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sumário
                                                            Editorial         03
                                                               Cartas         05
                                                          Artigo 01
    Aplicação da Gestão do Conhecimento no setor elétrico: Um estudo de
                                                                              07
 caso no setor de linha de transmissão. Por Giuvania Teresinha Lehmkuhl &
                               Christianne Coelho de Souza Reinisch Coelho.
                                                          Artigo 02
          Mapeando conhecimentos estratégicos para a competitividade.
                                                                              13
                Por Marília Damiane Costa, Lia Krucken & Sérgio Kappel.

                                                          Artigo 03
                       Sistema de informação estratégico para os arranjos
                                                                              18
               produtivos locais do Estado de Minas Gerais alinhado à GC.
         Por Janete Fernandes Silva & Paulo César Bicalho de Abreu Chaves.
                                                          Artigo 04
         A importância da gestão de conflitos para a GC nas organizações.
                                                                              25
                                      Por Alice Ferruccio & André Dameto.

                                                          Artigo 05
                                       Conhecimento gera transformação.
                                                                              33
                                                      Por Paulo Clemen.

                                                         Artigo 06
    Percepção de funcionários terceirizados sobre a ética da condução do
                                                                              37
     processo de mudança em um departamento de desenvolvimento de
aplicativos. Por Ernesto Henrique Radis Steinmetz & Márcio Dias de Almeida.
                                                          Artigo 07
                        Diagnóstico de redes informais nas organizações:
                                                                              43
                        um método de apoio à GC. Por José Ricardo Cereja.

                                             Resenha de Livro
     The Knowledge Management Tool kit: Practical techniques for building
                                                                              48
               a knowledge management system. Por Fernando Goldman.

                                                             Agenda
                                             Eventos internacionais de GC.
                                                                              50

                                                 Direto do Pólo
                                  KM Rio 2006. Por Daniel Orlean (RJ - RJ).
                                                                              51
                    Pesquisa de temas. Por Fábio Câmara (Campinas - SP).


                                             Palavra da SBGC                  54
expediente




                                                                   Expediente
          Uma publicação da:       Ricardo Roberto Behr
SBGC – Sociedade Brasileira de     Roberto Pacheco
    Gestão do Conhecimento         Rodrigo Baroni
              www.sbgc.org         Serafim Firmo de Souza Ferraz
                                   Silvio Aparecido dos Santos
                                   Sonisley Machado




                                                                   02
  Integrantes Permanentes do
  Conselho Científico da SBGC      Walter Félix Cardoso Jr.

                    Presidente:
      Maria Terezinha Angeloni
                                   REVISTA GC BRASIL

  Alberto Sulaiman Sade Júnior     Editora-Chefe:
          Aline França de Abreu    Elisabeth Gomes
           Carlos Olavo Quandt     Produção Executiva:
                  Chu Shao Yong    Maria de Lourdes Martins
                 Eduardo Moresi
      Faimara do Rocio Strauhs     Supervisor Editorial:
Fernando Antônio Ribeiro Serra     Anderson Fagundes de Paula
      Hélio Gomes de Carvalho      Jornalista Responsável:
                Gilson Schwartz    Cristiano Pio MG 09315 JP
          Guilherme Ary Plonski
         Helena Pereira da Silva   Revisão:
                                   Cristiano Pio
                    Helena Tonet   e Anderson Fagundes de Paula
               João Amato Neto
   Jorge Tadeu de Ramos Neves      Edição de Imagens:
           José Ângelo Gregolin    Maria de Lourdes Martins
                  José Rodrigues   e Ana Mambrini
                 Kira Tarapanoff   Design:
    Marília M.R. Damiani Costa     Quinto Elemento
           Moacir de M. Oliveria
 Mônica Erichsen Nassif Borges
                 Raquel Balceiro   Tecle conosco:
              Resilda Rodrigues    gcbrasil@sbgc.org.br
Editorial
03




            editorial
            Gostaria de começar este texto com uma reflexão sobre a Gestão do Conhecimento
            (GC) e como aplicá-la nas organizações e empresas. No mês passado, no portal da SBGC
            (www.sbgc.org.br), várias pessoas discutiram se era possível ter uma metodologia para
            GC, tipo “receita de bolo”, conforme referido nas discussões. No meu entendimento, e
            com a experiência que tenho vivido em empresas, não acredito em “receita de bolo”;
            mas sim num método geral para práticas de GC que precisa ser customizado a cada
            empresa considerando suas características próprias de cultura e necessidades entre
            outras. Pensando nisto, a terceira edição da GC Brasil traz a vocês, leitores, alguns ar-
            tigos que mostram casos práticos de aplicações de GC, em empresas de diversos tipos e
            tamanhos, onde as metodologias são diferentes, mas com o mesmo objetivo: identificar,
            reter, compartilhar e usar conhecimento relevante a essas organizações. Vamos lá?
            O primeiro artigo é de Giuvania Terezinha Lehmkuhl e Christianne Coelho de Souza
            Reinisch Coelho, da Eletrosul e da UFSC, respectivamente, onde as autoras tratam da
            aplicação de GC no setor elétrico, mais especificamente no setor de manutenção de
            linhas de transmissão da empresa. Neste momento em que o programa de aceleração do
            crescimento (PAC), editado pelo Governo do Presidente Lula, prioriza o desenvolvimen-
            to da infra-estrutura, o uso de GC numa empresa de energia elétrica torna-se relevante
            e importante para a discussão do uso da identificação e uso de conhecimento relevante.
            Como se trata de um projeto piloto acredito que muitos de vocês poderão discuti-lo
            em suas empresas, com as autoras e, quem sabe, também, replicá-lo.
            O segundo artigo mostra como mapear conhecimentos estratégicos para a com-
            petitividade. Bem atual considerando mais uma vez o ambiente no qual o País
            vive hoje, de aumentar sua competitividade através do incentivo às empresas. Marilia
            Damiani Costa, Lia Krucken e Sergio Kappel apresentam a necessidade das empresas
            investirem na representação do conhecimento para apoiar suas estratégias e consolidar
            suas competências essenciais. Eles mostram a sua experiência de construção desses
            mapas em empresas de base tecnológica. Destacam os mapeamentos da cadeia
            produtiva dos fatores que afetam a competitividade e do alinhamento estratégico da
            organização na criação de valor. Interessante a ligação que os autores fazem deste
            mapeamento com o balanced score card (BSC). Vale conferir!
            Em seguida apresentamos o artigo de Janete Silva e Paulo César Chagas que tra-
            tam de Sistemas de Informações Empresariais - SIE para APLs. Continuamos na temática
competitividade de empresas, só que, neste caso, de várias empresas constituídas




                                                                                          Editorial
em um Arranjo Produtivo Local – APLs. A aplicação foi realizada em Minas Gerais e os
autores fazem proposições de ações básicas para a melhoria desta competitividade
tão sonhada pelas empresas. Recomendo a leitura.
Mas GC trata não só, mas principalmente do envolvimento de pessoas nestas práticas.
Acreditando nisto temos três artigos que vão nos mostrar esta relação, que é tão
polêmica. O primeiro é de José Ricardo Cereja que realizou um diagnóstico de redes
informais nas organizações como um método de apoio à Gestão do Conhecimento.
Ele apresenta as linhas gerais de um método multidisciplinar contextualizado para
a identificação de redes informais como disparadora do processo de formação de




                                                                                          04
comunidades de prática nas organizações. No texto o autor apresenta as ferramentas
usadas para este diagnóstico e os resultados obtidos, considerando a análise de redes
sociais, mapas conceituais, os níveis de interação entre os indivíduos e o fluxo de
informação e conhecimento.
Damos prosseguimento com uma discussão sobre a importância da Gestão de Conflitos
para a Gestão do Conhecimento nas organizações, de Alice Ferruccio e André Dametto,
ambos da COPPE/UFRJ. Em seu artigo, falam como gerenciar conflitos entre pessoas
e equipes nas organizações, promovendo assim a eficaz Gestão do Conhecimento
organizacional. No entanto sabemos que as empresas, atualmente e, acho que desde
sempre, também trabalham com colaboradores terceirizados. Sendo assim que tal
uma leitura sobre o que pensam estes funcionários sobre a ética num processo de
mudança nas empresas que fazem uso de práticas de GC? Este é o tema do artigo de
Ernesto Henrique Radis Stenmetz e Marcio Almeida. Eles apresentam esta temática
para uma empresa do setor financeiro.
E, para finalizar os artigos deste número, optamos por mostrar a vocês, um caso de uso
de GC que revolucionou um negócio. Paulo Clemen, da Casa do Cliente, uma agência
de comunicação, escreve sobre estas mudanças na sua empresa. É um texto rico em
detalhes desde a identificação de que esta empresa precisava de GC, como foi feito e
quais os resultados alcançados que fizeram a “grande mudança no nosso negócio”,
segundo o autor.
Chegamos ao fim? Não. Temos ainda uma resenha sobre o livro “The Knowledge
Management Toolkit: Practical techniques for building a Knowledge Management
System ” de Amrit Tiwana, onde os temas metodologia e ferramentas de GC são apre-
sentados. Temos também uma lista atualizada com informações sobre eventos in-
ternacionais na área, e mais dois textos enviados pelos pólos da SBGC: um do Pólo-RJ
e outro do Pólo-SP, com informações sobre eventos e pesquisas realizadas nestes locais.
Neste número estreiamos a seção de cartas dos leitores, aquele espaço prometido
para compartilhar sugestões e críticas sobre a GC Brasil. Além disso aproveito para
pedir a todos que continuem a enviar seus textos para publicação usando o e-mail
gcbrasil@sbgc.org.br.

Até a próxima.


                                                  Elisabeth Gomes
                                               Editora da GC Brasil
                                  Diretora de Publicações da SBGC
cartas
Cartas




         Assinatura da GCBrasil

         Gostaria de saber como devo proceder para assinar a revista GC Brasil.
         Atenciosamente, Fabiana Carvalho [Gerente Marketing . GMP Consultoria]

         Meu nome é Ana Carolina e trabalho na Petrobras como bibliotecária. Estamos interes-
05




         sados em fazer uma assinatura da Revista GC Brasil. Gostaria de solicitar algumas
         informações: valor da assinatura; forma de pagamento; número do fax.
         Aguardo retorno.
         Atenciosamente, Ana Carolina Nogueira [Petrobras / Serviços Compartilhados . Regional Sudeste .
         Gerência de Informação e Documentação]


         Gostaria de adquirir um exemplar na Revista GC Brasil. O que devo fazer?
         Att. Paulo Guerra

         Prezada Elisabeth,
         Gostaria de saber as condições de assinatura da Revista Gestão do Conhecimento.
         Desde já, obrigada! Isabela Aguiar [Universidade Corporativa Embratel - UCE]



           A revista GC Brasil é disponibilizada para download no portal da sbgc –
           www.sbgc.org.br, gratuitamente. Basta acessar o endereço e cadastrar-se.




         Periodicidade

         Gostaria de saber qual a periodicidade da Revista GC Brasil e se já há uma data definida
         para o envio de artigos para o próximo número.Fico no aguardo de um retorno.
         Atenciosamente,
         Karin Bolkenhagen [TECPAR - Instituto de Tecnologia do PR/DEXT - Divisão de Extensão Tecnológica]

         Terminei este ano o mestrado e minha dissertação teve como objeto a Gestão do
         Conhecimento. Gostaria de saber se estão aceitando artigos para publicação.
         Atenciosamente, Adolpho Duarte



           A revista GC Brasil é trimestral e tem chamada
           permanente de trabalhos. As normas estão no
           portal da sbgc – www.sbgc.org.br
APLICAÇÃO DA GESTÃO
  DO CONHECIMENTO
  NO SETOR ELÉTRICO:
      um estudo de caso no setor de
manutenção de linhas de transmissão
                                         Giuvania Terezinha Lehmkuhl
                  Administradora, Empresa Eletrosul Centrais Elétricas S.A
                                                  Especialista - EGC/UFSC
                                           giulehmkuhl@eletrosul.gov.br


                        Christianne Coelho de Souza Reinisch Coelho
                              Professora Colaboradora do PPGEGC- UFSC
                                                     Doutora - EGC/UFSC
                                                 ccoelho@eletrosul.gov.br
INTRODUÇÃO                                       que todos da empresa possam




                                                                                           Artigo 01
Nos últimos anos, o conhecimento tem se          entender. É nesse processo de
tornado um recurso cada vez mais estra-          conversão do conhecimento tácito
tégico para as organizações buscarem sua         para o explícito que o conhecimen-
competitividade e sua sobrevivência: sur-        to organizacional é criado.
gem, assim, as organizações baseadas no          Oliveira (2003) salienta, também,
conhecimento. Mesmo no caso de setores,          que o conhecimento e a experiência
onde a infra-estrutura física é determinante     adquiridos com o tempo criam van-
para a atividade da organização, como é o ca-    tagens competitivas que não podem
so do Setor Elétrico, o conhecimento pode ser    ser copiadas e que em uma economia




                                                                                           08
considerado um novo ativo a ser gerenciado       incerta, apenas o conhecimento é fon-
por tais organizações. Embora o foco de es-      te segura de vantagem competitiva.
tudo das organizações do conhecimento se         A investigação será feita na Eletrosul,
estabeleça em torno de empresas de tecno-        no setor de manutenção de linhas
logia ou de serviços, é possível entender que    de transmissão de palhoça – SMPAL,
qualquer organização, independentemente          integrante da unidade Regional
de seu porte ou setor, desenvolve e possui       de Manutenção de Santa Catarina
um acúmulo de conhecimento. No caso de           – RMSC. Esta área foi a escolhida
empresas transmissoras e geradoras de            por concentrar o maior número de
energia elétrica, podem ser citados o acervo     atividades críticas.
de conhecimentos acumulados em projetos          O estudo a ser empreendido, tem
de construção de usinas hidrelétricas e na       como razão primeira contribuir para
sua operação e manutenção, além dos co-          o processo de criação do conheci-
nhecimentos derivados de atividades com-         mento organizacional, oferecendo
plementares e por serem consideradas as          um novo referencial teórico que po-
áreas mais críticas/estratégicas das empre-      de sustentar esse objetivo. Como ob-
sas deste setor. Uma empresa baseada             jetivo geral, o projeto pretende desen-
em conhecimento é uma organização de             volver um projeto piloto de Gestão
aprendizagem que reconhece o conhe-              do Conhecimento para retenção
cimento como um recurso estratégico, e,          e disseminação do conhecimento
também, que cria conhecimento que pode           gerado na área de manutenção de
ser processado internamente e utilizado ex-      linhas de transmissão, de forma a
ternamente, aproveitando, assim, o potencial     estimular a transformação do co-
de seu capital intelectual, onde o trabalha-     nhecimento tácito em explícito e a
dor do conhecimento é o componente crí-          contribuir para um aprendizado
tico (GARVIN, 1993).                             contínuo e desenvolvimento de
Oliveira (2003) relata que o bem mais            competências. Como objetivos es-
importante de uma organização é o conhe-         pecíficos, o projeto visa descrever a
cimento, ou capital intelectual, e este capi-    Gestão do Conhecimento sob o pon-
tal inclui o conhecimento tácito, como a ex-     to de vista dos compartilhamentos;
periência armazenada por cada empregado          identificar as condições capacita-
da organização bem como o conhecimento           doras; descrever os componentes
explícito, como os documentos, políticas e       do processo de Gestão do Conhe-
procedimentos existentes. O conhecimento         cimento; mapear as práticas de GC
tácito, para ser transmitido, precisa ser con-   existentes; identificar as categorias
vertido em palavras, números ou imagens          das práticas, quais sejam: criação
do conhecimento e aprendizagem           prever mudanças e inventar algo novo, uma
Artigo 01



            organizacional, retenção e trans-        nova tecnologia, um projeto de produto,
            formação de conhecimento, disse-         um novo processo de produção, uma nova
            minação de conhecimento e desen-         estratégia de marketing, uma nova forma
            volvimento de competências.              de distribuição ou nova forma de servir
                                                     os clientes.
            JUSTIFICATIVA DO ESTUDO                  Crawford (2005, p. 3) clarifica que conhe-
            Estamos na era da informação/            cimento é conhecimento explícito e tácito,
            conhecimento, onde o volume de           ambos produzidos de forma coletiva, sen-
            informações existente contribui          do o conhecimento organizacional de cará-
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            para tornar o conhecimento um di-        ter social. A Gestão do Conhecimento é si-
            ferencial para pessoas e empresas,       multaneamente uma meta e um processo.
            de forma a serem mais competitivas,      Como um resultado, ou meta, a Gestão do
            e a competitividade, por sua vez,        Conhecimento é completamente focalizada
            exige das empresas o máximo de           no compartilhamento de informações para
            eficiência e efetividade.                o benefício da organização. Um projeto de
            O mercado de energia elétrica,           Gestão do Conhecimento não é tanto sobre
            por sua vez, experimenta um cres-        o controle, sobre o compartilhamento, mas,
            cimento da ordem de 4,5% ao ano,         sim, sobre como o conhecimento organi-
            devendo ultrapassar a casa dos           zacional se comporta como um recurso
            100 mil MW em 2008, exigindo um          estratégico.
            maior diferencial e competitividade.     Neste contexto, o desafio deste trabalho
            O planejamento governamental de          é mostrar os processos de transformação
            médio prazo prevê a necessidade          do conhecimento, visando identificar as
            de investimentos da ordem de R$          condições capacitadoras no processo de
            6 a 7 bilhões/ano para expansão          criação do conhecimento e das práticas
            da matriz energética brasileira,         existentes utilizadas pela organização.
            em atendimento à demanda do              Terra (2000, p.65) identificou diferentes fo-
            mercado consumidor. As principais        cos na literatura sobre a gestão do recurso
            oportunidades de negócios no mer-        “conhecimento” nas
                                                     organizações. Entre es-     Crawford (2005, p. 3)
            cado de energia elétrica nacional
                                                     tes focos, destacam-        clarifica que conhecimento
            estão ligadas à oferta de novos
                                                     se questões como o a-       é conhecimento explícito
            empreendimentos de geração para
                                                     prendizado individual       e tácito, ambos produzidos
            exploração pela iniciativa privada e à
                                                     e organizacional; o         de forma coletiva,
            construção de linhas de transmissão,
                                                     desenvolvimento de          sendo o conhecimento
            bem como à privatização de ativos de     competências indivi-        organizacional de
            sistemas de distribuição e de geração;   duais e organizacio-        caráter social.
            para isso necessita de informação e      nais; o mapeamento,
            conhecimento de forma a tornarem-        codificação e compartilhamento do conhe-
            se mais competitivas. (ANEEL, 2006).
                                                     cimento organizacional; a conectividade
            Conforme Nonaka e Takeuchi (1997),
                                                     entre as pessoas; a alavancagem dos avan-
            a competição é uma batalha cons-
            tante e penosa para as empresas,         ços na informática e em telecomunicações
            não podendo estas, assim, relaxarem      e a mensuração do capital intelectual da
            e serem complacentes. O medo de          empresa. Assim, o presente trabalho tem
            perder impulsiona as empresas a          a expectativa de contribuir para a Gestão
do Conhecimento se tornar uma prática              desde a concepção do projeto até a




                                                                                                Artigo 01
      de gerenciamento e uma contribuição em             manutenção e a operação, passan-
      prol da competitividade das organizações,          do pelas diferentes atividades de
      num mercado globalizado e em constantes            implantação. A indisponibilidade,
      mudanças.                                          por sua vez, está associada tanto à
                                                         confiabilidade, quanto à eficácia
         PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS                dos procedimentos e informações/
         Para a ANEEL (2006), as principais opor-        conhecimentos adotados pela
         tunidades de negócios no mercado de             Empresa. (Relatório de Gestão da
         energia elétrica nacional estão ligadas         manutenção, 2005).




                                                                                                10
         à oferta de novos empreendimentos de            Nonaka e Takeuchi (1997) relatam
         geração para exploração pela iniciativa pri-    que o Conhecimento Organizacio-
                               vada e à construção       nal é a capacidade da empresa
     O conhecimento tácito e de linhas de transmis-      em criar um novo conhecimento
   o conhecimento explícito, são, bem como à pri-        e difundi-lo na organização como
     de acordo com Nonaka e
                               vatização de ativos de    um todo, incorporando-o, assim,
      Takeuchi (1997), não são
                               sistemas de distribui-    aos produtos, serviços e sistemas.
        entidades totalmente
                               ção e de geração. O       Uma inovação leva a outra, pro-
           separadas, mas, sim
                               sistema elétrico brasi-   porcionado aperfeiçoamento e
       complementares, inte-
                               leiro apresenta, como     melhoria contínua. (NONAKA E
    ragem entre si e realizam
                               particularidade, gran-    TAKEUCHI, 1997).
         trocas nas atividades
                               des extensões de li-      O conhecimento tácito e o conhe-
criativas dos seres humanos.
                               nhas de transmissão       cimento explícito, de acordo com
         e um parque produtor de geração predo-          Nonaka e Takeuchi (1997), não são
         minantemente hidráulica. Ao longo das úl-       entidades totalmente separadas,
         timas duas décadas, o consumo de energia        mas, sim complementares, intera-
         elétrica apresentou índices de expansão         gem entre si e realizam trocas
         bem superiores ao Produto Interno Bruto         nas atividades criativas dos seres
         (PIB), fruto do crescimento populacional        humanos. Para esta interação
         concentrado nas zonas urbanas, do esforço       existem quatro modos de conver-
         de aumento da oferta de energia e da            são, quais sejam: 01. Socialização
         modernização da economia (ANEEL, 2006).         (conhecimento tácito em conheci-
         O Sistema de Transmissão da ELETROSUL           mento tácito); 02. Externalização
         é responsável pelo transporte da maior          (conhecimento tácito em conheci-
         parte do fluxo de energia necessário ao         mento explícito); 03. Combinação
         atendimento dos Estados do Rio Grande           (conhecimento explícito em conhe-
         do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato           cimento explícito); e 04. Internali-
         Grosso do Sul, abrangendo uma população         zação (conhecimento explícito
         de aproximadamente 28,5 milhões de              em conhecimento tácito). Esses
         habitantes, que responde por 19,3% do PIB       conteúdos do conhecimento inte-
         e 19,2 % do mercado de energia elétrica         ragidos entre si, culminam em uma
         do País, numa área total de 935.732,6 km2       espiral de criação do conhecimento.
         (Relatório de Gestão da manutenção, 2005).      Desta forma, a partir dos quatro
         A confiabilidade de um sistema de trans-        modos de conversão supra citados
         missão depende de uma série de fatores,         aplicam-se cinco fases no processo
de criação do conhecimento, em          a recuperação rápida, fácil e correta do
Artigo 01



            nível organizacional que promovem       conhecimento, por meio da utilização de
            a espiral do conhecimento, chama-       sistemas de armazenagem efetivos. O
            das por Nonaka e Takeuchi (1997) de     conhecimento, a expertise e a experiência
            condições capacitadoras da criação      informais ou não estruturados, de posse so-
            do conhecimento organizacional          mente dos indivíduos da organização e não
            que são: intenção, autonomia,           compartilhados por meio de mecanismos
            flutuação/caos, redundância e vari-     adequados, são facilmente perdidos e
            edades de requisitos. Conforme          esquecidos e não podem ser organizados e
            Pereira (2003), os processos de Ges-    armazenados para aplicação em processos,
11




            tão do Conhecimento, incluem as         produtos e serviços da organização.
            funções de identificação; captura;      e) Compartilhamento (acesso e distribuição):
            seleção e validação; organização e      a prática das organizações demonstra que,
            armazenagem; compartilhamento           em geral, muitas informações e conheci-
            e distribuição; aplicação; e criação,   mentos permanecem restritos a um grupo
            assim integrando estes conceitos        pequeno de indivíduos. Além disso, mesmo
            numa visão sistêmica da Gestão          quando disponíveis, não estão em tempo
            do Conhecimento. No que tange às        hábil e nem no local apropriado. Nesta ques-
            principais funções componentes          tão, a facilidade de acesso torna-se ponto crí-
            do processo de Gestão do Conhe-         tico do processo de compartilhamento.
            cimento, destacam-se as seguintes       f) Aplicação: mesmo que os conhecimentos,
            características (BECKMAN, 1999;         experiências e informações estejam dispo-
            DAVENPORT e PRUSAK, 1998; PE-           níveis e compartilhadas, é fundamental
            REIRA, 2003):                           que sejam utilizadas, e que se traduzam em
            a) Identificação: esse processo         benefícios concretos para a organização.
            está voltado para questões estra-       Nesse processo, cabe destacar a impor-
            tégicas, dentre elas identificar que    tância de se registrar as lições aprendidas
            as competências críticas para o         com a utilização do conhecimento, os ga-
            sucesso da organização (compe-          nhos obtidos e os desafios a serem ainda al-
            tências essenciais).                    cançados (novos conhecimentos que serão
            b) Captura: o processo de captura       necessários para a organização).
            representa a aquisição de conheci-      g) Criação de Conhecimento: O processo de
            mentos, habilidades e experiências      criação de um novo conhecimento envolve
            necessárias para criar e manter as      as seguintes dimensões: aprendizagem,
            competências essenciais e as áreas      externalização do conhecimento, lições
            de conhecimento selecionadas e          aprendidas, pensamento criativo, pesquisa,
            mapeadas.                               experimentação, descoberta e inovação.
            c) Seleção e Validação: o processo de   Uma questão que tem sido levantada
            selecionar e validar o conhecimento     na literatura é se existe uma diferença
            visa filtrar, avaliar a qualidade e     significativa entre as ações de captura do
            sintetizar o conhecimento para fins     conhecimento já existente na organização
            de aplicação futura. Nem todo o co-     e as de criar um novo conhecimento. Ao se
            nhecimento gerado, recuperado ou        analisar tal questão, constata-se que a
            desenvolvido deve ser armazenado        aprendizagem de novos conhecimentos,
            na organização.                         habilidades e experiências é uma excelente
            d) Organização e Armazenagem: o         maneira de se mudar os comportamentos,
            objetivo desse processo é garantir      pensamentos, atitudes e crenças nas orga-
nizações. Uma vez definidas e detalhadas        dentro do seu contexto da vida real,




                                                                                               Artigo 01
as funções do processo de Gestão do             especialmente quando os limites
Conhecimento, é possível identificar            entre o fenômeno e o contexto não
um conjunto de práticas, organizadas            estão claramente definidos”. A cole-
em quatro grandes categorias que são:           ta de dados primários será através
criação do conhecimento e aprendizagem          de observação não participante
organizacional, retenção e transformação        e entrevistas estruturadas. Inicial-
de conhecimento, disseminação de co-            mente dever-se-á realizar a ob-
nhecimento e desenvolvimento de com-            servação não participante para
petências, para a operacionalização de tais     compreensão de como se dá a




                                                                                               12
funções (PINHEIRO DE LIMA et al, 2005).         Gestão do Conhecimento na Ele-
As competências, por sua vez, estão em          trosul. O roteiro utilizado para as
contínuo desenvolvimento e provocam             entrevistas abrangerá questões
um processo de contínua aprendizagem,           sobre o conhecimento tácito e ex-
ou seja, dão origem a um círculo virtuoso.      plícito decorrentes nas atividades
Desta forma, o referencial apresentado,         do setor de manutenção de linhas
torna-se conhecimento indispensável para        de transmissão. As técnicas de co-
o estudo a que se pretende.                     leta de dados secundários serão a
                                                pesquisa bibliográfica
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS                     e a pesquisa docu-
                                                                            Uma vez definidas e
                                                mental que abrangerá
DA PESQUISA                                                                 detalhadas as funções
                                                tanto os documentos
A proposta metodológica objetiva-se em                                      do processo de Gestão
                                                organizacionais quan-
descrever as experiências em Gestão do                                      do Conhecimento, é
                                                to os manuais.
Conhecimento, apoiados em pressupostos                                      possível identificar
                                                Utilizar-se-á a amos-
teórico-práticos que orientam a realização                                  um conjunto de
                                                tra não probabilística
de pesquisas, que dependem direta-                                          práticas organizadas.
                                                intencional, que se-
mente do objeto de estudo, de sua
                                                gundo Selltiz et al
natureza, amplitude e dos objetivos do
                                                (1974, p.584), é aquela em que os
pesquisador (QUIVY e CAMPENHOUDT,
                                                pesquisadores escolhem os casos
1992). O estudo proposto classifica-se,
                                                que devem compor a amostra com
assim, como exploratório-descritivo de
                                                base em um “bom julgamento e
natureza qualitativa. Exploratório-descriti-
                                                estratégia adequada”. A amostra
vo, pois permitirá a familiarização com o
                                                será de colaboradores do setor de
problema, descreverá características e          manutenção citado anteriormente,
estabelecerá relações entre as variáveis        através dos serviços de manutenção
estudadas, a Gestão do Conhecimento e           de equipamentos, proteção e linhas
seus compartilhamentos, o mapeamento            de transmissão.
dos conhecimentos existentes, a descrição
dos componentes dos processos de gestão,
e a identificação das categorias (BABBIE,       Bibliografia.
1998). A natureza do estudo será qualitativa,   NONAKA,I; TAKEUCHI, H. Criação do
pois envolverá aspectos não quantificáveis      conhecimento na empresa. 4.ed.
(MINAYO, 1994). A pesquisa caracterizar-        Rio de Janeiro:Campus, 1997.
se-á, também, como um estudo de caso, o         TERRA, J. C. C. Gestão do Conhe-
que, na concepção de Yin (2001, p.32), é uma    cimento: o grande desafio empre-
investigação empírica sobre “um fenômeno        sarial. São Paulo: Negócio, 2000.
MAPEANDO
    CONHECIMENTOS
ESTRATÉGICOS PARA A
   COMPETITIVIDADE
                                   Marilia Damiani Costa
                    Doutora em Eng. de Produção pela UFSC
                                    Professora do CIN/UFSC
                                        marilia@cin.ufsc.br


                                              Lia Krucken
                    Doutora em Eng. de Produção pela UFSC
                      Colaboradora do Politecnico di Milano
                                    lia.krucken@gmail.com


                                            Sérgio Kappel
                     Mestre em Eng. de Produção pela UFSC
          Diretor de Planejamento e Negócios da Specto Ltda
                                  sergio.kappel@gmail.com
INTRODUÇÃO                                      pode ser articulado e comunicado




                                                                                                                                    Artigo 02
Muito conhecimento é gerado nas organi-         em linguagens formais. Por outro
zações, no entanto pouco dele é registrado      lado, o conhecimento tácito é
ou reutilizado de forma sistemática.            pessoal e difícil de formalizar o
A construção de representações deste co-        que dificulta a sua comunicação e
nhecimento, na forma de mapas, pode             o seu compartilhamento, por estar
contribuir eficazmente para a melhoria          enraizado nas ações e experiências
de processos internos da organização,           dos indivíduos, nos seus ideais,
para a visualização de estratégias e para       valores e emoções.
o alinhamento de suas competências              A construção de representações




                                                                                                                                    14
essenciais.                                     gráficas está relacionada à etapa
Neste artigo apresentam-se considerações        de explicitação do conhecimento,
teóricas sobre a representação do conhe-        de sua conversão por meio da ex-
cimento nas organizações e considerações        ternalização e da socialização. Já o
práticas com base na experiência de cons-       resultado - o mapa - é um conhe-
trução de mapas em Empresas de Base             cimento codificado, que está re-
Tecnológica - EBTs .                            lacionado à internalização e a com-
                                                binação de conhecimentos (Fig. 1).
REPRESENTADO O CONHECIMENTO
NAS ORGANIZAÇÕES
A Gestão do Conhecimento (GC) possibilita
                                                                   P roc es s o e produto: a importânc ia de repres entar


intensificar a “dimensão do conhecimento”                          proc es s o                                 produto

inserida em produtos, serviços, processos,                            1.   B a s e pa ra o des envolvim ento
que resultam das competências essenciais
                                                                                                                1.   G uia pa ra a ná lis e
                                                                           de vis ões c om pa rtilha da s :
                                                                                                                     crítica
                                                                           c onc eitos , foc os , pontos
da organização. Os processos de aquisição,                                 c rític os , pes os
                                                                                                                2.   G uia pa ra a uxilia r a

disseminação, compartilhamento e inter-
                                                                                                                     toma da de decis ões
                                                                      2.   B a s e pa ra o des envolvim ento
                                                                           de lingua gem e voc a bulá rio
pretação de informações e conhecimentos
                                                                                                                3.    Memória evolutiva
                                                                           c om um

têm importância crítica na construção do                              3.   B a s e pa ra intera ç ões
                                                                                                                4.   Ma teria l de ba s e
                                                                                                                     pa ra difus ã o de
                                                                           pa rtic ipa tiva s e evolutiva s
seu diferencial competitivo. O conhecimento                                                                          conhecimento


não se apresenta de forma linear, resulta de      Modos de

uma combinação de tipos de conhecimento,
                                                  c onvers ão do   E xplicitação                               C onhecimento codificado
                                                  c onhec imento   E xternalização + S ocialização             Internalização + C ombinação

e está vivo nas pessoas. Não pode ser previs-
to, muito menos controlado. Para repre-         Figura 1 | A importância de representar: funções do processo
sentá-lo, deve-se estabelecer parâmetros        e do produto. Fonte: Krucken; Costa (2005).
que não simplifiquem demasiadamente
suas inter-relações e dissimulem suas
dimensões dinâmicas.                            Os mapas do conhecimento carac-
A criação do conhecimento, segundo              terizam-se como ferramentas cru-
Nonaka; Takeuchi (1991), resulta de um ciclo    ciais para subsidiar a inovação
contínuo de quatro processos integrados:        nas organizações e nos sistemas
externalização, internalização, combinação      produtivos (Costa; Krucken ;2004 e
e socialização. Estes mecanismos de conver-     Krucken; Costa ;2005).
são são complementares e interdependentes,      A construção de mapas vinculados à
e se combinam de acordo com o contexto.         gestão estratégica da organização foi
Os autores definem o conhecimento explíci-      proposta por Kaplan; Norton (2004),
to ou codificado como o conhecimento que        como Balanced Score Card – BSC. Os
autores destacam que os executivos     EBTs em Santa Catarina, em 2005. O proje-
Artigo 02



            consideram a representação visual      to visou a identificação de indicadores para
            da estratégia como uma ferramen-       gestão do negócio, por meio de processo
            ta poderosa para entendimento          interativo e da troca de experiências, resul-
            comum e alinhamento estratégico        tando na definição de um sistema comum
            de toda a organização. O mapa          de indicadores da excelência empresarial.
            estratégico do BSC é produto das       Nesta experiência foram realizados os
            quatro perspectivas: financeira, do    seguintes mapeamentos: (01) da cadeia
            cliente, interna e de aprendizado e    produtiva, que possibilita a visualização sis-
            crescimento, e representa como a       têmica da organização e de suas relações no
15




            organização cria valor (Fig.2).        setor produtivo, a identificação de gargalos,
                                                                         possíveis parceiros e
                                                                         oportunidades de ne-
                                                                         gócio e o reposiciona-
                                                                         mento da organiza-
                                                                         ção como parte da
                                                                         cadeia; (02) dos fa-
                                                                         tores que afetam a
                                                                         competitividade, esti-
                                                                         mulando a visuali-
                                                                         zação dos diversos
                                                                         níveis (nano, micro,
                                                                         meso, macro e meta
                                                                         níveis) que envolvem
                                                                         a organização e a
                                                                         identificação de opor-
                                                                         tunidades e ameaças;
                                                                         (03) do alinhamento
                                                                         estratégico da organi-
                                                                         zação na criação de
                                                                         valor (BSC), com vistas
                                                                         à reavaliação do plane-
            Figura 2 | Mapa estratégico do BSC.                          jamento estratégico,
            Fonte: Norton e Kaplan (2004).                               criação de indicado-
                                                                         res para melhorar a
                                                                         competitividade da
            CONSTRUÇÃO DE MAPAS ESTRATÉ-           organização, redefinição de projetos de
            GICOS: EXPERIÊNCIA EM EBTS             capacitação e de organização interna.
            A criação do conhecimento e práticas   Por meio da construção dos mapas, os
            de GC em EBTs têm sido investigada     empresários puderam refinar os objetivos
            por diversos autores, como Costa       e a missão de seu negócio, o perfil e a seg-
            (2003) e Kappel (2003).                mentação de seus produtos e/ou serviços,
            A prática de mapeamento de co-         reavaliando a gestão estratégica da empresa.
            nhecimentos estratégicos foi base
            de um programa de capacitação de       CONSIDERAÇÕES FINAIS
            empresários sobre indicadores de       A construção de um mapa estratégico é
            gestão empresarial envolvendo 14       dinâmica, agregadora de conhecimentos
e estimula a reavaliação dos próprios            COSTA, M. D.; KRUCKEN, L. Aplicações




                                                                                         Artigo 02
objetivos organizacionais. Os principais         do mapeamento do conhecimento
resultados alcançados junto às EBTs foram:       para a competitividade empresarial.
desenvolvimento de visão estratégica             In: KM2004 - Anais eletrônicos, São
do negócio e do seu ambiente, análise            Paulo, 2004.
crítica do posicionamento do negócio,            KAPLAN, R.; NORTON, D.P. Mapas
desenvolvimento de visão sistêmica de            estratégicos – Balanced Scorecard:
competitividade, promoção de ambiente fa-        convertendo ativos intangíveis em
vorável para a Gestão do Conhecimento.           resultados tangíveis. Rio de janeiro:
Quanto às capacidades individuais esti-          Elselvier, 2004.




                                                                                         16
muladas, destacam-se: análise crítica, comu-     KAPPEL, S.B. Estudo exploratório
nicação verbal e visual, compartilhamento        sobre as práticas gerenciais nas
de conhecimentos e trabalho em equipe.           EBTs industriais de base tecnológica
                                                 da região da Grande Florianópolis
                                                 à luz da gestão do conhecimento.
NOTAS                                            2003. Dissertação. (Mestrado em
1. Micro e pequenas empresas de base             Engenharia de Produção) – Programa
tecnológica são empresas industriais com         de pós-graduação em Engenharia
menos de 100 empregados, ou empresas             de Produção, UFSC, Florianópolis,
de serviço com menos de 50 empregados,           2003
que estão comprometidas com o projeto,           KRUCKEN, L.; COSTA, M.D. Design
desenvolvimento e produção de novos              no processo de criação de valor nas
produtos e/ou processos, caracterizando-         organizações: o uso estratégico de
se, ainda, pela aplicação sistemática de         gráficos. In: Anais do 2º Congresso
conhecimento técnico-científico, de acordo       Internacional de Design da
com a definição adotada pela Office of           Informação, São Paulo, 2005.
Technology Assesment e pelo SEBRAE (2001).       KRUCKEN, L.; COSTA, M.D.; BOLZAN,
                                                 A. Gestão do conhecimento
2. O Projeto de Qualificação em Medidas          aplicada ao desenvolvimento de
de Desempenho de EBT’s, realizado em             novos produtos. Revista Inteligência
2005 junto a Associação Catarinense de           Empresarial, Edição especial 2002.
Empresas de Base Tecnológica (ACATE), com        pp. 48-56.
financiamento da FINEP, teve por objetivo        NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação
capacitar os principais executivos e gestores,   do conhecimento na empresa. Rio
habilitando-os para implantar uma cultura        de Janeiro: Campus, 1997.
estratégica e de uso da informação em suas       SEBRAE-SP.       MPEs    de     Base
empresas.                                        Tecnológica: conceituação, formas
                                                 de financiamento e análise de
Bibliografia.                                    casos brasileiros. 2001. Disponível
COSTA, M.D. Procedimentos para aplicação         em http://www.empresafamiliar.
de mapas semânticos como estratégia para         com.br/EMBATEC.pdf acesso em
criação do conhecimento organizacional.          18.05.2005.
2003. 197p. Tese. (Doutorado em Engenharia
de Produção) – Programa de pós-graduação
em Engenharia de Produção, UFSC, Flo-
rianópolis, 2003.
SISTEMA DE
       INFORMAÇÃO
  ESTRATÉGICO PARA
       OS ARRANJOS
 PRODUTIVOS LOCAIS
DO ESTADO DE MINAS
   GERAIS ALINHADO
        A GESTÃO DO
     CONHECIMENTO
                                      Janete Fernandes Silva
                 Mestre em Ciência da Informação pela UFMG
         Instituto Euvaldo Lodi – IEL / Federação das Indústrias
            de Minas Gerais – FIEMG / Fundação de Amparo a
               Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG
                                         janete@fiemg.com.br


                      Paulo César Bicalho de Abreu Chagas
               Mestre em Ciência da Computação pela UFMG
                   Instituto Euvaldo Lodi – IEL / Federação das
                           Indústrias de Minas Gerais – FIEMG
                                        bicalho@fiemg.com.br
INTRODUÇÃO                            indexação de arquivos e no desenvolvimento
Artigo 03



            A nova ordem econômica está exigin-   de linguagem de acesso. O ideal decorrente
            do das nações desenvolvidas e, mes-   dessa orientação passa a ser a formação
            mo, daquelas em desenvolvimento       de um reservatório infinito de dados ao
            uma permanente reinvenção das         qual o tomador de decisão poderá recorrer
            vantagens competitivas. Os setores    para obter qualquer tipo de informação
            de baixa intensidade em inova-        (SANTOS, 2000).
            ção e conhecimento estão irreme-      O propósito de um sistema de informação
            diavelmente condenados a per-         é otimizar o fluxo de informação relevan-
            derem participação nesse ambiente     te no âmbito de uma organização, de-
19




            cada vez mais frágil e turbulento.    sencadeando, assim, um processo de co-
            A inovação e a competitividade        nhecimento, de tomada de decisão e de
            têm sido os principais fatores de     intervenção na realidade.
            mudança econômica e social. O         É inquestionável a importância de um sis-
            sucesso e a permanência das or-       tema de informação integrado na gestão
            ganizações depende da eficácia        e compartilhamento do conhecimento de
            com que incorporam os novos co-       uma organização. Cada indivíduo desem-
            nhecimentos em seus processos,        penha um papel distinto nesse processo
            produtos e serviços. O setor empre-   altamente complexo que é a organização
            sarial destaca-se na sociedade como   e seu ambiente. É importante salientar que
            aquele que mais gera, consome e       quem gera conhecimento é o indivíduo; o
            compartilha a inovação.               sistema de informação é um mero arma-
                                                  zenador e difusor de dados.
            O processo de inovação requer total
                                                  Pretende-se, aqui, apresentar as ações em-
            interatividade entre os agentes
                                                  preendidas pelo IEL/MG em seu esforço
            econômicos, governamentais e so-
                                                  de fortalecer os Arranjos Produtivos Lo-
            ciais, que geram diferentes tipos     cais (APLs) que apóia e de sustentar a
            de conhecimentos, os quais são        consolidação de um
            convertidos em informação.            Sistema de Informação
            Inovação e Competitividade apóiam-    Estratégico (SIE) para
            se em informações estratégicas e                                  A inovação e a
                                                  os Arranjos Produtivos
            nos sistemas de informação que        Locais (APL) de Minas       competitividade têm
            permeiam os agentes estratégicos.     Gerais. O SIE é uma         sido os principais
            De acordo com Santos (2000, p.205),   ferramenta com um           fatores de mudança
            “a concepção de sistemas de gestão    ambiente que visa for-      econômica e social.
            de informações estratégicas tem,      necer informações com
            na sua grande maioria, como um dos    alto valor agregado
            seus pressupostos fundamentais,       para as empresas sindicalizadas no APL.
            fornecer informações relevantes       Serão também favorecidos os parceiros, os
            para os tomadores de decisão          clientes, os fornecedores, as comunidades
            nas organizações”. A atenção aos      científicas e os usuários em geral.
            sistemas de informação volta-se,      O projeto que orientou a construção
            especialmente, para a geração, ar-    deste artigo compõe-se de cinco etapas.
            mazenamento e recuperação de in-      Concentra-se aqui na quarta etapa, relativa
            formação. A ênfase passa a residir    ao desenvolvimento de uma ferramenta de
            na estruturação de bancos de da-      gerenciamento de informação, documen-
            dos, na codificação de sistemas, na   tos e atividades. A criação de um projeto
piloto foi fundamental para o sucesso da           tecnológicos apoiados pelo IEL,




                                                                                            Artigo 03
etapa e a continuidade do projeto. Como            quanto ao tratamento das de-
resultado a opção pelo desenvolvimento             mandas individuais da RETEC e
da ferramenta foi positivo, visto que ela é        aos trabalhos desenvolvidos nos
flexível, ágil, interativa, de fácil atualização   arranjos produtivos locais.
e manutenção.                                      No que tange à gestão e ao contro-
Tornou-se necessário promover a estrutu-           le de atividades/projetos, cabe-se,
ração de um modelo que espelhasse o                também, determinar e implantar
que se estava pretendendo desenvolver,             uma metodologia de gerência de
atividade que requereu tempo de execução.          projetos e controle de atividades de




                                                                                            20
Foi escolhido o APL de móveis na região de         forma a permitir que a equipe do IEL
   Ubá como projeto piloto. Em um primeiro         tenha informações e ferramentas
     momento, foi preciso consolidar os            de gestão sobre os mesmos.
       dados relacionados à situação atual do      Estão sendo implementados recur-
        APL (diagnóstico sobre a necessidade       sos de controle de workflow e de
        de informação) e definir aonde se          gerência eletrônica de documentos
        desejava chegar (visão futura). A          (GED) que permitam a gerência com-
        partir deste consolidado, concluiu-        pleta sobre as atividades principais
       se pela necessidade de lançar uma           do IEL e de todos os documentos
      terceira etapa: a de implementação           relevantes gerados.
                  da ferramenta, à qual se dará    Com a implantação e implementa-
                    especial ênfase.               ção do projeto, o IEL deve ser
                                                   capaz de gerir o conhecimento
                    CARACTERIZAÇÃO                 tecnológico tratado nos diversos
                 DO PROJETO DE GESTÃO              projetos em andamento e nos já
                 DO CONHECIMENTO                   concluídos, possibilitando o acesso
        Para assegurar maior garantia              aos conhecimentos para todos,
    de sucesso a um projeto de Gestão              onde eles estejam, quando e na
  de Conhecimento, é importante que as             forma que se faça necessário, para
 tarefas de gerar, armazenar, recuperar e          aumentar o desempenho humano
disseminar conhecimentos, primeiro, es-            e organizacional. Para isso, o projeto
tejam perfeitamente ajustadas aos pro-             deve atender aos seguintes quesi-
cessos operacionais e, segundo, e prin-            tos básicos: identificar, mapear e
cipalmente, façam parte do dia-a-dia das           capturar o conhecimento; identifi-
pessoas. Nos processos principais do IEL, os       car onde ele é necessário; objetivar,
recursos de Gestão de Conhecimento e ges-          ou seja, representar, organizar e
tão de projetos são tarefas básicas. Nesse         armazenar o conhecimento de
contexto, o projeto de Gestão do Conhe-            forma adequada; definir e opera-
cimento tecnológico deve estar voltado ao          cionalizar os processos para dis-
atendimento desses processos principais.           tribuir o conhecimento (como,
O projeto teve por objetivo, na parte de Ges-      onde, para quem); assegurar que
tão de Conhecimento, estruturar e implantar        o conhecimento que está sendo
uma base de conhecimento, a partir da qual         utilizado é o que se precisa; assegu-
poderá capturar, armazenar e disponibilizar        rar que o conhecimento armazena-
os conhecimentos e informações gerados             do está sendo realmente utilizado;
durante o desenvolvimento dos projetos             estabelecer uma organização, um
ambiente e procedimentos que            especial ênfase.
Artigo 03



                         permitam que o conhecimento             A etapa de implementação foi divida em
                         circule pelos vários setores, criando   três fases: fase 1 – criação de um sistema de
                         oportunidades de auto-didatismo.        gestão interna do APL; fase 2 – fornecimento
                         O projeto de Gestão do Conhe-           de produtos e serviços para os associados; e
                         cimento proposto para o IEL e           fase 3 – implantação de um ambiente virtual
                         arranjos produtivos locais após a       de negócio. Até o momento, desenvolveu-se
                         implantação de todas as etapas          a primeira fase.
                         deverá suportar os processos princi-
                         pais que o Instituto executa no         SISTEMA DE INFORMAÇÃO
21




                         cumprimento de suas atribuições.        ESTRATÉGICA: ESTRUTURA BÁSICA
                         O foco está centrado nas atribui-       Arquitetura da solução
                         ções que fazem parte do dia a dia       A arquitetura de um website pode ser
                         das pessoas, de forma a manter uma      extremamente complexa. O principal desa-
                         sinergia muito forte do projeto com     fio enfrentado em sua modelagem consiste
                         a missão básica do IEL: de favorecer    em conjugar os requisitos identificados
                         o desenvolvimento tecnológico da        com o nível de conhecimento do público-
                                      indústria mineira.         alvo. No caso dos Sistemas de Informação
             O foco está centrado     O IEL optou pelo           Estratégico (SIE) para APLs, que estará
              nas atribuições que     desenvolvimento de         em canal web, demanda-se uma solução
              fazem parte do dia      uma ferramenta que         extremamente intuitiva, de fácil interação
             a dia das pessoas, de    integrasse as suas ati-    com os usuários leigos, tornando evidente
            forma a manter uma        vidades tanto internas     os apelos principais, indicados pelos pró-
             sinergia muito forte     quanto externas. Tor-      prios líderes empresariais e clientes foco.
                 do projeto com a     nou-se necessário pro-     Deste modo, foi necessário desenvolver uma
                   missão básica.     mover a estruturação       arquitetura que contemplasse e satisfizesse
                                      de um modelo que           as necessidades levantadas. A seguir, serão
                         espelhasse o que se estava pre-         apresentadas as funcionalidades definidas
                         tendendo desenvolver, atividade         de forma a proporcionar uma melhor com-
                         que requereu tempo de execução.         preensão da solução.
                         Para uma melhor compreensão será        Quanto às funções básicas, antes de tudo,
                         apresentado um breve escopo da          é preciso esclarecer que se trata de uma
                         proposta do sistema de informação       solução pública. O acesso dos usuários
                         estratégica para os APLs e o IEL.       é gerenciado de maneira hierarquizada,
                         Foi escolhido o APL de móveis           de forma a adequar o nível de acesso aos
                         na região de Ubá como projeto           produtos e serviços oferecidos para cada
                         piloto. Em um primeiro momento,         categoria.
                         foi preciso consolidar os dados         Essa é a razão para que a função básica
                         relacionados à situação atual do APL    preliminar seja o cadastramento do usu-
                         (diagnóstico sobre a necessidade        ário, na qual ele vai se identificar e obter
                         de informação) e definir aonde se       do webmaster a aprovação para o perfil de
                         desejava chegar (visão futura). A       acesso requerido. Foram definidos quatro
                         partir deste consolidado, concluiu-     níveis de acesso: nível 0 – administrador do
                         se pela necessidade de lançar uma       sistema; nível 1 – acesso mais abrangente,
                         terceira etapa: a de implementação      em que devem estar disponíveis todas as
                         da ferramenta, à qual se dará           funcionalidades do sistema; nível 2 – acesso
para as empresas filiadas ao sindicato e que    Vitrines de Vendas ou na Central




                                                                                      Artigo 03
podem consultar documentos e informações        de Compras. Um sistema de crédito
internas do APL; nível 3 – nível mais simples   estará disponível para destinar
de acesso, geral para todos os usuários que     pagamentos e viabilizar as relações
se cadastrarem no sistema.                      comerciais articuladas no SIE. Este
Os SIEs dos APLs estarão hospedados na          sistema funciona no modo conven-
Rede Tecnológica de Minas Gerais, o que         cional do comércio eletrônico, dis-
permitirá a GIPT acompanhar de perto            ponibilizando alternativas de pa-
as demandas das empresas e utilizar a           gamento, estabelecendo canais de
potencialidade da ferramenta em termos de       feedback do crédito e autorizando




                                                                                      22
monitoramento, captura e disseminação           o fechamento de negócios no SIE.
das informações e dos conhecimentos. Esta       Adicionalmente, as rotinas de co-
ação também ajudará a GIPT oferecer novos       branças e crédito sinalizam para
produtos e novos serviços.                      o sistema de controle de acesso
A home page, página principal do portal,        à hierarquia do usuário para uti-
oferece uma série de produtos e serviços        lização de produtos e serviços, me-
públicos, dentre eles o próprio cadas-          diante pagamento por níveis de
tramento e o box de login do usuário            categorias.
(controle de acesso), informações públicas,     Quanto à funcionalidade referente
vitrine de vendas, ofertas da central de        a relacionamentos – as listas a-
compras e bolsa de empregos. Também             bertas são criadas e compostas
disponibiliza o contato com a administração     por usuários cadastrados auto-
de conteúdo e funcionamento dos SIE, por        inscritos. As listas moderadas são
meio do webmaster. Tal contato deverá ser       formadas por associados auto-
estimulado e colocado em destaque.              inscritos e coordenadas por algum
As vitrines de vendas são projetadas como       moderador do mesmo nível. Os
subsites customizáveis por associado, ou        canais exclusivos são operados
grupo de associados, para demonstração          em canais web orientados ao
dos seus produtos e serviços que serão exi-     intercâmbio privado de e-mails e
bidos publicamente. A central de compras        bate-papo entre membros cadas-
funciona como uma bolsa de anúncios de          trados. Estarão disponíveis os ser-
interesse de compras, operada por mem-          viços de consultorias técnicas, por
bros associados e clientes, com informações     meio de canal para solicitação de
dos produtos e serviços a serem negocia-        consultorias oferecidas pela RETEC
dos, como preço, local, prazo de entrega e      e parceiros. O gestor do portal é
outros dados complementares, exibidos           uma peça indispensável
restritamente, apenas para associados.          à articulação de grupos,
Os grupos de negócios para compra e             moderação de listas e
venda ocupam um espaço web, restrito            identificação de oportu-
a associados, para a formação de grupos         nidades de consultorias
de compra e venda, mediante anúncios de         técnicas pela RETEC. Desta
interesse, com informações dos produtos e       forma, o gestor atua como um
serviços a serem negociados, participações,     captador de recursos para o pa-
preço, local e prazo de realização e outros     trocinador, na medida em que
dados complementares. Produtos e serviços       permanece atento às oportunida-
formatados pelos grupos são expostos em         des de negócios com os demais
usuários do portal.                    parceiros técnicos ou comerciais, associa-
Artigo 03



            Serão disponibilizadas notícias        dos, clientes, fornecedores e da oferta de
            públicas de interesse geral para       mão-de-obra, inclusive com capacidade para
            negócios, bem como notícias dos        selecionar perfis nos BDs. Associado a tudo
            setores, ambas as modalidades          isto, estará, ainda, disponível um serviço
            de acesso irrestrito para qualquer     de ranking, no qual os associados podem
            usuário. Tais informações poderão      avaliar clientes, fornecedores, parceiros e
            ser fornecidas por instituições es-    mão-de-obra do banco de empregados.
            pecializadas no setor produtivo do     Tais avaliações são anexadas aos cadastros
            APL e complementadas por seleções      nos bancos de membros e estabelecem
            da imprensa aberta, trabalho exe-      listas classificatórias para uso exclusivo dos
23




            cutado pela equipe do gestor do        associados. Os critérios de avaliação serão
            Portal. Ao mesmo tempo estará          estabelecidos a partir de características
            disponível, no domínio público, um     relevantes ao relacionamento específico de
            calendário de eventos com feiras,      cada categoria de membro com os associa-
            congressos e treinamentos, dentre      dos (ex: produtividade dos ex-empregados
            outros tipos de informações que        e dos em exercício, pontualidade no paga-
            permitam sinalizar os acontecimen-     mento de clientes, qualidade do produto de
            tos empresarias dentro do APL,         fornecedores, relacionamento com parcei-
            identificadas e coletadas em fon-      ros, dentre outros índices de avaliação). O
            tes formais e informais pela           banco de dados dos trabalhadores funcio-
            equipe do gestor do portal. As in-     nará como uma bolsa de oferta de mão-de-
            formações para exportação serão        obra, que será alimentada publicamente
            apresentadas na forma de FAQ           por interessados na inserção no mercado.
            - Frequently Asked Questions (Per-     A figura abaixo destaca todas as categorias
            guntas Freqüentemente Feitas), mas     de usuários e seus relacionamentos com os
            também acessíveis em outras fontes     SIE. Uma vez apresentada a arquitetura da
            como o website do Promo. Por fim,      solução, esforços foram dedicados para defi-
            também estarão disponíveis no do-      nir padrões de design e navegação, bem como
            mínio público os índices e preços do   para estabelecer os níveis de investimentos e
            mercado.                               indicadores gerenciais para o desenvolvimen-
            Os bancos de dados (BD) formam         to e implementação da proposta.
            a espinha dorsal do portal. Eles
            se configuram como a base para
            os principais produtos e serviços
            oferecidos aos usuários. Alimenta-
            dos de forma colaborativa pelos
            próprios atores do processo, asso-
            ciados, clientes, fornecedores, par-
            ceiros e empregados, estes cinco
            BDs proporcionam a localização
            imediata de qualquer membro,
            além de viabilizar cruzamentos
            durante o processo de busca, tor-
            nando a ferramenta um poderoso
            instrumento de negócio.
            Para a localização das informações
            optou-se pela utilização do siste-     Figura | Fonte: Adaptado de EUVALDO LODI DA BAHIA.
            ma de busca avançada que é             Rede Tecnológica da Bahia – RETEC/BA. Portais de
            um mecanismo de localização ori-       Inovação - modelo de negócio e arquitetura da
            entado a facilitar o encontro de       solução: soluções tecnológicas e metodológicas para
                                                   a articulação de MPE em arranjos produtivos locais
                                                   potenciais. Salvador, fevereiro de 2004
Com a implantação de todas as etapas           CONCLUSÃO




                                                                                       Artigo 03
do projeto, espera-se atingir os seguintes     Diante dos fatores e das ações
resultados:                                    apresentadas, observa-se que um
De uma forma micro: memória estrutura-         Sistema de Informação deve ser
da e organizada do APL; centralização da       estratégico e contribuir para que a
gestão dos documentos; tratamento e dis-       organização atinja a meta traçada.
seminação da informação por uma equipe         A abordagem metodológica no
especializada; maior rapidez na localização    seu desenvolvimento deve estar
dos documentos e informações; acesso aos       voltada para a determinação das
documentos e as informações em tempo           necessidades, para a organização,




                                                                                       24
real e por mais de uma pessoa, simultanea-     a disseminação e a representação
mente; redução de custo na produção e          da informação, com o objetivo de
reprodução de materiais; maior controle das    otimizar a cadeia de valor do sis-
atividades que estão sendo desenvolvidas       tema. É, sem dúvida, um processo
pelas gerências e das informações pro-         complexo, que depende, basica-
duzidas por estas; maior integração das in-    mente, de pessoas, de mudanças e
formações e atividades desenvolvidas pelas     de tecnologia.
gerências, o que permitirá a disseminação
do conhecimento para todos; visibilidade       Bibliografia.
das ações do APL; e geração de serviços e      DAMIANI, Wagner bronze. Gestão
produtos informacionais.                       do Conhecimento: um estudo com-
De forma macro: aumento da qualidade dos       parativo Brasil x Estados Unidos.
trabalhos de diagnósticos e identificação      Disponível: http://www.anpad.
dos gargalos tecnológicos, devido ao maior     org.br/enanpad2001-trabs-apre-
acesso às informações e conhecimentos          sentados.html . Acesso: 22/01/2005.
disponíveis; maior rapidez na identificação    INSTITUTO EUVALDO LODI DE MI-
das demandas tecnológicas e das propostas      NAS GERAIS. Gerência de Informa-
de soluções; maior controle sobre as ações e   ção e Projetos Tecnológicos. Projeto
projetos coordenados pelo IEL, melhorando      de pesquisa para implantação de
a eficácia dos mesmos, com a implantação       Gestão do Conhecimento tecno-
de ferramentas de gestão de projetos;          lógico nos trabalhos da RETEC e
redução da perda de conhecimentos gera-        de arranjos produtivos no Estado
dos pelos diversos trabalhos coordenados       de Minas Gerais. Belo Horizonte,
no APL, com a implantação de ferramentas e     agosto de 2003.
processos de organização, armazenamento        SANTOS, Raimundo Nonato Mace-
e disponibilização desses conhecimentos;       do dos. Métodos e ferramentas
e disponibilização de uma base ampla de        para gestão de inteligência e do
ofertas e demandas tecnológicas, com fer-      conhecimento. Perspectiva em Ciên-
ramentas de pesquisa e tratamento dessas       cia da Informação. Belo Horizonte,
informações, de forma a permitir a análise     v.5, n.2, p. 205-215, jul./dez. 2000.
e identificação de tendências e áreas de       (Indústria brasileira: oportunidades
pesquisa e desenvolvimento tecnológico.        e desafios).
Observa-se que o sistema de informação
proposto vai ao encontro de uma ferramenta
de TI integrado ao processo de Gestão do
Conhecimento.
Artigo 04
25




                A IMPORTÂNCIA
                  DA GESTÃO DE
               CONFLITOS PARA
                   A GESTÃO DO
               CONHECIMENTO
            NAS ORGANIZAÇÕES
                                                  Alice Ferruccio
                                                 Dra. Coppe-UFRJ.
                      DEI/UFRJ Programa de Engenharia de Produção
                                                  alice@ind.ufrj.br


                                                 André Dametto
                                                     Eng. EE-UFRJ
                      DEI/UFRJ Programa de Engenharia de Produção
                                             dametto@pep.ufrj.br
A fim de otimizar a gestão do fator de produção conhecimento, surgiu nos anos 1990,
a disciplina Gestão do Conhecimento, que é a coleção de processos que governam a
criação, assimilação, disseminação e aplicação do conhecimento para atingir plenamente
os objetivos da organização (DAVENPORT, 1999, pg. 46). A criação envolve as atividades
geradoras de conhecimento, como as pesquisas acadêmicas, as atividades de resolução
de problemas, além das aquisições de conhecimento advindas de compra de empresas,
contratação de indivíduos, cópias de idéias, conceitos e brainstormings. A assimilação
refere-se aos métodos e ferramentas de aprendizado pelos agentes. A disseminação
abrange a difusão do conhecimento explícito e tácito entre os elementos da cadeia.
Finalmente, a aplicação garante que o conhecimento difundido está sendo utilizado e
gerando resultados nas organizações.
Em 1960, Polanyi classificou o conhecimento em dois tipos: o explícito e o tácito. O
conhecimento explícito é o que está materializado nos livros, manuais e padrões.
O conhecimento tácito é o proveniente da experiência, adquirido na prática. É o
conhecimento por trás do reconhecimento de um rosto amigo, por exemplo. Segundo
Nonaka e Takeuchi (1996, pg. 15), o conhecimento é criado em duas dimensões, numa
espiral de transição entre os dois tipos de conhecimento (dimensão epistemológica), e
ascendendo do indivíduo para o grupo, para a organização e para fora das organizações
(dimensão ontológica).
Nonaka e Takeuchi (1996, pg. 38) também defendem que o conhecimento é criado a
partir das suas conversões nas duas dimensões epistemológicas, ou seja, conhecimento
explícito e conhecimento tácito. A socialização é a conversão do conhecimento tácito em
novo conhecimento tácito. É o processo de compartilhamento das experiências, como o
aprendiz que aprende com o seu mestre não por meio da linguagem, mas da observação,
imitação e prática. A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito
em conceitos explícitos. É o proces-    mos que garantam a efetividade dos
Artigo 04



                     so da criação do conhecimento           processos de conversão do conhecimento,
                     expresso em conceitos, hipóteses        dando início ao ciclo de criação, assimilação,
                     e modelos. Como podemos con-            compartilhamento e aplicação do mesmo.
                     verter conhecimento tácito em           Em diversos processos de transferência do
                     conhecimento explícito de forma         conhecimento são reconhecidos os conflitos
                     eficiente e eficaz? A resposta está     e suas causas. Quando há a percepção de
                     no uso seqüencial das metáforas,        que determinado conhecimento é fator
                     analogias e modelos, e algumas me-      de vantagem competitiva para algum
                     todologias como o mapeamento            profissional ou grupo, dá-se a competição
27




                     de processos. A combinação envol-       por recursos. Quando o projeto de GC
                     ve a combinação de conjuntos di-        não define claramente os papéis e
                                    ferentes de conheci-     responsabilidades no uso dos processos
     Para que o conhecimento        mentos explícitos. Os    e tecnologias de conversão, também há
      explícito se torne tácito é   indivíduos trocam e      iminências de conflito. Muito comuns
     necessária a verbalização combinam conheci-             também são as diferenças de personalidade,
              e diagramação do mentos por meio de            que geram falta de empatia e confiança,
    conhecimento sob a forma documentos, reuniões,           tornando-se barreiras no compartilhamento
      de documentos, manuais conversas ao tele-              do conhecimento. No aspecto mais técnico,
     ou histórias reais. Este é o fone ou redes de co-       o excesso de dados, regras e formalismos
    processo de internalização. municação computa-           podem originar resistência à utilização
                                    dorizadas. A criação     da sistemática de GC nas organizações.
                     do conhecimento realizada atra-         Finalmente, as tradicionais barreiras de
                     vés da educação e do treinamento        comunicação, como problemas do emissor,
                     formal nas escolas normalmente          código, canal e do receptor, são potenciais
                     assume essa forma. Para que o           geradores de conflitos. Segundo Cavagnoli
                     conhecimento explícito se torne         (2006, artigo), nos EUA os funcionários
                     tácito é necessária a verbalização e    gastam de 30 a 40% do seu tempo com a
                     diagramação do conhecimento sob         resolução de conflitos, o que configura um
                     a forma de documentos, manuais          desperdício e tanto. Conforme podemos
                     ou histórias reais. Este é o processo   perceber, para o êxito da GC nas organizações,
                     de internalização. A documentação       o desenvolvimento da competência Gestão
                     ajuda os indivíduos a internaliza-      de Conflitos nos membros da organização é
                     rem suas experiências, aumentan-        fundamental.
                     do, assim, o seu conhecimento tácito.   O conflito é um processo que tem início
                     Além disso, documentos ou ma-           quando uma das partes percebe que a outra
                     nuais facilitam a transferência do      parte afeta ou pode afetar, negativamente,
                     conhecimento explícito para outras      alguma coisa que a primeira considera
                     pessoas, ajudando-as a vivenciar        importante. Os conflitos são inerentes às
                     indiretamente as experiências dos       relações sociais, fazem parte dos processos
                     outros, ou seja, reexperimentando-      de interação social ao lado da cooperação,
                     as. É intimamente relacionado ao        da competição e da adaptação. As pessoas
                     “aprender fazendo”.                     nunca têm objetivos e interesses idênticos.
                     O grande desafio das organiza-          As diferenças de objetivos e de interesses
                     ções em termos de Gestão do Co-         individuais sempre produzem alguma espé-
                     nhecimento (GC) é criar mecanis-        cie de conflito. Entretanto, a maneira de
vivenciar o conflito é fundamental para os       e desenvolvimento de diferentes




                                                                                            Artigo 04
resultados nas relações em toda a sociedade.     pontos de vista, interesses e valores.
O conflito é inerente à vida de cada indivíduo   A estagnação é um processo que
e faz parte inevitável da natureza humana        pode ser solucionado através dos
(MAFRA, 1998, pg. 36). Imaginar uma              conflitos, já que eles vão levar
empresa sem conflitos é uma utopia, pois a       a caminhos que superem os
organização é formada por pessoas e essas,       obstáculos.
por sua vez, possuem valores, pensamentos        O conflito ocorre quando há desa-
e formações que as tornam diferentes.            cordos entre as pessoas envolvidas
No entanto, se não é possível viver sem          na situação ou sempre que um




                                                                                            28
conflito, as organizações precisam saber         antagonismo emocional cria um
administrá-lo e resolvê-lo, caso contrário,      atrito entre pessoas e grupos.
o espírito de equipe e de cooperação pode        O conflito pode ser substancial
ser comprometido seriamente (BISPO, 2006,        (baseado em metas do trabalho)
entrevista).                                     ou emocional (baseado em senti-
Na visão tradicional, os conflitos eram          mentos pessoais). Quando as em-
percebidos com algo ruim, contraprodu-           presas promovem mudanças e
centes. Com o surgimento da Escola de            não estudam seus processos para
Relações Humanas, nos anos 1950, o confli-       verificar se existe sobrecarga de
to é percebido como uma conseqüência             trabalho ou duplicação de tarefas,
natural nos grupos e nas organizações, à         acabam favorecendo o apareci-
semelhança da cooperação, competição e           mento de conflitos substancial.
adaptação. Atualmente, na visão intera-          Segundo Schermerhorn (1999,
cionista, há a convicção de que o conflito       pg. 243), o conflito em equipes se
é não apenas uma força positiva em um            classifica em dois tipos, o conflito
grupo, como também necessário para que           tipo C e o conflito tipo A.
seu desempenho seja eficaz.                      O conflito tipo C foca diferenças
Há conflitos construtivos que acabam             reais, relacionadas a questões. A
trazendo benefícios para a pessoa, para          letra C é relativa à palavra cog-
os grupos e para as organizações. Mas,           nitiva, indicando que
há também, os conflitos destrutivos, que         o conflito refere-se a
agem prejudicando a pessoa, os grupos e          questões concretas e
as organizações. Os conflitos podem ser          tangíveis que podem Na visão tradicional,
administrados, mas esta atividade vai exigir     ser resolvidas de modo os conflitos eram
a competência de Gestão de Conflitos dos         mais intelectual do que percebidos com algo
administradores. Gestão de Conflitos é a         emocional. Esse tipo ruim, contraproducentes.
prática de identificar e gerenciar conflitos     de conflito é funcional
numa maneira sensitiva, justa e eficiente.       porque exige que as
É fundamental que se administrem os              equipes se engajem
conflitos, obtendo resultados construtivos       em atividades que aumentam a
e que sirvam para o sucesso organizacional.      sua eficácia. O conflito tipo A foca
O conflito representa uma fonte de idéias        questões de orientação pessoal,
novas, podendo direcionar discussões aber-       individual. A letra A é relativa a
tas em torno de diversos assuntos. Dessa         afetivo, indicando que o conflito
maneira, fica evidente o aspecto positivo        refere-se a questões subjetivas que
e a possibilidade da expressão, exploração       podem ser resolvidas de modo mais
emocional do que intelectual. Esse      conhecer os problemas que estão latentes
Artigo 04



            tipo de conflito prejudica a eficácia   nas organizações, é importante quebrar
            do grupo, criando barreiras para        o iceberg da ignorância que existe nas
            atividades e processos construtivos.    organizações (WHITELEY, 1992, pg. 187). Deve-
            Quatro atributos caracterizam e-        se considerar as informações provenientes
            quipes que se podem encaixar            dos níveis operacionais, como, por exemplo,
            principalmente no conflito tipo         queixas dos funcionários e também as
            C, minimizando o conflito tipo A:       estatísticas.
            atividade focada, criatividade, co-     Um problema importante para os dirigen-
            municação aberta e integração.          tes é estabelecer entre os grupos condições
29




            Há diferentes níveis de conflito:       que melhorem a produtividade de cada um
            intrapessoal (conflito dentro do        deles sem destruir as relações intergrupais
            indivíduo), interpessoal (conflito      e intragrupais. A competição entre grupos
            indivíduo com indivíduo) e o inter-     é um problema que precisa ser muito bem
            grupal ou interorganizacional (entre    administrada. Ela existe porque, na medida
            organizações). O conflito vertical      em que os grupos se comprometem cada
            pode acontecer entre níveis hierár-     vez mais com seus objetivos, acabam
            quicos e, geralmente, envolvem          entrando em competição uns com os ou-
            supervisores e subordinados. Os fa-     tros. A partir daí, é que surge um outro
            tores que geram o conflito estão re-    problema: estabelecer relações intergrupais
            lacionados a recursos, metas, prazos    de colaboração para as situações em que a
            finais ou resultados de desempe-        necessidade de união torna a colaboração
            nho. O conflito horizontal ocorre       entre equipes um pré-requisito para que a
            entre pessoas ou grupos do mesmo        empresa se torne mais dinâmica e também
            nível hierárquico e na maioria das      mais competitiva. Em certas situações, a
            vezes envolvem incompatibilidade        competição intergrupal pode trazer alguns
            de objetivos, escassez de recursos      benefícios para a organização. Porém,
            ou fatores puramente interpessoais.     na maioria das vezes, as conseqüências
            Há três estágios de conflito: o         negativas acabam sendo maiores e mais
            percebido (quando as condições          difíceis de serem administradas em fun-
            antecedentes realmente se tornam        ção dos diversos conflitos existentes. A
            a base de diferenças substanciais       coordenação de todos esses grupos não
            ou emocionais entre pessoas e/          é tarefa fácil, principalmente quando é
            ou grupos), o sentido (a pessoa         necessário encontrar meios para conter a
            é motivada a tentar reduzir o           tensão formada pelos grupos existentes
            desconforto) e o manifesto (quando      (FERRUCCIO, 1999, artigo).
            é abertamente expresso em com-          O emprego eficaz de grupos nas organiza-
            portamento). Alguns autores men-        ções vai exigir muito treinamento e dinâ-
            cionam, ainda, o tipo de conflito       mica de grupo, tanto para líderes, quanto pa-
            latente, precedente ao percebido.       ra os membros do próprio grupo. Solucionar
            Ele não é declarado e não há,           os conflitos intragrupais e intergrupais vai
            mesmo por parte dos elementos           depender das habilidades e competência
            envolvidos, uma clara consciência       dos líderes de cada um desses grupos. Os
            de sua existência. Eventualmente        grupos não devem ser usados para todos os
            não precisam ser trabalhados. Ou-       tipos de problemas, principalmente quan-
            tros autores defendem que, para se      do o problema não requer especificamente
uma troca de informações e uma avaliação           o foco no relacionamento é im-




                                                                                                       Artigo 04
das alternativas, quando as informações            portante, cooperar é a melhor
são sigilosas ou, quando, por suprimir a           estratégia (resolução perde-ga-
discordância, favorece a possibilidade do          nha). Finalmente, quando tanto o
grupo não refletir uma análise exata por           resultado como o relacionamento
conformarem-se com a opinião da maioria            são importantes, a colaboração, ou
(SCHEIN, 1982, pg. 101).                           negociação ganha-ganha, mostra-
Existem, na administração de conflitos, situ-      se a melhor estratégia. Veja abaixo
ações nas quais: nenhuma das duas partes           um quadro resumo:
sai ganhando (conflito perde-perde),
em que uma das partes consegue o
quer às custas e exclusão da outra
parte (conflito ganha-perde) e quan-
do ambas as partes sentem que
saíram do conflito satisfeitas com
a solução proposta (conflito ganha-
ganha). No conflito ganha-ganha é
necessária a colaboração de ambas
as partes para eliminar os motivos,
nenhuma questão pode deixar de
ser analisada, nenhum motivo pode
ser deixado de lado.
Gestores do conhecimento com a
competência Gestão de Conflitos
bem desenvolvida estão aptos para                  Figura 1 | Posturas na Administração de Conflitos
tomar medidas necessárias como:                    Fonte: Thomas (1979, pg. 43)
reduzir a interdependência do fluxo
de trabalho, aumentar o apelo às metas             Conforme Chiavenato (2004, pg. 232),
comuns, não reprimir os conflitos usando           há três abordagens para a resolução
sempre a referência hierárquica, fazer um          de conflitos: estrutural, processual e
reprojeto organizacional, quando necessá-          mista. A abordagem estrutural atua
rio, e utilizar roteiros e mitos para atingir os   sobre as condições antecedentes
conflitos emocionais.                              do conflito, como as condições de
A resolução do conflito nem sempre passa           diferenciação, os recursos escassos
pelo enfrentamento; há diversas estratégias        e a interdependência. A aborda-
como: evitação ou fuga, Impasse, Vitória/          gem processual busca reduzir os
Derrota, Conciliação e Integração. Segundo         conflitos buscando modificar o
Thomas (1979, pg. 43), existe uma matriz           episódio do conflito. A abordagem
muito simples com duas variáveis: foco no          mista mescla as duas abordagens
resultado e foco no relacionamento. Quan-          anteriores. Defendemos o uso da
do ambos não são importantes, recomen-             abordagem mista, através de uma
da-se evitar o conflito, abandonando o             metodologia prática de Gestão de
objeto do mesmo (resolução perde-perde).           Conflitos que obedece ao método
Quando apenas o foco no resultado é                de planejamento PDCA (Plan, Do,
importante, competir é a melhor estratégia         Check and Act).
(resolução ganha-perde). Quando apenas             No planejamento (Plan),recomenda-
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REVISTA GC BRASIL N°. 03

  • 1.
  • 2. sumário Editorial 03 Cartas 05 Artigo 01 Aplicação da Gestão do Conhecimento no setor elétrico: Um estudo de 07 caso no setor de linha de transmissão. Por Giuvania Teresinha Lehmkuhl & Christianne Coelho de Souza Reinisch Coelho. Artigo 02 Mapeando conhecimentos estratégicos para a competitividade. 13 Por Marília Damiane Costa, Lia Krucken & Sérgio Kappel. Artigo 03 Sistema de informação estratégico para os arranjos 18 produtivos locais do Estado de Minas Gerais alinhado à GC. Por Janete Fernandes Silva & Paulo César Bicalho de Abreu Chaves. Artigo 04 A importância da gestão de conflitos para a GC nas organizações. 25 Por Alice Ferruccio & André Dameto. Artigo 05 Conhecimento gera transformação. 33 Por Paulo Clemen. Artigo 06 Percepção de funcionários terceirizados sobre a ética da condução do 37 processo de mudança em um departamento de desenvolvimento de aplicativos. Por Ernesto Henrique Radis Steinmetz & Márcio Dias de Almeida. Artigo 07 Diagnóstico de redes informais nas organizações: 43 um método de apoio à GC. Por José Ricardo Cereja. Resenha de Livro The Knowledge Management Tool kit: Practical techniques for building 48 a knowledge management system. Por Fernando Goldman. Agenda Eventos internacionais de GC. 50 Direto do Pólo KM Rio 2006. Por Daniel Orlean (RJ - RJ). 51 Pesquisa de temas. Por Fábio Câmara (Campinas - SP). Palavra da SBGC 54
  • 3. expediente Expediente Uma publicação da: Ricardo Roberto Behr SBGC – Sociedade Brasileira de Roberto Pacheco Gestão do Conhecimento Rodrigo Baroni www.sbgc.org Serafim Firmo de Souza Ferraz Silvio Aparecido dos Santos Sonisley Machado 02 Integrantes Permanentes do Conselho Científico da SBGC Walter Félix Cardoso Jr. Presidente: Maria Terezinha Angeloni REVISTA GC BRASIL Alberto Sulaiman Sade Júnior Editora-Chefe: Aline França de Abreu Elisabeth Gomes Carlos Olavo Quandt Produção Executiva: Chu Shao Yong Maria de Lourdes Martins Eduardo Moresi Faimara do Rocio Strauhs Supervisor Editorial: Fernando Antônio Ribeiro Serra Anderson Fagundes de Paula Hélio Gomes de Carvalho Jornalista Responsável: Gilson Schwartz Cristiano Pio MG 09315 JP Guilherme Ary Plonski Helena Pereira da Silva Revisão: Cristiano Pio Helena Tonet e Anderson Fagundes de Paula João Amato Neto Jorge Tadeu de Ramos Neves Edição de Imagens: José Ângelo Gregolin Maria de Lourdes Martins José Rodrigues e Ana Mambrini Kira Tarapanoff Design: Marília M.R. Damiani Costa Quinto Elemento Moacir de M. Oliveria Mônica Erichsen Nassif Borges Raquel Balceiro Tecle conosco: Resilda Rodrigues gcbrasil@sbgc.org.br
  • 4. Editorial 03 editorial Gostaria de começar este texto com uma reflexão sobre a Gestão do Conhecimento (GC) e como aplicá-la nas organizações e empresas. No mês passado, no portal da SBGC (www.sbgc.org.br), várias pessoas discutiram se era possível ter uma metodologia para GC, tipo “receita de bolo”, conforme referido nas discussões. No meu entendimento, e com a experiência que tenho vivido em empresas, não acredito em “receita de bolo”; mas sim num método geral para práticas de GC que precisa ser customizado a cada empresa considerando suas características próprias de cultura e necessidades entre outras. Pensando nisto, a terceira edição da GC Brasil traz a vocês, leitores, alguns ar- tigos que mostram casos práticos de aplicações de GC, em empresas de diversos tipos e tamanhos, onde as metodologias são diferentes, mas com o mesmo objetivo: identificar, reter, compartilhar e usar conhecimento relevante a essas organizações. Vamos lá? O primeiro artigo é de Giuvania Terezinha Lehmkuhl e Christianne Coelho de Souza Reinisch Coelho, da Eletrosul e da UFSC, respectivamente, onde as autoras tratam da aplicação de GC no setor elétrico, mais especificamente no setor de manutenção de linhas de transmissão da empresa. Neste momento em que o programa de aceleração do crescimento (PAC), editado pelo Governo do Presidente Lula, prioriza o desenvolvimen- to da infra-estrutura, o uso de GC numa empresa de energia elétrica torna-se relevante e importante para a discussão do uso da identificação e uso de conhecimento relevante. Como se trata de um projeto piloto acredito que muitos de vocês poderão discuti-lo em suas empresas, com as autoras e, quem sabe, também, replicá-lo. O segundo artigo mostra como mapear conhecimentos estratégicos para a com- petitividade. Bem atual considerando mais uma vez o ambiente no qual o País vive hoje, de aumentar sua competitividade através do incentivo às empresas. Marilia Damiani Costa, Lia Krucken e Sergio Kappel apresentam a necessidade das empresas investirem na representação do conhecimento para apoiar suas estratégias e consolidar suas competências essenciais. Eles mostram a sua experiência de construção desses mapas em empresas de base tecnológica. Destacam os mapeamentos da cadeia produtiva dos fatores que afetam a competitividade e do alinhamento estratégico da organização na criação de valor. Interessante a ligação que os autores fazem deste mapeamento com o balanced score card (BSC). Vale conferir! Em seguida apresentamos o artigo de Janete Silva e Paulo César Chagas que tra- tam de Sistemas de Informações Empresariais - SIE para APLs. Continuamos na temática
  • 5. competitividade de empresas, só que, neste caso, de várias empresas constituídas Editorial em um Arranjo Produtivo Local – APLs. A aplicação foi realizada em Minas Gerais e os autores fazem proposições de ações básicas para a melhoria desta competitividade tão sonhada pelas empresas. Recomendo a leitura. Mas GC trata não só, mas principalmente do envolvimento de pessoas nestas práticas. Acreditando nisto temos três artigos que vão nos mostrar esta relação, que é tão polêmica. O primeiro é de José Ricardo Cereja que realizou um diagnóstico de redes informais nas organizações como um método de apoio à Gestão do Conhecimento. Ele apresenta as linhas gerais de um método multidisciplinar contextualizado para a identificação de redes informais como disparadora do processo de formação de 04 comunidades de prática nas organizações. No texto o autor apresenta as ferramentas usadas para este diagnóstico e os resultados obtidos, considerando a análise de redes sociais, mapas conceituais, os níveis de interação entre os indivíduos e o fluxo de informação e conhecimento. Damos prosseguimento com uma discussão sobre a importância da Gestão de Conflitos para a Gestão do Conhecimento nas organizações, de Alice Ferruccio e André Dametto, ambos da COPPE/UFRJ. Em seu artigo, falam como gerenciar conflitos entre pessoas e equipes nas organizações, promovendo assim a eficaz Gestão do Conhecimento organizacional. No entanto sabemos que as empresas, atualmente e, acho que desde sempre, também trabalham com colaboradores terceirizados. Sendo assim que tal uma leitura sobre o que pensam estes funcionários sobre a ética num processo de mudança nas empresas que fazem uso de práticas de GC? Este é o tema do artigo de Ernesto Henrique Radis Stenmetz e Marcio Almeida. Eles apresentam esta temática para uma empresa do setor financeiro. E, para finalizar os artigos deste número, optamos por mostrar a vocês, um caso de uso de GC que revolucionou um negócio. Paulo Clemen, da Casa do Cliente, uma agência de comunicação, escreve sobre estas mudanças na sua empresa. É um texto rico em detalhes desde a identificação de que esta empresa precisava de GC, como foi feito e quais os resultados alcançados que fizeram a “grande mudança no nosso negócio”, segundo o autor. Chegamos ao fim? Não. Temos ainda uma resenha sobre o livro “The Knowledge Management Toolkit: Practical techniques for building a Knowledge Management System ” de Amrit Tiwana, onde os temas metodologia e ferramentas de GC são apre- sentados. Temos também uma lista atualizada com informações sobre eventos in- ternacionais na área, e mais dois textos enviados pelos pólos da SBGC: um do Pólo-RJ e outro do Pólo-SP, com informações sobre eventos e pesquisas realizadas nestes locais. Neste número estreiamos a seção de cartas dos leitores, aquele espaço prometido para compartilhar sugestões e críticas sobre a GC Brasil. Além disso aproveito para pedir a todos que continuem a enviar seus textos para publicação usando o e-mail gcbrasil@sbgc.org.br. Até a próxima. Elisabeth Gomes Editora da GC Brasil Diretora de Publicações da SBGC
  • 6. cartas Cartas Assinatura da GCBrasil Gostaria de saber como devo proceder para assinar a revista GC Brasil. Atenciosamente, Fabiana Carvalho [Gerente Marketing . GMP Consultoria] Meu nome é Ana Carolina e trabalho na Petrobras como bibliotecária. Estamos interes- 05 sados em fazer uma assinatura da Revista GC Brasil. Gostaria de solicitar algumas informações: valor da assinatura; forma de pagamento; número do fax. Aguardo retorno. Atenciosamente, Ana Carolina Nogueira [Petrobras / Serviços Compartilhados . Regional Sudeste . Gerência de Informação e Documentação] Gostaria de adquirir um exemplar na Revista GC Brasil. O que devo fazer? Att. Paulo Guerra Prezada Elisabeth, Gostaria de saber as condições de assinatura da Revista Gestão do Conhecimento. Desde já, obrigada! Isabela Aguiar [Universidade Corporativa Embratel - UCE] A revista GC Brasil é disponibilizada para download no portal da sbgc – www.sbgc.org.br, gratuitamente. Basta acessar o endereço e cadastrar-se. Periodicidade Gostaria de saber qual a periodicidade da Revista GC Brasil e se já há uma data definida para o envio de artigos para o próximo número.Fico no aguardo de um retorno. Atenciosamente, Karin Bolkenhagen [TECPAR - Instituto de Tecnologia do PR/DEXT - Divisão de Extensão Tecnológica] Terminei este ano o mestrado e minha dissertação teve como objeto a Gestão do Conhecimento. Gostaria de saber se estão aceitando artigos para publicação. Atenciosamente, Adolpho Duarte A revista GC Brasil é trimestral e tem chamada permanente de trabalhos. As normas estão no portal da sbgc – www.sbgc.org.br
  • 7.
  • 8. APLICAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO SETOR ELÉTRICO: um estudo de caso no setor de manutenção de linhas de transmissão Giuvania Terezinha Lehmkuhl Administradora, Empresa Eletrosul Centrais Elétricas S.A Especialista - EGC/UFSC giulehmkuhl@eletrosul.gov.br Christianne Coelho de Souza Reinisch Coelho Professora Colaboradora do PPGEGC- UFSC Doutora - EGC/UFSC ccoelho@eletrosul.gov.br
  • 9. INTRODUÇÃO que todos da empresa possam Artigo 01 Nos últimos anos, o conhecimento tem se entender. É nesse processo de tornado um recurso cada vez mais estra- conversão do conhecimento tácito tégico para as organizações buscarem sua para o explícito que o conhecimen- competitividade e sua sobrevivência: sur- to organizacional é criado. gem, assim, as organizações baseadas no Oliveira (2003) salienta, também, conhecimento. Mesmo no caso de setores, que o conhecimento e a experiência onde a infra-estrutura física é determinante adquiridos com o tempo criam van- para a atividade da organização, como é o ca- tagens competitivas que não podem so do Setor Elétrico, o conhecimento pode ser ser copiadas e que em uma economia 08 considerado um novo ativo a ser gerenciado incerta, apenas o conhecimento é fon- por tais organizações. Embora o foco de es- te segura de vantagem competitiva. tudo das organizações do conhecimento se A investigação será feita na Eletrosul, estabeleça em torno de empresas de tecno- no setor de manutenção de linhas logia ou de serviços, é possível entender que de transmissão de palhoça – SMPAL, qualquer organização, independentemente integrante da unidade Regional de seu porte ou setor, desenvolve e possui de Manutenção de Santa Catarina um acúmulo de conhecimento. No caso de – RMSC. Esta área foi a escolhida empresas transmissoras e geradoras de por concentrar o maior número de energia elétrica, podem ser citados o acervo atividades críticas. de conhecimentos acumulados em projetos O estudo a ser empreendido, tem de construção de usinas hidrelétricas e na como razão primeira contribuir para sua operação e manutenção, além dos co- o processo de criação do conheci- nhecimentos derivados de atividades com- mento organizacional, oferecendo plementares e por serem consideradas as um novo referencial teórico que po- áreas mais críticas/estratégicas das empre- de sustentar esse objetivo. Como ob- sas deste setor. Uma empresa baseada jetivo geral, o projeto pretende desen- em conhecimento é uma organização de volver um projeto piloto de Gestão aprendizagem que reconhece o conhe- do Conhecimento para retenção cimento como um recurso estratégico, e, e disseminação do conhecimento também, que cria conhecimento que pode gerado na área de manutenção de ser processado internamente e utilizado ex- linhas de transmissão, de forma a ternamente, aproveitando, assim, o potencial estimular a transformação do co- de seu capital intelectual, onde o trabalha- nhecimento tácito em explícito e a dor do conhecimento é o componente crí- contribuir para um aprendizado tico (GARVIN, 1993). contínuo e desenvolvimento de Oliveira (2003) relata que o bem mais competências. Como objetivos es- importante de uma organização é o conhe- pecíficos, o projeto visa descrever a cimento, ou capital intelectual, e este capi- Gestão do Conhecimento sob o pon- tal inclui o conhecimento tácito, como a ex- to de vista dos compartilhamentos; periência armazenada por cada empregado identificar as condições capacita- da organização bem como o conhecimento doras; descrever os componentes explícito, como os documentos, políticas e do processo de Gestão do Conhe- procedimentos existentes. O conhecimento cimento; mapear as práticas de GC tácito, para ser transmitido, precisa ser con- existentes; identificar as categorias vertido em palavras, números ou imagens das práticas, quais sejam: criação
  • 10. do conhecimento e aprendizagem prever mudanças e inventar algo novo, uma Artigo 01 organizacional, retenção e trans- nova tecnologia, um projeto de produto, formação de conhecimento, disse- um novo processo de produção, uma nova minação de conhecimento e desen- estratégia de marketing, uma nova forma volvimento de competências. de distribuição ou nova forma de servir os clientes. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO Crawford (2005, p. 3) clarifica que conhe- Estamos na era da informação/ cimento é conhecimento explícito e tácito, conhecimento, onde o volume de ambos produzidos de forma coletiva, sen- informações existente contribui do o conhecimento organizacional de cará- 09 para tornar o conhecimento um di- ter social. A Gestão do Conhecimento é si- ferencial para pessoas e empresas, multaneamente uma meta e um processo. de forma a serem mais competitivas, Como um resultado, ou meta, a Gestão do e a competitividade, por sua vez, Conhecimento é completamente focalizada exige das empresas o máximo de no compartilhamento de informações para eficiência e efetividade. o benefício da organização. Um projeto de O mercado de energia elétrica, Gestão do Conhecimento não é tanto sobre por sua vez, experimenta um cres- o controle, sobre o compartilhamento, mas, cimento da ordem de 4,5% ao ano, sim, sobre como o conhecimento organi- devendo ultrapassar a casa dos zacional se comporta como um recurso 100 mil MW em 2008, exigindo um estratégico. maior diferencial e competitividade. Neste contexto, o desafio deste trabalho O planejamento governamental de é mostrar os processos de transformação médio prazo prevê a necessidade do conhecimento, visando identificar as de investimentos da ordem de R$ condições capacitadoras no processo de 6 a 7 bilhões/ano para expansão criação do conhecimento e das práticas da matriz energética brasileira, existentes utilizadas pela organização. em atendimento à demanda do Terra (2000, p.65) identificou diferentes fo- mercado consumidor. As principais cos na literatura sobre a gestão do recurso oportunidades de negócios no mer- “conhecimento” nas organizações. Entre es- Crawford (2005, p. 3) cado de energia elétrica nacional tes focos, destacam- clarifica que conhecimento estão ligadas à oferta de novos se questões como o a- é conhecimento explícito empreendimentos de geração para prendizado individual e tácito, ambos produzidos exploração pela iniciativa privada e à e organizacional; o de forma coletiva, construção de linhas de transmissão, desenvolvimento de sendo o conhecimento bem como à privatização de ativos de competências indivi- organizacional de sistemas de distribuição e de geração; duais e organizacio- caráter social. para isso necessita de informação e nais; o mapeamento, conhecimento de forma a tornarem- codificação e compartilhamento do conhe- se mais competitivas. (ANEEL, 2006). cimento organizacional; a conectividade Conforme Nonaka e Takeuchi (1997), entre as pessoas; a alavancagem dos avan- a competição é uma batalha cons- tante e penosa para as empresas, ços na informática e em telecomunicações não podendo estas, assim, relaxarem e a mensuração do capital intelectual da e serem complacentes. O medo de empresa. Assim, o presente trabalho tem perder impulsiona as empresas a a expectativa de contribuir para a Gestão
  • 11. do Conhecimento se tornar uma prática desde a concepção do projeto até a Artigo 01 de gerenciamento e uma contribuição em manutenção e a operação, passan- prol da competitividade das organizações, do pelas diferentes atividades de num mercado globalizado e em constantes implantação. A indisponibilidade, mudanças. por sua vez, está associada tanto à confiabilidade, quanto à eficácia PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS dos procedimentos e informações/ Para a ANEEL (2006), as principais opor- conhecimentos adotados pela tunidades de negócios no mercado de Empresa. (Relatório de Gestão da energia elétrica nacional estão ligadas manutenção, 2005). 10 à oferta de novos empreendimentos de Nonaka e Takeuchi (1997) relatam geração para exploração pela iniciativa pri- que o Conhecimento Organizacio- vada e à construção nal é a capacidade da empresa O conhecimento tácito e de linhas de transmis- em criar um novo conhecimento o conhecimento explícito, são, bem como à pri- e difundi-lo na organização como de acordo com Nonaka e vatização de ativos de um todo, incorporando-o, assim, Takeuchi (1997), não são sistemas de distribui- aos produtos, serviços e sistemas. entidades totalmente ção e de geração. O Uma inovação leva a outra, pro- separadas, mas, sim sistema elétrico brasi- porcionado aperfeiçoamento e complementares, inte- leiro apresenta, como melhoria contínua. (NONAKA E ragem entre si e realizam particularidade, gran- TAKEUCHI, 1997). trocas nas atividades des extensões de li- O conhecimento tácito e o conhe- criativas dos seres humanos. nhas de transmissão cimento explícito, de acordo com e um parque produtor de geração predo- Nonaka e Takeuchi (1997), não são minantemente hidráulica. Ao longo das úl- entidades totalmente separadas, timas duas décadas, o consumo de energia mas, sim complementares, intera- elétrica apresentou índices de expansão gem entre si e realizam trocas bem superiores ao Produto Interno Bruto nas atividades criativas dos seres (PIB), fruto do crescimento populacional humanos. Para esta interação concentrado nas zonas urbanas, do esforço existem quatro modos de conver- de aumento da oferta de energia e da são, quais sejam: 01. Socialização modernização da economia (ANEEL, 2006). (conhecimento tácito em conheci- O Sistema de Transmissão da ELETROSUL mento tácito); 02. Externalização é responsável pelo transporte da maior (conhecimento tácito em conheci- parte do fluxo de energia necessário ao mento explícito); 03. Combinação atendimento dos Estados do Rio Grande (conhecimento explícito em conhe- do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato cimento explícito); e 04. Internali- Grosso do Sul, abrangendo uma população zação (conhecimento explícito de aproximadamente 28,5 milhões de em conhecimento tácito). Esses habitantes, que responde por 19,3% do PIB conteúdos do conhecimento inte- e 19,2 % do mercado de energia elétrica ragidos entre si, culminam em uma do País, numa área total de 935.732,6 km2 espiral de criação do conhecimento. (Relatório de Gestão da manutenção, 2005). Desta forma, a partir dos quatro A confiabilidade de um sistema de trans- modos de conversão supra citados missão depende de uma série de fatores, aplicam-se cinco fases no processo
  • 12. de criação do conhecimento, em a recuperação rápida, fácil e correta do Artigo 01 nível organizacional que promovem conhecimento, por meio da utilização de a espiral do conhecimento, chama- sistemas de armazenagem efetivos. O das por Nonaka e Takeuchi (1997) de conhecimento, a expertise e a experiência condições capacitadoras da criação informais ou não estruturados, de posse so- do conhecimento organizacional mente dos indivíduos da organização e não que são: intenção, autonomia, compartilhados por meio de mecanismos flutuação/caos, redundância e vari- adequados, são facilmente perdidos e edades de requisitos. Conforme esquecidos e não podem ser organizados e Pereira (2003), os processos de Ges- armazenados para aplicação em processos, 11 tão do Conhecimento, incluem as produtos e serviços da organização. funções de identificação; captura; e) Compartilhamento (acesso e distribuição): seleção e validação; organização e a prática das organizações demonstra que, armazenagem; compartilhamento em geral, muitas informações e conheci- e distribuição; aplicação; e criação, mentos permanecem restritos a um grupo assim integrando estes conceitos pequeno de indivíduos. Além disso, mesmo numa visão sistêmica da Gestão quando disponíveis, não estão em tempo do Conhecimento. No que tange às hábil e nem no local apropriado. Nesta ques- principais funções componentes tão, a facilidade de acesso torna-se ponto crí- do processo de Gestão do Conhe- tico do processo de compartilhamento. cimento, destacam-se as seguintes f) Aplicação: mesmo que os conhecimentos, características (BECKMAN, 1999; experiências e informações estejam dispo- DAVENPORT e PRUSAK, 1998; PE- níveis e compartilhadas, é fundamental REIRA, 2003): que sejam utilizadas, e que se traduzam em a) Identificação: esse processo benefícios concretos para a organização. está voltado para questões estra- Nesse processo, cabe destacar a impor- tégicas, dentre elas identificar que tância de se registrar as lições aprendidas as competências críticas para o com a utilização do conhecimento, os ga- sucesso da organização (compe- nhos obtidos e os desafios a serem ainda al- tências essenciais). cançados (novos conhecimentos que serão b) Captura: o processo de captura necessários para a organização). representa a aquisição de conheci- g) Criação de Conhecimento: O processo de mentos, habilidades e experiências criação de um novo conhecimento envolve necessárias para criar e manter as as seguintes dimensões: aprendizagem, competências essenciais e as áreas externalização do conhecimento, lições de conhecimento selecionadas e aprendidas, pensamento criativo, pesquisa, mapeadas. experimentação, descoberta e inovação. c) Seleção e Validação: o processo de Uma questão que tem sido levantada selecionar e validar o conhecimento na literatura é se existe uma diferença visa filtrar, avaliar a qualidade e significativa entre as ações de captura do sintetizar o conhecimento para fins conhecimento já existente na organização de aplicação futura. Nem todo o co- e as de criar um novo conhecimento. Ao se nhecimento gerado, recuperado ou analisar tal questão, constata-se que a desenvolvido deve ser armazenado aprendizagem de novos conhecimentos, na organização. habilidades e experiências é uma excelente d) Organização e Armazenagem: o maneira de se mudar os comportamentos, objetivo desse processo é garantir pensamentos, atitudes e crenças nas orga-
  • 13. nizações. Uma vez definidas e detalhadas dentro do seu contexto da vida real, Artigo 01 as funções do processo de Gestão do especialmente quando os limites Conhecimento, é possível identificar entre o fenômeno e o contexto não um conjunto de práticas, organizadas estão claramente definidos”. A cole- em quatro grandes categorias que são: ta de dados primários será através criação do conhecimento e aprendizagem de observação não participante organizacional, retenção e transformação e entrevistas estruturadas. Inicial- de conhecimento, disseminação de co- mente dever-se-á realizar a ob- nhecimento e desenvolvimento de com- servação não participante para petências, para a operacionalização de tais compreensão de como se dá a 12 funções (PINHEIRO DE LIMA et al, 2005). Gestão do Conhecimento na Ele- As competências, por sua vez, estão em trosul. O roteiro utilizado para as contínuo desenvolvimento e provocam entrevistas abrangerá questões um processo de contínua aprendizagem, sobre o conhecimento tácito e ex- ou seja, dão origem a um círculo virtuoso. plícito decorrentes nas atividades Desta forma, o referencial apresentado, do setor de manutenção de linhas torna-se conhecimento indispensável para de transmissão. As técnicas de co- o estudo a que se pretende. leta de dados secundários serão a pesquisa bibliográfica PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS e a pesquisa docu- Uma vez definidas e mental que abrangerá DA PESQUISA detalhadas as funções tanto os documentos A proposta metodológica objetiva-se em do processo de Gestão organizacionais quan- descrever as experiências em Gestão do do Conhecimento, é to os manuais. Conhecimento, apoiados em pressupostos possível identificar Utilizar-se-á a amos- teórico-práticos que orientam a realização um conjunto de tra não probabilística de pesquisas, que dependem direta- práticas organizadas. intencional, que se- mente do objeto de estudo, de sua gundo Selltiz et al natureza, amplitude e dos objetivos do (1974, p.584), é aquela em que os pesquisador (QUIVY e CAMPENHOUDT, pesquisadores escolhem os casos 1992). O estudo proposto classifica-se, que devem compor a amostra com assim, como exploratório-descritivo de base em um “bom julgamento e natureza qualitativa. Exploratório-descriti- estratégia adequada”. A amostra vo, pois permitirá a familiarização com o será de colaboradores do setor de problema, descreverá características e manutenção citado anteriormente, estabelecerá relações entre as variáveis através dos serviços de manutenção estudadas, a Gestão do Conhecimento e de equipamentos, proteção e linhas seus compartilhamentos, o mapeamento de transmissão. dos conhecimentos existentes, a descrição dos componentes dos processos de gestão, e a identificação das categorias (BABBIE, Bibliografia. 1998). A natureza do estudo será qualitativa, NONAKA,I; TAKEUCHI, H. Criação do pois envolverá aspectos não quantificáveis conhecimento na empresa. 4.ed. (MINAYO, 1994). A pesquisa caracterizar- Rio de Janeiro:Campus, 1997. se-á, também, como um estudo de caso, o TERRA, J. C. C. Gestão do Conhe- que, na concepção de Yin (2001, p.32), é uma cimento: o grande desafio empre- investigação empírica sobre “um fenômeno sarial. São Paulo: Negócio, 2000.
  • 14. MAPEANDO CONHECIMENTOS ESTRATÉGICOS PARA A COMPETITIVIDADE Marilia Damiani Costa Doutora em Eng. de Produção pela UFSC Professora do CIN/UFSC marilia@cin.ufsc.br Lia Krucken Doutora em Eng. de Produção pela UFSC Colaboradora do Politecnico di Milano lia.krucken@gmail.com Sérgio Kappel Mestre em Eng. de Produção pela UFSC Diretor de Planejamento e Negócios da Specto Ltda sergio.kappel@gmail.com
  • 15. INTRODUÇÃO pode ser articulado e comunicado Artigo 02 Muito conhecimento é gerado nas organi- em linguagens formais. Por outro zações, no entanto pouco dele é registrado lado, o conhecimento tácito é ou reutilizado de forma sistemática. pessoal e difícil de formalizar o A construção de representações deste co- que dificulta a sua comunicação e nhecimento, na forma de mapas, pode o seu compartilhamento, por estar contribuir eficazmente para a melhoria enraizado nas ações e experiências de processos internos da organização, dos indivíduos, nos seus ideais, para a visualização de estratégias e para valores e emoções. o alinhamento de suas competências A construção de representações 14 essenciais. gráficas está relacionada à etapa Neste artigo apresentam-se considerações de explicitação do conhecimento, teóricas sobre a representação do conhe- de sua conversão por meio da ex- cimento nas organizações e considerações ternalização e da socialização. Já o práticas com base na experiência de cons- resultado - o mapa - é um conhe- trução de mapas em Empresas de Base cimento codificado, que está re- Tecnológica - EBTs . lacionado à internalização e a com- binação de conhecimentos (Fig. 1). REPRESENTADO O CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES A Gestão do Conhecimento (GC) possibilita P roc es s o e produto: a importânc ia de repres entar intensificar a “dimensão do conhecimento” proc es s o produto inserida em produtos, serviços, processos, 1. B a s e pa ra o des envolvim ento que resultam das competências essenciais 1. G uia pa ra a ná lis e de vis ões c om pa rtilha da s : crítica c onc eitos , foc os , pontos da organização. Os processos de aquisição, c rític os , pes os 2. G uia pa ra a uxilia r a disseminação, compartilhamento e inter- toma da de decis ões 2. B a s e pa ra o des envolvim ento de lingua gem e voc a bulá rio pretação de informações e conhecimentos 3. Memória evolutiva c om um têm importância crítica na construção do 3. B a s e pa ra intera ç ões 4. Ma teria l de ba s e pa ra difus ã o de pa rtic ipa tiva s e evolutiva s seu diferencial competitivo. O conhecimento conhecimento não se apresenta de forma linear, resulta de Modos de uma combinação de tipos de conhecimento, c onvers ão do E xplicitação C onhecimento codificado c onhec imento E xternalização + S ocialização Internalização + C ombinação e está vivo nas pessoas. Não pode ser previs- to, muito menos controlado. Para repre- Figura 1 | A importância de representar: funções do processo sentá-lo, deve-se estabelecer parâmetros e do produto. Fonte: Krucken; Costa (2005). que não simplifiquem demasiadamente suas inter-relações e dissimulem suas dimensões dinâmicas. Os mapas do conhecimento carac- A criação do conhecimento, segundo terizam-se como ferramentas cru- Nonaka; Takeuchi (1991), resulta de um ciclo ciais para subsidiar a inovação contínuo de quatro processos integrados: nas organizações e nos sistemas externalização, internalização, combinação produtivos (Costa; Krucken ;2004 e e socialização. Estes mecanismos de conver- Krucken; Costa ;2005). são são complementares e interdependentes, A construção de mapas vinculados à e se combinam de acordo com o contexto. gestão estratégica da organização foi Os autores definem o conhecimento explíci- proposta por Kaplan; Norton (2004), to ou codificado como o conhecimento que como Balanced Score Card – BSC. Os
  • 16. autores destacam que os executivos EBTs em Santa Catarina, em 2005. O proje- Artigo 02 consideram a representação visual to visou a identificação de indicadores para da estratégia como uma ferramen- gestão do negócio, por meio de processo ta poderosa para entendimento interativo e da troca de experiências, resul- comum e alinhamento estratégico tando na definição de um sistema comum de toda a organização. O mapa de indicadores da excelência empresarial. estratégico do BSC é produto das Nesta experiência foram realizados os quatro perspectivas: financeira, do seguintes mapeamentos: (01) da cadeia cliente, interna e de aprendizado e produtiva, que possibilita a visualização sis- crescimento, e representa como a têmica da organização e de suas relações no 15 organização cria valor (Fig.2). setor produtivo, a identificação de gargalos, possíveis parceiros e oportunidades de ne- gócio e o reposiciona- mento da organiza- ção como parte da cadeia; (02) dos fa- tores que afetam a competitividade, esti- mulando a visuali- zação dos diversos níveis (nano, micro, meso, macro e meta níveis) que envolvem a organização e a identificação de opor- tunidades e ameaças; (03) do alinhamento estratégico da organi- zação na criação de valor (BSC), com vistas à reavaliação do plane- Figura 2 | Mapa estratégico do BSC. jamento estratégico, Fonte: Norton e Kaplan (2004). criação de indicado- res para melhorar a competitividade da CONSTRUÇÃO DE MAPAS ESTRATÉ- organização, redefinição de projetos de GICOS: EXPERIÊNCIA EM EBTS capacitação e de organização interna. A criação do conhecimento e práticas Por meio da construção dos mapas, os de GC em EBTs têm sido investigada empresários puderam refinar os objetivos por diversos autores, como Costa e a missão de seu negócio, o perfil e a seg- (2003) e Kappel (2003). mentação de seus produtos e/ou serviços, A prática de mapeamento de co- reavaliando a gestão estratégica da empresa. nhecimentos estratégicos foi base de um programa de capacitação de CONSIDERAÇÕES FINAIS empresários sobre indicadores de A construção de um mapa estratégico é gestão empresarial envolvendo 14 dinâmica, agregadora de conhecimentos
  • 17. e estimula a reavaliação dos próprios COSTA, M. D.; KRUCKEN, L. Aplicações Artigo 02 objetivos organizacionais. Os principais do mapeamento do conhecimento resultados alcançados junto às EBTs foram: para a competitividade empresarial. desenvolvimento de visão estratégica In: KM2004 - Anais eletrônicos, São do negócio e do seu ambiente, análise Paulo, 2004. crítica do posicionamento do negócio, KAPLAN, R.; NORTON, D.P. Mapas desenvolvimento de visão sistêmica de estratégicos – Balanced Scorecard: competitividade, promoção de ambiente fa- convertendo ativos intangíveis em vorável para a Gestão do Conhecimento. resultados tangíveis. Rio de janeiro: Quanto às capacidades individuais esti- Elselvier, 2004. 16 muladas, destacam-se: análise crítica, comu- KAPPEL, S.B. Estudo exploratório nicação verbal e visual, compartilhamento sobre as práticas gerenciais nas de conhecimentos e trabalho em equipe. EBTs industriais de base tecnológica da região da Grande Florianópolis à luz da gestão do conhecimento. NOTAS 2003. Dissertação. (Mestrado em 1. Micro e pequenas empresas de base Engenharia de Produção) – Programa tecnológica são empresas industriais com de pós-graduação em Engenharia menos de 100 empregados, ou empresas de Produção, UFSC, Florianópolis, de serviço com menos de 50 empregados, 2003 que estão comprometidas com o projeto, KRUCKEN, L.; COSTA, M.D. Design desenvolvimento e produção de novos no processo de criação de valor nas produtos e/ou processos, caracterizando- organizações: o uso estratégico de se, ainda, pela aplicação sistemática de gráficos. In: Anais do 2º Congresso conhecimento técnico-científico, de acordo Internacional de Design da com a definição adotada pela Office of Informação, São Paulo, 2005. Technology Assesment e pelo SEBRAE (2001). KRUCKEN, L.; COSTA, M.D.; BOLZAN, A. Gestão do conhecimento 2. O Projeto de Qualificação em Medidas aplicada ao desenvolvimento de de Desempenho de EBT’s, realizado em novos produtos. Revista Inteligência 2005 junto a Associação Catarinense de Empresarial, Edição especial 2002. Empresas de Base Tecnológica (ACATE), com pp. 48-56. financiamento da FINEP, teve por objetivo NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação capacitar os principais executivos e gestores, do conhecimento na empresa. Rio habilitando-os para implantar uma cultura de Janeiro: Campus, 1997. estratégica e de uso da informação em suas SEBRAE-SP. MPEs de Base empresas. Tecnológica: conceituação, formas de financiamento e análise de Bibliografia. casos brasileiros. 2001. Disponível COSTA, M.D. Procedimentos para aplicação em http://www.empresafamiliar. de mapas semânticos como estratégia para com.br/EMBATEC.pdf acesso em criação do conhecimento organizacional. 18.05.2005. 2003. 197p. Tese. (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Flo- rianópolis, 2003.
  • 18.
  • 19. SISTEMA DE INFORMAÇÃO ESTRATÉGICO PARA OS ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS ALINHADO A GESTÃO DO CONHECIMENTO Janete Fernandes Silva Mestre em Ciência da Informação pela UFMG Instituto Euvaldo Lodi – IEL / Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG / Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG janete@fiemg.com.br Paulo César Bicalho de Abreu Chagas Mestre em Ciência da Computação pela UFMG Instituto Euvaldo Lodi – IEL / Federação das Indústrias de Minas Gerais – FIEMG bicalho@fiemg.com.br
  • 20. INTRODUÇÃO indexação de arquivos e no desenvolvimento Artigo 03 A nova ordem econômica está exigin- de linguagem de acesso. O ideal decorrente do das nações desenvolvidas e, mes- dessa orientação passa a ser a formação mo, daquelas em desenvolvimento de um reservatório infinito de dados ao uma permanente reinvenção das qual o tomador de decisão poderá recorrer vantagens competitivas. Os setores para obter qualquer tipo de informação de baixa intensidade em inova- (SANTOS, 2000). ção e conhecimento estão irreme- O propósito de um sistema de informação diavelmente condenados a per- é otimizar o fluxo de informação relevan- derem participação nesse ambiente te no âmbito de uma organização, de- 19 cada vez mais frágil e turbulento. sencadeando, assim, um processo de co- A inovação e a competitividade nhecimento, de tomada de decisão e de têm sido os principais fatores de intervenção na realidade. mudança econômica e social. O É inquestionável a importância de um sis- sucesso e a permanência das or- tema de informação integrado na gestão ganizações depende da eficácia e compartilhamento do conhecimento de com que incorporam os novos co- uma organização. Cada indivíduo desem- nhecimentos em seus processos, penha um papel distinto nesse processo produtos e serviços. O setor empre- altamente complexo que é a organização sarial destaca-se na sociedade como e seu ambiente. É importante salientar que aquele que mais gera, consome e quem gera conhecimento é o indivíduo; o compartilha a inovação. sistema de informação é um mero arma- zenador e difusor de dados. O processo de inovação requer total Pretende-se, aqui, apresentar as ações em- interatividade entre os agentes preendidas pelo IEL/MG em seu esforço econômicos, governamentais e so- de fortalecer os Arranjos Produtivos Lo- ciais, que geram diferentes tipos cais (APLs) que apóia e de sustentar a de conhecimentos, os quais são consolidação de um convertidos em informação. Sistema de Informação Inovação e Competitividade apóiam- Estratégico (SIE) para se em informações estratégicas e A inovação e a os Arranjos Produtivos nos sistemas de informação que Locais (APL) de Minas competitividade têm permeiam os agentes estratégicos. Gerais. O SIE é uma sido os principais De acordo com Santos (2000, p.205), ferramenta com um fatores de mudança “a concepção de sistemas de gestão ambiente que visa for- econômica e social. de informações estratégicas tem, necer informações com na sua grande maioria, como um dos alto valor agregado seus pressupostos fundamentais, para as empresas sindicalizadas no APL. fornecer informações relevantes Serão também favorecidos os parceiros, os para os tomadores de decisão clientes, os fornecedores, as comunidades nas organizações”. A atenção aos científicas e os usuários em geral. sistemas de informação volta-se, O projeto que orientou a construção especialmente, para a geração, ar- deste artigo compõe-se de cinco etapas. mazenamento e recuperação de in- Concentra-se aqui na quarta etapa, relativa formação. A ênfase passa a residir ao desenvolvimento de uma ferramenta de na estruturação de bancos de da- gerenciamento de informação, documen- dos, na codificação de sistemas, na tos e atividades. A criação de um projeto
  • 21. piloto foi fundamental para o sucesso da tecnológicos apoiados pelo IEL, Artigo 03 etapa e a continuidade do projeto. Como quanto ao tratamento das de- resultado a opção pelo desenvolvimento mandas individuais da RETEC e da ferramenta foi positivo, visto que ela é aos trabalhos desenvolvidos nos flexível, ágil, interativa, de fácil atualização arranjos produtivos locais. e manutenção. No que tange à gestão e ao contro- Tornou-se necessário promover a estrutu- le de atividades/projetos, cabe-se, ração de um modelo que espelhasse o também, determinar e implantar que se estava pretendendo desenvolver, uma metodologia de gerência de atividade que requereu tempo de execução. projetos e controle de atividades de 20 Foi escolhido o APL de móveis na região de forma a permitir que a equipe do IEL Ubá como projeto piloto. Em um primeiro tenha informações e ferramentas momento, foi preciso consolidar os de gestão sobre os mesmos. dados relacionados à situação atual do Estão sendo implementados recur- APL (diagnóstico sobre a necessidade sos de controle de workflow e de de informação) e definir aonde se gerência eletrônica de documentos desejava chegar (visão futura). A (GED) que permitam a gerência com- partir deste consolidado, concluiu- pleta sobre as atividades principais se pela necessidade de lançar uma do IEL e de todos os documentos terceira etapa: a de implementação relevantes gerados. da ferramenta, à qual se dará Com a implantação e implementa- especial ênfase. ção do projeto, o IEL deve ser capaz de gerir o conhecimento CARACTERIZAÇÃO tecnológico tratado nos diversos DO PROJETO DE GESTÃO projetos em andamento e nos já DO CONHECIMENTO concluídos, possibilitando o acesso Para assegurar maior garantia aos conhecimentos para todos, de sucesso a um projeto de Gestão onde eles estejam, quando e na de Conhecimento, é importante que as forma que se faça necessário, para tarefas de gerar, armazenar, recuperar e aumentar o desempenho humano disseminar conhecimentos, primeiro, es- e organizacional. Para isso, o projeto tejam perfeitamente ajustadas aos pro- deve atender aos seguintes quesi- cessos operacionais e, segundo, e prin- tos básicos: identificar, mapear e cipalmente, façam parte do dia-a-dia das capturar o conhecimento; identifi- pessoas. Nos processos principais do IEL, os car onde ele é necessário; objetivar, recursos de Gestão de Conhecimento e ges- ou seja, representar, organizar e tão de projetos são tarefas básicas. Nesse armazenar o conhecimento de contexto, o projeto de Gestão do Conhe- forma adequada; definir e opera- cimento tecnológico deve estar voltado ao cionalizar os processos para dis- atendimento desses processos principais. tribuir o conhecimento (como, O projeto teve por objetivo, na parte de Ges- onde, para quem); assegurar que tão de Conhecimento, estruturar e implantar o conhecimento que está sendo uma base de conhecimento, a partir da qual utilizado é o que se precisa; assegu- poderá capturar, armazenar e disponibilizar rar que o conhecimento armazena- os conhecimentos e informações gerados do está sendo realmente utilizado; durante o desenvolvimento dos projetos estabelecer uma organização, um
  • 22. ambiente e procedimentos que especial ênfase. Artigo 03 permitam que o conhecimento A etapa de implementação foi divida em circule pelos vários setores, criando três fases: fase 1 – criação de um sistema de oportunidades de auto-didatismo. gestão interna do APL; fase 2 – fornecimento O projeto de Gestão do Conhe- de produtos e serviços para os associados; e cimento proposto para o IEL e fase 3 – implantação de um ambiente virtual arranjos produtivos locais após a de negócio. Até o momento, desenvolveu-se implantação de todas as etapas a primeira fase. deverá suportar os processos princi- pais que o Instituto executa no SISTEMA DE INFORMAÇÃO 21 cumprimento de suas atribuições. ESTRATÉGICA: ESTRUTURA BÁSICA O foco está centrado nas atribui- Arquitetura da solução ções que fazem parte do dia a dia A arquitetura de um website pode ser das pessoas, de forma a manter uma extremamente complexa. O principal desa- sinergia muito forte do projeto com fio enfrentado em sua modelagem consiste a missão básica do IEL: de favorecer em conjugar os requisitos identificados o desenvolvimento tecnológico da com o nível de conhecimento do público- indústria mineira. alvo. No caso dos Sistemas de Informação O foco está centrado O IEL optou pelo Estratégico (SIE) para APLs, que estará nas atribuições que desenvolvimento de em canal web, demanda-se uma solução fazem parte do dia uma ferramenta que extremamente intuitiva, de fácil interação a dia das pessoas, de integrasse as suas ati- com os usuários leigos, tornando evidente forma a manter uma vidades tanto internas os apelos principais, indicados pelos pró- sinergia muito forte quanto externas. Tor- prios líderes empresariais e clientes foco. do projeto com a nou-se necessário pro- Deste modo, foi necessário desenvolver uma missão básica. mover a estruturação arquitetura que contemplasse e satisfizesse de um modelo que as necessidades levantadas. A seguir, serão espelhasse o que se estava pre- apresentadas as funcionalidades definidas tendendo desenvolver, atividade de forma a proporcionar uma melhor com- que requereu tempo de execução. preensão da solução. Para uma melhor compreensão será Quanto às funções básicas, antes de tudo, apresentado um breve escopo da é preciso esclarecer que se trata de uma proposta do sistema de informação solução pública. O acesso dos usuários estratégica para os APLs e o IEL. é gerenciado de maneira hierarquizada, Foi escolhido o APL de móveis de forma a adequar o nível de acesso aos na região de Ubá como projeto produtos e serviços oferecidos para cada piloto. Em um primeiro momento, categoria. foi preciso consolidar os dados Essa é a razão para que a função básica relacionados à situação atual do APL preliminar seja o cadastramento do usu- (diagnóstico sobre a necessidade ário, na qual ele vai se identificar e obter de informação) e definir aonde se do webmaster a aprovação para o perfil de desejava chegar (visão futura). A acesso requerido. Foram definidos quatro partir deste consolidado, concluiu- níveis de acesso: nível 0 – administrador do se pela necessidade de lançar uma sistema; nível 1 – acesso mais abrangente, terceira etapa: a de implementação em que devem estar disponíveis todas as da ferramenta, à qual se dará funcionalidades do sistema; nível 2 – acesso
  • 23. para as empresas filiadas ao sindicato e que Vitrines de Vendas ou na Central Artigo 03 podem consultar documentos e informações de Compras. Um sistema de crédito internas do APL; nível 3 – nível mais simples estará disponível para destinar de acesso, geral para todos os usuários que pagamentos e viabilizar as relações se cadastrarem no sistema. comerciais articuladas no SIE. Este Os SIEs dos APLs estarão hospedados na sistema funciona no modo conven- Rede Tecnológica de Minas Gerais, o que cional do comércio eletrônico, dis- permitirá a GIPT acompanhar de perto ponibilizando alternativas de pa- as demandas das empresas e utilizar a gamento, estabelecendo canais de potencialidade da ferramenta em termos de feedback do crédito e autorizando 22 monitoramento, captura e disseminação o fechamento de negócios no SIE. das informações e dos conhecimentos. Esta Adicionalmente, as rotinas de co- ação também ajudará a GIPT oferecer novos branças e crédito sinalizam para produtos e novos serviços. o sistema de controle de acesso A home page, página principal do portal, à hierarquia do usuário para uti- oferece uma série de produtos e serviços lização de produtos e serviços, me- públicos, dentre eles o próprio cadas- diante pagamento por níveis de tramento e o box de login do usuário categorias. (controle de acesso), informações públicas, Quanto à funcionalidade referente vitrine de vendas, ofertas da central de a relacionamentos – as listas a- compras e bolsa de empregos. Também bertas são criadas e compostas disponibiliza o contato com a administração por usuários cadastrados auto- de conteúdo e funcionamento dos SIE, por inscritos. As listas moderadas são meio do webmaster. Tal contato deverá ser formadas por associados auto- estimulado e colocado em destaque. inscritos e coordenadas por algum As vitrines de vendas são projetadas como moderador do mesmo nível. Os subsites customizáveis por associado, ou canais exclusivos são operados grupo de associados, para demonstração em canais web orientados ao dos seus produtos e serviços que serão exi- intercâmbio privado de e-mails e bidos publicamente. A central de compras bate-papo entre membros cadas- funciona como uma bolsa de anúncios de trados. Estarão disponíveis os ser- interesse de compras, operada por mem- viços de consultorias técnicas, por bros associados e clientes, com informações meio de canal para solicitação de dos produtos e serviços a serem negocia- consultorias oferecidas pela RETEC dos, como preço, local, prazo de entrega e e parceiros. O gestor do portal é outros dados complementares, exibidos uma peça indispensável restritamente, apenas para associados. à articulação de grupos, Os grupos de negócios para compra e moderação de listas e venda ocupam um espaço web, restrito identificação de oportu- a associados, para a formação de grupos nidades de consultorias de compra e venda, mediante anúncios de técnicas pela RETEC. Desta interesse, com informações dos produtos e forma, o gestor atua como um serviços a serem negociados, participações, captador de recursos para o pa- preço, local e prazo de realização e outros trocinador, na medida em que dados complementares. Produtos e serviços permanece atento às oportunida- formatados pelos grupos são expostos em des de negócios com os demais
  • 24. usuários do portal. parceiros técnicos ou comerciais, associa- Artigo 03 Serão disponibilizadas notícias dos, clientes, fornecedores e da oferta de públicas de interesse geral para mão-de-obra, inclusive com capacidade para negócios, bem como notícias dos selecionar perfis nos BDs. Associado a tudo setores, ambas as modalidades isto, estará, ainda, disponível um serviço de acesso irrestrito para qualquer de ranking, no qual os associados podem usuário. Tais informações poderão avaliar clientes, fornecedores, parceiros e ser fornecidas por instituições es- mão-de-obra do banco de empregados. pecializadas no setor produtivo do Tais avaliações são anexadas aos cadastros APL e complementadas por seleções nos bancos de membros e estabelecem da imprensa aberta, trabalho exe- listas classificatórias para uso exclusivo dos 23 cutado pela equipe do gestor do associados. Os critérios de avaliação serão Portal. Ao mesmo tempo estará estabelecidos a partir de características disponível, no domínio público, um relevantes ao relacionamento específico de calendário de eventos com feiras, cada categoria de membro com os associa- congressos e treinamentos, dentre dos (ex: produtividade dos ex-empregados outros tipos de informações que e dos em exercício, pontualidade no paga- permitam sinalizar os acontecimen- mento de clientes, qualidade do produto de tos empresarias dentro do APL, fornecedores, relacionamento com parcei- identificadas e coletadas em fon- ros, dentre outros índices de avaliação). O tes formais e informais pela banco de dados dos trabalhadores funcio- equipe do gestor do portal. As in- nará como uma bolsa de oferta de mão-de- formações para exportação serão obra, que será alimentada publicamente apresentadas na forma de FAQ por interessados na inserção no mercado. - Frequently Asked Questions (Per- A figura abaixo destaca todas as categorias guntas Freqüentemente Feitas), mas de usuários e seus relacionamentos com os também acessíveis em outras fontes SIE. Uma vez apresentada a arquitetura da como o website do Promo. Por fim, solução, esforços foram dedicados para defi- também estarão disponíveis no do- nir padrões de design e navegação, bem como mínio público os índices e preços do para estabelecer os níveis de investimentos e mercado. indicadores gerenciais para o desenvolvimen- Os bancos de dados (BD) formam to e implementação da proposta. a espinha dorsal do portal. Eles se configuram como a base para os principais produtos e serviços oferecidos aos usuários. Alimenta- dos de forma colaborativa pelos próprios atores do processo, asso- ciados, clientes, fornecedores, par- ceiros e empregados, estes cinco BDs proporcionam a localização imediata de qualquer membro, além de viabilizar cruzamentos durante o processo de busca, tor- nando a ferramenta um poderoso instrumento de negócio. Para a localização das informações optou-se pela utilização do siste- Figura | Fonte: Adaptado de EUVALDO LODI DA BAHIA. ma de busca avançada que é Rede Tecnológica da Bahia – RETEC/BA. Portais de um mecanismo de localização ori- Inovação - modelo de negócio e arquitetura da entado a facilitar o encontro de solução: soluções tecnológicas e metodológicas para a articulação de MPE em arranjos produtivos locais potenciais. Salvador, fevereiro de 2004
  • 25. Com a implantação de todas as etapas CONCLUSÃO Artigo 03 do projeto, espera-se atingir os seguintes Diante dos fatores e das ações resultados: apresentadas, observa-se que um De uma forma micro: memória estrutura- Sistema de Informação deve ser da e organizada do APL; centralização da estratégico e contribuir para que a gestão dos documentos; tratamento e dis- organização atinja a meta traçada. seminação da informação por uma equipe A abordagem metodológica no especializada; maior rapidez na localização seu desenvolvimento deve estar dos documentos e informações; acesso aos voltada para a determinação das documentos e as informações em tempo necessidades, para a organização, 24 real e por mais de uma pessoa, simultanea- a disseminação e a representação mente; redução de custo na produção e da informação, com o objetivo de reprodução de materiais; maior controle das otimizar a cadeia de valor do sis- atividades que estão sendo desenvolvidas tema. É, sem dúvida, um processo pelas gerências e das informações pro- complexo, que depende, basica- duzidas por estas; maior integração das in- mente, de pessoas, de mudanças e formações e atividades desenvolvidas pelas de tecnologia. gerências, o que permitirá a disseminação do conhecimento para todos; visibilidade Bibliografia. das ações do APL; e geração de serviços e DAMIANI, Wagner bronze. Gestão produtos informacionais. do Conhecimento: um estudo com- De forma macro: aumento da qualidade dos parativo Brasil x Estados Unidos. trabalhos de diagnósticos e identificação Disponível: http://www.anpad. dos gargalos tecnológicos, devido ao maior org.br/enanpad2001-trabs-apre- acesso às informações e conhecimentos sentados.html . Acesso: 22/01/2005. disponíveis; maior rapidez na identificação INSTITUTO EUVALDO LODI DE MI- das demandas tecnológicas e das propostas NAS GERAIS. Gerência de Informa- de soluções; maior controle sobre as ações e ção e Projetos Tecnológicos. Projeto projetos coordenados pelo IEL, melhorando de pesquisa para implantação de a eficácia dos mesmos, com a implantação Gestão do Conhecimento tecno- de ferramentas de gestão de projetos; lógico nos trabalhos da RETEC e redução da perda de conhecimentos gera- de arranjos produtivos no Estado dos pelos diversos trabalhos coordenados de Minas Gerais. Belo Horizonte, no APL, com a implantação de ferramentas e agosto de 2003. processos de organização, armazenamento SANTOS, Raimundo Nonato Mace- e disponibilização desses conhecimentos; do dos. Métodos e ferramentas e disponibilização de uma base ampla de para gestão de inteligência e do ofertas e demandas tecnológicas, com fer- conhecimento. Perspectiva em Ciên- ramentas de pesquisa e tratamento dessas cia da Informação. Belo Horizonte, informações, de forma a permitir a análise v.5, n.2, p. 205-215, jul./dez. 2000. e identificação de tendências e áreas de (Indústria brasileira: oportunidades pesquisa e desenvolvimento tecnológico. e desafios). Observa-se que o sistema de informação proposto vai ao encontro de uma ferramenta de TI integrado ao processo de Gestão do Conhecimento.
  • 26. Artigo 04 25 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CONFLITOS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES Alice Ferruccio Dra. Coppe-UFRJ. DEI/UFRJ Programa de Engenharia de Produção alice@ind.ufrj.br André Dametto Eng. EE-UFRJ DEI/UFRJ Programa de Engenharia de Produção dametto@pep.ufrj.br
  • 27. A fim de otimizar a gestão do fator de produção conhecimento, surgiu nos anos 1990, a disciplina Gestão do Conhecimento, que é a coleção de processos que governam a criação, assimilação, disseminação e aplicação do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização (DAVENPORT, 1999, pg. 46). A criação envolve as atividades geradoras de conhecimento, como as pesquisas acadêmicas, as atividades de resolução de problemas, além das aquisições de conhecimento advindas de compra de empresas, contratação de indivíduos, cópias de idéias, conceitos e brainstormings. A assimilação refere-se aos métodos e ferramentas de aprendizado pelos agentes. A disseminação abrange a difusão do conhecimento explícito e tácito entre os elementos da cadeia. Finalmente, a aplicação garante que o conhecimento difundido está sendo utilizado e gerando resultados nas organizações. Em 1960, Polanyi classificou o conhecimento em dois tipos: o explícito e o tácito. O conhecimento explícito é o que está materializado nos livros, manuais e padrões. O conhecimento tácito é o proveniente da experiência, adquirido na prática. É o conhecimento por trás do reconhecimento de um rosto amigo, por exemplo. Segundo Nonaka e Takeuchi (1996, pg. 15), o conhecimento é criado em duas dimensões, numa espiral de transição entre os dois tipos de conhecimento (dimensão epistemológica), e ascendendo do indivíduo para o grupo, para a organização e para fora das organizações (dimensão ontológica). Nonaka e Takeuchi (1996, pg. 38) também defendem que o conhecimento é criado a partir das suas conversões nas duas dimensões epistemológicas, ou seja, conhecimento explícito e conhecimento tácito. A socialização é a conversão do conhecimento tácito em novo conhecimento tácito. É o processo de compartilhamento das experiências, como o aprendiz que aprende com o seu mestre não por meio da linguagem, mas da observação, imitação e prática. A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito
  • 28. em conceitos explícitos. É o proces- mos que garantam a efetividade dos Artigo 04 so da criação do conhecimento processos de conversão do conhecimento, expresso em conceitos, hipóteses dando início ao ciclo de criação, assimilação, e modelos. Como podemos con- compartilhamento e aplicação do mesmo. verter conhecimento tácito em Em diversos processos de transferência do conhecimento explícito de forma conhecimento são reconhecidos os conflitos eficiente e eficaz? A resposta está e suas causas. Quando há a percepção de no uso seqüencial das metáforas, que determinado conhecimento é fator analogias e modelos, e algumas me- de vantagem competitiva para algum todologias como o mapeamento profissional ou grupo, dá-se a competição 27 de processos. A combinação envol- por recursos. Quando o projeto de GC ve a combinação de conjuntos di- não define claramente os papéis e ferentes de conheci- responsabilidades no uso dos processos Para que o conhecimento mentos explícitos. Os e tecnologias de conversão, também há explícito se torne tácito é indivíduos trocam e iminências de conflito. Muito comuns necessária a verbalização combinam conheci- também são as diferenças de personalidade, e diagramação do mentos por meio de que geram falta de empatia e confiança, conhecimento sob a forma documentos, reuniões, tornando-se barreiras no compartilhamento de documentos, manuais conversas ao tele- do conhecimento. No aspecto mais técnico, ou histórias reais. Este é o fone ou redes de co- o excesso de dados, regras e formalismos processo de internalização. municação computa- podem originar resistência à utilização dorizadas. A criação da sistemática de GC nas organizações. do conhecimento realizada atra- Finalmente, as tradicionais barreiras de vés da educação e do treinamento comunicação, como problemas do emissor, formal nas escolas normalmente código, canal e do receptor, são potenciais assume essa forma. Para que o geradores de conflitos. Segundo Cavagnoli conhecimento explícito se torne (2006, artigo), nos EUA os funcionários tácito é necessária a verbalização e gastam de 30 a 40% do seu tempo com a diagramação do conhecimento sob resolução de conflitos, o que configura um a forma de documentos, manuais desperdício e tanto. Conforme podemos ou histórias reais. Este é o processo perceber, para o êxito da GC nas organizações, de internalização. A documentação o desenvolvimento da competência Gestão ajuda os indivíduos a internaliza- de Conflitos nos membros da organização é rem suas experiências, aumentan- fundamental. do, assim, o seu conhecimento tácito. O conflito é um processo que tem início Além disso, documentos ou ma- quando uma das partes percebe que a outra nuais facilitam a transferência do parte afeta ou pode afetar, negativamente, conhecimento explícito para outras alguma coisa que a primeira considera pessoas, ajudando-as a vivenciar importante. Os conflitos são inerentes às indiretamente as experiências dos relações sociais, fazem parte dos processos outros, ou seja, reexperimentando- de interação social ao lado da cooperação, as. É intimamente relacionado ao da competição e da adaptação. As pessoas “aprender fazendo”. nunca têm objetivos e interesses idênticos. O grande desafio das organiza- As diferenças de objetivos e de interesses ções em termos de Gestão do Co- individuais sempre produzem alguma espé- nhecimento (GC) é criar mecanis- cie de conflito. Entretanto, a maneira de
  • 29. vivenciar o conflito é fundamental para os e desenvolvimento de diferentes Artigo 04 resultados nas relações em toda a sociedade. pontos de vista, interesses e valores. O conflito é inerente à vida de cada indivíduo A estagnação é um processo que e faz parte inevitável da natureza humana pode ser solucionado através dos (MAFRA, 1998, pg. 36). Imaginar uma conflitos, já que eles vão levar empresa sem conflitos é uma utopia, pois a a caminhos que superem os organização é formada por pessoas e essas, obstáculos. por sua vez, possuem valores, pensamentos O conflito ocorre quando há desa- e formações que as tornam diferentes. cordos entre as pessoas envolvidas No entanto, se não é possível viver sem na situação ou sempre que um 28 conflito, as organizações precisam saber antagonismo emocional cria um administrá-lo e resolvê-lo, caso contrário, atrito entre pessoas e grupos. o espírito de equipe e de cooperação pode O conflito pode ser substancial ser comprometido seriamente (BISPO, 2006, (baseado em metas do trabalho) entrevista). ou emocional (baseado em senti- Na visão tradicional, os conflitos eram mentos pessoais). Quando as em- percebidos com algo ruim, contraprodu- presas promovem mudanças e centes. Com o surgimento da Escola de não estudam seus processos para Relações Humanas, nos anos 1950, o confli- verificar se existe sobrecarga de to é percebido como uma conseqüência trabalho ou duplicação de tarefas, natural nos grupos e nas organizações, à acabam favorecendo o apareci- semelhança da cooperação, competição e mento de conflitos substancial. adaptação. Atualmente, na visão intera- Segundo Schermerhorn (1999, cionista, há a convicção de que o conflito pg. 243), o conflito em equipes se é não apenas uma força positiva em um classifica em dois tipos, o conflito grupo, como também necessário para que tipo C e o conflito tipo A. seu desempenho seja eficaz. O conflito tipo C foca diferenças Há conflitos construtivos que acabam reais, relacionadas a questões. A trazendo benefícios para a pessoa, para letra C é relativa à palavra cog- os grupos e para as organizações. Mas, nitiva, indicando que há também, os conflitos destrutivos, que o conflito refere-se a agem prejudicando a pessoa, os grupos e questões concretas e as organizações. Os conflitos podem ser tangíveis que podem Na visão tradicional, administrados, mas esta atividade vai exigir ser resolvidas de modo os conflitos eram a competência de Gestão de Conflitos dos mais intelectual do que percebidos com algo administradores. Gestão de Conflitos é a emocional. Esse tipo ruim, contraproducentes. prática de identificar e gerenciar conflitos de conflito é funcional numa maneira sensitiva, justa e eficiente. porque exige que as É fundamental que se administrem os equipes se engajem conflitos, obtendo resultados construtivos em atividades que aumentam a e que sirvam para o sucesso organizacional. sua eficácia. O conflito tipo A foca O conflito representa uma fonte de idéias questões de orientação pessoal, novas, podendo direcionar discussões aber- individual. A letra A é relativa a tas em torno de diversos assuntos. Dessa afetivo, indicando que o conflito maneira, fica evidente o aspecto positivo refere-se a questões subjetivas que e a possibilidade da expressão, exploração podem ser resolvidas de modo mais
  • 30. emocional do que intelectual. Esse conhecer os problemas que estão latentes Artigo 04 tipo de conflito prejudica a eficácia nas organizações, é importante quebrar do grupo, criando barreiras para o iceberg da ignorância que existe nas atividades e processos construtivos. organizações (WHITELEY, 1992, pg. 187). Deve- Quatro atributos caracterizam e- se considerar as informações provenientes quipes que se podem encaixar dos níveis operacionais, como, por exemplo, principalmente no conflito tipo queixas dos funcionários e também as C, minimizando o conflito tipo A: estatísticas. atividade focada, criatividade, co- Um problema importante para os dirigen- municação aberta e integração. tes é estabelecer entre os grupos condições 29 Há diferentes níveis de conflito: que melhorem a produtividade de cada um intrapessoal (conflito dentro do deles sem destruir as relações intergrupais indivíduo), interpessoal (conflito e intragrupais. A competição entre grupos indivíduo com indivíduo) e o inter- é um problema que precisa ser muito bem grupal ou interorganizacional (entre administrada. Ela existe porque, na medida organizações). O conflito vertical em que os grupos se comprometem cada pode acontecer entre níveis hierár- vez mais com seus objetivos, acabam quicos e, geralmente, envolvem entrando em competição uns com os ou- supervisores e subordinados. Os fa- tros. A partir daí, é que surge um outro tores que geram o conflito estão re- problema: estabelecer relações intergrupais lacionados a recursos, metas, prazos de colaboração para as situações em que a finais ou resultados de desempe- necessidade de união torna a colaboração nho. O conflito horizontal ocorre entre equipes um pré-requisito para que a entre pessoas ou grupos do mesmo empresa se torne mais dinâmica e também nível hierárquico e na maioria das mais competitiva. Em certas situações, a vezes envolvem incompatibilidade competição intergrupal pode trazer alguns de objetivos, escassez de recursos benefícios para a organização. Porém, ou fatores puramente interpessoais. na maioria das vezes, as conseqüências Há três estágios de conflito: o negativas acabam sendo maiores e mais percebido (quando as condições difíceis de serem administradas em fun- antecedentes realmente se tornam ção dos diversos conflitos existentes. A a base de diferenças substanciais coordenação de todos esses grupos não ou emocionais entre pessoas e/ é tarefa fácil, principalmente quando é ou grupos), o sentido (a pessoa necessário encontrar meios para conter a é motivada a tentar reduzir o tensão formada pelos grupos existentes desconforto) e o manifesto (quando (FERRUCCIO, 1999, artigo). é abertamente expresso em com- O emprego eficaz de grupos nas organiza- portamento). Alguns autores men- ções vai exigir muito treinamento e dinâ- cionam, ainda, o tipo de conflito mica de grupo, tanto para líderes, quanto pa- latente, precedente ao percebido. ra os membros do próprio grupo. Solucionar Ele não é declarado e não há, os conflitos intragrupais e intergrupais vai mesmo por parte dos elementos depender das habilidades e competência envolvidos, uma clara consciência dos líderes de cada um desses grupos. Os de sua existência. Eventualmente grupos não devem ser usados para todos os não precisam ser trabalhados. Ou- tipos de problemas, principalmente quan- tros autores defendem que, para se do o problema não requer especificamente
  • 31. uma troca de informações e uma avaliação o foco no relacionamento é im- Artigo 04 das alternativas, quando as informações portante, cooperar é a melhor são sigilosas ou, quando, por suprimir a estratégia (resolução perde-ga- discordância, favorece a possibilidade do nha). Finalmente, quando tanto o grupo não refletir uma análise exata por resultado como o relacionamento conformarem-se com a opinião da maioria são importantes, a colaboração, ou (SCHEIN, 1982, pg. 101). negociação ganha-ganha, mostra- Existem, na administração de conflitos, situ- se a melhor estratégia. Veja abaixo ações nas quais: nenhuma das duas partes um quadro resumo: sai ganhando (conflito perde-perde), em que uma das partes consegue o quer às custas e exclusão da outra parte (conflito ganha-perde) e quan- do ambas as partes sentem que saíram do conflito satisfeitas com a solução proposta (conflito ganha- ganha). No conflito ganha-ganha é necessária a colaboração de ambas as partes para eliminar os motivos, nenhuma questão pode deixar de ser analisada, nenhum motivo pode ser deixado de lado. Gestores do conhecimento com a competência Gestão de Conflitos bem desenvolvida estão aptos para Figura 1 | Posturas na Administração de Conflitos tomar medidas necessárias como: Fonte: Thomas (1979, pg. 43) reduzir a interdependência do fluxo de trabalho, aumentar o apelo às metas Conforme Chiavenato (2004, pg. 232), comuns, não reprimir os conflitos usando há três abordagens para a resolução sempre a referência hierárquica, fazer um de conflitos: estrutural, processual e reprojeto organizacional, quando necessá- mista. A abordagem estrutural atua rio, e utilizar roteiros e mitos para atingir os sobre as condições antecedentes conflitos emocionais. do conflito, como as condições de A resolução do conflito nem sempre passa diferenciação, os recursos escassos pelo enfrentamento; há diversas estratégias e a interdependência. A aborda- como: evitação ou fuga, Impasse, Vitória/ gem processual busca reduzir os Derrota, Conciliação e Integração. Segundo conflitos buscando modificar o Thomas (1979, pg. 43), existe uma matriz episódio do conflito. A abordagem muito simples com duas variáveis: foco no mista mescla as duas abordagens resultado e foco no relacionamento. Quan- anteriores. Defendemos o uso da do ambos não são importantes, recomen- abordagem mista, através de uma da-se evitar o conflito, abandonando o metodologia prática de Gestão de objeto do mesmo (resolução perde-perde). Conflitos que obedece ao método Quando apenas o foco no resultado é de planejamento PDCA (Plan, Do, importante, competir é a melhor estratégia Check and Act). (resolução ganha-perde). Quando apenas No planejamento (Plan),recomenda-