O documento discute tumores malignos de cólon e reto, incluindo sua epidemiologia, etiologia, fatores de risco, diagnóstico, tratamento e prognóstico. É o terceiro tipo de câncer mais comum e a segunda causa de morte por câncer. Fatores dietéticos, genéticos e doenças inflamatórias contribuem para o risco, enquanto a colonoscopia é a principal ferramenta de diagnóstico. A cirurgia é o principal tratamento, podendo ser combinada com quimio e radioterap
Palestra sobre Cânce do cólo do Útero e Câncer de Mama
Tumores malignos de cólon e reto
1. Tumores malignos
de cólon e reto
POR FERNANDA BERTHIER, JACQUELINE MENEZES, KAYO
BAPTISTA E TASSIA SAITO, ACADÊMICOS DA QUADRAGÉSIMA
SEGUNDA TURMA DA FACULDADE DE MEDICINA DA
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES. DISCIPLINA DE
COLOPROCTOLOGIA. JUNHO DE 2013.
Tumores Malignos de Cólon e Reto – Junho de 2013.
2. Importância do Tema
▪ A região colorretal é o sítio mais frequente de neoplasias primárias do que qualquer outro
local do corpo humano;
▪ Grande associação genética e familiar;
▪ Alta incidência de tumores benignos que malignizam;
▪ Importância de diagnóstico precoce.
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4. Epidemiologia
▪ Terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e segundo para o sexo feminino;
▪ 2012: 14.180 casos novos de câncer do cólon e reto em homens e 15.960 em
mulheres, totalizando 30.140 casos;
▪ Risco estimado de 15 casos novos a cada 100 mil homens e 16 a cada 100 mil mulheres;
▪ Segunda causa de morte por neoplasia maligna, perdendo para o câncer de mama nas
mulheres e de pulmão, nos homens.
▪ Taxas específicas de mortalidade por este câncer apresentam tendência de crescimento em
ambos os sexos no estado de São Paulo (Fundação Oncocentro de São Paulo - Fosp).
(INCA, 2012).
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5. Etiologia
▪ FATORES DIETÉTICOS: CCR representa uma doença típica dos países ocidentais e
industrializados, onde o consumo de carnes, gorduras e carboidratos é alto
▪ FATORES GENÉTICOS: Oncogenes (K-ras), genes supressores tumorais (APC, DCC e p53) e
genes reparadores do DNA ou MMR (genes denominados MSH2, MLH1, PMS1, PMS2 e MSH6).
▪ DOENÇAS FAMILIARES: Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) – representa 1% das
modalidades de CCR hereditário. O acúmulo de mutações genéticas é responsável pela
progressão do epitélio colônico normal para adenoma displásico e deste para carcinoma invasivo
(100% dos pacientes portadores de PAF evoluem para câncer); Síndrome de Lynch (HNPCC) –
câncer colorretal é precedido por poucos ou nenhum pólipo e ocorre em idade mais jovem;
Polipose Juvenil (JUP) – representa cerca de 0,01% dos casos de CCR; e Síndrome de Peutz-
Jegher – risco de câncer é de 10 a 18x maior que a população geral (todas de caráter
autossômico dominante).
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6. Fatores de Risco
▪ Idade
▪ Histórico familiar positivo para CCR
▪ Tabagismo
▪ Álcool
▪ Sedentarismo
▪ Fatores ocupacionais
▪ RXT
▪ Doença inflamatória intestinal
▪ Pólipos adenomatosos
▪ Câncer de novo
7. Quantificação de Risco Quem são? Seguimento - Colonoscopia
BAIXO RISCO População geral com mais de 50
anos de idade
Realizar colonoscopia a cada 10
anos. Seguimento de 5 em 5
anos.
MODERADO RISCO Pacientes com história familiar de
CCR, câncer de mama, ovário e
endométrio em parentes de
primeiro grau com mais de 60
anos; Pacientes que tiveram
pólipo adenomatoso
Realizar colonoscopia a cada 3
anos
ALTO RISCO Pacientes que já tiveram CCR com
menos de 60 anos; Pacientes com
história de doença inflamatória
intestinal; Pacientes com HNPCC,
PAF; Colite actínica por RXT prévia
Realizar colonoscopia a cada 1
ano
(Fonte: Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina)
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8. Principais linhagens histológicas
▪ Adenocarcinoma é o mais frequente
▪ Outros (raros): sarcomas, linfomas, tumor GIST, carcinoma epidermóide.
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9. Quadro Clínico
▪ O diagnóstico precoce do câncer de cólon é muito complicado por conta do desenvolvimento
silencioso da lesão;
▪ Anemia é um sinal relevante, sendo, não raramente, uma maneira de diagnosticar tardiamente
o câncer de ceco e cólon ascendente, acompanhada de fraqueza e fadiga.
▪ Acometimento do cólon direito: plenitude epigástrica, empachamento, distensão
abdominal, eructação e desconforto referidos nos quadrantes direitos (inferior e superior) do
abdômen.
Acometimento do cólon esquerdo: dor abdominal, sangramento retal, perda ponderal de
peso, tenesmo e alteração do hábito intestinal.
Acometimento de reto: sangramento é frequente, misturado ou não com fezes, muco ou pus.
Tenesmo, acompanhado ou não de diarreia, e sensação de evacuação incompleta são
frequentes.
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10. Exame Físico
Alterações mais comuns:
▪ Emagrecimento
▪ Anemia
▪ Alteração ao toque retal: massas endurecidas, alterações de parede e sangramento.
▪ Massa palpável em abdome
▪ Diarreia e/ou constipação
▪ Hepatomegalia
▪ Sinais de inflamação peritoneal à manobra de descompressão
▪ Timpanismo à percussão
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11. Diagnóstico
▪ Anamnese completa.
▪ Exame físico completo incluindo toque retal e vaginal.
▪ Enema opaco: estreitamento do cólon com sinal da maçã mordida.
▪ Pesquisa de sangue oculto em fezes para detecção precoce do câncer.
▪ Colonoscopia é o padrão-ouro - especificidade e sensibilidade de 95%.
▪ Sigmoidoscopia flexível. Demora menos que a colonoscopia, não exige sedação e a preparação
intestinal é mais rápida. Porém, ela tem alcance de apenas 60cm da margem anal, tornando
impossível a visualização do cólon direito.
▪ Dosagem sérica de CEA: eleva-se principalmente em estágios mais avançados.
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15. Estadiamento pré-operatório
▪ USG abdome
▪ TC abdome
▪ RX tórax
▪ Dosagem de CEA para avaliação de metástase à distância e para seguimento
▪ Enzimas hepáticas
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16. Metástases
▪ Principais vias de disseminação: extensão direta local, disseminação linfática, hematogênica
ou peritoneal.
▪ Principais órgãos acometidos: pulmões e fígado principalmente, podendo chegar a SNC, ovário
e ossos.
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17. Tratamento
▪ Primeira escolha é cirúrgica: via aberta com ressecção de linfonodos regionais.
▪ Retossigmoidectomia abdominal, Retossigmoidectomia abdominoperineal, Colectomia
direita, Sigmoidectomia, Colectomia esquerda, Colectomia de transverso, Colectomia
total, Protocolectomia total, excisão local.
▪ Mesmo após a cirurgia há grandes chances de recidiva local do câncer, o que justifica a
realização de tratamento multidisciplinar para os pacientes em estágios avançados.
▪ Quimioterapia deve ser iniciada de 4 a 6 semanas pós-cirurgia, havendo perda de 14% de
sobrevida a cada 4 semanas de atraso ou em casos paliativos. No pré-cirúrgico ela é utilizada
apenas em câncer de reto estágios II e III.
▪ Radioterapia não é utilizada usualmente, apenas em câncer de reto em estágio I ou adjuvância
com quimioterapia em casos muito específicos.
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18. Tumores Malignos de Cólon e Reto – Junho de 2013.
(A) Colectomia direita, (B) Colectomia direita ampliada, (C) Transversectomia, (D) Colectomia esquerda, (E)
Sigmoidectomia, (F) Retossigmoidectomia, (G) Anastomose coloanal (direita, com reservatório em J) e (H) Amputação
de reto.
20. Fatores prognósticos
Além do estadiamento TNM, outros fatores devem ser levados em consideração:
▪ Obstrução/perfuração representam doença avançada e pior prognóstico;
▪ Extensão do tumor na parede do órgão;
▪ Linfonodos contaminados;
▪ Grau de diferenciação do tumor;
▪ Embolização sanguínea;
▪ Invasão neural.
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21. Prognóstico
A sobrevida média global em 5 anos se encontra em torno de 55% nos países desenvolvidos e
40% para países em desenvolvimento
O prognóstico depende do estágio ao diagnóstico.
Tumores Malignos de Cólon e Reto – Junho de 2013.
Estágio ao diagnóstico Distribuição (%)
Sobrevivência relativa
em 5 anos (%)
Localizada (confinada à sítio primário) 40 90.3
Regional (difusa em linfonodos
regionais)
36 70.4
Distant (câncer metastático) 20 12.5
Desconhecido (não estadiado) 5 33.6
22. Seguimento pós-terapia
▪ Consultas médicas: 3-6 meses nos primeiros 3 anos e a cada 6 meses até o quinto ano.
▪ TC tórax e abdômen anualmente nos 3 primeiros anos.
▪ Dosagem de CEA a cada 3 meses nos 3 primeiros anos para câncer em estágio II e III.
▪ Colonoscopia um ano após a cirurgia. Se normal, a cada 5 anos. Se anormal, repetir o exame
um ano depois, mantendo conduta expectante.
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23. Referências
Ministério da Saúde - MS. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Incidência de Câncer no Brasil Estimativas 2008 [acesso
em junho de 2013]. Disponível em: http://www.inca.gov.br.
Ministério da Saúde - MS. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Incidência de Câncer no Brasil Estimativas 2012 [acesso
em junho de 2013]. Disponível em: http://www.inca.gov.br.
Ministério da Saúde - MS. Secretaria de Atenção à Saúde. Aprova as diretrizes diagnósticas e terapêuticas do câncer de
cólon e reto. Portaria n-1601, 2012.
MOREIRA L., BALAGUER F., LINDOR N., et al. Identification of Lynch Syndrome Among Patients With Colorectal
Cancer. JAMA.2012;308(15):1555-1565. doi:10.1001/jama.2012.13088.
PRADO, F.C., RAMOS, J.A., VALLE, J.R., editores. Atualização Terapêutica. São Paulo: Artes Médicas; 2003
COTTI G.C.C., SANTOS F.P.S., SEBASTIANES F.M., HABR-GAMA A., SEID V.E., MARTINO R.B. Genética do câncer colorretal.
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CRUZ, G.M.G.; FERREIRA, R.M.R.S.; NEVES, P.M. Câncer Retal: Estudo Demográfico, Diagnóstico e Estadiamento de 380
Pacientes Acompanhados ao Longo de Quatro Décadas. Rev bras Coloproct, 2004;24(3):208-224.
EUNYOUNG C., SMITH-WARNER S.A., RITZ J., VAN DEN BRANDT P.A., COLDITZ G.A., et al. Alcohol Intake and Colorectal
Cancer: A Pooled Analysis of 8 Cohort Studies. Annals of Internal Medicine. 2004 Apr;140(8):603-613.
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