O grupo de pesquisa PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DO
SUJEITO EM PRÁTICAS EDUCATIVAS – PROSPED se vincula
ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia
da PUC Campinas. Desenvolve estudos que buscam
compreender os aspectos envolvidos no desenvolvimento
e aprendizagem dos sujeitos, no caso, aqueles que
participam de práticas educativas em escolas ou outras
instituições. Para desenvolver seus estudos, o grupo realiza
atividades de intervenção nesses contextos, buscando
contribuir com seus profissionais para a compreensão e
superação dos desaos que enfrentam.
As sugestões que apresentamos nesse livreto resultam de
nossas experiências com essas intervenções e pesquisas e
visam a atender um dos seus propósitos: contribuir para a
transformação dos espaços educativos em que atuamos.
Se você gostar de nossas idéias, entre em contato.
Professor, o que fazer quando os alunos não demonstram interesse de ler e escrever?
1. Leia também as outras
cartilhas da coleção
PROSPED Parceiro da Escola
2. QUEM SOMOS:
O grupo de pesquisa PROCESSOS DE CONSTITUIÇÃO DO
SUJEITO EM PRÁTICAS EDUCATIVAS – PROSPED se vincula
ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Psicologia
da PUC Campinas. Desenvolve estudos que buscam
compreender os aspectos envolvidos no desenvolvimento
e aprendizagem dos sujeitos, no caso, aqueles que
participam de práticas educativas em escolas ou outras
instituições. Para desenvolver seus estudos, o grupo realiza
atividades de intervenção nesses contextos, buscando
contribuir com seus profissionais para a compreensão e
superação dos desafios que enfrentam.
As sugestões que apresentamos nesse livreto resultam de
nossas experiências com essas intervenções e pesquisas e
visam a atender um dos seus propósitos: contribuir para a
transformação dos espaços educativos em que atuamos.
Se você gostar de nossas idéias, entre em contato:
http://prospedpuc.blogspot.com.br/
Ilustração e Projeto Gráfico: Marcos Guilherme – Estúdio Figuras
Este projeto é financiado pelo CNPq
Distribuição gratuita
Levar os alunos a se interessarem pela leitura e
escrita tem sido uma das grandes dificuldades encontradas
pelo professor em sala de aula. Diante desse problema,
uma das práticas valorizadas é a oferta, tanto em livros
didáticos e apostilas quanto na internet, de textos
pequenos, resumidos e superficiais. As consequências
dessa oferta são, por um lado, a dificuldade de o aluno
entender o sentido de um texto, refletir sobre ele e
relacioná-lo com outros textos lidos. Por outro lado, esse é
o único contato que o aluno tem com um mínimo de
leitura, nos casos em que há esse contato.
Estudos recentes mostram que despertar o interesse
do aluno pela leitura e escrita é um trabalho complexo
porque envolve o seu olhar para a própria vida: para que
me servem a leitura e a escrita? Como a minha família lida
com a leitura e a escrita? Por que ver uma história na
televisão, na internet ou em jogos de videogame é mais
fácil e prazeroso para mim do que ler um texto? Por que
não consigo entender o que leio? O que eu sinto quando
pego um livro na mão: tenho sono, é muito demorado
para chegar ao assunto que me interessa? Que lembrança
eu tenho de alguém ler para mim? Sobre quais assuntos
eu gostaria de saber mais?
As respostas podem ser muitas, embora não se
possa perder de vista que o trabalho que a escola
desenvolve com leitura nem sempre conquista leitores.
3. Não podemos também esquecer que o hábito da
leitura ainda não é disseminado entre nós, brasileiros.
Pensando no professor e nos problemas que
enfrenta em sala de aula, o objetivo deste livreto é o de
apoiá-lo com alguns recursos construídos por meio de
pesquisas nas áreas, apresentando algumas sugestões de
atividades para que sejam desenvolvidas com os
principais interessados, ou seja, os alunos. Mesmo que um
aluno não queira ler e escrever textos, ele deve ter a
oportunidade de pensar e refletir sobre isso e perceber
que está fazendo uma escolha que provoca
consequências.
1- Crie um espaço periódico para
que o aluno reflita sobre a sua
relação com a leitura e escrita,
suas possibilidades de escolhas
e consequências
Considerando a idade dos alunos e a turma da qual
participam pode-se tomar algumas perguntas
apresentadas anteriormente como ponto de partida para
aproximar os alunos da reflexão proposta, por exemplo:
“Como me relaciono com a leitura e a escrita?”. Seria
interessante que alguns alunos assumissem a função de
registrar esses encontros. Em um primeiro momento nada
vai ser proposto, trata-se de refletir, registrar* as reflexões
e organizar o que apareceu na fala dos alunos, podendo
construir uma tabela com essas informações, dessa forma:
- João, Fábio e Mateus dormem quando começam a ler.
- Augusto, Maria e Paulo: não entendem o que estão
lendo; e assim, sucessivamente. Este quadro poderia ser
fixado no mural da sala de aula, de modo a ir
acrescentando outras atitudes em relação à leitura.
* Caso os alunos resistam em registrar por escrito, poder-se-ia, a princípio,
sugerir que alguém filmasse para depois assistirem e analisarem juntos o relato
verbal. Esta é uma forma de trabalhar com leitura, também.
2- Favorecer o exercício de leitura
e escrita
Uma forma de tentar aproximar os alunos da leitura
e da escrita é perguntar quais são os assuntos e temas
que os interessam. Para isso, o professor poderá criar uma
lista de assuntos sobre os interesses de seus alunos, por
exemplo: quais são os jogos de videogames mais jogados;
como alguém pode se tornar criador de jogos de
videogame; quais são os produtos de maior consumo
entre os jovens; quais são os lazeres mais procurados por
4. esta população; que cantores ou bandas – rap, funk,
reggae, hip hop, samba, pagode, rock, tecno, sertanejo,
outros - são admirados por eles; quais são os países mais
visitados no mundo e o que as pessoas vão ver lá; o que
você sabe sobre a política no Brasil e como se beneficia
desse conhecimento; você conhece ou segue algum blog
de moda; a preservação ambiental é o assunto mais
discutido desde as últimas décadas; você sabe quais
materiais podem ser reciclados e a cor dos tambores que
deverão ser colocados?
Estas novas informações poderão complementar a
tabela já iniciada, como por exemplo: Joao, Fábio e Mateus
dormem quando começam a ler; se interessam por
videogame; gostam de ouvir e dançar funk.
3- Favorecer na Escola interações a
partir das informações obtidas
pela leitura e escrita
A construção da tabela com os interesses permitirá
que os alunos falem o que sabem a respeito. Depois disso
a pergunta é: de onde vieram tais informações? Agora,
seria interessante saber mais sobre esses assuntos, mas
o quê? Esse é um passo muito importante: identificar o que
queremos saber. Não precisa ser nada longo, os alunos não
gostam de ler. Nosso objetivo é levá-los a experimentar
socialmente o uso da leitura e da escrita. Saber o que
procuramos, nos ajuda a ter mais chance de experimentar
o prazer do encontro. Como esses alunos experimentam
pouco é preciso que tenham algum sucesso quando
ousam experimentar.
O que resultar dessas pequenas pesquisas será
partilhado por todos e pode levar, inclusive, caso os alunos
topem, à escrita de uma pequena autobiografia que, além
de favorecer o interesse pela leitura e escrita, também
permite a reflexão sobre a identidade e a consciência de si,
o que promove o desenvolvimento do psiquismo para
formas mais complexas e elevadas de pensamento.
Outra forma de aproximar os alunos da leitura e da
escrita é trabalhar com diferentes materiais, por exemplo,
usando imagem. Pode-se pedir que pensem em uma ideia
ou uma história que queiram contar ao colega de classe.
Para isso o aluno deverá tirar uma foto pelo celular, ou
trazer uma fotografia, ou imagem de jornal e revista,
desenhar a imagem, ou ainda, pegar um material visual da
própria escola. A classe, então, poderá pensar no significado
dessas imagens. Diferentes temas poderão ser abordados
pelos alunos nas imagens: falta de esgoto; o cartaz de um
filme; uma propaganda; o cartaz de um show, fachada de
prédios; enfim, qualquer coisa que lhes chamem a atenção.
E, novamente, buscar os indícios de escrita que há nas
5. diferentes interpretações.
4- Fuja da rotina
A leitura não está presente só em textos escritos, mas
também em textos multimodais e na escrita internetês.
As histórias em quadrinho, sejam as escritas pelo Maurício
de Souza, sejam os mangás criados pelos japoneses,
fornecem possibilidades de leitura e interpretação.
Ouse refletir junto com seus alunos sobre temas que estão
presentes no dia a dia da sala de aula e que não podem ser
explicitados por falta de oportunidade. Ressaltando que
temos mais opções de escolhas se tivermos mais
informações a respeito delas; use, para isso, exemplos reais
do cotidiano. Também invista na contação de histórias:
crie momentos semanais para contação, buscando
organizar a sala de modo diferente, estendendo um pano
no chão, escurecendo o ambiente, colocando uma música
de fundo, elegendo histórias que interessem os alunos.
As histórias de terror costumam chamar muito a atenção
e há bons autores de literatura infanto-juvenil. Confira
sugestões no nosso blog. Como derivação das histórias
contadas por professores, os próprios alunos podem
querer contar e, mais adiante, escrever um livro, um blog
ou divulgar sua produção nas redes sociais.
Lembramos que estas são apenas algumas
sugestões, temos certeza que você tem e terá ideias muito
criativas para trabalhar com seus alunos. O importante é
ter como objetivo a apropriação pelos alunos da leitura e
da escrita, pois o domínio da linguagem é condição para o
desenvolvimento do psiquismo rumo ao pensamento
abstrato, necessário para a apropriação de conhecimentos
complexos.
5- Confira efetivamente se essas
mudanças deram resultados
Retomando a tabela, o último dado é sobre as
reflexões que a experiência da leitura que envolveu a
classe proporcionou. Estas dicas são um pontapé inicial
para a reflexão e a possibilidade de mudança. E você,
professor, pode contribuir. Escreva aqui em forma de
depoimento uma experiência que deu certo e partilhe
com seus colegas. Talvez alguém do seu grupo de trabalho
precise deste compartilhamento:
6. Maiores esclarecimentos ou sugestões podem ser
encaminhadas para nosso e-mail:
prosped@googlegroups.com
ou encontradas no blog do grupo:
http://prospedpuc.blogspot.com.br
ou em nossa página no Facebook:
https://www.facebook.com/pages/Sentidos-da-Arte/5700
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