
Escolhendo um livro para ler
O sucesso editorial de Harry Potter é inegável.O assunto interessa a crianças de diversas idades em
diferentes países do mundo.A luta entre o bem e o mal, a magia,seres fantásticos e lugares encantados
sempre estiveram presentes no imaginário da humanidade,mas conquistaram um lugar preferencial no
universo infantil.As crianças da minha sala,embora com pouca idade,já tinham intimidade com o tema
Harry Potter,principalmente por meio do cinema.Várias crianças já haviam assistido ao filme.Embora o livro
fosse indicado para crianças mais velhas,devido ao tipo de texto,à ausência de ilustrações,à trama
complexa e ao grande número de personagens,eu tinha a expectativa de que ele poderia interessar
muitíssimo à minha turma.
Assim,mergulhamos no mundo mágico de Harry Potter,que nos possibilitou trabalhar de forma significativa
com essa atividade de leitura de história em capítulos2,que foi o centro de atenção de um grupo de crianças
entre 4 e 5 anos,no auge do jogo simbólico.Harry Potter e a Pedra Filosofal marcou o primeiro contato
dessas crianças com uma narrativa longa,bastante diferente dos livros até então conhecidospor elas,com
textos curtos e farta ilustração.
(Liliana Tolchinsky,em seu livro Aprendizagem da Linguagem Escrita – ed. Ática –, chama atenção para a
importância de a criança esperar pelo momento da leitura,pensar nos acontecimentos relatadose ainda no
que pode vir a suceder.E este é um fato que distingue as leituras feitas de uma só vez das leituras em
capítulos,que dão tempo necessário para a imaginação!)
Harry Potter: inaugurando a leitura em capítulos
Dentre os objetivos do trabalho estavam,além de proporcionar prazere diversão,familiarizar as crianças
com esse tipo de texto, ampliando seu repertório.A atividade suscitou também o desenvolvimento de
diferentes comportamentos leitores das crianças,tais como:compartilhara leitura,confrontar com outros
leitores a interpretação gerada pela história,antecipar o que se segue no texto e também se envolver com a
narrativa.Além das questões afetivas que a leitura em voz alta proporciona – por exemplo,quando o pais
lêem para as crianças na hora de dormir –,há muitas aprendizagens envolvidas nesses atos.
As crianças ficam habituadas ao “estilo formal da linguagem escrita e outros aspectos dos textos escrito tais
como:reproduzir o discurso direto dos personagens,ou aprender um vocabulário novo”3.O que, sem
dúvida,faz toda a diferença para a alfabetização inicial e, mais tarde,para a compreensão de textos de
estudo.Para total envolvimento,alguns cuidados foram observados,como,por exemplo,o conforto das
crianças durante a leitura,a minha emoção enquanto leitora,um ambiente diferente na sala,com abajur e
almofadas e,ainda, a atenção para que algumas partes do texto fossem contadas por mim e outras lidas.
Com todos esses cuidados,a magia do relato se preservou e a expectativa das crianças conduziu nossa
leitura todo o tempo.
Aula de magia (foto Marcela Haddad)
As rodas de leitura deste livro aconteciam todos os dias,ao final da tarde. Antes de iniciar o relato,
conversávamos sobre onde havíamos parado no dia anterior e, imediatamente,surgiam vários comentários e
hipóteses sobre o que iria acontecer.Durante a narrativa,freqüentemente via as crianças relaxadas
fisicamente,mas bastante atentas às minhas palavras.
Foi interessante as crianças terem percebido rapidamente as diferenças entre o texto e o filme a que
assistiram.O livro, muito mais rico e elaborado,trazia várias passagens que não apareciam no filme,e essas
diferenças surpreenderam as criançase fizeram aumentar ainda mais o entusiasmo.Foram muitas tardes
dedicadas às leituras,e as crianças foram se envolvendo cada vez mais afetiva,cognitiva e culturalmente
com o livro. A proximidade do fim da narrativa foi deixando o grupo bastante emocionado:
“Não lê muito hoje, Marcela,para não acabar logo.”
“Você vai ler o outro livro do Harry,não é, Marcela?”
“Nossa,eu adorei esse livro.A gente vai ficar com saudade,não é?”
Nesse episódio as crianças estavam manifestando um comportamento leitor que muitos de nós temos:
interrompera leitura para que o livro não termine logo.Também deixaram evidente a relação afetiva que
podemos estabelecercom a leitura,no caso a sensação de vazio quando chegamos ao final.A leitura densa
e instigante mobilizou ações das crianças em diferentes áreasdo conhecimento,contribuindopara que
diversas aprendizagens fossem potencializadas pelas aventuras de Harry Potter.
(A aposta de que a criança pode aprofundar seu conhecimento para além do que a mídia lhe oferece,como
conhecer o texto fonte,ou seja, versão que originou o filme, é uma saída interessante para ampliar o elo
educação e cultura.Neste trabalho as crianças aprenderam que o cinema parte de uma idéia, que em sua
essência,antes de ser delineada pela câmera,é escrita com todas as letras!Surpreender as crianças com
conhecimentos que não estão explícitos,como este,é uma forma de a escola se atualizar constantemente,
criando novas formas de ensinar no século XXI.)
Harry Potter criando pretextos para a escrita
No início do ano, trabalhamosmuitas atividadesde escrita que envolviam os nomes das crianças.Depois,
passamos a investir em situações de escrita espontânea,nas quais as crianças podiam experimentare
explorar o universo das letras,na tentativa de produzir seu próprio texto.A fim de contextualizar essas
atividades,utilizei personagens do livro Harry Potter e também propus às criançasque escrevessem as
receitas de suas poções mágicas.Nesses momentos,o clima foi de total comprometimento e interesse.
Com as crianças divididas em mesas,percebi um intercâmbio imenso e a socialização de conhecimentos.
Nesses pequenos grupos,puderam confrontar e compartilhar suashipóteses,trocando informações.Esses
exercícios,plenos de significação,ajudaram nossos pequenos estudantes a compreender como funcionam
os códigos de escrita.
Ilustradores mirins de Harry Potter
O livro do Harry Potter de fato chamou a atenção das crianças pelo texto,já que não continha figuras.Aliás,
esse foi um aspecto que intrigou as crianças,acostumadascom a ilustração dos personagens,cenários e
cenas das histórias.A saída encontrada para o questionamento das crianças “Por que este livro não tem
desenho?” foi criar ilustraçõespara alguns capítulos do livro.Desenhamosos personagensconforme foram
aparecendo,observando características físicas,respeitando o vestuário e sua inserção nas situações da
história.Nos desenhos do Harry Potter,por exemplo,algumas criançasdesenharam ele bebê dentro do
cestinho,outras,fizeram-no maior,dentro do armário da casa dos tios,outras se anteciparam e
desenharam o Harry já caracterizado de bruxo.
Para minha surpresa,as crianças passaram a sugerir o desenho de algumas cenas da história,como as
partidas de quadribol e a visita dos personagens à floresta proibida.Para este trabalho de ilustração do livro,
observamos e conversamos sobre as gravurase desenhos de vários outros livros.Instiguei,através de
perguntas e dos materiais apresentados,as crianças a pensarem sobre questões como:o que precisa constar
na ilustração de um livro? De quais partes da história os artistas se utilizam para ilustrar? Eles pintam só
personagens ou pintam lugares e cenas também? Ao final,fizemos um livro de apresentação para os pais,
onde se viam trechos do livro original copiado em papel translúcido e a seguir as ilustrações pertinentes.
Alguns desses desenhos podem ser apreciados neste artigo.
Crianças se preparam para voarem vassourasmágicas
O brincar informado pela leitura
O universo e a temática das brincadeiras sempre partem do que as crianças conhecem,tanto no que se
refere ao plano da realidade,como ao plano da ficção.A leitura de Harry Potter alimentou o jogo simbólico
de uma maneira muito rica.A escola de magia que esse personagem freqüentava serviu de cenário,de
contexto,para uma nova forma de jogo simbólico:as aulas de bruxarias!
Durante as aulas de poções mágicas,às quais o filme faz alusão,as transformações já ocorriam no primeiro
instante,pois bastava eu colocar o chapéu seletor na cabeça e pronunciar algumas palavras mágicas para me
transformar na Professora Minerva4.Com as crianças paramentadasde aprendizes de bruxo,com capa preta,
chapéu pontudo e varinha mágica,nossas “aulas” se iniciavam.
Para isso, montamos um Kit Bruxaria,contendo potes de tamanhosdiferentes,peneiras,funis,colheres e
palitos, conta-gotas e seringas.Alguns ingredientes mágicos também faziam parte do kit, como pó de asa
de borboleta,(na verdade sais de banho cor-de-rosa),sangue de unicórnio (anilina vermelha diluída em
água),olho de cabra (pedrinhascolhidas no pátio) e tudo o mais que a imaginação permitisse.Não posso me
esquecer de citar o principal ingrediente usado em quase todas as poções:a areia mágica da Lua.
Ver as crianças manipulando esses materiais como em um laboratório,misturando,pingando gotinhas
atentamente,cheirando e citando palavras mágicas,batendo com as suas varinhas,eram cenas
encantadoras.Nesses momentos,elas se transportavam e soltavam a imaginação,permitindo que o lúdico
invadisse totalmente a nossa sala.
“Faz direito essa mágica,senão a Grifinória5 vai perder ponto!”
“Se a minha poção não funcionar,a Minerva vai me transformar em sapo!”
“Vou fazer uma bruxaria para transformar galho de árvore em biscoito,daí todo mundo pode comer,tá?”
Nossa primeira poção foi feita de elementos recolhidos no pátio – pedras,areia, folhas,galhos,sementes e
até insetos encontrados mortos – misturados com “ingredientes” encontradosem nossa sala,como anilina
em pó, água, óleo de cozinha e pedacinhos de massinha.As crianças faziam combinações individuais,
transformando-as em “feitiços”.No outro dia,cada um “escrevia” sua receita e socializava na roda, dizendo
qual a finalidade de sua poção.Chegamosaté a fazer uma poção com gelo seco,e as crianças ficaram
encantadas com a transformação do mesmo em uma grande nuvem de fumaça!
Em uma das “aulas” misturamosapenas materiais líquidos de diferentes cores e,ao final, eu pinguei gotas
de um ingrediente poderoso:detergente.Após tamparmosas garrafinhas plásticas,as crianças
chacoalharam e muita espuma se formou.A euforia foi geral! Fizemos também massinha de farinha e anilina
e, em outro momento,fabricamostinta de papel crepom,que foram utilizadas em nossas pinturas.Após
cada experiência,as crianças faziam seus registrose comentavam seus resultados e sensações.
A fantasia e a ludicidade estiveram presentesem todos os momentos deste projeto,mas houve situações em
que o brincar ocorreu de forma plena.Os jogos de quadribol,os vôos de vassoura pelo pátio,além de
muitas brincadeirasinspiradas no filme,constituíram-se em momentos que garantiram muita alegria Não
posso deixar de citar uma situação que ocorreu quando fomos estrear as “vassouras mágicas” na quadra.
Reproduzimos parte da cena na qual a professora explica como as crianças devem fazer para suas vassouras
levantarem do chão.O grupo todo estava eufórico, porém,percebi uma criança que se mostrava um pouco
apreensiva.Quando perguntei o que estava acontecendo,ela me olhou muito séria e perguntou:
“Marcela, o que eu faço se a minha vassoura voar de verdade?”.
Diante dessa pergunta tão inusitada e, ao mesmo tempo,tão verdadeira,só consegui responderassim:
“Você se segura muito bem que eu pego a minha vassoura e vou te buscar bem rápido,tá?”. O
desenvolvimento desta atividade permanente de leitura nos proporcionou momentos muito férteis e
criativos.Relacionar-se de maneira prazerosa com a leitura possibilitou ganhos enormes a todos e,tenho
certeza,nossas crianças levarãopara a sua vida inúmeras aprendizagens decorrentesdessa leitura
compartilhada.
(Marcela Haddad,professora que também é formada em História,desenvolveu esse trabalho na Escola
Criarte,em SP. Atualmente é professora do Colégio Santa Cruz,em São Paulo)
1Contextos de Alfabetização na Aula. Ana Teberosky e Núria Ribeira, no livro Contextos de Alfabetização
Inicial. Editora Artmed.
2 Marcela leu diariamente o livro Harry Potter por três meses consecutivos,ao final do período durante vinte
minutos,entre leitura e apreciação do texto.
3De Escutar leitura em voz alta, no livro Contextos de Alfabetização Inicial.Editora Artmed.
4Professora Minerva,personagem de Harry Potter.Referência à Minerva,deusa romana,correspondente à
deusa grega Atenas,uma das 12 divindades gregas do Olimpo.Protetora da vida dos guerreiros e heróis,
também símbolo do conhecimentoe sabedoria,além de grande defensora dos artesãos,da arte e da ciência.
5Grifinória é o nome de uma das repúblicas da escola de Harry Potter.
Quando a sala de aula vira cenário da história,as crianças ganham uma sala de magias
Ficha técnica
Realização:Escola Criarte – Rua Vahia de Abreu,696 – Vila Olímpia – CEP: 04549-003 – São Paulo – SP – Tel.:
(11) 3842-7277 / (11) 3842-4613 – Site: www.criarte.com.br – E-mail:criarte@criarte.com.br
Coordenadora Pedagógica:Daniela Pannuti – E-mail: dpannuti@bol.com.br
Educadora:Marcela Haddad
No dia do lançamento do livro ilustrado,uma decoração especial
Para saber mais
BRINCADEIRA COMHARRY POTTER
PEGA-PEGA BRUXAOU HARRY POTTER
O pega-pega é uma brincadeira antiga, porém é uma
diversão para as crianças e muito adolescente até
hoje.
A atividade (Pega-pega) pode ser utilizada para que
os alunos se aqueçam, para a prática de alguma
atividade.
IDADE: crianças a partir dos 4 anos
EXPLICAÇÃO DO PEGA-PEGA:
Será escolhido 1 (um) ou mais pegadores, que tem
como objetivo pegar todos os colegas.
Os pegadores devem ao pegar os colegas falar o
que eles deve virar (Pedra, Árvore ou Ponte).
 Pedra: a criança deve ficar encolhida no chão.
Para ser salva o colega deve passar por cima do
colega que está como pedra.
 Árvore: a criança ao ser pega deve levantar
ambos os braços para cima. Para ser salva o colega
deve fazer cócegas, em quem está como árvore.
 Ponte: a criança deve fazer a ponte (da
ginástica) ou simplesmente colocar ambas as mãos
no chão, de forma que fique um espaço entre ela e o
chão, pois para salvar quem está na ponte é
necessário passar por baixo dela.
Os colegas devem fugir dos pegadores e salvar que
foi pego.
Procure trocar os pegadores por volta de 2 a 3
minutos, para evitar exaustão dos pegadores e para
que todos possam ter a chance de fugir e pegar.
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Harry Potter 4 anos

  • 1. http://avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-20/uma-leitura- inusitada-harry-potter-aos-4-anos/ Uma leitura inusitada: Harry Potter aos 4 anos ESCRITO POR MARCELA HADDAD EM 25/09/2004. PUBLICADO EM ATIVIDADE PERMANENTE, REVISTA AVISA LÁ #20 A professora Marcela põe abaixo,neste artigo,um mito da educação infantil:o de que não é possível ler livros com muitas páginas,sem ilustrações,para criançasmuito pequenas.O entusiasmo de sua turma de leitores mirins com um texto considerado complexo para a faixa etária conduz a um repensar das propostas comumente oferecidas aos pequenos Montagem do rosto ampliado de João Pedro sobre papelão dá origem ao “bruxo” que sobrevoa a sala de aula Hoje se sabe,devido a inúmeras pesquisas etnográficas e piscolingüísticas,que viver em um ambiente no qual ler e escrever integra o cotidiano faz toda a diferença para o desenvolvimento de competênciasleitoras e escritoras.Dentre as inúmeras ações que uma criança ainda na educação infantil pode presenciar e participar,sem dúvida,a leitura compartilhada,dialógica,é uma das mais importantes.As interações entre adultos e crianças que uma leitura em voz alta pode proporcionar contribui para a construção de habilidades comunicativas fundamentais em nossa cultura da informação.Segundo Teberosky e Ribeira1,“O processo cognitivo de ler não é um processo natural,mas propiciado pelas interações com pessoas mais experientes no mundo letrado e que contribui para as formas de comunicação em nossa sociedade”. Nessa atividade de leitura de um livro longo a professora,no caso a leitora experiente,conhecendo bem as experiências culturais de suas crianças,amplia significativamente a capacidade comunicativa desses leitores não convencionais.Neste caso,o cinema,por meio da filmografia de Harry Potter,não só virou pretexto para o encontro de crianças de 4 anos com a literatura,como também possibilitou um incremento do jogo simbólico e de outros conhecimentos,como se um grande caldeirão cultural fosse transportado para a sala de aula. Como num passe de mágica,o conhecimento foi oferecido tal qual um prato saboroso,convidativo, a ser degustado e transformado pelas crianças. Escolhendo um livro para ler O sucesso editorial de Harry Potter é inegável.O assunto interessa a crianças de diversas idades em diferentes países do mundo.A luta entre o bem e o mal, a magia,seres fantásticos e lugares encantados sempre estiveram presentes no imaginário da humanidade,mas conquistaram um lugar preferencial no universo infantil.As crianças da minha sala,embora com pouca idade,já tinham intimidade com o tema Harry Potter,principalmente por meio do cinema.Várias crianças já haviam assistido ao filme.Embora o livro
  • 2. fosse indicado para crianças mais velhas,devido ao tipo de texto,à ausência de ilustrações,à trama complexa e ao grande número de personagens,eu tinha a expectativa de que ele poderia interessar muitíssimo à minha turma. Assim,mergulhamos no mundo mágico de Harry Potter,que nos possibilitou trabalhar de forma significativa com essa atividade de leitura de história em capítulos2,que foi o centro de atenção de um grupo de crianças entre 4 e 5 anos,no auge do jogo simbólico.Harry Potter e a Pedra Filosofal marcou o primeiro contato dessas crianças com uma narrativa longa,bastante diferente dos livros até então conhecidospor elas,com textos curtos e farta ilustração. (Liliana Tolchinsky,em seu livro Aprendizagem da Linguagem Escrita – ed. Ática –, chama atenção para a importância de a criança esperar pelo momento da leitura,pensar nos acontecimentos relatadose ainda no que pode vir a suceder.E este é um fato que distingue as leituras feitas de uma só vez das leituras em capítulos,que dão tempo necessário para a imaginação!) Harry Potter: inaugurando a leitura em capítulos Dentre os objetivos do trabalho estavam,além de proporcionar prazere diversão,familiarizar as crianças com esse tipo de texto, ampliando seu repertório.A atividade suscitou também o desenvolvimento de diferentes comportamentos leitores das crianças,tais como:compartilhara leitura,confrontar com outros leitores a interpretação gerada pela história,antecipar o que se segue no texto e também se envolver com a narrativa.Além das questões afetivas que a leitura em voz alta proporciona – por exemplo,quando o pais lêem para as crianças na hora de dormir –,há muitas aprendizagens envolvidas nesses atos. As crianças ficam habituadas ao “estilo formal da linguagem escrita e outros aspectos dos textos escrito tais como:reproduzir o discurso direto dos personagens,ou aprender um vocabulário novo”3.O que, sem dúvida,faz toda a diferença para a alfabetização inicial e, mais tarde,para a compreensão de textos de estudo.Para total envolvimento,alguns cuidados foram observados,como,por exemplo,o conforto das crianças durante a leitura,a minha emoção enquanto leitora,um ambiente diferente na sala,com abajur e almofadas e,ainda, a atenção para que algumas partes do texto fossem contadas por mim e outras lidas. Com todos esses cuidados,a magia do relato se preservou e a expectativa das crianças conduziu nossa leitura todo o tempo. Aula de magia (foto Marcela Haddad) As rodas de leitura deste livro aconteciam todos os dias,ao final da tarde. Antes de iniciar o relato, conversávamos sobre onde havíamos parado no dia anterior e, imediatamente,surgiam vários comentários e hipóteses sobre o que iria acontecer.Durante a narrativa,freqüentemente via as crianças relaxadas fisicamente,mas bastante atentas às minhas palavras.
  • 3. Foi interessante as crianças terem percebido rapidamente as diferenças entre o texto e o filme a que assistiram.O livro, muito mais rico e elaborado,trazia várias passagens que não apareciam no filme,e essas diferenças surpreenderam as criançase fizeram aumentar ainda mais o entusiasmo.Foram muitas tardes dedicadas às leituras,e as crianças foram se envolvendo cada vez mais afetiva,cognitiva e culturalmente com o livro. A proximidade do fim da narrativa foi deixando o grupo bastante emocionado: “Não lê muito hoje, Marcela,para não acabar logo.” “Você vai ler o outro livro do Harry,não é, Marcela?” “Nossa,eu adorei esse livro.A gente vai ficar com saudade,não é?” Nesse episódio as crianças estavam manifestando um comportamento leitor que muitos de nós temos: interrompera leitura para que o livro não termine logo.Também deixaram evidente a relação afetiva que podemos estabelecercom a leitura,no caso a sensação de vazio quando chegamos ao final.A leitura densa e instigante mobilizou ações das crianças em diferentes áreasdo conhecimento,contribuindopara que diversas aprendizagens fossem potencializadas pelas aventuras de Harry Potter. (A aposta de que a criança pode aprofundar seu conhecimento para além do que a mídia lhe oferece,como conhecer o texto fonte,ou seja, versão que originou o filme, é uma saída interessante para ampliar o elo educação e cultura.Neste trabalho as crianças aprenderam que o cinema parte de uma idéia, que em sua essência,antes de ser delineada pela câmera,é escrita com todas as letras!Surpreender as crianças com conhecimentos que não estão explícitos,como este,é uma forma de a escola se atualizar constantemente, criando novas formas de ensinar no século XXI.) Harry Potter criando pretextos para a escrita No início do ano, trabalhamosmuitas atividadesde escrita que envolviam os nomes das crianças.Depois, passamos a investir em situações de escrita espontânea,nas quais as crianças podiam experimentare explorar o universo das letras,na tentativa de produzir seu próprio texto.A fim de contextualizar essas atividades,utilizei personagens do livro Harry Potter e também propus às criançasque escrevessem as receitas de suas poções mágicas.Nesses momentos,o clima foi de total comprometimento e interesse. Com as crianças divididas em mesas,percebi um intercâmbio imenso e a socialização de conhecimentos. Nesses pequenos grupos,puderam confrontar e compartilhar suashipóteses,trocando informações.Esses exercícios,plenos de significação,ajudaram nossos pequenos estudantes a compreender como funcionam os códigos de escrita. Ilustradores mirins de Harry Potter O livro do Harry Potter de fato chamou a atenção das crianças pelo texto,já que não continha figuras.Aliás, esse foi um aspecto que intrigou as crianças,acostumadascom a ilustração dos personagens,cenários e cenas das histórias.A saída encontrada para o questionamento das crianças “Por que este livro não tem desenho?” foi criar ilustraçõespara alguns capítulos do livro.Desenhamosos personagensconforme foram aparecendo,observando características físicas,respeitando o vestuário e sua inserção nas situações da história.Nos desenhos do Harry Potter,por exemplo,algumas criançasdesenharam ele bebê dentro do cestinho,outras,fizeram-no maior,dentro do armário da casa dos tios,outras se anteciparam e desenharam o Harry já caracterizado de bruxo. Para minha surpresa,as crianças passaram a sugerir o desenho de algumas cenas da história,como as partidas de quadribol e a visita dos personagens à floresta proibida.Para este trabalho de ilustração do livro, observamos e conversamos sobre as gravurase desenhos de vários outros livros.Instiguei,através de perguntas e dos materiais apresentados,as crianças a pensarem sobre questões como:o que precisa constar na ilustração de um livro? De quais partes da história os artistas se utilizam para ilustrar? Eles pintam só personagens ou pintam lugares e cenas também? Ao final,fizemos um livro de apresentação para os pais, onde se viam trechos do livro original copiado em papel translúcido e a seguir as ilustrações pertinentes. Alguns desses desenhos podem ser apreciados neste artigo.
  • 4. Crianças se preparam para voarem vassourasmágicas O brincar informado pela leitura O universo e a temática das brincadeiras sempre partem do que as crianças conhecem,tanto no que se refere ao plano da realidade,como ao plano da ficção.A leitura de Harry Potter alimentou o jogo simbólico de uma maneira muito rica.A escola de magia que esse personagem freqüentava serviu de cenário,de contexto,para uma nova forma de jogo simbólico:as aulas de bruxarias! Durante as aulas de poções mágicas,às quais o filme faz alusão,as transformações já ocorriam no primeiro instante,pois bastava eu colocar o chapéu seletor na cabeça e pronunciar algumas palavras mágicas para me transformar na Professora Minerva4.Com as crianças paramentadasde aprendizes de bruxo,com capa preta, chapéu pontudo e varinha mágica,nossas “aulas” se iniciavam. Para isso, montamos um Kit Bruxaria,contendo potes de tamanhosdiferentes,peneiras,funis,colheres e palitos, conta-gotas e seringas.Alguns ingredientes mágicos também faziam parte do kit, como pó de asa de borboleta,(na verdade sais de banho cor-de-rosa),sangue de unicórnio (anilina vermelha diluída em água),olho de cabra (pedrinhascolhidas no pátio) e tudo o mais que a imaginação permitisse.Não posso me esquecer de citar o principal ingrediente usado em quase todas as poções:a areia mágica da Lua. Ver as crianças manipulando esses materiais como em um laboratório,misturando,pingando gotinhas atentamente,cheirando e citando palavras mágicas,batendo com as suas varinhas,eram cenas encantadoras.Nesses momentos,elas se transportavam e soltavam a imaginação,permitindo que o lúdico invadisse totalmente a nossa sala. “Faz direito essa mágica,senão a Grifinória5 vai perder ponto!” “Se a minha poção não funcionar,a Minerva vai me transformar em sapo!” “Vou fazer uma bruxaria para transformar galho de árvore em biscoito,daí todo mundo pode comer,tá?” Nossa primeira poção foi feita de elementos recolhidos no pátio – pedras,areia, folhas,galhos,sementes e até insetos encontrados mortos – misturados com “ingredientes” encontradosem nossa sala,como anilina em pó, água, óleo de cozinha e pedacinhos de massinha.As crianças faziam combinações individuais, transformando-as em “feitiços”.No outro dia,cada um “escrevia” sua receita e socializava na roda, dizendo qual a finalidade de sua poção.Chegamosaté a fazer uma poção com gelo seco,e as crianças ficaram encantadas com a transformação do mesmo em uma grande nuvem de fumaça! Em uma das “aulas” misturamosapenas materiais líquidos de diferentes cores e,ao final, eu pinguei gotas de um ingrediente poderoso:detergente.Após tamparmosas garrafinhas plásticas,as crianças chacoalharam e muita espuma se formou.A euforia foi geral! Fizemos também massinha de farinha e anilina e, em outro momento,fabricamostinta de papel crepom,que foram utilizadas em nossas pinturas.Após cada experiência,as crianças faziam seus registrose comentavam seus resultados e sensações.
  • 5. A fantasia e a ludicidade estiveram presentesem todos os momentos deste projeto,mas houve situações em que o brincar ocorreu de forma plena.Os jogos de quadribol,os vôos de vassoura pelo pátio,além de muitas brincadeirasinspiradas no filme,constituíram-se em momentos que garantiram muita alegria Não posso deixar de citar uma situação que ocorreu quando fomos estrear as “vassouras mágicas” na quadra. Reproduzimos parte da cena na qual a professora explica como as crianças devem fazer para suas vassouras levantarem do chão.O grupo todo estava eufórico, porém,percebi uma criança que se mostrava um pouco apreensiva.Quando perguntei o que estava acontecendo,ela me olhou muito séria e perguntou: “Marcela, o que eu faço se a minha vassoura voar de verdade?”. Diante dessa pergunta tão inusitada e, ao mesmo tempo,tão verdadeira,só consegui responderassim: “Você se segura muito bem que eu pego a minha vassoura e vou te buscar bem rápido,tá?”. O desenvolvimento desta atividade permanente de leitura nos proporcionou momentos muito férteis e criativos.Relacionar-se de maneira prazerosa com a leitura possibilitou ganhos enormes a todos e,tenho certeza,nossas crianças levarãopara a sua vida inúmeras aprendizagens decorrentesdessa leitura compartilhada. (Marcela Haddad,professora que também é formada em História,desenvolveu esse trabalho na Escola Criarte,em SP. Atualmente é professora do Colégio Santa Cruz,em São Paulo) 1Contextos de Alfabetização na Aula. Ana Teberosky e Núria Ribeira, no livro Contextos de Alfabetização Inicial. Editora Artmed. 2 Marcela leu diariamente o livro Harry Potter por três meses consecutivos,ao final do período durante vinte minutos,entre leitura e apreciação do texto. 3De Escutar leitura em voz alta, no livro Contextos de Alfabetização Inicial.Editora Artmed. 4Professora Minerva,personagem de Harry Potter.Referência à Minerva,deusa romana,correspondente à deusa grega Atenas,uma das 12 divindades gregas do Olimpo.Protetora da vida dos guerreiros e heróis, também símbolo do conhecimentoe sabedoria,além de grande defensora dos artesãos,da arte e da ciência. 5Grifinória é o nome de uma das repúblicas da escola de Harry Potter. Quando a sala de aula vira cenário da história,as crianças ganham uma sala de magias Ficha técnica Realização:Escola Criarte – Rua Vahia de Abreu,696 – Vila Olímpia – CEP: 04549-003 – São Paulo – SP – Tel.: (11) 3842-7277 / (11) 3842-4613 – Site: www.criarte.com.br – E-mail:criarte@criarte.com.br Coordenadora Pedagógica:Daniela Pannuti – E-mail: dpannuti@bol.com.br Educadora:Marcela Haddad
  • 6. No dia do lançamento do livro ilustrado,uma decoração especial Para saber mais BRINCADEIRA COMHARRY POTTER PEGA-PEGA BRUXAOU HARRY POTTER O pega-pega é uma brincadeira antiga, porém é uma diversão para as crianças e muito adolescente até hoje. A atividade (Pega-pega) pode ser utilizada para que os alunos se aqueçam, para a prática de alguma atividade. IDADE: crianças a partir dos 4 anos EXPLICAÇÃO DO PEGA-PEGA:
  • 7. Será escolhido 1 (um) ou mais pegadores, que tem como objetivo pegar todos os colegas. Os pegadores devem ao pegar os colegas falar o que eles deve virar (Pedra, Árvore ou Ponte).  Pedra: a criança deve ficar encolhida no chão. Para ser salva o colega deve passar por cima do colega que está como pedra.  Árvore: a criança ao ser pega deve levantar ambos os braços para cima. Para ser salva o colega deve fazer cócegas, em quem está como árvore.  Ponte: a criança deve fazer a ponte (da ginástica) ou simplesmente colocar ambas as mãos no chão, de forma que fique um espaço entre ela e o chão, pois para salvar quem está na ponte é necessário passar por baixo dela. Os colegas devem fugir dos pegadores e salvar que foi pego. Procure trocar os pegadores por volta de 2 a 3 minutos, para evitar exaustão dos pegadores e para que todos possam ter a chance de fugir e pegar. http://jogos-regras-movimentos.blogspot.com.br/2014/06/pega-pega-bruxa-ou-harry- potter.html Monarquia_constitucional