1) O documento pede para completar uma lista de "pequenas contrariedades" e escrever um comentário sobre a última estrofe do poema "Contrariedades".
2) É fornecido um exemplo de pequena contrariedade: viajar num autocarro cheio durante uma chuva.
3) O aluno deve completar a tarefa anterior e escrever o comentário solicitado sobre a última estrofe do poema.
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Apresentação para décimo primeiro ano de 2015 6, aula 97-98
1.
2. TPC — Completa a lista de ‘Pequenas
contrariedades’ no verso da última página
que estivemos a usar.
E escreve também o comentário que
te é pedido no cimo da página (sobre a
última estrofe de «Contrariedades»).
3. Num autocarro, num dia de chuva,
quase imobilizado por não haver espaço,
com as mãos ocupadas a segurar mais do
que um saco de livros e a tentar equilibrar-
me, ficar com os óculos embaciados, sem
conseguir perceber se a paragem em que
devo sair já se aproximava.
4. Estar muito encasacado, em
andanças pela cidade e já muito
carregado, e, repentinamente, ter ficado
um sol radioso que fez que toda a tarde
fosse de calor de uns trinta graus.
5.
6. Para individuais: nem muito mais nem
muito menos de dois minutos e tal, três
minutos
Para duplas: mais de três minutos, sem
dúvida, e talvez cerca de quatro-cinco
7.
8.
9.
10. Põe na ordem correta os dezasseis
versos do poema (em quatro estrofes: 4 +
4 + 4 + 4) de Cesário Verde dentro do
sobrescrito.
Desenho dos fragmentos de papel
não é indicativo (versos já estavam
misturados quando os recortei).
Ao contrário, as rimas são úteis (a
rima é cruzada).
Telemóveis, como aliás sempre, devem
estar desligadíssimos.
11.
12. DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
13. Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
14. Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
15. Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
16.
17. DE TARDE
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
18. Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
19. Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
20. Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
21.
22. Logo o título, «De tarde», que é um
modificador temporal, remete para um
momento, uma coisa «simplesmente
bela», que merecia ser registado numa
«aguarela», apesar de aparentemente
irrelevante.
23. Poderíamos dizer que o momento em
causa era suscetível de ser fixado numa
polaroid (se no século XX) ou numa imagem
em instagram (atualmente), mas a pintura
coaduna-se bem com as várias referências
cromáticas: o «granzoal azul», o «ramalhete
rubro» ou, quando sai da renda, «púrpuro».
24. Quanto ao sol a pôr-se («inda o sol se via»),
é uma notação de ordem visual e mais um
elemento que aproxima o poema das
pinturas impressionistas (vem à lembrança,
por exemplo, o quadro «Déjeuner sur
l’herbe», de Edouard Manet).
25. Além das cores, há pormenores figurativos:
o rendilhado do decote por onde saem
«duas rolas» (com que se comparam os
«teus dois seios»).
26. Nem só o sentido da visão é convocado,
outros sentidos estão presentes: o olfato e
o gosto, a propósito das «talhadas de
melão», dos «damascos», do «pão de ló»
embebido em vinho doce; e não será
forçado vermos algo de táctil na alusão às
«duas rolas» que saem do decote da
rapariga.
27. Muito característica do poema (e de
Cesário Verde) é a sua narratividade. O
poeta parece ser um observador que faz
parte do grupo (vejam-se os deíticos
pessoais «tu», «nós», o demonstrativo
«[n]aquele» e o possessivo «teus»).
28. Relata um episódio cuja protagonista é uma
rapariga (uma burguesa?) capaz de colher
ramalhetes de papoulas «sem imposturas
tolas». As ações estão demarcadas em
função dos espaços («a um granzoal», «em
cima duns penhascos») e do tempo («foi
quando tu», «pouco depois»).
29. A última quadra (não, não é um soneto:
são quatro quartetos) apresenta-nos o
sujeito poético (o «narrador») embevecido
com o supremo encanto do «pic-nic» (e
não é interessante o uso do
estrangeirismo?).
30. Esse primeiro plano da câmara termina com
o verso «O ramalhete rubro das papoulas!»,
que quase repete o v. 8 («Um ramalhete
rubro de papoulas»).
31. Os artigos definidos no último verso do
poema («O», em vez do indefinido «Um»,
que estava no v. 8; e «[d]as», em vez da
preposição simples «de») mostram que a
observação se foi aproximando e que o
ramalhete de que se fala já é inconfundível.
A outra diferença entre os versos é o v. 16
terminar com um ponto de exclamação.
32. E, se atentarmos no som, perceberemos
que há nesse verso uma aliteração,
conseguida pela repetição da consoante
«r». (Já na segunda estrofe havia uma
figura fónica idêntica, entre a assonância e
a aliteração, no verso «A um granzoal azul
de grão-de-bico», em que predominam as
nasais e a consoante z.)
33. Acerca da quadra final é ainda preciso
referir que a alteração da ordem natural da
frase, um hipérbato, faz que o último verso
seja o grupo nominal que se pretende
destacar («o ramalhete rubro das
papoulas»). Por outro lado, por marcar uma
oposição, uma reorientação, a conjunção
adversativa «mas» valoriza o que depois
será o foco da quadra.
34. Também o tempo verbal usado nesta
quarta estrofe, o imperfeito do indicativo
(«era»), marca a perenidade daquela visão
singular, por contraste com o incidente,
efémero, que era a merenda de burguesas
(a que convinha o perfeito do indicativo:
«houve», «foi», «foste», «acampámos»,
«houve»).
35.
36. Escreve, em prosa, sobre um momento que
devesse ficar fixado (realçado dentro de um
incidente que tudo destinasse ao esquecimento).
Só as partes que já estão lançadas seguem o
exato modelo de Cesário. No resto, apenas
aconselho que a descrição seja bastante
sensorial.
___________________________________
{grupo preposicional, como é De tarde}
Naquele/a __________________________________
______, houve uma coisa simplesmente bela. Foi quando
_________________________________________________
37. sensação principal (que torna o
momento memorável) pode ser visual,
de olfacto, de gosto, auditiva, táctil.
dar o enquadramento (os momentos que
precedem) até ao exacto momento de
êxtase
38.
39. TPC — Completa a página em que estava
o tepecê da última aula (melhorando, se
for caso disso, lista de ‘Pequenas
contrariedades’ no verso da última página
que estivemos a usar; escrevendo agora
também o comentário sobre a última
estrofe de «Contrariedades»).