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Folhas de
OUTONO    Era outono, as folhas caíam das
arvores, amareladas, já sem vida, algo de
certa forma charmoso para mim. O vento
frio que soprava do oeste nos obrigava a
usar os mais pesados agasalhos. O
tempo já se fechava, trovões anunciavam
a tempestade. Não demora muito e os
primeiros pingos de chuva tocam o asfalto
que fora colocado a menos de seis
meses, as pessoas correm desesperadas
a procura de um abrigo.
Folhas de
OUTONO   Minha mãe acabara de me
buscar da escola, estávamos indo para
casa quando a chuva se intensificou,
lembro-me de minha mãe me pegando no
colo e correndo em meio à chuva, ela
tentava me proteger com seu casaco, não
queria que eu ficasse doente.
Folhas de
OUTONO    O amor que sentíamos uma pela
outra era maior do que um amor de mãe
para filha, ou vice-versa, era algo tão
bonito, tão intenso. Ela era linda, cabelos
castanhos e levemente cacheados, olhos
esverdeados como esmeraldas, o sorriso
era tão lindo, parecia tocar minha alma, e
seu rosto, angelical. Morávamos sozinhas
em uma precária cabana de sapê, que
fora construída por meu próprio pai, anos
antes de morrer, não tínhamos muitas
coisas, na verdade, apenas dois
colchonetes e alguns cobertores para nos
protegermos nas noites de inverno.
Folhas de
OUTONO    Minha mãe era uma mulher
batalhadora, incansável, mas eu sentia
que ela estava perdendo a batalha contra
a nossa difícil vida. Ela trabalhava em
uma pequena cantina italiana, como
garçonete, o dinheiro que ganhava mal
dava para comprar algo para comer.
Apesar de todos os problemas, eu era
uma típica criança de cinco anos,
brincava em meio ao quintal, tentava me
distrair com coisas do cotidiano, pois não
tinha brinquedos.
Folhas de
OUTONO    As tardes de outono eram
perfeitas para mim, adorava aquela
estação, ainda não sei o porquê, as folhas
alaranjadas das arvores canadenses me
encantava, era algo tão bonito de se ver.
Sentava-me aos pés das arvores e ficava
ali, por horas, apenas observando as
folhas secas caírem e tocarem no chão. O
sino da igreja dava suas badaladas,
avisando que já passava das 18h00,
minha mãe então grita por mim, era hora
do jantar.
Folhas de
OUTONO   Sento-me a mesa, espero minha
mãe servir o jantar, nada especial, apenas
uma leve sopa, era o que tínhamos para
comer. Após isto, sigo até meu quarto,
sento-me em frente a pequena janela, e
continuo a observar as folhas caírem
secas. Era tão estranho, parecia à vida
imitando a natureza, assim como as
folhas, minha mãe parecia estar caindo
seca ao chão, sem forças, destruída pela
vida, e eu não podia fazer nada.
Folhas de
OUTONO    Às vezes culpava-me pela
situação em que estávamos talvez se eu
não tivesse nascido minha mãe estaria
em uma situação melhor. O silencio da
noite já tomava conta de nossa casa,
minha mãe me põe para dormir e se
despede me dando um doce beijo no
rosto e uma boa noite, ela deixa o quarto
o mais rápido possível, talvez não
quisesse que eu a visse chorando, pois
havia sido demitida pela manhã. Ela
chorava baixinho em seu quarto,
afogando suas lagrimas em seu
travesseiro, eu poderia ir até lá, para
consolá-la, mas só pioraria a situação.
Folhas de
OUTONO    O sol se põe, e os primeiros
raios de luz atingem o meu quarto através
da janela sem cortina, me levanto e já me
preparo para ir até a escola. Desço as
escadas, feitas de bambu, e me despeço
de minha mãe, a mesma estava com seus
olhos inchados, parecia ter chorado
durante toda a madrugada, pergunto se
estava tudo bem, “sim” respondeu, mas
seu tom de voz contradizia o que ela
afirmava.
Folhas de
OUTONO    Alguns meses se passaram a
cada dia nossa situação piorava minha
mãe não conseguia encontrar nenhum
emprego, não comia, não dormia, estava
nitidamente derrotada, mas ainda
relutava, como um servo tentando
escapar das garras de um leão.
Folhas de
OUTONO   Eu havia terminado de completar
seis anos, e via minha mãe morrendo
pouco a pouco, era angustiante, ela
estava tendo o mesmo destino que meu
pai havia levado, eu estava lá, impotente.
O que poderia fazer? Era a pergunta que
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Cap 9
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Cap 8
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Cap 8
 

Cap 1

  • 1.
  • 2.
  • 3. Folhas de OUTONO Era outono, as folhas caíam das arvores, amareladas, já sem vida, algo de certa forma charmoso para mim. O vento frio que soprava do oeste nos obrigava a usar os mais pesados agasalhos. O tempo já se fechava, trovões anunciavam a tempestade. Não demora muito e os primeiros pingos de chuva tocam o asfalto que fora colocado a menos de seis meses, as pessoas correm desesperadas a procura de um abrigo.
  • 4. Folhas de OUTONO Minha mãe acabara de me buscar da escola, estávamos indo para casa quando a chuva se intensificou, lembro-me de minha mãe me pegando no colo e correndo em meio à chuva, ela tentava me proteger com seu casaco, não queria que eu ficasse doente.
  • 5. Folhas de OUTONO O amor que sentíamos uma pela outra era maior do que um amor de mãe para filha, ou vice-versa, era algo tão bonito, tão intenso. Ela era linda, cabelos castanhos e levemente cacheados, olhos esverdeados como esmeraldas, o sorriso era tão lindo, parecia tocar minha alma, e seu rosto, angelical. Morávamos sozinhas em uma precária cabana de sapê, que fora construída por meu próprio pai, anos antes de morrer, não tínhamos muitas coisas, na verdade, apenas dois colchonetes e alguns cobertores para nos protegermos nas noites de inverno.
  • 6. Folhas de OUTONO Minha mãe era uma mulher batalhadora, incansável, mas eu sentia que ela estava perdendo a batalha contra a nossa difícil vida. Ela trabalhava em uma pequena cantina italiana, como garçonete, o dinheiro que ganhava mal dava para comprar algo para comer. Apesar de todos os problemas, eu era uma típica criança de cinco anos, brincava em meio ao quintal, tentava me distrair com coisas do cotidiano, pois não tinha brinquedos.
  • 7. Folhas de OUTONO As tardes de outono eram perfeitas para mim, adorava aquela estação, ainda não sei o porquê, as folhas alaranjadas das arvores canadenses me encantava, era algo tão bonito de se ver. Sentava-me aos pés das arvores e ficava ali, por horas, apenas observando as folhas secas caírem e tocarem no chão. O sino da igreja dava suas badaladas, avisando que já passava das 18h00, minha mãe então grita por mim, era hora do jantar.
  • 8. Folhas de OUTONO Sento-me a mesa, espero minha mãe servir o jantar, nada especial, apenas uma leve sopa, era o que tínhamos para comer. Após isto, sigo até meu quarto, sento-me em frente a pequena janela, e continuo a observar as folhas caírem secas. Era tão estranho, parecia à vida imitando a natureza, assim como as folhas, minha mãe parecia estar caindo seca ao chão, sem forças, destruída pela vida, e eu não podia fazer nada.
  • 9. Folhas de OUTONO Às vezes culpava-me pela situação em que estávamos talvez se eu não tivesse nascido minha mãe estaria em uma situação melhor. O silencio da noite já tomava conta de nossa casa, minha mãe me põe para dormir e se despede me dando um doce beijo no rosto e uma boa noite, ela deixa o quarto o mais rápido possível, talvez não quisesse que eu a visse chorando, pois havia sido demitida pela manhã. Ela chorava baixinho em seu quarto, afogando suas lagrimas em seu travesseiro, eu poderia ir até lá, para consolá-la, mas só pioraria a situação.
  • 10. Folhas de OUTONO O sol se põe, e os primeiros raios de luz atingem o meu quarto através da janela sem cortina, me levanto e já me preparo para ir até a escola. Desço as escadas, feitas de bambu, e me despeço de minha mãe, a mesma estava com seus olhos inchados, parecia ter chorado durante toda a madrugada, pergunto se estava tudo bem, “sim” respondeu, mas seu tom de voz contradizia o que ela afirmava.
  • 11. Folhas de OUTONO Alguns meses se passaram a cada dia nossa situação piorava minha mãe não conseguia encontrar nenhum emprego, não comia, não dormia, estava nitidamente derrotada, mas ainda relutava, como um servo tentando escapar das garras de um leão.
  • 12. Folhas de OUTONO Eu havia terminado de completar seis anos, e via minha mãe morrendo pouco a pouco, era angustiante, ela estava tendo o mesmo destino que meu pai havia levado, eu estava lá, impotente. O que poderia fazer? Era a pergunta que tomava minha mente e atormentava minha alma.