O poema descreve a juventude como uma época de sonhos e liberdade roubados por uma sociedade artificial e mercadológica. A juventude é retratada como uma "tremenda miséria de vida" onde os jovens são privados de inteligência e individualidade. O poema critica a visão otimista de que a juventude é uma época feliz e cheia de possibilidades.
1. Juventude Transviada
Corpos que andam apressados tão cheios de rumo
com aparência de doutores obstinados a lhe oferecer um sorriso barato
como aquele quando estava morrendo em um hospital público
e vinha um homem de branco com aparência doentia, coisa do tipo,
parecia um anjo, não parecia gente, a me olhar com aqueles olhos opacos:
- Você ficará bem, ainda é jovem.
Jovem, para que me serve uma juventude sem sonhos, ou melhor,
dotada de fantasias projetadas por algum estudioso mercadológico
a prescutar meios de infurnar ideologias baratas na minha mente.
O que desejo é liberdade para voar como os pássaros,
seguindo minhas próprias percepções a mercê dos ventos
como quem sabe reconhecer que nem tudo é pra sempre,
mas do momento pode-se tirar o melhor proveito.
Só o conhecimento é a chave da libertação.
Clássicos como Schopenhauer, Rimbaud,
Allen Ginsberg dão asas a minha serpente,
levam-me a gritar desesperadamente
Malditos! Malditos! Malditos!
Profetas selvagens da carnificina humana!
Era moderna: Isso não é juventude para ninguém.
É a construção de uma sociedade artificial,
(des-) dotada de inteligência cognitiva.
Isto é uma tremenda miséria de vida "jovem"
que o apático homem de branco me disse:
- Você ficará bem, ainda é jovem.
2. O sonho acabou.
Adoráveis lobos devoradores
de almas sujas e insanas
durante muito tempo
tenho servido de alimento
mantendo sua sobrevivência,
porém o dia da misericórdia chegou
fez-se a noite alento das minhas angústias
e tornei-me tão perverso quanto meus mentores,
dos quais agora os vejo com seus olhos de fogo
a colocar um sorriso na cara como palhaços
estendido pelo corte afiado da minha lâmina.
Já não há governos, ninguém no controle.
Os devoradores serão devorados como carne podre
seus ossos ficarão dilacerados como fagulhas de pedra,
arrancar-se-á seus os olhos com calor da vida
como demonstração do terror das suas almas imundas
aniquilados pelo próprio veneno.
O filho matou seu velho pai desgraçado.
a história não tem fim, é apenas o começo
3. Até Quando?
De menino alegre e sorridente
hoje se tornou homem triste e decadente,
nutrido pela força do capital
continua na caça animal.
Pobre animal na verdade
tudo na sua vida é infelicidade,
na sua busca incessante pela paz
vive preso igualmente Barrabás:
uma liberdade presa na imposição
de uma sociedade sem condição
de caracterizá-la como humana
se fel do seu ventre fétido emana.
Até quando, até quando
poderemos ser verdadeiros,
verdadeiros humanos.
Até quando, até quando
Vamos ficar parado chorando
sem levantar nossos punhos a luta
ao invés de ficar só lamentando.
Até quando?!
4. Sou é a questão?
Ouço os gritos da minha voz
como ecos sobre minha mente
perturbada neste mundo
funesto e medíocre,
cheio de contristes e conturbações;
tenho feito parte sem participar,
semelhante a um fantoche,
controlado por sentimentos vagos e vazios
que me levam para uma realidade
cada vez mais sombria
que estende-se a minha frente
sem início meio e fim.
simplesmente macabro.
Derivadamente desconhecida
sem premissa básica de
uma nova acepção que me
possibilite constituir
uma nova dimensão
de expectativa contundentes
que me norteie uma direção...
Os gritos se tornam mais fortes
a cada passo avançado
me guiando para um duelo
de eloquência acirrada
entre moral e minha difusa consciência,
corrompida por sensações de um mundo obscuro
do qual surge minha essência.
Afinal sou eu... quem sou eu?
nada mais do que
5. um mero espectro de uma existência
sem sentido.
Devaneios na cama.
Espero o nascer o do sol sobre a noite quente,
que me tira o sono, me faz pensar
em como está minha vida,
penso em tantas coisas
que coisas na verdade se tornam pensamentos
tão enevoantes quanto o vento que uiva lá fora.
Meus olhos fechados
enxergam pequenas luzes na escuridão
como se fossem estrelas no céu.
Penso o quanto é importante estar vivo,
O quanto posso ser feliz! Ou talvez não?
isso me faz pensar em escolhas.
Dormir ou não dormir? Eis a questão.
Abro olhos e me deparo com um teto escuro,
de aparência sombria e misteriosa,
imóvel sobre minha cabeça.
penso melhor e opto pela melhor decisão:
Melhor dormir!