1. 1
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CONTROLES FINANCEIROS: UM ENFOQUE ACERCA DAS FINANÇAS
EMPRESARIAIS
Mariane Litenski1
Jeferson Lozeckyi2
Aprovado em 12 de setembro de 2006
RESUMO
O presente artigo foi desenvolvido com o objetivo de chamar a atenção dos
Micro e Pequenos Empresários para a administração financeira de seus
empreendimentos. Consciente da falta de conhecimentos, por parte dos
empresários, sobre as finanças empresariais, reuniu-se assuntos fundamentais à
boa administração financeira. Foram evidenciados conceitos sobre a importância
da Administração Financeira e do Administrador Financeiro, bem como os
Demonstrativos Financeiros utilizados para o desempenho de suas funções e,
ainda, uma visão geral sobre a situação da Administração Financeira das Micro e
Pequenas Empresas.
Palavras-chave: Administração Financeira, Administrador Financeiro, Fluxo de
Caixa, Micro e Pequenas Empresas.
ABSTRACT
The present article was developed with the objective to call the attention of Small
and Micro entrepreneurs to the Financial Administration of their enterprises.
Conscious of the lack of knowledge, by the entrepreneurs, on enterprise
finances, it was collected essential subjects to good Financial Administration. It
has been evidenced concepts on the importance of Financial Administration and
the Financial Administrator, as well as the Financial Demonstratives used for the
performance of its functions and also a general vision on the situation of Small
and Micro Enterprises Financial Administration.
Key words: Financial Administration, Financial Administrator, Money flow , Small
and Micro Enterprises.
1 INTRODUÇÃO
A história vem provando que a sociedade depende de registros contábeis
e econômico-financeiro para obter bons desempenhos quer no campo
1
Pós-Graduanda do Curso de Especialização (Pós-Graduação latu sensu) em Controladoria Estratégica e
Finanças. UNICENTRO. 2006.
2
Professor Orientador. Ms em Ciências Sociais e Aplicadas - Contabilidade. Departamento de Ciências
Contábeis. UNICENTRO.
LITENSKI, M.; LOZECKYI, J. - Controles Financeiros: Um Enfoque Acerca das Finanças
Empresariais
2. 2
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governamental, empresarial ou mesmo familiar. Hoje, esses conceitos são fortes
aliados aos empresários, fornecendo relatórios que podem ser analisados e a
partir daí diagnosticar a situação financeira da empresa.
Justifica-se o presente artigo, como sendo uma forma de apoio aos
microempresários, fazendo com que eles possam planejar, implementar e
controlar suas tomadas de decisões dentro da empresa, preenchendo a lacuna
existente no mercado acerca do assunto controles financeiros.
Primeiramente, faz-se uma análise sobre a Função Financeira na
Empresa, apresentando conceitos e objetivos da administração financeira e do
administrador financeiro.
Em seguida são demonstradas as Ferramentas Financeiras utilizadas
pelo administrador financeiro no desempenho de suas funções, conceitos e
objetivos sobre o Fluxo de Caixa, Balanço Patrimonial, Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos (DOAR).
Após, é apresentada a metodologia utilizada na realização do artigo, os
métodos e procedimentos a serem utilizados na coleta de material, análise do
material e obtenção de informações.
Por fim, são tratados alguns aspectos da classificação, das características,
pontos fortes e fracos da situação das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Função Financeira na Empresa
2.1.1 Definição e objetivos da administração financeira
Administração Financeira compreende o registro e análise da vida
econômica da empresa, metas a serem atingidas em determinado prazo,
gerência das fontes de renda e dos investimentos destinados a gerar recursos
que a sustentem. Trata das atividades de controle contábil, abrangendo tanto a
contabilidade comercial quanto a fiscal, o controle financeiro das contas a
receber e dos valores a pagar, bem como distribuição dos recursos na empresa.
Trata também das responsabilidades de manter um fluxo contínuo de recursos,
para que não sejam adiadas decisões importantes para a vida da organização.
Segundo SANVICENTE (1987, p.21), “o objetivo básico da administração
financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento dos
proprietários, visando à rentabilidade máxima, sem comprometer a liquidez da
empresa”.
Para LIMA (1980, p.11) a Administração Financeira tem por objetivos:
“1) Manter a empresa em permanente situação de liquidez, como
condição básica ao desenvolvimento normal de suas atividades;
2) Obter novos recursos para planos de expansão, com base em
estudos de viabilidade econômico-financeiro e aos menores
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custos possível; 3) Assegurar o necessário equilíbrio entre os
objetivos de lucro e os de liquidez financeira, quantificando os
planos de expansão de acordo com as possibilidades de
obtenção de recursos, próprios ou de terceiros”.
2.1.2 Importância da Administração Financeira para as Empresas
A extensão e a importância da função financeira dependem, em grande
parte, do tamanho da empresa. Segundo GITMAN (1984, p.9):
“em empresas pequenas, a função financeira é geralmente
realizada pelo departamento de Contabilidade. À medida que a
empresa cresce, a importância da função financeira leva à criação
de um Departamento Financeiro, uma unidade organizacional
autônoma, ligada diretamente ao Presidente da companhia,
através de um Vice-Presidente de Finanças”.
A figura 1 mostra um organograma destacando a estrutura da atividade
financeira dentro da empresa. Reportando ao Vice-Presidente de Finanças estão
o Tesoureiro e o “Controller”.
Figura 1 – Organograma Financeiro.
PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTE DE VICE-PRESIDENTE DE VICE-PRESIDENTE DE
PRODUÇÃO FINANÇAS MARKETING
TESOUREIRO CONTROLLER
Fonte: GITMAN, (1984, p.10)
O tesoureiro é responsável pelo planejamento, controle e movimentação
de recursos financeiros e o “controller” é responsável pelo planejamento,
controle e análise das operações e investimentos. Ambos fornecem ao
administrador financeiro o suporte necessário para a tomada de decisões.
A Administração Financeira é importante em todos os tipos de negócio,
incluindo-se bancos e outras instituições financeiras, bem como indústrias e
empresas varejistas. Ela também é importante em operações governamentais e
escolas. Tem a responsabilidade de buscar e utilizar efetivamente os recursos
necessários, visando o funcionamento eficiente da empresa. Essa dualidade de
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responsabilidade leva a entender que as dimensões da administração financeira
são muito mais vastas e mais complexas do que a mera aquisição de tais
recursos.
Uma vez obtidos recursos, seja para ampliar a capacidade de produção,
seja para financiar maior volume de vendas, ou para qualquer outra modalidade
de aplicação, inicia-se uma série de medidas que a empresa precisa tomar com
a finalidade de obter o maior e melhor rendimento possível, tendo sempre em
mente sua responsabilidade perante a coletividade na qual existe, os
funcionários que nela colaboram, bem como os proprietários e terceiros,
fornecedores dos recursos necessários à empresa.
2.1.3 Atribuições do Administrador Financeiro de uma Empresa
O Administrador Financeiro contribui consideravelmente com os
conhecimentos técnicos que conduzem de forma harmônica as atividades e
operações existentes em função do negócio da empresa. É um profissional que
cuida das finanças, cumprindo seus compromissos nas datas dos vencimentos,
captando recursos, quando necessário, a um custo mais baixo. Ou ainda, num
panorama melhor, aplicando as sobras nos investimentos mais atraentes.
Segundo GITMAN (1984, p.20), “já que a maioria das tomadas de
decisões da empresa é medida em termos financeiros, não surpreende que o
administrador financeiro desempenhe um papel-chave na operação da
empresa”. É importante que todos os responsáveis por decisões, independente
de sua área de atuação, tenham uma visão básica sobre a função financeira.
Para SANVICENTE (1987, p.17):
“o Administrador Financeiro é o individuo ou grupo de indivíduos
preocupados com (1) a obtenção de recursos monetários para
que a empresa desenvolva as suas atividades correntes e
expanda a sua escala de operações, se assim for desejável, e (2)
a análise da maneira (eficiência) com a qual os recursos obtidos
são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de
atuação da empresa”.
Sendo assim, destaca-se três funções básicas do Administrador
Financeiro que são:
● Análise, planejamento e controle financeiro – envolve a transformação
dos dados financeiros em uma forma que possa ser usada para orientar a
posição financeira da empresa, avaliar a necessidade de aumento da
capacidade produtiva e determinar que tipo de financiamento deve ser
feito.
● Administração da estrutura do ativo da empresa – compete ao
administrador financeiro determinar a composição e os tipos de ativos
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encontrados no Balanço da empresa. As decisões de investimentos
dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em
ativos circulantes, realizáveis a longo prazo e permanente, considerando-
se aqui os riscos e retornos existentes em operações que viabilizem as
respectivas aplicações dos recursos financeiros.
● Administração da estrutura financeira da empresa – deve avaliar a
composição mais adequada de financiamento e saber quais as melhores
fontes de financiamento para a empresa a curto e a longo prazo.
Essas três funções do administrador financeiro estão refletidas no
Balanço, pois mostra a posição financeira da empresa num determinado
momento. É tarefa do Administrador Financeiro inspecionar as operações da
empresa e procurar áreas que mostrem problemas e áreas que possam ser
melhoradas.
O Administrador Financeiro analisa os dados de modo a orientar o
progresso da empresa, ao administrar o ativo e a estrutura financeira da
empresa, toma decisões que afetam bastante a saúde da empresa, refletida no
seu balanço. Segundo GITMAN (1984, p.20) “o administrador financeiro precisa
realizar suas funções, tendo em vista o objetivo global da empresa de maximizar
a riqueza dos proprietários, que é uma estratégia mais importante do que a
maximização do lucro”.
2.1.4 A Meta do Administrador Financeiro
O Administrador Financeiro deve visar atingir os objetivos dos
proprietários da empresa. Alguns acreditam que o objetivo dos proprietários é
sempre a maximização do lucro; outros crêem que é a maximização da riqueza.
Segundo GITMAN (1984, p.11), “a maximização da riqueza é a
abordagem preferida por cinco razões básicas: considera (1) o retorno realizável
do proprietário, (2) uma perspectiva a longo prazo, (3) a época de ocorrência dos
retornos, (4) risco e (5) a distribuição dos retornos”.
Parafraseando GITMAN, pode se dizer que o proprietário de uma ação
possivelmente espera receber seu retorno sob a forma de pagamentos
periódicos de dividendos, ou através de valorizações no preço da ação, ou
ambos. Cabe então ao administrador financeiro maximizar essa riqueza.
A maximização do lucro é uma abordagem de curto prazo; a
maximização da riqueza considera o longo prazo. As conseqüências da
maximização do lucro a curto prazo refletem no preço corrente da ação, que
pode ser menor do que se a empresa tivesse adotado uma estratégia de longo
prazo.
A abordagem de maximização do lucro não reflete diferenças na época
de ocorrência de retornos, ao passo que a maximização da riqueza tende a
considerar tais diferenças. O objetivo de maximização do lucro dá maior
importância a um investimento que ofereça os maiores retornos totais, enquanto
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que a abordagem da maximização da riqueza considera explicitamente a época
de ocorrência dos retornos e seu impacto no preço da ação.
A maximização do lucro não considera o risco, porém, a maximização da
riqueza considera explicitamente diferenças no risco. Uma premissa básica na
administração financeira é que existe uma relação entre risco e retorno, os
acionistas esperam perceber maiores retornos de investimentos de maior risco e
vice-versa. Os administradores financeiros precisam, portanto, levar em conta o
risco ao avaliarem investimentos potenciais.
O uso do objetivo da maximização do lucro não permite considerar que
os acionistas possam desejar receber uma parte dos retornos da empresa sob a
forma de dividendos periódicos. A estratégia da maximização da riqueza leva em
conta o fato de que muitos proprietários apreciam receber o dividendo regular,
independentemente do seu montante. Os administradores financeiros devem
reconhecer que a política de dividendos da empresa afeta a atratividade de sua
ação para tipos particulares de investidores. Esse efeito clientela é usado para
explicar o efeito de uma política de dividendos sobre o valor de mercado de
ação.
Uma vez que o preço da ação reflete explicitamente o retorno realizável
dos proprietários, considera as perspectivas de longo prazo da empresa, reflete
diferenças na época de ocorrência dos retornos. Além disso, considera o risco e
reconhece a importância da distribuição de retornos, a maximização da riqueza
refletida no preço da ação, considerada a meta da administração financeira. A
maximização do lucro pode ser parte de uma estratégia de maximização da
riqueza. Muitas vezes, os dois objetivos podem ser perseguidos
simultaneamente. Porém, não se deve nunca permitir que a maximização dos
lucros obscureça o objetivo mais amplo da maximização da riqueza.
2.2. ferramentas Financeiras
No desempenho de suas funções, o Administrador Financeiro deve ter
conhecimento das diversas demonstrações financeiras existentes, o que vem de
encontro com as palavras de GITMAN (1997, p.66), “é fundamental entender as
demonstrações financeiras para administrar um negócio e saber como ele opera.
As demonstrações financeiras fornecem uma rápida visão intuitiva da situação
da empresa, um ponto de partida para análises posteriores”.
Entre elas pode-se citar:
● Fluxo de Caixa;
● Balanço Patrimonial;
● Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
● Demonstrativo das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
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2.2.1. Fluxo de Caixa
Fluxo de Caixa é um controle adotado pelo administrador financeiro que
tem como objetivo básico, a projeção das entradas e saídas de recursos
financeiros para determinado período, visando identificar a necessidade de
captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações rentáveis
para a empresa.
Segundo HOJI (2001, p.161):
“para otimizar os recursos financeiros, a projeção do fluxo de
caixa deve ser feita para um período de abrangência que permita
ao tesoureiro tomar providencias com antecedência suficiente,
principalmente, em casos de necessidade de cobertura de
insuficiência de caixa, pois a efetivação de algumas modalidades
de financiamento requer meses de planejamento e preparativos”.
Como objetivos básicos do fluxo de caixa, pode-se destacar:
● honrar os compromissos nos prazos estabelecidos, evitando o
pagamento de juros e multas. Através do fluxo de caixa o administrador
financeiro prevê a falta de recursos;
● investir os recursos financeiros disponíveis, evitando que fiquem parados;
● saber antecipadamente quando faltará recurso para a empresa;
● analisar as melhores fontes de recursos para a empresa, tais como
descontos, empréstimos, linhas de crédito;
● buscar o equilíbrio entre a liquidez e a rentabilidade;
● demais objetivos que visem o bom desempenho financeiro da empresa.
2.2.2 A Importância do Fluxo de Caixa
Apesar de os objetivos citados já darem uma idéia da importância de
Fluxo de Caixa, pode-se dizer que ele é de suma relevância em uma empresa. É
através dele que o administrador financeiro, prevê antecipadamente a
necessidade de recursos para cumprir seus compromissos em seus respectivos
vencimentos ou seus excessos de disponibilidade para a escolha da melhor
forma de aplicação.
Outra função importante é que pelas informações demonstradas no Fluxo
de Caixa, pode-se evitar a programação de desembolsos desnecessários em
períodos de baixo ou nenhum ingresso, ou seja, programar os desembolsos
conforme o grau de sua importância.
Nesse sentido contribui ZDANOWICZ (2002, p.33):
“Com base nos registros dos recebimentos e pagamentos de
caixa, a empresa poderá programar as suas necessidades
financeiras, bem como aplicar os possíveis excedentes de forma
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segura e rentável. O fluxo de caixa é o instrumento que permite
demonstrar as operações financeiras que serão realizadas pela
empresa, facilitando a analise e decisão, de comprometer os
recursos financeiros, de selecionar o uso das linhas de crédito
menos onerosas, de determinar o quanto à organização dispõe
de capitais próprios, bem como utilizar as disponibilidades da
melhor forma possível”.
Deduz-se assim que o Fluxo de Caixa é de vital importância para a
continuidade da empresa.
2.2.3 Gerenciamento do Fluxo de Caixa
Os relatórios provenientes do sistema contábil são os principais
instrumentos de gestão empresarial, tendo como objetivo fornecer informações
relevantes para que cada usuário possa tomar suas decisões com segurança.
No entanto, com a crescente complexidade das organizações empresariais,
somente com as informações clássicas da Contabilidade, ou seja, Balanço
Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício - DRE e Demonstração de
Origem e Aplicação dos Recursos - DOAR, dificilmente o gestor terá
conhecimento imediato e oportuno da verdadeira liquidez da sua empresa. Não
basta a empresa apresentar lucro contábil. É preciso que a equação "Ativo
Circulante vs. Passivo Circulante" esteja compatível com sua necessidade de
capital de giro. Isso faz com que o gestor se utilize de todos os instrumentos
disponíveis que, juntamente com os demais demonstrativos contábeis, ajude-o a
interpretar a realidade financeira da empresa, conhecendo e coibindo eventos
estranhos que possam afetar o seu desempenho financeiro.
Assim, conforme SÁ (1998), o Fluxo de Caixa apresenta-se como uma
ferramenta de aferição e interpretação das variações dos saldos do Disponível
da empresa. É o produto final da integração do Contas a Receber com o Contas
a Pagar, de tal forma que, quando se comparam as contas recebidas com as
contas pagas tem-se o fluxo de caixa realizado, e quando se comparam as
contas a receber com as contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado. O
fluxo de caixa é o produto final da integração do Contas a Receber com o
Contas a Pagar.
O fluxo de caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira da
empresa. É imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao
gestor uma radiografia permanente das entradas e saídas de recursos
financeiros da empresa. O fluxo de caixa evidencia tanto o passado como o
futuro, o que permite projetar, dia a dia, a evolução do disponível, de forma que
se possam tomar com a devida antecedência, as medidas cabíveis para
enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.
Por outro lado é importante ressaltar que o fluxo de caixa também
apresenta suas limitações, uma delas é a incapacidade de fornecer informações
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precisas sobre o lucro e sobre os custos dos produtos da empresa. Isso porque
as apurações e demonstrações são realizadas pelo regime de caixa e não pelo
regime de competência. Todavia, pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um
instrumento de controle e análise financeira que juntamente com as demais
demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à
tomada de decisões de caráter financeiro.
2.2.4 Tipos de Fluxo de Caixa
2.2.4.1 Fluxo de Caixa Realizado ou Histórico
A finalidade do fluxo de caixa realizado é mostrar como se comportaram
as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa em determinado
período. O estudo cuidadoso do fluxo de caixa realizado, além de propiciar
análise de tendência, serve de base para o planejamento do fluxo projetado.
Outro aspecto que deve ser considerado é a comparabilidade que existe
entre os fluxo de caixa realizado e o projetado. Isso possibilita identificar os
motivos das variações ocorridas, se ocorreram por falha de projeções ou por
falhas de gestão. A análise das variações ocorridas no fluxo de caixa permite
identificar as causas de eventuais divergências de valores; funciona como
feedback, gerando informações para o processo decisório e para o planejamento
financeiro futuro.
2.2.4.2 Fluxo de Caixa Projetado
O objetivo principal do fluxo de caixa projetado é informar como se
comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos financeiros em determinado
período, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. A curto prazo busca-se
identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos dentro do período
projetado, para que através dessas informações se possa traçar uma adequada
política financeira. A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar
os possíveis excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras
informações importantes, tais como:
● verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para
custear suas operações;
● determinar o capital em giro no período;
● determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF = capital
em giro / capital de giro da empresa);
● determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da empresa;
etc.
Pode-se observar que o Fluxo de Caixa Histórico limita-se a dados do
passado e já no Fluxo de Caixa Projetado prevê-se o futuro. Nessa visão,
prevendo o futuro, possibilita a uma melhor adaptação e agilidade de situações
que estão por vir, mas sempre tomando por base fatos históricos.
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2.2.5 A Periodicidade do Fluxo de Caixa
A periodicidade para a elaboração do Fluxo de Caixa varia muito com o
tamanho e o ramo de atividade da empresa, empresas com atividades de
grandes oscilações tem a tendência de optarem por períodos curtos, já as que
têm uma atividade mais estável preferem períodos longos, como escreve
FREZATTI (1991, p.10):
“Discutir horizonte implica na definição do período pelo qual a
empresa se preocupa e mobiliza para obter resultados de caixa.
Pode fazê-lo para 30 dias, 90, 360, enfim, o horizonte que trouxer
benefício ao processo decisório da empresa. O critério para se
definir horizonte não é o critério de "gosto", pelo simples fato de
querer tê-lo. O critério correto consiste em usar o horizonte que
tenha utilidade em termos de decisão para a empresa”.
Assim, deduz-se que a periodicidade de um Fluxo de Caixa deve ser a
que melhor se adapta a empresa e não algo pré-definido.
2.2.6 O Fluxo de Caixa a Longo Prazo
O Fluxo de Caixa a longo prazo dispensa muitos detalhes, pois sua
função é demonstrar apenas as situações significativas, para se traçar planos de
ação a serem tomados pela alta direção da empresa.
Esse tipo de Fluxo de Caixa deve indicar a época em que os recursos
serão insuficientes para honrar compromissos, para que o administrador
financeiro, possa planejar e buscar caminhos para saldar os mesmos.
O que condiz com as palavras de ZDANOWICZ (2002, p.129): “Tem por
objetivo demonstrar a possibilidade de serem geradas as disponibilidades de
caixa, ou obtidos os recursos financeiros necessários à manutenção das
atividades planejadas para um dado período. Deverão indicar as épocas em que
as disponibilidades poderão ser insuficientes...”.
Normalmente, o Fluxo de Caixa a longo prazo, é planejado de dois a
cinco anos, incluindo os projetos de expansão, modernização, recolocação ou
novas instalações da empresa.
O motivo pelo qual se projeta um Fluxo de Caixa a longo prazo, vem da
importância do controle de possíveis necessidades de caixa, e conforme
ZDANOWICZ a prática de buscar recursos depois de ter surgido a necessidade,
denota a falta de planejamento e controle financeiros da empresa.
2.2.7 O Fluxo de Caixa a Curto Prazo
O Fluxo de Caixa de curto prazo, segundo ZDANOWICZ, pode ser diário,
semanal ou mensal, é utilizado onde existem grandes oscilações, para assim se
ter um acompanhamento mais próximo e evitar surpresas. Ainda se a empresa
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pratica investimentos de forma intensiva, o curto prazo da demonstração do
Fluxo de Caixa é muito importante.
Essa demonstração parte de um Fluxo de longo prazo, alterando-se para
período mensal posteriormente em semanal e por fim em diário, para assim a
empresa ter em mãos um poderoso instrumento de planejamento e controle
financeiro para a tomada de decisões, como contribui, ZDANOWICZ (2002,
p.128):
“É importante a empresa trabalhar com um planejamento mínimo
para três meses. O fluxo de caixa mensal deverá, posteriormente,
transformar-se em semanal e este em diário. O modelo diário
fornece a posição dos recursos em função dos ingressos e
desembolsos de caixa, constituindo-se em poderoso instrumento
de planejamento e controle financeiros para a empresa”.
Nesses termos, o Fluxo de Caixa a Curto Prazo, para atingir seus
objetivos, também deve partir de um prazo mais alongado para compreender
todas as suas estimativas.
2.3 Balanço Patrimonial
2.3.1 Conceito
SÁ (1994, p.48) define Balanço como sendo “a demonstração sintética do
estado patrimonial de uma empresa ou de uma entidade, através de seus
investimentos e da origem desses investimentos”.
A demonstração contábil que apresenta todos os bens, direitos e
obrigações da empresa tem por finalidade apresentar a situação patrimonial em
dado momento, dentro de determinados critérios de avaliação.
É a demonstração que encerra a seqüência dos procedimentos
contábeis, apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do
patrimônio: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.
Uma vez bem estudada a natureza do Ativo (bens e direitos), do Passivo
(obrigações), do Patrimônio Líquido (diferença entre o ativo e o Passivo) e as
rotinas e procedimentos contábeis, muito fácil se torna entender o que é o
Balanço.
2.3.2. Importância do Balanço
O Balanço Patrimonial é a situação patrimonial resultante de uma série
de fatos ocorridos na empresa. Permite que análises sejam feitas, fornecendo
informações importantes aos interessados na situação patrimonial e nas
variações ocorridas em determinado período de tempo.
A grande importância do Balanço reside na visão que ele demonstra as
aplicações de recursos feitas pela empresa (Ativo) e qual a origem desses
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recursos (Passivo). É o grande instrumento que auxilia a administração a tomar
decisões.
Diversas são as formas pelas quais são apresentadas as demonstrações
contábeis, financeiras e, em especial o Balanço Patrimonial, dentre as quais
podemos citar:
● Finalidade legal – o Código Comercial Brasileiro obriga a apresentação
da situação patrimonial e suas variações pelas empresas. Destaca-se
também a obrigatoriedade de apresentação de informações ao governo
para exercer o seu poder de tributar e colher informações econômicas;
● Finalidade administrativa – as informações fornecidas no Balanço Geral
das empresas, possibilitam avaliar a gestão e posicionar os tomadores de
decisão sobre a continuidade dos planos de ação e metas, até então
adotadas as necessidades de ajuste ou mesmo a sua reformulação;
● Finalidade econômica-financeira – de interesse das empresas de
finanças e investidores, análises estruturais, de evolução, de solvência,
de liquidez, de garantia de capitais, de retorno dos valores investidos e
outras, podem ser feitas partindo-se dos demonstrativos elaborados e
apresentados pela empresa.
2.3.3. Apresentação do Balanço
A apresentação dos elementos patrimoniais assume grande importância,
pois se trata de peça contábil utilizada para revisão e análise dos negócios.
O Ativo é indicado no lado esquerdo ou na parte superior. O Passivo no
lado direito ou na inferior. O Patrimônio Líquido, que dá a informação adicional,
mostra o investimento e o lucro (ou prejuízo) acumulado, é indicado no lado
direito ou inferior, somado ou subtraído do Passivo, conforme seja positivo ou
negativo.
A classificação das contas depende da natureza da empresa e da função
de cada uma no conjunto. A liquidez é comumente utilizada como parâmetro. A
lei brasileira classifica os ativos dos mais líquidos aos menos líquidos.
A Lei n.º 6.404/76 regulamenta as sociedades por ações: introduziu
inúmeras inovações na legislação societária do Brasil no que tange às normas e
aos princípios contábeis, inclusive na forma e conteúdo do Balanço.
A adoção de agrupamentos padronizados e oficiais é útil, porque facilita a
preparação das demonstrações, análises, interpretações, comparações e
estudos estatísticos.
Quadro 1 – Modelo de Balanço Patrimonial
BALANÇO PATRIMONIAL
EM ___/___/___
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível Fornecedores
Caixa Empréstimos
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Bancos c/ movimento Obrigações Sociais
Créditos Impostos a Recolher
Duplicatas a Receber Outras Obrigações
Outras Contas a Receber
Estoques
Mercadorias
Despesas do Exercício Seguinte
Prêmios Seguros a Apropriar
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Créditos Financiamentos
Duplicatas a Receber
Permanente Resultado de Exercícios Futuros
Investimentos Receitas Diferidas
Ações de Outras CIAS (-) Custos/despesas
Imobilizado Patrimônio Líquido
Terrenos
Veículos Capital Social
Móveis e Utensílios Reservas de Capital
Máquinas Reserva de Reavaliação
Diferido Reserva de Lucros
Despesas pré-operacionais Lucros ou Prejuízos Acumulados
Fonte: FAVERO, (1995, p.61)
2.4 Demonstração de Resultado do Exercício - DRE
2.4.1 Conceito
A Demonstração do Resultado do Exercício deve apresentar o resumo
das variações positivas, que são as receitas e os ganhos, e negativas, como
custos, despesas e perdas, ocorridas durante um determinado período de
tempo, normalmente no exercício social, em função da exploração das
atividades operacionais da empresa.
Segundo ROSS (2002), a demonstração de resultado é elaborada por
diversas seções, sendo a operacional, na qual se apresenta as receitas e
despesas inerentes às operações principais da empresa; a seção não
operacional onde se inclui todos os custos de financiamento, tais como despesas
de juros; uma outra seção ainda indica como item separado os impostos
lançados contra o lucro; e, por o último, o Lucro Líquido.
2.4.2. Finalidade
A finalidade básica da Demonstração do Resultado do Exercício é
descrever a formação do resultado gerado no exercício, mediante especificação
das receitas, custos e despesas por natureza dos elementos componentes, até o
resultado líquido final, que é o lucro ou prejuízo.
Esse resultado líquido final, se lucro, representa o ganho efetivo obtido
pela empresa, que tem por finalidade remunerar os sócios ou acionistas e
manter e desenvolver o patrimônio da empresa. Se prejuízo líquido do exercício,
representar a parcela de desgaste sofrido pelo patrimônio no período, significa
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que as receitas geradas foram insuficientes para cobrir os custos e despesas
incorridas na obtenção de tais receitas.
2.4.3 Composição
2.4.3.1 Receitas Operacionais
As Receitas Operacionais são provenientes da exploração das atividades
operacionais, principais e acessórias, desenvolvidas pela empresa, são as
receitas de vendas de mercadorias, produtos ou serviços. Essas receitas devem
ser demonstradas por seu montante bruto, de modo que fique consistente com o
valor faturado a clientes, contendo as deduções das receitas e a receita
operacional líquida.
2.4.3.2 Custos
Em Contabilidade, o significado do termo custo consiste no valor
monetário pago por bens e serviços utilizados, fornecendo dados e informações
para que a entidade analise o andamento das suas atividades, podendo planejar
as operações futuras servindo de apoio ao gerenciamento da empresa.
Segundo MARTINS (1996, p.25), “Custo é o gasto relativo a bem ou
serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Os Custos são
ligados à produção, como exemplo pode-se citar: matéria-prima utilizada na
produção, manutenção de máquinas de produção, aluguel da fábrica, entre
outros.
2.4.3.3 Despesas Operacionais
As Despesas Operacionais são as despesas que contribuíram para a
consumação das operações realizadas no período. Representam os gastos
incorridos com as áreas comercial, administrativa e financeira para obtenção das
receitas operacionais do período. Incluem as despesas com vendas ou
comercialização, despesas administrativas, despesas financeiras e despesas
necessárias à consecução das operações.
É muito comum existir confusão entre o que é Custo e o que é Despesa,
caso não sejam corretamente separados, podem prejudicar muito o nível das
informações. A diferença básica entre eles é que os gastos relativos ao processo
de produção são Custos, e os relativos à administração e aos financiamentos
são Despesas.
2.4.3.4 Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício
O Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício é o resultado final do exercício.
Se positivo após deduzidas as participações, obtém-se o lucro do exercício.
Sendo o resultado do exercício negativo antes das participações, ocorrerá um
prejuízo líquido, que deverá ser compensado com lucros acumulados, reserva de
lucros e reserva legal, respectivamente.
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Quadro 2 – Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
PERÍODO ___/___/___ a ___/___/___
Receitas Operacionais Brutas
Vendas
(-) Deduções da Receita Bruta
ICMS s/ Vendas
Devoluções e Abatimentos
PIS s/ Faturamento
Cofins
(=) Receitas Operacionais Líquidas
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
Despesas com Vendas
Despesas Gerais e Administrativas
(±) Despesas Financeiras Deduzidas das (-) Receitas Financeiras
(±) Outras Receitas e outras Despesas Operacionais
(=) Resultado Operacional Líquido
(±) Resultado não Operacional
(+) Ganhos de Capital
(-) Perdas de Capital
(±) Saldo da Correção Monetária do Balanço
(=) Resultado Líquido antes da Contribuição Social e Imposto de Renda
(-) Provisão para Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda
(=) Resultado Líquido antes das Participações
(-) Participações
Participações de Empregados
Participações de Administradores
(=) Resultado Líquido do Exercício
Fonte: FAVERO, (1995, p.86)
2.5 Demonstrativo das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR
Esse demonstrativo mostra a total diferença entre Ativo Circulante e
Passivo Circulante, a movimentação dos recursos em termos de variação do
capital circulante líquido, detalhando as diversas fontes e aplicações de recursos
que o afetaram.
Através dessa demonstração o analista pode obter informações
relevantes sobre a gestão financeira da empresa em relação as origens e
aplicações, de curto e longo prazo, evidenciando as variações que ocorreram no
patrimônio das empresas no período em questão; saber se a empresa gerou
recursos em suas operações, se imobilizou recursos no período, se obteve
novas fontes de financiamento de longo prazo e se os acionistas fizeram novos
investimentos de capital.
Complementa PADOVEZE (2000, p.62), “Com este relatório, ficará claro
se houve boa correlação entre os tipos de recursos obtidos e suas aplicações.
Exemplificando, se a empresa aportou substanciais recursos de longo prazo
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durante o exercício, deveríamos ter aplicações similares nos ativos
permanentes.”
Segundo o FIPECAFI (2000, p.579), “a DOAR tem como objetivo
apresentar as informações relativas às operações de financiamento e
investimento da empresa e evidenciar as alterações da posição financeira da
empresa”.
2.5.1 Conceito de Origem e Aplicação
Para fins de elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos – DOAR entende-se a origem como toda operação que aumenta o
capital circulante líquido. A obtenção de recursos através de financiamento a
longo prazo, aumento de capital em dinheiro, vendas de itens do permanente
(investimento e imobilizado) e recebimento de itens do realizável a longo prazo
são exemplos de origens de recursos. A redução do capital circulante líquido
geralmente decorre de uma aplicação de recursos no não circulante. Pode-se
exemplificar entre várias situações a aquisição de bens ou direitos que venham
integrar o permanente ou realizável a longo prazo, distribuição de dividendos,
redução de suas exigibilidades a longo prazo, etc.
O FIPECAFI (2000, p.580) enfoca da seguinte forma as origens de
recursos:
“a) Das próprias operações, quando as Receitas (que geram
ingressos de capital circulante líquido) do exercício são maiores
que as despesas (que geram aplicações ou reduções de capital
circulante líquido). Assim, ignorando as despesas ou receitas que
não afetam o capital circulante líquido, temos:
• Se houver lucro, teremos uma origem de recursos.
• Se houver prejuízo, temos uma aplicação de recursos.
b) Dos acionistas, pelos aumentos de capital integralizados
pelos mesmos no exercício, já que tais recursos aumentaram as
disponibilidades da empresa e, conseqüentemente, seu capital
circulante líquido.
c) De terceiros, por empréstimos obtidos pela empresa,
pagáveis a longo prazo, bem como dos recursos oriundos da
venda a terceiros de bens do Ativo Permanente, ou de
transformação de Realizável a Longo Prazo em Ativo Circulante”.
2.5.2 Análise da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR
A DOAR é introduzida a partir da Lei 6.404 (1976). Antes ela já existia
como a denominação de fluxos de fundos. Apenas um número reduzido de
empresas publicava o fluxo de fundos. Atualmente dada a sua obrigatoriedade
para uma boa parte das sociedades anônimas a DOAR está se tornando mais
conhecida.
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Até então era uma demonstração considerada prescindível e por isso,
não há tantos trabalhos na bibliografia contábil sobre sua análise. Alguns índices
extraídos do Balanço patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício
terão seu poder de explicação ampliado quando relacionados a DOAR. A análise
da DOAR permite identificar quais os tipos de fontes de recursos que alimentam
a empresa, qual a fonte tem uma participação maior, qual o destino, que
administração da empresa está dando para os recursos, qual é o nível de
imobilização e de não imobilização da empresa, qual o nível de investimento em
outras atividades (não operacional).
Quadro 3 – Modelo de Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR)
DEMONSTRAÇÃO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
Exercício findo em 31 de dezembro de 19x0
ORIGENS DE RECURSOS
Das operações
Lucro (prejuízo) Líquido do Exercício
(+) Depreciação, Amortização e Exaustão
(±) Variações Monetárias
(±) Resultado da Correção Monetária do Balanço
(±) Resultado da Equivalência Patrimonial
(±) Ganhos ou perdas na venda de bens do Imobilizado
(±) Ganhos ou perdas na venda de Investimentos
(±) Ganhos ou perdas em itens do Ativo Diferido
Dos acionistas
Integralização de Capital
Contribuições para aumento da Reserva de Capital
De Terceiros
Diminuição do Ativo Realizável a Longo Prazo
Aumento de Exigível a Longo Prazo
Valor da venda de Investimentos
Valor da venda de bens do Imobilizado
Dividendos recebidos
Diminuição do Ativo Diferido
TOTAL DAS ORIGENS
APLICAÇÕES
Distribuição de lucros ou dividendos
Dividendos propostos
Aumentos no Ativo Realizável a Longo Prazo
Aumentos de Investimento
Aumentos do Imobilizado
Aumentos no Diferido
Diminuição do Exigível a Longo Prazo
TOTAL DAS APLICAÇÕES
AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
Fonte: FAVERO, (1995, p.90)
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3.METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia empregada para o desenvolvimento do artigo foi baseada
propriamente em pesquisas bibliográficas do tema proposto, e de acordo com
HÜHNE (1999, p.247) “a pesquisa bibliográfica é fundamental em qualquer área
de estudo porque é ela quem levanta os dados de uma questão e oferece
fundamentação teórica para um problema”.
3.1. Método de Coleta de Dados
Os procedimentos e métodos utilizados na coleta de dados são:
● Pesquisa em obras bibliográficas, revistas científicas, artigos,
monografias, dissertações, páginas da web em sites voltados para o
conhecimento da Administração Financeira. Tal acervo foi utilizado na
elaboração, análise e interpretação dos dados.
● Entrevista com o Consultor do SEBRAE – Serviço de Apoio a Pequena
Empresa no Paraná - Edison Charavara, coletando informações
essenciais ao desenvolvimento do estudo.
3.2. Análise dos Dados
Foi feita através da conciliação entre a visão dos autores sobre a
importância da Administração Financeira e a situação enfrentada pelos micro e
pequenos empresários.
Desse confronto são retiradas informações e possíveis soluções para os
problemas enfrentados pelas organizações acerca das finanças empresarias, a
fim de apresentar soluções de caráter relevante e significativo.
4 CONCLUSÃO
Pela abrangência deste trabalho e pela metodologia adotada, não são
apresentadas conclusões propriamente ditas, mas sim levantadas diversas
questões importantes obtidas após o término da pesquisa. Também são
colocadas algumas sugestões e recomendações que podem contribuir na
solução de deficiências nos procedimentos administrativos e financeiros das
micro e pequenas empresas.
4.1 Administração financeira das Micro e Pequenas Empresas
4.1.1 Classificação das Micro e Pequenas Empresas
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE), as empresas podem ser classificadas em micro, pequena, média e
grande empresa, podendo ser, desde uma firma individual até uma empresa
com operações em bolsa de valores.
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De acordo com o Decreto nº 5.028, de 31 de março de 2004, referente ao
Art. 2° da Lei 9.841, de 05 de outubro de 1999, os valores dos limites fixados são
os seguintes:
1. Microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver
receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta
e três mil, setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos);
2. Empresa de Pequeno Porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil
individual que, não enquadra como micro empresa, tiver receita bruta
anual superior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil,
setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos) e igual ou
inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil,
duzentos e vinte e dois reais).
Apesar do que se estabelece na lei, outros meios de se classificar podem
ser utilizados como a classificação por faturamento, número de empregados, etc.
Na Tabela 1 está estabelecida a classificação das MPE de acordo com o
SEBRAE (2004).
Tabela 1 – Classificação das micro e pequenas empresas
ME (Microempresa) Indústria até 19 empregados e no
comércio/serviço até 09
PE (Pequena Empresa) Indústria de 20 até 99 empregados
e no comércio/serviço 10 a 49
MDE (Média Empresa) Indústria de 100 até 499
empregados e no comércio/serviço
50 a 99
GE (Grande Empresa) Indústria acima de 499 empregados
e no comércio/serviço acima de 100
Fonte: SEBRAE (2004)
Segundo os dados encontrados na Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS, 2000) existem no Brasil cerca de seis milhões de empresas e as
MPE respondem por 99% do total. Na Tabela 2 tem-se a distribuição do número
de empresas no Brasil, classificadas por setores da economia.
Tabela 2 – Distribuição do número de empresas no Brasil
Indústria Comércio Serviços Total
Porte N° % N° % N° % N° %
Empresas Empresas Empresas Empresas
Micro 939.267 17,8 2.414.652 45,8 1.923.389 36,4 5.277.308 100
Pequena 48.314 19,7 88.941 36,2 108.203 44,1 245.458 100
Média 9.856 33,3 5.724 19,4 13.999 47,3 29.579 100
Grande 1.580 7,0 2.955 13,2 17.899 79,8 22.434 100
Total 999.017 17,9 2.512.272 45,1 2.063.490 37,0 5.574.779 100
Fonte: RAIS (2000)
Se considerada a distribuição por segmento específico de atividade
econômica, 45,8% das micro e 23,8% das pequenas empresas concentram-se
no comércio atacadista e varejista. Note-se que a representatividade das micro é
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significativa também nas outras atividades econômicas, de tal forma que sua
participação em cada atividade está próxima do percentual do total de empresas
que atuam (Tabela 3).
Tabela 3 – Distribuição percentual do número de empresas por atividade
econômica no Brasil
ATIVIDADE MICRO PEQUENA MEDIA GRANDE TOTAL
ECONÔMICA
Agricultura, pecuária, 5,3 4,3 3,1 2,5 5,3
silvicultura e exploração
florestal
Pesca 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Indústrias extrativas 0,3 0,7 0,4 0,5 0,3
Indústrias de 8,2 23,4 25,7 20,0 8,7
transformação
Produção e distribuição 0,1 0,6 0,9 1,2 0,1
de eletricidade, gás e
água
Construção 3,1 6,4 6,2 3,5 3,2
Comércio atacadista e 45,8 23,2 10,7 1,8 45,1
varejista
Alojamento e alimentação 5,9 5,6 1,7 0,6 5,9
Transporte, 3,6 5,7 6,8 8,0 3,6
armazenagem e
comunicações
Intermediação financeira 1,3 3,9 1,6 1,4 1,4
Atividades imobiliárias, 12,8 9,8 12,5 13,3 12,7
aluguéis e serviços
prestados às empresas
Administração pública, 0,3 1,4 16,6 35,7 0,4
defesa e seguridade
social
Ensino 1,6 5,6 4,2 3,4 1,7
Saúde e serviços sociais 3,3 3,8 5,0 5,1 3,3
Outras atividades de 8,3 5,6 4,6 2,9 8,2
serviços coletivos, sociais
e pessoais
Residências particulares 0,1 - 0,01 - 0,1
com empregados
domésticos
Organismos 0,01 0,01 - - 0,01
internacionais e outras
instituições
extraterritoriais
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: RAIS (2000)
Embora as micro e pequenas empresas representem 99% da quantidade
de estabelecimentos, elas geram 41,4% dos postos de trabalho formais,
enquanto as médias 12,3% e as grandes 46,3%. Ainda de acordo com os dados
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dos 27,2 milhões de trabalhadores
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com carteira assinada, 28% estão na indústria, 16% no comércio e 56% nos
serviços.
Observando o número de trabalhadores distribuídos em cada setor de
atividade econômica, segundo o porte da empresa, nota-se que na indústria as
micro e pequenas empresas respondem por 51% dos trabalhadores com carteira
assinada, as médias por 26 % e as grandes por 23% (gráfico 1). No comércio,
cerca de 78% dos postos de trabalho formais estão nas MPEs, 9% nas médias e
13% nas grandes. Nos serviços, são as grandes empresas que respondem por
mais de dois terços dos empregos formais 68%. As micro e pequenas empresas
participam com 26% dos postos de trabalho, e as médias com 6%.
Gráfico 1 – Distribuição percentual do número de trabalhadores por setor de
atividades e porte das empresas.
100
78
80 68
60 51 47
% 41
40 26 23 26
20 9 13 6
12
MPE
0
Média
Indústria Comércio Serviços Total
Grande
Fonte: RAIS (2000)
4.2. Características das Micro e Pequenas Empresas
Conforme Web Site IBGE <http://www.ibge.gov.br> (2006), as micros e
pequenas empresas podem ser de dois tipos: empregadoras e familiares. As
MPE’s empregadoras podem ser definidas como aquelas que têm pelo menos
uma pessoa na condição de empregado e as familiares como aquelas em que
apenas trabalham os proprietários, os sócios e/ou membros da família. Ainda
segundo o IBGE são características das micros e pequenas empresas:
● baixa intensidade de capital;
● altas taxas de natalidade e de mortalidade: demografia elevada;
● forte presença de proprietários, sócios e membros da família como mão-
de-obra ocupada nos negócios;
● poder decisório centralizado;
● estreito vínculo entre os proprietários e as empresas, não se distinguindo,
principalmente, em termos contábeis e financeiros, pessoa física e
jurídica;
● registros contábeis pouco adequados;
● contratação direta de mão-de-obra;
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● utilização de mão-de-obra não qualificada ou semiqualificada;
● baixo investimento em inovação tecnológica;
● maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de giro; e,
● relação de complementaridade e subordinação com as empresas de
grande porte.
4.3. Fatores de Sucesso das Micro e Pequenas Empresas
É de conhecimento geral que pequenas e médias empresas não se
organizam ou se estruturam de maneira eficiente e adequada, mas à medida
que se aumenta o grau de “alfabetização empresarial”, cresce também a força
das pequenas e médias empresas.
As pequenas e médias empresas têm grande capacidade de se adaptar
às necessidades do mercado, podem tomar decisões rápidas e pontuais,
reagindo de imediato às mudanças e exigências do mercado, mantendo uma
boa organização e controle.
Segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE (2004) há três características
comuns para os fatores de sucesso das micro e pequenas empresas:
● Habilidades gerenciais
● Capacidade empreendedora
● Logística empresarial
Com base nisso, pode-se dizer que os fatores condicionantes do sucesso
empresarial segundo as habilidades gerenciais são: bom conhecimento do
mercado em que atua e boa estratégia de vendas. Esses fatores indicam que,
para se obter sucesso nas vendas, o empresário deve ter bom conhecimento do
mercado, como por exemplo, clientela potencial e quais os produtos eles
procuram e também avaliar e procurar as melhores fontes para a aquisição dos
bens para a formação do estoque da empresa.
Quanto aos fatores condicionantes de sucesso da capacidade
empreendedora, tem-se: a criatividade do empresário, aproveitamento das
oportunidades de negócios, empresário com perseverança e capacidade de
liderança, os quais refletem a capacidade empresarial para comandar o
empreendimento.
Já os fatores condicionantes da logística empresarial, refletem na escolha
de um bom administrador, ao uso de capital próprio, reinvestimento dos lucros
na empresa e acesso a novas tecnologias.
Em suma, pode-se dizer que os dois primeiros fatores, refletem a
preparação do empresário para interagir com o mercado em que atua e a
competência para bem conduzir o seu negócio. E a logística empresarial fornece
as bases para a criação, sustentação e crescimento da atividade empresarial.
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4.4. Dificuldades Enfrentadas pelas Micro e Pequenas Empresas
Embora as micro e pequenas empresas apresentem crescente relevância
na economia brasileira, bem como seu papel social na diminuição das
desigualdades entre indivíduos e regiões, elas ainda enfrentam dificuldades
diversas para exercer suas atividades.
Um fator direto de tais dificuldades é a elevada taxa de mortalidade
empresarial, embora o Brasil tenha uma população empreendedora, por falta de
preparo e apoio adequado, o brasileiro também muito fracassa. O país
apresenta alta mobilidade social e econômica, nele despontam muitas
oportunidades. Todavia, a falta de estrutura adequada em termos de aparato
legal, contábil e gerencial, a legislação tributária ainda desfavorável, as
exigências burocráticas, a carência de crédito e de uma política sistêmica de
apoio e incentivo às micro e pequenas empresas levam a altas taxas de
insucesso.
De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE (2004), a taxa de
mortalidade empresarial no Brasil, apurada para as empresas constituídas e
registradas nas juntas comerciais dos Estados nos anos de 2000, 2001 e 2002,
revela que 49,4% encerraram as atividades com até 02 (dois) anos de
existência, 56,4% com até 03 (três) anos e 59,9% não sobrevivem além dos 04
(quatro) anos.
A Tabela 4 apresenta as apurações para as regiões do País, mostrando
taxas de mortalidade elevadas, variando de 46,7% a 62,7%, segundo o ano de
constituição da empresa. O Sul é a região com maior percentual para as
empresas com até 2 (dois) e 3 (três) anos de constituição para as empresas com
até 4 (quatro) anos.
Tabela 4 – Taxa de mortalidade por região e Brasil (2000-2002)
Regiões
ANO DE SUDESTE SUL NORDESTE NORTE CENTRO BRASIL
CONSTITUIÇÃO OESTE
2002 48,9 52,9 46,7 47,5 49,4 49,4
2001 56,7 60,1 53,4 51,6 54,6 56,4
2000 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9
Fonte: SEBRAE (2004, p.9)
A pesquisa SEBRAE também levantou as causas do fechamento das
empresas, conforme se observa na Tabela 5, encontram-se em primeiro lugar
entre as causas de fracasso questões relacionadas a falhas gerenciais na
condução dos negócios, falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo
de caixa), problemas financeiros (situação de alto endividamento), ponto
inadequado (falhas no planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais.
Em segundo lugar, predominam as causas econômicas conjunturais,
como falta de clientes, maus pagadores, recessão econômica do País e,
também, com 14% de citações, a falta de crédito bancário.
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Tabela 5 – Causas das dificuldades e razões para fechamento das empresas
CATEGORIAS RANKING DIFICULDADES/RAZÕES PERCENTUAL
1° Falta de capital de giro 42%
3° Problemas financeiros 21%
Falhas Gerenciais 8° Ponto/local inadequado 8%
9° Falta de conhecimentos gerenciais 7%
2° Falta de clientes 25%
Causas 4° Maus pagadores 16%
Econômicas 6° Recessão econômica no país 14%
Conjunturais
Logística 12° Instalações inadequadas 3%
Empresarial 11° Falta de mão-de-obra qualificada 5%
5° Falta de crédito bancário 14%
Políticas Públicas 10° Problemas com a fiscalização 6%
e arcabouço legal 13° Carga tributária elevada 1%
7° Outra razão 14%
Fonte: SEBRAE (2004, p.13)
Pode-se dizer que as causas da alta mortalidade das empresas no Brasil
estão relacionadas, com as falhas gerenciais na condução de seus
empreendimentos, seguida de causas econômicas conjunturais e tributação. As
falhas gerenciais podem ser relacionadas à falta de planejamento na abertura do
negócio, levando o empresário a não avaliar de forma correta, previamente,
dados importantes para o sucesso do seu negócio, como a existência de
concorrência, a presença dos consumidores, dentre outros fatores.
4.5. Medidas para se Obter um Bom Desempenho
Diante de um mercado cada vez mais competitivo, para manter seu
negócio, os empresários e os administradores devem pensar estrategicamente,
pois os consumidores, de hoje, são bem educados, conscientes de suas opções
e exigem excelência. Por essa razão, os administradores e empresários devem
pensar sobre como construir uma força de trabalho capaz de gerenciar a
empresa, de modo que produza bens e serviços que forneçam maior valor
possível ao consumidor.
Todo empreendimento se origina acreditando na possibilidade de crescer,
prosperar e contribuir para o desenvolvimento econômico do empreendedor e do
mercado da Região na qual está inserido. Para garantir estas condições,
segundo OLIVEIRA (1997), “os empresários necessitam adquirir conhecimentos
gerenciais, de forma a tomar decisões oportunas, baseadas na sua experiência
e nas informações contábeis”.
Nesse sentido, são demonstradas algumas medidas para os empresários
obterem sucesso em seus empreendimentos, como a elaboração de um plano
estratégico de negócio, planejamento da administração, análise dos
demonstrativos de resultados e também análise do fluxo de caixa.
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4.5.1. Elaboração do Plano Estratégico de Negócio
Para se obter sucesso de um empreendimento, é preciso aliar a
capacidade empreendedora à prática, definindo metas, calculando riscos,
buscando inovações e estando atento às novas oportunidades. A ferramenta
para isso pode ser o plano de negócios, em que o empresário define no papel
como manter e também como fazer crescer o seu empreendimento. Segundo
ANTONIK (2004, p.37), “com a elaboração do plano, o empreendedor terá uma
noção prévia do funcionamento de seu negócio em relação a: finanças, clientes,
fornecedores, concorrentes (mercado) e organização necessária para o seu bom
funcionamento”.
O plano de negócios é um documento escrito que tem o objetivo de
estruturar as principais idéias e opções que o empreendedor analisará para
decidir quanto à viabilidade da empresa a ser criada. É também um meio de
manter a estratégia empresarial da empresa em dia, pronta para alterações
administrativas. Para tanto, deve-se realizar periodicamente a adequação da
estrutura organizacional à realidade do mercado em que a empresa atua, para
evitar o aparecimento de fatores que possam comprometer a sobrevivência do
negócio.
Segundo Web Site SEBRAE <http://www.sebrae.com.br> (2006), as
funções do plano de negócio são:
“- Avaliar o novo empreendimento do ponto de vista mercadológico, técnico,
financeiro, jurídico e organizacional; - Avaliar a evolução do empreendimento ao
longo de sua implantação: para cada um dos aspectos definidos no plano de
negócio, o empreendedor poderá comparar o previsto com o realizado; -
Facilitar, ao empreendedor, a obtenção de capital de terceiros quando o seu
capital próprio não é suficiente para cobrir não é suficiente para cobrir os
investimentos iniciais”.
4.5.2. Planejamento da Administração Financeira
O planejamento é uma metodologia gerencial que estabelece o rumo a
ser seguido pela organização, visando a integração com o ambiente e a busca
dos resultados futuros. Para ANTONIK (2004, p.38):
“a sustentabilidade econômica e financeira é elemento essencial
para o sucesso da organização. O desenvolvimento de uma
pequena e média empresa requer a definição de uma política
realista, focada nas condições do mercado, em que as taxas de
juros e os preços dos serviços cubram, os seguintes itens: Custos
operacionais e financeiros; Riscos inerentes do negócio
(inadimplências, roubo e perdas); Depreciação; Geração de
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excedente financeiro para investimento no aumento e expansão
do próprio negócio.”
Portanto, o planejamento traça o caminho para a empresa alcançar seus
objetivos. É planejando que a empresa consegue organizar seu negócio,
identificar e tirar o melhor proveito das oportunidades com que se depara
constantemente. O planejamento da administração financeira é essencial para o
sucesso de qualquer organização, pois definem a natureza da relação entre a
empresa, os clientes e a concorrência.
Para BRAGA (1989, p.228) “planejamento financeiro é o processo por
meio do qual se calcula quanto de financiamento é necessário para se dar
continuidade às operações de uma companhia e se decide quando e como a
necessidade de fundos será financiada”.
Pode-se ainda dizer que, o planejamento financeiro é o processo formal
que conduz a administração da empresa a acompanhar as diretrizes de
mudanças e a rever, quando necessário, as metas já estabelecidas, assim
poderá a administração visualizar com antecedência as possibilidades de
investimento, o grau de endividamento e o montante de dinheiro que considere
necessário manter em caixa, visando seu crescimento e sua rentabilidade.
4.5.3. Análise dos Demonstrativos de Resultados
As demonstrações contábeis ou financeiras são elaboradas por
profissionais da área contábil e têm objetivo de fornecer dados para análise
econômica e financeira da empresa.
O processo de análise dos demonstrativos financeiros é fator de sucesso
na pequena e média empresa, são considerados importantes ferramentas de
orientação e controle, pois demonstram:
● os valores de competência de determinado período, ou seja, o
faturamento real;
● o custo da mercadoria vendida em relação ao faturamento do mês;
● os custos fixos do mês, impostos relativos ao faturamento, comissões
devidas;
● os resultados mensais obtidos, o lucro operacional e o lucro liquido,
considerando as despesas com investimento e financeiras;
● ponto de equilíbrio entre os custos fixos e variáveis da empresa.
4.5.4. Análise e Adequação do Fluxo de Caixa
Atualmente, para que uma empresa possa administrar seus custos e
receitas de modo eficaz, é indispensável que ela utilize ferramentas de controle
financeiro, sendo o Fluxo de Caixa uma das mais indicadas para alcançar tal
objetivo. Segundo ANTONICK (2004, p.38):
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“o fluxo de caixa retrata o movimento real do caixa no mês, é
necessário para complementar a análise financeira da empresa,
as entradas e saídas de dinheiro. Deve ser planejado, evitando
assim sobressaltos durante a gestão empresarial ou necessidade
de ajuste de caixa por meios de empréstimos a bancos, os quais,
se realizados às pressas, acabam tornando-se dispendiosos para
a empresa. Para o pequeno e médio empresário, é essencial
desenvolver essa atividade".
Porém, lembrando o contexto das micro e pequenas empresas, observa-
se que várias delas tem falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência.
Geralmente, os gestores dessas empresas atribuem a carga tributária, os
encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos, como causa para a
mortalidade das empresas, sendo que muitas vezes o problema está na
administração do empreendimento.
Dentre os objetivos do fluxo de caixa nas micro e pequenas empresas,
pode-se citar:
● facilitar análise e cálculo na seleção das linhas de crédito a obter;
● detectar antecipadamente as carências de recursos;
● planejar desembolsos evitando acúmulo de compromissos consideráveis
em época de poucos recursos;
● quantificar os recursos próprios disponíveis para investimentos;
● intercambiar os diversos departamentos com área financeira;
● usar com eficiência e eficácia recursos disponíveis;
● manter determinado nível da caixa em função do capital de giro;
● auxiliar a análise dos valores a receber e estoques, para verificar sua
conveniência;
● aplicar os excedentes de caixa;
● integrar os controles financeiros da empresa.
Contudo, pode-se dizer que as micro e pequenas empresas,
independente de sua atividade, é movida à caixa. E é através do fluxo de caixa
que se identifica exatamente quanto está disponível para ser atribuído aos
credores e acionistas, ou quanto poderá ser investido na empresa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As micro e pequenas empresas representam importante papel no
desenvolvimento econômico-social de uma nação, através da geração de
empregos, renda e novas tecnologias, oportunidade para novos
empreendedores realizarem profissionalmente, constituindo seu próprio negócio.
Muitas vezes as notícias desses empreendimentos vêm acompanhadas
de dados que falam dos fracassos nesses negócios. As causas mais comuns de
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insucesso, são os problemas financeiros, determinados por dificuldades nas
vendas, queda nos lucros, poucas perspectivas de crescimento e problemas
relacionados a gerenciamento e conhecimento do negócio.
Nesse sentido é que se fez necessário destacar a importância de manter
pessoas qualificadas dentro das organizações, a fim de levantar informações
necessárias ao desenvolvimento das empresas.
Com base nos estudos realizados, pode-se dizer que as empresas para
obterem um bom desempenho em seus empreendimentos, devem elaborar um
plano estratégico de negócios detalhado, levando em consideração todas as
possibilidades de mercado, seguido de um planejamento financeiro, verificando a
sustentabilidade econômica para obter o sucesso organizacional.
As demonstrações financeiras consistem no processo no qual é
identificada, registrada e divulgada. Fornecem dados econômico-financeiro de
uma organização ou empresa, com a finalidade de possibilitar às pessoas
interessadas que avaliem a situação da entidade, fornecendo dados, que são
utilizados para avaliar a situação, e a informação financeira relevante da
empresa.
Considera-se que os objetivos foram atingidos, e através dos conceitos
mencionados os Micro e Pequenos empresários podem ter uma base sobre a
importância da administração financeira na sua organização.
Contudo, fica aberta a realização de novos estudos, a fim de explorar
ainda mais os assuntos acerca das finanças empresariais e sua importância para
a Administração das Micro e Pequenas Empresas.
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