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TEXTO I
Muitos assuntos foram abordados nas campanhas
políticas e debates nos últimos 20 anos. Se falou em
educação, saúde, transporte, segurança, emprego etc.
Mas no principal problema do Rio ninguém fala: favelas.
Parece que nossas autoridades sempre tiveram medo de
tocar no assunto.
A questão é básica: não haverá solução enquanto a
abordagem do tema estiver errada. É aquela frase que
diz: "para que tanta pressa, se estão todos indo para o
lado errado?". É isso mesmo. Todos que tocaram no
assunto até hoje não conseguiram perceber que a
solução do problema é muito simples: o fim das favelas.
Parece difícil? Não acho, e acho que a sociedade não
deve acreditar quando dizem: "é impossível", ou "não
tem mais jeito". A conta é simples: Quanto custa uma
casa popular? R$25.000,00, R$30.000,00?
Pois bem, vamos pensar quanto custaria construir
100.000 casas por ano: uns R$ 3 bilhões? Agora pensem:
quanto gastamos no Pan 2007? Uns R$ 4 bi? Quantos
gastamos na Cidade do Samba? Uns R$ 500 milhões? E
na Cidade da Música? Mais R$ 500 mihões?
Só por aí, já foram uns R$ 5 bi. Agora, vamos
imaginar que pudesse haver um pacto entre as três
esferas de governo, com cada uma colocando R$ 1
bilhão por ano no projeto. Teríamos R$ 3 bilhões por ano
tranqüilamente. Logo, removeríamos uma
Rocinha/Vidigal por ano. Em oito anos, o Rio estaria
limpo.
E tem mais: nas áreas nobres, o custo seria
praticamente zero, pois a prefeitura poderia leiloar as
áreas, que seriam de grande interesse da iniciativa
privada para construção de hotéis, condomínios etc. A
arrecadação de IPTU aumentaria consideravelmente,
trazendo mais recursos para o município.
Soluções dadas, agora vamos falar de outro ponto:
segurança. A remoção das pessoas para áreas
urbanizadas não resolve o problema por si só. Há
exemplos de locais no RJ que não têm características de
favelas, mas que são dominadas por traficantes ou
milicianos. O problema atual não está mais apenas no
fato de determinadas áreas estarem em locais de difícil
acesso como morros. Hoje, qualquer local em que haja
abandono por parte das autoridades pode se tornar
reduto de grupos armados. Logo, a pura e simples
remoção das moradias irregulares não resolve o
problema, mas apenas transfere o problema para outros
locais.
Com relação àqueles que se dizem contra o fim das
favelas, ou seja, os que são a favor da manutenção das
mesmas, tenho um recado: não acreditem neles! São
contra porque ganham algo com isso. Seja com uma
ONG, seja com um reduto político, seja com a exploração
dos serviços. Lembrem da indústria da seca no Nordeste.
Aqui no Rio o caso é semelhante. É a indústria da
carência. Falta polícia, entra a milícia. Falta saúde, entra
o político com "centro social". Falta o Estado, entra o
candidato. Sem falar na tremenda hipocrisia utilizada
quando dizem: "comunidade carente".
O que é uma comunidade carente? Se for um lugar
onde não se paga água, não se paga luz, não se paga
IPTU e se tem TV a cabo por R$ 30, talvez quem não
conheça não entenda o adjetivo "carente". Mas eu
entendo: a carência é de cidadania. A carência é de
ordem. A carência é de educação (nos dois sentidos). A
carência é de organização. A carência é de paz. A
carência é de tranqüilidade para criar os filhos.
Os moradores das favelas terão que entender que
vida não é isso. Vida normal numa cidade é morar numa
rua, não numa viela, beco ou escadaria. Vida normal é
sair de casa e andar no máximo 100 metros para tomar
um transporte, e não descer o morro de Kombi ou numa
garupa de moto para chegar no "asfalto". Vida normal é
poder receber uma entrega em casa normalmente, e
não ter que ouvir de alguma atendente a expressão
"área de risco". Vida normal é poder saber que às 22h
não haverá mais barulho que o incomode, e não ter que
ouvir o som do baile funk até as 5 da manhã. Vida
normal é sair de casa e cumprimentar o vizinho, e não,
ter de dar de cara com um bandido vendendo droga.
Chegará um momento em que as pessoas terão de
escolher: ou a bagunça ou a ordem.
PS: Ao contrário do que alguns podem estar
pensando, não nasci no "asfalto". Morei numa favela
durante 15 anos, e sei do que estou falando.
(O Globo, 11/09/2008. Artigo do leitor Alexandre Fernandes Muniz
Martins)
TEXTO II
Adriano está doente. É o que dizem. Não consegue
ser feliz fora da favela, o lugar onde nasceu mas que já
não deveria ser mais de seu gosto depois de tanto
dinheiro e fama que conseguiu. É o que pensam. Pois
mais doente que o craque está quem imagina que
Adriano não pode ser feliz na favela. E, especialmente no
Rio de Janeiro, esta doença é praticamente epidêmica. É
a aversão a qualquer coisa que se relacione com as
favelas, uma espécie de favelafobia.
Durante uma semana, viveu-se na cidade uma
comoção pelo sumiço do atleta. Ao se descobrir que ele
esteve por três dias na Vila Cruzeiro, a sociedade de um
modo geral foi tentar explicar seu "problema". E nas
manchetes da maior parte da imprensa, verbalização do
pensamento corrente, o que se viu foi um espetáculo de
preconceito de quem acha que tudo relacionado à favela
é ruim. O destaque era sempre para os fatos que
levavam o leitor a imaginar que o atleta só estava
envolvido com o que há de pior lá. Ainda que estas não
fossem as informações passadas pelas fontes primárias
de informações.
Um delegado deu entrevista dizendo que Adriano
esteve na favela e se encontrou com traficantes, mas
que o jogador não era usuário de drogas ilícitas e não
tem relação com eles. O destaque foi para o encontro
com os criminosos do local que nasceu. Pois bem, se
você, caro leitor, vai a um condomínio de luxo, senta na
piscina ao lado de um conhecido da infância que virou
bicheiro, político corrupto ou banqueiro fraudador e bate
um papo com ele sobre o tempo, as crianças e o
passado, isso o tornará criminoso? Pois se fosse na
favela e o encontro com o criminoso de lá, você viraria
traficante.
A ex-atual-futuro caso do jogador diz que já foi várias
vezes à favela onde Adriano estava, que dormiu com ele
lá e que a Vila Cruzeiro é o lugar em que se sente o
verdadeiro Imperador. E diz também que já o tirou da
favela várias vezes. E o que ganha destaque é que ela já
tirou Adriano da favela várias vezes, como se a garota
estivesse fazendo um grande bem para o jogador mas
que o pobre coitado não tem jeito: volta sempre para...
aquele lugar. Estamos mal, caro leitor. Neste diapasão, a
partir de agora a pelada, o carteado ou aquele chopinho
do fim do dia - de onde não queremos sair e, vez por
outra, somos tirados a fórceps por nossas parceiras -
serão os grandes males do mundo para onde não
poderemos voltar (sem preconceitos, a loja de roupa e o
salão para as meninas têm a mesma função metafórica).
1 www.colegiocursointellectus.com.br
OficinadeRedação09-2011Papeldemadeiradereflorestamento
Aprovação em tudo que você faz.
O fato é que depois de todos os boatos, Adriano foi a
público e contou sua história. Estava deprimido, triste
com suas escolhas, sentia-se pressionado pela profissão
que escolheu. Decidiu se isolar em um lugar para chutar
o balde. Este lugar é onde ele encontra paz de espírito,
se sente bem. O lugar onde é conhecido pelo apelido,
onde não é necessário usar as máscaras que precisamos
para encarar os desafios da vida profissional.
Este lugar é a Vila Cruzeiro. Adriano queria soltar
pipa, conversar com amigos, andar de chinelo e
bermuda, culturas típicas e saudáveis da favela. Sim,
favela tem cultura (entendida aqui como modos de
fazer, agir e pensar) boa e cultura ruim, gente boa e
gente ruim, como em qualquer área da cidade. Porque
favela é um lugar da cidade, como é o condomínio
fechado, a rua com cancela, o prédio de 20 andares, o
bairro. Sem aceitar isso, nunca esquecendo que elas
podem se integrar de forma muito melhor que hoje à
cidade, vai restar apenas o delírio onírico de que num dia
todas elas vão desaparecer do mapa.
Profissional da bola desde os 11 anos, quando a
maioria de nós ainda não deixou os carrinhos e a bola de
borracha, Adriano, aos 27, estava querendo recuperar o
tempo que trocou por treinos, concentrações e viagens.
Pois bem. Quando um grande empresário, executivo ou
artista resolve largar tudo - pelos mesmos problemas do
atleta - e vai para a fazenda do avô ou para uma praia
deserta, o máximo que consegue-se expressar sobre
este fato é que o personagem é excêntrico. Mas Adriano,
o da favela que volta à favela, é doente.
Se Adriano quiser voltar a ser profissional de futebol,
terá realmente que fazer um tratamento. Ele terá que
aprender a ser feliz na Vila Cruzeiro e fora dela também.
Mas, certamente, não estará em seu receituário
abandonar a favela para ficar curado. Se a escolha dele
for por ser peladeiro e abrir uma birosca na favela, que
seja feliz. O lugar onde cada um encontra a paz de
espírito não deve ser motivo de crítica de ninguém. E
para a clínica que muitos recomendaram a Adriano deve
seguir cada um que não admite que alguém possa ser
feliz na favela.
1) No oitavo parágrafo do texto I, qual é o objetivo do
autor, ao repetir a palavra “carência” tantas vezes?
2) Qual é a tese do autor do texto II?
Os textos acima demonstram opiniões diferentes
acerca de um assunto que é discussão há muitos anos e
que, ao que tudo indica, parece longe de terminar. A
partir da leitura e das suas próprias reflexões sobre o
assunto, redija um texto dissertativo-argumentativo
onde você se posicione quanto à seguinte questão:
Favelas no Brasil: problema ou solução?
2Aprovação em tudo que você faz. www.colegiocursointellectus.com.br
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  • 1. TEXTO I Muitos assuntos foram abordados nas campanhas políticas e debates nos últimos 20 anos. Se falou em educação, saúde, transporte, segurança, emprego etc. Mas no principal problema do Rio ninguém fala: favelas. Parece que nossas autoridades sempre tiveram medo de tocar no assunto. A questão é básica: não haverá solução enquanto a abordagem do tema estiver errada. É aquela frase que diz: "para que tanta pressa, se estão todos indo para o lado errado?". É isso mesmo. Todos que tocaram no assunto até hoje não conseguiram perceber que a solução do problema é muito simples: o fim das favelas. Parece difícil? Não acho, e acho que a sociedade não deve acreditar quando dizem: "é impossível", ou "não tem mais jeito". A conta é simples: Quanto custa uma casa popular? R$25.000,00, R$30.000,00? Pois bem, vamos pensar quanto custaria construir 100.000 casas por ano: uns R$ 3 bilhões? Agora pensem: quanto gastamos no Pan 2007? Uns R$ 4 bi? Quantos gastamos na Cidade do Samba? Uns R$ 500 milhões? E na Cidade da Música? Mais R$ 500 mihões? Só por aí, já foram uns R$ 5 bi. Agora, vamos imaginar que pudesse haver um pacto entre as três esferas de governo, com cada uma colocando R$ 1 bilhão por ano no projeto. Teríamos R$ 3 bilhões por ano tranqüilamente. Logo, removeríamos uma Rocinha/Vidigal por ano. Em oito anos, o Rio estaria limpo. E tem mais: nas áreas nobres, o custo seria praticamente zero, pois a prefeitura poderia leiloar as áreas, que seriam de grande interesse da iniciativa privada para construção de hotéis, condomínios etc. A arrecadação de IPTU aumentaria consideravelmente, trazendo mais recursos para o município. Soluções dadas, agora vamos falar de outro ponto: segurança. A remoção das pessoas para áreas urbanizadas não resolve o problema por si só. Há exemplos de locais no RJ que não têm características de favelas, mas que são dominadas por traficantes ou milicianos. O problema atual não está mais apenas no fato de determinadas áreas estarem em locais de difícil acesso como morros. Hoje, qualquer local em que haja abandono por parte das autoridades pode se tornar reduto de grupos armados. Logo, a pura e simples remoção das moradias irregulares não resolve o problema, mas apenas transfere o problema para outros locais. Com relação àqueles que se dizem contra o fim das favelas, ou seja, os que são a favor da manutenção das mesmas, tenho um recado: não acreditem neles! São contra porque ganham algo com isso. Seja com uma ONG, seja com um reduto político, seja com a exploração dos serviços. Lembrem da indústria da seca no Nordeste. Aqui no Rio o caso é semelhante. É a indústria da carência. Falta polícia, entra a milícia. Falta saúde, entra o político com "centro social". Falta o Estado, entra o candidato. Sem falar na tremenda hipocrisia utilizada quando dizem: "comunidade carente". O que é uma comunidade carente? Se for um lugar onde não se paga água, não se paga luz, não se paga IPTU e se tem TV a cabo por R$ 30, talvez quem não conheça não entenda o adjetivo "carente". Mas eu entendo: a carência é de cidadania. A carência é de ordem. A carência é de educação (nos dois sentidos). A carência é de organização. A carência é de paz. A carência é de tranqüilidade para criar os filhos. Os moradores das favelas terão que entender que vida não é isso. Vida normal numa cidade é morar numa rua, não numa viela, beco ou escadaria. Vida normal é sair de casa e andar no máximo 100 metros para tomar um transporte, e não descer o morro de Kombi ou numa garupa de moto para chegar no "asfalto". Vida normal é poder receber uma entrega em casa normalmente, e não ter que ouvir de alguma atendente a expressão "área de risco". Vida normal é poder saber que às 22h não haverá mais barulho que o incomode, e não ter que ouvir o som do baile funk até as 5 da manhã. Vida normal é sair de casa e cumprimentar o vizinho, e não, ter de dar de cara com um bandido vendendo droga. Chegará um momento em que as pessoas terão de escolher: ou a bagunça ou a ordem. PS: Ao contrário do que alguns podem estar pensando, não nasci no "asfalto". Morei numa favela durante 15 anos, e sei do que estou falando. (O Globo, 11/09/2008. Artigo do leitor Alexandre Fernandes Muniz Martins) TEXTO II Adriano está doente. É o que dizem. Não consegue ser feliz fora da favela, o lugar onde nasceu mas que já não deveria ser mais de seu gosto depois de tanto dinheiro e fama que conseguiu. É o que pensam. Pois mais doente que o craque está quem imagina que Adriano não pode ser feliz na favela. E, especialmente no Rio de Janeiro, esta doença é praticamente epidêmica. É a aversão a qualquer coisa que se relacione com as favelas, uma espécie de favelafobia. Durante uma semana, viveu-se na cidade uma comoção pelo sumiço do atleta. Ao se descobrir que ele esteve por três dias na Vila Cruzeiro, a sociedade de um modo geral foi tentar explicar seu "problema". E nas manchetes da maior parte da imprensa, verbalização do pensamento corrente, o que se viu foi um espetáculo de preconceito de quem acha que tudo relacionado à favela é ruim. O destaque era sempre para os fatos que levavam o leitor a imaginar que o atleta só estava envolvido com o que há de pior lá. Ainda que estas não fossem as informações passadas pelas fontes primárias de informações. Um delegado deu entrevista dizendo que Adriano esteve na favela e se encontrou com traficantes, mas que o jogador não era usuário de drogas ilícitas e não tem relação com eles. O destaque foi para o encontro com os criminosos do local que nasceu. Pois bem, se você, caro leitor, vai a um condomínio de luxo, senta na piscina ao lado de um conhecido da infância que virou bicheiro, político corrupto ou banqueiro fraudador e bate um papo com ele sobre o tempo, as crianças e o passado, isso o tornará criminoso? Pois se fosse na favela e o encontro com o criminoso de lá, você viraria traficante. A ex-atual-futuro caso do jogador diz que já foi várias vezes à favela onde Adriano estava, que dormiu com ele lá e que a Vila Cruzeiro é o lugar em que se sente o verdadeiro Imperador. E diz também que já o tirou da favela várias vezes. E o que ganha destaque é que ela já tirou Adriano da favela várias vezes, como se a garota estivesse fazendo um grande bem para o jogador mas que o pobre coitado não tem jeito: volta sempre para... aquele lugar. Estamos mal, caro leitor. Neste diapasão, a partir de agora a pelada, o carteado ou aquele chopinho do fim do dia - de onde não queremos sair e, vez por outra, somos tirados a fórceps por nossas parceiras - serão os grandes males do mundo para onde não poderemos voltar (sem preconceitos, a loja de roupa e o salão para as meninas têm a mesma função metafórica). 1 www.colegiocursointellectus.com.br OficinadeRedação09-2011Papeldemadeiradereflorestamento Aprovação em tudo que você faz.
  • 2. O fato é que depois de todos os boatos, Adriano foi a público e contou sua história. Estava deprimido, triste com suas escolhas, sentia-se pressionado pela profissão que escolheu. Decidiu se isolar em um lugar para chutar o balde. Este lugar é onde ele encontra paz de espírito, se sente bem. O lugar onde é conhecido pelo apelido, onde não é necessário usar as máscaras que precisamos para encarar os desafios da vida profissional. Este lugar é a Vila Cruzeiro. Adriano queria soltar pipa, conversar com amigos, andar de chinelo e bermuda, culturas típicas e saudáveis da favela. Sim, favela tem cultura (entendida aqui como modos de fazer, agir e pensar) boa e cultura ruim, gente boa e gente ruim, como em qualquer área da cidade. Porque favela é um lugar da cidade, como é o condomínio fechado, a rua com cancela, o prédio de 20 andares, o bairro. Sem aceitar isso, nunca esquecendo que elas podem se integrar de forma muito melhor que hoje à cidade, vai restar apenas o delírio onírico de que num dia todas elas vão desaparecer do mapa. Profissional da bola desde os 11 anos, quando a maioria de nós ainda não deixou os carrinhos e a bola de borracha, Adriano, aos 27, estava querendo recuperar o tempo que trocou por treinos, concentrações e viagens. Pois bem. Quando um grande empresário, executivo ou artista resolve largar tudo - pelos mesmos problemas do atleta - e vai para a fazenda do avô ou para uma praia deserta, o máximo que consegue-se expressar sobre este fato é que o personagem é excêntrico. Mas Adriano, o da favela que volta à favela, é doente. Se Adriano quiser voltar a ser profissional de futebol, terá realmente que fazer um tratamento. Ele terá que aprender a ser feliz na Vila Cruzeiro e fora dela também. Mas, certamente, não estará em seu receituário abandonar a favela para ficar curado. Se a escolha dele for por ser peladeiro e abrir uma birosca na favela, que seja feliz. O lugar onde cada um encontra a paz de espírito não deve ser motivo de crítica de ninguém. E para a clínica que muitos recomendaram a Adriano deve seguir cada um que não admite que alguém possa ser feliz na favela. 1) No oitavo parágrafo do texto I, qual é o objetivo do autor, ao repetir a palavra “carência” tantas vezes? 2) Qual é a tese do autor do texto II? Os textos acima demonstram opiniões diferentes acerca de um assunto que é discussão há muitos anos e que, ao que tudo indica, parece longe de terminar. A partir da leitura e das suas próprias reflexões sobre o assunto, redija um texto dissertativo-argumentativo onde você se posicione quanto à seguinte questão: Favelas no Brasil: problema ou solução? 2Aprovação em tudo que você faz. www.colegiocursointellectus.com.br OficinadeRedação09-2011Papeldemadeiradereflorestamento