2. A crise financeira nos Estados Unidos está a alastrar-se a todo mundo, a nossa Bolsa entrou logo em pânico baixando o índice PSI-20 vários pontos. Esta notícia tem sido comentada por diversos analistas, desde antigos governadores do Banco de Portugal até aos comentadores residentes dos vários canais televisivos. Começando por dissecar a notícia, a primeira questão é compreender a crise nos USA. Os bancos americanos entraram em crise quando as pessoas que haviam contraído empréstimos para habitação (entre outro tipo de empréstimos), deixaram ou começaram a ter dificuldades em fazer face ao serviço de divida. Os bancos para facilitar o acesso ao crédito vão baixando o spread . Essa percentagem incorpora uma parte que permite cobrir o risco de incobrabilidade dos empréstimos e outra para serviços bancários, que tem sido cada vez menor em todo mundo tornando o risco bancário muito alto.
3. A somar a isto os bancos têm relações comerciais entre si, em que vendem créditos que possuem uns aos outros, como forma de obter liquidez rapidamente, assim é fácil a crise se alastrar a todo mundo. Quando a notícia de que havia bancos com dificuldades em cobrar os créditos, os depositantes, apressaram-se a levantar as suas economias com medo de as perderem. Aí os bancos tiveram de recorrer a empréstimos para fazer face aos seus compromissos. Foi, quando houve a necessidade da intervenção da Reserva Federal, injectando dinheiro no mercado de forma a manter a solvabilidade da banca. O Banco Central Europeu de forma a evitar uma crise de grandes proporções injectou liquidez no mercado de forma a evitar o colapso do sistema bancário, não evitando a descida dos principais índices bolsistas, porque em bolsa os agentes têm comportamentos “nervosos”, levando-os a desfazerem-se de papel e transferindo o seu capital para investimentos mais seguros como depósitos a prazo ou o ouro, cuja cotação não tem parado de subir.
4. Em Portugal esta crise não se verificará, pelo menos da mesma forma, dado que são raros os casos em que os bancos comerciais vendam créditos a outros bancos, também escassas as situações em que bancos portugueses tenham créditos de bancos norte-americanos. Contudo a crise chega a Portugal através da descida do Dólar americano face ao Euro, o que dificultou as nossas exportações para fora do espaço comunitário, já que grande parte das transacções são nessa moeda. Outro sinal de crise o aumento de resgate de fundos, que aumentou nesta altura. É de esperar que a banca comercial nacional dificulte o acesso ao crédito, evitando uma crise semelhante no nosso país. Como a nossa economia é muito aberta ao exterior, pode vir a sofrer bastante com uma crise em larga escala nos USA, esperemos que isso não se verifique porque então é que nunca mais veríamos o nosso PIB aproximar-se do resto da EU.