O documento discute a educação ambiental no âmbito familiar e enfatiza a importância de: 1) limitar o uso de tecnologia e incentivar brincadeiras ao ar livre para as crianças; 2) refletir sobre hábitos familiares e estabelecer uma conexão maior com a natureza através de caminhadas e pedaladas juntos; 3) fazer compras de forma consciente, preferindo alimentos naturais.
geografia 7 ano - relevo, altitude, topos do mundo
[Artigo] Educação ambiental no âmbito familiar
1. ISSN 16780701
Número 52, Ano XIV.
JunhoAgosto/2015.
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Sementes
01/06/2015
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO FAMILIAR
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A partir dos pressupostos de que (I) o ser humano é fruto do meio em que vive, e (II) as crianças tendem a reproduzir
comportamentos influenciados pelos hábitos familiares, este ensaio foi elaborado a convite de Berenice Gehlen Adams para a
seção Sementes, na 52ª edição da Revista Educação Ambiental em Ação, a qual é pautada pelo tema: Educação Ambiental é agir
com consciência.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO FAMILIAR
José André Verneck Monteiro
Pedagogo, Especialista em Educação Ambiental
Mestrando em Práticas em Desenvolvimento Sustentável
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/3632798164833445
Email: educativo@live.com
RESUMO
A partir dos pressupostos de que (I) o ser humano é fruto do meio em que vive, e (II) as crianças
tendem a reproduzir comportamentos influenciados pelos hábitos familiares, este ensaio foi
elaborado a convite de Berenice Gehlen Adams para a seção Sementes, na 52ª edição da Revista
Educação Ambiental em Ação, a qual é pautada pelo tema: Educação Ambiental é agir com
consciência.
Sua presença é fundamental
2.
São diversas as atividades essenciais para a vida moderna dos adultos: trabalho, estudo,
planejamento financeiro, viagens profissionais, eventos sociais, manutenção da moradia,
cuidados com a saúde, entre tantas outras, que diferem em cada família.
Para complementar, parte das obrigações dos adultos tem de ser cumpridas em casa, com
o uso de computadores e telefones, subtraindo ainda mais tempo do que poderia ser dedicado ao
convívio familiar.
Em meio a tantas funções, não raro o ato de cuidar e educar os filhos tem sido delegado a
outras pessoas, já que justificadamente, os pais estão demasiado envolvidos nas tarefas diárias
responsáveis por prover o subsídio financeiro requerido para o sustento do lar.
Mas há uma demanda fundamental que não pode ser esquecida: a atenção consciente às
crianças. Seja por necessidade ou descuido dos responsáveis, têmse notado que as crianças
estão passando muitas mais horas diante do televisor ou operando outros aparelhos eletrônicos,
do que se divertindo e desenvolvendo em brincadeiras ao ar livre, tomando sol e interpretando a
natureza.
Sim, os aparelhos eletrônicos e o acesso à Internet são muito úteis e colaboram para o
desenvolvimento psicológico e intelectual das crianças, desde que a utilização de tais
ferramentas seja realizada com critérios e em adequada medida.
Mas, sem a supervisão consciente dos adultos o uso de tais tecnologias abre uma questão
complexa: o que se espera de uma geração de crianças, submetidas diariamente ao bombardeio
de propagandas e incentivo ao consumismo, jogos de violência e outros conteúdos inadequados
à infância?
Brincar também é educar
O ato de brincar é imprescindível ao pleno desenvolvimento psicológico, corporal,
cognitivo e afetivo das crianças.
Enquanto brincam, as crianças descobrem e criam seu mundo, a partir do qual constroem
conhecimentos e atribuem significados à existência, a seu modo, no seu ritmo peculiar.
As brincadeiras também auxiliam no desenvolvimento infantil em diversos aspectos
relacionados à socialização, autoestima, disciplina, respeito às regras de covivência e à opinião
alheia. Portanto a ludicidade deve ser estimulada desde a primeira idade, tanto no âmbito
familiar quanto no espaço/tempo escolar.
3. Brincar junto também é uma das formas que os adultos podem redescobrir para educar,
além de ser uma demonstração de carinho e interesse, o que é percebido e muito valorizado pela
criança.
E no que diz respeito ao resgate e revalorização cultural, por onde andam as brincadeiras
infantis de outrora? Por onde estão os folguedos movidos a entusiasmo e alegria, que não
precisavam de pilhas para funcionar?
Ciranda, pegapega, amarelinha, pulacorda, bambolê, bola de gude, cantigas de roda e
tantas outras, guardadas no baú de nossas memórias, ávidas por ser apresentadas à nova geração
umbilicalmente conectadas à tecnologia desde tão cedo.
Leve a sustentabilidade para casa
Experimente refletir e reavaliar como tem sido os momentos de descontração e
relaxamento no ambiente familiar. Como é a experiência de preparar e compartilhar as refeições,
que tipo de alimento é oferecido, de que forma é aproveitado o tempo livre, que lugares são
frequentados e quais os assuntos tem sido tratados quando a família se reúne?
Já lhe ocorreu que para melhor compreender o que se passa em família, talvez possa vir a
ser necessário o estabelecimento de um limite de utilização de televisão, computador, telefone?
Até o momento não há dados científicos que comprovem malefícios ocasionados à saúde de
quem permanece offline por algumas horas.
4.
Acompanhar as lições de casa e procurar saber sobre as atividades e dificuldades
escolares também são importantes estímulos de integração familiar.
Saber quanto tempo é dedicado pela família a experimentar atividades que permitam uma
maior integração com a natureza também pode ser um bom indicador sobre a mensagem
educativa que os pais querem transmitir às crianças.
Experimentem juntos um dia sem usar veículos. As caminhadas ao ar livre podem ser
excelentes oportunidades para toda a família reatar vínculos, praticar a respiração consciente,
tocar o solo, admirar a natureza, encontrar formas nas nuvens, ou simplesmente relaxar.
Que tal uma pedalada em família? Andar de bicicleta é quase um rito de passagem da
infância. E a gente não esquece como se faz, mesmo depois de muito tempo sem praticar. Deixe
que seus filhos mostrem o caminho e descubra a cada dia o prazer de ser criança novamente!
Se for consenso, a família também pode experimentar a visita a alguma organização de
apoio socioambiental para conhecer de perto outra realidade.
Quando forem fazer compras, desestimule o hábito de consumir por influência de
campanhas publicitárias. Discutam a lista do que realmente precisam adquirir, antes de sair de
casa. Incentivem a preferência por produtos naturais demonstrando às crianças o privilégio e os
benefícios de uma alimentação saudável e equilibrada, rica em vegetais.
5. Observe que na área de entrada dos supermercados estão localizadas as seções de
produtos não imprescindíveis à sobrevivência humana (bebidas alcoólicas, refrigerantes,
centenas produtos de limpeza e cosméticos que prometem milagres). Estas seções de boas
vindas geralmente estão repletas de embalagens multicoloridas e brilhantes, com formatos
inusitados e atraentes, às quais são atribuídos cartazes com expressões do tipo: PROMOÇÃO,
NOVO ou LEVE MAIS PAGANDO MENOS.
Só bem lá no fundo das lojas é que estão os cereais, frutas, hortaliças, condimentos secos,
produtos de origem animal.
Perceba também que os produtos com menor preço são organizados nas prateleiras
menos acessíveis; ao alcance dos olhos de um adulto estão os itens mais caros e os de marcas
que investem mais em publicidade.
Esse conjunto de detalhes tem uma razão lógicofinanceira, uma estratégia desenvolvida
por especialistas em comportamento humano adotada pelas principais redes de comércio
varejista em todo o mundo: estimular a compra motivada por impulsos, de produtos supérfluos e
mais caros.
Ninguém está imune a esse conjunto de técnicas. Alguma vez já parou para pensar por
qual razão há tantas guloseimas, revistinhas, pilhas e baterias localizadas à altura das crianças,
nas proximidades dos caixas?
Procure explicar, em linguagem adequada à faixa etária das crianças, que quando
adquirimos alimentos frescos, melhoramos nossa saúde, economizamos dinheiro, diminuímos a
quantidade de lixo, colaboramos para o desenvolvimento da agricultura familiar, para a redução
do uso de combustíveis fósseis e consequentemente para diminuir os níveis de poluição.
Experimentem, ao menos um dia por semana, um cardápio sem ingestão de carne. É
ótimo para reeducar o paladar e depurar o organismo das toxinas nocivas presentes nos
alimentos que nos fornecem proteínas de origem animal.
Saborosos e nutritivos bolos, biscoitos e sucos podem ser preparados em casa para o
lanche que será levado à escola. Em geral, as crianças se divertem e aprendem sobre nutrição e
segurança, quando têm a oportunidade de cozinhar sob a supervisão de adultos.
Os brinquedos que já não são os preferidos podem ser doados a outras crianças, bem
como os livros e roupas. Há tantas famílias menos favorecidas que certamente darão muita
utilidade às suas doações.
É muito importante que as crianças saibam, desde cedo, que nem todo mundo tem o
mesmo acesso aos bens e serviços essenciais, mas o ato de doar pode ser uma forma de
compartilhar com outras pessoas o que para nós é excedente.
Durante nossa existência terrena a solidariedade é uma virtude que deve ser encorajada
6. nas crianças, já que nosso mundo está repleto de demonstrações de brutalidade, desrespeito e
indiferença aos demais coabitantes do nosso Planeta.
Há várias outras formas de ampliar a educação ambiental no âmbito familiar, e por isso
não há uma receita pronta.
O principal aspecto que se deve levar em consideração é que alguns hábitos familiares
têm raízes no comportamento dos adultos, pois como tomadores de decisões, influenciam a
todos que habitam o mesmo lar.
"Vamos sonhar com um futuro positivo para agir de
forma consistente e coerente!"
Lara Lutzemberger
Sendo assim, vale refletir sobre qual tipo de exemplo e comportamentos estão sendo
estimulados pelos adultos e quais são seus possíveis reflexos nas mentes em formação das
crianças.
Quando a família compartilha perspectivas voltadas à sustentabilidade, têm motivações e
comportamentos adequados à realidade socioambiental contemporânea e se sonham juntos por
um mundo melhor, as crianças têm uma fonte de inspiração diária para agir de modo consciente.
Agradecimentos à equipe Editorial pela oportunidade de participar desta edição de
aniversário da Revista Educação Ambiental em Ação e ao amigo Ed Meirelles pela gentil
ilustração inspirada neste ensaio.
Para saber mais, assista:
Criança, a Alma do Negócio!
Muito além do peso
E leia as publicações do Instituto Criança e Consumo aqui
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que fazer para melhorar o meio ambiente Sugestões bibliográficas Educação Você sabia que... Plantas medicinais Práticas de