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Introdução à Economia
1.1 Introdução
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com inú-
meras questões econômicas, como:
aumentos de preços;
períodos de crise econômica ou de crescimento;
desemprego;
setores que crescem mais do que outros;
diferenças salariais;
crises no balanço de pagamentos;
vulnerabilidade externa;
valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
dívida externa;
ociosidade em alguns setores de atividade;
diferenças de renda entre as várias regiões do país;
comportamento das taxas de juros;
déficit governamental;
elevação de impostos e tarifas públicas.
c a p í t u l o
1
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Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com
altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um
estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar um cargo de responsabili-
dade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teó-
ricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente.
O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e
formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida.
1.2 Conceito de Economia
A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa
a administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (esco-
lhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a
distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades
humanas.
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo
da Ciência Econômica:
escolha;
escassez;
necessidades;
recursos;
produção;
distribuição.
Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de-
obra, terra, matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades
humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento popula-
cional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau
de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para
satisfazer todas as necessidades da coletividade.
Tem-se, então, um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessida-
des humanas ilimitadas.
Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas
de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários gru-
pos da sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos
produtivos limitados, de forma a atender ao máximo às necessidades humanas.
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1.2.1 Os problemas econômicos fundamentais
Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do
homem, originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais: O quê e quanto
produzir? Como produzir? Para quem produzir?
o quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade
terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos
serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas;
como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção
serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico exis-
tente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão
produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais
eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível;
para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da
renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços pro-
dutivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e
dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da
maneira como ela se transmite por herança.
O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais de-
pende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de
cada nação.
1.3 Sistemas econômicos
Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica
pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da
produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam
buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.
Os elementos básicos de um sistema econômico são:
estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui se incluem os recursos
humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a
tecnologia;
complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas;
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conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base da
organização da sociedade.
Os sistemas econômicos podem ser classificados em:
sistema capitalista, ou economia de mercado. É regido pelas forças de mercado, pre-
dominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção;
sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada. Nes-
se sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão cen-
tral de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção,
chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital,
terra, prédios, bancos, matérias-primas
1
.
Os países organizam-se segundo esses dois sistemas, ou alguma forma intermediária entre eles.
Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de
concorrência pura, em que não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. Era a
filosofia do Liberalismo, que será discutida mais adiante.
Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista,
no qual ainda prevalecem as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na alo-
cação e distribuição de recursos como na própria produção de bens e serviços, nas áreas de
infra-estrutura, energia, saneamento e telecomunicações.
Em economias de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e salários é deter-
minada predominantemente pelo mecanismo de preços, que atua por meio da oferta e da
demanda dos fatores de produção. Nas economias centralizadas, essas questões são deci-
didas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de
produção disponíveis e das necessidades do país. Ou seja, grande parte dos preços dos bens
e serviços, salários, cotas de produção e de recursos é calculada nos computadores desse
órgão, e não pela oferta e demanda no mercado.
Após o fim da chamada “Cortina de ferro”, ao final dos anos 1980, mesmo as economias
guiadas por governos comunistas, como Rússia e China, têm aberto cada vez mais espaço
para atuação da iniciativa privada, caracterizando um“socialismo de mercado”: regime políti-
co comunista, com economia de mercado.
1
Não pertencem ao Estado pequenas atividades comerciais e artesanais, que, com os meios de sobrevivência,
como roupas, automóveis e móveis pertencem aos indivíduos (mas com preços fixados pelo governo). Existe
também liberdade para escolha de profissão (ou seja, há mobilidade de mão-de-obra).
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1.4 Curva de possibilidades de produção (ou curva de
transformação)
A curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) expressa a capacidade máxi-
ma de produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produção
de que se dispõe em dado momento do tempo. Trata-se de um conceito teórico com o qual
se ilustra como a escassez de recursos impõe um limite à capacidade produtiva de uma socie-
dade, que terá de fazer escolhas entre diferentes alternativas de produção.
Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, uma
produção potencial ou produto de pleno emprego, quando todos os recursos disponíveis
estão empregados (todos os trabalhadores que querem trabalhar estão empregados, não há
capacidade ociosa).
Suponhamos uma economia que só produza máquinas (bens de capital) e alimentos (bens
de consumo) e que as alternativas de produção de ambos sejam as seguintes:
Tabela 1.1: Possibilidades de produção
Alternativas de produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas)
A 25 0
B 20 30,0
C 15 47,5
D 10 60,0
E 0 70,0
Na primeira alternativa (A), todos os fatores de produção seriam alocados para a produção
de máquinas; na última (E), seriam alocados somente para a produção de alimentos; e nas
alternativas intermediárias (B, C e D), os fatores de produção seriam distribuídos na produção
de um e de outro bem (veja a Figura 1.1).
A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção potencial de máquinas e de ali-
mentos nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia irá
operar no pleno emprego, ou seja, à plena capacidade, utilizando todos os fatores de produção
disponíveis.
No ponto F (ou em qualquer outro ponto interno à curva), quando a economia está produ-
zindo 10 mil máquinas e 30 toneladas de alimentos, dizemos que se está operando com capaci-
dade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de produção estão sendo subutilizados.
O ponto G representa uma combinação impossível de produção (25 mil máquinas e
50 toneladas de alimentos), uma vez que os fatores de produção e a tecnologia de que a
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economia dispõe seriam insuficientes para obter essas quantidades de bens. Esse ponto
ultrapassa a capacidade de produção potencial ou de pleno emprego dessa economia.
1.4.1 Custo de oportunidade
A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir um bem Y implica um
custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para
se produzir mais do bem Y. O custo de oportunidade também é chamado de custo alternati-
vo, por representar o custo da produção alternativa sacrificada. Por exemplo, na Figura 1.1, para
aumentar a produção de alimentos de 30 para 47,5 toneladas (passar do ponto B para o C), o
custo de oportunidade em termos de máquinas é igual a 5 mil, que é a quantidade sacrificada
desse bem para se produzirem mais 17,5 toneladas de alimentos.
É de se esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, uma vez que, quando
aumentamos a produção de determinado bem, os fatores de produção transferidos dos ou-
tros produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferência
vai ficando cada vez mais difícil e onerosa, e o grau de sacrifício vai aumentando. Isto é, os
fatores de produção são especializados em determinadas linhas de produção, e não são com-
pletamente adaptáveis a outros usos.
Esse fato justifica o formato côncavo da curva de possibilidades de produção: acréscimos
iguais na produção dos alimentos implicam decréscimos cada vez maiores na produção de
máquinas, como mostra a Figura 1.22
.
2
Se os custos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta; se fossem decrescentes, a CPP seria con-
vexa em relação à origem.
Figura 1.1: Curva (ou fronteira) de possibilidades de produção.
70
60
50
40
30
20
10
5 10 15 20 25 Máquinas
(milhares)
Alimentos
(toneladas)
E
D
C
B
A
F
G
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15
Figura 1.2: Curva de possibilidades de produção/custos de oportunidade crescentes.
1.4.2 Deslocamentos da curva de possibilidades de produção
O deslocamento da CPP para a direita indica que o país está crescendo. Isso pode ocorrer
fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física de fatores de produ-
ção como em função do melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocor-
rer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e
melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Desse modo, a expansão dos recursos de
produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a
curva de possibilidades de produção para cima e para a direita, permitindo que a economia
obtenha maiores quantidades de ambos os bens.
Figura 1.3: Crescimento econômico.
... levam a quedas cada vez maiores
na produção de máquinas
Alimentos
(toneladas)
Máquinas
(milhares)
Acréscimos iguais
na produção de
alimentos...
⎧
⎨
⎩
⎧
⎨
⎩
Alimentos
(toneladas)
Máquinas
(milhares)
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1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos
reais e monetários
Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de
mercado que não tenha interferência do governo nem transações com o exterior (economia
fechada). Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (uni-
dades produtoras). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às
unidades de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas, pela
combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no
mercado de bens e serviços.
A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominamos fluxo real da economia3
.
Como pode ser observado na Figura 1.4, famílias e empresas exercem um duplo pa-
pel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto
as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os
serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas
os demandam.
No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda,
que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e
serviços.
Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia (veja
a Figura 1.5).
3
Um fluxo é definido ao longo de um dado período de tempo (ano, mês etc.). Diferencia-se do conceito de esto-
que, que é definido num dado momento do tempo, e não ao longo de um período. Em Economia, essa diferen-
ciação é particularmente importante: por exemplo, o conceito de déficit público é um fluxo (mensal, trimestral,
anual), enquanto a dívida pública é um estoque acumulado, até um dado momento.
Figura 1.4: Fluxo real da economia.
Famílias
Demanda
Oferta
Mercado de bens e serviços
Mercado de fatores de produção
Empresas
Oferta
Demanda
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Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda,
determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços dos
bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção são determinados os pre-
ços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties, dentre outros).
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias
e empresas. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos
impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior, bem como o setor externo, que inclui
todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o resto do
mundo.
Figura 1.5: Fluxo monetário da economia.
Figura 1.6: Fluxo circular de renda.
Famílias Empresas
Pagamento dos bens e serviços
Remuneração dos fatores de produção
Mercado de bens e serviços
Mercado de fatores de produção
Para quem produzir
Como produzir EmpresasFamílias
O quê e quanto produzir Oferta de
bens e serviçosbens e serviços
Oferta de
serviços dos
fatores de
produção
Demanda de
serviços dos
fatores de
produção
Fluxo monetário (bens e serviços dos fatores de produção)
Fluxo real (bens e serviços dos fatores de produção)
Demanda de
Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o chamado fluxo circular de renda
(veja a Figura 1.6).
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1.5.1 Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de
produção
Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam to-
talmente no processo produtivo. É o caso, por exemplo, de máquinas, equipamentos e insta-
lações. São usualmente classificados no ativo fixo das empresas, e uma de suas características
é contribuir para a melhoria da produtividade da mão-de-obra.
Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades huma-
nas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis (por exemplo,
geladeiras, fogões, automóveis) ou como não-duráveis (alimentos, produtos de limpeza).
Os bens intermediários são transformados ou agregados na produção de outros bens e são
consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, matérias-primas e componentes). Dife-
renciam-se dos bens finais, que são vendidos para consumo ou utilização final. Os bens de capi-
tal, como não são“consumidos”no processo produtivo, são bens finais, e não intermediários.
Os fatores de produção, chamados recursos de produção da economia, são constituídos
pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia.
A cada fator de produção corresponde uma remuneração ao seu proprietário, conforme
o quadro a seguir:
Quadro 1.1: Fator de produção e tipo de remuneração
Fator de produção Tipo de remuneração
Trabalho Salário
Capital Juro
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty
Capacidade empresarial Lucro
As famílias são as proprietárias dos fatores de produção. Inclusive, como se observa, em
Economia considera-se o lucro também como remuneração a um fator de produção, repre-
sentado pela capacidade empresarial ou gerencial dos proprietários da empresa. As empresas
vendem bens e serviços no mercado, e o resultado de suas atividades (lucro/prejuízo) perten-
ce a seus proprietários (unidades familiares).
1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos
A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que
deve explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos não envolvem juízo de valor, e
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referem-se a proposições objetivas, tipo se A, então B. Por exemplo, se o preço da gasolina
aumentar em relação a todos os outros preços, então a quantidade que as pessoas irão com-
prar de gasolina cairá. É uma análise do que é.
Desse ponto de vista, a Economia se aproxima da Física e da Química, que são ciências
consideradas virtualmente isentas de juízo de valor. Em Economia, entretanto, defronta-
mo-nos com um problema diferente. Ela trata do comportamento de pessoas, e não de
moléculas, como na Química. Freqüentemente nossos valores interferem na análise do
fato econômico.
Nesse sentido, definimos também argumentos normativos, relativos a uma análise que
contém, explícita ou implicitamente, um juízo de valor sobre alguma medida econômica.
Por exemplo, na afirmação “o preço da gasolina não deve subir” expressamos uma
opinião ou juízo de valor, ou seja, se é uma coisa boa ou má. É uma análise do que
deveria ser.
Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuição de renda do país
(argumento normativo). É um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de
política econômica (policymaker) dispõe de algumas opções para alcançar esse objetivo (au-
mentar salários, combater a inflação, criar empregos). A Economia Positiva ajudará a escolher
o instrumento de política econômica mais adequado. Se a economia estiver próxima da plena
capacidade de produção, aumentos de salários, por encarecerem o custo da mão-de-obra,
podem gerar desemprego; isso é o contrário do desejado quanto à melhoria na distribuição
de renda. Esse é um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas circunstân-
cias, não constituem a política mais adequada.
1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do
conhecimento
Embora a Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos, ela tem in-
tercorrências com outras ciências. Afinal, todas estudam a mesma realidade e, evidentemente,
há muitos pontos de contato.
Nesta seção, tentaremos estabelecer relações entre a Economia e outras áreas do conhecimento.
1.7.1 Economia, Física e Biologia
O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços da técnica
e das ciências físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX.
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A construção do núcleo científico inicial da Economia começou a partir das chamadas
concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista,
a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos como órgãos, fun-
ções, circulação e fluxos na teoria econômica. Já para o grupo mecanicista, as leis da Econo-
mia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advêm termos como equilíbrio,
estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças e outros.
Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que coloca em plano
superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a Economia repousa sobre os
atos humanos, e é por excelência uma ciência social.
1.7.2 Economia, Matemática e Estatística
Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitada pelo meio físico, dado que os
recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das relações entre essas quantida-
des, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores de produção
utilizados no processo produtivo.
Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas
para estabelecer relações entre variáveis econômicas.
A Matemática torna possível escrever de forma resumida importantes conceitos e re-
lações de Economia e permite análises econômicas na forma de modelos analíticos, com
poucas variáveis estratégicas, que resumem os aspectos essenciais da questão em estudo4
.
Tomemos como exemplo uma importante relação econômica:
“O consumo nacional está diretamente relacionado com a renda nacional”.
Essa relação pode ser representada da seguinte forma:
C = f (RN) e ΔC > 0
ΔRN
A primeira expressão diz que o consumo (C) é uma função (ƒ) da renda nacional (RN). A
segunda informa que, dada uma variação na renda nacional (ΔRN), teremos uma variação
diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (ΔC).
Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatísti-
ca. Por exemplo,
C = 2πr
(em que C = comprimento da circunferência, π = letra grega pi e r = raio) é uma relação mate-
mática exata qualquer que seja o comprimento da circunferência. Em Economia tratamos de
4
Modelos também podem ter formulação verbal, como as experiências históricas para fundamentar a análise
econômica.
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leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente (C = ƒ(RN)), conhecendo o valor da renda
nacional num dado ano, não obtemos o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa
aproximada. Embora a renda seja a variável mais importante, o consumo não depende só da
renda nacional, mas de outros fatores (como condições de crédito, juros, patrimônio).
Se a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível. No entanto,“não existe
no mundo econômico regularidades como C = 2πr, equivalência entre massa e energia, leis
de Newton. Na Economia, o‘átomo’aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria
a Física e a Química se o átomo aprendesse: aquelas belas regularidades desapareceriam. Os
átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos
uma‘Física dos átomos proletários’,‘Física dos átomos burgueses’e outros”5
.
Contudo, a Economia apresenta muitas regularidades, que podem ser estimadas estatis-
ticamente, tais como:
o consumo nacional depende diretamente da renda nacional;
a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional
com seu preço, tudo o mais constante;
as exportações e as importações dependem da taxa de câmbio.
A área da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos é a Econometria,
que combina Teoria Econômica, Matemática e Estatística.
Lembremo-nos, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ferra-
mentas de análise necessárias para testar as proposições teóricas com os dados da reali-
dade. Permitem colocar à prova as hipóteses da teoria econômica, mas são meios, e não
fins em si mesmas. A questão da técnica nos deve auxiliar, mas não predominar, quando
tratamos de fatos econômicos, pois esses sempre envolvem decisões que afetam relações
humanas.
1.7.3 Economia e Política
A Economia e a política são áreas bastante interligadas.
A política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas.
Nesse sentido, a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político do país (se
é um regime democrático ou autoritário). As prioridades de política econômica (crescimento,
distribuição de renda, estabilização) são determinadas pelo poder político.
Entretanto, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao
poder econômico. Citemos apenas alguns exemplos:
5
Extraído de Delfim Netto, A. Moscou, Freiburg e Brasília: ensaios. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994.
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política do “café com leite”, antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo domina-
vam o cenário político do país;
poder econômico dos latifundiários;
poder dos oligopólios e monopólios;
poder das corporações estatais;
poder do sistema financeiro.
1.7.4 Economia e História
A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois facilita a
compreensão do presente e ajuda nas previsões. As guerras e revoluções, por exemplo, alte-
raram o comportamento e a evolução da Economia.
Por outro lado, também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns
importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro
e da cana-de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de NovaYork (1929),
a crise do petróleo, que alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as
próprias guerras e revoluções são permeadas por motivações econômicas.
1.7.5 Economia e Geografia
A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite
avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mer-
cados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a compo-
sição setorial da atividade econômica.
Atualmente, algumas áreas de estudo econômico estão relacionadas diretamente com a
Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização indus-
trial e a demografia econômica.
1.7.6 Economia, Moral, Justiça e Filosofia
AntesdaRevoluçãoIndustrial,noséculoXVIII,aatividadeeconômicaeravistacomoparteinte-
grante da Filosofia, Moral e Ética. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não
existiaaindaumestudosistemáticodasleiseconômicas,epredominavamprincípioscomoaleida
usura, o conceito de preço justo (discutidos, dentre outros filósofos, por SantoTomás de Aquino).
Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações
econômicas entre homens e nações.
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23
1.8 Divisão do estudo econômico
A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em
quatro áreas de estudo:
Microeconomia ou teoria de formação de preços. Examina a formação de preços em
mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e
como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente. Essa parte
será desenvolvida nos Capítulos 2 a 4.
Macroeconomia. Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados na-
cionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o ní-
vel geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural).
A teoria macroeconômica será discutida nos Capítulos 5 a 7.
Economia internacional. Analisa as relações econômicas entre residentes e não residen-
tes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras.
Os principais aspectos das relações de um país com o resto do mundo serão abordados
no Capítulo 8.
Desenvolvimento econômico. Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da co-
letividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em
questões estruturais e de longo prazo (como progresso tecnológico, estratégias de cresci-
mento). No Capítulo 9, apresentaremos as noções básicas que envolvem essa parte da teoria
econômica.
Questões para revisão
1. Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para quem
produzir) originam-se da escassez de recursos de produção?
2. O que mostra a curva de possibilidades de produção ou curva de transformação?
3. Explique a razão do formato da curva de possibilidades de produção. Ilustre graficamente.
4. Analisando-se uma economia de mercado, observa-se que os fluxos real e monetário
conjuntamente formam o fluxo circular da renda. Explique como esse sistema funciona.
5. Conceitue: bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção.
6. O que vem a ser argumentos positivos e argumentos normativos? Exemplifique.
7. Qual a importância da Matemática e da Estatística para estudos econômicos? Exempli-
fique.
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Eco 2

  • 1. 9 Introdução à Economia 1.1 Introdução Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com inú- meras questões econômicas, como: aumentos de preços; períodos de crise econômica ou de crescimento; desemprego; setores que crescem mais do que outros; diferenças salariais; crises no balanço de pagamentos; vulnerabilidade externa; valorização ou desvalorização da taxa de câmbio; dívida externa; ociosidade em alguns setores de atividade; diferenças de renda entre as várias regiões do país; comportamento das taxas de juros; déficit governamental; elevação de impostos e tarifas públicas. c a p í t u l o 1 _01_Economia e Sociedade.indd 9_01_Economia e Sociedade.indd 9 3/6/2009 14:57:313/6/2009 14:57:31
  • 2. 10 Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar um cargo de responsabili- dade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teó- ricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. 1.2 Conceito de Economia A palavra economia deriva do grego oikonomía (de óikos, casa; nómos, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (esco- lhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica: escolha; escassez; necessidades; recursos; produção; distribuição. Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de- obra, terra, matérias-primas, dentre outros) são limitados. Por outro lado, as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam, por força do próprio crescimento popula- cional e do contínuo desejo de elevação do padrão de vida. Independentemente do grau de desenvolvimento do país, nenhum deles dispõe de todos os recursos necessários para satisfazer todas as necessidades da coletividade. Tem-se, então, um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessida- des humanas ilimitadas. Em função da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produtiva entre os vários gru- pos da sociedade. Essa é a questão central do estudo da Economia: como alocar recursos produtivos limitados, de forma a atender ao máximo às necessidades humanas. _01_Economia e Sociedade.indd 10_01_Economia e Sociedade.indd 10 3/6/2009 14:57:323/6/2009 14:57:32
  • 3. 11 1.2.1 Os problemas econômicos fundamentais Da escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, originam-se os chamados problemas econômicos fundamentais: O quê e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? o quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas; como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico exis- tente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível; para quem produzir: a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços pro- dutivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança. O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais de- pende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. 1.3 Sistemas econômicos Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. Os elementos básicos de um sistema econômico são: estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui se incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia; complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas; _01_Economia e Sociedade.indd 11_01_Economia e Sociedade.indd 11 3/6/2009 14:57:323/6/2009 14:57:32
  • 4. 12 conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base da organização da sociedade. Os sistemas econômicos podem ser classificados em: sistema capitalista, ou economia de mercado. É regido pelas forças de mercado, pre- dominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção; sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada. Nes- se sistema as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão cen- tral de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas 1 . Os países organizam-se segundo esses dois sistemas, ou alguma forma intermediária entre eles. Pelo menos até o início do século XX, prevalecia nas economias ocidentais o sistema de concorrência pura, em que não havia a intervenção do Estado na atividade econômica. Era a filosofia do Liberalismo, que será discutida mais adiante. Principalmente a partir de 1930, passaram a predominar os sistemas de economia mista, no qual ainda prevalecem as forças de mercado, mas com a atuação do Estado, tanto na alo- cação e distribuição de recursos como na própria produção de bens e serviços, nas áreas de infra-estrutura, energia, saneamento e telecomunicações. Em economias de mercado, a maioria dos preços dos bens, serviços e salários é deter- minada predominantemente pelo mecanismo de preços, que atua por meio da oferta e da demanda dos fatores de produção. Nas economias centralizadas, essas questões são deci- didas por um órgão central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produção disponíveis e das necessidades do país. Ou seja, grande parte dos preços dos bens e serviços, salários, cotas de produção e de recursos é calculada nos computadores desse órgão, e não pela oferta e demanda no mercado. Após o fim da chamada “Cortina de ferro”, ao final dos anos 1980, mesmo as economias guiadas por governos comunistas, como Rússia e China, têm aberto cada vez mais espaço para atuação da iniciativa privada, caracterizando um“socialismo de mercado”: regime políti- co comunista, com economia de mercado. 1 Não pertencem ao Estado pequenas atividades comerciais e artesanais, que, com os meios de sobrevivência, como roupas, automóveis e móveis pertencem aos indivíduos (mas com preços fixados pelo governo). Existe também liberdade para escolha de profissão (ou seja, há mobilidade de mão-de-obra). _01_Economia e Sociedade.indd 12_01_Economia e Sociedade.indd 12 3/6/2009 14:57:323/6/2009 14:57:32
  • 5. 13 1.4 Curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação) A curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) expressa a capacidade máxi- ma de produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produção de que se dispõe em dado momento do tempo. Trata-se de um conceito teórico com o qual se ilustra como a escassez de recursos impõe um limite à capacidade produtiva de uma socie- dade, que terá de fazer escolhas entre diferentes alternativas de produção. Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, uma produção potencial ou produto de pleno emprego, quando todos os recursos disponíveis estão empregados (todos os trabalhadores que querem trabalhar estão empregados, não há capacidade ociosa). Suponhamos uma economia que só produza máquinas (bens de capital) e alimentos (bens de consumo) e que as alternativas de produção de ambos sejam as seguintes: Tabela 1.1: Possibilidades de produção Alternativas de produção Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) A 25 0 B 20 30,0 C 15 47,5 D 10 60,0 E 0 70,0 Na primeira alternativa (A), todos os fatores de produção seriam alocados para a produção de máquinas; na última (E), seriam alocados somente para a produção de alimentos; e nas alternativas intermediárias (B, C e D), os fatores de produção seriam distribuídos na produção de um e de outro bem (veja a Figura 1.1). A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção potencial de máquinas e de ali- mentos nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia irá operar no pleno emprego, ou seja, à plena capacidade, utilizando todos os fatores de produção disponíveis. No ponto F (ou em qualquer outro ponto interno à curva), quando a economia está produ- zindo 10 mil máquinas e 30 toneladas de alimentos, dizemos que se está operando com capaci- dade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de produção estão sendo subutilizados. O ponto G representa uma combinação impossível de produção (25 mil máquinas e 50 toneladas de alimentos), uma vez que os fatores de produção e a tecnologia de que a _01_Economia e Sociedade.indd 13_01_Economia e Sociedade.indd 13 3/6/2009 14:57:323/6/2009 14:57:32
  • 6. 14 economia dispõe seriam insuficientes para obter essas quantidades de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de produção potencial ou de pleno emprego dessa economia. 1.4.1 Custo de oportunidade A transferência dos fatores de produção de um bem X para produzir um bem Y implica um custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem X para se produzir mais do bem Y. O custo de oportunidade também é chamado de custo alternati- vo, por representar o custo da produção alternativa sacrificada. Por exemplo, na Figura 1.1, para aumentar a produção de alimentos de 30 para 47,5 toneladas (passar do ponto B para o C), o custo de oportunidade em termos de máquinas é igual a 5 mil, que é a quantidade sacrificada desse bem para se produzirem mais 17,5 toneladas de alimentos. É de se esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, uma vez que, quando aumentamos a produção de determinado bem, os fatores de produção transferidos dos ou- tros produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transferência vai ficando cada vez mais difícil e onerosa, e o grau de sacrifício vai aumentando. Isto é, os fatores de produção são especializados em determinadas linhas de produção, e não são com- pletamente adaptáveis a outros usos. Esse fato justifica o formato côncavo da curva de possibilidades de produção: acréscimos iguais na produção dos alimentos implicam decréscimos cada vez maiores na produção de máquinas, como mostra a Figura 1.22 . 2 Se os custos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta; se fossem decrescentes, a CPP seria con- vexa em relação à origem. Figura 1.1: Curva (ou fronteira) de possibilidades de produção. 70 60 50 40 30 20 10 5 10 15 20 25 Máquinas (milhares) Alimentos (toneladas) E D C B A F G _01_Economia e Sociedade.indd 14_01_Economia e Sociedade.indd 14 3/6/2009 14:57:323/6/2009 14:57:32
  • 7. 15 Figura 1.2: Curva de possibilidades de produção/custos de oportunidade crescentes. 1.4.2 Deslocamentos da curva de possibilidades de produção O deslocamento da CPP para a direita indica que o país está crescendo. Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física de fatores de produ- ção como em função do melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que pode ocor- rer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Desse modo, a expansão dos recursos de produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a curva de possibilidades de produção para cima e para a direita, permitindo que a economia obtenha maiores quantidades de ambos os bens. Figura 1.3: Crescimento econômico. ... levam a quedas cada vez maiores na produção de máquinas Alimentos (toneladas) Máquinas (milhares) Acréscimos iguais na produção de alimentos... ⎧ ⎨ ⎩ ⎧ ⎨ ⎩ Alimentos (toneladas) Máquinas (milhares) _01_Economia e Sociedade.indd 15_01_Economia e Sociedade.indd 15 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 8. 16 1.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetários Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado que não tenha interferência do governo nem transações com o exterior (economia fechada). Os agentes econômicos são as famílias (unidades familiares) e as empresas (uni- dades produtoras). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às unidades de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção. As empresas, pela combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de bens e serviços. A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominamos fluxo real da economia3 . Como pode ser observado na Figura 1.4, famílias e empresas exercem um duplo pa- pel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia (veja a Figura 1.5). 3 Um fluxo é definido ao longo de um dado período de tempo (ano, mês etc.). Diferencia-se do conceito de esto- que, que é definido num dado momento do tempo, e não ao longo de um período. Em Economia, essa diferen- ciação é particularmente importante: por exemplo, o conceito de déficit público é um fluxo (mensal, trimestral, anual), enquanto a dívida pública é um estoque acumulado, até um dado momento. Figura 1.4: Fluxo real da economia. Famílias Demanda Oferta Mercado de bens e serviços Mercado de fatores de produção Empresas Oferta Demanda _01_Economia e Sociedade.indd 16_01_Economia e Sociedade.indd 16 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 9. 17 Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda, determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção são determinados os pre- ços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties, dentre outros). Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e empresas. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior, bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o resto do mundo. Figura 1.5: Fluxo monetário da economia. Figura 1.6: Fluxo circular de renda. Famílias Empresas Pagamento dos bens e serviços Remuneração dos fatores de produção Mercado de bens e serviços Mercado de fatores de produção Para quem produzir Como produzir EmpresasFamílias O quê e quanto produzir Oferta de bens e serviçosbens e serviços Oferta de serviços dos fatores de produção Demanda de serviços dos fatores de produção Fluxo monetário (bens e serviços dos fatores de produção) Fluxo real (bens e serviços dos fatores de produção) Demanda de Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o chamado fluxo circular de renda (veja a Figura 1.6). _01_Economia e Sociedade.indd 17_01_Economia e Sociedade.indd 17 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 10. 18 1.5.1 Bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam to- talmente no processo produtivo. É o caso, por exemplo, de máquinas, equipamentos e insta- lações. São usualmente classificados no ativo fixo das empresas, e uma de suas características é contribuir para a melhoria da produtividade da mão-de-obra. Os bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades huma- nas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis (por exemplo, geladeiras, fogões, automóveis) ou como não-duráveis (alimentos, produtos de limpeza). Os bens intermediários são transformados ou agregados na produção de outros bens e são consumidos totalmente no processo produtivo (insumos, matérias-primas e componentes). Dife- renciam-se dos bens finais, que são vendidos para consumo ou utilização final. Os bens de capi- tal, como não são“consumidos”no processo produtivo, são bens finais, e não intermediários. Os fatores de produção, chamados recursos de produção da economia, são constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. A cada fator de produção corresponde uma remuneração ao seu proprietário, conforme o quadro a seguir: Quadro 1.1: Fator de produção e tipo de remuneração Fator de produção Tipo de remuneração Trabalho Salário Capital Juro Terra Aluguel Tecnologia Royalty Capacidade empresarial Lucro As famílias são as proprietárias dos fatores de produção. Inclusive, como se observa, em Economia considera-se o lucro também como remuneração a um fator de produção, repre- sentado pela capacidade empresarial ou gerencial dos proprietários da empresa. As empresas vendem bens e serviços no mercado, e o resultado de suas atividades (lucro/prejuízo) perten- ce a seus proprietários (unidades familiares). 1.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos A Economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deve explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos não envolvem juízo de valor, e _01_Economia e Sociedade.indd 18_01_Economia e Sociedade.indd 18 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 11. 19 referem-se a proposições objetivas, tipo se A, então B. Por exemplo, se o preço da gasolina aumentar em relação a todos os outros preços, então a quantidade que as pessoas irão com- prar de gasolina cairá. É uma análise do que é. Desse ponto de vista, a Economia se aproxima da Física e da Química, que são ciências consideradas virtualmente isentas de juízo de valor. Em Economia, entretanto, defronta- mo-nos com um problema diferente. Ela trata do comportamento de pessoas, e não de moléculas, como na Química. Freqüentemente nossos valores interferem na análise do fato econômico. Nesse sentido, definimos também argumentos normativos, relativos a uma análise que contém, explícita ou implicitamente, um juízo de valor sobre alguma medida econômica. Por exemplo, na afirmação “o preço da gasolina não deve subir” expressamos uma opinião ou juízo de valor, ou seja, se é uma coisa boa ou má. É uma análise do que deveria ser. Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuição de renda do país (argumento normativo). É um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de política econômica (policymaker) dispõe de algumas opções para alcançar esse objetivo (au- mentar salários, combater a inflação, criar empregos). A Economia Positiva ajudará a escolher o instrumento de política econômica mais adequado. Se a economia estiver próxima da plena capacidade de produção, aumentos de salários, por encarecerem o custo da mão-de-obra, podem gerar desemprego; isso é o contrário do desejado quanto à melhoria na distribuição de renda. Esse é um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas circunstân- cias, não constituem a política mais adequada. 1.7 Inter-relação da Economia com outras áreas do conhecimento Embora a Economia tenha seu núcleo de análise e seu objeto bem definidos, ela tem in- tercorrências com outras ciências. Afinal, todas estudam a mesma realidade e, evidentemente, há muitos pontos de contato. Nesta seção, tentaremos estabelecer relações entre a Economia e outras áreas do conhecimento. 1.7.1 Economia, Física e Biologia O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas nos séculos XVIII e XIX. _01_Economia e Sociedade.indd 19_01_Economia e Sociedade.indd 19 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 12. 20 A construção do núcleo científico inicial da Economia começou a partir das chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). Segundo o grupo organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo. Daí utilizarem-se termos como órgãos, fun- ções, circulação e fluxos na teoria econômica. Já para o grupo mecanicista, as leis da Econo- mia se comportariam como determinadas leis da Física. Daí advêm termos como equilíbrio, estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças e outros. Com o passar do tempo, predominou uma concepção humanística, que coloca em plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a Economia repousa sobre os atos humanos, e é por excelência uma ciência social. 1.7.2 Economia, Matemática e Estatística Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitada pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das relações entre essas quantida- des, como a que se estabelece entre a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivo. Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis econômicas. A Matemática torna possível escrever de forma resumida importantes conceitos e re- lações de Economia e permite análises econômicas na forma de modelos analíticos, com poucas variáveis estratégicas, que resumem os aspectos essenciais da questão em estudo4 . Tomemos como exemplo uma importante relação econômica: “O consumo nacional está diretamente relacionado com a renda nacional”. Essa relação pode ser representada da seguinte forma: C = f (RN) e ΔC > 0 ΔRN A primeira expressão diz que o consumo (C) é uma função (ƒ) da renda nacional (RN). A segunda informa que, dada uma variação na renda nacional (ΔRN), teremos uma variação diretamente proporcional (na mesma direção) do consumo agregado (ΔC). Como as relações econômicas não são exatas, mas probabilísticas, recorre-se à Estatísti- ca. Por exemplo, C = 2πr (em que C = comprimento da circunferência, π = letra grega pi e r = raio) é uma relação mate- mática exata qualquer que seja o comprimento da circunferência. Em Economia tratamos de 4 Modelos também podem ter formulação verbal, como as experiências históricas para fundamentar a análise econômica. _01_Economia e Sociedade.indd 20_01_Economia e Sociedade.indd 20 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 13. 21 leis probabilísticas. Na relação vista anteriormente (C = ƒ(RN)), conhecendo o valor da renda nacional num dado ano, não obtemos o valor exato do consumo, mas sim uma estimativa aproximada. Embora a renda seja a variável mais importante, o consumo não depende só da renda nacional, mas de outros fatores (como condições de crédito, juros, patrimônio). Se a Economia tivesse relações matemáticas, tudo seria previsível. No entanto,“não existe no mundo econômico regularidades como C = 2πr, equivalência entre massa e energia, leis de Newton. Na Economia, o‘átomo’aprende, pensa, reage, projeta, finge. Imagine como seria a Física e a Química se o átomo aprendesse: aquelas belas regularidades desapareceriam. Os átomos pensantes logo se agrupariam em classes para defender seus interesses: teríamos uma‘Física dos átomos proletários’,‘Física dos átomos burgueses’e outros”5 . Contudo, a Economia apresenta muitas regularidades, que podem ser estimadas estatis- ticamente, tais como: o consumo nacional depende diretamente da renda nacional; a quantidade demandada de um bem tem uma relação inversamente proporcional com seu preço, tudo o mais constante; as exportações e as importações dependem da taxa de câmbio. A área da Economia que está voltada para a quantificação dos modelos é a Econometria, que combina Teoria Econômica, Matemática e Estatística. Lembremo-nos, porém, de que a Matemática e a Estatística são instrumentos, ferra- mentas de análise necessárias para testar as proposições teóricas com os dados da reali- dade. Permitem colocar à prova as hipóteses da teoria econômica, mas são meios, e não fins em si mesmas. A questão da técnica nos deve auxiliar, mas não predominar, quando tratamos de fatos econômicos, pois esses sempre envolvem decisões que afetam relações humanas. 1.7.3 Economia e Política A Economia e a política são áreas bastante interligadas. A política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político do país (se é um regime democrático ou autoritário). As prioridades de política econômica (crescimento, distribuição de renda, estabilização) são determinadas pelo poder político. Entretanto, por outro lado, a estrutura política se encontra muitas vezes subordinada ao poder econômico. Citemos apenas alguns exemplos: 5 Extraído de Delfim Netto, A. Moscou, Freiburg e Brasília: ensaios. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994. _01_Economia e Sociedade.indd 21_01_Economia e Sociedade.indd 21 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 14. 22 política do “café com leite”, antes de 1930, quando Minas Gerais e São Paulo domina- vam o cenário político do país; poder econômico dos latifundiários; poder dos oligopólios e monopólios; poder das corporações estatais; poder do sistema financeiro. 1.7.4 Economia e História A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões. As guerras e revoluções, por exemplo, alte- raram o comportamento e a evolução da Economia. Por outro lado, também os fatos econômicos afetam o desenrolar da História. Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos, como os ciclos do ouro e da cana-de-açúcar no Brasil, e a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de NovaYork (1929), a crise do petróleo, que alteraram profundamente a história mundial. Em última análise, as próprias guerras e revoluções são permeadas por motivações econômicas. 1.7.5 Economia e Geografia A Geografia não é o simples registro de acidentes geográficos e climáticos. Ela nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mer- cados, a concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas e a compo- sição setorial da atividade econômica. Atualmente, algumas áreas de estudo econômico estão relacionadas diretamente com a Geografia, como a economia regional, a economia urbana, as teorias de localização indus- trial e a demografia econômica. 1.7.6 Economia, Moral, Justiça e Filosofia AntesdaRevoluçãoIndustrial,noséculoXVIII,aatividadeeconômicaeravistacomoparteinte- grante da Filosofia, Moral e Ética. A Economia era orientada por princípios morais e de justiça. Não existiaaindaumestudosistemáticodasleiseconômicas,epredominavamprincípioscomoaleida usura, o conceito de preço justo (discutidos, dentre outros filósofos, por SantoTomás de Aquino). Ainda hoje, as encíclicas papais refletem a aplicação da filosofia moral e cristã às relações econômicas entre homens e nações. _01_Economia e Sociedade.indd 22_01_Economia e Sociedade.indd 22 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33
  • 15. 23 1.8 Divisão do estudo econômico A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo: Microeconomia ou teoria de formação de preços. Examina a formação de preços em mercados específicos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os preços e a quantidade para satisfazer a ambos simultaneamente. Essa parte será desenvolvida nos Capítulos 2 a 4. Macroeconomia. Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados na- cionais, como o produto interno bruto (PIB), investimento agregado, a poupança agregada, o ní- vel geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural). A teoria macroeconômica será discutida nos Capítulos 5 a 7. Economia internacional. Analisa as relações econômicas entre residentes e não residen- tes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras. Os principais aspectos das relações de um país com o resto do mundo serão abordados no Capítulo 8. Desenvolvimento econômico. Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da co- letividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em questões estruturais e de longo prazo (como progresso tecnológico, estratégias de cresci- mento). No Capítulo 9, apresentaremos as noções básicas que envolvem essa parte da teoria econômica. Questões para revisão 1. Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para quem produzir) originam-se da escassez de recursos de produção? 2. O que mostra a curva de possibilidades de produção ou curva de transformação? 3. Explique a razão do formato da curva de possibilidades de produção. Ilustre graficamente. 4. Analisando-se uma economia de mercado, observa-se que os fluxos real e monetário conjuntamente formam o fluxo circular da renda. Explique como esse sistema funciona. 5. Conceitue: bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção. 6. O que vem a ser argumentos positivos e argumentos normativos? Exemplifique. 7. Qual a importância da Matemática e da Estatística para estudos econômicos? Exempli- fique. _01_Economia e Sociedade.indd 23_01_Economia e Sociedade.indd 23 3/6/2009 14:57:333/6/2009 14:57:33