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EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIA DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES
Tema 1: Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais,
regionais e intercontinentais
Sub-tema 1: Transformações econômicas, diversidade populacional e migrações em Minas Gerais
Tópico 4: Os povos africanos
Habilidades: 1. Identificar a diversidade étnica e cultural dos povos africanos e localizá-los no espaço e no tempo
2. Conceituar escravidão
3. Problematizar a existência da escravidão na África antes da expansão marítima européia
4. Estabelecer diferenças entre o tipo de escravidão existente na África e o tipo de implantado na
América Portuguesa
5. Compreender os traços básicos da colonização européia no Brasil
Porque ensinar
Dentre as várias finalidades do estudo da História como disciplina obrigatória do Ensino Fundamental estão a compreensão da
diversidade cultural da sociedade brasileira e o entendimento do avanço da cidadania em nosso país. Por isso mesmo é
importante o estudo dos diferentes povos que, ao longo dos anos, acabaram por constituir a sociedade brasileira. Nesse sentido,
consideramos indispensável o estudo da diversidade étnica e cultural dos povos africanos que, ao longo de mais de trezentos
anos, foram trazidos para o Brasil na condição de escravos. Como se sabe, a mão-de-obra escrava constituiu a principal força de
trabalho até meados do século XIX. Além disso, para se compreender o processo de constituição da cidadania em nosso país não
podemos deixar de lado o estudo da escravidão, aspecto tão marcante da história brasileira. Segundo alguns autores, como José
Murilo de Carvalho, a escravidão constituiu-se num verdadeiro empecilho à formação de futuros cidadãos. Por que? O sentido da
cidadania está ligado a uma noção de igualdade de todos perante a lei. O escravo, no entanto, não possuía nem mesmo os
direitos civis mais básicos como o à integridade física, à liberdade e até mesmo o direito à própria vida. Embora esses aspectos da
escravidão sejam importantes para se entender o longo caminho da cidadania no nosso país, não podemos deixar que o escravo
continue sendo entendido apenas como vítima e estudado de forma ingênua, romantizada e inconsistente. Como bem afirma
Marina de Mello e Souza, conhecer melhor a África foi decisivo para um estudo crítico sobre a escravidão no Brasil. O estudo da
África nos possibilita entender melhor a ligação das várias partes do Atlântico (África, Portugal e América) e como conclui a
historiadora, “entender melhor a mistura que somos”.
Condições prévias para ensinar
Para que o aluno entenda a importância do tráfico negreiro na transformação radical das sociedades africanas é importante que
ele conheça o contexto maior da expansão comercial européia, ambiente no qual o tráfico ganhará força, e a forma como se deu a
colonização brasileira.
O que ensinar
A história da África é um campo de estudo extremamente novo, principalmente nas escolas. Ainda há muito que ser descoberto.
Apontamos, nesse tópico, alguns aspectos importantes da história africana que acreditamos que são essenciais para que o aluno
entenda melhor a escravidão em terras americanas de forma crítica e consistente. Dentro desse quadro, podemos destacar a
heterogeneidade do povo africano. Durante muito tempo esse povo foi pensado e entendido como um povo só. Hoje sabemos que
as tribos e reinos da África eram política, econômica e culturalmente diferentes. Falavam línguas diferentes, tinham costumes e
religiões diferentes É preciso salientar essa pluralidade. Muitas tribos guerreavam entre si, eram inimigas. Os prisioneiros de
guerra acabavam virando escravos e sendo incorporados ao grupo que os capturavam. Isso quer dizer que existia escravidão na
África antes mesmo da chegada dos europeus e americanos no continente. Eram os prisioneiros de guerra, condenados pela
justiça, devedores e excluídos. Havia também, a sua comercialização. É evidente que essa estrutura já montada facilitou muito a
implantação e o sucesso do tráfico negreiro e da escravidão fora do território africano. No entanto, é válido fazer uma ressalva. O
caráter da escravidão na África era, antes da chegada dos europeus e americanos, bastante diferente da escravidão na colônia
brasileira. Como bem nos adverte Lilia Moritz Schwarcz: “Pelo que se conhece, antes da chegada dos portugueses, esses e outros
grupos já conheciam a escravidão. No entanto, diferentemente do que dizem muitos livros de divulgação, o caráter da escravidão
africana era totalmente diverso, já que os cativos eram considerados prisioneiros de guerra e incorporavam-se ao grupo que os
capturava. Bem diversa foi a escravidão imposta pelos europeus, orientada pelo lucro. Abre-se um importante setor do tráfico
mercantil: o negócio dos seres humanos, que, com o tempo, se torna mais relevante do que o próprio comércio de açúcar” (
Negras Imagens,1996) . O tráfico de escravos teve, certamente, um papel de desencadeador de transformações radicais ocorridas
no interior de algumas sociedades africanas a partir do século XVI. A ação de mercadores e de capitais europeus e, depois
americanos, provocaram o aumento do conflito entre os africanos, agora, já com o objetivo de obter mais cativos. Podemos
perceber que o próprio caráter da escravidão na África sofreu transformações em decorrência tráfico.
Como ensinar
Apresentaremos a seguir algumas imagens e alguns documentos acerca do tema desenvolvido. Todos esses recursos contêm
orientações para o professor a fim de facilitar o estudo do tópico.
• Atividade 1
• Construindo o conceito de escravidão
Leia o documento abaixo.
Escravos listados no inventário de José Viera de Almeida, rico coronel, morador de uma fazenda na freguesia de Baependi,
localidade próxima a São João Del Rei, em Minas Gerais, datado de 1780:
• Francisco, mulato, ferreiro, 30 anos 185.000 réis
• Jozefa, mulata, mulher do Franscico, 110.000 réis
• Mariana, mulata, 10 anos, filha de Jozefa e Francisco, 70.000 réis
• Antônio, mulato, 6 anos, filho de Jozefa e Francisco, 50.000 réis
• Joana, mulata, 4 anos, filha de Jozefa e Francisco, 40.000 réis
• João Congo, 30 anos, 90.000 réis
• Ignácia, mulata, mulher de João Congo, 110.000 réis
• Isabel, de peito, filha de João Congo e Ignácia, 25.000 réis
Fonte: LIBBY, Douglas Cole & PAIVA, Eduardo França. A escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos. São Paulo:
Moderna, 2000. Texto adaptado para fins didáticos.
• Orientações: o documento tem por objetivo possibilitar a construção do conceito de escravidão. O documento é parte de um
inventário que data de 1780. Nele o proprietário de escravos enumera cada um de seus escravos com a respectiva idade e preço.
Leia o texto com os alunos atentando justamente para a natureza do documento. As mercadorias listadas, nesse caso, são os
escravos, o que significa que estes são necessariamente propriedade de outra pessoa podendo ser negociados (comprados,
vendidos, leiloados, emprestados, alugados, doados e penhorados). Outro ponto importante na construção do conceito de
escravidão é a idéia de que o escravo está destituído de seus direitos sociais e está obrigado a cumprir tarefas determinadas pelo
seu senhor.
• Diversidade étnica e cultural dos povos africanos
Pergunte aos alunos quem eram os escravos que trabalharam no Brasil por centenas de anos. Deixe que os alunos exponham
suas idéias prévias a respeito de quem eram esses escravos e escreva no quadro negro as idéias principais. Problematize a visão
dos alunos no que se refere à heterogeneidade do povo africano e o ambiente no qual moravam antes de serem trazidos para o
Brasil, levantando questões como: todos esses escravos faziam parte de um povo só? Falavam a mesma língua? Tinham a
mesma religião? Moravam na mesma região da África? De que maneira se relacionavam na África antes de virem para o Brasil?
Seriam todos amigos? Como seria a África, terra natal dos negros?
Img 01 - Negros africanos de diferentes nações, autor Jean Baptiste Debret, produzida entre 1816 e 1831.
Peça aos alunos que observem, com bastante atenção, a imagem de Debret. (Nesse ponto, valeria a pena apresentar
informações sobre quem foi o artista, como veio para o Brasil, quais foram os principais objetos de sua pintura e sobre o contexto
ideológico europeu vivenciado por ele na Europa no séc. XIX - teorias raciais). A seguir peça para que eles descrevam a imagem
em detalhes. Chame a atenção para o título dado por seu autor. Pergunte à turma o que Debret nos mostra com essa figura. Ele
fala de negros africanos diferentes. O que parece diferenciá-los nessa figura? Chame a atenção para a fisionomia dos negros,
para as marcas tribais, os cortes de cabelos diferentes e os adereços, todos indicativos da diversidade étnica e cultural dos povos
africanos que foram trazidos à América Portuguesa. Saliente, também, a diversidade cultural, política e econômica desses povos.
• Escravidão na África e na América Portuguesa: diferenças
Img 02 – A Divisão Social no Congo
Fonte: Revista Nossa Historia, ano I, nº 8, junho de 2004. p. 81.
Peça aos alunos que observem e descrevam com cuidado a imagem. Peça para que prestem atenção também no título dado à
imagem. Explique o que significa divisão social. Pergunte qual é o local retratado pela imagem. Como ele é apresentado? Parece
ter uma estrutura urbana desenvolvida, o que pode ser observado ao fundo da imagem. Quem poderia ser esses dois homens
caminhando? Peça para que os alunos descrevam cada um deles. São iguais? O que os está diferenciando um do outro? Chame
a atenção dos alunos para os trajes usados por cada um. Qual parece ser mais importante? Quem está caminhando na frente?
Informe aos alunos que à esquerda está um nobre do Congo e que, à direita, um escravo. Essa imagem é datada de 1591. Peça
para que os alunos comparem os dados obtidos por eles a partir da análise da figura com o texto abaixo:
Texto 1
“Antes mesmo de os europeus chegaram à África Ocidental já existiam variadas formas de escravidão, que alias, estenderam-se
até o século XX. Predominavam os trabalhos domésticos e artesanais, porém houve importantes empreendimentos escravistas
agrícolas e mineratórios, muitos similares ao do Novo Mundo. (...) O comércio de escravos na África é bem anterior ao tráfico
negreiro praticado por europeus. Estes últimos aproveitaram a organização comercial já existente para consolidar seu novo
negócio internacional.”
(LIBBY & PAIVA, p. 14)
Pergunte aos alunos o que se pode concluir depois da leitura do texto e da imagem?
Leia junto com os alunos o texto 2.
Texto 2
“Pelo que se conhece, antes da chegada dos portugueses, esses e outros grupos já conheciam a escravidão. No entanto,
diferentemente do que muitos livros de divulgação, o caráter da escravidão africana era totalmente diverso, já que os cativos eram
considerados prisioneiros de guerra e incorporavam-se ao grupo que os capturava. Bem diversa foi a escravidão imposta pelos
europeus, orientada pelo lucro”.
(Lílian Moritz Schwarcz, Negras Imagens, p.13).
• Orientações: peça para que os alunos, a partir da leitura do texto 1 e 2, discuta as diferenças entre a escravidão na África e a
escravidão brasileira. A autora chama a atenção para o fato de que, uma vez considerado prisioneiro de guerra, na África, não
está em questão a condição humana do escravo. Saliente o aspecto mercantil da escravidão no Brasil, ligado estritamente ao
lucro.
Texto 3
“Sem dúvida, a existência anterior de escravos, e de sua comercialização, facilitou a implantação e o sucesso desse novo negócio.
Porém, foram as ações de mercadores e capitais europeus (mais tarde americanos) que provocaram o aumento dos conflitos [na
África] com o objetivo de obter mais cativos.”
Op. cit. Marina de Mello e Souza, Revista Nossa História, ano I, nº 8, junho de 2004. p. 81.
• Orientações: com base no texto 3 peça aos alunos para tentarem responder a seguinte pergunta: qual o impacto, a longo prazo,
do tráfico negreiro realizado por europeus e, mais tarde, americanos nas sociedades africanas? O professor deve discutir com os
alunos como a colonização brasileira gerou um aumento expressivo da procura por mão-de-obra escrava. Esse aumento da
procura causou profundo impacto na África que se tornou o continente exportador de mão-de-obra escrava por excelência.
Peça aos alunos para elaborar um texto em dupla dissertando sobre o que eles descobriram a respeito dos negros na África. Em
seguida compare alguns textos escolhidos com as idéias prévias dos alunos registradas no quadro negro (olhar tópico
"Diversidade étnica e cultural dos povos africanos").
Orientação Pedagógica: Os povos africanos
Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental
Autor(a): Raphael Rocha de Almeida
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005

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  • 1. EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIA DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES Tema 1: Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais, regionais e intercontinentais Sub-tema 1: Transformações econômicas, diversidade populacional e migrações em Minas Gerais Tópico 4: Os povos africanos Habilidades: 1. Identificar a diversidade étnica e cultural dos povos africanos e localizá-los no espaço e no tempo 2. Conceituar escravidão 3. Problematizar a existência da escravidão na África antes da expansão marítima européia 4. Estabelecer diferenças entre o tipo de escravidão existente na África e o tipo de implantado na América Portuguesa 5. Compreender os traços básicos da colonização européia no Brasil Porque ensinar Dentre as várias finalidades do estudo da História como disciplina obrigatória do Ensino Fundamental estão a compreensão da diversidade cultural da sociedade brasileira e o entendimento do avanço da cidadania em nosso país. Por isso mesmo é importante o estudo dos diferentes povos que, ao longo dos anos, acabaram por constituir a sociedade brasileira. Nesse sentido, consideramos indispensável o estudo da diversidade étnica e cultural dos povos africanos que, ao longo de mais de trezentos anos, foram trazidos para o Brasil na condição de escravos. Como se sabe, a mão-de-obra escrava constituiu a principal força de trabalho até meados do século XIX. Além disso, para se compreender o processo de constituição da cidadania em nosso país não podemos deixar de lado o estudo da escravidão, aspecto tão marcante da história brasileira. Segundo alguns autores, como José Murilo de Carvalho, a escravidão constituiu-se num verdadeiro empecilho à formação de futuros cidadãos. Por que? O sentido da cidadania está ligado a uma noção de igualdade de todos perante a lei. O escravo, no entanto, não possuía nem mesmo os direitos civis mais básicos como o à integridade física, à liberdade e até mesmo o direito à própria vida. Embora esses aspectos da escravidão sejam importantes para se entender o longo caminho da cidadania no nosso país, não podemos deixar que o escravo continue sendo entendido apenas como vítima e estudado de forma ingênua, romantizada e inconsistente. Como bem afirma Marina de Mello e Souza, conhecer melhor a África foi decisivo para um estudo crítico sobre a escravidão no Brasil. O estudo da África nos possibilita entender melhor a ligação das várias partes do Atlântico (África, Portugal e América) e como conclui a historiadora, “entender melhor a mistura que somos”. Condições prévias para ensinar Para que o aluno entenda a importância do tráfico negreiro na transformação radical das sociedades africanas é importante que ele conheça o contexto maior da expansão comercial européia, ambiente no qual o tráfico ganhará força, e a forma como se deu a colonização brasileira. O que ensinar A história da África é um campo de estudo extremamente novo, principalmente nas escolas. Ainda há muito que ser descoberto. Apontamos, nesse tópico, alguns aspectos importantes da história africana que acreditamos que são essenciais para que o aluno entenda melhor a escravidão em terras americanas de forma crítica e consistente. Dentro desse quadro, podemos destacar a heterogeneidade do povo africano. Durante muito tempo esse povo foi pensado e entendido como um povo só. Hoje sabemos que as tribos e reinos da África eram política, econômica e culturalmente diferentes. Falavam línguas diferentes, tinham costumes e religiões diferentes É preciso salientar essa pluralidade. Muitas tribos guerreavam entre si, eram inimigas. Os prisioneiros de guerra acabavam virando escravos e sendo incorporados ao grupo que os capturavam. Isso quer dizer que existia escravidão na África antes mesmo da chegada dos europeus e americanos no continente. Eram os prisioneiros de guerra, condenados pela justiça, devedores e excluídos. Havia também, a sua comercialização. É evidente que essa estrutura já montada facilitou muito a implantação e o sucesso do tráfico negreiro e da escravidão fora do território africano. No entanto, é válido fazer uma ressalva. O caráter da escravidão na África era, antes da chegada dos europeus e americanos, bastante diferente da escravidão na colônia brasileira. Como bem nos adverte Lilia Moritz Schwarcz: “Pelo que se conhece, antes da chegada dos portugueses, esses e outros grupos já conheciam a escravidão. No entanto, diferentemente do que dizem muitos livros de divulgação, o caráter da escravidão africana era totalmente diverso, já que os cativos eram considerados prisioneiros de guerra e incorporavam-se ao grupo que os capturava. Bem diversa foi a escravidão imposta pelos europeus, orientada pelo lucro. Abre-se um importante setor do tráfico mercantil: o negócio dos seres humanos, que, com o tempo, se torna mais relevante do que o próprio comércio de açúcar” ( Negras Imagens,1996) . O tráfico de escravos teve, certamente, um papel de desencadeador de transformações radicais ocorridas no interior de algumas sociedades africanas a partir do século XVI. A ação de mercadores e de capitais europeus e, depois americanos, provocaram o aumento do conflito entre os africanos, agora, já com o objetivo de obter mais cativos. Podemos perceber que o próprio caráter da escravidão na África sofreu transformações em decorrência tráfico. Como ensinar Apresentaremos a seguir algumas imagens e alguns documentos acerca do tema desenvolvido. Todos esses recursos contêm orientações para o professor a fim de facilitar o estudo do tópico.
  • 2. • Atividade 1 • Construindo o conceito de escravidão Leia o documento abaixo. Escravos listados no inventário de José Viera de Almeida, rico coronel, morador de uma fazenda na freguesia de Baependi, localidade próxima a São João Del Rei, em Minas Gerais, datado de 1780: • Francisco, mulato, ferreiro, 30 anos 185.000 réis • Jozefa, mulata, mulher do Franscico, 110.000 réis • Mariana, mulata, 10 anos, filha de Jozefa e Francisco, 70.000 réis • Antônio, mulato, 6 anos, filho de Jozefa e Francisco, 50.000 réis • Joana, mulata, 4 anos, filha de Jozefa e Francisco, 40.000 réis • João Congo, 30 anos, 90.000 réis • Ignácia, mulata, mulher de João Congo, 110.000 réis • Isabel, de peito, filha de João Congo e Ignácia, 25.000 réis Fonte: LIBBY, Douglas Cole & PAIVA, Eduardo França. A escravidão no Brasil: relações sociais, acordos e conflitos. São Paulo: Moderna, 2000. Texto adaptado para fins didáticos. • Orientações: o documento tem por objetivo possibilitar a construção do conceito de escravidão. O documento é parte de um inventário que data de 1780. Nele o proprietário de escravos enumera cada um de seus escravos com a respectiva idade e preço. Leia o texto com os alunos atentando justamente para a natureza do documento. As mercadorias listadas, nesse caso, são os escravos, o que significa que estes são necessariamente propriedade de outra pessoa podendo ser negociados (comprados, vendidos, leiloados, emprestados, alugados, doados e penhorados). Outro ponto importante na construção do conceito de escravidão é a idéia de que o escravo está destituído de seus direitos sociais e está obrigado a cumprir tarefas determinadas pelo seu senhor. • Diversidade étnica e cultural dos povos africanos Pergunte aos alunos quem eram os escravos que trabalharam no Brasil por centenas de anos. Deixe que os alunos exponham suas idéias prévias a respeito de quem eram esses escravos e escreva no quadro negro as idéias principais. Problematize a visão dos alunos no que se refere à heterogeneidade do povo africano e o ambiente no qual moravam antes de serem trazidos para o Brasil, levantando questões como: todos esses escravos faziam parte de um povo só? Falavam a mesma língua? Tinham a mesma religião? Moravam na mesma região da África? De que maneira se relacionavam na África antes de virem para o Brasil? Seriam todos amigos? Como seria a África, terra natal dos negros? Img 01 - Negros africanos de diferentes nações, autor Jean Baptiste Debret, produzida entre 1816 e 1831. Peça aos alunos que observem, com bastante atenção, a imagem de Debret. (Nesse ponto, valeria a pena apresentar informações sobre quem foi o artista, como veio para o Brasil, quais foram os principais objetos de sua pintura e sobre o contexto ideológico europeu vivenciado por ele na Europa no séc. XIX - teorias raciais). A seguir peça para que eles descrevam a imagem em detalhes. Chame a atenção para o título dado por seu autor. Pergunte à turma o que Debret nos mostra com essa figura. Ele fala de negros africanos diferentes. O que parece diferenciá-los nessa figura? Chame a atenção para a fisionomia dos negros, para as marcas tribais, os cortes de cabelos diferentes e os adereços, todos indicativos da diversidade étnica e cultural dos povos africanos que foram trazidos à América Portuguesa. Saliente, também, a diversidade cultural, política e econômica desses povos. • Escravidão na África e na América Portuguesa: diferenças
  • 3. Img 02 – A Divisão Social no Congo Fonte: Revista Nossa Historia, ano I, nº 8, junho de 2004. p. 81. Peça aos alunos que observem e descrevam com cuidado a imagem. Peça para que prestem atenção também no título dado à imagem. Explique o que significa divisão social. Pergunte qual é o local retratado pela imagem. Como ele é apresentado? Parece ter uma estrutura urbana desenvolvida, o que pode ser observado ao fundo da imagem. Quem poderia ser esses dois homens caminhando? Peça para que os alunos descrevam cada um deles. São iguais? O que os está diferenciando um do outro? Chame a atenção dos alunos para os trajes usados por cada um. Qual parece ser mais importante? Quem está caminhando na frente? Informe aos alunos que à esquerda está um nobre do Congo e que, à direita, um escravo. Essa imagem é datada de 1591. Peça para que os alunos comparem os dados obtidos por eles a partir da análise da figura com o texto abaixo: Texto 1 “Antes mesmo de os europeus chegaram à África Ocidental já existiam variadas formas de escravidão, que alias, estenderam-se até o século XX. Predominavam os trabalhos domésticos e artesanais, porém houve importantes empreendimentos escravistas agrícolas e mineratórios, muitos similares ao do Novo Mundo. (...) O comércio de escravos na África é bem anterior ao tráfico negreiro praticado por europeus. Estes últimos aproveitaram a organização comercial já existente para consolidar seu novo negócio internacional.” (LIBBY & PAIVA, p. 14) Pergunte aos alunos o que se pode concluir depois da leitura do texto e da imagem? Leia junto com os alunos o texto 2. Texto 2 “Pelo que se conhece, antes da chegada dos portugueses, esses e outros grupos já conheciam a escravidão. No entanto, diferentemente do que muitos livros de divulgação, o caráter da escravidão africana era totalmente diverso, já que os cativos eram considerados prisioneiros de guerra e incorporavam-se ao grupo que os capturava. Bem diversa foi a escravidão imposta pelos europeus, orientada pelo lucro”. (Lílian Moritz Schwarcz, Negras Imagens, p.13). • Orientações: peça para que os alunos, a partir da leitura do texto 1 e 2, discuta as diferenças entre a escravidão na África e a escravidão brasileira. A autora chama a atenção para o fato de que, uma vez considerado prisioneiro de guerra, na África, não está em questão a condição humana do escravo. Saliente o aspecto mercantil da escravidão no Brasil, ligado estritamente ao lucro. Texto 3
  • 4. “Sem dúvida, a existência anterior de escravos, e de sua comercialização, facilitou a implantação e o sucesso desse novo negócio. Porém, foram as ações de mercadores e capitais europeus (mais tarde americanos) que provocaram o aumento dos conflitos [na África] com o objetivo de obter mais cativos.” Op. cit. Marina de Mello e Souza, Revista Nossa História, ano I, nº 8, junho de 2004. p. 81. • Orientações: com base no texto 3 peça aos alunos para tentarem responder a seguinte pergunta: qual o impacto, a longo prazo, do tráfico negreiro realizado por europeus e, mais tarde, americanos nas sociedades africanas? O professor deve discutir com os alunos como a colonização brasileira gerou um aumento expressivo da procura por mão-de-obra escrava. Esse aumento da procura causou profundo impacto na África que se tornou o continente exportador de mão-de-obra escrava por excelência. Peça aos alunos para elaborar um texto em dupla dissertando sobre o que eles descobriram a respeito dos negros na África. Em seguida compare alguns textos escolhidos com as idéias prévias dos alunos registradas no quadro negro (olhar tópico "Diversidade étnica e cultural dos povos africanos"). Orientação Pedagógica: Os povos africanos Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental Autor(a): Raphael Rocha de Almeida Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005