3. O capítulo está dividido em 6
tópicos:
Fenomenologia do conhecimento
Ocularcentrismo
O olho do furacão
A arte de viajar
A educação dos sentidos
Uma experiência indisciplinada
4. Fenomenologia do
conhecimento “Estamos presos a nossos sentidos” (p. 51)
“(...) a idéia segundo a qual existe um
conhecimento verdadeiro em detrimento de
outros considerados falsos é relativa” (p. 51);
“O conhecimento do senso comum não é
falso” e “o conhecimento científico não
pode ser visto como verdade absoluta” (p.
51).
“Os sentidos interferem na produção do
conhecimento científico, colocando novos
problemas, sugerindo novas questões” (p. 52).
O conhecimento na nova perspectiva
antropológica:
Lanternari (1997)
5. “(...) SE NÃO PODEMOS COMPREENDER O
MUNDO SEM ANTES DETECTÁ-LO POR MEIO DOS
SENTIDOS, FAZ-SE NECESSÁRIO, ENTÃO, BUSCAR
COMPREENDER QUAL A IMPORTÂNCIA DOS
SENTIDOS NO PROCESSO DE CONHECIMENTO”
(ROCHA & TOSTA, 2009, p. 52).
6. Sentidos: ligados a sistemas culturais historicamente
determinados (p 52);
TRABALHO DE CAMPO: reeducação dos sentidos
acompanhada de uma atitude fenomenológica:
Merleau-Ponty (1989)
Experiência etnográfica: “oportunidade única e
singular no processo de compreensão do ‘outro’ (...)”
(p. 54).
7. Ocularcentrismo
A dimensão do olhar no Ocidente
Gregos: olhos associados ao conhecimento;
Mito da Caverna (Platão)
“(...) em geral somos ‘cegos’ se não ‘míopes’
quando se trata de olharmos para a nossa própria
realidade social e/ou cultural” (p. 56).
“Desde o renascimento, no séc. XVI, uma nova
cultura da sensibilidade é, paulatinamente, posta
em prática” (p. 57).
Sociedade de Corte;
A idéia de Civilidade.
8. A partir do século XVI renovação dos conhecimentos
filosóficos e científicos.
Mudança no status dos sentidos em diversos campos (p.
58).
“É COM O ILUMINISMO QUE O OLHAR ATINGE A
MAIS CLARA FORMULAÇÃO DE UMA NECESSÁRIA
PEDAGOGIA CAPAZ DE COMBATER A PRÓPRIA
CEGUEIRA PROVOCADA PELA EDUCAÇÃO, ISTO É,
OS PRECONCEITOS” (p. 59).
“No centro de tudo o olhar” (p. 59);
Anna Grimshaw (2001), parafraseando Martin Jay:
OCULARCENTRISMO
9. O olho do furacão
Século XIX: “triunfo do olhar”
“(...) transformações sociais, políticas, econômicas,
culturais e estéticas promovem uma verdadeira
alteração no campo visual da sociedade moderna” (p.
60).
Essas transformações compõem um cenário importante para
a formação da antropologia (p. 60).
Antropologia no século XIX:
OLHAR: um de seus principais mecanismos de
legitimação e constituição identitária;
Antropologia: ciência do olhar, orientada para a
compreensão da diferença e de seus significados.
10. Paris: flâneur: observador do cenário urbano
Ruas: cenário natural.
Charles Baudelaire (1821-1867);
Walter Benjamin (1892-1940)
Na História: Carlos Ginzburg;
O panóptico: Jeremy Bentham;
O impressionismo nas artes plásticas
Visão primitivista.
11. “(...) a partir do século XIX, com o nascimento
das primeiras escolas de antropologia, na França,
na Inglaterra e nos Estados Unidos, aos poucos os
antropólogos passaram a participar de viagens de
expedições com a finalidade de se estudar
determinadas sociedades primitivas (...)”
(ROCHA E TOSTA, 2009, p. 64).
12. A arte de viajar
“A ANTROPOLOGIA NÃO É UMA DISCIPLINA
LIGADA SOMENTE AO OLHAR , TAMBÉM AS
VIAGENS SÃO DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA
NA DEFINIÇÃO DE SEU CAMPO
EPISTEMOLÓGICO” (ROCHA & TOSTA, 2009, p.
64).
Relatos de viagens, descrições de costumes culturais
realizados por viajantes, colonizadores, missionários,
militares, diplomatas: origem da disciplina.
Viagem: ethos antropológico:
“(...) deslocamento no espaço, mas também no tempo e
na hierarquia social, propõe Lèvi-Strauss (...)” (p. 64).
13. “Será andando pelas ruas de nossas cidades que
realizamos o sentido das viagens e da aventura no mundo
cotidiano. Por outro lado, será viajando para o distante
mundo das sociedades primitivas que os antropólogos
objetivam ‘resgatar’ tais culturas, registrando seus
costumes e hábitos, ameaçadas de desaparecimento em
face das transformações urbanas do século XIX
deflagradas pelo ‘inelutável’ processo civilizatório
ocidental” (ROCHA & TOSTA, 2009, p. 65).
14. Origens da antropologia moderna: estreita relação
das expedições etnológicas e missões científicas com
os movimentos artísticos e culturais de fins do século
XIX e início do século XX, na constituição da
disciplina” (ROCHA & TOSTA, 2009, p. 65).
“As viagens podem ser vistas como experiências
relacionadas não só ao deslocamento no espaço e no
tempo, mas, sobretudo, como experiências do olhar”
(ROCHA & TOSTA, 2009, P. 69).
“(...) a observação de uma outra cultura exige do
antropólogo, a exemplo dos ritos de passagem, um
processo de ‘educação dos sentidos’ (...)” (p. 69);
O Olhar, o Ouvir e o Escrever.
15. NOS PRÓXIMOS SUBTÍTULOS, DOIS EIXOS
FUNDAMENTAIS ORIENTAM A DISCUSSÃO:
O processo de educação dos sentidos, a partir das
contribuições do antropólogo Roberto Cardoso de
Oliveira;
A especificidade do relato etnográfico diante dos relatos
de viagem.
16. A educação dos sentidos
Roberto Cardoso de Oliveira (“O trabalho do
antropólogo):
“(...) o olhar o ouvir e o escrever representam não só três
momentos importantes, mas também três ‘faculdades de
entendimento’ fundamentais no trabalho de campo
antropológico” (ROCHA & TOSTA, 2009, p. 69).
“(...) o antropólogo garantiria a objetividade do
conhecimento científico por meio de um olhar disciplinado e
relativamente distante” (p. 69);
“é preciso ouvir o que o outro tem a dizer, seja ele o nativo
da sociedade primitiva, sela ele o ‘nativo’ de uma ‘tribo
urbana’ nas sociedades contemporâneas e, sobretudo,
quando o ‘outro’ é um membro da ‘tribo acadêmica’” (p. 69-
17. “Escrever, Geertz já o disse, é o que o antropólogo faz. O
antropólogo escreve. Haja vista que uma das
preocupações constantes do próprio saber/fazer da
antropologia na atualidade é justamente com a escrita,
com o próprio texto etnográfico” (p. 70);
O sentido do “ouvi dizer”: “(...) as narrativas de viagens
(...) são significativas na medida em que revelam o
imaginário social de uma época” (p. 70);
“Se os relatos de viagem não atestam a verdade dos fatos,
atestam, por outro lado, a realidade do imaginário”
(ROCHA & TOSTA, 2009, p. 71).
18. “OS RELATOS DE VIAGENS NOS AJUDAM A COMPREENDER
NÃO SÓ OS LIMITES ENTRE O OLHAR, O OUVIR E O
ESCREVER INSCRITOS NAS NARRATIVAS ETNOGRÁFICAS,
MAS TAMBÉM AS DIFERENÇAS ENTRE AS NARRATIVAS
DOS VIAJANTES E A DOS ANTROPÓLOGOS
PROFISSIONAIS” ( ROCHA & TOSTA, 2009, p. 72).
A etnografia realizada pelos viajantes são narrativas de viagens cujo
objetivo maior consiste em descrever a experiência da própria viagem”
(p. 72).
DOIS PONTOS BÁSICOS DE DIVERGÊNCIA:
“As monografias antropológicas suspendem a aventura da
jornada e priorizam o momento de chegada quando muito
o momento de saída de suas sociedades em estudo” (p. 72).
19. “(...) a etnografia realizada pelo antropólogo em seu
trabalho de campo é motivada pela colocação de um
problema, isto é, o antropólogo busca responder a
uma questão ou problema previamente levantado por
ele e/ou sugerido por outros autores” (ROCHA &
TOSTA, 2009, p. 72).
20. “A etnografia antropológica parte de um problema que
orienta o olhar do antropólogo ao mesmo tempo em
que relativiza o sentido do ‘ouvi dizer’” (p. 73);
21. O que, nos relatos de viagens, “(...) é puramente
episódico ou exótico, fica em segundo plano na
monografia antropológica, e em seu lugar busca-se atingir
as estruturas e os sistemas sociais” (p. 73).
“(...) os sentidos do olhar e do ouvir assumem
importância significativa na prática etnográfica do
trabalho de campo do antropólogo na medida em que
problematiza o próprio processo de conhecimento
antropológico” (p. 73);
“(...) a maneira como esses sentidos são revelados
encontra-se inscrita na escrita do texto etnográfico ou da
narrativa monográfica realizada pelo antropólogo,
portanto, o campo do conhecimento antropológico está
relacionado com a forma da escrita” (p. 73-74).
22. “(...) é por meio da escrita que (...) o antropólogo
organiza as culturas que estuda e também a sua
própria” (p. 74);
“Com variados graus de liberdade, o olhar, o ouvir e o
escrever guardam uma estreita relação com o ethos
científico (...)” (p. 74).
“(...) a realidade passa a ser vista sob um certo prisma,
as pessoas são ouvidas com mais atenção, a escrita
inscreve o dito por meio da interpretação
antropológica” (p. 74).
23. Uma experiência
indisciplinada
Trabalho de campo: superação da antropologia de
gabinete;
Estudar a vida “In loco”;
Qual seria a especificidade do trabalho de campo?
24. Não há um padrão de pesquisa;
As orientações de MAUSS (1947): Manual de etnografia;
Trabalho de campo indisciplinado x Rigor, Autenticidade;
25. As contribuições de Malinowisk frente aos
desafios do campo:
“Imagine-se o leitor sozinho, rodeado apenas de
seu equipamento, numa praia tropical próxima a
uma aldeia nativa, vendo a barca ou lancha que
trouxe afastar-se no mar até desaparecer de
vista”(...)
26. Os Nuereses:
Pritchard (1978.
P.305) diz: “(...)
aprendi mais
sobre a natureza
de Deus e nossa
condição humana
com os nuer do
que com tudo o
que eu aprendi
em casa”.
27. O ofício do
antropólogo:
• GEERTZ afirma: (...)o
antropólogo faz
etnografia!
• Essa é uma resposta
dada, pronta e
acabada, mas também
é a problematização
acerca do fazer
antropológico.