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Supervisão pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e
melhoria das aprendizagens: caso escola secundária Alfa da cidade de Nampula

                                   José Greia



                      Doutoramento em ciências da educação

                       Administração e Organização escolar




                             Projecto de Investigação




                  Orientação: Professor Doutor José Matias Alves




                           Nampula, Fevereiro de 2012
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Conteúdo
Resumo ................................................................................................................................................... 3
Introdução............................................................................................................................................... 4
Tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhorias das
aprendizagens. O campo que se pretende estudar é o da supervisão e desenvolvimento profissional. .. 5
Situação problemática ............................................................................................................................. 5
Relevância do estudo .............................................................................................................................. 6
   Definição dos Termos ......................................................................................................................... 8
   A Supervisão Escolar Clássica e suas Implicações na Actividade Pedagógica ................................ 10
   Técnicas de Supervisão Pedagógica e sua Essência ......................................................................... 14
Compactando a primeira etapa do estado de arte .................................................................................. 18
   Supervisão e desenvolvimento profissional ..................................................................................... 18
   Supervisão e melhoria das aprendizagens ........................................................................................ 20
Objectivo Geral ..................................................................................................................................... 23
Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 27
Bibliografia ........................................................................................................................................... 29




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Resumo
O presente projecto tem como tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento
profissional docente e melhoria das aprendizagens: caso escola secundária Alfa da cidade de
Nampula. Tem como finalidade identificar e analisar as práticas da supervisão pedagógica na escola
Alfa cidade de Nampula. Define-se como o problema: as práticas da supervisão pedagógica em vigor
são coerentes e consistentes ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das
aprendizagens na escola Alfa cidade de Nampula? Estão propostas as seguintes questões de
investigação: 1) Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e
consistentes e ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na
escola Alfa da cidade de Nampula? 2) Qual é o perfil dos profissionais que realizam a supervisão
pedagógica na escola em estudo? 3) Qual é a articulação existente entre as práticas de supervisão na
escola e as autoridades educativas da cidade de Nampula? 4) Qual é a representação dos professores,
técnico-administrativo-pedagógicos sobre o papel da supervisão pedagógica como um dispositivo de
empowerment (empoderamento) profissional, desenvolvimento organizacional, melhoria do ensino e
aprendizagens dos alunos? O método do estudo será qualitativo, por pretender aceder o ambiente
natural como fonte directa de dados, além do carácter descritivo que o fenómeno requer, isto por um
lado, e por outro, analisar a representação que os técnico-administrativo-pedagógicos têm sobre a
supervisão pedagógica no seu quotidiano profissional sob o enfoque indutivo. É o estudo de caso,
pois, pretende-se examinar de forma detalhada a manifestação desse fenómeno na unidade escolar
Alfa.

   Palavras-Chave: cultura institucional, desenvolvimento pessoal docente, melhoria das
   aprendizagens, profissionalismo, Supervisão pedagógica.




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Introdução
O presente projecto de investigação corresponde à fundamentação teórica com vista à
obtenção do grau de Doutor em ciências de educação pela Universidade Católica Portuguesa
do Porto, na especialização de Administração e Organização Escolar (AOE). O projecto
propõe como o tema de investigação, Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento
profissional docente e melhoria das aprendizagens. Tem como finalidade, identificar e analisar a
coerência e pertinência das práticas da supervisão pedagógica em relação ao desenvolvimento
profissional docente e melhorias das aprendizagens. Na escola Alfa pública da cidade de
Nampula.

     Com o termo Supervisão pedagógica pretende-se ilustrar um dispositivo dinâmico
sistemático e continuo que visa assessorar de forma harmoniosa e colaborativamente entre
todos os profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Este dispositivo visa
o desenvolvimento profissional do pessoal docente, melhoria das aprendizagens e
concomitantemente promoção do sucesso escolar dos alunos. É uma das formas do exercício
da democracia escolar por ser um elo de ligação entre a unidade escolar e pais, responsáveis
dos alunos, procurando deste modo oferecer uma orientação para os possíveis problemas
identificados em todo o processo de ensino.
     O presente projecto, obedece a sequência que se segue: formulação do tema, situação
problemática, relevância do estudo, formulação do objectivo geral e questões de investigação,
revisão da literatura, métodos, cronograma e Referências bibliográficas e bibliografia.




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Tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e
melhorias das aprendizagens. O campo que se pretende estudar é o da supervisão e
desenvolvimento profissional.
A motivação para a realização deste estudo tem a ver fundamentalmente com dois aspectos
dialecticamente correlacionados: a experiência profissional docente e o estado de arte.

     Quanto à experiência profissional docente, o proponente do presente projecto de
investigação como professor nas escolas secundárias públicas e particulares num período que
ascende sensivelmente trinta anos verificou muitas vezes a presença de um dispositivo
administrativo que visava/visa o controlo e avaliação do desempenho, uma prática
administrativa de tipo top down. Tem-se falado e enfatizado com muita serenidade as funções
da inspecção da educação. Momentos há em que se diz a equipa da inspecção já chegou,
preparem este e aquele dossier. É realmente um momento de medo e de angústia, temendo
deste modo uma apreciação negativa, que tem implicações profissionais relacionadas com a
ascensão na carreira docente.
     No que tange o estado de arte, durante o curso de mestrado as cadeiras de supervisão e
inspecção pedagógica despertaram muito interesse porque apesar de aparentemente
pretenderem atingir os mesmos fins têm estilos e procedimentos diferentes. A pesquisa
bibliográfica realizada no processo de ensino-aprendizagem no curso de mestrado revelou de
forma clara e nítida as diferenças entre os dois dispositivos, criando desta forma no
proponente do projecto o desejo de querer perceber com profundidade o fenómeno supervisão
pedagógica e comparar de forma activa com as práticas deste dispositivo na realidade
moçambicana, e em particular na maior escola secundária pública da cidade de Nampula e os
possíveis efeitos que advém no contexto profissional docente, qualidade de ensino e no
sucesso escolar.


Situação problemática
Quando se dirige a uma unidade escolar facilmente pode-se identificar o director da escola
onde as constelações de obrigações e deveres estão anunciados de forma explícita e claras, a
semelhança das do director pedagógico e o administrativo. Pode-se falar com o coordenador
da disciplina, director da turma e outros. Entretanto, se pretender contactar o supervisor da
escola, começa-se a misturar as funções, ora indica-se o director pedagógico, ora o próprio

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director da escola ou um dos coordenadores das disciplinas e por aí em diante. O vai e vem
na procura de identificar o supervisor pedagógico relaciona-se com a dinâmica desta
actividade na unidade escolar. A supervisão não tem uma expressão pragmática e explicita no
processo do ensino. Quer dizer, não tem um impacto directo e efectivo no pessoal docente,
nem na melhoria das aprendizagens dos alunos, e ainda nem no sucesso escolar. Entretanto,
nas escolas moçambicanas, regista-se um ingresso massivo de professores que iniciam a
carreira de docência, e estes precisam permanentemente de uma assessoria e
acompanhamento, enquanto os antigos necessitam de uma actualização contínua com vista ao
aprimoramento constante do processo de ensino-aprendizagem, pois, as novas tecnologias e
os desafios de gerar aprendizagem a isso nos constrange. Não encontrando esta dinâmica na
unidade escolar, cria-se um fosso, o professor “navegando a esmo” não tem onde recorrer em
caso de necessidades técnico-didácticas (na articulação de diferentes metodologias de ensino,
planificação de aulas, técnicas de avaliação, actualização dos conteúdos de aulas,
bibliografias e o uso das tecnologias de informação e comunicação). Que em parte, essas
necessidades podem e muito bem ser satisfeitas pela prática reflexiva da actividade de
supervisão pedagógica, mas não encontrando este dispositivo surge uma grande inquietação:
Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes e ao
serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa
pública da cidade de Nampula?


Relevância do estudo


       As práticas da supervisão pedagógica em vigor na escolar Alfa pública na cidade de
Nampula ao serviço do desenvolvimento pessoal docente e melhoria das aprendizagens,
constitui o eixo fulcral deste projecto de investigação. A pesquisa bibliográfica realizada até
agora mostra que a prática da supervisão pedagógica é uma actividade coerente que visa a um
empowerment (empoderamento) profissional, desenvolvimento organizacional, melhoria do
ensino e aprendizagens dos alunos. A situação problemática levantada ilustra claramente o
fosso entre a docência e o dispositivo de assessoria didáctico-pedagógico no processo de
ensino-aprendizagem. Na abordagem do problema, ficou bastante claro que os docentes ao
longo da sua carreira profissional se depararam mais com o dispositivo controlo e avaliação do
desempenho, que é puramente uma actividade fiscalizadora e administrativa. No mundo
moderno em vivemos a cooperação, a ajuda, a assessoria, a monitoria e o acompanhamento
colaborativo constitui pedra angular para o sucesso, quer a nível individual, quer a nível

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institucional. E quanto mais no mundo difícil e complexo como a educação, onde o
individualismo, o egoísmo e a fragmentação perdeu totalmente expressão e espaço. No nosso
país a educação tem recebido muitas críticas relacionadas a qualidade de ensino e a eficácia do
seu processo. As críticas têm sido para a escola, professor, curricula, alunos, dirigentes,
ambiente escolar e outros aspectos. Nesta conformidade, exige-se a concertação de sinergias
para colmatar as lacunas existentes e contrariar tudo o que é dito de negativo sobre a escola,
usando para o efeito todas as estratégias disponíveis para trazer o produto de qualidade em
todos os aspectos da vida dos nossos formandos. Portanto, oferecer qualidade de instrução
(transmissão de conhecimentos e técnicas); socialização (transmissão de normas, valores e
crenças, hábitos e atitudes) e estimulação (promoção do desenvolvimento integral do
educando). Não basta ter líderes das escolas que actuam em todos os âmbitos da escola,
professor especializados nas suas disciplinas, ter um director pedagógico que planifica e vela
pelos professores, ter funcionários competentes na escola, ter alunos e pais e encarregados que
colaboram com a escola. É necessário igualmente um dispositivo de acompanhamento
constante, monitoria colaborativa em todo o processo de ensino e aprendizagem Um
dispositivo que faz diferença, que provoca mudança no contexto profissional, melhoria das
aprendizagens e em última instância que promove o sucesso escolar. Eis a razão de trazer uma
reflexão acrescentada sobre a supervisão pedagógica ao serviço do desenvolvimento pessoal
docente e melhoria das aprendizagens nas escolas secundária pública da cidade de Nampula.
Ao falar da supervisão pedagógica é claro e evidente que se fale em processo de apoio do
ensino e da aprendizagem; reflexão e investigação sobre a acção educativa; mudança e
melhoria de práticas pedagógico-didácticas, isto é, sala de aula e extra aula. Estes referentes
conceptuais, balizados por conceitos teóricos variados e mais ou menos consensuais,
constituem a base principal da relevância da supervisão pedagógica. Logo, a relevância do
estudo se baseia na contribuição para a construção do conhecimento sobre a supervisão
pedagógica e sua utilidade para a prática profissional, melhoria das aprendizagens e no
sucesso escolar e quiçá poderá promover um despertamento para a formulação de políticas
tendentes a dinamizar a supervisão pedagógica nas unidades escolares moçambicanas.




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Revisão da literatura

Definição dos Termos
As pesquisas e diferentes estudos sobre a supervisão pedagógica trouxeram vários enfoques
começando pela origem etimológica da palavra “supervisionar”, temos Supervisionar = super
visar = dirigir ou orientar em plano superior; superintender (Ferreira, 1993,p.520 citado por
Rolla, 2006, p. 15)

       Dentro desta perspectiva a supervisão é a visão que abrange todo o horizonte escolar
sobre todo o processo educativo. Esta visão inclui, professores, alunos, gestores,
funcionários, portanto, é uma visão das actividades escolares e actividades extra-escolares.

        A tarefa da supervisão é multifacetada pois, envolve muitos agentes e profissionais
com intuito de ver de cima toda a actividade realizada na instituição. Não é só ver, mas
intervir e agir com mais perspicácia e consistência de forma a marcar diferença na instituição.
Conforme Lima (2010):
        Supervisão envolve acções tais como assessorar, acompanhar, orientar, monitorar e analisar
        sistematicamente todo o processo educativo e não mais apenas controlar os professores, como outrora.
        Vislumbra-se, de forma especial, seu papel como mediador da prática avaliativa na escola, esta
        compreendida enquanto fase de extrema importância no processo de ensino-aprendizagem, tendo em
        vista os paradigmas vigentes. Aponta-se ainda a necessidade de uma formação profissional do
        Supervisor mais consistente para a melhoria da qualidade das acções desenvolvidas por este
        profissional no contexto escolar e consequentemente para a qualidade em todo o processo educacional


        Este conceito desperta a qualquer profissional da educação uma atenção especial
pois, relaciona o enfoque teórico com a prática educativa quotidiana nas escolas
principalmente as moçambicanas. A supervisão implica, assessorar, acompanhar, orientar,
monitorar   e    analisar    sistematicamente       todo    o    processo     educativo.     Sublinhe-se
sistematicamente todo o processo educativo, isto por um lado, e por outro, a necessidade de
uma formação profissional do Supervisor. São estes aspectos que nos ajudam a reflectir sobre
o pragmatismo da supervisão pedagógica nas escolas moçambicanas. Portanto, uma
actividade profissional, sistemática, e de monitoria. O mundo em que vivemos onde as
nações parecem a viver num mesmo ”talhão” (onde parece que vivemos perto uns dos
outros, e nos vemos sempre, e a comunicação garantida e rápida) exige-se uma intervenção
dinâmica e oportuna no processo de ensino-aprendizagem sob o risco de sermos confundidos
e consequentemente engolidos pelos mais poderosos. Precisamos manter a nossa identidade
sociocultural, para tal, o corpo docente, a comunidade estudantil, a direcção da unidade
escolar precisam constantemente de um profissional preparado e que permanentemente se


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actualiza pedagógica-didáctica e tecnologicamente com vista a ajudar todos esses artistas no
complexo processo de dirigir, ensinar e aprender.


             O supervisor constitui-se em um agente de mudanças, facilitador e mediador, oportunizando uma
           relação de harmonia entre os interlocutores da instituição. Sua prática não deve estar dissociada da
           teoria e nem a teoria da prática. Por definição, o pedagogo não pode ser nem um puro e simples
           prático nem um puro e simples teórico. Ele está entre os dois. A ligação deve ser ao mesmo tempo
           permanente e irredutível, porque não pode existir um fosso entre a teoria e a prática. É esta abertura
           que permite a produção pedagógica. Em consequência, o prático em si mesmo não é um pedagogo, é
           mais um utilizador de elementos, de ideias ou de sistemas pedagógicos. Mas o teórico da educação;
           pensar o acto pedagógico não basta. Somente será considerado pedagogo aquele que fará surgir um
           "mais" na e pela articulação teoria e prática na educação (Lima, 2000)

          Portanto, é preciso um pedagogo com forte fundamento teórico e que este saiba
articular esta teoria na prática. As mudanças só se podem operar por este vínculo de
articulação, porque há uma convicção, ideias bem esclarecidas acerca da direcção de
mudanças reflectidas na forma e no conteúdo da educação.

          Starratt in Glanz (2007) “To exercise leadership in this climate of change will require
deep convictions, strong commitments, and clear ideas about directions for changes in the
form and content of schooling”.

De acordo com a versão da Lamy (2011) falar da supervisão pedagógica é inevitável que se
fale também em processos de apoio/regulação do ensino e da aprendizagem, reflexão e
investigação sobre a acção educativa, mudança e melhoria de práticas pedagógico-didácticas
(sala de aula e extra aula, escola-comunidade). Deste modo está claro que essa actividade não
deve ser de um amador educacional, mas sim, um profissional da área, como refere a mesma
autora:

          Como se pode ver mais uma vez, a supervisão pedagógica deve ser uma actividade de
monitoria sistemática com vista o desenvolvimento profissional e melhoria das
aprendizagens. Logo, quem exerce a actividade de supervisão deve ter um preparo
profissional um pouco mais em relação aos colegas de profissão com vista a poder exercer
alguma ajuda aos seus colegas no processo de ensino-aprendizagem (Vieira, 2011)

          Conforme as abordagens de diferentes autores percebe-se que em termos gerais a
actividade de supervisão constitui um serviço técnico, de carácter especializado, que supõe
habilidades de um indivíduo, que visa à obtenção de resultados satisfatórios na actividade de
outros indivíduos que estão sob o seu controle ou responsabilidade profissional através de
acompanhamento e assessoria regular. Quer dizer, a função principal do supervisor é ajudar

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as pessoas da sua responsabilidade a executarem bem o trabalho, por isso ele deve ter uma
formação especial na área de supervisão.

      a Supervisão Pedagógica emerge dentro das escolas como uma acção dinamizadora de diversas práticas
      colaborativas de trabalho. Assim, a Supervisão Pedagógica adquire, globalmente, um papel pró-activo
      na organização social da escola mas sobretudo detém um papel de mediação entre profissionais. Num
      sentido mais restrito, a Supervisão Pedagógica assume-se igualmente como uma plataforma comum de
      reflexão, aprendizagem e integração de saberes e competências quer numa dimensão pedagógico-
      didáctica quer numa dimensão prático-moral. A interacção partilhada é a via privilegiada da co-
      construção de conhecimento e da identidade profissional dos professores (Alves, 2008)

              .

       É de concordar plenamente com a abordagem pois, é a principal actividade da
supervisão escolar dinamizar de forma pró-activa e reflexiva toda a actividade de ensino-
aprendizagem com vista e melhorar a qualidade de ensino, bem como proporcionar meios de
uma actualização constante. Traz para o trabalho pedagógico riqueza de conhecimento acerca
dos alunos e do currículo, compreensão da função da educação na vida moderna, habilidades
de trabalhar bem com diferentes pessoas e aptidão para criar situações que tornem isto
possível, bem como ajuda eficiente para que os artistas da educação resolvam os seus
próprios problemas em todo este complexo processo de ensino-aprendizagem. Entretanto,
esta abordagem acerca da supervisão escolar não esclarece nitidamente de que modelo de
supervisão escolar se trata, pois, existem muitos modelos de supervisão escolar. Quer dizer, a
compreensão sobre a supervisão escolar exposta não ajuda a esclarecer os modelos de
supervisão existentes. Por essa razão, é imprescindível a boa compreensão dos modelos de
supervisão escolar existentes. Consideram-se modelos de supervisão escolar, os vários tipos
de supervisão existentes. Poderão existir muitos modelos de supervisão escolar, entretanto,
por questões metodológicas serão apresentados nesta pesquisa bibliográfica essencialmente
alguns modelos: a Supervisão escolar clássica e suas implicações na actividade pedagógica,
supervisão hierárquica, Hetero-supervisão e o seu papel na actividade pedagógica e auto-
supervisão.

A Supervisão Escolar Clássica e suas Implicações na Actividade Pedagógica
       A supervisão escolar clássica no entender de (Teles, 1976, p.140) "é uma actividade
que se baseia na inspecção pura, e na fiscalização, para ver o que está sendo feito na escola. É
uma actividade casual, repentina, imposta e autoritária, a função principal é fiscalização e
avaliação".




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       Nesse sentido, pode-se entender que os cursos e ou seminários de actualização para
professores têm carácter obrigatório e não atende às diferenças individuais dos professores,
tornando-se deste modo a supervisão como uma imposição. "É uma supervisão mais
autocrática, superficial, quase que tratando apenas dos sintomas, sem averiguações mais
profundas das causas determinantes" (Andrade, 1976, p.12). Como se observa, este modelo
de supervisão até certo ponto é o mais fácil e simples. Entretanto, incorre em certos riscos
semelhantes a estes:

   -   Tratar pessoas e situações como se fossem todas iguais;
   -   Considerar os problemas isoladamente;
   -   Actuar de maneira empírica e talvez injusta;
   -   Provocar atitudes emocionais negativas no professor.
       Em geral, este tipo de supervisão é desenvolvido quando o supervisor descobre algum
problema e quer logo agir no sentido de evitar más consequências. Adverte o professor,
indicando a maneira "correcta"de actuação no caso. Não se pode negar uma certa importância
a este tipo de supervisão, pois, num sentido amplo, a supervisão sempre encerra algum
aspecto correctivo. O que, contudo, parece evidente, neste tipo, é a maneira não apropriada de
corrigir o erro. A maneira de correcção mais consentânea, é o estudo da situação, com a
busca cooperativa de solução, atendendo as circunstâncias específicas de cada caso.

           Não é pequeno o número de professores, ainda em exercício, que "tremeram" nas classes, quando
         da visita do inspector; esta sua vivência foi tr (Alves, 2008)ansmitida aos mais jovens e estes, por
         ouvir contar, também ficaram impressionados negativamente em relação á Supervisão. Corre-se
         ainda o risco de retardar o processo de aceitação do supervisor por parte dos professores pela
         ineficiência dos próprios supervisores, que, embora conscientes das suas novas responsabilidades,
         por deficiências de formação, não convencem na prática (Andrade, 1976, p10).

       Nesta citação, deve-se tirar duas grandes reflexões estritamente relacionadas: a
primeira grande reflexão a tirar é que os supervisores têm obrigação de mudar de atitude e
comportamento e a segunda é a formação técnico-científica dos mesmos. Pois, a formação
vai ajudar ao profissional da supervisão a diferenciar a inspecção da supervisão. Para
refrescar a memória convêm recordar que a administração escolar esteve marcada por muito
tempo por referências da administração clássica sob influência de políticas autoritárias nas
práticas educativas seja em nível de sistema como nas concepções e encaminhamento de sala
de aula, dificultando deste modo os movimentos mais democráticos. Por isso falar de
supervisão como uma pratica democrática colaborativa as pessoas resistem, porque ao longo
da vida profissional se deparou constantemente com uma administrativa de carácter avaliativa
(Carvalho, 2007)
                                                                                                          11
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       Os avanços tecnológicos, as grandes descobertas na área científica e o acelerado
desenvolvimento do mundo moderno fizeram emergir a necessidade de uma transformação
na Educação (Soares, 2008). Transformação que reformulou conceitos e paradigmas, fazendo
surgir a necessidade de um acompanhamento pedagógico ao corpo docente e à comunidade
escolar. Para tal, o supervisor educacional torna-se o profissional responsável pela orientação
de uma prática educativa flexível, aberta às inovações e às transformações nos planos social,
educacional e científico. Dessa forma, em sua prática diária e fundamentado em pressupostos
filosóficos, legislação e directrizes educacionais, o supervisor educacional desempenha a
função de agente integrador no relacionamento professor-aluno e na formação de valores
éticos por meio de uma acção conjunta para que a educação atinja seus objectivos
primordiais, envolvendo todos que participam do processo ensino-aprendizagem. Conforme
Torrego Seijo (2010) “… El secreto es la participación. Creer que cuando la gente participa
las cosas funcionan mejor si se dispone de estructura que se puedan revisar…” Portanto,
supervisão é democracia, é participação, é ter espaço para ser proactivo.

Supervisão Hierárquica

       Este modelo de supervisão é desempenhado pela Direcção (Reitoria). Há uma atenção
muito grande no desenrolar do processo, há um normalmente um “alarme” mesmo o docente
sabendo que pode contar com o apoio da Direcção cria um certo temor. É uma supervisão de
cima para baixo. Pode ser uma supervisão humanizada, isto é, de não olhar por cima do
ombro, entretanto não deixa de ser unidireccional.

Hetero-supervisão e o seu papel na actividade pedagógica

       É uma supervisão colaborativa muito grande nos grupos de docentes e entre docentes
e o supervisor onde cria-se uma forte atitude de auto-supervisão. É uma supervisão
pedagógica que se baseia no estudo e análise das situações relacionadas com o processo de
ensino-aprendizagem na escola. O estudo e a análise permitem a melhoria das relações entre
todos os elementos humanos envolvidos no processo educativo. Conforme Alarcão (2007)
quando olhamos para o desenvolvimento do percurso da supervisão notamos um alargamento
da área da sua influência, notamos uma maior associação da supervisão com seguintes
características:

 a)    Desenvolvimento profissional de todos os profissionais que se encontram no processo
 de ensino-aprendizagem;

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b)     analisa e soluciona cooperativamente possíveis dificuldades oriundas de cada situação
específica e menos hierárquica;

c)     Promove as práticas reflexivas, visando profissionais autónomos;

d)     Promove uma liderança que perspective o futuro, uma liderança com visão;

e)     Desenvolve programas supervisivos com impacto de melhoria do ensino e da
aprendizagem.

       Como se pode depreender, para a tarefa de supervisão, exige-se um supervisor
consciente de que a sua tarefa principal não é chefiar mas tornar-se amigo e colega de todos.
O seu trabalho é de coordenação e ajuda pessoal. Ele não comanda como o militar no quartel,
mas aconselha, orienta, sugere, estimula. Por isso, ele deve ser um técnico competente para
que a sua autoridade e prestígio se irradiem do seu próprio valor, influenciando o
professorado. Como líder, ele deve possuir uma constelação de qualidades tais como:

       - Capacidade de convencer os colegas de profissão quanto à necessidade de evoluir
para melhor. Não é um "mandão", um arbitrário em suas atitudes. O seu trabalho resultará
sempre da acção inteligente, de discussão dos problemas nas reuniões pedagógicas ou nas
associações de pais.

       - Personalidade equilibrada, plena de entusiasmo, confiança em si, iniciativa actuante,
originalidade, inteligência, visão e descortino dos problemas, decisão, habilidade na profissão
e no trato com diferentes personalidades.

       - Não é uma cooperação entre iguais, nem supervisão mútua mas uma actividade que
tem em vista o desenvolvimento profissional e melhoria das aprendizagens (Vieira e Moreira
2011). Este tipo de supervisor não cria problemas, mas, ajuda o professor a resolvê-los, se ele
possuir a necessária formação e vocação para exercer a função de supervisor.

Auto-Supervisão

Conhecer as teorias e práticas individuais e colectivas pode representar também um meio de
conhecermos e entendermos melhor, de forma reflectida e contextualizada, a escola e os
alunos que temos, contribuindo para o desenvolvimento profissional docente, corroborando
ou não teorias públicas e promovendo a ligação entre os discursos da formação, ensino e
investigação (Alarcão, 2002, citado por Queirós, 20060).

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       Como se pode perceber, auto supervisão tem um grande entrosamento com a hetero-
supervisão, pois, nela (hetero-supervisão) todos participam activamente no processo, deste
modo cada um intrinsecamente realiza uma auto-supervisão.

Tal como Handal e Lauvås (1987), citado por Queirós (2006) cremos que o professor pode
contribuir para a construção do saber, ao discutir a sua teoria prática de forma crítica e
construtiva, quer para si próprio, quer com um ou mais colegas. Assim, os agentes dos
vários níveis de ensino deveriam ter como prioridade criar momentos de partilha das teorias
de cada um (privadas, micro, locais, particulares), reflectindo sobre a sua actuação
profissional e tendo sempre presente a melhoria e renovação das práticas, a bem da
aprendizagem dos alunos. Uma das estratégias de (auto) supervisão que pode facilitar estes
processos é a observação colaborativa de aulas.

Técnicas de Supervisão Pedagógica e sua Essência
       Falar de técnicas de supervisão escolar é falar de instrumentos que a supervisão pode
recorrer para assessorar o professor no processo de ensino-aprendizagem, dependendo das
necessidades e condições técnicas, físicas e pedagógicas de cada unidade escolar.
       O supervisor realiza actividades diversas com o propósito de alcançar os melhores
resultados no processo de ensino-aprendizagem. Para orientar com mais segurança essas
actividades, ele faz uso de alguns procedimentos especializados com vista a contribuir de
forma coerente no processo de ensino. Portanto, os procedimentos especializados que se
referem, estão relacionados com as técnicas de supervisão escolar. Na ideia de Andrade
(1976, pp.39-50) "as técnicas de supervisão escolar constituem todos os meios ou formas
específicas de actuação em cada oportunidade". Segundo ele, as técnicas têm como objectivo
essencial assessorar os professores nas diversas actividades educativas, e de entre elas
menciona as seguintes:
- reuniões e/ou encontros;

- visitas ( planificadas, casuais, anunciadas, repentinas, a pedido do professor e/ou    do
supervisor);

- demonstrações ( como realizar aulas com turmas maiores como nossas, de aulas didácticas,
planificação de aulas, uso de recursos didácticos etc);

- estudo ( cursos, treinamentos, reciclagens, correspondências, leitura, etc);



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- publicação ( apostilas, imprensas, boletins, etc);

- entrevistas, conferências, seminários, painéis e outros.

Como se pode ver, essas técnicas constituem actividades de monitoria, apoio e
assessoramento para o desenvolvimento de recursos humanos. Conforme Chiavenato (2000)
o desenvolvimento de recursos humanos necessita de treinamento, diagnóstico, programação
e reciclagem constante para o desempenho dos cargos. Não só, mas também, aprimoramento
a médio e longo prazos dos recursos humanos disponíveis, visando a contínua realização do
potencial existente em posições mais elevadas na organização

       Extrapolando o argumento desse autor, a supervisão seria monitoria do processo de
ensino, quer dizer, acompanhamento, registo e controlo para a devida análise quantitativa e
qualitativa dos recursos humanos disponíveis. Criar meios de informação adequados às
decisões sobre recursos humanos, criar critérios e políticas de avaliação e adequação
permanente nos procedimentos, tanto nas actividades de docência como administrativas.

       Por isso, o supervisor deve ser um elemento do sistema de ensino categorizado
científica e tecnicamente, para exercer esse importante serviço, sendo necessário, formação
especial por órgãos oficiais ou particulares para que tenha as seguintes habilidades:

       Habilidade humana - é dos papéis mais importantes da supervisão e administração de
todo o colectivo da escola. Porque, de acordo Plunker e Attner citados por Kapfunde
(2000:20) o conhecimento dessa habilidade proporciona boa comunicação; cria motivação
para o maior desempenho; tem uma atitude positiva perante o trabalho; compreende as
necessidades humanas; e estabelece um bom relacionamento entre o colectivo de trbalho.

       Habilidade técnica – segundo Szilagyi (1981) citado por Kapfunde (2000, p.21) o
supervisor com habilidade técnica torna-se um perito na sua área; é como um construtor,
economista, serralheiro, ou carpinteiro.

       No caso da educação, o profissional deve ter a capacidade de entendimento dos
diversos procedimentos metódicos no processo de ensino e aprendizagem.

       Habilidade conceptual - relaciona-se com a boa coordenação de todas actividades da
escola. Ser capaz de observar e compreender o funcionamento de toda a cadeia estrutural da




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escola (os departamentos, sectores, secções etc ), e saber avaliar e descobrir fortalezas e
fraquezas no processo lectivo.

       Habilidade diagnostica - refere-se à habilidade e capacidade de determinar a natureza
e circunstâncias de surgimento de uma particular situação emergente. Saber interpretar o
porquê de altos e baixos rendimentos académicos; como resolver cada situação.

       Conforme Szilagyi citado por Kapfunde (2000, p.21), essas habilidades, actuando em
conjunto, são importantes para toda a supervisão escolar.

       Elas (habilidades) não agem isoladamente uma de outra, mas interagem de forma
dialéctica e estabelecem interdependência.

       Katz citado por Sergiovanni & Starratt (1979, p.25) argumenta que, embora cada nível
de habilidade seja universal, presente em todo o processo administrativo e de supervisão, a
habilidade conceptual é mais para a administração, enquanto que a habilidade técnica é mais
para a pessoa do supervisor.

       Tipos de Supervisores

Dentro de uma empresa a semelhança de uma unidade escolar, muita gente almeja um cargo
de supervisão. No cômputo geral eles observam os benefícios deste cargo: salários,
facilidades na empresa (escola) entre outros aspectos, esquecendo das responsabilidades que
o cargo exige como: cuidar de pessoas, de meios e produção.

De acordo com Czarneski (2010) a supervisão é uma responsabilidade que requer alguém
preparado. Porque fora disso surgem alguns supervisores que não são bem vistos pelos
colegas nem pela empresa (unidade escolar). Pois existem muitos tipos de supervisores:

a)     Supervisor tirano: aquele que cuida dos funcionários com “mão de ferro” . Agressões
verbais, gritos, palavrões é o quotidiano. Nunca está satisfeito com o serviço dos
funcionários e sempre acha que a ameaças é a melhor estratega para fazer o que ele quer.
Não elogia o trabalho bem feito, pois para ele é a obrigação deles. Neste caso o professor
e/ou qualquer funcionário da instituição não terá nenhuma satisfação no serviço. Qualquer
coisa que precisar do supervisor, eles (professores e funcionários) vão pensar muitas vezes
antes de o contactar ou pedir alguma assessoria.




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b)     Supervisor bonzinho: “e o contraste do tirano. Ele busca a satisfação de seus
funcionários a qualquer preço. Com efeito, quando alguém comete um erro grave, ele deixa
passar. Por exemplo quando um funcionário tem costume de chegar atrasado e/ou não faz o
seu serviço correctamente sempre busca uma solução alternativa. Portanto, há excesso de
bondade, deste modo os funcionários exploram isso, pedindo folgas desnecessárias, a não
trabalhar conforme o padrão recomendável. Sabem “driblar” o chefe.

c)     Supervisor alienado: nunca sabe de nada o que acontece na instituição. Quando se
confronta com problemas, não sabe o que fazer. Tem medo de tomar decisões. É inseguro e
isto afecta negativamente a produção.

d)     Supervisor ideal: o mais bem preparado. Elogia quando merece. Tem humildade para
admitir erros, tem uma boa comunicação, ajuda a criar um bom ambiente na instituição,
busca melhorar sempre com o desejo de que todos se tornem profissionais excelentes. O
supervisor, conforme a abordagem de Alarcão (2009), na sua agenda está o apoio aos
professores e aos estudantes, no seu processo de atribuição de sentidos. Nesta alternativa, a
única razão para a existência de supervisores é assegurar que os recursos físicos, intelectuais
e emocionais, de que os professores necessitam para dar sentido à sua pedagogia, estão
disponíveis. Estamos perante a ideia do supervisor também ele como facilitador, criador e
dinamizador de contextos da aprendizagem e confiante em que os professores têm
potencialidades para aprender, para se desenvolverem, para continuarem a sua qualificação,
precisando para isso apenas de contextos favoráveis, de apoios e desafios.

       Neste contexto, o supervisor deve ter boa formação moral como virtude do seu
trabalho. A moral é o produto da convivência humana. Se o homem vivesse só, não existiria
ou não teria razão de existir. Os valores do homem são valores do processo social e
percebemo-los através da sua conduta na interacção com outros homens.

       O entendimento com que se ficou, em relação a tudo quanto foi abordado acerca da
supervisão escolar foi o seguinte:

       - A supervisão escolar, é uma tarefa técnica -científica. Como técnica, ela é a maneira
definida de exercer determinada função integrante de um sistema, no caso vertente o ensino.




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       - A função da supervisão escolar é importante na consecução de melhor qualidade na
prestação de serviços educacionais, desde as instâncias mais amplas e abrangentes até a
actividade básica da hora / aula.

       - A Supervisão escolar é função que garante a boa qualidade e a melhoria constante do
processo de ensino-aprendizagem.

       - Como trabalho científico, a supervisão pesquisa os factos para abarcar todas as
dimensões da realidade em que actua.

       De salientar que a tarefa de ensinar é cada vez mais difícil nos dias de hoje pela
complexidade crescente da vida moderna, e por isso, mais eficiente se deve tornar a
supervisão pedagógica.


Compactando a primeira etapa do estado de arte
       A Supervisão escolar é função que garante a boa qualidade e a melhoria constante do
processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto, o supervisor deve ter boa formação
cientifica e moral como virtude do seu trabalho. Os valores do homem são valores do
processo social e percebemo-los através da sua conduta na interacção com outros homens.
Espera-se do supervisor, como profissional, uma boa formação moral, pois, dela brota o amor
ao trabalho e ao próximo. Segundo Kisnerman (1991,p.39) "amor é realizar-me enquanto
promovo o outro, é relacionar-me com sua essência humana. É aceitar a pessoa como é,
promovê-la para que cresça".

       Portanto, a supervisão Pedagógica, é uma tarefa técnico-científica. Como técnica, ela
é a maneira definida de exercer determinada função integrante de um sistema. Ela é
importante na consecução de melhor qualidade na prestação de serviços educacionais, desde
as instâncias mais amplas e abrangentes até a actividade básica da hora / aula. A supervisão
pesquisa os factos para abarcar todas as dimensões da realidade em que actua.

Supervisão e desenvolvimento profissional

       O conceito de desenvolvimento profissional conforme Ponte, (1992) é relativamente
recente nos debates sobre a formação de docentes dos diversos níveis de ensino. A sua
importância resulta da constatação que uma sociedade em constante mudança impõe à escola
responsabilidades cada vez mais pesadas. Os conhecimentos e competências adquiridos pelos


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professores antes e durante a formação inicial tornam-se manifestamente insuficientes para o
exercício das suas funções ao longo de toda a sua carreira. Logo, necessitam de um
acompanhamento contínuo e constante, pois as contínuas mudanças científicas e tecnológicas
na educação em particular exigem que o profissional docente esteja atento e as acompanhe.
Para isso precisa-se de uma “super-visão” que possa estar diante dele para o auxiliar no
processo de ensino – aprendizagem. É aqui onde se necessita um profissional em supervisão
que com a sua acção constante e contínua monitora os seus colegas de profissão com vista a
aprimorarem as ferramentas do ensino existentes e bem actualizadas, por isso devem ser
afecto a tempo inteiro.

       Conforme Macedo (2009) deve entender-se o desenvolvimento profissional dos
professores enquadrando o na procura da identidade profissional, na forma como os
professores se definem a si mesmos e aos outros. É uma construção do eu profissional, que
evolui ao longo das suas carreiras. Que pode ser influenciado pela escola, pelas reformas e
contextos políticos, e que integra o compromisso pessoal, a disponibilidade para aprender a
ensinar, as crenças, os valores, o conhecimento sobre as matérias que ensinam e como as
ensinam, as experiências passadas, assim como a própria vulnerabilidade profissional. As
identidades profissionais configuram um complexo emaranhado de histórias, conhecimentos,
processos e rituais. Quando se fala da influência da escola no processo de ensino-
aprendizagem tem em vista a todos os artistas envolvidos tanto de categorias verticais como
horizontais e implicitamente lá está a supervisão pedagógica com a sua teoria e prática.

       Pensar hoje na formação de professores é pensar num processo de desenvolvimento
que se prolonga pelo tempo de carreira do professor (Susana, Dinis, Massa, & Rebelo, 2010).
A formação inicial deixou de ser o cerne da formação dos professores, perspectivando-se
apenas como um marco num percurso de crescimento e construção identitária. Nesta linha, a
OCDE (2005) releva a importância de melhorar a articulação entre as etapas da formação
inicial, inserção e desenvolvimento profissional, recomendando um maior apoio nos
primeiros anos de carreira e a criação de incentivos para um desenvolvimento profissional, e
isso é só possível quando o docente tem um acompanhamento constante e contínuo. A tarefa
de acompanhamento constante e contínuo é igualmente da supervisão pedagógica. São hoje
princípios orientadores desse processo: i) a valorização dos professores como sujeitos e
agentes activos da sua própria formação, a supervisão tem prerrogativas para esse efeito
mediante constante diálogo entre todos, como direcção da escola, professores, alunos, a


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comunidade, pais e encarregados da educação; ii) o diálogo entre as experiências, crenças e
conhecimentos individuais e os desafios, oportunidades e especificidades contextuais, quem
acciona para a sua generalização em condições normais deve ser a supervisão, pois ela
acompanha a pratica de todo o processo lectivo na unidade escolar; iv) a orientação para a
resolução de problemas e necessidades dos alunos, das escolas, dos professores, com vista à
melhoria dos processos pedagógicos e dos resultados da aprendizagem recorrendo as
habilidades diagnósticas; v) a instituição de dinâmicas de partilha e interacção nas escolas e a
criação de comunidades de aprendizagem capazes de gerar sinergias conducentes ao
desenvolvimento individual e colectivo dos seus membros; vi) a assumpção de uma
perspectiva analítica, reflexiva e crítica; vii) e o envolvimento em processos de investigação
orientados para a reconstrução das teorias e práticas pedagógicas dos professores. Portanto, a
supervisão pedagógica numa unidade escolar constitui uma actividade abrangente e
multiforme tendente a promover o profissionalismo docente e consequentemente a melhoria
da qualidade da educação.

      Ao falar em desenvolvimento profissional, estou a pensar não só nos candidatos a professores, mas
      sobretudo, no desenvolvimento profissional dos que já são profissionais e se encontram em ambiente de
      formação contínua em contexto de trabalho; estou a considerar uma orientação mais colaborativa e
      menos hierárquica (Alarcão, 2007, p.120)

Uma actividade que envolve a todos profissionais na unidade escolar, tanto os que iniciam a
função docente como os seniores. Uma supervisão baseada na colaboração entre todos em
decisões participadas e mais abrangente a nível da escola como um espaço e tempo de
aprendizagem para todos e com todos, alunos, educadores, e professores, auxiliar e
funcionários e a própria escola como organização. Portanto, uma supervisão que promova os
valores da democracia e desenvolva programas com impacto.

Supervisão e melhoria das aprendizagens

O processo de ensino e aprendizagem envolve uma complexa interacção entre professores e
alunos. Nas sociedades em vias de desenvolvimento como Moçambique, o número de alunos
por professor é muito elevado, em todos os níveis e classes. O professor, como o aluno
precisam de um acompanhamento e monitoria constante com vista a minimizar os possíveis e
contínuos confrontos no processo de construção do saber. Actualmente, a exigência do
profissionalismo do professor mudou de “cor” porque todo e qualquer fracasso escolar é
imputado ao professor, infelizmente. Por isso realmente exige-se do professor um
profissional a altura. Professor que operacionaliza bem as estratégias de ensino, que cultiva

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bem um bom relacionamento entre ele e aluno e com a comunidade que o rodeia, que permite
uma gestão democrática do ensino. Um docente profissional e de qualidade transmite
confiança e autonomia académica aos seu alunos. Eles (alunos) procuram explorara ao
máximo o que tem sido discutido na sala de aula porque têm o sentimento de que vale a pena
insistir, pois o professor trouxe o essencial e tem importância para a vida actual e futura. Está
claro que educar não é apenas instruir, mas oferecer uma experiência significativa que
prepare o cidadão para a vida. Dando assim possibilidade aos professores e alunos vivenciar a
cidadania, transferindo estas acções para outras instâncias da sociedade, firmando-se como
pessoas que fazem diferença. O processo de ensino-aprendizagem                           não deve apenas
preocupar-se com a formação intelectual do aluno, mas também e principalmente, com a sua
formação enquanto ser humano ético, participativo, realizado no campo pessoal, profissional
e social.

        Portanto, a peça motora e angular para esse fenómeno Melhoria das aprendizagens
entre todos está a supervisão pedagógica. Conforme Freire cit. In. Gadotti (2009):

        Vivemos hoje numa sociedade de redes e de movimentos, uma sociedade de múltiplas oportunidades
        de aprendizagens, chamada de “sociedade aprendente”,” uma sociedade de aprendizagem global”, na
        qual as consequências para a escola, para o professor e para a educação em geral, são enormes. Torna-
        se fundamental aprender a pensar autonomamente, saber comunicar-se saber pesquisar saber fazer, ter
        raciocínio lógico, aprender a trabalhar colaborativamente, fazer sínteses e elaborações teóricas, saber
        organizar o próprio trabalho, ter disciplina, ser sujeito da construção do conhecimento, estar aberto a
        novas aprendizagens, conhecer as fontes de informação, saber articular o conhecimento com a prática e
        com outros saberes.

        O profissional chamado a trabalhar colaborativamente além de toda a equipa da
unidade escolar deve ser o supervisor pedagógico por ser ele o profissional preparado para
esse ofício. Essa tarefa exercida nos moldes modernos contribui para o cumprimento dos
programas superiormente estabelecidos, no sucesso escolar, no uso racional e eficiente do
tempo escolar, na pontualidade e assiduidade dos docentes e alunos, na construção do saber
necessário e fundamental de cada disciplina curricular, na ocupação efectiva dos alunos, na
boa e oportuna relação entre a comunidade ( pais e encarregados de educação) e a escola, na
formação contínua dos professores, na actualização constante de estratégias de ensino
conforme as novas tecnologias de educação.

        Como se pode depreender, a Supervisão pedagógica contribui para o desenvolvimento
profissional docente, na melhoria das aprendizagens e no sucesso escolar. Quer dizer, quando
trabalhamos com os professores está em vista através deles chegar aos alunos, querendo que a
educação seja melhor, que o ensino seja melhor. Tudo passa pelo professor pelos professores,

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mas tem-se em mente que o objectivo final é a qualidade da educação. Ela (supervisão) não
faz, nem manda fazer, mas cria condições para que os professores pensem e ajam e façam de
forma colaborativa, crítica, questionando com espírito de investigação que é absolutamente
necessário nos dias de hoje. Para que isso aconteça na unidade escolar, de entre muitos
factores em parte depende em grande medida de dois aspectos fundamentais: a cultura
Organizacional e o sistema de liderança instalado

   a) Quanto a cultura organizacional, dizer que a supervisão pode ou não desempenhar a
sua função activa dependendo da cultura organizacional, pois ela tem sido o eixo responsável
da melhoria das organizações na criação de ferramentas de coesão, de projecção de novas
visões, inovações e metas, e/ou mesmo como pior instrumento ao serviço das tradições e da
ordem estabelecida, tornando deste modo barreira às inovações, uma ideologia imposta aos
profissionais da instituição. “la cultura, como todo dispositivo informativo/generativo,
permite mantener la complejidad       singular de una sociedad (…) es decir, garantiza la
invarianza de esta complejidad (…) pero al mismo tiempo, es aquello que puede integrar lo
nuevo, la invención, y transformarlo en adquisición invariante” (Gadotti,1995, p.25, citado
por Yáñez, 2010, p.2).
        b) No que concerne o sistema de liderança instalado, é preciso uma liderança com
visão, por perspectivar o futuro. Uma liderança com visão, que promova os valores da
democracia e desenvolva programas supervisivos com impacto. A supervisão tem que ter
impacto na melhoria do ensino e da aprendizagem. Quando trabalhamos com professores,
queremos através deles, chegar aos alunos. Queremos que a educação seja melhor, para isso
passa-se pelos professores, mas tem-se em mente que o objectivo último é a qualidade da
educação (Alarcão, 2007). Para o efeito, a existência de uma liderança preparada e com visão
para este ofício é de particular importância para a vida de sucesso da escola.

         Portanto a supervisão pedagógica é um instrumento da justiça social ao serviço da
educação, pois, toda a criança que entra na escola deve dispor das mesmas oportunidades de
ter êxito escolar, independentemente de seu nascimento sua fortuna. A escola deve então
construir uma competição justa a fim de que cada um obtenha o lugar que merece e que se
forme assim uma ordem social justa (Dubet, 2007). O órgão disponível na unidade escolar
que possa em grande medida intervir com qualidade e colaborativamente nesse processo em
parte    é    a    supervisão     pedagógica      pela    inerência    das       suas   funções.



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Objectivo Geral
  Identificar e Analisar até que ponto as práticas de supervisão pedagógica em vigor estão ao
  serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa
  da cidade de Nampula.

  Questões da Investigação

1. Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes e
   ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola
   Alfa da cidade de Nampula?

2. Qual é o perfil dos profissionais que realizam a supervisão pedagógica na escola em estudo?
3. Qual é a articulação existente entre as práticas de supervisão na escola e as autoridades da
   educação da cidade de Nampula?
4. Qual é a representação dos professores, técnico-administrativo-pedagógicos sobre o papel da
   supervisão pedagógica como um dispositivo de empowerment profissional, desenvolvimento
   organizacional, melhoria do ensino e aprendizagens dos alunos?
24


Método

O método do estudo do presente projecto de investigação será qualitativo, por pretender
aceder o ambiente natural como fonte directa de dados além do carácter descritivo que o
fenómeno requer, isto por um lado, e por outro, analisar a percepção que os técnico-
administrativo-pedagógicos têm sobre a supervisão pedagógica no seu quotidiano
profissional sob o enfoque indutivo. Quanto aos procedimentos técnicos, propõe-se o estudo
de caso, pois, pretende-se examinar de forma detalhada a manifestação desse fenómeno nesta
unidade escolar. Estão planificados ao todo como amostra 51 pessoas, obedecendo o seguinte
critério: 30 professores que estejam a trabalhar há mais de 5anos na mesma unidade escolar
(por se acreditar que eles têm informações relevantes acerca das práticas sobre a actividade
de supervisão pedagógica na unidade escolar), dos quais 10 homens e 10 mulheres, 10
professores que trabalham na mesma escola até 5 anos, também entre homens e mulheres, 4
técnico-administrativo-pedagógicos (1 director da escola; 1 director pedagógico; 1 director da
educação da cidade de Nampula e 1 director da ZIP) e 7 funcionários que estejam a trabalhar
na escola há mais de 3anos (porque estes trabalham com livros de actas, protocolam os
trabalhos, conhecem os arquivos das diversas actividades da escola, inclusive as actividades
de supervisão).

Para a concretização do estudo usar-se-ão duas técnicas fundamentalmente: entrevistas semi-
estruturadas para os 4 técnico-administrativo-pedagógicos, 14 professores e 2 funcionários
(auxiliadas por um gravador) que serão e questionários para os professores e funcionários da
unidade escolar não abrangidos pelas entrevistas.

       Análise de dados

Os dados resultantes das entrevistas (auxiliados por gravador) e dos serão objecto de análise
de conteúdo como produtos textuais construídos no decurso da investigação.




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Cronograma



                             2011                           2012                               2013

                         O    N     D   J   F   M   A   M    J     J   A   S   O   N   D   J    F     A

      ELABORAÇÃO
      DO PROJECTO




      Pesquisa
      bibliográfica
                         X    X     X   X   X   X   X   X    X     X   X   X   X   X   X   X    X     X



      RECOLHA E
      TRATAMENTO
      DE DADOS




      Recolha de dados

                                                X   X   X
26


Tabulação

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Analise de dados

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Redacção

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Relatório final

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Referências Bibliográficas




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Bibliografia
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Supervisão pedagógica e desenvolvimento docente

  • 1. Supervisão pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens: caso escola secundária Alfa da cidade de Nampula José Greia Doutoramento em ciências da educação Administração e Organização escolar Projecto de Investigação Orientação: Professor Doutor José Matias Alves Nampula, Fevereiro de 2012
  • 2. 2 Conteúdo Resumo ................................................................................................................................................... 3 Introdução............................................................................................................................................... 4 Tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhorias das aprendizagens. O campo que se pretende estudar é o da supervisão e desenvolvimento profissional. .. 5 Situação problemática ............................................................................................................................. 5 Relevância do estudo .............................................................................................................................. 6 Definição dos Termos ......................................................................................................................... 8 A Supervisão Escolar Clássica e suas Implicações na Actividade Pedagógica ................................ 10 Técnicas de Supervisão Pedagógica e sua Essência ......................................................................... 14 Compactando a primeira etapa do estado de arte .................................................................................. 18 Supervisão e desenvolvimento profissional ..................................................................................... 18 Supervisão e melhoria das aprendizagens ........................................................................................ 20 Objectivo Geral ..................................................................................................................................... 23 Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 27 Bibliografia ........................................................................................................................................... 29 2
  • 3. 3 Resumo O presente projecto tem como tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens: caso escola secundária Alfa da cidade de Nampula. Tem como finalidade identificar e analisar as práticas da supervisão pedagógica na escola Alfa cidade de Nampula. Define-se como o problema: as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa cidade de Nampula? Estão propostas as seguintes questões de investigação: 1) Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes e ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa da cidade de Nampula? 2) Qual é o perfil dos profissionais que realizam a supervisão pedagógica na escola em estudo? 3) Qual é a articulação existente entre as práticas de supervisão na escola e as autoridades educativas da cidade de Nampula? 4) Qual é a representação dos professores, técnico-administrativo-pedagógicos sobre o papel da supervisão pedagógica como um dispositivo de empowerment (empoderamento) profissional, desenvolvimento organizacional, melhoria do ensino e aprendizagens dos alunos? O método do estudo será qualitativo, por pretender aceder o ambiente natural como fonte directa de dados, além do carácter descritivo que o fenómeno requer, isto por um lado, e por outro, analisar a representação que os técnico-administrativo-pedagógicos têm sobre a supervisão pedagógica no seu quotidiano profissional sob o enfoque indutivo. É o estudo de caso, pois, pretende-se examinar de forma detalhada a manifestação desse fenómeno na unidade escolar Alfa. Palavras-Chave: cultura institucional, desenvolvimento pessoal docente, melhoria das aprendizagens, profissionalismo, Supervisão pedagógica. 3
  • 4. 4 Introdução O presente projecto de investigação corresponde à fundamentação teórica com vista à obtenção do grau de Doutor em ciências de educação pela Universidade Católica Portuguesa do Porto, na especialização de Administração e Organização Escolar (AOE). O projecto propõe como o tema de investigação, Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens. Tem como finalidade, identificar e analisar a coerência e pertinência das práticas da supervisão pedagógica em relação ao desenvolvimento profissional docente e melhorias das aprendizagens. Na escola Alfa pública da cidade de Nampula. Com o termo Supervisão pedagógica pretende-se ilustrar um dispositivo dinâmico sistemático e continuo que visa assessorar de forma harmoniosa e colaborativamente entre todos os profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Este dispositivo visa o desenvolvimento profissional do pessoal docente, melhoria das aprendizagens e concomitantemente promoção do sucesso escolar dos alunos. É uma das formas do exercício da democracia escolar por ser um elo de ligação entre a unidade escolar e pais, responsáveis dos alunos, procurando deste modo oferecer uma orientação para os possíveis problemas identificados em todo o processo de ensino. O presente projecto, obedece a sequência que se segue: formulação do tema, situação problemática, relevância do estudo, formulação do objectivo geral e questões de investigação, revisão da literatura, métodos, cronograma e Referências bibliográficas e bibliografia. 4
  • 5. 5 Tema: Supervisão Pedagógica ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhorias das aprendizagens. O campo que se pretende estudar é o da supervisão e desenvolvimento profissional. A motivação para a realização deste estudo tem a ver fundamentalmente com dois aspectos dialecticamente correlacionados: a experiência profissional docente e o estado de arte. Quanto à experiência profissional docente, o proponente do presente projecto de investigação como professor nas escolas secundárias públicas e particulares num período que ascende sensivelmente trinta anos verificou muitas vezes a presença de um dispositivo administrativo que visava/visa o controlo e avaliação do desempenho, uma prática administrativa de tipo top down. Tem-se falado e enfatizado com muita serenidade as funções da inspecção da educação. Momentos há em que se diz a equipa da inspecção já chegou, preparem este e aquele dossier. É realmente um momento de medo e de angústia, temendo deste modo uma apreciação negativa, que tem implicações profissionais relacionadas com a ascensão na carreira docente. No que tange o estado de arte, durante o curso de mestrado as cadeiras de supervisão e inspecção pedagógica despertaram muito interesse porque apesar de aparentemente pretenderem atingir os mesmos fins têm estilos e procedimentos diferentes. A pesquisa bibliográfica realizada no processo de ensino-aprendizagem no curso de mestrado revelou de forma clara e nítida as diferenças entre os dois dispositivos, criando desta forma no proponente do projecto o desejo de querer perceber com profundidade o fenómeno supervisão pedagógica e comparar de forma activa com as práticas deste dispositivo na realidade moçambicana, e em particular na maior escola secundária pública da cidade de Nampula e os possíveis efeitos que advém no contexto profissional docente, qualidade de ensino e no sucesso escolar. Situação problemática Quando se dirige a uma unidade escolar facilmente pode-se identificar o director da escola onde as constelações de obrigações e deveres estão anunciados de forma explícita e claras, a semelhança das do director pedagógico e o administrativo. Pode-se falar com o coordenador da disciplina, director da turma e outros. Entretanto, se pretender contactar o supervisor da escola, começa-se a misturar as funções, ora indica-se o director pedagógico, ora o próprio 5
  • 6. 6 director da escola ou um dos coordenadores das disciplinas e por aí em diante. O vai e vem na procura de identificar o supervisor pedagógico relaciona-se com a dinâmica desta actividade na unidade escolar. A supervisão não tem uma expressão pragmática e explicita no processo do ensino. Quer dizer, não tem um impacto directo e efectivo no pessoal docente, nem na melhoria das aprendizagens dos alunos, e ainda nem no sucesso escolar. Entretanto, nas escolas moçambicanas, regista-se um ingresso massivo de professores que iniciam a carreira de docência, e estes precisam permanentemente de uma assessoria e acompanhamento, enquanto os antigos necessitam de uma actualização contínua com vista ao aprimoramento constante do processo de ensino-aprendizagem, pois, as novas tecnologias e os desafios de gerar aprendizagem a isso nos constrange. Não encontrando esta dinâmica na unidade escolar, cria-se um fosso, o professor “navegando a esmo” não tem onde recorrer em caso de necessidades técnico-didácticas (na articulação de diferentes metodologias de ensino, planificação de aulas, técnicas de avaliação, actualização dos conteúdos de aulas, bibliografias e o uso das tecnologias de informação e comunicação). Que em parte, essas necessidades podem e muito bem ser satisfeitas pela prática reflexiva da actividade de supervisão pedagógica, mas não encontrando este dispositivo surge uma grande inquietação: Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes e ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa pública da cidade de Nampula? Relevância do estudo As práticas da supervisão pedagógica em vigor na escolar Alfa pública na cidade de Nampula ao serviço do desenvolvimento pessoal docente e melhoria das aprendizagens, constitui o eixo fulcral deste projecto de investigação. A pesquisa bibliográfica realizada até agora mostra que a prática da supervisão pedagógica é uma actividade coerente que visa a um empowerment (empoderamento) profissional, desenvolvimento organizacional, melhoria do ensino e aprendizagens dos alunos. A situação problemática levantada ilustra claramente o fosso entre a docência e o dispositivo de assessoria didáctico-pedagógico no processo de ensino-aprendizagem. Na abordagem do problema, ficou bastante claro que os docentes ao longo da sua carreira profissional se depararam mais com o dispositivo controlo e avaliação do desempenho, que é puramente uma actividade fiscalizadora e administrativa. No mundo moderno em vivemos a cooperação, a ajuda, a assessoria, a monitoria e o acompanhamento colaborativo constitui pedra angular para o sucesso, quer a nível individual, quer a nível 6
  • 7. 7 institucional. E quanto mais no mundo difícil e complexo como a educação, onde o individualismo, o egoísmo e a fragmentação perdeu totalmente expressão e espaço. No nosso país a educação tem recebido muitas críticas relacionadas a qualidade de ensino e a eficácia do seu processo. As críticas têm sido para a escola, professor, curricula, alunos, dirigentes, ambiente escolar e outros aspectos. Nesta conformidade, exige-se a concertação de sinergias para colmatar as lacunas existentes e contrariar tudo o que é dito de negativo sobre a escola, usando para o efeito todas as estratégias disponíveis para trazer o produto de qualidade em todos os aspectos da vida dos nossos formandos. Portanto, oferecer qualidade de instrução (transmissão de conhecimentos e técnicas); socialização (transmissão de normas, valores e crenças, hábitos e atitudes) e estimulação (promoção do desenvolvimento integral do educando). Não basta ter líderes das escolas que actuam em todos os âmbitos da escola, professor especializados nas suas disciplinas, ter um director pedagógico que planifica e vela pelos professores, ter funcionários competentes na escola, ter alunos e pais e encarregados que colaboram com a escola. É necessário igualmente um dispositivo de acompanhamento constante, monitoria colaborativa em todo o processo de ensino e aprendizagem Um dispositivo que faz diferença, que provoca mudança no contexto profissional, melhoria das aprendizagens e em última instância que promove o sucesso escolar. Eis a razão de trazer uma reflexão acrescentada sobre a supervisão pedagógica ao serviço do desenvolvimento pessoal docente e melhoria das aprendizagens nas escolas secundária pública da cidade de Nampula. Ao falar da supervisão pedagógica é claro e evidente que se fale em processo de apoio do ensino e da aprendizagem; reflexão e investigação sobre a acção educativa; mudança e melhoria de práticas pedagógico-didácticas, isto é, sala de aula e extra aula. Estes referentes conceptuais, balizados por conceitos teóricos variados e mais ou menos consensuais, constituem a base principal da relevância da supervisão pedagógica. Logo, a relevância do estudo se baseia na contribuição para a construção do conhecimento sobre a supervisão pedagógica e sua utilidade para a prática profissional, melhoria das aprendizagens e no sucesso escolar e quiçá poderá promover um despertamento para a formulação de políticas tendentes a dinamizar a supervisão pedagógica nas unidades escolares moçambicanas. 7
  • 8. 8 Revisão da literatura Definição dos Termos As pesquisas e diferentes estudos sobre a supervisão pedagógica trouxeram vários enfoques começando pela origem etimológica da palavra “supervisionar”, temos Supervisionar = super visar = dirigir ou orientar em plano superior; superintender (Ferreira, 1993,p.520 citado por Rolla, 2006, p. 15) Dentro desta perspectiva a supervisão é a visão que abrange todo o horizonte escolar sobre todo o processo educativo. Esta visão inclui, professores, alunos, gestores, funcionários, portanto, é uma visão das actividades escolares e actividades extra-escolares. A tarefa da supervisão é multifacetada pois, envolve muitos agentes e profissionais com intuito de ver de cima toda a actividade realizada na instituição. Não é só ver, mas intervir e agir com mais perspicácia e consistência de forma a marcar diferença na instituição. Conforme Lima (2010): Supervisão envolve acções tais como assessorar, acompanhar, orientar, monitorar e analisar sistematicamente todo o processo educativo e não mais apenas controlar os professores, como outrora. Vislumbra-se, de forma especial, seu papel como mediador da prática avaliativa na escola, esta compreendida enquanto fase de extrema importância no processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista os paradigmas vigentes. Aponta-se ainda a necessidade de uma formação profissional do Supervisor mais consistente para a melhoria da qualidade das acções desenvolvidas por este profissional no contexto escolar e consequentemente para a qualidade em todo o processo educacional Este conceito desperta a qualquer profissional da educação uma atenção especial pois, relaciona o enfoque teórico com a prática educativa quotidiana nas escolas principalmente as moçambicanas. A supervisão implica, assessorar, acompanhar, orientar, monitorar e analisar sistematicamente todo o processo educativo. Sublinhe-se sistematicamente todo o processo educativo, isto por um lado, e por outro, a necessidade de uma formação profissional do Supervisor. São estes aspectos que nos ajudam a reflectir sobre o pragmatismo da supervisão pedagógica nas escolas moçambicanas. Portanto, uma actividade profissional, sistemática, e de monitoria. O mundo em que vivemos onde as nações parecem a viver num mesmo ”talhão” (onde parece que vivemos perto uns dos outros, e nos vemos sempre, e a comunicação garantida e rápida) exige-se uma intervenção dinâmica e oportuna no processo de ensino-aprendizagem sob o risco de sermos confundidos e consequentemente engolidos pelos mais poderosos. Precisamos manter a nossa identidade sociocultural, para tal, o corpo docente, a comunidade estudantil, a direcção da unidade escolar precisam constantemente de um profissional preparado e que permanentemente se 8
  • 9. 9 actualiza pedagógica-didáctica e tecnologicamente com vista a ajudar todos esses artistas no complexo processo de dirigir, ensinar e aprender. O supervisor constitui-se em um agente de mudanças, facilitador e mediador, oportunizando uma relação de harmonia entre os interlocutores da instituição. Sua prática não deve estar dissociada da teoria e nem a teoria da prática. Por definição, o pedagogo não pode ser nem um puro e simples prático nem um puro e simples teórico. Ele está entre os dois. A ligação deve ser ao mesmo tempo permanente e irredutível, porque não pode existir um fosso entre a teoria e a prática. É esta abertura que permite a produção pedagógica. Em consequência, o prático em si mesmo não é um pedagogo, é mais um utilizador de elementos, de ideias ou de sistemas pedagógicos. Mas o teórico da educação; pensar o acto pedagógico não basta. Somente será considerado pedagogo aquele que fará surgir um "mais" na e pela articulação teoria e prática na educação (Lima, 2000) Portanto, é preciso um pedagogo com forte fundamento teórico e que este saiba articular esta teoria na prática. As mudanças só se podem operar por este vínculo de articulação, porque há uma convicção, ideias bem esclarecidas acerca da direcção de mudanças reflectidas na forma e no conteúdo da educação. Starratt in Glanz (2007) “To exercise leadership in this climate of change will require deep convictions, strong commitments, and clear ideas about directions for changes in the form and content of schooling”. De acordo com a versão da Lamy (2011) falar da supervisão pedagógica é inevitável que se fale também em processos de apoio/regulação do ensino e da aprendizagem, reflexão e investigação sobre a acção educativa, mudança e melhoria de práticas pedagógico-didácticas (sala de aula e extra aula, escola-comunidade). Deste modo está claro que essa actividade não deve ser de um amador educacional, mas sim, um profissional da área, como refere a mesma autora: Como se pode ver mais uma vez, a supervisão pedagógica deve ser uma actividade de monitoria sistemática com vista o desenvolvimento profissional e melhoria das aprendizagens. Logo, quem exerce a actividade de supervisão deve ter um preparo profissional um pouco mais em relação aos colegas de profissão com vista a poder exercer alguma ajuda aos seus colegas no processo de ensino-aprendizagem (Vieira, 2011) Conforme as abordagens de diferentes autores percebe-se que em termos gerais a actividade de supervisão constitui um serviço técnico, de carácter especializado, que supõe habilidades de um indivíduo, que visa à obtenção de resultados satisfatórios na actividade de outros indivíduos que estão sob o seu controle ou responsabilidade profissional através de acompanhamento e assessoria regular. Quer dizer, a função principal do supervisor é ajudar 9
  • 10. 10 as pessoas da sua responsabilidade a executarem bem o trabalho, por isso ele deve ter uma formação especial na área de supervisão. a Supervisão Pedagógica emerge dentro das escolas como uma acção dinamizadora de diversas práticas colaborativas de trabalho. Assim, a Supervisão Pedagógica adquire, globalmente, um papel pró-activo na organização social da escola mas sobretudo detém um papel de mediação entre profissionais. Num sentido mais restrito, a Supervisão Pedagógica assume-se igualmente como uma plataforma comum de reflexão, aprendizagem e integração de saberes e competências quer numa dimensão pedagógico- didáctica quer numa dimensão prático-moral. A interacção partilhada é a via privilegiada da co- construção de conhecimento e da identidade profissional dos professores (Alves, 2008) . É de concordar plenamente com a abordagem pois, é a principal actividade da supervisão escolar dinamizar de forma pró-activa e reflexiva toda a actividade de ensino- aprendizagem com vista e melhorar a qualidade de ensino, bem como proporcionar meios de uma actualização constante. Traz para o trabalho pedagógico riqueza de conhecimento acerca dos alunos e do currículo, compreensão da função da educação na vida moderna, habilidades de trabalhar bem com diferentes pessoas e aptidão para criar situações que tornem isto possível, bem como ajuda eficiente para que os artistas da educação resolvam os seus próprios problemas em todo este complexo processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, esta abordagem acerca da supervisão escolar não esclarece nitidamente de que modelo de supervisão escolar se trata, pois, existem muitos modelos de supervisão escolar. Quer dizer, a compreensão sobre a supervisão escolar exposta não ajuda a esclarecer os modelos de supervisão existentes. Por essa razão, é imprescindível a boa compreensão dos modelos de supervisão escolar existentes. Consideram-se modelos de supervisão escolar, os vários tipos de supervisão existentes. Poderão existir muitos modelos de supervisão escolar, entretanto, por questões metodológicas serão apresentados nesta pesquisa bibliográfica essencialmente alguns modelos: a Supervisão escolar clássica e suas implicações na actividade pedagógica, supervisão hierárquica, Hetero-supervisão e o seu papel na actividade pedagógica e auto- supervisão. A Supervisão Escolar Clássica e suas Implicações na Actividade Pedagógica A supervisão escolar clássica no entender de (Teles, 1976, p.140) "é uma actividade que se baseia na inspecção pura, e na fiscalização, para ver o que está sendo feito na escola. É uma actividade casual, repentina, imposta e autoritária, a função principal é fiscalização e avaliação". 10
  • 11. 11 Nesse sentido, pode-se entender que os cursos e ou seminários de actualização para professores têm carácter obrigatório e não atende às diferenças individuais dos professores, tornando-se deste modo a supervisão como uma imposição. "É uma supervisão mais autocrática, superficial, quase que tratando apenas dos sintomas, sem averiguações mais profundas das causas determinantes" (Andrade, 1976, p.12). Como se observa, este modelo de supervisão até certo ponto é o mais fácil e simples. Entretanto, incorre em certos riscos semelhantes a estes: - Tratar pessoas e situações como se fossem todas iguais; - Considerar os problemas isoladamente; - Actuar de maneira empírica e talvez injusta; - Provocar atitudes emocionais negativas no professor. Em geral, este tipo de supervisão é desenvolvido quando o supervisor descobre algum problema e quer logo agir no sentido de evitar más consequências. Adverte o professor, indicando a maneira "correcta"de actuação no caso. Não se pode negar uma certa importância a este tipo de supervisão, pois, num sentido amplo, a supervisão sempre encerra algum aspecto correctivo. O que, contudo, parece evidente, neste tipo, é a maneira não apropriada de corrigir o erro. A maneira de correcção mais consentânea, é o estudo da situação, com a busca cooperativa de solução, atendendo as circunstâncias específicas de cada caso. Não é pequeno o número de professores, ainda em exercício, que "tremeram" nas classes, quando da visita do inspector; esta sua vivência foi tr (Alves, 2008)ansmitida aos mais jovens e estes, por ouvir contar, também ficaram impressionados negativamente em relação á Supervisão. Corre-se ainda o risco de retardar o processo de aceitação do supervisor por parte dos professores pela ineficiência dos próprios supervisores, que, embora conscientes das suas novas responsabilidades, por deficiências de formação, não convencem na prática (Andrade, 1976, p10). Nesta citação, deve-se tirar duas grandes reflexões estritamente relacionadas: a primeira grande reflexão a tirar é que os supervisores têm obrigação de mudar de atitude e comportamento e a segunda é a formação técnico-científica dos mesmos. Pois, a formação vai ajudar ao profissional da supervisão a diferenciar a inspecção da supervisão. Para refrescar a memória convêm recordar que a administração escolar esteve marcada por muito tempo por referências da administração clássica sob influência de políticas autoritárias nas práticas educativas seja em nível de sistema como nas concepções e encaminhamento de sala de aula, dificultando deste modo os movimentos mais democráticos. Por isso falar de supervisão como uma pratica democrática colaborativa as pessoas resistem, porque ao longo da vida profissional se deparou constantemente com uma administrativa de carácter avaliativa (Carvalho, 2007) 11
  • 12. 12 Os avanços tecnológicos, as grandes descobertas na área científica e o acelerado desenvolvimento do mundo moderno fizeram emergir a necessidade de uma transformação na Educação (Soares, 2008). Transformação que reformulou conceitos e paradigmas, fazendo surgir a necessidade de um acompanhamento pedagógico ao corpo docente e à comunidade escolar. Para tal, o supervisor educacional torna-se o profissional responsável pela orientação de uma prática educativa flexível, aberta às inovações e às transformações nos planos social, educacional e científico. Dessa forma, em sua prática diária e fundamentado em pressupostos filosóficos, legislação e directrizes educacionais, o supervisor educacional desempenha a função de agente integrador no relacionamento professor-aluno e na formação de valores éticos por meio de uma acção conjunta para que a educação atinja seus objectivos primordiais, envolvendo todos que participam do processo ensino-aprendizagem. Conforme Torrego Seijo (2010) “… El secreto es la participación. Creer que cuando la gente participa las cosas funcionan mejor si se dispone de estructura que se puedan revisar…” Portanto, supervisão é democracia, é participação, é ter espaço para ser proactivo. Supervisão Hierárquica Este modelo de supervisão é desempenhado pela Direcção (Reitoria). Há uma atenção muito grande no desenrolar do processo, há um normalmente um “alarme” mesmo o docente sabendo que pode contar com o apoio da Direcção cria um certo temor. É uma supervisão de cima para baixo. Pode ser uma supervisão humanizada, isto é, de não olhar por cima do ombro, entretanto não deixa de ser unidireccional. Hetero-supervisão e o seu papel na actividade pedagógica É uma supervisão colaborativa muito grande nos grupos de docentes e entre docentes e o supervisor onde cria-se uma forte atitude de auto-supervisão. É uma supervisão pedagógica que se baseia no estudo e análise das situações relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem na escola. O estudo e a análise permitem a melhoria das relações entre todos os elementos humanos envolvidos no processo educativo. Conforme Alarcão (2007) quando olhamos para o desenvolvimento do percurso da supervisão notamos um alargamento da área da sua influência, notamos uma maior associação da supervisão com seguintes características: a) Desenvolvimento profissional de todos os profissionais que se encontram no processo de ensino-aprendizagem; 12
  • 13. 13 b) analisa e soluciona cooperativamente possíveis dificuldades oriundas de cada situação específica e menos hierárquica; c) Promove as práticas reflexivas, visando profissionais autónomos; d) Promove uma liderança que perspective o futuro, uma liderança com visão; e) Desenvolve programas supervisivos com impacto de melhoria do ensino e da aprendizagem. Como se pode depreender, para a tarefa de supervisão, exige-se um supervisor consciente de que a sua tarefa principal não é chefiar mas tornar-se amigo e colega de todos. O seu trabalho é de coordenação e ajuda pessoal. Ele não comanda como o militar no quartel, mas aconselha, orienta, sugere, estimula. Por isso, ele deve ser um técnico competente para que a sua autoridade e prestígio se irradiem do seu próprio valor, influenciando o professorado. Como líder, ele deve possuir uma constelação de qualidades tais como: - Capacidade de convencer os colegas de profissão quanto à necessidade de evoluir para melhor. Não é um "mandão", um arbitrário em suas atitudes. O seu trabalho resultará sempre da acção inteligente, de discussão dos problemas nas reuniões pedagógicas ou nas associações de pais. - Personalidade equilibrada, plena de entusiasmo, confiança em si, iniciativa actuante, originalidade, inteligência, visão e descortino dos problemas, decisão, habilidade na profissão e no trato com diferentes personalidades. - Não é uma cooperação entre iguais, nem supervisão mútua mas uma actividade que tem em vista o desenvolvimento profissional e melhoria das aprendizagens (Vieira e Moreira 2011). Este tipo de supervisor não cria problemas, mas, ajuda o professor a resolvê-los, se ele possuir a necessária formação e vocação para exercer a função de supervisor. Auto-Supervisão Conhecer as teorias e práticas individuais e colectivas pode representar também um meio de conhecermos e entendermos melhor, de forma reflectida e contextualizada, a escola e os alunos que temos, contribuindo para o desenvolvimento profissional docente, corroborando ou não teorias públicas e promovendo a ligação entre os discursos da formação, ensino e investigação (Alarcão, 2002, citado por Queirós, 20060). 13
  • 14. 14 Como se pode perceber, auto supervisão tem um grande entrosamento com a hetero- supervisão, pois, nela (hetero-supervisão) todos participam activamente no processo, deste modo cada um intrinsecamente realiza uma auto-supervisão. Tal como Handal e Lauvås (1987), citado por Queirós (2006) cremos que o professor pode contribuir para a construção do saber, ao discutir a sua teoria prática de forma crítica e construtiva, quer para si próprio, quer com um ou mais colegas. Assim, os agentes dos vários níveis de ensino deveriam ter como prioridade criar momentos de partilha das teorias de cada um (privadas, micro, locais, particulares), reflectindo sobre a sua actuação profissional e tendo sempre presente a melhoria e renovação das práticas, a bem da aprendizagem dos alunos. Uma das estratégias de (auto) supervisão que pode facilitar estes processos é a observação colaborativa de aulas. Técnicas de Supervisão Pedagógica e sua Essência Falar de técnicas de supervisão escolar é falar de instrumentos que a supervisão pode recorrer para assessorar o professor no processo de ensino-aprendizagem, dependendo das necessidades e condições técnicas, físicas e pedagógicas de cada unidade escolar. O supervisor realiza actividades diversas com o propósito de alcançar os melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem. Para orientar com mais segurança essas actividades, ele faz uso de alguns procedimentos especializados com vista a contribuir de forma coerente no processo de ensino. Portanto, os procedimentos especializados que se referem, estão relacionados com as técnicas de supervisão escolar. Na ideia de Andrade (1976, pp.39-50) "as técnicas de supervisão escolar constituem todos os meios ou formas específicas de actuação em cada oportunidade". Segundo ele, as técnicas têm como objectivo essencial assessorar os professores nas diversas actividades educativas, e de entre elas menciona as seguintes: - reuniões e/ou encontros; - visitas ( planificadas, casuais, anunciadas, repentinas, a pedido do professor e/ou do supervisor); - demonstrações ( como realizar aulas com turmas maiores como nossas, de aulas didácticas, planificação de aulas, uso de recursos didácticos etc); - estudo ( cursos, treinamentos, reciclagens, correspondências, leitura, etc); 14
  • 15. 15 - publicação ( apostilas, imprensas, boletins, etc); - entrevistas, conferências, seminários, painéis e outros. Como se pode ver, essas técnicas constituem actividades de monitoria, apoio e assessoramento para o desenvolvimento de recursos humanos. Conforme Chiavenato (2000) o desenvolvimento de recursos humanos necessita de treinamento, diagnóstico, programação e reciclagem constante para o desempenho dos cargos. Não só, mas também, aprimoramento a médio e longo prazos dos recursos humanos disponíveis, visando a contínua realização do potencial existente em posições mais elevadas na organização Extrapolando o argumento desse autor, a supervisão seria monitoria do processo de ensino, quer dizer, acompanhamento, registo e controlo para a devida análise quantitativa e qualitativa dos recursos humanos disponíveis. Criar meios de informação adequados às decisões sobre recursos humanos, criar critérios e políticas de avaliação e adequação permanente nos procedimentos, tanto nas actividades de docência como administrativas. Por isso, o supervisor deve ser um elemento do sistema de ensino categorizado científica e tecnicamente, para exercer esse importante serviço, sendo necessário, formação especial por órgãos oficiais ou particulares para que tenha as seguintes habilidades: Habilidade humana - é dos papéis mais importantes da supervisão e administração de todo o colectivo da escola. Porque, de acordo Plunker e Attner citados por Kapfunde (2000:20) o conhecimento dessa habilidade proporciona boa comunicação; cria motivação para o maior desempenho; tem uma atitude positiva perante o trabalho; compreende as necessidades humanas; e estabelece um bom relacionamento entre o colectivo de trbalho. Habilidade técnica – segundo Szilagyi (1981) citado por Kapfunde (2000, p.21) o supervisor com habilidade técnica torna-se um perito na sua área; é como um construtor, economista, serralheiro, ou carpinteiro. No caso da educação, o profissional deve ter a capacidade de entendimento dos diversos procedimentos metódicos no processo de ensino e aprendizagem. Habilidade conceptual - relaciona-se com a boa coordenação de todas actividades da escola. Ser capaz de observar e compreender o funcionamento de toda a cadeia estrutural da 15
  • 16. 16 escola (os departamentos, sectores, secções etc ), e saber avaliar e descobrir fortalezas e fraquezas no processo lectivo. Habilidade diagnostica - refere-se à habilidade e capacidade de determinar a natureza e circunstâncias de surgimento de uma particular situação emergente. Saber interpretar o porquê de altos e baixos rendimentos académicos; como resolver cada situação. Conforme Szilagyi citado por Kapfunde (2000, p.21), essas habilidades, actuando em conjunto, são importantes para toda a supervisão escolar. Elas (habilidades) não agem isoladamente uma de outra, mas interagem de forma dialéctica e estabelecem interdependência. Katz citado por Sergiovanni & Starratt (1979, p.25) argumenta que, embora cada nível de habilidade seja universal, presente em todo o processo administrativo e de supervisão, a habilidade conceptual é mais para a administração, enquanto que a habilidade técnica é mais para a pessoa do supervisor. Tipos de Supervisores Dentro de uma empresa a semelhança de uma unidade escolar, muita gente almeja um cargo de supervisão. No cômputo geral eles observam os benefícios deste cargo: salários, facilidades na empresa (escola) entre outros aspectos, esquecendo das responsabilidades que o cargo exige como: cuidar de pessoas, de meios e produção. De acordo com Czarneski (2010) a supervisão é uma responsabilidade que requer alguém preparado. Porque fora disso surgem alguns supervisores que não são bem vistos pelos colegas nem pela empresa (unidade escolar). Pois existem muitos tipos de supervisores: a) Supervisor tirano: aquele que cuida dos funcionários com “mão de ferro” . Agressões verbais, gritos, palavrões é o quotidiano. Nunca está satisfeito com o serviço dos funcionários e sempre acha que a ameaças é a melhor estratega para fazer o que ele quer. Não elogia o trabalho bem feito, pois para ele é a obrigação deles. Neste caso o professor e/ou qualquer funcionário da instituição não terá nenhuma satisfação no serviço. Qualquer coisa que precisar do supervisor, eles (professores e funcionários) vão pensar muitas vezes antes de o contactar ou pedir alguma assessoria. 16
  • 17. 17 b) Supervisor bonzinho: “e o contraste do tirano. Ele busca a satisfação de seus funcionários a qualquer preço. Com efeito, quando alguém comete um erro grave, ele deixa passar. Por exemplo quando um funcionário tem costume de chegar atrasado e/ou não faz o seu serviço correctamente sempre busca uma solução alternativa. Portanto, há excesso de bondade, deste modo os funcionários exploram isso, pedindo folgas desnecessárias, a não trabalhar conforme o padrão recomendável. Sabem “driblar” o chefe. c) Supervisor alienado: nunca sabe de nada o que acontece na instituição. Quando se confronta com problemas, não sabe o que fazer. Tem medo de tomar decisões. É inseguro e isto afecta negativamente a produção. d) Supervisor ideal: o mais bem preparado. Elogia quando merece. Tem humildade para admitir erros, tem uma boa comunicação, ajuda a criar um bom ambiente na instituição, busca melhorar sempre com o desejo de que todos se tornem profissionais excelentes. O supervisor, conforme a abordagem de Alarcão (2009), na sua agenda está o apoio aos professores e aos estudantes, no seu processo de atribuição de sentidos. Nesta alternativa, a única razão para a existência de supervisores é assegurar que os recursos físicos, intelectuais e emocionais, de que os professores necessitam para dar sentido à sua pedagogia, estão disponíveis. Estamos perante a ideia do supervisor também ele como facilitador, criador e dinamizador de contextos da aprendizagem e confiante em que os professores têm potencialidades para aprender, para se desenvolverem, para continuarem a sua qualificação, precisando para isso apenas de contextos favoráveis, de apoios e desafios. Neste contexto, o supervisor deve ter boa formação moral como virtude do seu trabalho. A moral é o produto da convivência humana. Se o homem vivesse só, não existiria ou não teria razão de existir. Os valores do homem são valores do processo social e percebemo-los através da sua conduta na interacção com outros homens. O entendimento com que se ficou, em relação a tudo quanto foi abordado acerca da supervisão escolar foi o seguinte: - A supervisão escolar, é uma tarefa técnica -científica. Como técnica, ela é a maneira definida de exercer determinada função integrante de um sistema, no caso vertente o ensino. 17
  • 18. 18 - A função da supervisão escolar é importante na consecução de melhor qualidade na prestação de serviços educacionais, desde as instâncias mais amplas e abrangentes até a actividade básica da hora / aula. - A Supervisão escolar é função que garante a boa qualidade e a melhoria constante do processo de ensino-aprendizagem. - Como trabalho científico, a supervisão pesquisa os factos para abarcar todas as dimensões da realidade em que actua. De salientar que a tarefa de ensinar é cada vez mais difícil nos dias de hoje pela complexidade crescente da vida moderna, e por isso, mais eficiente se deve tornar a supervisão pedagógica. Compactando a primeira etapa do estado de arte A Supervisão escolar é função que garante a boa qualidade e a melhoria constante do processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto, o supervisor deve ter boa formação cientifica e moral como virtude do seu trabalho. Os valores do homem são valores do processo social e percebemo-los através da sua conduta na interacção com outros homens. Espera-se do supervisor, como profissional, uma boa formação moral, pois, dela brota o amor ao trabalho e ao próximo. Segundo Kisnerman (1991,p.39) "amor é realizar-me enquanto promovo o outro, é relacionar-me com sua essência humana. É aceitar a pessoa como é, promovê-la para que cresça". Portanto, a supervisão Pedagógica, é uma tarefa técnico-científica. Como técnica, ela é a maneira definida de exercer determinada função integrante de um sistema. Ela é importante na consecução de melhor qualidade na prestação de serviços educacionais, desde as instâncias mais amplas e abrangentes até a actividade básica da hora / aula. A supervisão pesquisa os factos para abarcar todas as dimensões da realidade em que actua. Supervisão e desenvolvimento profissional O conceito de desenvolvimento profissional conforme Ponte, (1992) é relativamente recente nos debates sobre a formação de docentes dos diversos níveis de ensino. A sua importância resulta da constatação que uma sociedade em constante mudança impõe à escola responsabilidades cada vez mais pesadas. Os conhecimentos e competências adquiridos pelos 18
  • 19. 19 professores antes e durante a formação inicial tornam-se manifestamente insuficientes para o exercício das suas funções ao longo de toda a sua carreira. Logo, necessitam de um acompanhamento contínuo e constante, pois as contínuas mudanças científicas e tecnológicas na educação em particular exigem que o profissional docente esteja atento e as acompanhe. Para isso precisa-se de uma “super-visão” que possa estar diante dele para o auxiliar no processo de ensino – aprendizagem. É aqui onde se necessita um profissional em supervisão que com a sua acção constante e contínua monitora os seus colegas de profissão com vista a aprimorarem as ferramentas do ensino existentes e bem actualizadas, por isso devem ser afecto a tempo inteiro. Conforme Macedo (2009) deve entender-se o desenvolvimento profissional dos professores enquadrando o na procura da identidade profissional, na forma como os professores se definem a si mesmos e aos outros. É uma construção do eu profissional, que evolui ao longo das suas carreiras. Que pode ser influenciado pela escola, pelas reformas e contextos políticos, e que integra o compromisso pessoal, a disponibilidade para aprender a ensinar, as crenças, os valores, o conhecimento sobre as matérias que ensinam e como as ensinam, as experiências passadas, assim como a própria vulnerabilidade profissional. As identidades profissionais configuram um complexo emaranhado de histórias, conhecimentos, processos e rituais. Quando se fala da influência da escola no processo de ensino- aprendizagem tem em vista a todos os artistas envolvidos tanto de categorias verticais como horizontais e implicitamente lá está a supervisão pedagógica com a sua teoria e prática. Pensar hoje na formação de professores é pensar num processo de desenvolvimento que se prolonga pelo tempo de carreira do professor (Susana, Dinis, Massa, & Rebelo, 2010). A formação inicial deixou de ser o cerne da formação dos professores, perspectivando-se apenas como um marco num percurso de crescimento e construção identitária. Nesta linha, a OCDE (2005) releva a importância de melhorar a articulação entre as etapas da formação inicial, inserção e desenvolvimento profissional, recomendando um maior apoio nos primeiros anos de carreira e a criação de incentivos para um desenvolvimento profissional, e isso é só possível quando o docente tem um acompanhamento constante e contínuo. A tarefa de acompanhamento constante e contínuo é igualmente da supervisão pedagógica. São hoje princípios orientadores desse processo: i) a valorização dos professores como sujeitos e agentes activos da sua própria formação, a supervisão tem prerrogativas para esse efeito mediante constante diálogo entre todos, como direcção da escola, professores, alunos, a 19
  • 20. 20 comunidade, pais e encarregados da educação; ii) o diálogo entre as experiências, crenças e conhecimentos individuais e os desafios, oportunidades e especificidades contextuais, quem acciona para a sua generalização em condições normais deve ser a supervisão, pois ela acompanha a pratica de todo o processo lectivo na unidade escolar; iv) a orientação para a resolução de problemas e necessidades dos alunos, das escolas, dos professores, com vista à melhoria dos processos pedagógicos e dos resultados da aprendizagem recorrendo as habilidades diagnósticas; v) a instituição de dinâmicas de partilha e interacção nas escolas e a criação de comunidades de aprendizagem capazes de gerar sinergias conducentes ao desenvolvimento individual e colectivo dos seus membros; vi) a assumpção de uma perspectiva analítica, reflexiva e crítica; vii) e o envolvimento em processos de investigação orientados para a reconstrução das teorias e práticas pedagógicas dos professores. Portanto, a supervisão pedagógica numa unidade escolar constitui uma actividade abrangente e multiforme tendente a promover o profissionalismo docente e consequentemente a melhoria da qualidade da educação. Ao falar em desenvolvimento profissional, estou a pensar não só nos candidatos a professores, mas sobretudo, no desenvolvimento profissional dos que já são profissionais e se encontram em ambiente de formação contínua em contexto de trabalho; estou a considerar uma orientação mais colaborativa e menos hierárquica (Alarcão, 2007, p.120) Uma actividade que envolve a todos profissionais na unidade escolar, tanto os que iniciam a função docente como os seniores. Uma supervisão baseada na colaboração entre todos em decisões participadas e mais abrangente a nível da escola como um espaço e tempo de aprendizagem para todos e com todos, alunos, educadores, e professores, auxiliar e funcionários e a própria escola como organização. Portanto, uma supervisão que promova os valores da democracia e desenvolva programas com impacto. Supervisão e melhoria das aprendizagens O processo de ensino e aprendizagem envolve uma complexa interacção entre professores e alunos. Nas sociedades em vias de desenvolvimento como Moçambique, o número de alunos por professor é muito elevado, em todos os níveis e classes. O professor, como o aluno precisam de um acompanhamento e monitoria constante com vista a minimizar os possíveis e contínuos confrontos no processo de construção do saber. Actualmente, a exigência do profissionalismo do professor mudou de “cor” porque todo e qualquer fracasso escolar é imputado ao professor, infelizmente. Por isso realmente exige-se do professor um profissional a altura. Professor que operacionaliza bem as estratégias de ensino, que cultiva 20
  • 21. 21 bem um bom relacionamento entre ele e aluno e com a comunidade que o rodeia, que permite uma gestão democrática do ensino. Um docente profissional e de qualidade transmite confiança e autonomia académica aos seu alunos. Eles (alunos) procuram explorara ao máximo o que tem sido discutido na sala de aula porque têm o sentimento de que vale a pena insistir, pois o professor trouxe o essencial e tem importância para a vida actual e futura. Está claro que educar não é apenas instruir, mas oferecer uma experiência significativa que prepare o cidadão para a vida. Dando assim possibilidade aos professores e alunos vivenciar a cidadania, transferindo estas acções para outras instâncias da sociedade, firmando-se como pessoas que fazem diferença. O processo de ensino-aprendizagem não deve apenas preocupar-se com a formação intelectual do aluno, mas também e principalmente, com a sua formação enquanto ser humano ético, participativo, realizado no campo pessoal, profissional e social. Portanto, a peça motora e angular para esse fenómeno Melhoria das aprendizagens entre todos está a supervisão pedagógica. Conforme Freire cit. In. Gadotti (2009): Vivemos hoje numa sociedade de redes e de movimentos, uma sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagens, chamada de “sociedade aprendente”,” uma sociedade de aprendizagem global”, na qual as consequências para a escola, para o professor e para a educação em geral, são enormes. Torna- se fundamental aprender a pensar autonomamente, saber comunicar-se saber pesquisar saber fazer, ter raciocínio lógico, aprender a trabalhar colaborativamente, fazer sínteses e elaborações teóricas, saber organizar o próprio trabalho, ter disciplina, ser sujeito da construção do conhecimento, estar aberto a novas aprendizagens, conhecer as fontes de informação, saber articular o conhecimento com a prática e com outros saberes. O profissional chamado a trabalhar colaborativamente além de toda a equipa da unidade escolar deve ser o supervisor pedagógico por ser ele o profissional preparado para esse ofício. Essa tarefa exercida nos moldes modernos contribui para o cumprimento dos programas superiormente estabelecidos, no sucesso escolar, no uso racional e eficiente do tempo escolar, na pontualidade e assiduidade dos docentes e alunos, na construção do saber necessário e fundamental de cada disciplina curricular, na ocupação efectiva dos alunos, na boa e oportuna relação entre a comunidade ( pais e encarregados de educação) e a escola, na formação contínua dos professores, na actualização constante de estratégias de ensino conforme as novas tecnologias de educação. Como se pode depreender, a Supervisão pedagógica contribui para o desenvolvimento profissional docente, na melhoria das aprendizagens e no sucesso escolar. Quer dizer, quando trabalhamos com os professores está em vista através deles chegar aos alunos, querendo que a educação seja melhor, que o ensino seja melhor. Tudo passa pelo professor pelos professores, 21
  • 22. 22 mas tem-se em mente que o objectivo final é a qualidade da educação. Ela (supervisão) não faz, nem manda fazer, mas cria condições para que os professores pensem e ajam e façam de forma colaborativa, crítica, questionando com espírito de investigação que é absolutamente necessário nos dias de hoje. Para que isso aconteça na unidade escolar, de entre muitos factores em parte depende em grande medida de dois aspectos fundamentais: a cultura Organizacional e o sistema de liderança instalado a) Quanto a cultura organizacional, dizer que a supervisão pode ou não desempenhar a sua função activa dependendo da cultura organizacional, pois ela tem sido o eixo responsável da melhoria das organizações na criação de ferramentas de coesão, de projecção de novas visões, inovações e metas, e/ou mesmo como pior instrumento ao serviço das tradições e da ordem estabelecida, tornando deste modo barreira às inovações, uma ideologia imposta aos profissionais da instituição. “la cultura, como todo dispositivo informativo/generativo, permite mantener la complejidad singular de una sociedad (…) es decir, garantiza la invarianza de esta complejidad (…) pero al mismo tiempo, es aquello que puede integrar lo nuevo, la invención, y transformarlo en adquisición invariante” (Gadotti,1995, p.25, citado por Yáñez, 2010, p.2). b) No que concerne o sistema de liderança instalado, é preciso uma liderança com visão, por perspectivar o futuro. Uma liderança com visão, que promova os valores da democracia e desenvolva programas supervisivos com impacto. A supervisão tem que ter impacto na melhoria do ensino e da aprendizagem. Quando trabalhamos com professores, queremos através deles, chegar aos alunos. Queremos que a educação seja melhor, para isso passa-se pelos professores, mas tem-se em mente que o objectivo último é a qualidade da educação (Alarcão, 2007). Para o efeito, a existência de uma liderança preparada e com visão para este ofício é de particular importância para a vida de sucesso da escola. Portanto a supervisão pedagógica é um instrumento da justiça social ao serviço da educação, pois, toda a criança que entra na escola deve dispor das mesmas oportunidades de ter êxito escolar, independentemente de seu nascimento sua fortuna. A escola deve então construir uma competição justa a fim de que cada um obtenha o lugar que merece e que se forme assim uma ordem social justa (Dubet, 2007). O órgão disponível na unidade escolar que possa em grande medida intervir com qualidade e colaborativamente nesse processo em parte é a supervisão pedagógica pela inerência das suas funções. 22
  • 23. Objectivo Geral Identificar e Analisar até que ponto as práticas de supervisão pedagógica em vigor estão ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa da cidade de Nampula. Questões da Investigação 1. Até que ponto as práticas da supervisão pedagógica em vigor são coerentes e consistentes e ao serviço do desenvolvimento profissional docente e melhoria das aprendizagens na escola Alfa da cidade de Nampula? 2. Qual é o perfil dos profissionais que realizam a supervisão pedagógica na escola em estudo? 3. Qual é a articulação existente entre as práticas de supervisão na escola e as autoridades da educação da cidade de Nampula? 4. Qual é a representação dos professores, técnico-administrativo-pedagógicos sobre o papel da supervisão pedagógica como um dispositivo de empowerment profissional, desenvolvimento organizacional, melhoria do ensino e aprendizagens dos alunos?
  • 24. 24 Método O método do estudo do presente projecto de investigação será qualitativo, por pretender aceder o ambiente natural como fonte directa de dados além do carácter descritivo que o fenómeno requer, isto por um lado, e por outro, analisar a percepção que os técnico- administrativo-pedagógicos têm sobre a supervisão pedagógica no seu quotidiano profissional sob o enfoque indutivo. Quanto aos procedimentos técnicos, propõe-se o estudo de caso, pois, pretende-se examinar de forma detalhada a manifestação desse fenómeno nesta unidade escolar. Estão planificados ao todo como amostra 51 pessoas, obedecendo o seguinte critério: 30 professores que estejam a trabalhar há mais de 5anos na mesma unidade escolar (por se acreditar que eles têm informações relevantes acerca das práticas sobre a actividade de supervisão pedagógica na unidade escolar), dos quais 10 homens e 10 mulheres, 10 professores que trabalham na mesma escola até 5 anos, também entre homens e mulheres, 4 técnico-administrativo-pedagógicos (1 director da escola; 1 director pedagógico; 1 director da educação da cidade de Nampula e 1 director da ZIP) e 7 funcionários que estejam a trabalhar na escola há mais de 3anos (porque estes trabalham com livros de actas, protocolam os trabalhos, conhecem os arquivos das diversas actividades da escola, inclusive as actividades de supervisão). Para a concretização do estudo usar-se-ão duas técnicas fundamentalmente: entrevistas semi- estruturadas para os 4 técnico-administrativo-pedagógicos, 14 professores e 2 funcionários (auxiliadas por um gravador) que serão e questionários para os professores e funcionários da unidade escolar não abrangidos pelas entrevistas. Análise de dados Os dados resultantes das entrevistas (auxiliados por gravador) e dos serão objecto de análise de conteúdo como produtos textuais construídos no decurso da investigação. 24
  • 25. Cronograma 2011 2012 2013 O N D J F M A M J J A S O N D J F A ELABORAÇÃO DO PROJECTO Pesquisa bibliográfica X X X X X X X X X X X X X X X X X X RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS Recolha de dados X X X
  • 26. 26 Tabulação X X X Analise de dados X X X Redacção X X Relatório final X X X 26
  • 27. Referências Bibliográficas Alarcão, I. (2007). Formação e supervisão de professores: uma nova abrangência. Lisboa: Revista de C. de educação Alarcão, I. (2009). Formação e supervisão de professores: uma nova abrangência. Sisifo. Revista de C. de educação. Disponível em http://sisifo.fpce.ul.pt. [Consultado em 29/12/2011] Andrade, N.V. (1976). Supervisão em educação. Rio de Janeiro: LTC/ MEC. Czarneski, E.R. (2010). Que tipo de supervisor você é? Disponível em http://www.administradores.com.brinforme-se/artigos38502.[Consultado em 29/12/2011] Dubet, F. (2007). Democracia escolar e justiça da escola. Paris:PUF Funchal, M. A. C.C. (2007) Supervisão Pedagógica. Coimbra: Odivelas Gadotti, M. (2009). A Qualidade na Educação. São Paulo: Instituto de Paulo Freire Henriques, F. (2011). Liderar é um ato de humildade. Copyright 2009-2011- Domínio TI Jeffrey, G., (2007). Int. J. Leadership IN education. Vol. 10, pag.115–135) Kapfunde, C.L.( 2000). Introduction to Educational Management:Module PGDE 305 Zimbabwe.. Kisnerman, N. (1991). Ética para o Serviço social. Maputo: Paulinas. Lamy, F.(2011). Em jeito de introdução. O conceito de supervisão. Disponível em:http://www.asa.pt/CE/PDF/339/CE_339_Artigo_2.pdf [consultado em 26/08/2011] Lima, M. B.(2000). O papel do supervisor escolar e sua acção pedagógica nas series iniciais. Disponível em: https://encrypted.google.com. [consultado em 16 de Setembro 2011] Lima, W. (2010). Supervisão escolar Disponível em http://www.webartigos.com [Consultado em 11/10/2010]
  • 28. 28 López Yáñez, J.(2010). Culturas Institucionales que facilitan y dificultan a la mejora de la escuela. Disponivel em: http://www.ugr.es/local/recfpro/rev141/art5 [consultado em 11 de Outubro de 2011] Nérici, I. (1968). Introdução a Didáctica geral. SP: Fundo de Cultura. Ponte, J. P., (1992). Perspectivas de desenvolvimento de profissional de professores de matemáticas. Lisboa: Universidade de Lisboa. Queirós, J. (2006). Auto (supervisão): Um meio do desenvolvimento cont’inuo? Braga: Universidade do Minho Rolla, L.C.S.(2006). Liderança educacional: um desafio para o supervisor escolar. Porto alegre: UCRGS Sergiovanni & Starratt (1979). Supervision: Human Perspectives. São Paulo: EPUp Soares, M.(2008). Supervisão pedagógica: uma leitura dos tempos. Disponível em http://www.cfaematosinho.eu [consultado em 02 de Jan/ 2012] Susana, M. L., Dinis, R., Massa, S. & Rebelo, F.(2010). Aprender ensinando: investigação e desenvolvimento na docência. Açores: Repositório da Universidade dos Açores. Teles, J.F.DE SÁ (1967). Supervisão e Administração Escolar: princípios e Técnicas. São Paulo: Atlas. Torrego Seijo, J.C. (2010). La mejora de la convivencia en un Instituto de educación secundária de la comunidad de Madrid. Disponível em: http://www.ugr.es/local/recfpr/rev141/art13, [consultado em 11 de Outubro de 2011] Vieira, F., Moreira, M. A. (2011). Supervisão e avaliação do desempenho docente. Lisboa: CCAP-1. Disponível em: http://www.ccap.min.pt/pub.htm. [Consultado em 06/04/ 2011] 28
  • 29. 29 Bibliografia Alves, N.(2006). Educação e supervisão: o trabalho colectivo na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, Buriolla, M. A. F. (2008). Supervisão em serviço social: o supervisor, sua relação e seus papéis. 4 ed. São Paulo: Cortez. Edlúcia, P. C. (2007). Supervisão colaborativa.SP: UFGD Grinspun, Míriam Paura S. Zippin (Org.) Supervisão e orientação educacional: perspectivas de integração na escola. 4. ed. ampl. São Paulo: Cortez, 2008. Macedo, C. (2009). Desenvolvimento Profissional docente: passado e futuro. Espanha: Universidade de Sevilha. Marcon, M. A. Lakatos, E. M. (2002).Técnicas de Pesquisa.5ed.S.P:Atlas. Maria, A. C. C. F. (2007) Supervisão Pedagógica. Coimbra: Odivelas Mira, L. S., Rafael D., Sara, M., & Filomena, R. (2010). Aprender ensinando: investigação e desenvolvimento na docência. Açores: Repositório da Universidade dos Açores. Moreira, M. A. (2004). O Papel da Supervisão numa pedagogia para a autonomia. Minho: Universidade do Minho. 29