SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 33
O REAL EDIFÍCIO DE MAFRA
O      Real        Edifício      de
Mafra, construído entre 1717 e
1737, é constituído por um
convento, um palácio e uma
basílica.    Mandado      construir
pelo rei D. João V            , como
pagamento de promessa pelo
nascimento de um herdeiro ao
trono, o edifício foi o maior
empreendimento económico e
artístico do seu reinado. Foi
projectado     pelo     arquitecto
alemão Ludovice         , ocupou
uma    área   de      40.000m2    e
assumiu-se como uma obra de
regime.
A localização do edifício foi escolhida pelo próprio rei, privilegiando o contacto com a
Natureza e a caça, seguindo a tendência das cortes europeias que tinham como
referência o Palácio de Versalhes.
Panorâmica aérea
Com a construção desta obra, que ocupou               de forma permanente 13.000
operários, chegando aos 30.000 no final, vindos de todas as partes do reino, como conta
José Saramago, na sua obra Memorial do Convento (1982),        D. João V transformou a
pequena localidade numa cidade de milhares de habitantes.
Com os seus 220m de comprimento, a fachada principal domina todo o conjunto.




“O edifício tem 45.000 portas e janelas, 880 salas, 2 torres de 68 metros de altura e 144 sinos, 1
zimbório e 2 torreões tão vastos que no andar de qualquer deles se aloja a família real quando vai
caçar a Mafra”.
                                                                                   Ramalho Ortigão
É possível identificar,
nos elementos
arquitectónicos, as
seguintes influências:
1. os torreões cobertos
por cúpulas bolbosas,
que mostram traços da
influência barroca alemã
e austríaca;
Torreão norte (aposentos do rei)
Torreão sul (aposentos da rainha)
2. o frontão triangular na
fachada da basílica, de
influência clássica;
Frontão triangular (fachada da basílica)
3. a grande cúpula
(zimbório) da basílica, que
segue o modelo
renascentista da Basílica de
S. Pedro;
Zimbório (vista a partir do cruzeiro)
Vista para o altar-mor a partir da varanda interior do zimbório
4. o edifício de três andares, segundo a matriz do palácio barroco;
5. os janelões com a presença de elementos das ordens clássicas – pilastras e frontões.
Ladeada pelas alas do palácio, a basílica organiza-se em três naves (onde impera a
ordem coríntia da nave central) e transepto, apresentando vasta decoração de
mármores policromos.
Um dos órgãos da basílica
O edifício, no seu
conjunto, transmite
uma certa “frieza” e
      algum
racionalismo, mas
   não deixa de
seduzir pelos jogos
 de luz e sombra.
Claustro (e jardim central) do convento
Uma das celas dos frades (franciscanos)
Uma das salas do palácio
A Sala de Audiências (ou Sala do Trono)
A “real” sanita…
A biblioteca (com cerca de 40.000 volumes)
Da imponência arquitectónica à magnificência escultórica, da sumptuosa decoração
à dignidade dos materiais, o Real Edifício de Mafra concretiza o conceito de “obra de
arte total”, convergindo todas as artes num mesmo discurso estético, plástico e
conceptual, contribuindo para a mais extraordinária manifestação de glória e
absolutismo do soberano.
Produção:
                                                               Professor José Couto/2008
                                                                                 Música:
«Allegro», 1º tempo do Concerto de Brandenburgo nº 4 (BWV 1049), de Johann Sebastian Bach
                                                                  HNH International, 1985
Real Edificio De Mafra
Real Edificio De Mafra
Real Edificio De Mafra
Real Edificio De Mafra

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Módulo 6 arquitetura barroca
Módulo 6   arquitetura barrocaMódulo 6   arquitetura barroca
Módulo 6 arquitetura barrocaCarla Freitas
 
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto Gregoriano
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto GregorianoMódulo 3 - Caso Prático 1 Canto Gregoriano
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto GregorianoCarla Freitas
 
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3Hca Faro
 
A arquitetura gótica
A arquitetura góticaA arquitetura gótica
A arquitetura góticaAna Barreiros
 
Arte barroca
Arte barrocaArte barroca
Arte barrocacattonia
 
Arquitectura neoclassica em Portugal
Arquitectura neoclassica em Portugal Arquitectura neoclassica em Portugal
Arquitectura neoclassica em Portugal Carlos Vieira
 
Neoclassicismo em portugal
Neoclassicismo em portugalNeoclassicismo em portugal
Neoclassicismo em portugalAna Barreiros
 
Romanico em portugal
Romanico em portugalRomanico em portugal
Romanico em portugalcattonia
 
02 arquitetura barroca
02 arquitetura barroca02 arquitetura barroca
02 arquitetura barrocaVítor Santos
 
01 cultura da catedral
01 cultura da catedral01 cultura da catedral
01 cultura da catedralVítor Santos
 
Módulo 2 pintura romana
Módulo 2   pintura romanaMódulo 2   pintura romana
Módulo 2 pintura romanaCarla Freitas
 

Mais procurados (20)

Módulo 6 arquitetura barroca
Módulo 6   arquitetura barrocaMódulo 6   arquitetura barroca
Módulo 6 arquitetura barroca
 
Convento de Mafra
Convento de MafraConvento de Mafra
Convento de Mafra
 
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto Gregoriano
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto GregorianoMódulo 3 - Caso Prático 1 Canto Gregoriano
Módulo 3 - Caso Prático 1 Canto Gregoriano
 
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3
A Morte de Marat, David - A Cultura do Salão: caso prático 3
 
A arquitetura gótica
A arquitetura góticaA arquitetura gótica
A arquitetura gótica
 
Convento de Mafra
Convento de MafraConvento de Mafra
Convento de Mafra
 
Arte barroca
Arte barrocaArte barroca
Arte barroca
 
Arquitectura neoclassica em Portugal
Arquitectura neoclassica em Portugal Arquitectura neoclassica em Portugal
Arquitectura neoclassica em Portugal
 
Neoclassicismo em portugal
Neoclassicismo em portugalNeoclassicismo em portugal
Neoclassicismo em portugal
 
Escultura barroca
Escultura barrocaEscultura barroca
Escultura barroca
 
Romanico em portugal
Romanico em portugalRomanico em portugal
Romanico em portugal
 
Arte renascentista
Arte renascentistaArte renascentista
Arte renascentista
 
02 arquitetura barroca
02 arquitetura barroca02 arquitetura barroca
02 arquitetura barroca
 
Pintura barroca
Pintura barrocaPintura barroca
Pintura barroca
 
Cultura da catedral
Cultura da catedralCultura da catedral
Cultura da catedral
 
Arquitetura barroca
Arquitetura barrocaArquitetura barroca
Arquitetura barroca
 
01 cultura da catedral
01 cultura da catedral01 cultura da catedral
01 cultura da catedral
 
Módulo 2 pintura romana
Módulo 2   pintura romanaMódulo 2   pintura romana
Módulo 2 pintura romana
 
Arte Gótica
Arte GóticaArte Gótica
Arte Gótica
 
Rococó
RococóRococó
Rococó
 

Destaque

A cultura do palco - contextualização
A cultura do palco - contextualizaçãoA cultura do palco - contextualização
A cultura do palco - contextualizaçãocattonia
 
Arquitetura barroca
Arquitetura barrocaArquitetura barroca
Arquitetura barrocaAna Stark
 
O barroco francês
O barroco francêsO barroco francês
O barroco francêsmirandakika
 
O barroco em frança
O barroco em françaO barroco em frança
O barroco em françaAna Barreiros
 
A cultura do palacio
A cultura do palacioA cultura do palacio
A cultura do palacioAna Barreiros
 
A arte barroca em portugal
A arte barroca em portugalA arte barroca em portugal
A arte barroca em portugalPedro Silva
 
Uma aventura no palácio...
Uma aventura no palácio...Uma aventura no palácio...
Uma aventura no palácio...Ana Barreiros
 

Destaque (10)

A cultura do palco - contextualização
A cultura do palco - contextualizaçãoA cultura do palco - contextualização
A cultura do palco - contextualização
 
Arquitetura barroca
Arquitetura barrocaArquitetura barroca
Arquitetura barroca
 
O barroco francês
O barroco francêsO barroco francês
O barroco francês
 
O barroco em frança
O barroco em françaO barroco em frança
O barroco em frança
 
Barroco em portugal
Barroco em portugalBarroco em portugal
Barroco em portugal
 
A cultura do palacio
A cultura do palacioA cultura do palacio
A cultura do palacio
 
A arte barroca em portugal
A arte barroca em portugalA arte barroca em portugal
A arte barroca em portugal
 
A cultura do palco
A cultura do palcoA cultura do palco
A cultura do palco
 
Cultura do palco
Cultura do palcoCultura do palco
Cultura do palco
 
Uma aventura no palácio...
Uma aventura no palácio...Uma aventura no palácio...
Uma aventura no palácio...
 

Semelhante a Real Edificio De Mafra

palácio de mafra e palácio de versalhes
palácio de mafra e palácio de versalhespalácio de mafra e palácio de versalhes
palácio de mafra e palácio de versalhesLorredana Pereira
 
casopratico_mod6.cultura palco.pptx
casopratico_mod6.cultura palco.pptxcasopratico_mod6.cultura palco.pptx
casopratico_mod6.cultura palco.pptxMariana Neves
 
Palácio da Pena
Palácio da PenaPalácio da Pena
Palácio da Penahcaslides
 
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e Média
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e MédiaUFCD CLC6 - Cultura Comunicação e Média
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e MédiaNome Sobrenome
 
Convento Mafra
Convento MafraConvento Mafra
Convento MafraBiaEsteves
 
15 a arte e a mentalidade barrocas
15   a arte e a mentalidade barrocas15   a arte e a mentalidade barrocas
15 a arte e a mentalidade barrocassofiasimao
 
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptx
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptxufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptx
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptxMartineRicardo
 
F2 portugal na europa do antigo regime
F2 portugal na europa do antigo regimeF2 portugal na europa do antigo regime
F2 portugal na europa do antigo regimeVítor Santos
 
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdf
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdfA-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdf
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdfssuser3b314d
 
Arquitetura barroca
Arquitetura barrocaArquitetura barroca
Arquitetura barrocaFilipe Pedro
 
Urabanismo mobilidadedr23
Urabanismo mobilidadedr23Urabanismo mobilidadedr23
Urabanismo mobilidadedr23MSamagaio
 
O Convento De Mafra
O Convento De MafraO Convento De Mafra
O Convento De Mafraaneto
 
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 20122c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012www.historiadasartes.com
 
A Arquitectura Do Renascimento
A Arquitectura Do RenascimentoA Arquitectura Do Renascimento
A Arquitectura Do Renascimentomanuelahistoria
 

Semelhante a Real Edificio De Mafra (20)

palácio de mafra e palácio de versalhes
palácio de mafra e palácio de versalhespalácio de mafra e palácio de versalhes
palácio de mafra e palácio de versalhes
 
casopratico_mod6.cultura palco.pptx
casopratico_mod6.cultura palco.pptxcasopratico_mod6.cultura palco.pptx
casopratico_mod6.cultura palco.pptx
 
Alcobaca Mosteiro
Alcobaca   MosteiroAlcobaca   Mosteiro
Alcobaca Mosteiro
 
Alcobaca Mosteiro
Alcobaca   MosteiroAlcobaca   Mosteiro
Alcobaca Mosteiro
 
Palácio da Pena
Palácio da PenaPalácio da Pena
Palácio da Pena
 
Pena
PenaPena
Pena
 
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e Média
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e MédiaUFCD CLC6 - Cultura Comunicação e Média
UFCD CLC6 - Cultura Comunicação e Média
 
Convento Mafra
Convento MafraConvento Mafra
Convento Mafra
 
15 a arte e a mentalidade barrocas
15   a arte e a mentalidade barrocas15   a arte e a mentalidade barrocas
15 a arte e a mentalidade barrocas
 
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptx
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptxufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptx
ufcd_clc6 Cultura urbanismo e mobilidade.pptx
 
Palácio de Queluz
Palácio de QueluzPalácio de Queluz
Palácio de Queluz
 
F2 portugal na europa do antigo regime
F2 portugal na europa do antigo regimeF2 portugal na europa do antigo regime
F2 portugal na europa do antigo regime
 
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdf
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdfA-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdf
A-Cultura-Do-Palco-Modulo-6.pdf
 
2C26_Barroco_MuseuPrado_2011
2C26_Barroco_MuseuPrado_20112C26_Barroco_MuseuPrado_2011
2C26_Barroco_MuseuPrado_2011
 
Arquitetura barroca
Arquitetura barrocaArquitetura barroca
Arquitetura barroca
 
Manuelino
ManuelinoManuelino
Manuelino
 
Urabanismo mobilidadedr23
Urabanismo mobilidadedr23Urabanismo mobilidadedr23
Urabanismo mobilidadedr23
 
O Convento De Mafra
O Convento De MafraO Convento De Mafra
O Convento De Mafra
 
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 20122c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012
2c26 Arte Românica e National Gallery of London 2012
 
A Arquitectura Do Renascimento
A Arquitectura Do RenascimentoA Arquitectura Do Renascimento
A Arquitectura Do Renascimento
 

Real Edificio De Mafra

  • 1. O REAL EDIFÍCIO DE MAFRA
  • 2. O Real Edifício de Mafra, construído entre 1717 e 1737, é constituído por um convento, um palácio e uma basílica. Mandado construir pelo rei D. João V , como pagamento de promessa pelo nascimento de um herdeiro ao trono, o edifício foi o maior empreendimento económico e artístico do seu reinado. Foi projectado pelo arquitecto alemão Ludovice , ocupou uma área de 40.000m2 e assumiu-se como uma obra de regime.
  • 3. A localização do edifício foi escolhida pelo próprio rei, privilegiando o contacto com a Natureza e a caça, seguindo a tendência das cortes europeias que tinham como referência o Palácio de Versalhes.
  • 5. Com a construção desta obra, que ocupou de forma permanente 13.000 operários, chegando aos 30.000 no final, vindos de todas as partes do reino, como conta José Saramago, na sua obra Memorial do Convento (1982), D. João V transformou a pequena localidade numa cidade de milhares de habitantes.
  • 6. Com os seus 220m de comprimento, a fachada principal domina todo o conjunto. “O edifício tem 45.000 portas e janelas, 880 salas, 2 torres de 68 metros de altura e 144 sinos, 1 zimbório e 2 torreões tão vastos que no andar de qualquer deles se aloja a família real quando vai caçar a Mafra”. Ramalho Ortigão
  • 7. É possível identificar, nos elementos arquitectónicos, as seguintes influências: 1. os torreões cobertos por cúpulas bolbosas, que mostram traços da influência barroca alemã e austríaca;
  • 10. 2. o frontão triangular na fachada da basílica, de influência clássica;
  • 12. 3. a grande cúpula (zimbório) da basílica, que segue o modelo renascentista da Basílica de S. Pedro;
  • 13. Zimbório (vista a partir do cruzeiro)
  • 14. Vista para o altar-mor a partir da varanda interior do zimbório
  • 15. 4. o edifício de três andares, segundo a matriz do palácio barroco;
  • 16. 5. os janelões com a presença de elementos das ordens clássicas – pilastras e frontões.
  • 17.
  • 18.
  • 19. Ladeada pelas alas do palácio, a basílica organiza-se em três naves (onde impera a ordem coríntia da nave central) e transepto, apresentando vasta decoração de mármores policromos.
  • 20. Um dos órgãos da basílica
  • 21. O edifício, no seu conjunto, transmite uma certa “frieza” e algum racionalismo, mas não deixa de seduzir pelos jogos de luz e sombra.
  • 22. Claustro (e jardim central) do convento
  • 23. Uma das celas dos frades (franciscanos)
  • 24. Uma das salas do palácio
  • 25. A Sala de Audiências (ou Sala do Trono)
  • 27. A biblioteca (com cerca de 40.000 volumes)
  • 28. Da imponência arquitectónica à magnificência escultórica, da sumptuosa decoração à dignidade dos materiais, o Real Edifício de Mafra concretiza o conceito de “obra de arte total”, convergindo todas as artes num mesmo discurso estético, plástico e conceptual, contribuindo para a mais extraordinária manifestação de glória e absolutismo do soberano.
  • 29. Produção: Professor José Couto/2008 Música: «Allegro», 1º tempo do Concerto de Brandenburgo nº 4 (BWV 1049), de Johann Sebastian Bach HNH International, 1985