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A PASSAROLA


“quem se atreve a sonhar, arrisca-se
a que algum dos seus sonhos se
realize” José Fernandes in: O Poeta e a Linguagem




       Prof. Elisabete Tavares
Prof. Elisabete Tavares
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce
                                                              Fernando Pessoa, poema O Infante




                               O sonho
      Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o
      mundo na sua órbita.(cap. XI Memorial do Convento)

                                                            O sonho é ver as formas invisíveis
Triste de quem vive em casa,                                Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Contente com o seu lar,                                     Movimentos da esp’rança e da vontade,
Sem que um sonho, no erguer da asa,                         Buscar na linha fria do horizonte
Faça até mais rubra a brasa                                 A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte-
Da lareira abandonar!                                       Os beijos merecidos na Verdade
      Fernando Pessoa , poema O quinto Império                        Fernando Pessoa, poema Horizonte



                                         Prof. Elisabete Tavares
Baltasarblimunda (trovante)
                   Metade barco e balão
                                                         Asas e bico


Outra metade a sonhar
                                            Guardadas estão as vontades

Que nos irão sustentar
                                         Criador, nas mão de um padre doutor

  Subiu no céu de Lisboa
                                                     Baltasar
       Blimunda




                           Prof. Elisabete Tavares
                                                                          Texto 5, pag.233
corre, um dia voará

                                       A PARTILHA DE UM SEGREDO…



UMA PROFUNDA AMIZADE
 Deitou o padre Bartolomeu Lourenço a bênção ao soldado e à vidente, eles beijaram-lhe a
  mão, mas no último momento se abraçaram os três, teve mais força a amizade do que o
  respeito, e o padre disse, Adeus Blimunda, adeus Baltasar, cuidem um do outro e da
  passarola, que eu voltarei um dia com o que vou buscar. (cap. IX)

A PARTILHA DE UM SONHO

   Foi Blimunda que veio abrir a porta. Estava escurecendo a tarde, mas ela reconheceu o
    vulto do padre que desmontava, quatro anos não é tanto tempo assim, beijou-lhe a mão,
    não andassem por ali vizinhos curiosos e seria diferente a saudação, que estes dois, estes
    três, quando estiver Baltasar, têm razões do coração que os governam, e, em tantas
    noites passadas, uma terá havido pelo menos, em que sonharam um mesmo sonho, viram
    a máquina de voar batendo asas, viram o sol explodindo em luz maior, e o âmbar atraindo
    o éter (cap. XI)



                                        Prof. Elisabete Tavares                        Texto5 (pág. 232)
A passarola
                       (…) parecia uma enorme concha, toda eriçada de arames, como um
                       cesto que, em meio fabrico, mostra as guias do entrançado. (cap. VI)




 Barca voadora




Epopeia dos ares




    E quando tudo estiver armado e concordante entre si, voarei
                                Prof. Elisabete Tavares
O funcionamento da passarola

                                           Uma vez por outra, Blimunda levanta-se mais cedo, antes
                                           de comer o pão de todas as manhãs ,e, deslizando ao longo
                                           da parede para evitar pôr os olhos em Baltasar, afasta o
                                           pano e vai inspecionar a obra feita, descobrir a fraqueza
Se Deus é maneta e fez o                   escondida do entrançado, a bolha de ar no interior do
            Qual o segredo do éter????
Universo, este homem sem                   ferro, e, acabada a vistoria, fica enfim a mastigar o
                                           alimento, pouco a pouco se tornando tão cega como a outra
mão pode atar a vela e o arame             gente que só pode ver o que à vista está. (cap. IX)
que hão-de voar .(cap. VI)




        …o caso é que ela voasse, e assim não pode voar se lhe falta o éter, Que é
        isso, perguntou Blimunda, É onde se suspendem as estrelas …para que a máquina se
        levante ao ar, é preciso que o sol atraia o âmbar que há-de estar preso nos arames do
        tecto, o qual, por sua vez, atrairá o éter que teremos introduzido dentro das esferas, o
        qual, por sua vez atrairá os ímanes que estarão por baixo, os quais, por sua vez, atrairão
        as lamelas de ferro de que se compõem o cavername da barca, e então subiremos ao
        ar. (cap IX)

                                                                                     Texto 6 (pag. 235)
                                            Prof. Elisabete Tavares
A construção da passarola: a tríade terrestre

                         Tu construirás a máquina, tu recolherás as
                         vontades, encontrar-nos-emos os três quando
                         chegar o dia de voar. (cap.XI)




É uma irmandade terrestre, o pai, o filho e o espírito santo. (cap. XIV)

                                                                     
                                Prof. Elisabete Tavares
O 4º ELEMENTO

           Na sua frente estava uma ave gigantesca, de asas abertas, cauda em
           leque, pescoço comprido, a cabeça ainda em tosco, por isso não se
           sabia se viria a ser falcão ou gaivota, É este o segredo, perguntou
           |Scarlatti| Este é, até hoje de três pessoas, agora de quatro, aqui está
           Baltasar Sete-Sóis, e Blimunda não se demora, anda na horta.


      SCARLATTI E A MÚSICA: O SABER ARTÍSTICO




Texto 7 (pag. 237)
                                        Prof. Elisabete Tavares
Domenico Scarlatti aproximou-se da máquina, que se
                        equilibrava sobre uns espeques laterais, pousou as
                        mãos numa das asas como se ela fosse um
                        teclado, e, singularmente, toda a ave vibrou apesar
                        do seu grande peso … se houver forças que façam
                        levantar isto, então ao            homem nada é
                        impossível
                        (cap. XIV))

(…) eu Bartolomeu Lourenço de Gusmão( que estou subindo ao céu por obra do meu
génio, por obra também dos olhos de Blimunda (por obra da mão direita de Baltasar (…)
e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a Blimunda e desatou a chorar (…). O padre
veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim
dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o
Espírito Santo, e estavam os três no céu, Só há um Deus, gritou, mas o
vento levou-lhe as palavras da boca. (cap. XVI)


O VOO DA PASSAROLA

                                 Prof. Elisabete Tavares
A passarola e o voo: simbologia


Simboliza a harmonia entre o desejo e a sua realização. Graças ao sonho, que
uniu Bartolomeu, Baltasar e Blimunda foi possível a conjugação harmoniosa da
ciência, do trabalho artesanal e da magia, aliadas à arte musical de Scarlatti, para
construir e fazer voar a passarola. A trindade terrestre conseguiu o feito de criar
e, com o quarto elemento, deu-lhe solidez, com os naturais limites. E renovou a
esperança da liberdade face a um mundo de opressão.

A passarola materializa o Sonho dos seus construtores, agentes do
progresso e simboliza a perfeição e a sabedoria do Homem, que possui
Vontade e Fé.


Representa uma visão do mundo não metafísica, mas ideológica: o
homem é o verdadeiro criador do mundo.


                                Prof. Elisabete Tavares
Elementos simbólicos (ver pág.
                     239 manual)
                            Ave: elemento mediador entre o Terra e o Céu, é o
                            mensageiro das divindades. Simboliza a leveza, a
                            libertação do peso terrestre e a elevação espiritual
Número 3: Número fundamental, o 3 representa a relação
espiritual do homem com Deus e com o Cosmos. Simboliza a
união do Céu e da Terra. Está associado à Santíssima
Trindade, isto é a perfeição da Unidade Divina.

Número 4: simboliza a constância, o percorrer passo a passo o
caminho. O 4 é a raiz de todas as coisas que acontecem no
Universo: 4 são as estações do ano; 4 as fases da lua, 4 os
elementos do Universo (terra, ar, fogo, e água), 4 os pontos
cardeais…
    Céu: simboliza a plenitude espiritual, a eternidade, a
    aspiração humana de conquista do absoluto.

                                                                        
                              Prof. Elisabete Tavares
Proposta de escrita
Comente a importância da ação de Blimunda no
sonho de voar, em Memorial do Convento, de
José Saramago, fazendo referências pertinentes à
obra.
Escreva um texto de 80 a 130 palavras



                   Prof. Elisabete Tavares
Cenários de resposta
                         A resposta deve contemplar, entre outros aspetos, os seguintes:



Dotada de poderes sobrenaturais – a extraordinária capacidade de vidência ( no
interior dos corpos e das coisas), Blimunda participa no sonho de voar:
     - inspecionando os materiais para a construção da passarola;
     - recolhendo as 2000 mil vontades com as quais enchem as esferas que
     fazem voar a máquina, pondo em risco a sua própria vida.


 Ela é o elemento mágico indispensável, sem o qual a concretização do sonho não
 tinha sido possível.

 Deve ser feita alusão a acontecimentos da obra (centrar-se no plano da
 construção da passarola)
                                   Prof. Elisabete Tavares

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A passarola (sonho e utopia) em Memorial do Convento

  • 1. A PASSAROLA “quem se atreve a sonhar, arrisca-se a que algum dos seus sonhos se realize” José Fernandes in: O Poeta e a Linguagem Prof. Elisabete Tavares
  • 3. Deus quer, o homem sonha, a obra nasce Fernando Pessoa, poema O Infante O sonho Além da conversa das mulheres, são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita.(cap. XI Memorial do Convento) O sonho é ver as formas invisíveis Triste de quem vive em casa, Da distância imprecisa, e, com sensíveis Contente com o seu lar, Movimentos da esp’rança e da vontade, Sem que um sonho, no erguer da asa, Buscar na linha fria do horizonte Faça até mais rubra a brasa A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte- Da lareira abandonar! Os beijos merecidos na Verdade Fernando Pessoa , poema O quinto Império Fernando Pessoa, poema Horizonte Prof. Elisabete Tavares
  • 4. Baltasarblimunda (trovante) Metade barco e balão Asas e bico Outra metade a sonhar Guardadas estão as vontades Que nos irão sustentar Criador, nas mão de um padre doutor Subiu no céu de Lisboa Baltasar Blimunda Prof. Elisabete Tavares Texto 5, pag.233
  • 5. corre, um dia voará A PARTILHA DE UM SEGREDO… UMA PROFUNDA AMIZADE  Deitou o padre Bartolomeu Lourenço a bênção ao soldado e à vidente, eles beijaram-lhe a mão, mas no último momento se abraçaram os três, teve mais força a amizade do que o respeito, e o padre disse, Adeus Blimunda, adeus Baltasar, cuidem um do outro e da passarola, que eu voltarei um dia com o que vou buscar. (cap. IX) A PARTILHA DE UM SONHO  Foi Blimunda que veio abrir a porta. Estava escurecendo a tarde, mas ela reconheceu o vulto do padre que desmontava, quatro anos não é tanto tempo assim, beijou-lhe a mão, não andassem por ali vizinhos curiosos e seria diferente a saudação, que estes dois, estes três, quando estiver Baltasar, têm razões do coração que os governam, e, em tantas noites passadas, uma terá havido pelo menos, em que sonharam um mesmo sonho, viram a máquina de voar batendo asas, viram o sol explodindo em luz maior, e o âmbar atraindo o éter (cap. XI) Prof. Elisabete Tavares Texto5 (pág. 232)
  • 6. A passarola (…) parecia uma enorme concha, toda eriçada de arames, como um cesto que, em meio fabrico, mostra as guias do entrançado. (cap. VI) Barca voadora Epopeia dos ares E quando tudo estiver armado e concordante entre si, voarei Prof. Elisabete Tavares
  • 7. O funcionamento da passarola Uma vez por outra, Blimunda levanta-se mais cedo, antes de comer o pão de todas as manhãs ,e, deslizando ao longo da parede para evitar pôr os olhos em Baltasar, afasta o pano e vai inspecionar a obra feita, descobrir a fraqueza Se Deus é maneta e fez o escondida do entrançado, a bolha de ar no interior do Qual o segredo do éter???? Universo, este homem sem ferro, e, acabada a vistoria, fica enfim a mastigar o alimento, pouco a pouco se tornando tão cega como a outra mão pode atar a vela e o arame gente que só pode ver o que à vista está. (cap. IX) que hão-de voar .(cap. VI) …o caso é que ela voasse, e assim não pode voar se lhe falta o éter, Que é isso, perguntou Blimunda, É onde se suspendem as estrelas …para que a máquina se levante ao ar, é preciso que o sol atraia o âmbar que há-de estar preso nos arames do tecto, o qual, por sua vez, atrairá o éter que teremos introduzido dentro das esferas, o qual, por sua vez atrairá os ímanes que estarão por baixo, os quais, por sua vez, atrairão as lamelas de ferro de que se compõem o cavername da barca, e então subiremos ao ar. (cap IX) Texto 6 (pag. 235) Prof. Elisabete Tavares
  • 8. A construção da passarola: a tríade terrestre Tu construirás a máquina, tu recolherás as vontades, encontrar-nos-emos os três quando chegar o dia de voar. (cap.XI) É uma irmandade terrestre, o pai, o filho e o espírito santo. (cap. XIV)  Prof. Elisabete Tavares
  • 9. O 4º ELEMENTO Na sua frente estava uma ave gigantesca, de asas abertas, cauda em leque, pescoço comprido, a cabeça ainda em tosco, por isso não se sabia se viria a ser falcão ou gaivota, É este o segredo, perguntou |Scarlatti| Este é, até hoje de três pessoas, agora de quatro, aqui está Baltasar Sete-Sóis, e Blimunda não se demora, anda na horta. SCARLATTI E A MÚSICA: O SABER ARTÍSTICO Texto 7 (pag. 237) Prof. Elisabete Tavares
  • 10. Domenico Scarlatti aproximou-se da máquina, que se equilibrava sobre uns espeques laterais, pousou as mãos numa das asas como se ela fosse um teclado, e, singularmente, toda a ave vibrou apesar do seu grande peso … se houver forças que façam levantar isto, então ao homem nada é impossível (cap. XIV)) (…) eu Bartolomeu Lourenço de Gusmão( que estou subindo ao céu por obra do meu génio, por obra também dos olhos de Blimunda (por obra da mão direita de Baltasar (…) e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a Blimunda e desatou a chorar (…). O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo, e estavam os três no céu, Só há um Deus, gritou, mas o vento levou-lhe as palavras da boca. (cap. XVI) O VOO DA PASSAROLA Prof. Elisabete Tavares
  • 11. A passarola e o voo: simbologia Simboliza a harmonia entre o desejo e a sua realização. Graças ao sonho, que uniu Bartolomeu, Baltasar e Blimunda foi possível a conjugação harmoniosa da ciência, do trabalho artesanal e da magia, aliadas à arte musical de Scarlatti, para construir e fazer voar a passarola. A trindade terrestre conseguiu o feito de criar e, com o quarto elemento, deu-lhe solidez, com os naturais limites. E renovou a esperança da liberdade face a um mundo de opressão. A passarola materializa o Sonho dos seus construtores, agentes do progresso e simboliza a perfeição e a sabedoria do Homem, que possui Vontade e Fé. Representa uma visão do mundo não metafísica, mas ideológica: o homem é o verdadeiro criador do mundo. Prof. Elisabete Tavares
  • 12. Elementos simbólicos (ver pág. 239 manual) Ave: elemento mediador entre o Terra e o Céu, é o mensageiro das divindades. Simboliza a leveza, a libertação do peso terrestre e a elevação espiritual Número 3: Número fundamental, o 3 representa a relação espiritual do homem com Deus e com o Cosmos. Simboliza a união do Céu e da Terra. Está associado à Santíssima Trindade, isto é a perfeição da Unidade Divina. Número 4: simboliza a constância, o percorrer passo a passo o caminho. O 4 é a raiz de todas as coisas que acontecem no Universo: 4 são as estações do ano; 4 as fases da lua, 4 os elementos do Universo (terra, ar, fogo, e água), 4 os pontos cardeais… Céu: simboliza a plenitude espiritual, a eternidade, a aspiração humana de conquista do absoluto.  Prof. Elisabete Tavares
  • 13. Proposta de escrita Comente a importância da ação de Blimunda no sonho de voar, em Memorial do Convento, de José Saramago, fazendo referências pertinentes à obra. Escreva um texto de 80 a 130 palavras Prof. Elisabete Tavares
  • 14. Cenários de resposta A resposta deve contemplar, entre outros aspetos, os seguintes: Dotada de poderes sobrenaturais – a extraordinária capacidade de vidência ( no interior dos corpos e das coisas), Blimunda participa no sonho de voar: - inspecionando os materiais para a construção da passarola; - recolhendo as 2000 mil vontades com as quais enchem as esferas que fazem voar a máquina, pondo em risco a sua própria vida. Ela é o elemento mágico indispensável, sem o qual a concretização do sonho não tinha sido possível. Deve ser feita alusão a acontecimentos da obra (centrar-se no plano da construção da passarola) Prof. Elisabete Tavares