SlideShare a Scribd company logo
1 of 2
Download to read offline
O PROFETA REJEITADOPe. José Bortolini – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007
* LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL *
ANO: C – TEMPO LITÚRGICO: 4° DOMINGO TEMPO COMUM – COR: VERDE
INTRODUÇÃO GERAL
1. Dificilmente os profetas são bem-vistos e aceitos. Isso
aconteceu com Jesus, o profeta martirizado, do qual celebra-
mos a prática libertadora e a vitória sobre a morte.
2. Celebrar a Eucaristia, é aderir a Jesus, o profeta rejeitado
e morto, com todas as conseqüências dessa adesão. A Euca-
ristia nos abre os olhos, dando-nos consciência de que somos
comunidade profética a serviço da libertação dos pobres,
oprimidos e marginalizados. Como Jesus e Jeremias, a comu-
nidade cristã que celebra a fé percebe que a luta pela justiça é
cheia de conflitos. Mas o Deus da aliança está do nosso lado,
pois ressuscitou a Jesus, tornando-o Senhor. Nossa celebra-
ção é memória desse acontecimento vitorioso, capaz de nos
dar força e coragem, tornando-nos solidários com os deser-
dados da vida.
COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (Jr 1,4-5.17-19): O profeta não teme os
conflitos
3. Os profetas são pessoas para tempos difíceis. Foi assim
com Jeremias, que se sentiu chamado por Deus em torno de
627/626 a.C.
4. Jeremias é uma pessoa possuída por Deus. No plano
humano, tem-se a impressão de que não haja espaço para o
profeta ser livre e dono de suas decisões; na dimensão da fé,
sente-se a presença de Deus junto ao profeta, sustentando
seus passos nos conflitos que a sociedade arma contra ele.
Foi assim que aconteceu com Jeremias. Sua vocação antece-
de a concepção, e a nomeação antecede o nascimento: "Antes
que eu te formasse no ventre materno, eu te escolhi; antes que
tu nascesses, eu te consagrei e te nomeei como profeta das
nações" (v. 5).
5. A missão de Jeremias foi cheia de conflitos. Desde o
início Deus o nomeia profeta das nações, e pede-lhe que
ponha o cinto, ou seja, que esteja pronto para mergulhar no
conflito. Deus confia seu projeto ao profeta, do qual ele se
torna porta-voz credenciado: "Levanta-te e fala a eles tudo o
que eu te ordenar!" (v. 17a).
6. Como superar o medo dos conflitos? Mediante a confi-
ança absoluta no aliado, que é Deus: "Não tenhas medo deles,
senão eu é que vou te meter medo na presença deles!" (v.
17b). Deus se mostra o aliado fiel do profeta, fortalecendo-
lhe as disposições. Isso é demonstrado pelo texto mediante
três imagens: cidade fortificada, coluna de ferro, muro de
bronze (v. 18a). Jeremias será mais forte que Jerusalém – da
qual ele contemplará a ruína –, mais forte que suas muralhas
e colunas.
7. Mas contra quem Deus envia o profeta? Quem é que irá
persegui-lo? E por que será perseguido?
• O profeta é enviado contra os reis de Judá e seus minis-
tros. A palavra de Jeremias irá incomodar os que detêm
o poder político, as lideranças que usam o poder em be-
nefício próprio, que fazem da política um jogo de inte-
resses pessoais. O profeta, portanto, desestabiliza o po-
der político absolutizado. Não esqueçamos que Jeremias
é profeta às vésperas do exílio, e que o exílio tem como
principal responsável quem detém o poder político.
• O profeta é enviado contra os sacerdotes. A palavra pro-
fética irá desestabilizar o falso sacerdócio, o poder reli-
gioso. Jeremias era da família sacerdotal, descendente de
Abiatar, sacerdote que Salomão exilara porque lhe fazia
oposição. O profeta, portanto, mexe com o poder religioso
que compactua com o poder político. Para ambos, o anún-
cio profético é a pedra no sapato.
• O profeta é enviado contra os latifundiários. O termo he-
braico 'am há-ares (povo da terra) representa os latifundiá-
rios, donos do poder econômico que, à custa da exploração,
se apoderaram das terras, expulsando do campo os peque-
nos agricultores.
8. Esses três segmentos sociais – detentores do poder político,
religioso e econômico – moverão perseguição contra o profeta
de Deus. Mas a palavra profética e a força do Deus da aliança
são mais fortes que os poderes absolutizados: "Mesmo que
façam guerra contra ti, não te poderão vencer, pois eu estou
contigo, para te libertar" (v. 19). Deus se mostra o aliado do
profeta, da mesma forma que o fora em tempos passados,
quando lutou e venceu o poder do Faraó, que acumulava em
suas mãos a realeza, os bens e o título de filho dos deuses.
9. Jeremias recorda o que Jesus fez ao enfrentar o Sinédrio,
onde se agrupavam os latifundiários, os donos da sabedoria e o
poder religioso que manipulava o povo. O Sinédrio também
moveu guerra a Jesus, condenando-o à morte. Mas a vitória de
Jesus sobre a morte e seus patrocinadores continua sendo a
esperança de todas as vozes proféticas de ontem e de hoje.
Evangelho (Lc 4,21-30): Jesus, profeta rejeitado
10. Lc 4,14-30 é uma síntese de tudo o que aconteceu na vida e
ação de Jesus. Lucas quis, desde o início da atividade de Jesus,
mostrar o que acontece ao longo de todo o evangelho e o que
acontece também na caminhada das comunidades cristãs (Atos
dos Apóstolos): a mensagem de libertação encontra forte resis-
tência e rejeição. Quem não admite que a Boa Notícia seja
anunciada aos pobres, os que não querem ver os oprimidos
libertados, os que não desejam ver livres os presos, perseguem
até a morte os promotores da libertação. Isso, segundo Lucas,
aconteceu com Jesus já no início de sua atividade libertadora,
na sua terra, no meio do seu povo. De fato, segundo os estudio-
sos, o texto deste domingo é síntese de pelo menos três visitas
de Jesus à sua terra. Mas o evangelista fez com que essas três
visitas sucessivas se tornassem uma só, de modo que, ao rejei-
tar Jesus e sua mensagem de libertação, o povo de Nazaré per-
de para sempre a possibilidade de estar em contato com o liber-
tador e salvador, excluindo-se do "hoje" do Deus que age na
história (v. 21).
11. O projeto de Jesus é libertar os empobrecidos, oprimidos e
marginalizados (veja o evangelho do domingo passado). Mas
seu programa de vida encontra fortes rejeições. E não se trata
de simples discussão em torno de pontos de vista. A rejeição de
Jesus e seu projeto culmina em Jerusalém, onde ele é crucifica-
do e morto por seus opositores.
a. Por que Jesus foi rejeitado? (vv. 22-23)
12. O primeiro obstáculo é a encarnação: Jesus é um deles:
"Não é este o filho de José?" (v. 22a). O povo esperava um
messias espetacular, capaz de ações mágicas e miraculosas.
Para o povo de Nazaré é impossível que Deus aja através de
uma pessoa comum, cujas origens são conhecidas de todos. O
provérbio "Médico, cura-te a ti mesmo" (v. 23a) pode ter este
significado: "olhe para você mesmo: pobre, sem projeção soci-
al, incapaz de libertar os próprios familiares da opressão e mi-
séria".
13. O segundo obstáculo é a busca de milagres: "Faze tam-
bém aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste
em Cafarnaum" (v. 23b). Jesus se recusa a cumprir sinais em
benefício próprio; recusa-se a ser ídolo da abundância, do
prestígio, do poder e da riqueza (cf. as tentações de Jesus em
4,1-12). A fé no Deus libertador não é resultado de um cálcu-
lo meticuloso das probabilidades. Fé é entrega total.
14. Esses dois obstáculos impedem que o "hoje" da liberta-
ção atinja o povo de Nazaré. Só quem tem os olhos do pobre
será capaz de aceitar a libertação que vem do Messias pobre
e aliado dos marginalizados.
b. Deus não se prende a um povo (vv. 24-30)
15. A situação de Jesus é semelhante à dos profetas antigos,
rejeitados por seus conterrâneos (v. 24). Jesus lhes recorda
dois episódios do passado: o de Elias que, sob ação de Deus,
vai socorrer a viúva de Sarepta, uma estrangeira de Sidônia
(vv. 25-26; cf. 1Rs 17), e o de Eliseu que cura o sírio Naamã
(v. 27; cf. 2Rs 5). A rejeição dos profetas serve de ocasião
para que Deus se manifeste aos que estão fora de Israel e os
salve. Estes, por sua vez, reconhecem que Deus age por meio
dos profetas e passam a reconhecê-lo como o único Deus
verdadeiro.
16. Para Lucas, a rejeição de Jesus em Nazaré (e a rejeição
do evangelho por parte dos "judeus" nos Atos dos Apóstolos)
serve de ocasião para manifestar que Deus não pode ser con-
dicionado a um povo ou raça.
17. A reação dos habitantes de Nazaré é violenta: rejeitam
Jesus e seu programa de libertação, tentando precipitá-lo de
um monte. Jesus está sendo rejeitado enquanto profeta do
Pai. O episódio recorda, por contraste, Dt 13,2ss. Lá, o falso
profeta deveria ser morto, "porque propôs uma revolta contra
Javé seu Deus, que tirou vocês do Egito e os resgatou da casa
da escravidão" (Dt 13,6a). Aqui, Jesus é rejeitado por se
apresentar como aquele que renova os prodígios do Deus que
libertou Israel da escravidão egípcia. Mas é impossível deter
o processo de libertação: "Jesus, porém, passando pelo meio
deles, continuou o seu caminho" (Lc 4,30).
2ª leitura (1Cor 12,31-13,13): A solidariedade é a base de
tudo
18. Após ter mostrado que os coríntios tinham uma visão
redutiva e personalística dos carismas (cf. 2ª leitura do do-
mingo passado), Paulo lhes dá uma ordem: "Procurem os
dons mais altos" (v. 31a) e passa a apresentar, no cap. 13, a
razão de ser dos carismas. A base de tudo é o amor (13,1-
13), um amor ativo que se traduz na solidariedade prática.
19. O capítulo 13 serve de fundamentação para a questão dos
carismas. O amor era a nota característica dos primeiros
cristãos, e deveria sê-lo também para os coríntios. Mas a
competitividade na busca dos carismas extraordinários havia
criado clima tenso na comunidade.
20. Nos elencos de dons apresentados anteriormente, Paulo
pusera em último lugar os dois carismas mais ambicionados
pelos coríntios (línguas e profecia). Aqui, no hino do amor,
coloca-os logo no início. Em primeiro lugar, o dom das lín-
guas (v. 1): se não serve à edificação da comunidade, os que
falam em línguas – as dos homens e as dos anjos – são como
sino barulhento que irrita os ouvidos. Em segundo lugar, vem o
dom da profecia, do conhecimento de todos os mistérios, de
toda ciência e a fé extraordinária a ponto de transportar monta-
nhas (v. 2). Os coríntios ambicionavam fortemente esses dons
(cf. 8,1), porém, em vista da promoção pessoal, e não como
formas de se solidarizar com os outros. Sem a solidariedade
prática, aquele que possui um desses dons nada é.
21. O v. 3 vai além. Até a coragem de distribuir tudo aos fa-
mintos e, mais ainda, de entregar o próprio corpo às chamas,
não resistindo ao martírio, se tudo não fosse movido pela soli-
dariedade, nenhum valor teria.
22. Os vv. 4-7 descrevem o que é ser solidário. Temos aí quin-
ze expressões, mostrando o que é e o que não é viver a solida-
riedade. Com isso fica claro que amor é ação eminentemente
concreta em favor de alguém, no caso a comunidade e as pes-
soas mais necessitadas, os fracos e os pobres. Amor, portanto,
não é sentimento, mas atitude concreta que leva a superar os
conflitos, fazendo obras que levem à comunhão com todos, e
deixando de fazer o que tenha conotação exibicionista. Em
Corinto alguns se incharam de orgulho (cf. 4,6.18-19; 5,2; 8,1);
outros tornaram-se indecentes (cf. 5,1), e até nas celebrações
comunitárias faziam-se coisas inconvenientes que beiravam os
ritos pagãos (cf. 14,40), reproduzindo na comunidade o modo
de ser e agir da sociedade injusta. A solidariedade é marcada
pelo equilíbrio e pela busca do bem comum: "Tudo desculpa,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (v. 7).
23. Cabe à comunidade cristã escolher entre o transitório e o
permanente. "O amor jamais passará" (v. 8a), pois Deus é a-
mor. O objetivo último da comunidade é vivê-lo em todas as
suas dimensões e manifestações, até que venha a perfeição e
desapareça o que é limitado (cf. v. 10). Para Paulo, não existe
expressão mais perfeita do ser cristão, da vida em Cristo, do
que o amor solidário entre as pessoas. Mais uma vez ele relati-
viza a função das línguas, profecia e ciência (cf. vv. 8b-9).
24. Paulo já havia alertado os coríntios de que havia muita
infantilidade no meio deles, pois cada qual tomava partido em
favor de um agente de pastoral (cf. 3,1-5). Essa infantilidade se
refletia também naqueles que se ostentavam por causa dos dons
extraordinários que haviam recebido. O cristão maduro não
procura essas coisas com tal escopo (cf. v. 11). É chegada a
fase adulta do ser cristão.
25. O v. 12 contrapõe o agora e o depois, dois momentos su-
cessivos. O primeiro momento (agora) é embrionário e revela
transitoriedade. O conhecimento aí é limitado. Por isso mesmo
requer o discernimento em vista da solidariedade prática. O
segundo momento (depois) é a fase definitiva, e só aí o conhe-
cimento é pleno.
26. O hino conclui ressaltando a primazia do amor sobre a fé e
a esperança. A fé, para Paulo, se concretiza no amor entre os
membros da comunidade. É o amor quem cria laços, supera
conflitos, impelindo para frente, na esperança. O amor é, pois,
a forma concreta na qual a fé se expressa.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
27. O profeta não teme os conflitos (cf. 1ª leitura Jr 1,4-5.17-19) O exemplo de Jeremias pode se tornar momento oportuno
para refletir sobre a missão profética da comunidade cristã como um todo. Contra quem, hoje, a comunidade terá que ser cida-
de fortificada, coluna de ferro, muralha de bronze? Procurar exemplos em que se sentiu fortemente a presença de Deus nas
lutas pela justiça e liberdade.
28. Jesus, o profeta rejeitado (cf. Evangelho Lc 4,21-30). Levar a comunidade a descobrir quando é que aceitamos e quando
rejeitamos a libertação que Deus nos oferece em Jesus Cristo.
29. A solidariedade é a base de tudo (cf. 2ª leitura 1Cor 12,31-13,13). A celebração comunitária é excelente oportunidade
para descobrir os gestos de solidariedade que se realizam constantemente na comunidade. E é também ocasião para refletir
sobre o fundamento de tudo o que fazemos.

More Related Content

What's hot

Absg 12-q3-p-l01-t
Absg 12-q3-p-l01-tAbsg 12-q3-p-l01-t
Absg 12-q3-p-l01-tFlor Aranda
 
4 fundamentos bíblicos escatológicos ii
4 fundamentos bíblicos escatológicos ii4 fundamentos bíblicos escatológicos ii
4 fundamentos bíblicos escatológicos iifaculdadeteologica
 
A nova religiosidade
A nova religiosidadeA nova religiosidade
A nova religiosidadeboasnovassena
 
Profecias Cumpridas de Ellen White.
Profecias Cumpridas de Ellen White.Profecias Cumpridas de Ellen White.
Profecias Cumpridas de Ellen White.ASD Remanescentes
 
Lição 11 - O Homem do Pecado
Lição 11 - O Homem do PecadoLição 11 - O Homem do Pecado
Lição 11 - O Homem do PecadoÉder Tomé
 
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015Gerson G. Ramos
 
Estudo do evangelho de João
Estudo do evangelho de JoãoEstudo do evangelho de João
Estudo do evangelho de JoãoRODRIGO FERREIRA
 
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e Heresias
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e HeresiasAdventistas do Sétimo Dia - Seitas e Heresias
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e HeresiasLuan Almeida
 

What's hot (20)

28 lucas
28 lucas28 lucas
28 lucas
 
Absg 12-q3-p-l01-t
Absg 12-q3-p-l01-tAbsg 12-q3-p-l01-t
Absg 12-q3-p-l01-t
 
30 atos
30 atos30 atos
30 atos
 
4 fundamentos bíblicos escatológicos ii
4 fundamentos bíblicos escatológicos ii4 fundamentos bíblicos escatológicos ii
4 fundamentos bíblicos escatológicos ii
 
7 escatologia em daniel
7 escatologia em daniel7 escatologia em daniel
7 escatologia em daniel
 
31 romanos
31 romanos31 romanos
31 romanos
 
Paulo De Tarso
Paulo De TarsoPaulo De Tarso
Paulo De Tarso
 
Lição 9 a nova religiosidade ebd
Lição 9   a nova religiosidade ebdLição 9   a nova religiosidade ebd
Lição 9 a nova religiosidade ebd
 
27 marcos
27 marcos27 marcos
27 marcos
 
A nova religiosidade
A nova religiosidadeA nova religiosidade
A nova religiosidade
 
Profecias Cumpridas de Ellen White.
Profecias Cumpridas de Ellen White.Profecias Cumpridas de Ellen White.
Profecias Cumpridas de Ellen White.
 
6 escatologia em isaías
6 escatologia em isaías6 escatologia em isaías
6 escatologia em isaías
 
40 hebreus
40 hebreus40 hebreus
40 hebreus
 
Paulo vida e_obra
Paulo vida e_obraPaulo vida e_obra
Paulo vida e_obra
 
Lição 11 - O Homem do Pecado
Lição 11 - O Homem do PecadoLição 11 - O Homem do Pecado
Lição 11 - O Homem do Pecado
 
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015
O reino de Deus_Lição_original com textos_1122015
 
Estudo do evangelho de João
Estudo do evangelho de JoãoEstudo do evangelho de João
Estudo do evangelho de João
 
Os jesuitas na iasd
Os jesuitas na iasdOs jesuitas na iasd
Os jesuitas na iasd
 
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e Heresias
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e HeresiasAdventistas do Sétimo Dia - Seitas e Heresias
Adventistas do Sétimo Dia - Seitas e Heresias
 
DECRETO DOMINICAL A VISTA
DECRETO DOMINICAL A VISTADECRETO DOMINICAL A VISTA
DECRETO DOMINICAL A VISTA
 

Viewers also liked

Viewers also liked (6)

Srm mlad zaetost media (2)
Srm mlad zaetost  media (2)Srm mlad zaetost  media (2)
Srm mlad zaetost media (2)
 
Grey Campus GB Certificate
Grey Campus GB CertificateGrey Campus GB Certificate
Grey Campus GB Certificate
 
2412ijmnct02
2412ijmnct022412ijmnct02
2412ijmnct02
 
You are His possession | Joe van den Berg | 24 January 2016
You are His possession | Joe van den Berg | 24 January 2016You are His possession | Joe van den Berg | 24 January 2016
You are His possession | Joe van den Berg | 24 January 2016
 
FixturLaser Logo
FixturLaser LogoFixturLaser Logo
FixturLaser Logo
 
Degrees & Certificates
Degrees & CertificatesDegrees & Certificates
Degrees & Certificates
 

Similar to Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano C

Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
Comentário: 15° domingo do tempo comum ano b - 2015
Comentário: 15° domingo do tempo comum   ano b - 2015Comentário: 15° domingo do tempo comum   ano b - 2015
Comentário: 15° domingo do tempo comum ano b - 2015José Lima
 
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano C
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano CComentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano C
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano CJosé Lima
 
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano BJosé Lima
 
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃO
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃOFUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃO
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃOPaulo David
 
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano BJosé Lima
 
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano BJosé Lima
 
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano CComentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano CJosé Lima
 
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano A
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano AComentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano A
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano AJosé Lima
 
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano B
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano BComentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano B
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano BJosé Lima
 
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24José Lima
 
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano CComentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano CJosé Lima
 
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e C
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e CComentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e C
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e CJosé Lima
 
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015José Lima
 
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano C
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano CComentário: 4° Domingo do Advento - Ano C
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano CJosé Lima
 
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 

Similar to Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano C (20)

Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano A
 
Comentário: 15° domingo do tempo comum ano b - 2015
Comentário: 15° domingo do tempo comum   ano b - 2015Comentário: 15° domingo do tempo comum   ano b - 2015
Comentário: 15° domingo do tempo comum ano b - 2015
 
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano C
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano CComentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano C
Comentário Bíblico: 2° domingo da quaresma - Ano C
 
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 19º Domingo Tempo Comum - Ano A
 
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano B
 
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 14° Domingo Tempo Comum - Ano A
 
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃO
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃOFUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃO
FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA MISSÃO
 
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 34° Domingo do Tempo Comum - Ano B
 
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano BComentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano B
Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano B
 
Visão Panorâmica - Apocalipse
Visão Panorâmica - ApocalipseVisão Panorâmica - Apocalipse
Visão Panorâmica - Apocalipse
 
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano CComentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 1° Domingo da Quaresma - Ano C
 
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano A
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano AComentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano A
Comentário Bíblico: 3° domingo do advento - Ano A
 
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano B
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano BComentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano B
Comentário: 4º Domingo da Quaresma - Ano B
 
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24
Comentário: O NATAL DO SENHOR, dia 24
 
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano CComentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano C
Comentário: 2° Domingo da Quaresma - Ano C
 
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e C
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e CComentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e C
Comentário: Natal dia 24 noite - Anos A, B e C
 
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015
Comentário: 24° Domingo do Tempo Comum - Ano 2015
 
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano C
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano CComentário: 4° Domingo do Advento - Ano C
Comentário: 4° Domingo do Advento - Ano C
 
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 31° Domingo do Tempo Comum - Ano A
 
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 21º Domingo Tempo Comum - Ano A
 

Recently uploaded

O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxRoseLucia2
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............Nelson Pereira
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadofreivalentimpesente
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 

Recently uploaded (12)

O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significado
 
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.pptFluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 

Comentário: 4° Domingo do Tempo Comum - Ano C

  • 1. O PROFETA REJEITADOPe. José Bortolini – Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades – Paulus, 2007 * LIÇÃO DA SÉRIE: LECIONÁRIO DOMINICAL * ANO: C – TEMPO LITÚRGICO: 4° DOMINGO TEMPO COMUM – COR: VERDE INTRODUÇÃO GERAL 1. Dificilmente os profetas são bem-vistos e aceitos. Isso aconteceu com Jesus, o profeta martirizado, do qual celebra- mos a prática libertadora e a vitória sobre a morte. 2. Celebrar a Eucaristia, é aderir a Jesus, o profeta rejeitado e morto, com todas as conseqüências dessa adesão. A Euca- ristia nos abre os olhos, dando-nos consciência de que somos comunidade profética a serviço da libertação dos pobres, oprimidos e marginalizados. Como Jesus e Jeremias, a comu- nidade cristã que celebra a fé percebe que a luta pela justiça é cheia de conflitos. Mas o Deus da aliança está do nosso lado, pois ressuscitou a Jesus, tornando-o Senhor. Nossa celebra- ção é memória desse acontecimento vitorioso, capaz de nos dar força e coragem, tornando-nos solidários com os deser- dados da vida. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (Jr 1,4-5.17-19): O profeta não teme os conflitos 3. Os profetas são pessoas para tempos difíceis. Foi assim com Jeremias, que se sentiu chamado por Deus em torno de 627/626 a.C. 4. Jeremias é uma pessoa possuída por Deus. No plano humano, tem-se a impressão de que não haja espaço para o profeta ser livre e dono de suas decisões; na dimensão da fé, sente-se a presença de Deus junto ao profeta, sustentando seus passos nos conflitos que a sociedade arma contra ele. Foi assim que aconteceu com Jeremias. Sua vocação antece- de a concepção, e a nomeação antecede o nascimento: "Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te escolhi; antes que tu nascesses, eu te consagrei e te nomeei como profeta das nações" (v. 5). 5. A missão de Jeremias foi cheia de conflitos. Desde o início Deus o nomeia profeta das nações, e pede-lhe que ponha o cinto, ou seja, que esteja pronto para mergulhar no conflito. Deus confia seu projeto ao profeta, do qual ele se torna porta-voz credenciado: "Levanta-te e fala a eles tudo o que eu te ordenar!" (v. 17a). 6. Como superar o medo dos conflitos? Mediante a confi- ança absoluta no aliado, que é Deus: "Não tenhas medo deles, senão eu é que vou te meter medo na presença deles!" (v. 17b). Deus se mostra o aliado fiel do profeta, fortalecendo- lhe as disposições. Isso é demonstrado pelo texto mediante três imagens: cidade fortificada, coluna de ferro, muro de bronze (v. 18a). Jeremias será mais forte que Jerusalém – da qual ele contemplará a ruína –, mais forte que suas muralhas e colunas. 7. Mas contra quem Deus envia o profeta? Quem é que irá persegui-lo? E por que será perseguido? • O profeta é enviado contra os reis de Judá e seus minis- tros. A palavra de Jeremias irá incomodar os que detêm o poder político, as lideranças que usam o poder em be- nefício próprio, que fazem da política um jogo de inte- resses pessoais. O profeta, portanto, desestabiliza o po- der político absolutizado. Não esqueçamos que Jeremias é profeta às vésperas do exílio, e que o exílio tem como principal responsável quem detém o poder político. • O profeta é enviado contra os sacerdotes. A palavra pro- fética irá desestabilizar o falso sacerdócio, o poder reli- gioso. Jeremias era da família sacerdotal, descendente de Abiatar, sacerdote que Salomão exilara porque lhe fazia oposição. O profeta, portanto, mexe com o poder religioso que compactua com o poder político. Para ambos, o anún- cio profético é a pedra no sapato. • O profeta é enviado contra os latifundiários. O termo he- braico 'am há-ares (povo da terra) representa os latifundiá- rios, donos do poder econômico que, à custa da exploração, se apoderaram das terras, expulsando do campo os peque- nos agricultores. 8. Esses três segmentos sociais – detentores do poder político, religioso e econômico – moverão perseguição contra o profeta de Deus. Mas a palavra profética e a força do Deus da aliança são mais fortes que os poderes absolutizados: "Mesmo que façam guerra contra ti, não te poderão vencer, pois eu estou contigo, para te libertar" (v. 19). Deus se mostra o aliado do profeta, da mesma forma que o fora em tempos passados, quando lutou e venceu o poder do Faraó, que acumulava em suas mãos a realeza, os bens e o título de filho dos deuses. 9. Jeremias recorda o que Jesus fez ao enfrentar o Sinédrio, onde se agrupavam os latifundiários, os donos da sabedoria e o poder religioso que manipulava o povo. O Sinédrio também moveu guerra a Jesus, condenando-o à morte. Mas a vitória de Jesus sobre a morte e seus patrocinadores continua sendo a esperança de todas as vozes proféticas de ontem e de hoje. Evangelho (Lc 4,21-30): Jesus, profeta rejeitado 10. Lc 4,14-30 é uma síntese de tudo o que aconteceu na vida e ação de Jesus. Lucas quis, desde o início da atividade de Jesus, mostrar o que acontece ao longo de todo o evangelho e o que acontece também na caminhada das comunidades cristãs (Atos dos Apóstolos): a mensagem de libertação encontra forte resis- tência e rejeição. Quem não admite que a Boa Notícia seja anunciada aos pobres, os que não querem ver os oprimidos libertados, os que não desejam ver livres os presos, perseguem até a morte os promotores da libertação. Isso, segundo Lucas, aconteceu com Jesus já no início de sua atividade libertadora, na sua terra, no meio do seu povo. De fato, segundo os estudio- sos, o texto deste domingo é síntese de pelo menos três visitas de Jesus à sua terra. Mas o evangelista fez com que essas três visitas sucessivas se tornassem uma só, de modo que, ao rejei- tar Jesus e sua mensagem de libertação, o povo de Nazaré per- de para sempre a possibilidade de estar em contato com o liber- tador e salvador, excluindo-se do "hoje" do Deus que age na história (v. 21). 11. O projeto de Jesus é libertar os empobrecidos, oprimidos e marginalizados (veja o evangelho do domingo passado). Mas seu programa de vida encontra fortes rejeições. E não se trata de simples discussão em torno de pontos de vista. A rejeição de Jesus e seu projeto culmina em Jerusalém, onde ele é crucifica- do e morto por seus opositores. a. Por que Jesus foi rejeitado? (vv. 22-23) 12. O primeiro obstáculo é a encarnação: Jesus é um deles: "Não é este o filho de José?" (v. 22a). O povo esperava um messias espetacular, capaz de ações mágicas e miraculosas. Para o povo de Nazaré é impossível que Deus aja através de uma pessoa comum, cujas origens são conhecidas de todos. O provérbio "Médico, cura-te a ti mesmo" (v. 23a) pode ter este significado: "olhe para você mesmo: pobre, sem projeção soci- al, incapaz de libertar os próprios familiares da opressão e mi- séria".
  • 2. 13. O segundo obstáculo é a busca de milagres: "Faze tam- bém aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum" (v. 23b). Jesus se recusa a cumprir sinais em benefício próprio; recusa-se a ser ídolo da abundância, do prestígio, do poder e da riqueza (cf. as tentações de Jesus em 4,1-12). A fé no Deus libertador não é resultado de um cálcu- lo meticuloso das probabilidades. Fé é entrega total. 14. Esses dois obstáculos impedem que o "hoje" da liberta- ção atinja o povo de Nazaré. Só quem tem os olhos do pobre será capaz de aceitar a libertação que vem do Messias pobre e aliado dos marginalizados. b. Deus não se prende a um povo (vv. 24-30) 15. A situação de Jesus é semelhante à dos profetas antigos, rejeitados por seus conterrâneos (v. 24). Jesus lhes recorda dois episódios do passado: o de Elias que, sob ação de Deus, vai socorrer a viúva de Sarepta, uma estrangeira de Sidônia (vv. 25-26; cf. 1Rs 17), e o de Eliseu que cura o sírio Naamã (v. 27; cf. 2Rs 5). A rejeição dos profetas serve de ocasião para que Deus se manifeste aos que estão fora de Israel e os salve. Estes, por sua vez, reconhecem que Deus age por meio dos profetas e passam a reconhecê-lo como o único Deus verdadeiro. 16. Para Lucas, a rejeição de Jesus em Nazaré (e a rejeição do evangelho por parte dos "judeus" nos Atos dos Apóstolos) serve de ocasião para manifestar que Deus não pode ser con- dicionado a um povo ou raça. 17. A reação dos habitantes de Nazaré é violenta: rejeitam Jesus e seu programa de libertação, tentando precipitá-lo de um monte. Jesus está sendo rejeitado enquanto profeta do Pai. O episódio recorda, por contraste, Dt 13,2ss. Lá, o falso profeta deveria ser morto, "porque propôs uma revolta contra Javé seu Deus, que tirou vocês do Egito e os resgatou da casa da escravidão" (Dt 13,6a). Aqui, Jesus é rejeitado por se apresentar como aquele que renova os prodígios do Deus que libertou Israel da escravidão egípcia. Mas é impossível deter o processo de libertação: "Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho" (Lc 4,30). 2ª leitura (1Cor 12,31-13,13): A solidariedade é a base de tudo 18. Após ter mostrado que os coríntios tinham uma visão redutiva e personalística dos carismas (cf. 2ª leitura do do- mingo passado), Paulo lhes dá uma ordem: "Procurem os dons mais altos" (v. 31a) e passa a apresentar, no cap. 13, a razão de ser dos carismas. A base de tudo é o amor (13,1- 13), um amor ativo que se traduz na solidariedade prática. 19. O capítulo 13 serve de fundamentação para a questão dos carismas. O amor era a nota característica dos primeiros cristãos, e deveria sê-lo também para os coríntios. Mas a competitividade na busca dos carismas extraordinários havia criado clima tenso na comunidade. 20. Nos elencos de dons apresentados anteriormente, Paulo pusera em último lugar os dois carismas mais ambicionados pelos coríntios (línguas e profecia). Aqui, no hino do amor, coloca-os logo no início. Em primeiro lugar, o dom das lín- guas (v. 1): se não serve à edificação da comunidade, os que falam em línguas – as dos homens e as dos anjos – são como sino barulhento que irrita os ouvidos. Em segundo lugar, vem o dom da profecia, do conhecimento de todos os mistérios, de toda ciência e a fé extraordinária a ponto de transportar monta- nhas (v. 2). Os coríntios ambicionavam fortemente esses dons (cf. 8,1), porém, em vista da promoção pessoal, e não como formas de se solidarizar com os outros. Sem a solidariedade prática, aquele que possui um desses dons nada é. 21. O v. 3 vai além. Até a coragem de distribuir tudo aos fa- mintos e, mais ainda, de entregar o próprio corpo às chamas, não resistindo ao martírio, se tudo não fosse movido pela soli- dariedade, nenhum valor teria. 22. Os vv. 4-7 descrevem o que é ser solidário. Temos aí quin- ze expressões, mostrando o que é e o que não é viver a solida- riedade. Com isso fica claro que amor é ação eminentemente concreta em favor de alguém, no caso a comunidade e as pes- soas mais necessitadas, os fracos e os pobres. Amor, portanto, não é sentimento, mas atitude concreta que leva a superar os conflitos, fazendo obras que levem à comunhão com todos, e deixando de fazer o que tenha conotação exibicionista. Em Corinto alguns se incharam de orgulho (cf. 4,6.18-19; 5,2; 8,1); outros tornaram-se indecentes (cf. 5,1), e até nas celebrações comunitárias faziam-se coisas inconvenientes que beiravam os ritos pagãos (cf. 14,40), reproduzindo na comunidade o modo de ser e agir da sociedade injusta. A solidariedade é marcada pelo equilíbrio e pela busca do bem comum: "Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (v. 7). 23. Cabe à comunidade cristã escolher entre o transitório e o permanente. "O amor jamais passará" (v. 8a), pois Deus é a- mor. O objetivo último da comunidade é vivê-lo em todas as suas dimensões e manifestações, até que venha a perfeição e desapareça o que é limitado (cf. v. 10). Para Paulo, não existe expressão mais perfeita do ser cristão, da vida em Cristo, do que o amor solidário entre as pessoas. Mais uma vez ele relati- viza a função das línguas, profecia e ciência (cf. vv. 8b-9). 24. Paulo já havia alertado os coríntios de que havia muita infantilidade no meio deles, pois cada qual tomava partido em favor de um agente de pastoral (cf. 3,1-5). Essa infantilidade se refletia também naqueles que se ostentavam por causa dos dons extraordinários que haviam recebido. O cristão maduro não procura essas coisas com tal escopo (cf. v. 11). É chegada a fase adulta do ser cristão. 25. O v. 12 contrapõe o agora e o depois, dois momentos su- cessivos. O primeiro momento (agora) é embrionário e revela transitoriedade. O conhecimento aí é limitado. Por isso mesmo requer o discernimento em vista da solidariedade prática. O segundo momento (depois) é a fase definitiva, e só aí o conhe- cimento é pleno. 26. O hino conclui ressaltando a primazia do amor sobre a fé e a esperança. A fé, para Paulo, se concretiza no amor entre os membros da comunidade. É o amor quem cria laços, supera conflitos, impelindo para frente, na esperança. O amor é, pois, a forma concreta na qual a fé se expressa. III. PISTAS PARA REFLEXÃO 27. O profeta não teme os conflitos (cf. 1ª leitura Jr 1,4-5.17-19) O exemplo de Jeremias pode se tornar momento oportuno para refletir sobre a missão profética da comunidade cristã como um todo. Contra quem, hoje, a comunidade terá que ser cida- de fortificada, coluna de ferro, muralha de bronze? Procurar exemplos em que se sentiu fortemente a presença de Deus nas lutas pela justiça e liberdade. 28. Jesus, o profeta rejeitado (cf. Evangelho Lc 4,21-30). Levar a comunidade a descobrir quando é que aceitamos e quando rejeitamos a libertação que Deus nos oferece em Jesus Cristo. 29. A solidariedade é a base de tudo (cf. 2ª leitura 1Cor 12,31-13,13). A celebração comunitária é excelente oportunidade para descobrir os gestos de solidariedade que se realizam constantemente na comunidade. E é também ocasião para refletir sobre o fundamento de tudo o que fazemos.