Este documento resume a obra "Claro Enigma" de Carlos Drummond de Andrade, publicada em 1951. Aborda as obras anteriores do autor, as temáticas recorrentes em sua poesia, o contexto histórico da época e a estrutura do livro, dividido em seis partes que tratam de temas como amor, família e existencialismo. Destaca também o poema "A Máquina do Mundo", considerado o melhor do século XX brasileiro.
3. OBRAS DE DRUMMOND
anteriores a Claro enigma
Alguma Poesia (1930)
Brejo das Almas (1934)
Sentimento do Mundo (1940)
José (1942)
A Rosa do Povo (1945)
Novos Poemas (1948)
Claro Enigma (1951)
5. TEMÁTICAS DRUMMONDIANAS
AS FASES DA POESIA DRUMMONDIANA
1) FASE “GAUCHE” Década de 1930 Eu MAIOR que o mundo
2) FASE SOCIAL 1940-1945 Eu MENOR que o mundo
3) FASE DO “NÃO” Décadas de 1950 e 1960
Eu IGUAL ao mundo
4) FASE DA MEMÓRIA Décadas de 1970 e 1980
6. CONTEXTO HISTÓRICO
Dois eventos históricos importantes marcam
especialmente o período de composição de Claro
Enigma.
O mundo assistia a Guerra Fria, que teve início em
1947 (com o fim da segunda guerra mundial) e só
veio a terminar em 1991 (com o fim da União
Soviética).
Foi também um período marcado pelas
consequências da bomba atômica, atirada
em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945.
7. A ESTRUTURA DA OBRA
Lançado em 1951 pela editora José Olympio, o livro de
Drummond é dividido em seis partes que carregam números
variáveis de poemas, são eles:
I - Entre lobo e cão (18 poemas)
II - Notícias amorosas (7 poemas)
III - O menino e os homens (4 poemas)
IV - Selo de minas (5 poemas)
V - Os lábios cerrados (6 poemas)
VI - A máquina do mundo (2 poemas)
8. O RETORNO AOS CLÁSSICOS
Nessa publicação, Drummond volta a investir em
formatos clássicos - assim como a sua Geração de
45 - como, por exemplo, o soneto.
Alguns dos trabalhos reunidos no livro são
composições formais que obedecem a rima e
a métrica.
Drummond demonstra também um retorno
classicizante ao dialogar com Camões, Dante, Sá de
Miranda, Fernando Pessoa etc.
9. O EXISTENCIALISMO
O existencialismo pressupõe que a vida seja uma
jornada de aquisição gradual de conhecimento sobre
a essência do ser, por esta razão ela seria mais
importante que a substância humana. Seus seguidores
não creem, assim, que o homem tenha sido criado com
um propósito determinado, mas sim que ele se
construa à medida que percorre sua caminhada
existencial. Portanto, não é possível alcançar o
porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos,
pois não se pode racionalizar o mundo como nós o
percebemos. Esta visão dá margem a uma angústia
existencial diante do que não se pode compreender e
conceder um sentido. Resta a liberdade humana,
característica básica do Existencialismo, a qual
não se pode negar.
10. A EPÍGRAFE
“Les evénements m’ennuient” (Paul Valéry)
“Os acontecimentos me entediam”;
A epígrafe é considerada uma declaração clara de
afastamento do poeta dos acontecimentos que o
cercam, como se estivesse, de fato, preparando-se
para um mergulho que deixaria de considerar a
guerra fria, a situação política do país ou a
crescente desigualdade social, temas que
merecessem sua atenção nesta nova fase de seu
trabalho.
12. I - Entre Lobo e Cão
Nesta parte constam 18 poemas.
Drummond tem a proposta de apontar o paradoxo
entre a maldade do lobo e a bondade do cão.
Mais ainda, há uma referência ao poeta português
Sá de Miranda.
Segundo este poeta, ao meio dia, anda-se entre
Lobo e Cão, que são duas constelações que só
podem ser vistas à noite.
13. I - Entre Lobo e Cão
O que entender disso? Que alguém no meio do
dia, na claridade, anda na escuri-dão.
Drummond já não vive um período de guerra,
tudo parece ser luz, mas ele em sua crise de
existência se sente na escuridão.
14. II - Notícias Amorosas
São 7 poemas abordando o amor, não o romântico,
mas o crucial para a vida.
Por exemplo, em seu poema “Amar”, percebemos o
infinitivo do título. Isso remete a uma abordagem
universalista.
Não se trata do amor preso à realidade presente.
15. II - Notícias Amorosas
Ainda que fale de amor, percebemos no poeta um
tom de amargura.
O amor é também vinculado à negatividade,
ingratidão, vazio e inutilidade.
Mesmo assim, segundo ele, o que nos resta é
continuar a amar.
16. III - O Menino e os Homens
São somente 4 poemas. O papel deles é
homenagear.
O menino é Drummond, que elogia os homens,
que são os seu neto Pedro, recém-nascido, e os
poetas Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Mário
Quintana.
São pessoas que ele admira muito, por serem todos
melhores e mais humanos que ele próprio.
17. IV - O selo de Minas
Parte com 4 poemas dedicada à terra natal de
Drummond, Minas Gerais.
Porém, não pense que ele falará das terras mineiras
com idealismo.
Na verdade, não há saudosismo, sim críticas
amarguradas.
18. V - Os lábios cerrados
6 poemas com a temática do silêncio, por meio
dos quais ele se lembra de seus familiares.
Como já são pessoas falecidas, a poesia
novamente tem um tom obscuro, amargo.
São familiares que já se foram, mas que
Drummond ainda os tem consigo na lembrança.
19. IV - A máquina do mundo
Última e principal parte! São apenas 2 poemas.
E um deles merece atenção especial, pois foi
considerado o melhor poema brasileiro do séc XX.
Justamente o nome desta sexta parte é o que dá
título ao grande poema.
O outro texto é “Relógio do Rosário”, composto de
22 dísticos decassílabos rimados.
20. AS PARTES DE “A MÁQUINA DO MUNDO”
(ALFREDO BOSI)
1ª: “Encontro no meio do caminho” (E1 a E4);
2ª: “A abertura da MM e o anúncio de sua fala” (E5 a V2E12)
3ª: “A fala da máquina. O discurso do mundo” (V3E12 a E16);
4ª : “A epifania do universo” (E17 a E23);
5ª: “A recusa do eu” (E24 a E30);
6ª: “O fechamento do mundo e a volta à condição de
caminhante” (E31 e E32).