2. • Os transtornos da infância diretamente
relacionados com o comportamento são os
transtornos de oposição e desafio e o
transtorno de conduta. São caracterizados por
um padrão repetitivo e persistente de
comportamento agressivo, desafiador, indo
contra as regras de convivência social.
3. • Tal comportamento deve ser suficientemente
grave, sendo diferente de travessuras infantis
ou rebeldia "normal" da adolescência. O
Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem
maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12
anos e atinge mais meninos que meninas. Tem
como característica um comportamento
opositor às normas, discute com adultos,
perde o controle, fica aborrecido facilmente e
aborrece aos outros.
4. • No Transtorno de Conduta, que é mais comum
entre adolescentes do que crianças e é mais
comum também entre meninos, o padrão
disfuncional de comportamento é mais grave
que no Transtorno de oposição e desafio. Eles
freqüentemente agridem pessoas e animais,
envolvem-se em brigas, em destruição de
propriedade alheia, furtos ou ainda agressão
sexual
5. • Sérias violações de regras, como fugir de casa,
não comparecimento sistemático à aula e
enfrentamento desafiador e hostil com os pais
também são sinais da doença. Esse transtorno
está freqüentemente associado à ambientes
psicossociais adversos, tais como:
instabilidade familiar, abuso físico ou sexual,
violência familiar, alcoolismo e sinais de
severa perturbação dos pais.
6. • A comorbidade desses transtornos com o
abuso de substâncias e TDAH chega a quase
50%. O tratamento dos transtornos de
oposição e de conduta envolve principalmente
psicoterapia individual e familiar, e às vezes
reclusão em unidades corretivas. O
tratamento das comorbidades é fundamental
e pode necessitar de medicação (nos casos de
TDAH) ou até internação (em quadros graves
de dependência química).
7. Transtorno de Conduta
O Transtorno de Conduta (TC) é o distúrbio
psiquiátrico mais freqüente na infância e
adolescência e a primeira causa de
encaminhamento ao Psiquiatra Infantil.
Constitui-se de uma constelação de
comportamentos anti-sociais e agressivos, que
podem se tornar proeminentes já numa fase
muito precoce da infância (Assumpção, 2003).
8. • Os fatores de risco mais importantes para o
desenvolvimento do transtorno, segundo o
estudo de Ontário são:
• Disfunção no funcionamento familiar;
• Doença mental dos pais;
• Baixa renda (para crianças de 4 a 11 anos,
mas não para adolescentes) (Offord et al,
1987).
9. • Para o diagnóstico, o DSM-IV propõe os seguintes
critérios:
• A – Padrão repetitivo e persistente de
comportamento no qual são violados os direitos
básicos dos outros ou normas ou regras sociais
importantes apropriadas à idade, manifestado
pela presença de 3 ou + dos seguintes critérios
nos últimos 12 meses, com pelo menos um
critério presente nos últimos 6 meses
10. Agressão a pessoas e animais
• Freqüentemente provoca, ameaça ou intimida outros
• Freqüentemente inicia lutas corporais
• Utilizou uma arma capaz de causar sério dano físico a
outros (p.ex. bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de
fogo)
• Foi fisicamente cruel com pessoas
• Foi fisicamente cruel com animais
• Roubou com confronto com a vítima (p.ex. bater carteira,
arrancar bolsa, extorsão, assalto à mão armada)
• Forçou alguém a ter atividade sexual consigo
11. Destruição de propriedade
• Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndio
com a intenção de causar sérios danos
• Destruiu deliberadamente a propriedade alheia (diferente
de provocação de incêndio)
• Defraudação ou furto
• Arrombou residência, prédio ou automóvel alheios.
• Mente com freqüência para obter bens ou favores ou para
evitar obrigações legais (isto é, ludibria outras pessoas)
• Roubou objetos de valor sem confronto com a vítima (p.ex.
furto em lojas, mas sem arrombar e invadir; falsificação)
12. Sérias violações de regras
• Freqüentemente permanece na rua à noite, apesar de proibições
dos pais, iniciando antes dos 13 anos de idade.
• Fugiu de casa à noite pelo menos 2 vezes, enquanto vivia na casa
dos pais ou lar adotivo (ou uma vez, sem retornar por um extenso
período)
• Freqüentemente gazeteia à escola, iniciando antes dos 13 anos de
idade.
• A perturbação no comportamento causa prejuízo clinicamente
significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
• Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, não são satisfeitos os critérios
para o Transtorno de Personalidade Anti-social (DSM-IV, 1995).
13. COMORBIDADES
• TDAH (43%, mais comum na infância e nos meninos; maior incidência de
persistência dos comportamentos anti-sociais na vida adulta);
• Ansiedade, depressão e TOC (33%, mais comum na adolescência e nas
meninas).
• O transtorno de conduta está associado a baixo rendimento escolar e a
problemas de relacionamento com colegas.
• Fatores Associados: ser do sexo masculino, receber cuidados maternos e
paternos inadequados, viver em meio a discórdia conjugal, ser criado por
pais agressivos e violentos, ter mãe com problemas de saúde mental,
residir em áreas urbanas e ter nível sócio-econômico baixo. Para homens,
o fator de risco mais importante parece ser pais com problemas de saúde
mental e para mulheres, abuso sexual na infância e o fato de terem sido
criadas por pais com comportamento anti-social ou abuso de álcool/
drogas.
14. Prevalência
Quanto ao Transtorno de Conduta, sua prevalência varia de acordo
com os vários estudos da área, ficando entre 5 e 10%, sendo 2 a 3
vezes mais comum entre os meninos, embora esta proporção venha
diminuindo ao longo dos últimos anos. É o diagnóstico mais
freqüente na população de meninos e responsável por quase ¾ de
todos os transtornos diagnosticados nesta população. A situação
sócio-econômica interfere nestes dados, sendo observada uma
duplicação nos índices de TC para populações mais pobres.
Acompanhando-se o desenvolvimento destas crianças, observa-se
uma diminuição na freqüência de sintomas de menor gravidade
com a idade e aumento daqueles de natureza mais séria
(vandalismo, tentar machucar alguém, crueldade com animais) a
medida em que vão se tornando mais velhos (Rutter, 2002)
15. TRATAMENTO
• Detecção precoce, ação preventiva, intervenções
psicossociais junto aos pais e à escola.
• Com relação aos psicofármacos, estes são
indicados quando há comorbidades ou para
alguns sintomas alvo (ex: idéias paranóides
associadas a agressividade, convulsões).