Este documento discute os principais conceitos e etapas de uma abordagem curricular inspirada nos ensinamentos de Paulo Freire. A abordagem envolve etapas como investigação preliminar da realidade local, problematização coletiva dos dados coletados, sistematização dos principais temas e planejamento de ações com participação da comunidade escolar. O objetivo é promover uma educação emancipatória e contextualizada.
3. FONTES DO NOSSO CURRÍCULO
Conteúdos
Códigos
Explícito
Oculto
SELEÇÃO CULTURAL
O que se seleciona?
Como se organiza?
CONCEPÇÕES CURRICULARES
• Opções políticas
• Concepções psicológicas
• Concepções epistemológicas
• Concepções e valores sociais
• Filosofias e modelos educativos
CONDIÇÕES
INSTITUCIONAIS
• Política curricular
• Estrutura do sistema
educativo
• Organização escolar
Currículo como
“cultura da
escola”
GIMENO SACRISTÁN, 2000, p.36
6. QUEM ATUA?
Todos os membros da comunidade escolar
Grupo de articulação local (comissão, grupo de trabalho,
etc.), com representantes de todos os segmentos: pais,
alunos, professores, gestores, funcionários de todas as
frentes e membros da comunidade.
Promover momentos de participação direta, não somente
via representante.
7. COMO ATUA?
Para que possamos viver uma reorientação curricular
democrática, precisamos consciência de que:
• Será necessária formação crítica de todos os envolvidos
ao longo de todo o processo (ação –reflexão – ação);
• Será necessário promover momentos de estudo e
aprofundamento para todos os envolvidos;
A ESCOLA É UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO NÃO APENAS
DAS CRIANÇAS
13. LEITURAS DO MUNDO
• Conhecer o conhecimento dos
educadores/as práticas pedagógicas.
• Conhecer o contexto sóciocultural
ambientaleconômico dos educandos/
educadores.
• Construir, de forma dialógica e
democrática, o currículo.
14. DIMENSÕES DO LEVANTAMENTO
• “Leitura do Mundo” da Comunidade;
• “Leitura do Mundo” da U.E;
• “Leitura do Mundo” em relação aos profissionais da U.E;
• Índices de qualidade do ensino na U.E;
• Participação dos segmentos escolares nas decisões da U.E
(Dimensão democrática);
• “Leitura do Mundo” dos atuais projetos pedagógicos da
escola e dos professores (o que é feito);
• Leitura do mundo das orientações e diretrizes curriculares
oficiais;
15. ENFOQUES DO MAPEAMENTO
Perfil dessa comunidade
• Educação
• Infraestrutura
• Saúde
• Lazer e Cultura
Perfil dessa escola
• Gestão
• Currículo
• Infraestrutura
• Relação escola-
comunidade
16. PROCEDIMENTOS
Dois tipos de procedimentos básicos para realizar o
levantamento preliminar em suas dimensões que envolvem
a comunidade:
• Trabalho feito fora dos muros da escola (sair ao encontro
da comunidade)
• Trabalho feito dentro dos muros da escola (trazer a
comunidade para dentro da escola)
• Ambos
Importante: Para ambos, é importante planejar ações que
engajem a comunidade na participação.
17. PERGUNTAS REFLEXIVAS
• Quais sãos os sonhos e expectativas dessas pessoas?
• Que dados precisamos coletar e quais informações nos
interessam mais imediatamente neste ou naquele momento?
• Estamos lendo a escola nas suas diferentes dimensões:
administrativa, pedagógica, financeira, social, cultural?
• Os diferentes olhares estão sendo contemplados (pais, alunos,
crianças, adultos, funcionários etc.)?
• Eles se referem à escola? À comunidade? A ambos?
• Onde vamos buscar (novas) informações?
• Quais perguntas já nos fizemos, quais problemas já resolvemos,
que tipos de registros já possuímos e quais outros ainda não
temos?
18. PERGUNTAS REFLEXIVAS
Indagações sobre o currículo e o projeto pedagógico
• Que conteúdos são trabalhados?
• Que práticas pedagógicas são desenvolvidas?
• Que metodologias são utilizadas?
• Como a vida da comunidade se faz presente no projeto da
escola? E os outros membros da comunidade escolar?
• Que avaliações são propostas?
21. PROBLEMATIZAÇÃO
• O que os dados coletados nos trouxe de evidências da
realidade?
• Como organizar os dados da realidade para propiciar uma leitura
crítica tanto da escola quanto da comunidade?
• Que cenários mais amplos esses dados nos revelam? (Relação
desta realidade com a realidade global)
• Por que identificamos esses cenários (ou problemas / críticas )
nessa comunidade?
Muito importante! Os dados devem ser a base dessa
problematização. Vamos nos debruçar para analisar e entender o
que eles revelam...
22. PERGUNTAS REFLEXIVAS
Indagações sobre o currículo e o projeto pedagógico
• Quem define o projeto da escola?
• Que saberes são valorizados?
• Que relações a escola estabelece com outros espaços de
aprendizagem na comunidade? E com os diferentes membros da
unidade escolar?
• Que valores, comportamentos, atitudes e orientações estão
permeando as práticas e relações dentro da escola?
• Que tipo de conhecimento a escola está construindo?
• Que concepções estão por trás das metodologias, práticas e
conteúdos que a escola tem desenvolvido?
25. SISTEMATIZAÇÃO
Aprofundamento das reflexões feitas na problematizacão;
• Extrair ensinamentos;
• Exercício de interpretação da lógica na sua totalidade;
• Avançar no entendimento global para dar continuidade ao
processo;
• Relação entre teoria e realidade (fundamentação)
Relacionar os dados coletados e analisados em categorias
Desse processo sairão os temas que permearão as práticas
pedagógicas e as ações transformadoras
28. Organização coletiva de todo o trabalho que será
realizado para a elaboração das propostas e projetos
pedagógicos.
Nessa etapa, já temos clareza de quais são os temas que
vão permear o trabalho pedagógico por serem
significativos para nossa comunidade escolar.
Também temos quais são as concepções de educação, de
currículo, de aluno / professor, de metodologias e
avaliação que acreditamos e vamos buscar. Isso não
significa saber tudo. O estudo e aprofundamento das
temáticas faz parte do plano de ação .
O QUE É? PARA QUÊ?
29. QUEM? O QUE?
Constituir um grupo de trabalho por segmento escolar, que irá:
• Validar com o grupo de trabalho a lista de prioridades de ação
preparada;
• Levantar possíveis desafios e estratégias para superá-los.
• Elaborar os objetivos, metas e ações a curto, médio e longo prazo
a partir das contribuições dos diferentes segmentos escolares;
• Elaborar ações frente aos objetivos estabelecidos (o planejamento
de trabalho pedagógico)
• Indicar prazos e responsáveis pelas ações estabelecidas;
• Estabelecer indicadores de resultados esperados.
Estabelecer ações concretas de intervenção na
realidade da comunidade
33. SOBRE CONTEÚDOS
“O que me parece finalmente impossível, hoje, como ontem, é
pensar, mais do que pensar, é ter uma prática de educação em
que, prévia e concomitantemente, não se tenham levado e não
se levem a sério problemas como: que conteúdos ensinar, a favor
de que ensinálos, a favor de quem, contra quê, contra quem.
Quem escolhe os conteúdos e como são ensinados?” (Freire,
1992, p.135)
“Não há, nunca houve nem pode haver educação sem conteúdo
(...) O ato de ensinar e de aprender, dimensões do processo
maior – o de conhecer – fazem parte da natureza da prática
educativa. Não há educação sem ensino, sistemático ou não, de
certo conteúdo (...) (idem, p. 110)
35. REFLEXÃO SOBRE AS PRÁTICAS
• Todos envolvidos nesse processo de reflexão;
• Levar em consideração os indicadores do plano de
ação;
• Levar em consideração todo o aprofundamento
realizado nas etapas anteriores;
• Dar continuidade aos momentos formativos para
reflexão das práticas de forma cada vez mais
significativa.
• Movimento contínuo de reflexão sobre a realidade.
37. AVANÇOS
• Novas formas de agir pedagogicamente;
• Participação da comunidade escolar;
• Trabalho coletivo
• Valorização dos saberes dos alunos;
• Realidade social como ponto de partida;
• Realidade social como elemento para apropriação do
conhecimento sistematizado;
• Busca da articulação teoria e prática.
• Inter / transdisciplinaridade;
38. DESAFIOS
• Profissionais com dificuldades de perceber as diferenças
entre organizar um currículo com livros didáticos / materiais
de apoio e com tema gerador;
• Dificuldade de quebrar a hegemonia da forma tradicional;
• Integração do trabalho coletivo e interdisciplinar;
• Avaliação;
• Aprofundamento teórico sobre as ideias de Freire;
• Pesquisa participante;
• Descontinuidade com mudança de gestão (dentro e fora
da escola).
39. BIBLIOGRAFIA
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992
Entrevista com Paulo Padilha: Planejamento. Disponível em:
http://www.direcionaleducador.com.br/edicao-107-dez/13/entrevista-paulo-padilha
SILVA, Antonio Fernando Gouvêa. A busca do tema gerador na práxis da educação
popular. Organizadora: Ana Inês Souza. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2007.
Disponível em:
http://www.cefuria.org.br/files/2012/08/tema_gerador_Ed_Popular_Gouvea.pdf
Instituto Paulo Freire: http://www.paulofreire.org/
VIANA, KETY. As canções e os filmes como recursos codificadores e
descodificadores no currículo da EJA.2011. Dissertação de Mestrado em
Educação: Currículo. Programa de Pós- Graduação em Educação: Currículo. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
DELIZOICOV, Nadir Castilho et al. Reorientação curricular na concepção freireana de
educação: análises em dissertações. Revista E-Curriculum, São Paulo, n. 11, v 03
set/dez/2013