O documento descreve a indiferença da juventude em relação ao significado histórico do 25 de Abril, em contraste com as comemorações mais ritualizadas dos mais velhos. A autora procura ilustrar como as datas históricas podem perder relevância para as gerações mais novas.
14. a + o = ao
a + os = aos
a + a = à
a + as = às
de + o = do
de + os = dos
de + a = da
de + as = das
15. em + o = no
em + os = nos
em + a = na
em + as = nas
por + o = pelo
por + os = pelos
por + a = pela
por + as = pelas
16. 25 de Abril
FERIADO!
A setora de Português mandou-nos
fazer entrevistas a gente da nossa idade
sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me
com a Cátia e o Miguel junto à paragem
das camionetas. Quase toda a malta
jovem ia para a praia.
À nossa pergunta respondiam:
— Uma coisa histórica.
— Atiraram abaixo com um presidente
chamado Salazar.
17. — Qual quê! O homem caiu de uma
cadeira e morreu.
— Foi uma revolução qualquer, há
muito tempo, antes de eu nascer.
— É um feriado. E basta.
Todos bateram palmas.
Pois em minha casa logo pela
manhã a mãe espeta um cravo
vermelho numa jarrinha. Dantes punha-o
ao peito. E faz rodar um disco antigo
do Zeca Afonso, que por acaso até é
giro.
18. O meu pai levanta-se tarde, veste-se à
balda para o almoço de confraternização
com os seus companheiros do 25 de
Abril. A uns arrancaram unhas, outro
tem marcas de pontas de cigarro pelo
corpo. A Maria das Dores esteve a fazer
de estátua, que não é propriamente
posar para um escultor mas estar de pé
dias e noites com uma luz virada para os
olhos. O meu pai não sofreu nada. A
prisão deve ter sido a grande aventura
19. da vida dele — esteve com
assaltantes a quartéis, participou em
fugas, trocava mensagens por
pancadinhas na parede. Foi até na
prisão que se casou.
Do seu tempo de revolucionário
ficou esta sardinhada anual, regada a
vinho tinto.
Pois vivam as revoluções que dão
feriado! Infelizmente são só três: o 5
de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25
de Abril.
20. 25 de Abril — FERIADO!
A setora de Português mandou-nos
fazer entrevistas a gente da nossa idade
sobre o que foi o 25 de Abril. Instalei-me
com a Cátia e o Miguel junto à paragem
das camionetas. Quase toda a malta
jovem ia para a praia.
À nossa pergunta respondiam:
— Uma coisa histórica.
— Atiraram abaixo com um presidente
chamado Salazar.
21. — Qual quê! O homem caiu de uma
cadeira e morreu.
— Foi uma revolução qualquer, há
muito tempo, antes de eu nascer.
— É um feriado. E basta.
Todos bateram palmas.
Pois em minha casa logo pela
manhã a mãe espeta um cravo
vermelho numa jarrinha. Dantes
punha-o ao peito. E faz rodar um disco
antigo do Zeca Afonso, que por acaso
até é giro.
22. O meu pai levanta-se tarde, veste-se
à balda para o almoço de
confraternização com os seus
companheiros do 25 de Abril. A uns
arrancaram unhas, outro tem marcas de
pontas de cigarro pelo corpo. A Maria
das Dores esteve a fazer de estátua, que
não é propriamente posar para um
escultor mas estar de pé dias e noites
com uma luz virada para os olhos. O
meu pai não sofreu nada. A prisão deve
ter sido a grande aventura
23. da vida dele — esteve com
assaltantes a quartéis, participou em
fugas, trocava mensagens por
pancadinhas na parede. Foi até na
prisão que se casou.
Do seu tempo de revolucionário
ficou esta sardinhada anual, regada a
vinho tinto.
Pois vivam as revoluções que dão
feriado! Infelizmente são só três: o 5
de Outubro, o 1.º de Dezembro e o 25
de Abril.
32. Vi o programa do Bruno Aleixo.
Modificador restritivo do nome
de
33. Nos próximos minutos, assistiremos a
um sketch pornográfico.
Modificador do grupo verbal
em
34. O Busto foi desmentido pelo Bruno.
Complemento agente da passiva
por
35. O Bruno desmentiu o Busto.
sujeito complemento direto
O Busto foi desmentido pelo Bruno.
sujeito agente da passiva
36.
37. A primeira consiste em usar-se a
preposição, omitindo o restante grupo
preposicional. Talvez porque, dado o
contexto, fique muito implícito o que se
quer dizer, o locutor pode dar-se ao
luxo de suspender a frase logo depois
de pronunciar a preposição.
38. Ora realística ora caricaturalmente, o
professor Adolfo Coelho (nota que o
nome corresponde, efetivamente, àquele
que se pode considerar o primeiro
linguista português — contemporâneo,
por exemplo, de Eça de Queirós) ou o
apresentador dizem «Podemos não
chegado a»; «Mas estamos a caminhar
para»; «Fiz uma tentativa de»;
«Esperamos estar cá para».
39.
40. A segunda é começar frases por
infinitivos, quando se esperaria o uso
de outro tempo, com pessoa: «Em
primeiro lugar, dizer que [...]»; «Antes
de continuarmos, aplaudir [...]»; «Antes
de mais, registar [...]».
41. (Um pouco à margem deste tique, repara
que nas frases fica claro um dos papéis
que podem ter os grupos
preposicionais, o de conectores: é o
caso de «Em primeiro lugar», «Antes de
continuarmos», «Antes de mais». Outras
classes gramaticais que cumprem
frequentemente esse papel de
estabelecer relações entre segmentos
textuais são a conjunção, o próprio
advérbio.)
42. Os dois fenómenos caricaturados
(suspensão da frase na preposição;
começo da frase por um infinitivo) são
talvez evoluções em curso na língua
portuguesa, relativas a mudanças de
ordem sintática.
45. Tem a ver com (Tem que ver com)
Onde moras?
Dá-me com força
Tenho de ir
46. Compara esta folha com aquela
O gelado de que gosto mais
As pessoas com que falei
Hás de vir
47. Na última linha, o erro não resulta
propriamente de má escolha da
preposição, mas de se flexionar mal a
forma verbal. Como se faz uma analogia
com outras segundas pessoas do
singular, que terminam em –s, cria-se uma
forma terminada em –s, amalgamando a
preposição. É o mesmo processo que leva
a que, por vezes, se use, para a terceira
pessoa do plural, «hadem» (em vez da
forma correcta «hão de»).
48. Foi o facto de ele ter mentido que me
agradou.
Apesar de ela ser bonita, é muito feia.
Diz ao polícia que morri.
Gostava de os avisar de que a lontra
adoeceu.
49.
50. 7. Eliseu, o mais anafado defesa
esquerdo da Europa, jogou bem.
8. Comi uma alface, quando a
conheci.
2. Stor, dê-me a fatia do bolo
rançoso.
4. Bebi sangria, aguardente, bagaço,
vinho tinto, chá.
51. 1. Ela tem uma das melhores
memórias; ele, uma das piores.
3. Ontem, comi uma alface de
estimação.
5. Não voteis na lista Z, votai na lista
de vinhos.
6. Não creio, contudo, que sejas
parvo.
52. 3. Combinava, por vezes, uns
assaltos.
8. E, se tudo correr bem, encontramo-nos
em Paris.
8. Porque estava frio, despi a
camisola.
9. A iguana, que estava lindíssima,
beijou o iguano.
53. Stor, dê-me a fatia do bolo rançoso.
vocativo
Dê-me, stor, a fatia do bolo rançoso.
vocativo
Dê-me a fatia do bolo rançoso, stor.
vocativo
54. Ela tem uma das melhores memórias.
Ele, uma das piores.
elisão
55. Ontem, comi uma alface de estimação.
modificador
Comi uma alface, quando a conheci.
oração subordinada adverbial (temporal)
Porque estava frio, despi a camisola.
oração subordinada adverbial (causal)
Combinava, por vezes, uns assaltos.
modificador
56. E, se tudo correr bem, encontramo-nos
em Paris.
oração subordinada adverbial (condicional)
60. oração subordinada relativa explicativa
A iguana, que estava lindíssima, beijou
o iguano.
modificador apositivo
Eliseu, o mais anafado defesa esquerdo
da Europa, jogou bem.
61.
62. Responde à pergunta 4 (p. 119).
Tendo em conta que o fragmento que
leste se integra num diário ficcionado, diz
qual te parece ter sido a intenção da
autora ao abordar esta data histórica.
63. Pretende mostrar-se a indiferença dos
mais novos relativamente a uma data
histórica, o 25 de abril de 74. Essa atitude
de desinteresse — e de desconhecimento
— sai realçada por os mais velhos
conservarem certos rituais de
comemoração da efeméride. Entretanto,
tais festejos, bastante caricaturáveis, já
banalizados, contrastam com a visão
heroica do período antifascista a que
alguns ainda aludem.
64.
65.
66. TPC — Estuda a ‘Preposição’ (pp. 137-
139) nas folhas da Nova gramática didática
de Português (NGDP) que, em Gaveta de
Nuvens, reproduzi em «Classes de
Palavras».
(Para quem tenha pensado concorrer,
não esquecer que o concurso Dá voz à
letra termina na próxima quarta.)