16. A morte
Abençoada a morte que consome tudo
Que sem alarde a qualquer dor acalma
Que tolhe a língua, o movimento, a alma
E deixa o silêncio satisfeito e mudo
Santificado seja o ofício do coveiro
Que a língua hipócrita sob a terra isola
Sagrado o tempo, quando a foice amola
E manda ao inferno o traidor vezeiro
Que leve! Leve também o falso religioso
O egoísta, o ciumento, o orgulhoso
Para os resgates nos campos do além
Leve o atraso, já ferido e moribundo
Porque a morte é que renova o mundo
E acende a luz da vida eterna, amém.