2. DANÇAR DE ROSTO COLADO
Rosto colado é coisa que os jovens de hoje não
conhecem como preliminares de um ato de sedução.
Nesses bailes de antigamente
(que palavra dolorosa!),
os jovens rastreavam o salão em busca da garota
ideal para iniciar um romance.
3. Caso ela fosse localizada na mesa com os pais,
nossas pernas tremiam.
Uma cuba libre talvez fosse o combustível para
encorajar o ato de atravessar o salão e chegar na
mesa com o convite, formalismo,
"vamos dançar?"
4. O "sim" dela poderia significar que também queria
dançar, pois os olhos já tinham se cruzado num
momento do baile,
mas poderia ser apenas o "sim" formal para não dar
um "cano" no rapaz audacioso.
Neste último caso, a regra que a jovem aprendeu em
casa com a mãe casamenteira,
era dançar no máximo três para não significar que
havia outro interesse a não ser o da boa educação.
5. No entanto, se "pintasse um clima"
ai, Jesus! –
as danças se prolongariam por todo o baile e, na
hora exata, os rostos se colavam e a sedução
começava com uma conversa de ouvido.
O ato de seduzir transformava-se numa enciclopédia
romântica que valia até mentiras ingênuas.
6. Corta para 2009..
Não há mais rosto colado,
não há mais bailes, os
conjuntos melódicos são
apenas boas lembranças e
os clubes estão fechando
seus salões que tinham a
sua boate para os jovens.
O beijo roubado, quando as
luzes diminuíam de
intensidade, era, talvez, o
único da noite.
Hoje, as garotas ficam
apostando quem beija mais
garotos numa noite
e vulgarizou-se o ato mais
sublime de um início de
conquista.
7. O baile funk, mais que uma reunião dos jovens de
hoje, é um convescote de traficantes em busca de
novos babacas para o início de uma vida de vícios.
Vale o mesmo para a festa reive e os incidentes
estão aí na imprensa para que o colunista não passe
por um "velho recalcado".
A sedução transformou-se em agressão sexual, para
ambos os lados.
8. Sem crack, sem pó, sem
baseado, não há sequer
uma aproximação de
pessoas de sexo
diferente.
Rosto colado nem mesmo
quando o DJ aposta em
algo lento para descansar
os dedos.
Não se dança mais, os
requebros e os pulos
substituíram os passos
cadenciados.
O barulho do bate-estaca
acabou com o diálogo.
Sem diálogo não há
sedução.
9. Fim de papo.
Está bem, somos velhos
quando falamos em "rosto
colado".
Mas ninguém pode roubar
de nossa memória um
tempo mágico onde o
cavalheirismo de uma
dança fazia-nos flutuar
por salões com pessoas
especiais.
E quem não dançou uma
vez na vida de rosto
colado não sabe o que
perdeu. Música :
Glenn Miller - Chattanooga Express
Montagem :
(Rogério Mendellsk)
maricarusocunha@terra.com.br
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