Este documento fornece resumos de questões da prova do ENEM de 2013 sobre literatura. A primeira questão trata de um texto de Carta de Pero Vaz de Caminha e uma pintura de Candido Portinari que retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. A segunda questão analisa o uso da repetição no discurso de um repórter para construir a ideia de opressão física e moral dos meninos em um reformatório.
2. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
Andaram
na
praia,
quando
saímos,
oito
ou
dez
deles;
e
daí
a
pouco
começaram
a
vir
mais.
E
parece-‐me
que
viriam,
este
dia,
à
praia,
quatrocentos
ou
quatrocentos
e
cinquenta.
Alguns
deles
traziam
arcos
e
flechas,
que
todos
trocaram
por
carapuças
ou
por
qualquer
coisa
que
lhe
davam.
[…]
Andavam
todos
tão
bem-‐dispostos,
tão
bem
feitos
e
galantes
com
suas
Enturas
que
muito
agradavam.
CASTRO,
S.
A
carta
de
Pero
Vaz
de
Caminha.
Porto
Alegra:
L&PM,
1996.
Fragmento.
3. PORTINARI,
C.
O
descobrimento
do
Brasil,
1956.
Óleo
sobre
tela,
199
x
169
cm.
4. QUESTÃO 01
primeira aplicação do ENEM-2013
Pertencentes
ao
patrimônio
cultural
brasileiro,
a
carta
de
Pero
Vaz
de
Caminha
e
a
obra
de
PorEnari
retratam
a
chegada
dos
portugueses
ao
Brasil.
Da
leitura
dos
textos,
constata-‐se
que
a)
a
carta
de
Pero
Vaz
de
Caminha
representa
uma
das
primeiras
manifestações
ar_sEcas
brasileiras
e
preocupa-‐se
apenas
com
a
estéEca
literária.
b)
a
tela
de
PorEnari
retrata
indígenas
nus
com
corpos
pintados,
cujo
grande
saEsfação
é
a
afirmação
da
arte
acadêmica
brasileira
e
a
contestação
de
uma
linguagem
moderna.
c)
a
carta,
como
testemunho
histórico-‐políEco,
mostra
o
olhar
do
colonizados
sobre
a
gente
da
terra,
e
a
pintura
destaca,
em
primeiro
plano,
a
inquietação
dos
naEvos.
d)
as
duas
produções,
embora
usem
linguagens
diferentes
-‐
verbal
e
não
verbal
-‐,
cumprem
a
mesma
função
social
e
ar_sEca.
e)
a
pintura
e
a
carta
de
Caminha
são
manifestações
de
grupos
étnicos
diferentes,
produzidas
em
um
mesmo
momento
histórico,
retratando
a
colonização.
5. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
A
questão
requer
do
aluno
a
capacidade
de
associar
e
de
relacionar
os
textos
fornecidos
a
conhecimentos
relaEvos
à
Literatura
de
Informação,
ao
QuinhenEsmo,
ao
Cubismo
e
ao
Modernismo
brasileiro
[notadamente,
a
primeira
geração].
Para
além
do
fato
de
o
gênero
textual,
o
esElo,
a
visão
de
mundo
e
a
língua
do
texto
verbal
serem
europeus,
merece
destaque
o
movimento
focalização
feito
pelo
locutor,
que
opõe
claramente
um
“eu”/“nós”
[“saímos”
e
“parece-‐me"]
a
um
eles
[“começaram”,
“alguns
deles
traziam”,
“andavam
todos”,
“suas
Enturas
que
muito
agradavam”].
Tal
contraposição
permite
perceber
muito
claramente
que
o
narrador
constrói
seu
discurso
a
parEr
de
um
lugar
muito
claramente
dissociado
da
perspecEva
do
indígena.
A
tela
de
PorEnari
apresenta
influências
cubistas
e
se
afasta
da
chamada
pintura
acadêmica.
Nela,
percebe-‐se,
em
primeiro
plano,
alguns
índios
em
terra
firma;
no
segundo
plano,
mais
afastado
do
expectador,
estão
três
caravelas.
Posto
isso,
deve-‐se
assinalar
a
alternaEva
“c”.
6. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
QUERÔ
DELEGADO:
Então
desce
ele.
Vê
o
que
arrancam
desse
sacana.
SARARÁ:
Só
que
tem
um
porém.
Ele
é
menor.
DELEGADO:
Então
vai
com
jeito.
Depois
a
gente
entrega
pro
juiz.
(Luz
apaga
no
delegado
e
acende
no
repórter,
que
se
dirige
ao
público.)
REPÓRTER:
E
o
Querô
foi
espremido,
empilhado,
esmagado
de
corpo
e
alma
num
cubículo
imundo,
com
outros
meninos.
Meninos
todos
espremidos,
empilhados,
esmagados
de
corpo
e
alma,
alucinados
pelos
seus
desesperos,
cegados
por
muitas
aflições.
Muitos
meninos,
com
seus
desesperos
e
seus
ódios,
empilhados,
espremidos,
esmagados
de
corpo
e
alma
no
imundo
cubículo
do
reformatório.
E
foi
lá
que
o
Querô
nasceu.
MARCOS,
P.
Melhor
teatro.
São
Paulo:
Global,
2003.
Fragmento.
7. QUESTÃO 02
primeira aplicação do ENEM-2013
No
discurso
do
repórter,
a
repeEção
causa
um
efeito
de
senEdo
de
intensificação,
construindo
a
ideia
de
a)
opressão
osica
e
moral,
que
gera
rancor
nos
meninos.
b)
repressão
policial
e
social,
que
gera
apaEa
nos
meninos.
c)
polêmica
judicial
e
midiáEca,
que
gera
confusão
entre
os
meninos.
d)
concepção
educacional
e
carcerária,
que
gera
comoção
nos
meninos.
e)
informação
críEca
e
jornalísEca,
que
gera
indignação
entre
os
meninos.
8. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
A
gradação
em
análise
visa
a
destacar
o
sofrimento
osico
e
moral
dos
menores.
A
única
opção
que
contempla
tal
leitura
é
a
letra
“a”.
9. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
Se
a
cólera
que
espuma,
a
dor
que
mora
N’alma,
e
destrói
cada
ilusão
que
nasce,
Tudo
o
que
punge,
tudo
o
que
devora
O
coração,
no
rosto
se
estampasse;
Se
se
pudesse
o
espírito
que
chora
Ver
através
da
máscara
da
face,
Quanta
gente,
talvez,
que
inveja
agora
Nos
causa,
então
piedade
nos
causasse!
Quanta
gente
que
ri,
talvez,
consigo
Guarda
um
atroz,
recôndito
inimigo,
Como
invisível
chaga
cancerosa!
Quanta
gente
que
ri,
talvez
existe,
Cuja
a
ventura
única
consiste
Em
parecer
aos
outros
venturosa!
CORREIA,
R.
In.:
PATRIOTA,
M.
Para
compreender
Raimundo
Correia.
Brasília:
Alhambra,
1995.
10. QUESTÃO 03
primeira aplicação do ENEM-2013
Coerente
com
a
proposta
parnasiana
de
cuidado
formal
e
racionalidade
na
condução
temáEca,
o
soneto
de
Raimundo
Correia
reflete
sobre
a
forma
como
as
emoções
do
indivíduo
são
julgadas
em
sociedade.
Na
concepção
do
eu
lírico,
esse
julgamento
revela
que
a)
a
necessidade
de
ser
socialmente
aceito
leva
o
indivíduo
a
agir
de
forma
dissimulada.
b)
o
sofrimento
ínEmo
torna-‐se
mais
ameno
quando
comparElhado
por
um
grupo
social.
c)
a
capacidade
de
perdoar
e
aceitar
as
diferenças
neutraliza
o
senEmento
de
inveja.
d)
o
insEnto
de
solidariedade
conduz
o
indivíduo
a
apiedar-‐se
do
próximo.
e)
a
transfiguração
da
angúsEa
em
alegria
é
um
arEocio
nocivo
ao
convívio
social.
11. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
soneto
de
Raimundo
Correa
trata
muito
claramente
da
dissimulação
das
emoções.
De
acordo
com
o
sujeito
poéEco,
a
felicidade
de
muitos
é
puro
fingimento.
Posto
isso,
deve-‐se
assinalar
a
letra
“a”.
12. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
OLÁ!
NEGRO
Os
netos
de
teus
mulatos
e
de
teus
cafuzos
e
a
quarta
e
a
quinta
gerações
de
teu
sangue
sofredor
tentarão
apagar
a
tua
cor!
E
as
gerações
dessas
gerações
quando
apagarem
a
tua
tatuagem
execranda,
não
apagarão
de
suas
almas,
a
tua
alma,
negro!
Pai-‐João,
Mãe-‐negra,
Fulô,
Zumbi,
negro-‐fujão,
negro
caEvo,
negro
rebelde
negro
cabinda,
negro
congo,
negro
ioruba,
negro
que
foste
para
o
algodão
de
USA
para
os
canaviais
do
Brasil,
para
o
tronco,
para
o
colar
de
ferro,
para
a
canga
de
todos
os
senhores
do
mundo;
eu
melhor
compreendo
agora
os
teus
blues
nesta
hora
triste
da
raça
branca,
negro!
Olá,
Negro!
Olá,
Negro!
A
raça
que
enforca,
enforca-‐se
de
tédio,
negro!
LIMA,
J.
Obras
completas.
Rio
de
Janeiro:
Aguilar,
1958.
Fragmento.
13. QUESTÃO 04
primeira aplicação do ENEM-2013
O
conflito
de
gerações
e
de
grupos
étnicos
reproduz,
na
visão
do
eu
lírico,
um
contexto
social
assinalado
por
a)
modernização
dos
modos
de
produção
e
consequente
enriquecimento
dos
brancos.
b)
preservação
da
memória
ancestral
e
resistência
negra
à
apaEa
cultural
dos
brancos.
c)
superação
dos
costumes
anEgos
por
meio
da
incorporação
de
valores
dos
colonizados.
d)
nivelamento
social
de
descendentes
de
escravos
e
de
senhores
pela
condição
de
pobreza.
e)
antagonismo
entre
grupos
de
trabalhadores
e
lacunas
de
hereditariedade.
14. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
Os
versos
“eu
melhor
compreendo
agora
os
teus
blues/
nesta
hora
triste
da
raça
branca,
negro!”
comprovam
a
permanência
da
memória
negra
e
sua
resistência
à
apaEa
cultural
dos
brancos.
Por
isso,
deve-‐se
assinalar
a
alternaEva
“b”.
15. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
ATÉ
QUANDO?
Não
adianta
olhar
pro
céu
Com
muita
fé
e
pouca
luta
Levanta
aí
que
você
tem
muito
protesto
pra
fazer
E
muita
greve,
você
pode,
você
deve,
pode
crer
Não
adianta
olhar
pro
chão
Virar
a
cara
pra
não
ver
Se
liga
aí
que
te
botaram
numa
cruz
e
só
porque
Jesus
Sofreu
não
quer
dizer
que
você
tenha
que
sofrer!
GABRIEL,
O
PENSADOR.
Seja
você
mesmo
(mas
não
seja
sempre
o
mesmo).
RJ:
Sony
Music,
2001.
Fragmento.
16. QUESTÃO 05
primeira aplicação do ENEM-2013
As
escolhas
linguísEcas
feitas
pelo
autor
conferem
ao
texto
a)
caráter
atual,
pelo
uso
de
linguagem
própria
da
internet.
b)
cunho
apelaEvo,
pela
predominância
de
imagens
metafóricas.
c)
tom
de
diálogo,
pela
recorrência
de
gírias.
d)
espontaneidade,
pelo
uso
da
linguagem
coloquial.
e)
originalidade,
pela
concisão
da
linguagem.
17. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
Apesar
do
níEdo
caráter
apelaEvo
do
texto,
manifesto
por
meio
do
uso
de
verbos
no
imperaEvo,
é
possível,
sim,
afirmar
que
uma
das
principais
estratégias
discursivas
adotadas
pelo
sujeito
poéEco
para
conseguir
seu
intento
é
o
uso
de
linguagem
informal
[presente
não
só
no
emprego
das
formas
reduzidas
“pro”
e
“pra”,
mas
também
na
oscilação
quanto
ao
emprego
de
pronomes
para
se
referir
ao
interlocutor
–
segunda
e
terceira
pessoas
–
e
no
uso
de
expressões
Epicas
da
língua
falada,
tais
como:
“se
liga
aí”
e
“pode
crer”].
Assinale-‐se,
portanto,
a
alternaEva
“d”.
18. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
A
DIVA
Vamos
ao
teatro,
Maria
José?
Quem
me
dera,
desmanchei
em
rosca
quinze
kilos
de
farinha,
tou
podre.
Outro
dia
a
gente
vamos.
Falou
meio
triste,
culpada,
e
um
pouco
alegre
por
recusar
com
orgulho.
TEATRO!
Disse
no
espelho.
TEATRO!
Mais
algo,
desgrenhada.
TEATRO!
E
os
cacos
voaram
sem
nenhum
aplauso.
Perfeita.
PRADO,
A.
Oráculos
de
maio.
São
Paulo:
Siciliano,
1999.
19. QUESTÃO 06
primeira aplicação do ENEM-2013
Os
diferentes
gêneros
textuais
desempenham
funções
sociais
diversas,
reconhecidas
pelo
leitor
com
base
em
suas
caracterísEcas
específicas,
bem
como
na
situação
comunicaEva
em
que
ele
é
produzido.
Assim,
o
texto
A
diva
a)
narra
um
fato
real
vivido
por
Maria
José.
b)
surpreende
o
leitor
pelo
seu
efeito
poéEco.
c)
relata
uma
experiência
teatral
profissional.
d)
descreve
uma
ação
_pica
de
uma
mulher
sonhadora.
e)
defende
um
ponto
de
vista
relaEvo
ao
exercício
teatral.
20. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
poema
de
Adélia
Prado
[de
versos
livres
e
brancos]
apresenta
uma
personagem
que
[estranhamente]
monologa
em
frente
ao
espelho.
Trata-‐se
de
um
texto
em
que
se
percebe
claramente
a
confluência
entre
dois
gêneros
literários
–
a
saber,
o
dramáEco
[monólogo,
encenação;
rubricas]
e
lírico
[versos;
manifestação
da
interiorade].
Dentre
os
distratores
fornecidos,
o
que
realiza
uma
melhor
leitura
do
texto
é
a
letra
“b”.
21. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
Tudo
no
mundo
começou
com
um
sim.
Uma
molécula
disse
sim
a
outra
molécula
e
nasceu
a
vida.
Mas
antes
da
pré-‐história
a
pré-‐história
da
pré-‐história
e
havia
e
o
nunca
e
havia
o
sim.
Sempre
houve.
Não
sei
o
quê,
mas
sei
que
o
universo
jamais
começou.
[…]
Enquanto
eu
Ever
perguntas
e
não
houver
resposta
conEnuarei
a
escrever.
Como
começar
pelo
início,
se
as
coisas
acontecem
antes
de
acontecer?
Se
antes
da
pré-‐história
já
havia
os
monstros
apocalípEcos?
Se
esta
história
não
existe,
passará
a
exisEr.
Pensar
é
um
ato.
SenEr
é
um
fato.
Os
dois
juntos
–
sou
eu
que
escrevo
o
que
estou
escrevendo.
[…]
Felicidade?
Nunca
vi
palavra
mais
doida,
inventada
pelas
nordesEnas
que
andam
por
aí
aos
montes.
Como
eu
irei
dizer
agora,
esta
história
será
o
resultado
de
uma
visão
gradual
–
há
dois
anos
e
meio
venho
aos
poucos
descobrindo
os
porquês.
É
visão
da
iminência
de.
De
quê?
Quem
sabe
se
mais
tarde
saberei.
Como
que
estou
escrevendo
na
mesma
hora
em
que
sou
lido.
Só
não
inicio
pelo
fim
que
jusEficaria
o
começo
–
como
a
morte
parece
dizer
sobre
a
vida
–
porque
preciso
registrar
os
fatos
antecedentes.
LISPECTOR,
C.
A
hora
da
estrela.
Rio
de
Janeiro:
Rocco,
1998.
Fragmento.
22. QUESTÃO 07
primeira aplicação do ENEM-2013
A
elaboração
de
uma
voz
narraEva
peculiar
acompanha
a
trajetória
literária
de
Clarice
Lispector,
culminada
com
a
obra
A
hora
da
estrela,
de
1977,
ano
da
morte
da
escritora.
Nesse
fragmento,
nota-‐se
essa
peculiaridade
porque
o
narrador
a)
observa
os
acontecimentos
que
narra
sob
uma
óEca
distante,
sendo
indiferente
aos
fatos
e
às
personagens.
b)
relata
a
história
sem
ter
Edo
a
preocupação
de
invesEgar
os
moEvos
que
levaram
aos
eventos
que
a
compõem.
c)
revela-‐se
um
sujeito
que
reflete
questões
existenciais
e
sobre
a
construção
do
discurso.
d)
admite
a
dificuldade
de
escrever
uma
história
em
razão
da
complexidade
para
escolher
as
palavras
exatas.
e)
propõe-‐se
a
discuEr
questões
de
natureza
filosófica
e
metaosica,
incomuns
na
narraEva
de
ficção.
23. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
fragmento
de
A
hora
da
estrela
transcrito
para
análise
nesta
questão
é
clamente
metaosico
e
metalinguísEco,
na
medida
em
que
faz
reflexões
sobre
a
origem
da
vida,
sobre
a
felicidade
[dois
primeiros
parágrafos]
e
sobre
a
construção
da
narraEva
[terceiro
parágrafo].
Marque-‐se,
portanto,
a
letra
“c”.
24. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
Mesmo
tendo
a
trajetória
do
movimento
interrompida
com
a
prisão
de
seus
dois
líderes,
o
tropicalismo
não
deixou
de
cumprir
seu
papel
de
vanguarda
na
música
popular
brasileira.
A
parEr
da
década
de
70
do
século
passado,
em
lugar
do
produto
musical
de
exportação
de
nível
internacional
promeEdo
pelos
baianos
com
a
“retomada
da
linha
evolutória”,
insEtuiu-‐se
nos
meios
de
comunicação
e
na
indústria
do
lazer
uma
nova
era
musical.
TINHORÃO,
J.
R.
Pequena
história
da
música
popular:
da
modinha
ao
tropicalismo.
SP:
art,
1986.
Adaptado.
25. QUESTÃO 08
primeira aplicação do ENEM-2013
A
nova
era
musical
mencionada
no
texto
evidencia
um
gênero
que
incorporou
a
cultura
de
massas
e
se
adequou
à
realidade
brasileira.
Esse
gênero
está
representado
pela
obra
cujo
trecho
de
letra
é:
a)
A
estrela
d’alva/
No
céu
desponta/
E
a
lua
anda
tonta/
Com
tamanho
resplendor.
[As
pastorinhas,
Noel
Rosa
e
João
de
Barro]
b)
Hoje/
Eu
quero
a
rosa
mais
linda
que
houver/
Quero
a
primeira
estrela
que
vier/
Para
enfeitar
a
noite
do
meu
bem.
[A
noite
do
meu
bem,
Dolores
Duran]
c)
No
rancho
fundo/
Bem
pra
lá
do
fim
do
mundo/
Onde
a
dor
e
a
saudade/
Contam
coisas
da
cidade.
[No
rancho
fundo,
Ary
Barroso
e
LamarEne
Babo]
d)
Baby
Baby/
Não
adianta
chamar/
Quando
alguém
está
perdido/
Procurando
se
encontrar.
[Ovelha
negra,
Rita
Lee]
e)
Pois
há
menos
peixinhos
a
nadar
no
mar/
Do
que
os
beijinhos
que
eu
darei/
Na
sua
boca.
[Chega
de
saudade,
Tom
Jobim
e
Vinícius
de
Moraes]
26. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
movimento
tropicalista
é
herdeiro
tanto
dos
ideais
da
beat
generaBon
quanto
dos
da
antropofagia
oswaldiana.
O
fragmento
da
canção
de
Rita
Lee
filia-‐se
claramente
à
noção
de
desbunde
beatnik
[“Não
adianta
chamar/
Quando
alguém
está
perdido/
Procurando
se
encontrar].
Marque-‐se,
pois,
a
letra
“d”.
27. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
CAPÍTULO
LIV:
A
PÊNDULA
Saí
dali
a
saborear
o
beijo.
Não
pude
dormir;
esErei-‐me
na
cama,
é
certo,
mas
foi
o
mesmo
que
nada.
Ouvi
as
horas
todas
da
noite.
Usualmente,
quando
eu
perdia
o
sono,
o
bater
da
pêndula
fazia-‐me
muito
mal;
esse
Eque-‐taque
soturno,
vagaroso
e
seco
parecia
dizer
a
cada
golpe
que
ia
ter
um
instante
menos
de
vida.
Imaginava
então
um
velho
diabo,
sentado
entre
dois
sacos,
o
da
vida
e
o
da
morte,
e
a
contá-‐las
assim:
–
Outra
de
menos…
–
Outra
de
menos…
–
Outra
de
menos…
–
Outra
de
menos…
O
mais
singular
é
que,
se
o
relógio
parava,
eu
dava-‐lhe
corda,
para
que
ele
não
deixasse
de
bater
nunca,
e
eu
pudesse
contar
todos
os
meus
instantes
perdidos.
Invenções
há,
que
se
transformam
ou
acabam;
as
mesmas
insEtuições
morrem;
o
relógio
é
definiEvo
e
perpétuo.
O
derradeiro
homem,
ao
despedir-‐se
do
sol
frio
e
gasto,
há
de
ter
um
relógio
na
algibeira,
para
saber
a
hora
exata
em
que
morre.
Naquela
noite
não
padeci
essa
triste
sensação
de
enfado,
mas
outra,
e
deleitosa.
As
fantasias
tumultuavam-‐me
cá
dentro,
vinham
umas
sobre
outras,
à
semelhança
de
devotas
que
se
abalroam
para
ver
o
anjo
cantor
das
procissões.
Não
ouvia
os
instantes
perdidos,
mas
os
minutos
ganhados.
28. QUESTÃO 09
primeira aplicação do ENEM-2013
O
capítulo
apresenta
o
instante
em
que
Brás
Cubas
revive
a
sensação
do
beijo
trocado
com
Virgília,
casada
com
Lobo
Neves.
Nesse
contexto,
a
metáfora
do
relógio
desconstrói
certos
paradigmas
românEcos,
porque
a)
o
narrador
e
Virgília
não
têm
percepção
do
tempo
em
seus
encontros.
b)
como
“defunto
autor”,
Brás
Cubas
reconhece
a
inuElidade
de
tentar
acompanhar
o
fluxo
do
tempo.
c)
na
contagem
das
horas,
o
narrador
metaforiza
o
desejo
de
triunfar
e
acumular
riquezas.
d)
o
relógio
representa
a
materialização
do
tempo
e
redireciona
o
comportamento
idealista
de
Brás
Cubas.
e)
o
narrador
compara
a
duração
do
sabor
do
beijo
à
perpetuidade
do
relógio.
29. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
fragmento
de
Memórias
póstumas
de
Brás
Cubas
mostra
o
contentamento
do
protagonista
depois
de
beijar
sua
amada.
A
questão
em
análise
discute
a
metáfora
do
relógio.
Para
o
narrador
protagonista,
o
objeto
em
questão
marca
as
horas
que
ele
vai
ganhando.
Tal
objeto,
entretanto,
marca
a
passagem
do
tempo
e
parece
indicar,
ironica
e
contrariamente
ao
que
pensa
Brás
Cubas,
o
tempo
que
escoa,
aquilo
que
se
perde,
o
que
passa
e
que
não
mais
volta.
Dessa
forma,
é
possível
perceber
na
presença
de
tal
metáfora
uma
desconstrução
do
ideal
românEco
da
personagem
por
intermédio
de
uma
intervenção
irônica
do
autor
implícito.
Marque-‐se,
pois,
a
letra
“d”.
30. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
BRASILIDADE
EM
CONSTRUÇÃO
MUSEU
DE
LÍNGUA
PORTUGUESA.
Oswald
de
Andrade:
o
culpado
de
tudo.
27
set.
2011
a
29
jan.
2012.
SP:
Prol,
2012.
31. QUESTÃO 10
primeira aplicação do ENEM-2013
O
poema
de
Oswald
de
Andrade
remonta
à
ideia
de
que
a
brasilidade
está
relacionado
ao
futebol.
Quanto
à
questão
da
idenEdade
nacional,
as
anotações
em
torno
dos
versos
consEtuem
a)
direcionamentos
possíveis
para
uma
leitura
críEca
dos
dados
histórico-‐culturais.
b)
forma
clássica
da
construção
poéEca
brasileira.
c)
rejeição
à
ideia
do
Brasil
como
país
do
futebol.
d)
intervenções
de
um
leitor
estrangeiro
no
exercício
de
leitura
poéEca.
e)
lembretes
de
palavras
Epicamente
brasileiras
subsEtuEvas
das
originais.
32. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
As
anotação
feitas
sobre
o
texto
de
Oswald
de
Andrade
funcionam
como
esclarecimentos
que
visam
a
auxiliar
a
compreensão
do
poema.
Marque-‐se,
pois,
a
alternaEva
“a”.
33. TEXTO
primeira aplicação do ENEM-2013
LUSOFONIA
Escrevo
um
poema
sobre
a
rapariga
que
está
sentada
no
café,
em
frente
da
chávena
de
café,
enquanto
alisa
os
cabelos
com
a
mão.
Mas
não
posso
escrever
este
poema
sobre
essa
rapariga
porque,
no
brasil,
a
palavra
rapariga
não
quer
dizer
o
que
ela
diz
em
portugal.
Então,
terei
de
escrever
a
mulher
nova
do
café,
a
jovem
do
café,
a
menina
do
café,
para
que
a
reputação
da
pobre
rapariga
que
alisa
os
cabelos
com
a
mão,
num
café
de
lisboa,
não
fique
estragada
para
sempre
quando
este
poema
atravessar
o
atlânEco
para
desembarcar
no
rio
de
janeiro.
E
isto
tudo
sem
pensar
em
áfrica,
porque
aí
terei
de
escrever
sobre
a
moça
do
café,
para
evitar
o
tom
demasiado
conEnental
da
rapariga,
que
é
uma
palavra
que
já
me
está
a
pôr
com
dores
de
cabeça
até
porque,
no
fundo,
a
única
coisa
que
eu
queria
era
escrever
um
poema
sobre
a
rapariga
do
café.
A
solução,
então,
é
mudar
de
café,
e
limitar-‐me
a
escrever
um
poema
sobre
aquele
café
onde
nenhuma
rapariga
se
pode
sentar
à
mesa
porque
só
servem
café
ao
balcão.
JÚDICE,
N.
Matéria
do
poema.
Liboa:
D.
Quixote,
2008.
35. QUESTÃO 11
primeira aplicação do ENEM-2013
O
texto
traz
em
relevo
as
funções
metalinguísEca
e
poéEca.
Seu
caráter
metalinguísEco
jusEfica-‐
se
pela
a)
discussão
da
dificuldade
de
se
fazer
arte
inovadora
no
mundo
contemporâneo.
b)
defesa
do
movimento
ar_sEco
da
pós-‐modernidade,
_pico
do
século
XX.
c)
abordagem
de
temas
do
coEdiano,
em
que
a
arte
se
volta
para
assuntos
roEneiros.
d)
temaEzação
do
fazer
ar_sEco,
pela
discussão
do
ato
de
construção
da
própria
obra.
e)
valorização
do
efeito
de
estranhamento
causado
no
público,
o
que
faz
a
obra
ser
reconhecida.
36. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
No
poema
em
análise,
o
sujeito
poéEco
fala
do
processo
de
construção
de
seu
texto
e
da
dificuldade
que
o
uso
da
palavra
“rapariga”
poderia
gerar
na
recepção
de
seu
texto
tanto
no
Brasil
quanto
na
África.
Posto
que
se
trata
de
uma
reflexão
acerca
do
fazer
poéEco
e
acerca
das
possíveis
significações
de
um
vocábulo,
há,
no
texto
em
análise,
metalinguagem.
Marque-‐se,
portanto,
a
letra
“d”.
38. QUESTÃO 12
primeira aplicação do ENEM-2013
Os
objeEvos
que
moEvam
os
seres
humanos
a
estabelecer
comunicação
determinam,
em
uma
situação
de
interlocução,
o
predomínio
de
uma
ou
de
outra
função
de
linguagem.
Nesse
texto,
predomina
a
função
que
se
caracteriza
por
a)
tentar
persuadir
o
leitor
acerca
da
possibilidade
de
se
tomarem
certas
medidas
para
a
elaboração
de
um
livro.
b)
enfaEzar
a
percepção
subjeEva
do
autor,
que
projeta
para
sua
obra
seus
sonhos
e
histórias.
c)
apontar
para
o
estabelecimento
de
interlocução
de
modo
arEficial
e
automáEco,
entre
o
leitor
e
o
livro.
d)
fazer
um
exercício
de
reflexão
a
respeito
dos
princípios
que
estruturam
a
forma
e
o
conteúdo
de
um
livro.
e)
retratar
as
etapas
do
processo
de
produção
de
um
livro,
as
quais
antecedem
o
contato
entre
leitor
e
obra.
39. SOLUÇÃO COMENTADA
primeira aplicação do ENEM-2013
O
texto
em
em
análise
apresenta
nos
dois
primeiros
quadrinhos
elementos
formais
que
aparecem
na
composição
de
um
livro.
Nos
dois
úlEmos,
aparecem
os
elementos
temáEcos.
Posto
isso,
deve-‐se
assinalar
a
alternaEva
“d”.
40. ANÁLISE GLOBAL
primeira aplicação do ENEM-2013
Quanto
às
modalidades
textuais,
as
questões
de
literatura
do
ENEM-‐2013
abrangeram
textos
teatrais,
fragmentos
de
romances,
poemas
[tanto
formas
tradicionais
quanto
formas
modernas],
história
em
quadrinhos,
letras
de
música
e
textos
da
literatura
de
informação.
Quanto
a
temas,
esElos
de
época
e
elementos
de
teoria
da
literatura,
as
questões
envolveram:
quinhenEsmo,
modernismo,
parnasianismo,
teatro,
literatura
das
minorias
[o
negro
na
literatura
brasileira],
literatura
engajada,
funções
da
linguagem,
relação
entre
literatura
e
artes
plásEcas,
gêneros
literários
na
modernidade,
metalinguagem,
literatura
e
música
popular
brasileira
e
relação
entre
realismo
e
romanEsmo.