2. Para a antropologia cultural, cada cultura particular, caracterizada
por um conjunto de tendências tais como aparecem
empiricamente ao observador, é um pouco comparável às peças
de um quebra – cabeça. E nessas condições, a cultura é
concebida como uma espécie de mosaico. Não se trata mais em
estudar tal aspecto de uma sociedade em si, relacionando-o ao
conjunto das relações sociais (antropologia social), e muito
menos tal cultura particular na lógica que lhe é
própria(antropologia cultural, mas também simbólica); trata-se de
estudar a lógica da cultura.
Antropologia da comunicação: Estuda as diferentes modalidades
da comunicação entre os homens, não a partir dos interlocutores
que seriam considerados como elementos separados uns dos
outros, mas a partir dos processos de interação formando
sistemas de troca, integrando notadamente tudo o que, no
encontro, se dá ao nível (não verbal) das sensações, dos gestos,
das mímicas e das palavras
3. A enopsiquiatria: É uma prática claramente
pluridisciplinar, procurando compreender ao
mesmo tempo a dimensão étnica dos
distúrbios mentais e a dimensão psicológica e
psicopatológica da cultura.
Estruturalismo francês: Do qual muitos
gostam hoje de dizer que está há muito tempo
ultrapassado, mas alguns estudiosos
consideram pessoalmente como mais atual do
que nunca.
4. Este pensamento antropológico, se insere no campo das ciências
humanas e não no das ciências sociais. Enquanto as ciências
sociais “aceitam sem reticências se estabelecer no próprio âmago
de sua sociedade”, as ciências humanas, visando “aprender uma
realidade imanente ao homem, se colocam a parte de todo
individuo e de toda sociedade”.
O exemplo da obra de Bateson, A Cerimônia do Naven, é
revelador. Primeiramente devido à sua exigência de
pluridisciplinaridade. Em seguida por seu caráter inovador no
campo da antropologia anglo-saxônica da época, caracterizada
pela monografia. O interesse de Bateson era a possibilidade de
aceder a uma teoria transcultural, cujos conceitos poderão ser
utilizados na compreensão de outras sociedades. Lévi-Strauss e
Devereux, foram quem mais insistiram no fato de que não se pode
aprender sobre culturas particulares sem referência à “cultura”.
Daí vem o caráter “metacultural” desse pensamento, que é o
oposto do “culturalismo”, e é o fundador da possibilidade da
comunicação intercultural.
5. É importante ressaltar que as diferentes
abordagens são abordagens da totalidade,
sem levar em conta consideração sobre
apenas um aspecto parcelar da realidade
social. Para Lévi-Strauss como para Bateson,
não existem nunca relações de causalidade
unilinear entre dois fenômenos, e sim
“correlações funcionais”. Por isso a
antropologia é considerada um “pensamento
dos conjuntos”, preocupado em não deixar
escapar nada na investigação do social.
6. A abordagem de Lévi-Strauss, que procede a uma série de rupturas
radicais:
A ruptura com o humanismo e a filosofia, isto é, as ideologias do
sujeito considerado enquanto fonte de significações. Agora o sentido
não está mais ligado a consciência, a qual se vê descentrada pelo
projeto freudiano. Ou seja,
eu sou pensado, sou falado, sou agido, sou atravessado por
estruturas que me preexistem.
A ruptura com relação ao pensamento histórico: o evolucionismo e
qualquer forma de história. Tentar compreender o presente através do
passado. Visto de outra forma a análise dos processos, opõe-se a
inteligibilidade estrutural e combinatória de um comportamento e de
um relato.
A ruptura com o atomismo, que considera os elementos
independentemente da totalidade.
A ruptura com o empirismo. “Para alcançar o real, é preciso primeiro
repudiar o vivido”, diz Lévi-Strauss em Tristes Trópicos. Ou seja, o
objeto científico deve ser arrancado da experiência da impressão, da
percepção espontânea.
10. Todo o programa e toda a abordagem do estruturalismo estão
nesses dois textos :
1) a existência de um certo número de materiais culturais
idênticos, que, como as cartas ou os elementos de
caleidoscópio, podem ser qualificados de invariantes;
2) as diferentes estruturações possíveis destes materiais( isto
é, as maneiras com as quais se organizam entre si quando
passamos de uma cultura para outra, ou de uma época outra)
que não estão em número ilimitado, pois são comandadas pelo
que Lévi-Strauss chama de "leis universais que regem as
atividades inconscientes do espírito";
3) finalmente, comparáveis a aplicação de leis gramaticais, o
próprio desenrolar do jogo de baralho ou os movimentos do
caleidoscópio que não para de girar, com alguém que observa
o esse process - o etnólogo - dirigindo, no caso do autor de
Tristes Trópicos, sobre o que percebe, um olhar que convém
qualificar de estético.
11. Levi-Strauss não ignora a diversidade das culturas- já que procurará
precisamente dar conta dela - nem a história. Mas, de um lado
desconfia de um "ecletismo apressado" que confundiria as tarefas e
misturaria os programas".
E, de outro, considera que para compreender o movimento das
sociedades é preciso não se situar ao nível da consciência que o
Ocidente tem da história. Essa consciência história do "progresso"
nao carrega consigo nenhuma verdade, é um mito que convém
estudar como os outros mitos, isto é, estendendo no espaço aquilo
que o historiador percebe como escalonado no tempo.
Tal é o significado do conceito de estrutura que Pouilon (1996) define
como " a sintaxe das transformações que fazem passar de uma
variente para outra", pois "é essa sintaxe que dá conta de seu número
limitado, da exploração restrita das possibilidades teóricas".Ou seja, a
história é um jogo no qual a identidade dos parceiros tem menos
importância que as partidas jogadas, e mais ainda as regras das
partidas jogáveis.