SlideShare a Scribd company logo
1 of 31
Download to read offline
Histórias
                     do
                 Povo Cigano
Sug estõ es d e A c tivid a d es p ara o Ensino Básic o




      D e p arta m e nto d a Ed u c a ç ã o Básic a
Histórias
                      do
                  Povo Cigano
Sug estõ es d e Activid a d es p ara o Ensino Básic o




        D e p a rt a m e nto d a Edu c a ç ã oBásic a
Haga
       ÍNDICE clic
       doble
      H
       aquí para
      a
       editar el
     Introdução           5
      g
       texto.
      aFIC H A 1
     Eu, Cigano...        7
      d
      o HA 2
        FIC
      b Família
       A                  9

      l
        FIC H A 3
      eA Escola          11
      c
      liFIC H A 4
    O Nomadismo          13
      c
      aFIC H A 5
      q Língua
        A                15

      u
        FIC H A 6
      í A Venda          17
      p
      aFIC H A 7
      r A Casa           19

      aFIC H A 8
      e
    As Tradições         21

      d
        FIC H A 9
      it
O Namoro e o Casamento   25
      a
      r H A 10
       FIC

      e Música
       A                 29

      l
      t
      e
      x
      t
      o
      .
INTRODUÇÃO


Tendo em vista melhorar a eficácia da resposta educativa aos problemas surgidos da
diversidade dos contextos escolares e assegurar que todos os alunos aprendam mais e
de um modo mais significativo, o Departamento da Educação Básica editou o livro "Eu,
Cigano sempre!" e concebeu agora "Histórias do Povo Cigano", adaptadas a crianças,
contribuindo para a construção de uma escola de qualidade, mais humana, criativa e
inteligente.

Os excertos de histórias aqui apresentados resultam d e uma recolha efectuada em
Lisboa, Porto, Bragança, Évora e Portimão entre Junho e Dezembro de 1998, no âmbito
do Projecto "R O M-SF" (Programa Sócrates), desenvolvido em parceria com o s
Ministérios da Educação da Suécia e Finlândia.

C onscientes da multiplicidade de situações quotidianas, queremos apenas sugerir-lhe
algumas abordagens possíveis, que não se esgotam aqui. Embora não se pretenda um
tratamento exaustivo dest a temática, o(a) professor(a) poderá seleccionar
competências, organizar conteúdos e desenvolver o seu trabalho, segundo a concepção
de estratégias/ actividades diversificadas que criem condições para a transversalidade
das aprendizagens, numa perspectiva de desenvolvimento integral do aluno e de uma
efectiva educação para a cidadania.


                                                                                         5
FICH A 1                                                                             EU, CIGANO
IDEIAS-CHAVE: O trajo c igano


                                          TEXT O 1

                                           G osto d e vestir to d as as c ores! O trajo d as cig a n as é
                                           c olorid o! G osto m uito d e v e r u m a mulher b e m
                                           arra nja d a , d e trajo c o m prid o e c o m brin c os e pulseiras.
                                           Q u a nd o m e re form ar e g a nh ar a lgu m dinheiro c erto,
                                           qu ero c o m prar ouro p a r a a minh a mulher. N ã o f a lt a
                                           muito te m p o!

                                                                                 (Arm é nio, 60 a nos, Portim ã o)




TEXT O      2
Há diferenç as gra nd es entre o te m po d e a ntig a m ente e os te m pos d e a gora . Acho que so m os
c a d a vez m enos cig a nos. Já se veste d e tud o, já se faz d e tud o. Por mim n ã o m e im p orto, n ã o
critic o, d esd e que se sinta m b e m... nã o gosto é que se m eta m e m proble m as.

                                                                                        (La ura , 57 a nos, Lisbo a)
                                                                                                                       7
CURIOSIDADES:

                    O p ovo C ig a no re g e-se p or leis pró pri as, qu e n ã o est ã o escrit as, m as
                    que to d os os cig a nos c onhe c e m muito b e m;

                    Os cig a nos id e ntific a m-se norm alm e nte p elo vestu ário e c ara cterístic as
                    físic as: a gra nd e m aioria te m a p ele e os olhos b asta nte escuros;

                    Os cig a nos sã o um povo oriundo d a Índia .




    SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                    Re c olh a d e teste munhos/histórias d e fa miliares cig a nos;

                    Desenho d e um a cig a n a;

                    Dra m atiza ç ã o d e um a c en a d o quotidia no cig a no;

                    C onstru ç ã o d e u m á lbu m d e turm a (c a d a a luno f a z u m a bre v e
                    d escriç ã o d ele m esm o, junta nd o a su a foto);

                    El a b ora ç ã o d e u m p e qu e no proje c to d e inv estig a ç ã o so bre um a
                    p erson a g e m ou figura cig a n a ilustre.




8
FICH A 2                                                       A FAMÍLIA
IDEIAS-CHAVE: Fa mília numerosa


TEXTO

C asei c o m 14 a nos e fiquei viúva c e do.
D a ntes a nd a v a a p e dir u m a esm ola p ara d ar
d e c o m er a os m e us filhos. Ag ora cresc era m e
g a nh a m eles o p ã o. A vid a d eles é a nd ar a qui,
a nd ar ali.
O m e u p ai já está muito velhote . Para nos criar
p a d e c e u muito. N a q u ele te m p o tosquia v a
burros e as p esso as d a v a m-lh e quinze ou vinte
esc ud os por c a d a burro qu e tosquia v a . Ele
tra zi a o dinh eirinho e vinh a d ar à minh a m ã e
qu e D e us te m, p ara ela fazer u m a p a n elinh a
d e c o m er p ara todos.
Vivía m os n a ru a . O m eu p ai f a zi a u m as
b arra quinh as d e p a no e d ormía m os a li uns
qu a ntos.
Viv e m os se m pre juntos. Só nos se p a r á m os
p ara c asar.
Te nho seis filhos. N e nhu m d eles foi à esc ola .
M or a m a q ui c o m i g o . Viv e m os s e m p r e
juntinhos.

                              (Luísa , 57 a nos, Portim ã o)
                                                                           9
CURIOSIDADES:

                     A fa mília cig a n a é qu ase se m pre num erosa;

                     É fre qu e nte o a gre g a d o f a miliar ser c onstituíd o p or m a is d o qu e u m a
                     g era ç ã o -a vós, p ais, filhos, tios, prim os...;

                     De pois do c asa m ento, o c asal c ostum a ir viver c o m os p ais do noivo;

                     O ho m e m é que m to m a as gra nd es d e cisõ es d e fa mília;

                     Muitas vezes sã o os p ais a d e cidir c o m que m c asa m os filhos.



     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                     C o m p ara ç ã o entre a fa mília referid a no texto e a fa mília do aluno;

                     Lista g e m d e p alavras asso cia d as à vid a fa miliar;

                     Desenho d a fa mília do aluno;

                     Dr a m a tiz a ç ã o d e u m a c e n a f a m ili a r;

                     Explora ç ã o/d e b ate e m p e queno grup o d as se guintes frases:
                                “F ala m os à cig a no uns c o m os outros”;
                                “Entre os cig a nos a m ulh er g overn a a c asa e o ho m e m
                                govern a a vid a .”

10
FICH A 3                                                       A ESCOLA
IDEIAS-CHAVE: Ir / n ã o ir à escola



TEXTO

Aos sete a nos p erdi o m e u p ai e fiqu ei a viver
so m e nte c o m a minh a m ã e . Nesse a no e ntrei
p ara a esc ola , m as fui o brig a d o a d esistires ó
voltei a entrar a os d ez a nos. A professora p e diu
p ara levarm os algum m aterial. C o m o a minh a
m ã e n ã o c onse guiu c o m prá-lo, e u “a p a nh ei”
vergonh a e tive que d eixar a esc ola .
Q u a nd o voltei, a os d ez a nos, j á s a bi a ler e
escrever. E voltei a d esistir p orqu e che g ava
m uito tard e a c asa . Re gressei m a is u m a vez.
M a tric ulei-m e n a esc ola d e Alv ala d e , à noite.
Adorava a quela esc ola! Foi ond e p assa do dois
o u três a nos fiz o se gund o ciclo t a m b é m à
noite.


                               (Álv aro, 27 a nos, Lisb o a)




                                                                          11
CURIOSIDADES:

                     As cri a n ç as cig a n as n ã o g ost a m d e est ar m uito te m p o fe c h a d as n a
                     sala d e a ula;
                     G eralm e nte gra nd e p arte d os p ais cig a nos c onsid era qu e o horário
                     esc olar se inicia muito c e d o. Se o filho disser qu e n ã o qu er ir, o p ai n ã o
                     insiste;
                     As cria n ç as cig a n as, p or v ezes, d esiste m d a esc ola p orqu e tê m q u e
                     to m ar c ont a d os irm ã os m ais novos o u p orqu e os p ais m ud a m d e
                     resid ê n ci a ;
                     As m e nin as cig a n as qu a nd o c o m e ç a m a cresc er sa e m d a esc ola
                     p orque n ã o p o d e m c onviver c o m ra p azes;
                     A m aioria d os cig a nos m ais velhos n ã o fre quentou a esc ola;
                     N a esc ola ta m b é m p o d e m os a prend er a c onhe c er a cultura cig a n a .




     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                     Cria ç ã o d e histórias re c orre nd o a du as via g e ns im a gin árias:
                       “a esc ola id e al”;
                       “c o m o serei, o qu e f arei d a qui a 25 a nos?”
                     Re aliza ç ã o d e u m d e b a te so bre as v a nt a g e ns e d esv a nt a g e ns d e
                     fre qu e nt ar a esc ol a ;
                     ·
                     Id e ntific a ç ã o/re pro du ç ã o d e sons asso cia d os à esc ola .
12
FICH A 4                                                                    O NOMADISMO
IDEIAS-CHAVE: A nd ar d e terra em terra



TEXT O

O t e m p o a ntig o er a m uito b onito!
O s c i g a n os i a m p or a q u e l a s
p ast a g e ns, a c a nt ar, a b ailar.
And a v a m p elo mund o, c o m a
"c asa" às c ostas.
Os m e us p a is tinh a m u m a c arro ç a
e vivia m p or a qui e p or ali, a vend er
c o isin h a s. A c a m p á v a m os n os
c a m p os, e m sítios on d e houvesse
p asto p ara os a nim ais.
Le m bro-m e d e t erm os u m a
c a n astra , c o m um a gra nd e to alh a ,
u m c â ntaro, u m a c a feteira p ara o
c afé e m cim a d e um gra nd e lum e.
E p a lh a no ch ã o c o m o o m e nino
Jesus.
A nossa vid a era esta . And ar d e terra e m terra a vend er d e p orta e m p orta . Vivía m os hoje a qui,
a m a nh ã alé m. N ã o tính a m os um a c asa , p or isso a p a nh áva m os muito frio e muita chuva . M as
eu, a o m esm o te m po, gostava d e a nd ar assim.


                                                                                (M aria n a , 47 a nos, Portim ã o)
                                                                                                                      13
CURIOSIDADES:

                     Antig a m e nte existia um a lei, qu e proibia os cig a nos d e fic ar m ais d e 24
                     horas no m esm o sítio;
                     Por tere m sid o u m p ovo nó m a d a , a ind a hoje muitos cig a nos tê m o
                     h á bito d e d o brar diaria m e nte , os c o b ertores e le n ç óis d a c a m a.
                     C h a m a m a este h á bito "arm arof a to";
                     Mesm o vive nd o e m c asas, muit as vezes os cig a nos volt a m a d eslo c ar-
                     se c o m fre qu ê n cia , p or m otivos profission ais (v e nd a a m bula nte ,
                     tra b alho sazon al), ou qu a ndo se za ng a m uns c o m os outros.




     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:


                     Pintura d o itin erário d o
                     p ovo cig a no a t é à
                     Pe nínsula Ib éric a (m a p a);

                     Explora ç ã o d o itin erário
                     se guid o p elo p ovo cig a no
                     (m a p a );


                     Análise do provérbio cig ano: "A terra é a minha p átria, o c éu o m eu te cto
                     e a lib erd a d e a minh a religiã o".
14
FICH A 5                                                                                    A LÍNGUA
IDEIAS-CHAVE: Rom a ni / C aló



TEXTO

O Ro m a ni é a nossa língu a , m as pouc os cig a nos a sa b e m falar pois c a d a vez se usa m enos.
M esm o d a ntes só f a l á v a m os e m fre nte a os senhores (os n ã o c i g a n os), p a r a q u e n ã o
nos e nte nd esse m . C o m o c onvívio qu e a g ora te m os c o m to d a a        g e nte , d eixou d e f a z e r
f alt a .
Antig a m e nte er a c ois a im p orta nte .
Q u a nd o ví a m o s a G u a r d a d izí a m o s
“v e m aí o arc a nhin ”, cig a n a diz-se
c a lhin . Q u e m f ala a verd a d e , n ã o
m ere c e c a stig o!
Te nho m uit a p e n a qu e se p erc a a
língu a , p orqu e é m uito a ntig a e
p orqu e g osto m uito. Eu m esm o e m
c asa f alo c o m o m e u m arid o e
e nsin o a to d osos m e usfilh os.

                 (Ro m a n a , 45 a n os,Év or a )




                                                                                                                     15
CURIOSIDADES:

                     Em Portug al e e m Esp a nh a os cig a nos fala m um a varia nte (diale cto) d o
                     Ro m a ni, ch a m a-se c aló;

                     Os cig a nos ne m se m pre gosta m d e ensin ar o Ro m a ni/C aló;

                     O s cig a nos n ã o escre v e m a su a história n e m a su a língu a - c ultura
                     á gra f a ;

                     Em C aló m enino n ã o cig a no diz-se la currilho.




     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                     C onstruç ã o d e um glossário e m C aló e Português;

                     De b ate so bre a im p ortâ ncia d a preserva ç ã o d a língu a cig a n a;
                     ·
                     Re c olh a , junto d e fa mílias cig a n as, d e expressõ es e m ro m a ni/c aló;

                     Dra m atiza ç ã o d e um a situ a ç ã o entre cig a nos e n ã o cig a nos, utiliza nd o
                     as resp e ctivas língu as.




16
FICH A 6                                                                            A VENDA
IDEIAS-CHAVE: Venda a mbula nte



TEXTO

Aind a c onh e ci a ve nd a d o lisb o et a
no “Reló gio”. Era um a gra nd e feira!
Hoj e c ontinu a m os a ser
ve nd e d ores, c o m o os nossos p ais,
e avós. Tra b alh a m os m uito! É à
vend a que va m os busc ar as nossas
fontes d e re c eit a . É a ve nd a q u e
nos p ermite sobreviver no dia a dia .
É um a vid a difícil. Se n ã o te m os um
lug ar, a nd a m os m ais te m p o a fugir
à p olícia d o qu e a qu ele q u e
est a m os a vend er. Posses p ara
c o m prar u m b o c a dinho d e chã o,
p ou c os tê m. Q u er ve nd a m os, ou
n ã o, t e m os qu e p a g a r se m pre
a quela qu a ntia e a m aior p arte d as
vezes n ã o te m os dinheiro.
O s ho m e ns c o m pra m as m erc a d orias, m as as m ulh eres ajud a m b ast a nte - c o m pra m,
vend e m e aind a to m a m c onta d a c asa e dos filhos.

                                                                               (Júlio ,2 7 a n os,Lis b o a )
                                                                                                                17
CURIOSIDADES:

                     Por tra diç ã o, to d os os ho m e ns cig a nos se d e dic a m à ve nd a a p artir d o
                     c asa m e nto;

                     Para a lé m d a ve nd a exist e m outras profissõ es a n c estrais, asso cia d as
                     a os cig a nos: c est aria , n e g ó cio d e a nim ais, tosquia , tra b alhos sazon ais,
                     la to aria , quiro m a n cia (m ulh eres);

                     Ta m b é m h á cig a nos c o m cursos sup eriores (a dvo g a d os, professores...);

                     O s cig a nos n ã o ve nd e m à se gund a feira , é o dia d e d esc a nso d e
                     muitos.


     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                     Re c olh a d e teste munhos cig a nos, d esitu a ç õ es d e ve nd a ;

                     Enum era ç ã o d e pro dutos vendid os p elo p ovo cig a no;

                     Lista g e m d e feiras re gularm ente fre quenta d as p or cig a nos;

                     Dra m a tiza ç ã o d e situ a ç õ es d e ve nd a .




18
FICH A 7                                                              A CASA
IDEIAS-CHAVE: Panos, b arracas, casas



TEXTO

Os m eus avós e p ais nunc a tivera m c asa . Vivia m
or a d e b aixo d e p a nos, ora d e b aixo d e árvores,
ora e m b arra c os, c onform e fizesse frio ou c alor.
De vez e m qu a nd o a p are cia a p olícia e d eitava
tudo a b aixo. Era um c aso sério!
Hoje qu ase to d os os cig a nos tê m um a c asa . Uns
a lug a m , outros c o m pra m , outros a C â m ara
d á ... Pa g a m a á gu a , p a g a m a luz, c o m o to d a a
g ente.
Eu, assim que c asei c o m prei logo um a c asinh a .
Um a c asa é muito m elhor d o qu e um a b arra c a .
N ã o p assa m os frio, t e m os asseio e é outra
lim p eza .
De Verã o, qu a ndo está c alor e nos a p ete c e estar
a o fresc o, v a m os (c o m o a ntig a m e nte) p ara a
p onte d o M arc elino. H á u m a á rvore m uito
gra nd e qu e d á p ara o Palá cio d e Q u eluz, e m
b aixo c orre o rio, e ali esta m os nós a o fresquinho.
Ét ã o b o m !S a b e t ã o b e m ir p a r a a q u e l e ri o .


                                    (M a ri a ,65 a n os,Lisb o a )
                                                                               19
CURIOSIDADES:

                     Os cig a nos n ã o g ost a m d e viver e m pré dios (a nd ares) m uito altos;

                     G ost a m d e c asas c o m quint al e c o m esp a ç os a m plos e areja d os,
                     p or c a usa d a su a forte lig a ç ã o à n a turez a ;

                     A ctu a lm e nte a m a ior p arte d os cig a nos vive e m b a irros d e
                     re aloja m e nto.



     SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:


                     C onstru ç ã o d e u m a m a qu et a d e u m a c a m p a m e nto cig a no;

                     D ese nho d e u m a c asa ond e os alunos g ost asse m d e viver;

                     List a g e m d e vo c a bulário re fere nte à h a bit a ç ã o;

                     Ela b ora ç ã o d e u m p e qu e no texto so bre as v a nt a g e ns/d esv a nt a g e ns
                     d e viver nu m a c a m p a m e nto;

                     Re aliza ç ã o d e u m d e b a te a p artir d os textos pro duzid os p elos alunos.




20
FICH A 8                                                                         AS TRADIÇÕES
IDEIAS-CHAVE: Luto / N atal



                                              TEXTO      1
                                              Vestim os luto, usa m os c h a p é u, d eixa m os cresc er a
                                              b arb a qu a nd o nos m orre algu é m m uito che g a d o.
                                              Po d e m os tir a r o luto, p or exe m plo, se algu é m muito
                                               che g a d o fic ar grave m ente d o ente. Tira m os o luto p ara
                                               esp erar o m al e voltar, d e pois, a pô-lo por essa p esso a.


                                                                                           (José, 30 a n os,Év or a )




TEXT O       2
O N a t al é a nossa fest a prin cip al. Antig a m e nte , a nd á v a m os d e feira e m feira , a c h a m ar-nos
uns a os outros, p ara pre p ararm os tud o juntos. Passá v a m os p ala vra : "Este a no v a m os f a zer o
N a t al e m Q uintela". E a p are cia m to d os. C a nt á v a m os, d a n ç á v a m os. C o mí a m os p eru,
b a c alh a u, arroz, m a c arrã o. D e tud o. Junt á v a m o-nos to d os e m três o u qu a tro c urra is qu e o
p ovo nos e m prest a v a .
                                                                                                                        21
TEXT O   2 (cont.)
                     Era muito b onito. Havia m ais sa úd e e ale gria , a p esar d e d ormirm os p ela
                     g e a d a , éra m os m a is felizes. Ag or a é tud o difere nte . Est á tud o m ais
                     p olític o! C a d a um est á e m su a c asa . Q u e m te m c o m er, c o m e , qu e m
                     n ã o te m , n ã o c o m e . As cig a n as nov a s só se c onh e c e m à c ont a d o
                     c a b elo e d a tra vessa qu e usa m p ara o pre nd er. D e resto sã o igu ais às
                     outras m o ç as.

                                                                              ( O lin d a ,46 a n os,Br a g a n ç a )




22
CURIOSIDADES:

                No N atal os cig a nos põ e m a "m esa" no ch ã o, c o m um a to alh a bra nc a;

                As p esso as m a is velh as sã o m uito resp eit a d as e ntre os cig a nos. É a os
                m a is velhos qu e s ã o p e did os c onselhos e orie nt a ç õ es p ara resolver
                pro ble m as. C h a m a-se "tio" a o ho m e m m ais velho e/ou m ais resp eita d o
                d a c o munid a d e;

                As mulheres cig a n as n ã o entra m sozinh as e m lug ares públic os;

                Q u a nd o algum cig a no est á no hospit al, to d os os se us a mig os e f a mília
                p erm a ne c e m d a p arte d e fora , dia e noite, até ele sair;

                Q u a nd o o m arid o m orre , a cig a n a viúv a te m d e c ortar o c a b elo to d o e
                veste-se d e preto p ara se m pre;

                As cig a n as qu a nd o cresc e m tê m d e usar saias c o m prid as e n ã o
                p o d e m estar sozinh as c o m ra p azes;

                N a f a mília cig a n a qu a nd o m orre algu é m qu e h a bit a n a m esm a c asa ,
                os f a miliares pint a m-n a d e novo e m ud a m osm óveisd esítio;


                O " d i a d o c i g a n o" é f e st e j a d o n o d i a d e S.Jo ã o ;

                O s cig a nos tê m m uito ouro, p or g ost are m e p orqu e e m c aso d e
                n e c essid a d e p o d e m v e n d ê-lor a pid a m e nt e .


                                                                                                          23
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:


                  El a b ora ç ã o d e u m p a in el e m qu e se evid e n cie m os h á bitos d o p ovo
                  cig a no, p artind o d a p esquisa e m jorn ais ou revistas;

                  Re c olh a d e re c eit as d e pra tos d o p ovo cig a no. C o m pila ç ã o e a n álise
                  so b o p onto d e vista nutricion al. Sele c ç ã o d as m ais e quilibra d as;

                  Org a niza ç ã o d e um alm o ç o cig a no;

                  Um dia c o m...*
                  C onvite a um m enino cig a no p ara ir p assar um dia c o m um n ã o cig a no
                  e vic e-v ersa ;

                  Relato d a exp eriência à turm a .



                  *est a a c tivid a d e d e v erá ser pre c e did a d e u m a se nsibiliz a ç ã o às f a míli as p ara as
                  questõ es d a cid a d a nia .




24
FICH A 9                                                  O NAMORO E O CASAMENTO
IDEIAS-CHAVE: Fugir, estar pedido, prometido, d a r cabaças



TEXTO 1

Houve um dia e m que ia p ara o tra b alho e ela enc a ntou-m e. C o m e c ei a olh á-la e p ensei: "ela
está tã o b onita!". N a m orá m os dura nte algum te m p o, um a no m ais ou m e nos, d e p ois fugim os
e fic á m os fora dura nte três dias. Tinh a d ezasseis a nos e ela c a torze . Q u a nd o esta m os p e did os
n ã o p o d e m os n a m orar ne m est a r juntos. N ós e nte nd e m os qu e qu ería m os est a r juntos e
fugim os.
                                                                                        (Júli o , 2 7 a n os,Lis b o a )




TEXT O        2
Pe di-m e c o m o m eu m arid o p ara c asar c o m
nove a nos e ele foi logo viver p ara a nossa c asa ,
pois os nossos p ais fizera m um a so cie d a d e.
Aind a hoje o m eu c asa m e nto te m fa m a.
C o m prá m os m uit a c o m id a e c onvid á m os to d a
a g e nte . A fest a foi n a eira , c o m du as b a nd as d e
m úsi c a a to c a r.F oi m uito b o nito!
                                (Ro m a n a , 4 5 a n os,Év or a )



                                                                                                                           25
CURIOSIDADES:

               Em relação ao namoro


                     Q u a nd o c o m e ç a m a n a m orar os cig a nos n ã o p o d e m f alar u m c o m o
                     outro, m a nd a m re c a d os por outra p esso a ; c ostu m a m dizer q u e
                     n a m ora m c o m os olhos;

                     O s ho m e ns cig a nos n ã o p o d e m re c usar u m c o m pro misso d e
                     c asa m e nto/n a m oro;

                     As mulheres p o d e m re cusar "d a nd o c a b a ç as".




               Em relação ao casamento


                     À c erim ónia p ara c on c e d er a m ulh er cig a n a e m c asa m e nto,
                     c h a m a-se p e dim e nto ;

                     Muitos cig a nos p ara a nte cip ar a d a t a d o c asa m e nto fo g e m p ara
                     long e d a f a m íli a , c h a m a-se fugim ento ;

                     A fest a d e c asa m e nto d os cig a nos p o d e durar m uitos dias e sã o os
                     ho m e ns qu e c ozinh a m;
26
Dura nte as fest as d e c asa m e nto as cig a n as usa m m uit as rou p a s
nov as, às vezes feit as p or c ostureiros f a m osos;

Os cig a nos n ã o g ost a m m uito d e c asa m e ntos c o m os n ã o cig a nos;

Para d esf azer u m c asa m e nto cig a no é pre ciso re unir as resp e ctiv as
f a mílias, p ara h a ver u m a c ord o.




                                                                                   27
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:



                  D ese nho so bre o te m a "o c asa m e nto d os cig a nos";

                  El a b ora ç ã o d e u m fic h eiro c o m alguns c on c eitos usa d os p elos
                  cig a nos;
                      Ex: S er pro m etid o é ...
                           Ac eit ar o p e did o signific a ...
                           O fugim e nto é ...

                  Se tivesse m que org a nizar um c asa m ento cig a no o que faria m? Listar as
                  várias fases e ne c essid a d es d a org a niza ç ã o d o c asa m ento cig a no.

                  C onvit e a u m cig a no p ara vir à turm a f a l a r so bre o n a m oro e o
                  c asa m e nto.




28
FICH A 10                                                                                               A MÚSICA
IDEIAS-CHAVE: Romba



                                                          TEXT O 1

                                                          F o r m á m o s o g ru p o a o q u a l d e m o s o n o m e d e " O s
                                                          S e t e R e is", p orq u e é r a m oss e t e .To c á v a m os m úsi c a
                                                          a q u e n ós c h a m a m os"ro m b e iros p ortu g u e s e s", o u
                                                          sej a , músic a cig a n a p ortugu esa . Assim c o m o os
                                                          esp a nhóis to c a m a esp a nhola d a nós to c a m os a
                                                          ro m b a . O esp a nhol é m a is clássic o, nós to c a m os
                                                          outro g é n ero d e músic a q u e p o r a c a s o t e m m uit o
                                                          su c esso e mEsp a nh a .

                                                                                              (Jo ã o M a nu e l, 4 0 a n os,Port o)




TEXT O         2
C a nt a r, c a nt a rs e m pr e g ost e i.M a s a g or a j á n ã o c a nto .
Nos a c a m p a m e ntosc a nt á v a m os, d a n ç á v a m os, o sr a p a z e st o c a v a m vi o l a e e us a b i a t a nt a s
m úsi c a s!M e s m o a ssi m n ã o g ost o d e a c a m p a m e nt os, g ost o m a is d e viv e rnu m a c a s a .Éo utr a
vid a !

                                                                                             (N a tivid a d e , 72 a nos,Lisb o a)
                                                                                                                                       29
TEXT O   3
       Vou cantar uma canção:


           "And a la c urrilh a
           qu e tu já m e d eixaste ,
           a nd a la c urrilh a
           qu e tu já m e a b a nd on aste .

           O c o m b oio a m eric a no
           Q u a nd o a pit a , f a z c alor
           Há m a is d e u m a se m a n a
           Q u e n ã o vejo o m e u a m or.

           An d a la c urilh a
           Q u e tu já m e d eixaste ..."

                      (Lú cia , 10 a n os,Év or a )




30
CURIOSIDADES:

                Há muitos cig a nos músic os, e m todo o mundo;

                Os cig a nos a prend e m a to c ar, c a ntar e d a nç ar muito c e do;

                A prim eira c oisa qu e as m ã es cig a n as e nsin a m a os b e b és é "b a ter os
                p eitilhos" (estalar os d e d os); a se guir é b ater p alm as à m a neira cig a n a;

                Às vezes qu a nd o u m cig a no c o m e ç a a c a nt ar o u to c ar, a p are c e m
                outros cig a nos e faz-se um a gra nd e festa .




SUGESTÕES DE ACTIVIDADES:

                C o m pila ç ã o d e p o e m as, c a n ç õ es, a divinh as, etc. rel a cion a d os c o m
                os cig a nos;

                Org a niza ç ã o d e um c onvívio c o m d a nç as e c a ntares cig a nos;

                Re aliza ç ã o d e u m a b a nd a d ese nh a d a c ole ctiv a so bre as fest as
                cig a n as.




                                                                                                           31
FICHA TÉCNICA

                  TÍTULO
      HIST Ó RIAS D O P O V O CI G AN O
Sugestões de Actividades para o Ensino Básico

                       EDITOR
             Ministério da Educação
     Departamento da Educação Básica
   Núcleode O rganização Pedagógica e
                 Apoios Educativos
  Av . 2 4 d e Ju l h o , 1 4 0 1 3 9 9 - 0 2 5 Lisboa
           http:/ /www.deb.min-edu.pt

        RECOLHA DE HISTÓRIAS
             Adozinda Melo
             Antónia Fidalgo
             C arlos da Silva

          GRUPO DE TRABALHO
              Antónia Fidalgo
              Jesuina Ribeiro
               Lina Marques
            M. da Luz Pignatelli

              CAPA,GRAFISMO
               e ILUSTRAÇÃO
               Manuela Lourenço

                  IMPRESSÃO
                  Euro-scanner

              DEPÓSITOLEGAL
                 173716 / 01

                     ISBN
                 972-742-145-8


                    TIRAGEM
                    5 0 0 0 expl.

                     DATA
                 Dezembro, 2 0 0 1
ProgramaSócrates

More Related Content

What's hot (13)

Minha primeira tabela de consulta
Minha primeira tabela de consultaMinha primeira tabela de consulta
Minha primeira tabela de consulta
 
Fichasavaliaomensal1ano
Fichasavaliaomensal1anoFichasavaliaomensal1ano
Fichasavaliaomensal1ano
 
2083551 microsoft-word-silabacao-3-ano
2083551 microsoft-word-silabacao-3-ano2083551 microsoft-word-silabacao-3-ano
2083551 microsoft-word-silabacao-3-ano
 
Fichas de ortografia 1
Fichas de ortografia 1Fichas de ortografia 1
Fichas de ortografia 1
 
Avl22 140221085311-phpapp01
Avl22 140221085311-phpapp01Avl22 140221085311-phpapp01
Avl22 140221085311-phpapp01
 
Prova português para o 2º ano
Prova português para o 2º anoProva português para o 2º ano
Prova português para o 2º ano
 
285864379 caderno-1º-ano-casos-da-leitura
285864379 caderno-1º-ano-casos-da-leitura285864379 caderno-1º-ano-casos-da-leitura
285864379 caderno-1º-ano-casos-da-leitura
 
Dislexia
DislexiaDislexia
Dislexia
 
Modelo de teste português
Modelo de teste portuguêsModelo de teste português
Modelo de teste português
 
Caderno de ditado
Caderno de ditadoCaderno de ditado
Caderno de ditado
 
Ficheiros de lp (para sala)
Ficheiros de lp (para sala)Ficheiros de lp (para sala)
Ficheiros de lp (para sala)
 
Fichasavaliaomensal2ano
Fichasavaliaomensal2anoFichasavaliaomensal2ano
Fichasavaliaomensal2ano
 
Lp 6ano
Lp 6anoLp 6ano
Lp 6ano
 

Similar to Historias do povo cigano sugestoes para profs

Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_
Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_
Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_Alice Lirio
 
A primeira republica_brasileira
A primeira republica_brasileiraA primeira republica_brasileira
A primeira republica_brasileirawillcarly
 
23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdfVanessa Reis
 
23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdfVanessa Reis
 
A voz da estrela - AIDS
A voz da estrela - AIDSA voz da estrela - AIDS
A voz da estrela - AIDSMarcelo Santos
 
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdfMartaFigueiredo33
 
Imigração italiana para o Brasil
Imigração italiana para o BrasilImigração italiana para o Brasil
Imigração italiana para o BrasilWalquiriaDom
 
A Web Como Mídia Para A Terceira Idade
A Web Como Mídia Para A Terceira IdadeA Web Como Mídia Para A Terceira Idade
A Web Como Mídia Para A Terceira IdadeCamila Casarotto
 
Verão TIM 2008 - Guilherme Krauss
Verão TIM 2008 - Guilherme KraussVerão TIM 2008 - Guilherme Krauss
Verão TIM 2008 - Guilherme KraussGuilhermeKrauss
 
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)jornadaeducacaoinfantil
 
Projeto carrossel atual
Projeto carrossel atualProjeto carrossel atual
Projeto carrossel atualVera Kovalski
 
Coleção Tenondé
Coleção TenondéColeção Tenondé
Coleção TenondéJanaina Netz
 

Similar to Historias do povo cigano sugestoes para profs (20)

Sara pp
Sara ppSara pp
Sara pp
 
23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf
 
Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_
Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_
Formação trabalhadores e_jovens_espiritas_
 
Pat crespo
Pat crespoPat crespo
Pat crespo
 
A primeira republica_brasileira
A primeira republica_brasileiraA primeira republica_brasileira
A primeira republica_brasileira
 
Atitudes
AtitudesAtitudes
Atitudes
 
A voz da_estrela-pdf
A voz da_estrela-pdfA voz da_estrela-pdf
A voz da_estrela-pdf
 
23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf
 
23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf23 a voz_da_estrela pdf
23 a voz_da_estrela pdf
 
A voz da estrela
A voz da estrelaA voz da estrela
A voz da estrela
 
A voz da estrela - AIDS
A voz da estrela - AIDSA voz da estrela - AIDS
A voz da estrela - AIDS
 
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf
1.º PORT - SABICHÃO - caderno de trabalho.pdf
 
Imigração italiana para o Brasil
Imigração italiana para o BrasilImigração italiana para o Brasil
Imigração italiana para o Brasil
 
A Web Como Mídia Para A Terceira Idade
A Web Como Mídia Para A Terceira IdadeA Web Como Mídia Para A Terceira Idade
A Web Como Mídia Para A Terceira Idade
 
Verão TIM 2008 - Guilherme Krauss
Verão TIM 2008 - Guilherme KraussVerão TIM 2008 - Guilherme Krauss
Verão TIM 2008 - Guilherme Krauss
 
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)
Educação Infantil: com quantas datas se faz um currículo? (Marta Maia)
 
Dafa ni ti_opele
Dafa ni ti_opeleDafa ni ti_opele
Dafa ni ti_opele
 
Curso oratoria modulo5_2015
Curso oratoria modulo5_2015Curso oratoria modulo5_2015
Curso oratoria modulo5_2015
 
Projeto carrossel atual
Projeto carrossel atualProjeto carrossel atual
Projeto carrossel atual
 
Coleção Tenondé
Coleção TenondéColeção Tenondé
Coleção Tenondé
 

More from maladigitalmourao

More from maladigitalmourao (20)

Prevenção rodoviária pief
Prevenção rodoviária piefPrevenção rodoviária pief
Prevenção rodoviária pief
 
Folheto comunidades ciganas final
Folheto comunidades ciganas finalFolheto comunidades ciganas final
Folheto comunidades ciganas final
 
Mensagem do dia internacional dos ciganos
Mensagem do dia internacional dos ciganosMensagem do dia internacional dos ciganos
Mensagem do dia internacional dos ciganos
 
E news ciganos-n7
E news ciganos-n7E news ciganos-n7
E news ciganos-n7
 
Portefólio formação vocacional_pief_mourão
Portefólio formação vocacional_pief_mourãoPortefólio formação vocacional_pief_mourão
Portefólio formação vocacional_pief_mourão
 
Guia de atividades etnias
Guia de atividades etniasGuia de atividades etnias
Guia de atividades etnias
 
Livro das profissões monforte
Livro das profissões monforteLivro das profissões monforte
Livro das profissões monforte
 
Enicc consulta publica
Enicc consulta publicaEnicc consulta publica
Enicc consulta publica
 
E news ciganos-n6
E news ciganos-n6E news ciganos-n6
E news ciganos-n6
 
Enicc consulta publica
Enicc consulta publicaEnicc consulta publica
Enicc consulta publica
 
Tese doutoramento mj casa nova
Tese doutoramento mj casa novaTese doutoramento mj casa nova
Tese doutoramento mj casa nova
 
Interculturalidade
InterculturalidadeInterculturalidade
Interculturalidade
 
Guia de combate ao insucesso escolar das raparigas ciganas
Guia de combate ao insucesso escolar das raparigas ciganasGuia de combate ao insucesso escolar das raparigas ciganas
Guia de combate ao insucesso escolar das raparigas ciganas
 
Fundacion secretariadogitanojerez saude nos jovens ciganos
Fundacion secretariadogitanojerez saude nos jovens ciganosFundacion secretariadogitanojerez saude nos jovens ciganos
Fundacion secretariadogitanojerez saude nos jovens ciganos
 
Léxico português caló
Léxico português calóLéxico português caló
Léxico português caló
 
Microorganismos
MicroorganismosMicroorganismos
Microorganismos
 
Ficha prof 1
Ficha prof 1Ficha prof 1
Ficha prof 1
 
Ficha aluno 2
Ficha aluno 2Ficha aluno 2
Ficha aluno 2
 
Ficha aluno 1
Ficha aluno 1Ficha aluno 1
Ficha aluno 1
 
Objectivos
ObjectivosObjectivos
Objectivos
 

Historias do povo cigano sugestoes para profs

  • 1. Histórias do Povo Cigano Sug estõ es d e A c tivid a d es p ara o Ensino Básic o D e p arta m e nto d a Ed u c a ç ã o Básic a
  • 2. Histórias do Povo Cigano Sug estõ es d e Activid a d es p ara o Ensino Básic o D e p a rt a m e nto d a Edu c a ç ã oBásic a
  • 3. Haga ÍNDICE clic doble H aquí para a editar el Introdução 5 g texto. aFIC H A 1 Eu, Cigano... 7 d o HA 2 FIC b Família A 9 l FIC H A 3 eA Escola 11 c liFIC H A 4 O Nomadismo 13 c aFIC H A 5 q Língua A 15 u FIC H A 6 í A Venda 17 p aFIC H A 7 r A Casa 19 aFIC H A 8 e As Tradições 21 d FIC H A 9 it O Namoro e o Casamento 25 a r H A 10 FIC e Música A 29 l t e x t o .
  • 4. INTRODUÇÃO Tendo em vista melhorar a eficácia da resposta educativa aos problemas surgidos da diversidade dos contextos escolares e assegurar que todos os alunos aprendam mais e de um modo mais significativo, o Departamento da Educação Básica editou o livro "Eu, Cigano sempre!" e concebeu agora "Histórias do Povo Cigano", adaptadas a crianças, contribuindo para a construção de uma escola de qualidade, mais humana, criativa e inteligente. Os excertos de histórias aqui apresentados resultam d e uma recolha efectuada em Lisboa, Porto, Bragança, Évora e Portimão entre Junho e Dezembro de 1998, no âmbito do Projecto "R O M-SF" (Programa Sócrates), desenvolvido em parceria com o s Ministérios da Educação da Suécia e Finlândia. C onscientes da multiplicidade de situações quotidianas, queremos apenas sugerir-lhe algumas abordagens possíveis, que não se esgotam aqui. Embora não se pretenda um tratamento exaustivo dest a temática, o(a) professor(a) poderá seleccionar competências, organizar conteúdos e desenvolver o seu trabalho, segundo a concepção de estratégias/ actividades diversificadas que criem condições para a transversalidade das aprendizagens, numa perspectiva de desenvolvimento integral do aluno e de uma efectiva educação para a cidadania. 5
  • 5. FICH A 1 EU, CIGANO IDEIAS-CHAVE: O trajo c igano TEXT O 1 G osto d e vestir to d as as c ores! O trajo d as cig a n as é c olorid o! G osto m uito d e v e r u m a mulher b e m arra nja d a , d e trajo c o m prid o e c o m brin c os e pulseiras. Q u a nd o m e re form ar e g a nh ar a lgu m dinheiro c erto, qu ero c o m prar ouro p a r a a minh a mulher. N ã o f a lt a muito te m p o! (Arm é nio, 60 a nos, Portim ã o) TEXT O 2 Há diferenç as gra nd es entre o te m po d e a ntig a m ente e os te m pos d e a gora . Acho que so m os c a d a vez m enos cig a nos. Já se veste d e tud o, já se faz d e tud o. Por mim n ã o m e im p orto, n ã o critic o, d esd e que se sinta m b e m... nã o gosto é que se m eta m e m proble m as. (La ura , 57 a nos, Lisbo a) 7
  • 6. CURIOSIDADES: O p ovo C ig a no re g e-se p or leis pró pri as, qu e n ã o est ã o escrit as, m as que to d os os cig a nos c onhe c e m muito b e m; Os cig a nos id e ntific a m-se norm alm e nte p elo vestu ário e c ara cterístic as físic as: a gra nd e m aioria te m a p ele e os olhos b asta nte escuros; Os cig a nos sã o um povo oriundo d a Índia . SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: Re c olh a d e teste munhos/histórias d e fa miliares cig a nos; Desenho d e um a cig a n a; Dra m atiza ç ã o d e um a c en a d o quotidia no cig a no; C onstru ç ã o d e u m á lbu m d e turm a (c a d a a luno f a z u m a bre v e d escriç ã o d ele m esm o, junta nd o a su a foto); El a b ora ç ã o d e u m p e qu e no proje c to d e inv estig a ç ã o so bre um a p erson a g e m ou figura cig a n a ilustre. 8
  • 7. FICH A 2 A FAMÍLIA IDEIAS-CHAVE: Fa mília numerosa TEXTO C asei c o m 14 a nos e fiquei viúva c e do. D a ntes a nd a v a a p e dir u m a esm ola p ara d ar d e c o m er a os m e us filhos. Ag ora cresc era m e g a nh a m eles o p ã o. A vid a d eles é a nd ar a qui, a nd ar ali. O m e u p ai já está muito velhote . Para nos criar p a d e c e u muito. N a q u ele te m p o tosquia v a burros e as p esso as d a v a m-lh e quinze ou vinte esc ud os por c a d a burro qu e tosquia v a . Ele tra zi a o dinh eirinho e vinh a d ar à minh a m ã e qu e D e us te m, p ara ela fazer u m a p a n elinh a d e c o m er p ara todos. Vivía m os n a ru a . O m eu p ai f a zi a u m as b arra quinh as d e p a no e d ormía m os a li uns qu a ntos. Viv e m os se m pre juntos. Só nos se p a r á m os p ara c asar. Te nho seis filhos. N e nhu m d eles foi à esc ola . M or a m a q ui c o m i g o . Viv e m os s e m p r e juntinhos. (Luísa , 57 a nos, Portim ã o) 9
  • 8. CURIOSIDADES: A fa mília cig a n a é qu ase se m pre num erosa; É fre qu e nte o a gre g a d o f a miliar ser c onstituíd o p or m a is d o qu e u m a g era ç ã o -a vós, p ais, filhos, tios, prim os...; De pois do c asa m ento, o c asal c ostum a ir viver c o m os p ais do noivo; O ho m e m é que m to m a as gra nd es d e cisõ es d e fa mília; Muitas vezes sã o os p ais a d e cidir c o m que m c asa m os filhos. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: C o m p ara ç ã o entre a fa mília referid a no texto e a fa mília do aluno; Lista g e m d e p alavras asso cia d as à vid a fa miliar; Desenho d a fa mília do aluno; Dr a m a tiz a ç ã o d e u m a c e n a f a m ili a r; Explora ç ã o/d e b ate e m p e queno grup o d as se guintes frases: “F ala m os à cig a no uns c o m os outros”; “Entre os cig a nos a m ulh er g overn a a c asa e o ho m e m govern a a vid a .” 10
  • 9. FICH A 3 A ESCOLA IDEIAS-CHAVE: Ir / n ã o ir à escola TEXTO Aos sete a nos p erdi o m e u p ai e fiqu ei a viver so m e nte c o m a minh a m ã e . Nesse a no e ntrei p ara a esc ola , m as fui o brig a d o a d esistires ó voltei a entrar a os d ez a nos. A professora p e diu p ara levarm os algum m aterial. C o m o a minh a m ã e n ã o c onse guiu c o m prá-lo, e u “a p a nh ei” vergonh a e tive que d eixar a esc ola . Q u a nd o voltei, a os d ez a nos, j á s a bi a ler e escrever. E voltei a d esistir p orqu e che g ava m uito tard e a c asa . Re gressei m a is u m a vez. M a tric ulei-m e n a esc ola d e Alv ala d e , à noite. Adorava a quela esc ola! Foi ond e p assa do dois o u três a nos fiz o se gund o ciclo t a m b é m à noite. (Álv aro, 27 a nos, Lisb o a) 11
  • 10. CURIOSIDADES: As cri a n ç as cig a n as n ã o g ost a m d e est ar m uito te m p o fe c h a d as n a sala d e a ula; G eralm e nte gra nd e p arte d os p ais cig a nos c onsid era qu e o horário esc olar se inicia muito c e d o. Se o filho disser qu e n ã o qu er ir, o p ai n ã o insiste; As cria n ç as cig a n as, p or v ezes, d esiste m d a esc ola p orqu e tê m q u e to m ar c ont a d os irm ã os m ais novos o u p orqu e os p ais m ud a m d e resid ê n ci a ; As m e nin as cig a n as qu a nd o c o m e ç a m a cresc er sa e m d a esc ola p orque n ã o p o d e m c onviver c o m ra p azes; A m aioria d os cig a nos m ais velhos n ã o fre quentou a esc ola; N a esc ola ta m b é m p o d e m os a prend er a c onhe c er a cultura cig a n a . SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: Cria ç ã o d e histórias re c orre nd o a du as via g e ns im a gin árias: “a esc ola id e al”; “c o m o serei, o qu e f arei d a qui a 25 a nos?” Re aliza ç ã o d e u m d e b a te so bre as v a nt a g e ns e d esv a nt a g e ns d e fre qu e nt ar a esc ol a ; · Id e ntific a ç ã o/re pro du ç ã o d e sons asso cia d os à esc ola . 12
  • 11. FICH A 4 O NOMADISMO IDEIAS-CHAVE: A nd ar d e terra em terra TEXT O O t e m p o a ntig o er a m uito b onito! O s c i g a n os i a m p or a q u e l a s p ast a g e ns, a c a nt ar, a b ailar. And a v a m p elo mund o, c o m a "c asa" às c ostas. Os m e us p a is tinh a m u m a c arro ç a e vivia m p or a qui e p or ali, a vend er c o isin h a s. A c a m p á v a m os n os c a m p os, e m sítios on d e houvesse p asto p ara os a nim ais. Le m bro-m e d e t erm os u m a c a n astra , c o m um a gra nd e to alh a , u m c â ntaro, u m a c a feteira p ara o c afé e m cim a d e um gra nd e lum e. E p a lh a no ch ã o c o m o o m e nino Jesus. A nossa vid a era esta . And ar d e terra e m terra a vend er d e p orta e m p orta . Vivía m os hoje a qui, a m a nh ã alé m. N ã o tính a m os um a c asa , p or isso a p a nh áva m os muito frio e muita chuva . M as eu, a o m esm o te m po, gostava d e a nd ar assim. (M aria n a , 47 a nos, Portim ã o) 13
  • 12. CURIOSIDADES: Antig a m e nte existia um a lei, qu e proibia os cig a nos d e fic ar m ais d e 24 horas no m esm o sítio; Por tere m sid o u m p ovo nó m a d a , a ind a hoje muitos cig a nos tê m o h á bito d e d o brar diaria m e nte , os c o b ertores e le n ç óis d a c a m a. C h a m a m a este h á bito "arm arof a to"; Mesm o vive nd o e m c asas, muit as vezes os cig a nos volt a m a d eslo c ar- se c o m fre qu ê n cia , p or m otivos profission ais (v e nd a a m bula nte , tra b alho sazon al), ou qu a ndo se za ng a m uns c o m os outros. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: Pintura d o itin erário d o p ovo cig a no a t é à Pe nínsula Ib éric a (m a p a); Explora ç ã o d o itin erário se guid o p elo p ovo cig a no (m a p a ); Análise do provérbio cig ano: "A terra é a minha p átria, o c éu o m eu te cto e a lib erd a d e a minh a religiã o". 14
  • 13. FICH A 5 A LÍNGUA IDEIAS-CHAVE: Rom a ni / C aló TEXTO O Ro m a ni é a nossa língu a , m as pouc os cig a nos a sa b e m falar pois c a d a vez se usa m enos. M esm o d a ntes só f a l á v a m os e m fre nte a os senhores (os n ã o c i g a n os), p a r a q u e n ã o nos e nte nd esse m . C o m o c onvívio qu e a g ora te m os c o m to d a a g e nte , d eixou d e f a z e r f alt a . Antig a m e nte er a c ois a im p orta nte . Q u a nd o ví a m o s a G u a r d a d izí a m o s “v e m aí o arc a nhin ”, cig a n a diz-se c a lhin . Q u e m f ala a verd a d e , n ã o m ere c e c a stig o! Te nho m uit a p e n a qu e se p erc a a língu a , p orqu e é m uito a ntig a e p orqu e g osto m uito. Eu m esm o e m c asa f alo c o m o m e u m arid o e e nsin o a to d osos m e usfilh os. (Ro m a n a , 45 a n os,Év or a ) 15
  • 14. CURIOSIDADES: Em Portug al e e m Esp a nh a os cig a nos fala m um a varia nte (diale cto) d o Ro m a ni, ch a m a-se c aló; Os cig a nos ne m se m pre gosta m d e ensin ar o Ro m a ni/C aló; O s cig a nos n ã o escre v e m a su a história n e m a su a língu a - c ultura á gra f a ; Em C aló m enino n ã o cig a no diz-se la currilho. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: C onstruç ã o d e um glossário e m C aló e Português; De b ate so bre a im p ortâ ncia d a preserva ç ã o d a língu a cig a n a; · Re c olh a , junto d e fa mílias cig a n as, d e expressõ es e m ro m a ni/c aló; Dra m atiza ç ã o d e um a situ a ç ã o entre cig a nos e n ã o cig a nos, utiliza nd o as resp e ctivas língu as. 16
  • 15. FICH A 6 A VENDA IDEIAS-CHAVE: Venda a mbula nte TEXTO Aind a c onh e ci a ve nd a d o lisb o et a no “Reló gio”. Era um a gra nd e feira! Hoj e c ontinu a m os a ser ve nd e d ores, c o m o os nossos p ais, e avós. Tra b alh a m os m uito! É à vend a que va m os busc ar as nossas fontes d e re c eit a . É a ve nd a q u e nos p ermite sobreviver no dia a dia . É um a vid a difícil. Se n ã o te m os um lug ar, a nd a m os m ais te m p o a fugir à p olícia d o qu e a qu ele q u e est a m os a vend er. Posses p ara c o m prar u m b o c a dinho d e chã o, p ou c os tê m. Q u er ve nd a m os, ou n ã o, t e m os qu e p a g a r se m pre a quela qu a ntia e a m aior p arte d as vezes n ã o te m os dinheiro. O s ho m e ns c o m pra m as m erc a d orias, m as as m ulh eres ajud a m b ast a nte - c o m pra m, vend e m e aind a to m a m c onta d a c asa e dos filhos. (Júlio ,2 7 a n os,Lis b o a ) 17
  • 16. CURIOSIDADES: Por tra diç ã o, to d os os ho m e ns cig a nos se d e dic a m à ve nd a a p artir d o c asa m e nto; Para a lé m d a ve nd a exist e m outras profissõ es a n c estrais, asso cia d as a os cig a nos: c est aria , n e g ó cio d e a nim ais, tosquia , tra b alhos sazon ais, la to aria , quiro m a n cia (m ulh eres); Ta m b é m h á cig a nos c o m cursos sup eriores (a dvo g a d os, professores...); O s cig a nos n ã o ve nd e m à se gund a feira , é o dia d e d esc a nso d e muitos. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: Re c olh a d e teste munhos cig a nos, d esitu a ç õ es d e ve nd a ; Enum era ç ã o d e pro dutos vendid os p elo p ovo cig a no; Lista g e m d e feiras re gularm ente fre quenta d as p or cig a nos; Dra m a tiza ç ã o d e situ a ç õ es d e ve nd a . 18
  • 17. FICH A 7 A CASA IDEIAS-CHAVE: Panos, b arracas, casas TEXTO Os m eus avós e p ais nunc a tivera m c asa . Vivia m or a d e b aixo d e p a nos, ora d e b aixo d e árvores, ora e m b arra c os, c onform e fizesse frio ou c alor. De vez e m qu a nd o a p are cia a p olícia e d eitava tudo a b aixo. Era um c aso sério! Hoje qu ase to d os os cig a nos tê m um a c asa . Uns a lug a m , outros c o m pra m , outros a C â m ara d á ... Pa g a m a á gu a , p a g a m a luz, c o m o to d a a g ente. Eu, assim que c asei c o m prei logo um a c asinh a . Um a c asa é muito m elhor d o qu e um a b arra c a . N ã o p assa m os frio, t e m os asseio e é outra lim p eza . De Verã o, qu a ndo está c alor e nos a p ete c e estar a o fresc o, v a m os (c o m o a ntig a m e nte) p ara a p onte d o M arc elino. H á u m a á rvore m uito gra nd e qu e d á p ara o Palá cio d e Q u eluz, e m b aixo c orre o rio, e ali esta m os nós a o fresquinho. Ét ã o b o m !S a b e t ã o b e m ir p a r a a q u e l e ri o . (M a ri a ,65 a n os,Lisb o a ) 19
  • 18. CURIOSIDADES: Os cig a nos n ã o g ost a m d e viver e m pré dios (a nd ares) m uito altos; G ost a m d e c asas c o m quint al e c o m esp a ç os a m plos e areja d os, p or c a usa d a su a forte lig a ç ã o à n a turez a ; A ctu a lm e nte a m a ior p arte d os cig a nos vive e m b a irros d e re aloja m e nto. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: C onstru ç ã o d e u m a m a qu et a d e u m a c a m p a m e nto cig a no; D ese nho d e u m a c asa ond e os alunos g ost asse m d e viver; List a g e m d e vo c a bulário re fere nte à h a bit a ç ã o; Ela b ora ç ã o d e u m p e qu e no texto so bre as v a nt a g e ns/d esv a nt a g e ns d e viver nu m a c a m p a m e nto; Re aliza ç ã o d e u m d e b a te a p artir d os textos pro duzid os p elos alunos. 20
  • 19. FICH A 8 AS TRADIÇÕES IDEIAS-CHAVE: Luto / N atal TEXTO 1 Vestim os luto, usa m os c h a p é u, d eixa m os cresc er a b arb a qu a nd o nos m orre algu é m m uito che g a d o. Po d e m os tir a r o luto, p or exe m plo, se algu é m muito che g a d o fic ar grave m ente d o ente. Tira m os o luto p ara esp erar o m al e voltar, d e pois, a pô-lo por essa p esso a. (José, 30 a n os,Év or a ) TEXT O 2 O N a t al é a nossa fest a prin cip al. Antig a m e nte , a nd á v a m os d e feira e m feira , a c h a m ar-nos uns a os outros, p ara pre p ararm os tud o juntos. Passá v a m os p ala vra : "Este a no v a m os f a zer o N a t al e m Q uintela". E a p are cia m to d os. C a nt á v a m os, d a n ç á v a m os. C o mí a m os p eru, b a c alh a u, arroz, m a c arrã o. D e tud o. Junt á v a m o-nos to d os e m três o u qu a tro c urra is qu e o p ovo nos e m prest a v a . 21
  • 20. TEXT O 2 (cont.) Era muito b onito. Havia m ais sa úd e e ale gria , a p esar d e d ormirm os p ela g e a d a , éra m os m a is felizes. Ag or a é tud o difere nte . Est á tud o m ais p olític o! C a d a um est á e m su a c asa . Q u e m te m c o m er, c o m e , qu e m n ã o te m , n ã o c o m e . As cig a n as nov a s só se c onh e c e m à c ont a d o c a b elo e d a tra vessa qu e usa m p ara o pre nd er. D e resto sã o igu ais às outras m o ç as. ( O lin d a ,46 a n os,Br a g a n ç a ) 22
  • 21. CURIOSIDADES: No N atal os cig a nos põ e m a "m esa" no ch ã o, c o m um a to alh a bra nc a; As p esso as m a is velh as sã o m uito resp eit a d as e ntre os cig a nos. É a os m a is velhos qu e s ã o p e did os c onselhos e orie nt a ç õ es p ara resolver pro ble m as. C h a m a-se "tio" a o ho m e m m ais velho e/ou m ais resp eita d o d a c o munid a d e; As mulheres cig a n as n ã o entra m sozinh as e m lug ares públic os; Q u a nd o algum cig a no est á no hospit al, to d os os se us a mig os e f a mília p erm a ne c e m d a p arte d e fora , dia e noite, até ele sair; Q u a nd o o m arid o m orre , a cig a n a viúv a te m d e c ortar o c a b elo to d o e veste-se d e preto p ara se m pre; As cig a n as qu a nd o cresc e m tê m d e usar saias c o m prid as e n ã o p o d e m estar sozinh as c o m ra p azes; N a f a mília cig a n a qu a nd o m orre algu é m qu e h a bit a n a m esm a c asa , os f a miliares pint a m-n a d e novo e m ud a m osm óveisd esítio; O " d i a d o c i g a n o" é f e st e j a d o n o d i a d e S.Jo ã o ; O s cig a nos tê m m uito ouro, p or g ost are m e p orqu e e m c aso d e n e c essid a d e p o d e m v e n d ê-lor a pid a m e nt e . 23
  • 22. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: El a b ora ç ã o d e u m p a in el e m qu e se evid e n cie m os h á bitos d o p ovo cig a no, p artind o d a p esquisa e m jorn ais ou revistas; Re c olh a d e re c eit as d e pra tos d o p ovo cig a no. C o m pila ç ã o e a n álise so b o p onto d e vista nutricion al. Sele c ç ã o d as m ais e quilibra d as; Org a niza ç ã o d e um alm o ç o cig a no; Um dia c o m...* C onvite a um m enino cig a no p ara ir p assar um dia c o m um n ã o cig a no e vic e-v ersa ; Relato d a exp eriência à turm a . *est a a c tivid a d e d e v erá ser pre c e did a d e u m a se nsibiliz a ç ã o às f a míli as p ara as questõ es d a cid a d a nia . 24
  • 23. FICH A 9 O NAMORO E O CASAMENTO IDEIAS-CHAVE: Fugir, estar pedido, prometido, d a r cabaças TEXTO 1 Houve um dia e m que ia p ara o tra b alho e ela enc a ntou-m e. C o m e c ei a olh á-la e p ensei: "ela está tã o b onita!". N a m orá m os dura nte algum te m p o, um a no m ais ou m e nos, d e p ois fugim os e fic á m os fora dura nte três dias. Tinh a d ezasseis a nos e ela c a torze . Q u a nd o esta m os p e did os n ã o p o d e m os n a m orar ne m est a r juntos. N ós e nte nd e m os qu e qu ería m os est a r juntos e fugim os. (Júli o , 2 7 a n os,Lis b o a ) TEXT O 2 Pe di-m e c o m o m eu m arid o p ara c asar c o m nove a nos e ele foi logo viver p ara a nossa c asa , pois os nossos p ais fizera m um a so cie d a d e. Aind a hoje o m eu c asa m e nto te m fa m a. C o m prá m os m uit a c o m id a e c onvid á m os to d a a g e nte . A fest a foi n a eira , c o m du as b a nd as d e m úsi c a a to c a r.F oi m uito b o nito! (Ro m a n a , 4 5 a n os,Év or a ) 25
  • 24. CURIOSIDADES: Em relação ao namoro Q u a nd o c o m e ç a m a n a m orar os cig a nos n ã o p o d e m f alar u m c o m o outro, m a nd a m re c a d os por outra p esso a ; c ostu m a m dizer q u e n a m ora m c o m os olhos; O s ho m e ns cig a nos n ã o p o d e m re c usar u m c o m pro misso d e c asa m e nto/n a m oro; As mulheres p o d e m re cusar "d a nd o c a b a ç as". Em relação ao casamento À c erim ónia p ara c on c e d er a m ulh er cig a n a e m c asa m e nto, c h a m a-se p e dim e nto ; Muitos cig a nos p ara a nte cip ar a d a t a d o c asa m e nto fo g e m p ara long e d a f a m íli a , c h a m a-se fugim ento ; A fest a d e c asa m e nto d os cig a nos p o d e durar m uitos dias e sã o os ho m e ns qu e c ozinh a m; 26
  • 25. Dura nte as fest as d e c asa m e nto as cig a n as usa m m uit as rou p a s nov as, às vezes feit as p or c ostureiros f a m osos; Os cig a nos n ã o g ost a m m uito d e c asa m e ntos c o m os n ã o cig a nos; Para d esf azer u m c asa m e nto cig a no é pre ciso re unir as resp e ctiv as f a mílias, p ara h a ver u m a c ord o. 27
  • 26. SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: D ese nho so bre o te m a "o c asa m e nto d os cig a nos"; El a b ora ç ã o d e u m fic h eiro c o m alguns c on c eitos usa d os p elos cig a nos; Ex: S er pro m etid o é ... Ac eit ar o p e did o signific a ... O fugim e nto é ... Se tivesse m que org a nizar um c asa m ento cig a no o que faria m? Listar as várias fases e ne c essid a d es d a org a niza ç ã o d o c asa m ento cig a no. C onvit e a u m cig a no p ara vir à turm a f a l a r so bre o n a m oro e o c asa m e nto. 28
  • 27. FICH A 10 A MÚSICA IDEIAS-CHAVE: Romba TEXT O 1 F o r m á m o s o g ru p o a o q u a l d e m o s o n o m e d e " O s S e t e R e is", p orq u e é r a m oss e t e .To c á v a m os m úsi c a a q u e n ós c h a m a m os"ro m b e iros p ortu g u e s e s", o u sej a , músic a cig a n a p ortugu esa . Assim c o m o os esp a nhóis to c a m a esp a nhola d a nós to c a m os a ro m b a . O esp a nhol é m a is clássic o, nós to c a m os outro g é n ero d e músic a q u e p o r a c a s o t e m m uit o su c esso e mEsp a nh a . (Jo ã o M a nu e l, 4 0 a n os,Port o) TEXT O 2 C a nt a r, c a nt a rs e m pr e g ost e i.M a s a g or a j á n ã o c a nto . Nos a c a m p a m e ntosc a nt á v a m os, d a n ç á v a m os, o sr a p a z e st o c a v a m vi o l a e e us a b i a t a nt a s m úsi c a s!M e s m o a ssi m n ã o g ost o d e a c a m p a m e nt os, g ost o m a is d e viv e rnu m a c a s a .Éo utr a vid a ! (N a tivid a d e , 72 a nos,Lisb o a) 29
  • 28. TEXT O 3 Vou cantar uma canção: "And a la c urrilh a qu e tu já m e d eixaste , a nd a la c urrilh a qu e tu já m e a b a nd on aste . O c o m b oio a m eric a no Q u a nd o a pit a , f a z c alor Há m a is d e u m a se m a n a Q u e n ã o vejo o m e u a m or. An d a la c urilh a Q u e tu já m e d eixaste ..." (Lú cia , 10 a n os,Év or a ) 30
  • 29. CURIOSIDADES: Há muitos cig a nos músic os, e m todo o mundo; Os cig a nos a prend e m a to c ar, c a ntar e d a nç ar muito c e do; A prim eira c oisa qu e as m ã es cig a n as e nsin a m a os b e b és é "b a ter os p eitilhos" (estalar os d e d os); a se guir é b ater p alm as à m a neira cig a n a; Às vezes qu a nd o u m cig a no c o m e ç a a c a nt ar o u to c ar, a p are c e m outros cig a nos e faz-se um a gra nd e festa . SUGESTÕES DE ACTIVIDADES: C o m pila ç ã o d e p o e m as, c a n ç õ es, a divinh as, etc. rel a cion a d os c o m os cig a nos; Org a niza ç ã o d e um c onvívio c o m d a nç as e c a ntares cig a nos; Re aliza ç ã o d e u m a b a nd a d ese nh a d a c ole ctiv a so bre as fest as cig a n as. 31
  • 30. FICHA TÉCNICA TÍTULO HIST Ó RIAS D O P O V O CI G AN O Sugestões de Actividades para o Ensino Básico EDITOR Ministério da Educação Departamento da Educação Básica Núcleode O rganização Pedagógica e Apoios Educativos Av . 2 4 d e Ju l h o , 1 4 0 1 3 9 9 - 0 2 5 Lisboa http:/ /www.deb.min-edu.pt RECOLHA DE HISTÓRIAS Adozinda Melo Antónia Fidalgo C arlos da Silva GRUPO DE TRABALHO Antónia Fidalgo Jesuina Ribeiro Lina Marques M. da Luz Pignatelli CAPA,GRAFISMO e ILUSTRAÇÃO Manuela Lourenço IMPRESSÃO Euro-scanner DEPÓSITOLEGAL 173716 / 01 ISBN 972-742-145-8 TIRAGEM 5 0 0 0 expl. DATA Dezembro, 2 0 0 1