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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ
IGOR RODRIGUES ROCHA

JORNALISMO COLABORATIVO NA INTERNET:
Como informar sem perder a atração pela notícia?

Belo Horizonte
2011
9
IGOR RODRIGUES ROCHA

JORNALISMO COLABORATIVO NA INTERNET: COMO INFORMAR
SEM PERDER A ATRAÇÃO PELA NOTÍCIA.

Monografia apresentada à Faculdade Estácio de
Sá de Belo Horizonte como requisito parcial para
obtenção do título de bacharel em comunicação
social, com habilitação em jornalismo.

Orientador: Prof. Ms. Gilvan Araújo

10
BELO HORIZONTE
2011

Dedico este trabalho aos meus filhos, Pedro e Carlos.
Que um dia possa servir de exemplo a eles; à minha
amiga e ex-coordenadora, Rosânia Carvalho (In
Memorian); e à minha família Zeca, Reji e Bel (Hoje é
minha vez), que sempre estão comigo em todos os
caminhos.

11
Agradeço a Deus por permitir mais esta vitória em
minha vida. À Rejane, comadre, Anésia, madrinha e
Johannes e Beto, afilhados. Aos meus amigos sinceros
que sempre estiveram, e estão, comigo. Às “minhas
meninas” Kelly Brígida, Maria Miranda (Kinha) e
Michely Oliveira. Agradeço também ao meu orientador
mestre, Gilvan Araújo. Muito Obrigado a todos.

12
RESUMO

Este projeto de Trabalho de Conclusão de Curso tem como tema o Jornalismo Cidadão suas
implicações e aplicações no dia-a-dia da sociedade. Para isso, em primeiro momento, no
capítulo 2 se fará a construção das bases teóricas para fundamentar o estudo de caso do site
BrasilWiki! (www.brasilwiki.com.br), que será feito no capítulo 3. A escolha do site
BrasilWiki! se deu devido à influência do Jornal do Brasil no cenário jornalístico brasileiro.
Para análise das notícias foram observados critérios como ferramentas utilizadas, construção
textual, diagramação do site, assuntos abordados e valores-notícia, tais como, ineditismo,
relevância e imediatismo, e qualidade ortográfica e qualificação profissional do colaborador.

Palavras-chave: Jornalismo colaborativo; Jornalismo on line; práticas jornalísticas, hipertexto.

13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Página de matérias bloqueadas do site BrasilWiki

31

Figura 02 – Página inicial do BrasilWiki! – 12 de novembro de 2011

32

Figura 03 – Colaboração em destaque no dia 12 de novembro de 2011

35

Figura 04 – Colaboração em destaque no dia 13 de novembro de 2011

36

Figura 05 – Colaboração em destaque no dia 14 de novembro de 2011

38

Figura 06 - Colaboração em destaque dia 15 de novembro de 2011

39

Figura 07 – Colaboração em destaque dia 15 de novembro de 2011

41

Figura 08 - Matéria em destaque dia 17 de novembro de 2011

42

Figura 09 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com

43

Figura 10 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com

44

Figura 11 – Página inicial do site www.jornalalef.com.br

45

Figura 12 – Matéria em destaque dia 18/11/2011

46

14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

09

REFERENCIAL TEÓRICO

12

2.1. Um Pouco de História

12

2.2. Cenário Contemporâneo

16

2.2.1. Tecnologias da Informação em Comunicação

16

2.2.2. O Que é Notícia?

18

2.3. As Redes Sociais

22

2.3.1 Facebook

23

2.3.2. Twitter

23

2.4. Contrapontos do Colaborativo

25

3. ESTUDO DE CASO BRASILWIKI

30

3.1. Colaborando

31

3.2. Analisando as Matérias Postadas por Colaboradores

33

3.2.1. 12 de Novembro de 2011

35

3.2.2. 13 de Novembro de 2011

34

3.2.3. 14 de Novembro de 2011

36

3.2.4. 15 de Novembro de 2011

38

3.2.5. 16 de Novembro de 2011

39

3.2.6. 17 de Novembro de 2011

41

3.2.7. 18 de Novembro de 2011

44

CONCLUSÃO

47

GLOSSÁRIO

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

51

ANEXOS

54

15
1. INTRODUÇÃO
O mundo passou por uma transformação significativa nos últimos 20 anos e pelo visto
não vai parar pelos próximos. Em consequência disto, as profissões estão mudando e com o
jornalismo não é diferente. Imagine, hoje, como seria a sua vida sem a internet. Agora
imagine a vida de um jornalista sem a internet. As ferramentas digitais fizeram o homem
“transformar” a comunicação mundial. O que antes era um modelo linear – emissor,
mensagem, receptor – hoje se transformou em interatividade. Essa interatividade faz com que
o espectador, ouvinte ou internauta não seja apenas contemplador da notícia e sim parte
integrante dela, além de, em muitos casos, ser o produtor da mesma.
A revolução nas ferramentas de publicação na internet fez os usuários/consumidores
de informação a repensarem o modo de produzi-las e divulgá-las. Com o crescente aumento
de Blogs e páginas do gênero (Flogs e Vlogs), o internauta passa a ser não somente
consumidor, mas produtor de notícias, entretenimento e afins. Imagine uma pessoa que
produza 200 milhões de Tuítes por dia. Ou então que postasse 48 horas de vídeos no YouTube
por minuto. E criasse um blog a cada segundo. Impossível? Sim para um único ser humano1.
Mas a colaboração faz com que isso se torne possível e cada indivíduo com uma câmera
digital, um celular pode produzir um vídeo ou tirar uma foto de algo que julgar interessante e
fazer com que esse momento se torne uma notícia. A internet potencializou ainda mais a
participação do público no processo de produção da notícia. Uma maior interação ocorre pelas
características do meio, que tem maior acesso e mais fácil manuseio que os outros veículos.
Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados
factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de
coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Ao profissional desta área
dá-se o nome de jornalista. É também a profissão de pessoas que reúnem, avaliam, difundem
ou comentam as notícias. O jornalista seria o profissional envolvido na formulação de
conteúdos analíticos para a comunicação de massa, seja na apuração, na apreciação, no
processamento ou na divulgação de informações. (KUNCZIK; VARELA, 1997)

1

Dados disponíveis em http://info.abril.com.br/noticias/internet/youtube-recebe-48h-de-videos-a-cadaminuto-26052011-0.shl - acessado em 18/09/2011 às 19:44

16
O jornalismo se apresentou, e se apresenta até hoje, como um auxiliar da sociedade.
Denunciando, apurando e divulgando informações de grande relevância para o povo, não só o
brasileiro. A partir de um dado momento, o jornalismo passou a ser feito também pelos
cidadãos, estes auxiliando o profissional nesta batalha do dia-a-dia.
Através de uma análise de sites noticiosos esta pesquisa vai verificar a eficácia do
jornalismo colaborativo e suas vertentes. Além disso, verificar se as mídias tradicionais, rádio,
TV e impresso, utilizam dessa ferramenta nos trabalhos diários.
No primeiro capítulo traçou-se um histórico da criação da internet, como foi seu
surgimento e desenvolvimento. Citou sobre relacionamento em redes lembrado por
Thompson (1999), a criação e disseminação no ciberespaço como referenciado em Lévy
(1999), Lemos (2000) e Figueiredo (2009). A inserção dos meios de comunicação na internet
veio citada em Dourado (2010). Primo e Träsel (2006) mostram a evolução da internet com
novas ferramentas, como a introdução de vídeos em páginas de periódicos on line.
Após as citações do primeiro capítulo, a pesquisa se voltou para o cenário
contemporâneo baseado nas teorias de Beltrão (2007). As novas tecnologias da informação
em comunicação vêm fundamentadas em Pacievitch (2005), que mostra a revolução nas
ferramentas tecnológicas que fez produzir milhões de sites, blog’s e afins. Mostrou a
diferença em se produzir um programa de rádio e um site.
Fez-se um paralelo entre o jornalismo colaborativo e o jornalismo comunitário em
Traquina (2003), Pena (2008). Foschini e Taddei (2006) lembram que “o mundo está repleto
de pontos de vista distintos e os meios de comunicação tradicionais já não bastam para
descrevê-lo, compreendê-lo e descobri-lo”.
Após elucidar estas questões, a pesquisa trouxe à tona o que vem a ser notícia, quais os
critérios para noticiar um fato e quais as implicações deste fato noticiado. Como vimos em
Lage (1982, p. 65), a notícia “é o relato de uma série de fatos, a partir do espaço mais
importante ou interessante. Os eventos estarão ordenados por ordem de importância
decrescente, respeitando a regra da pirâmide invertida” e também em Rodrigues (1993).
Falou-se também das redes sociais e suas influências no dia a dia do Jornalismo
Colaborativo. Em Figueiredo (2009) lembrou-se da quantidade de jornalistas profissionais
17
que utilizam ferramentas de Facebook e Twitter para facilitar o trabalho e em contraponto,
Torres (2011) fala, em artigo científico, que jornalismo de Twitter não é jornalismo.
Lembrando que muitos jornalistas utilizam Tuites de famosos para pautas diárias.
De posse da constituição teórica dos capítulos iniciais, voltou-se a pesquisa para o
estudo de caso do site BrasilWiki!. O site foi escolhido por apresentar algumas das
características expostas nas teorias anteriormente citadas. Nele, as especificidades que
envolvem as teorias do jornalismo e a produção de jornalismo em redes são perceptíveis. No
estudo de caso foram observadas as sete matérias da página inicial do site nos dias 12, 13, 14,
15, 16, 17 e 18 de novembro de 2011. Para análise das notícias foram observados critérios tais
como, ineditismo, relevância e imediatismo; a qualidade ortográfica das matérias, e a
qualificação profissional do colaborador.
Palavras estrangeiras foram inseridas no decorrer da pesquisa. No final desta
monografia, existe um glossário com todos os termos e significados, caso o leitor ache
pertinente, esclarecer eventuais dúvidas.
Esta pesquisa não pretende esgotar o assunto “Jornalismo Colaborativo”, mas sim
discorrer, analisar, descrever, interpretar sobre os motivos que levam a sociedade a aderir ao
chamado Jornalismo Colaborativo e por que ele está se difundindo tanto nos meios de
comunicação. Verificar se existe veracidade nas informações; se as facilidades na produção,
com os meios eletrônicos, proporcionam uma informação de qualidade e confiável; analisar
quais as vantagens e desvantagens proporcionadas; examinar se o Jornalismo Colaborativo
apresenta um risco para o jornalismo clássico e por fim, questionar se existe credibilidade no
que é produzido.

18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Um Pouco de História
Uma arma de guerra. Com essa finalidade foram desenvolvidos os primeiros
computadores. Com os inimigos interceptando facilmente os telégrafos, notou-se a
necessidade da criação de uma ferramenta mais potente, eficaz e segura para a comunicação
em tempos de guerra. No entanto, as dimensões desta nova ferramenta não ajudavam na
locomoção. Com o passar do tempo, novas ferramentas foram desenvolvidas e possibilitaram
a redução no tamanho das máquinas. Já na década de 1960, na eminência de uma nova guerra,
os Estados Unidos, preocupados com possíveis ataques da extinta União Soviética a bases
militares, viram a necessidade da descentralização das informações.
Com o apoio dos países aliados e de alguns institutos de pesquisas europeus –
principalmente o CERN2 – foi criada a primeira rede de computadores. Desta forma, se um
deles fosse destruído a informação não se perdia, pois estava em fluxo constante.
A internet foi concebida em 1969, durante a Guerra Fria, quando a Advanced
Research Projects Agency (Arpa – Agência de Pesquisa e projetos avançados), uma
organização ligada ao Departamento de Defesa norte-americano, criou a Arpanet. Rede
nacional de computadores que servia para garantir a comunicação emergencial, caso os
Estados unidos fossem atacados por outro país, principalmente a União Soviética, no período
da guerra fria.
A partir de então foram criados os primeiros PC’s (em inglês Personal Computers).
Com essa nova modalidade de computadores, ficou mais fácil o acesso a eles, que até então
era destinado somente às forças armadas. A princípio foram desenvolvidos para auxiliar o
homem em cálculos complexos, assim demandaria menos tempo e seriam feitos com maior
exatidão.
Em 1986, a National Science Foundation (NSF – Fundação Nacional de Ciência), fez
uma significativa contribuição para a expansão da internet, quando desenvolveu uma rede que
conectava pesquisadores de todo país por meio de grandes centros de informática e
computadores. Foi denominada NSFNET, que continuou se expandindo e, no começo da
década de 1990, eram mais de 80 países interligados.
2

CERN em francês: Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire. O maior laboratório de física de partículas
do mundo sediado em Genebra – Suíça. Fonte: www.wikipedia.com.br

19
Timothy John Berners-Lee, ou simplesmente Tim Berners-Lee, um físico britânico,
trabalhou durante anos em um projeto com a colaboração do estudante Robert Cailliau, em
1989, propôs a criação da World Wide Web (WWW) e, em 6 de agosto de 1991, há vinte
anos, entrava na rede o primeiro site: www.info.cern.ch. O crescimento da www foi tão
rápido que, em 1996, já existiam mais de 56 milhões de usuários no mundo. No mesmo ano,
95 bilhões de mensagens eletrônicas foram enviadas nos Estados Unidos, enquanto as cartas
convencionais somaram 83 bilhões de postagens nos correios, de acordo com a Computer
Industry Almanac3.
Você já imaginou como seria a vida hoje sem a internet? Pois esta ferramenta e muitas
outras colaboram para o fluxo de informações nas redes digitais. No entanto, houve um
grande diferencial nas relações humanas e de acordo com Thompson (1999, p. 13), “a
interação face a face perdeu espaço para os meios desenvolvidos pelas tecnologias”.
Sem sombra de dúvidas que a internet representa uma nova era para a mídia. Uma
infraestrutura interconectada para múltiplas formas de comunicação. A internet pode vir a ser
a primeira esfera pública global e, é o primeiro meio que oferece a chance de comunicar-se
com suas próprias vozes, com uma audiência internacional de milhões de pessoas. As formas
populares e os fóruns de interação incluem websites pessoais e coletivos e outras diversas
ferramentas comunicacionais. Eles facultam novas e extraordinárias possibilidades. É a
primeira vez que se tem um veículo acessível a um vasto número de indivíduos e coletivos do
mundo inteiro, que permite a transmissão de, praticamente, qualquer informação.
O chamado ciberespaço4 não necessita da presença física para a interação. E conforme
Lemos (2000), “O ciberespaço é um espaço de fluxos. Ele nos coloca em meio a processos de
mobilidade imóvel, ou imobilidade móvel, de contatos sem presença física, de deslocamentos
imaginários”. Lévy (1999) complementa o pensamento de Lemos lembrando que “o
ciberespaço encoraja uma troca recíproca e comunitária, enquanto as mídias clássicas
praticam uma comunicação unilateral na qual os receptores estão isolados, uns dos outros”.
Dessa forma:

3

Pesquisa disponível em http://www.c-i-a.com/ - acessado 27/09/2011 às 16:46

4

Artigo disponível em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/viagem.html acessado em

08/04/2011 às 16h45min
20
A internet abre espaço para novos atores sociais e novas vozes; ela propõe a
diversidade informacional. Os indivíduos deixam de ser representados e
passam a ser reconhecidos pela própria voz através de seus próprios relatos e
suas próprias linguagens; passam a ser co-autores do processo de construção
do conhecimento (CASTRO, 2005).

Neste contexto, o ciberespaço pode ser considerado:

Como uma virtualização da realidade, uma migração do mundo real para um
mundo de interações virtuais. A desterritorização, saída do “agora” e do “isto”
é uma das vias régias da virtualização por transformar a coerção do tempo e
do espaço em uma variável contingente. Esta migração em direção à uma nova
espaço-temporalidade estabelece uma realidade social virtual, que,
aparentemente, mantendo as mesmas estruturas da sociedade real, não possui,
necessariamente, correspondência total com esta, possuindo seus próprios
códigos e estruturas (GUIMARÃES, 1997)

No início da INTERNET, a ausência de sistemas e aplicativos de fácil manuseio
impedia a apropriação pelos usuários das possibilidades de conversação e produção de
conteúdo. A Web era mais “lida” do que “escrita”. De acordo com o site www.infoabril.com.br,
em meados da década de 1990 alguns jornais engatinhavam com o chamado
“webjornalismo”. O advento da internet que possibilitou o novo gênero, e ele veio para
revolucionar as relações profissionais e as próprias rotinas produtivas.
Na segunda metade da década de 1990 a INTERNET se tornou comercial e muitos
jornalistas migraram para a nova mídia. No entanto, a maioria dos sites jornalísticos surgiu
como meros reprodutores do conteúdo publicado em papel.
O pioneiro foi o norte-americano The Wall Street Jornal, que em março de 1995
lançou o Personal Jornal, veículo entendido pela mídia como sendo o “primeiro jornal com
tiragem de um exemplar” (Ferrari, 2004). Já no Brasil, o primeiro a se lançar na internet foi o
Jornal do Brasil, criado em maio de 1995 e seguido logo depois pela versão eletrônica do
jornal O Globo.

O jornalismo digital inclui todo produto discursivo que re-produz a
realidade pela singularidade dos fatos, tem como suporte de circulação
as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia que
transmita sinais numéricos e que incorpora a interação com os
usuários no processo produtivo (GONÇALVES apud PRIMO e
TRÄSEL, 2006, p. 10).

O jornalismo digital surgiu muito precário devido às proporções e disponibilidade de
ferramentas. Com a velocidade de navegação na internet de cerca de 9 kbytes/seg. tornava
21
praticamente impossível se trabalhar qualquer idéia de hipermídia. Os jornais trabalhavam
com sites que chamamos de “transpositivos”, ou seja, aqueles que somente passam idéias,
informações, etc. não há interatividade com o leitor/internauta, nem a utilização de fotos,
áudios e vídeos.
As notícias seguem o padrão de texto e diagramação do jornal
tradicional, agregando poucos recursos para interação com o leitor, em
geral apenas e-mail e um menu de navegação, mas também fóruns e
enquetes (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7)

A partir do ano 2000 podemos verificar uma significativa mudança, ou melhora da
tecnologia. Daí em diante observamos surgir os sites “midiáticos”. Eles permitem uma
interação entre usuário e portal. Os jornais mais uma vez foram atrás desse filão.

Alguns elementos específicos da Web passam a ser agregados à
notícia online, embora esta continue seguindo o padrão de texto da
edição impressa. Porém, passa-se a oferecer recursos de mídia, listas
de últimas notícias e matérias relacionadas, bem como material
exclusivo para a versão online (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7).

De acordo com uma pesquisa da União Internacional de Telecomunicações (UIT) 5,
realizada em janeiro de 2011, a internet hoje chega a mais de dois bilhões de pessoas no
mundo todo. Com o advento de novas ferramentas, aumento da velocidade de navegação e
outros fatores, atualmente encontramos sites chamados de hipermidiáticos6, para interagir
com o leitor.

As publicações online incorporaram a hipermídia à produção do texto,
aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade permitidas pela
convergência das mídias digitais. Passa a ser levada em conta a
possibilidade de distribuição do conteúdo para outras plataformas,
como telefones celulares e handhelds. (PRIMO E TRÄSEL, 2006, p.
7).

5

Disponível em http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/01/numero-de-usuarios-de-internet-nomundo-alcanca-os-2-bilhoes.html acessado em 06/04/2011 às 13:50
6

São sites que utilizam de várias ferramentas para interagir com o leitor (vídeos, áudios, texto, etc.)

22
Como exemplos, podemos citar os portais jornalísticos da Rede Globo de Televisão, o
portal do Jornal Estado de Minas, Jornal Hoje Em Dia, dentre outros. Eles utilizam de todas
as ferramentas disponíveis.
Segundo Anderson (2006), a televisão está perdendo cada vez mais espaço para
internet. Não porque a programação é melhor, mas por não haver tantas alternativas como na
web. Ainda segundo Anderson (2006), os homens entre 18 e 34 anos estão desligando a TV e
gastando mais tempo na internet e vídeo games.

2.2. Cenário Contemporâneo
“O cenário contemporâneo midiático está sendo diretamente afetado pelas últimas
transformações sociais decorrentes da mediação tecnológica do conhecimento” (BARBERO
apud BELTRÃO, 2007, p.2).
2.2.1 Tecnologias de Informação em Comunicação (TIC’s)

Conjunto de recursos tecnológicos utilizados de formas integradas, com objetivo
comum: eles são usados em indústrias, comércios, investimentos e educação. A criação de
hardwares e softwares potencializa os processos em meios virtuais. De acordo com Thaís
Pacievitch, através da internet, novos sistemas de comunicação e informação foram criados,
formando uma verdadeira rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda de grupo
online, comunidades virtuais, web cam, entre outros, revolucionaram os relacionamentos
humanos.
A gestão do próprio conhecimento depende da infraestrutura e da vontade de cada
indivíduo. A democratização da informação, aliada a inclusão digital, pode se tornar um
marco dessa civilização. Contudo, é necessário que se diferencie informação de
conhecimento. Sem dúvida, vivemos na Era da Informação7.

Para se produzir um programa em uma rádio, por exemplo, necessita-se de pessoal
capacitado, técnicos de áudio, uma estrutura para divulgação desse trabalho, maquinário para

7

Artigo disponível em www.infoescola.com.br acessado em 07/11/2011 às 19:23

23
gravação e todo um aparato profissional. Já na internet, a própria ferramenta, além de ser de
fácil acesso, pode-se ampliar a divulgação do trabalho – textos, vídeos, fotos, etc. – por um
custo quase zero. Uma pessoa que presencia ou simplesmente quer divulgar algo, tem meios
de fazê-lo em questão de minutos. O internauta passa a não depender, diretamente, dos meios
tradicionais para fazer e virar notícia.
Ocupar um espaço na internet era o que o consumidor precisava para entrar de vez no
mundo da informação e ele conseguiu. Os internautas contribuíram significativamente para
um aumento da interação empresas/leitores e a palavra que mais vai nortear esta pesquisa é
colaboração.
Mas, comumente o Jornalismo Colaborativo é confundido com o jornalismo cívico, ou
jornalismo comunitário e, em Traquina (2003, p. 172) observamos que o jornalismo
comunitário ou “novo jornalismo” surgiu no final da década de 1980 para suprir uma
necessidade da sociedade. Cada vez mais descrente com os mídias, a comunidade lança o
desafio de querer mudar o Status Quo (estado atual das coisas) se assemelhando a uma
reforma na comunicação.

Para falar em jornalismo comunitário precisamos antes pensar o que vem a ser
comunidade. Segundo o dicionário Aurélio, é qualidade do que é comum,
sociedade, lugar onde residem indivíduos agremiados, comuna. Se é assim,
então, todo jornalismo é comunitário, afinal um jornal é lido por centenas de
sociedades, de indivíduos agremiados (TAVARES Apud PENA, 2008, p.
184).

O jornalismo comunitário atende às demandas da cidadania e serve como instrumento
de mobilização social. O jornalismo comunitário tem por missão desvendar as causas e
consequências que justificam a condição de vida de uma determinada comunidade. O
compromisso não é apenas factual, mas também social.
Para Merrit (1995) apud Traquina (2003, p. 172), “existem duas suposições
fundamentais: a vida pública não vai tão bem e o jornalismo enquanto profissão está em
dificuldade”. Este “novo jornalismo” seria mais voltado a uma comunidade em específico do
que com a colaboração dos cidadãos no geral. Também havendo colaboração de cidadãos,
mas com um foco diferente. Para exemplificar um modelo de jornalismo cívico, podemos
utilizar o quadro Proteste Já, do programa Custe o Que Custar (CQC), veiculado às segundasfeiras, às 22 horas, na Rede Bandeirantes de Televisão.
24
Há algum tempo que assistimos matérias que são creditadas com “imagens de
cinegrafista amador”. Este “amador” nada mais é do que um cidadão jornalista. Algumas
críticas ao jornalismo “tradicional” permanecem atuais no universo on line, como, por
exemplo, a velocidade, a simplificação, a superficialidade e a banalização.
Mas este fenômeno, Jornalismo Colaborativo, está no nosso cotidiano há mais tempo
que imaginamos. Ele está nos atentados ao metrô de Londres, ou nas imagens do Tsunami no
Oceano Índico e em um acidente com ônibus de turistas. Os veículos tradicionais não estavam
lá no momento exato dos acontecimentos e foram esses “cidadãos jornalistas” que
municiaram a mídia com imagens do local na hora do ocorrido. Como vemos em Foschini e
Taddei (2006, p. 11), “O mundo está repleto de pontos de vista distintos e os meios de
comunicação tradicionais já não bastam para descrevê-lo, compreendê-lo e descobri-lo. Por
isso, sua perspectiva (do cidadão) é importante para desenhar um cenário mais completo”.
Marcondes Filho (1989) aconselha que o ideal do jornalismo é que todos tenhamos a
oportunidade de expressar ideias e posições como forma de amenizar o desequilíbrio e da
distribuição de poder.

2.2.2. O Que é Notícia?

Quando se fala em jornalismo imagina-se, logo, uma sala repleta de jornalistas,
editores, repórteres e afins. Numa correria incessante para conseguir “o furo”, correria para
terminar a edição a tempo, correria para fechar com anunciantes, correr atrás de fontes, etc.
Realmente esta é a rotina do profissional de jornalismo. Mas nos últimos tempos vemos surgir
um fenômeno que vai muito além do jornalismo, feito somente por profissionais. O chamado
Jornalismo Colaborativo, jornalismo participativo ou ainda jornalismo open source.8
Esta nova modalidade é uma idéia de jornalismo na qual o conteúdo é produzido por
cidadãos sem formação jornalística, em colaboração com jornalistas profissionais.
Caracteriza-se pela maior liberdade na produção e veiculação de notícias, já que não exige
formação específica em jornalismo para os indivíduos que a executam.

8

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo Acessado dia 12/03/2011 às 11h23min.

25
As informações são divulgadas a partir de depoimentos, vivências e experiências de
cidadão comuns, que relatam fatos a jornalistas, empresas de comunicação, etc. Mas não
somente desta forma tem sido feito o jornalismo colaborativo. Os chamados cidadãos comuns
criam seus blogs, páginas no Twitter e lançam informações – verídicas – na rede. Todas estas
informações são avaliadas pelos critérios de noticiabilidade em uma redação, mas o que
definitivamente, é notícia? Quais são os critérios de noticiabilidade. O que é notícia e o que
não é? O que é de interesse público? Quem faz essa seleção das notícias para serem
divulgadas nos sites e portais que se utilizam dessa ferramenta?
Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o
jornal se destina. Mas para jornais e jornalistas:

Notícia é a matéria prima do jornal. A base de tudo que é publicado da
nota mais alegre ao mais sério editorial. Em sua busca, concentra-se
todo o esforço da redação. Ela comanda o ritmo de trabalho, determina
os horários, impõe gastos, provoca edições extras. Sem ela não haveria
o que dizer, comentar, criticar ou elogiar (AMARAL 2008 p. 234)

Para Ammus Comming Apud Lage (1982), a notícia é o relato de uma série de fatos, a
partir do espaço mais importante ou interessante. Os eventos estarão ordenados por ordem de
importância decrescente, respeitando a regra da pirâmide invertida.

O acontecimento jornalístico é, por conseguinte, um acontecimento de
natureza especial, distinguindo-se do número indeterminado dos
acontecimentos possíveis em função de uma classificação ou uma
ordem ditada pela lei das probabilidades (RODRIGUES, 1993, p. 27).

Traquina (2003) diz que transformar um acontecimento em notícia significa dar-lhe
existência pública, levá-lo à discussão. A notícia conta aquilo que assistimos diretamente e
cujo conhecimento seria remoto de outra forma.
Mesmo sendo de grande importância no momento, esses novos veículos não
representam uma ameaça à categoria (jornalistas), nem às plataformas tradicionais como
impresso, rádio e TV. Os sites de Jornalismo Colaborativo vêm ocupar o vácuo deixado pela
grande mídia em diversas áreas onde não há interesse comercial.
A internet, como nenhum outro meio, potencializa a participação do público no
processo noticioso. A possibilidade de uma maior interação ocorre, principalmente, pelas
características do meio que, diferentemente de outros veículos, é de mais fácil acesso e não
26
possui uma delimitação rígida de espaço. Com o advento das tecnologias digitais, a
popularização do computador, da câmera digital, do telefone celular que fotografa, filma e
enviam mensagens e imagens, entre outros equipamentos tecnológicos, os cidadãos comuns
passaram a ter acesso a formas de publicação de conteúdo. Uma pessoa que presencia e
registra um fato jornalístico ou que quer transmitir algo que julga importante para a sociedade
passou a ter acesso mais rápido e fácil aos meios que possibilitam essa publicação. Quem quer
divulgar algo pode montar um site, um blog ou até mesmo postar o conteúdo num portal
colaborativo e deixar aquela notícia acessível a todos. O internauta não depende do jornalista
ou do dono de um determinado veículo para divulgar as informações que deseja.

Maior acesso à internet e interfaces simplificadas para publicação e
cooperação on line. Popularização e miniaturização de câmeras digitais e
celulares; a “filosofia hacker” como espírito de época; insatisfação com os
veículos jornalísticos e a herança da imprensa alternativa. Por outro lado, as
tecnologias digitais têm servido como motivador para uma maior interferência
popular no processo noticioso (PRIMO e TRÄSEL apud LIMA JUNIOR,
2011, p. 64).

A internet deu aos indivíduos os meios técnicos e econômicos para desenvolver
iniciativas de jornalismo ordinário; a interação do público na produção de conteúdo é vital
para a eficiência da internet como meio de divulgar informações jornalísticas. A participação
do jornalista, como mediador neste processo, também é de suma importância, mas ele não
pode alterar a qualidade e a pertinência informativa do conteúdo. Amaral, Baldessar, Lapolli e
Spanhol afirmam que o papel do jornalista como mediador é essencial para dar significado e
contexto à diversidade de materiais publicados por internautas. O grande desafio do
profissional que atua em portais noticiosos é garantir uma maior inclusão do internauta sem
prejudicar a qualidade da informação.
Novas funções foram adquiridas, como facilitar a comunicação e organizar os
arquivos enviados pelos cidadãos-repórteres, verificar, reformular e
complementar as informações, controlar a qualidade do material publicado,
entre outras. O jornalista passa ser visto mais como um intérprete do que
guardião da notícia (AMARAL et al Apud LIMA JR, 2009, p. 11).

27
Nos dias atuais ainda há a figura do Gatekeeper,9 uma teoria que privilegia a ação
pessoal. Refere-se à pessoa que tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se a
bloqueia. Diante de um grande número de acontecimentos, só viram notícia aqueles que
passam por uma cancela, portão. E quem decide isso é uma espécie de porteiro ou
selecionador (o Gatekeeper), que é o próprio jornalista. Ele é responsável pela progressão da
notícia, ou por seu arquivamento.
O termo apareceu pela primeira vez em 1947, através do psicólogo Kurt Lewin, para
estudar problemas ligados à modificação de hábitos alimentares. No entanto, em 1950, David
Manning White, foi o primeiro teórico a aplicar o termo ao jornalismo e conclui que as
decisões foram subjetivas e arbitrárias, dependentes de juízos de valor baseados no conjunto
de experiências, atitudes e expectativas do Gatekeeper. De cada dez despachos, nove foram
rejeitados. Nos anos subseqüentes, a teoria do Gatekeeper foi perdendo prestígio e estudos
posteriores mostraram que as decisões do Gatekeeper estavam mais influenciadas por
critérios ligados às rotinas, do que por uma avaliação individual de noticiabilidade. Uma das
primícias do jornalismo colaborativo é a “não censura” de quaisquer matérias.
Axel Bruns cria o termo gatewatching para os trabalhos on line, que vão designar a
oposição do Gatekeeping. No ciberespaço a função do Gatekeeper tem menor força
explicativa.
…online os portões estão nas mãos dos produtores de informação (no
limite, qualquer um que publique um website com informação com
potencial valor de notícia), bem como nas mãos do usuário final, que
navegando pela web age constantemente como seu próprio gatekeeper
— mas não necessariamente com as organizações midiáticas de
notícias (BRUNS apud PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7).

De acordo com Pena (2008), a imprensa funcionaria como um espelho do real. Por
essa teoria (do espelho), o jornalista é um mediador desinteressado, seu dever é somente
informar, e informar significa buscar a verdade acima de qualquer outra coisa. O
aparecimento da Teoria do Espelho está veiculado às mudanças na imprensa norte-americana
na segunda metade do século XX. Outra teoria jornalística que devemos observar é a do
Newsmaking. Segundo Pena (2008), ela leva em consideração os critérios de noticiabilidade,
valores-notícia, constrangimentos organizacionais, construção da audiência e rotinas de
9

Teoria jornalística onde um profissional é responsável pela escolha das matérias que serão divulgadas,
ou seja, o “Guardião do portal”.

28
produção. Isto quer dizer que o processo de produção da notícia é planejado como uma rotina
industrial.
Segundo Traquina (2005), o processo de produção da notícia resulta da cultura
profissional, dos processos produtivos, dos critérios de noticiabilidade e dos valores-notícia.
Além, é claro, dos códigos e regras particulares do campo da comunicação.

2.3 As Redes Sociais Virtuais

As redes sociais sempre existiram desde que o homem começou a se comunicar e não
surgiram com a tecnologia. Uma rede social é composta por indivíduos ou organizações
ligados por algum interesse em comum. Seja uma família, os amigos do bairro, os conhecidos
da escola e por assim em diante. Estas redes podem ser relacionamentos horizontais, ou seja,
sem hierarquia ou comando. Para o escritor e crítico Howard Rheingold em geral entende-se
que comunidade virtual, é uma rede eletrônica auto-definida de comunicações interativas e
organizada ao redor de interesses ou fins em comum, embora às vezes a comunicação se torne
a própria meta (RHEINGOLD apud FIGUEIREDO, 2009). Rheingold afirma ainda que a
internet não apareceu mais como um meio de interação de “poucos para muitos”, mas sim de
“muitos para muitos”, fazendo com que o poder da informação fosse descentralizado
possibilitando o debate e a circulação de ideias.
No entanto, a partir do desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, estas redes
migraram para o âmbito virtual. As plataformas digitais potencializaram estas redes, mas o
objetivo ainda é o mesmo: exercer a interação e a comunicação entre indivíduos, mudando
apenas o canal. Antes era via carta, telefones e afins, agora são os computadores que mediam
essa relação. Figueiredo (2009) define redes sociais como “um espaço virtual onde existem
relações (afetivas, profissionais, entre outras) entre os usuários que compartilham de
interesses em comum”.
Assim como no mundo real, o virtual também tem seus públicos. Em cada cultura uma
rede social é mais aceita. Nos Estados Unidos existe uma divisão entre MySpace e
Facebook10. De acordo com Figueiredo (2009), isso é perfeitamente aceitável, uma vez que,
como seus usuários, cada rede tem seu perfil e suas ferramentas específicas que fazem de cada
uma, redes exclusivas.
10

Pesquisa disponível em www.lemonde.fr

29
2.3.1. Facebook

A rede foi criada em 2004 por Mark Zuckerberg, ex-estudante da Universidade de
Harvard, na época com 19 anos. O Facebook conta hoje com mais de 800 milhões de usuários
em todo mundo e em menos de cinco anos tornou-se a rede social virtual mais popular e mais
visitada do mundo. O Facebook conseguiu ultrapassar o Orkut e o MySpace em visitas e
usuários em pouco tempo de existência. A princípio a rede era apenas para interação de
alunos dentro da universidade de Harvard, depois de algum tempo, outros usuários foram
aceitos e, em 2006, a rede foi aberta para o resto do mundo.
Quando lançamos o Facebook em 2004, nosso objetivo era criar um jeito
mais rico e rápido das pessoas dividirem informação sobre o que estava
acontecendo ao seu redor. Pensávamos que dando para as pessoas melhores
ferramentas para elas se comunicarem, isso ajudaria a entenderem melhor o
mundo, o que faria com que elas tivessem mais poder de transformá-lo
(ZUCKERBERG apud FIGUEIREDO 2009, p. 40).

O Facebook hoje é uma das maiores marcas do mundo. Recentemente uma avaliação
feita por analistas estimulou-se que a rede pode chegar a U$ 85 bilhões e até 2015 a U$ 234
bilhões, aproximadamente11.

2.3.2. Twitter
O microblog revolucionou a internet ao fazer uma pergunta simples: “O que você está
fazendo agora?”. Com o espaço de 140 caracteres, o Twitter fez com que pessoas pensassem
no que estavam fazendo e como sintetizar isso em um texto curto. A ferramenta foi criada e
lançada também em 2006, por Jack Dorsey, com seu lay out simples e com a ideia de
minimizar os pensamentos e inspirado na comunicação entre os taxistas. Em janeiro de 2009
eram 5,9 milhões de visitantes únicos e 54 milhões de visitas ao todo. Um grande diferencial
do Twitter é que as postagens podem ser feitas tanto pelo site oficial 12, como por aplicativos
instalados no navegador. Ou ainda pelo celular, outra forma de interatividade e
instantaneidade. Para saber o que outro usuário “tuíta” basta ser um seguidor, a partir daí
11

Dados coletados em http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2011/03/31/facebook-sera-avaliado-emus-234-bilhoes-em-2015-dizem-analistas-924135628.asp Acessado 29/09/2011 às 15:50
12

www.twitter.com

30
receberá atualizações que os seus seguidos fizerem no seu próprio perfil. As pesquisadoras
Gabriela Zago e Raquel Recuero indicam que a ferramenta no Brasil costuma ter uma
utilização bem mais voltada para fins informacionais. Embora muitos usem a ferramenta para
conversar, o uso informacional parece predominar (ZAGO apud FIGUEIREDO 2009, p. 43).
Com toda essa notoriedade, o Twitter não iria passar despercebido pelas empresas que
passaram a utilizar o microblog como fonte de informação e publicidade gratuitas. Segundo a
revista Fortune, 34 das 100 maiores empresas do mundo a utilizam redes sociais. Alguns
exemplos são a Kodak, que usa o Twitter para promover o blog da marca, divulgando e
discutindo os posts.
As redes sociais não funcionam apenas para comunicação entre amigos, disseminador
de informações e diversão. Elas possuem um importante papel midiático e as empresas estão
utilizando dessas ferramentas para estreitar os laços com os clientes e fornecedores. O instinto
de propagador do internauta faz com que ele espalhe notícias na rede em ritmo epidêmico. O
espírito colaborativo é uma grande característica do novo consumidor e isso implica em mais
cautela da empresa. Uma vez que a mensagem for mal interpretada, corre-se o risco de um
elogio transformar-se em crítica rapidamente e se espalha com a mesma velocidade pela rede.
É preciso sensibilidade das empresas para conseguir o impacto positivo de uma determinada
campanha na internet.
É certo, portanto que, neste meio as técnicas convencionais de propaganda
não funcionam. Banners invasivos e de produtos e serviços fora de contexto,
spam e Rich Media13 são estratégias não bem vindas no meio das
comunidades virtuais. Publicidade meramente persuasiva não surte efeito
neste meio (MARI apud FIGUEIREDO, 2006, p. 49).

As ferramentas de comunicação, assim como as redes sociais em plataformas digitais,
vieram para potencializar a comunicabilidade, no entanto, se mal usadas podem se tornar
grandes vilãs, tanto de empresas quanto de pessoas. A forma que nos relacionamos com estes
instrumentos é determinante para o sucesso, ou não, de uma campanha, empresa ou carreira
profissional. Como foi o caso do jovem René Silva que usou sua conta no Twitter para enviar
notícias sobre a ocupação da Polícia Militar do Rio de Janeiro ao complexo de favelas do
Morro do Alemão, zona Norte da cidade, em fevereiro de 2011. Após a iniciativa, o número
de seguidores do twiteiro aumentou significativamente. Hoje ele soma cerca de quarenta mil
13

É o conjunto de algumas ferramentas e linguagens de programação como Flash, Director, DHTML,
streaming de vídeo e áudio, entre outros.

31
seguidores no Twitter, mantém um jornal on-line e impresso para comunidades do Complexo
do Alemão. Isso mostra que o público está interessado em outros olhares, além do ponto de
vista da grande mídia. “Hoje, a comunicação social é mais ampla. Mais ampla que o
jornalismo e que os próprios meios de comunicação” (BUCCI, 2000, p. 191)14.

2.4 Contrapontos do Colaborativo

Mas como em toda inovação, o jornalismo colaborativo tem seus contrapontos. A
veiculação de uma notícia falsa pode acarretar em problemas graves, tanto para o portal
quanto para o envolvido/citado no texto. O site colaborativo do canal CNN, iReport, é aberto
a usuários postarem informações sem mediação da redação, no entanto, em outubro de 2008,
um internauta postou no iReport que o executivo-chefe da Apple, Steves Jobs, que faleceu em
2011, havia sofrido um ataque cardíaco. Em pouco tempo, a notícia provocou uma queda nas
ações no mercado financeiro e a empresa teve que se apressar em corrigir a informação.
Segundo Salaverría apud Becker e Teixeira (2009), frente ao mito, se apresenta uma modesta
realidade porque o hipertexto raramente é utilizado como recurso no ciberespaço. Apesar de
todos os avanços tecnológicos, a imprensa on line ainda busca uma identidade própria.
O hipertexto é uma forma de escrita mais utilizada na internet. No entanto, os
primeiros conceitos de hipertexto não datam da invenção da internet e sim na década de 1940,
com o engenheiro e político norte-americano, Vannevar Bush, que publicou um ensaio no
qual ele criticava os sistemas de armazenamentos de informações da época, que eram sempre
lineares, hierárquicos, verticais. Segundo Bush, o pensamento humano não funciona de forma
linear e sim por associações.
Para Nelson apud Santaella (2004), o hipertexto é um sistema de escrita não
sequencial, um texto que se desmembra e que permite escolhas ao leitor. Desta forma, Lévy
(1993) analisa o conceito de hipertexto informando que o texto é um objeto virtual, abstrato,
independente de um suporte específico.

14

Disponível

em:<

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_cidad%C3%A3o>

acessado

em

12/03/2011 às 11h55min

32
O hipertexto, hipermídia ou multimídia interativo leva adiante, portanto, um
processo já antigo de artificialização da leitura. Se ler consiste em selecionar,
em esquematizar, em construir uma rede de remissões internas ao texto, em
associar a outros dados, em integrar as palavras e as imagens em uma
memória pessoal em reconstrução permanente, então os dispositivos
hipertextuais continuam de fato uma espécie de objetivação, de exteriorização,
de virtualização dos processos de leitura (LÉVY apud SANTAELLA, 2004,
p43)

Lévy (1993) cita os critérios para se caracterizar o hipertexto e são eles: o princípio da
metamorfose, que é processo de constante construção e renegociação de sentidos que se dá
nos hipertextos; princípio da heterogeneidade, tanto os nós quanto as conexões que se
estabelecem entre as diversas partes são heterogêneos, ou seja, os dados são qualitativamente
diferentes (sons, imagens, textos); princípio da multiplicidade, no hipertexto cada nó ou
conexão pode revelar toda uma rede de novos nós e cada uma dessas novas conexões pode
apresentar um universo de conexão; princípio de exterioridade, o fluxo constante de elétrons,
de dados digitais que mudam constantemente são incorporados e trocados a todo momento;
princípio da topologia, a rede não está no espaço, ela é o espaço; princípio da mobilidade dos
centros, a cada conexão desenham-se novos cenários de leituras com novos centros e novas
possibilidades. A ideia de que é necessário a criação de um centro é transferida para o leitor.
Ele é o centro.
Segundo Castells (1999), as redes são sistemas organizacionais capazes de reunir
indivíduos e instituições, de forma voluntária e democrática, em torno de objetivos e/ ou
temáticas comuns, e são estabelecidas por relações que supõe o trabalho colaborativo
participativo. Dessa forma, a produção jornalística em redes permite o compartilhamento de
informações em todos os níveis, sem canais reservados, favorecendo a formação de uma
cultura participativa do cidadão e que tenha, ao mesmo tempo, uma autonomia. A audiência
possui um controle maior sobre a produção nesse meio, se transforma em um Jornalismo
freelance sem censura. Essas redes de computadores vieram incrementar e não substituir
outras formas essenciais de organização. Os computadores também proporcionaram maior
rapidez na disseminação, no intercâmbio e na análise das informações.
Ainda de acordo com Becker e Teixeira (2009), as informações de redes colaborativas
que funcionam como plataformas, sejam rapidamente reproduzidas nas emissoras de TV e
websites de mídias, apenas para postagem de conteúdo. Até por que “fotos de um incêndio, de
um massacre ou de um fenômeno ambiental agregam valor de consumo imediato, mas não de
33
conhecimento” (BECKER e TEIXEIRA, 2009, p. 47). Aguiar apud Becker e Teixeira (2009),
afirma que informações transmitidas por essas redes são de tratamento diferenciados dos fatos
sociais, que valorizam mais a notícia como mercadoria do que como forma de conhecimento
de realidades sociais.

A perspectiva do usuário como agente no processo de comunicação
subverte a forma de distribuição unilateral e a recepção passiva de
informações nas redes colaborativas, e aponta para uma nova maneira
de pensar a relação entre os produtores e consumidores, entre
jornalistas e cidadãos, entre os veículos de comunicação e a sociedade.
(BECKER; TEIXEIRA, 2009, p. 48)

Outra crítica às ferramentas colaborativas de produção na internet é que ela dissolve as
divisórias entre fato e ficção, entre invenção e realidade, obscurecendo o princípio da
objetividade. A criação em demasia se trata, para o autor, em um culto ao amadorismo,
gerando assim uma disfunção na comunicação.
Cleyton Carlos Torres15, em seu artigo “Jornalismo de Twitter não é jornalismo16”, fala
que “o aparente modismo das redes sociais tem feito com que muitos veículos de
comunicação trabalhem de maneira simplória e até mesmo errônea”. Outro exemplo é o uso
massivo do Twitter para cobertura e criação de pautas. O chamado “segundismo” tem dado
espaço para a rede, onde comentários e opiniões de usuários estão sendo utilizados para
complementar matérias. Um risco que, segundo Carlos Torres, o veículo corre por não se ter
confirmação da identidade real de seus usuários.

Ele cita ainda um outro fator agravante e

alguns veículos ainda assim fazem uso. Utilizar o microblog para realização de matérias
rápidas, como por exemplo, “Fulano de Tal disse em sua conta no Twitter que acordou com
dores e talvez não jogue a próxima partida”. Nem sempre esta fonte é confiável e na maioria
das vezes não é o próprio envolvido quem posta, pode ser, por exemplo, um assessor. O
jornalista encerra seu artigo lembrando que as ferramentas digitais devem ser usadas para que
a notícia chegue mais rápido ao público e não que ela se torne fonte exclusiva de pesquisa. “O
jornalismo digital deve usar o maior número possível de meios para chegar ao público, porém
com qualidade editorial, e não apenas de forma quantitativa e exibicionista”.

15

Cleyton Carlos Torres é professor, jornalista, blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa.
Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/-jornalismo-de-twitternao-e-jornalismo – acessado em 19/09/2011 às 16:04
16

34
Outra ponderação é do também jornalista Marcel J. Cheida17, em seu artigo “Jornalista:
as responsabilidades de uma profissão nada simples18”, ele lembra que “o jornalismo
colaborativo não dispõe, pelo menos até agora, dos recursos técnicos e éticos, geralmente,
para a produção intensiva noticiosa como ocorre no jornalismo profissional. Isso porque, o
colaborador é eventual e não rotineiro”.
Outro ponto a se pensar é em relação à imparcialidade e a objetividade jornalística.
Atualmente os estudantes não aprendem somente a publicar informações sob as pressões das
redações, eles também escrevem em blogs, fazem uso das redes sociais, escrevem artigos
opinativos e, de algum modo, as faculdades já vem ensinando a escrever editoriais.
A noção e definição de objetividade jornalística, da década de 1990, fala em divulgar
apenas os fatos e eliminava todas as interpretações ou opiniões jornalísticas. “Se você quer
dar opinião no jornal, compre um pra você” (Assis Chateaubriand). Mas o jornalismo atual
tende a ser mais pessoal e a objetividade não é uma neutralidade perfeita ou eliminação de
interpretação, ela se refere à vontade de uma pessoa utilizar métodos objetivos para testar
interpretações. Esta objetividade como método é compatível com o jornalismo que assume
um ponto de vista. Mas nem somente o jornalismo colaborativo é criticado em relação à
objetividade, ou falta dela.
Toda a imprensa está envolvida numa grande manipulação
conspiratória. Critica abertamente o que ele chama de "falsa
objetividade" da imprensa comercial burguesa, colocando o
jornalismo praticado pelo mercado como um instrumento de controle
político das elites, contrário aos interesses maiores do povo brasileiro,
dando a entender que toda a vida inteligente no jornalismo é
manipulada, ou seja, caindo nas armadilhas do desconstrucionismo 19
(MIGUEL, 2005).

A responsabilidade de todo processo comunicacional é do cidadão, sendo ele jornalista
ou não. A objetividade e a imparcialidade são primícias do jornalismo que são procuradas há

17

Marcel J. Cheida é jornalista e professor na Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas.

18

Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:m3CMrt674IJ:eptv.globo.com/empregos/NOT,0,0,270795,Jornalista%2BAs%2Bresponsabilidades%2Bde%2Bum
a%2Bprofissao%2Bnada%2Bsimples.aspx+contrapontos+do+jornalismo+colaborativo&cd=1&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br – acessado em 19/09/2011 às 16:20
19
Artigo disponível em
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/critica_ao_desconstrucionismo_da_objetividade_jornalis
tica acessado em 07/11/2011 às 18:46

35
tempos, desde os primórdios da profissão. No entanto, com os diversos interesses envolvidos,
estes substantivos ficam em segundo plano ou simplesmente são esquecidos.

36
3. ESTUDO DE CASO BRASILWIKI!
Esta pesquisa terá uma metodologia do tipo descritiva e que, de acordo com Gil (2002,
p. 54), “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Ela
utilizará a técnica de estudo de caso e instrumento de coleta de dados baseado na análise de
conteúdo. Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa uma vez que analisará a qualidade das
matérias postadas por determinados colaboradores.
Durante o processo de pesquisa foi definido o site BrasilWiki! (www.brasilwiki.com.br)
como estudo de caso para exemplificar como é feita a produção do jornalismo colaborativo na
internet. No site, observou-se que existe uma hierarquia presente nas redações, mas,
percebemos que a teoria do Gatekeeper não está presente como um mediador de notícias, nem
como uma “censura” prévia. Existe a possibilidade de publicar matérias sem passar pelo crivo
do editor, no caso de quem já é cadastrado. Para o colaborador que não é cadastrado, existe
uma moderação por parte de editores.
O site conta também com uma seção chamada “Barradas”. São várias matérias com
algum tipo de impedimento para publicação, como texto sem sentido, cópias de artigos de
outros sites ou jornais impressos, texto todo em caixa alta, mas o mais recorrente dos motivos
é a notícia sem assinatura ou anônima. Segundo o ex-editor do site, José Aparecido Miguel,
todos os usuários cadastrados têm que criar um Nickname20, de no mínimo cinco caracteres.
Para melhor elucidar esta questão, segue imagem abaixo.

20

Nome fictício, ou não, para publicações em determinado lugar, site, sala de bate-papo, etc.

37
Figura 01 – Página de matérias bloqueadas do site BrasilWiki!
O hipertexto, citado por Lévy (1993) aparece em alguns links principalmente
direcionando às redes sociais, como Twitter e Facebook. Estas redes que também são citadas
como grandes parceiras do jornalismo colaborativo, de empresas e pessoas por Figueiredo
(2009). As matérias veiculadas no site seguem o modelo de redação jornalística para
plataformas On Line e utilizam-se de ferramentas de produção, como fotos, para facilitar o
acesso e visibilidade das notícias.
3.1.

Colaborando

O site BrasilWiki! foi lançado em 2006 pelos jornalistas Eduardo Fernando de Mattos
e José Aparecido Miguel, ambos da editora MM Comunicação Integrada. Em 2010, foi
incorporado à Casa Brasil Empreendimentos Culturais do Jornal do Brasil (JB On Line), sob a
edição de Paulo Márcio Vaz e Débora Lannes. Vale lembrar que o Jornal do Brasil foi o
primeiro, em plataforma impressa, a migrar para plataforma on line. Em agosto de 2010, o
jornal passou a não circular mais nas ruas como papel.

Com o intuito de disseminar

informações e criar um canal de expressão a partir de cidadãos comuns, o site divulga
informações de vários conteúdos que vão de cultura à economia; do esporte à política. As

38
matérias são enviadas por colaboradores de várias partes do país que se propõem a dividir
experiências com os demais colaboradores e leitores do site.

Figura 02 – Página inicial do BrasilWiki! – 12 de novembro de 2011
No BrasilWiki!, o processo de divulgação das notícias é descentralizado para os
usuários cadastrados. No caso dos não cadastrados, existe uma moderação, para que se tenha
um controle do que é publicado. No site BrasilWiki!, 12 são os espaços destinados às notícias
e são divididos em editorias, a qual são chamados de abas, a exemplo do site do JB (Jornal do
Brasil – www.jb.com.br). 1) Home – página inicial, onde é divulgada a matéria mais relevante
para o momento do país. 2) Últimas – onde são veiculadas as matérias mais recentes. 3)
Cotidiano – São as notícias de uma editoria de cidades em um jornal impresso. 4) Humor –
matérias voltadas a piadas, charges, etc. 5) Cultura – Notícias que reúne agendas, shows,
cinema, teatro, etc. 6) Economia – todos os assuntos voltados à economia e seus
desdobramentos. 7) Esportes – são matérias relacionadas ao esporte em geral, não só o
futebol, como na maioria dos sites “esportivos”. 8) Press Releases – é uma seção de dicas
diversas, de cursos gratuitos a indicações de presentes criativos. 9) Deu no Papel – matérias
que repercutem as capas dos principais jornais impressos do país. 10) Política – todo assunto
39
voltado à política. 11) Fotos – é a seção de fotojornalismo. Divulgando apenas imagens com
uma pequena legenda. 12) Vídeos – são todas as matérias que são publicadas com vídeos.

3.2.

Analisando as matérias postadas por colaboradores

Nesta fase da pesquisa serão analisadas as matérias em destaque na primeira página do
site BrasilWiki! dos dias 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 de novembro de 2011. Foi feita uma
entrevista, via email, com o ex-editor do site, José Aparecido Miguel. Ele foi editor do site
durante 4 anos, se desligando do mesmo no final de 2010. Miguel informou que o critério
para a escolha da matéria da página inicial é “Critério de editores profissionais de jornalismo
da equipe do Jornal do Brasil”. Percebeu-se, mais uma vez, que a teoria do Gatekeeper está
presente no jornalismo colaborativo. Mesmo não sendo como forma de censura, mas sim de
critérios de noticiabilidade. De acordo com Bruns apud Primo e Träsel (2006), cria-se o termo
gatewatching para os trabalhos on line, que vão designar a oposição do Gatekeeping. No
ciberespaço a função do Gatekeeper tem menor força explicativa. Mas ainda assim ela
aparece.
O estudo de caso com essa amostragem será utilizado para munir críticas, positivas ou
não, sobre o jornalismo colaborativo exercido no site. Acredita-se que a amostragem de sete
matérias é suficiente para ilustrar algumas questões sugeridas durante a pesquisa, sendo
possível fornecer o perfil do site. Nesta etapa serão analisados os critérios naturais de uma
notícia, como ferramentas utilizadas, diagramação do site, assuntos abordados e valoresnotícia, tais como ineditismo, relevância e imediatismo; a qualidade ortográfica das matérias,
e a qualificação profissional do colaborador.
3.2.1. 12 de novembro de 2011
Nesta data, a matéria da página inicial do site é intitulada de “Será que os ‘ministros
Lullistas’ estão testando a coragem cívica de Dilma Rousseff?”, está disponível através do
link: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47345.
A colaboração foi produzida por Julio Ferreira, da cidade de Recife (PE) e foi postada
dia 09/11/2011, mas tornou-se página inicial no dia 12/11/2011. Pela identificação oficial, ele
se diz contador, no entanto, ao final de todas as suas postagens existe uma assinatura com link
40
de um blog denominado ex-vermelho.blogspot.br, supõe-se que era um ex militante de
esquerda que se desiludiu com os rumos que o partido tomou, depois que chegou ao poder.
O colaborador comete algumas falhas condenáveis pela pratica jornalística, como por
exemplo, o excesso de adjetivação, usando termos como "mutretagens", “podridão”, para se
dirigir aos processos do governo e dos ministros. Além disso, utiliza de termos íntimos para
citar o ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, e também ao atual ministro do Trabalho,
Calos Lupi, como por exemplo, chamando-os de "boquirroto" e Lupinho e Orlandinho.
O colaborador se refere ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como
“Lulla”, com dois “L”. Não se identifica, no texto, se o internauta não sabe a grafia correta ou
se faz uma alusão ao ex-presidente e senador Fernando Collor de Melo. Ferreira também
escreve, de forma incorreta, alguns termos, como por exemplo, “Colocar em cheque”, o
correto seria “colocar em Xeque”, que significa desafiar. No texto, de certa forma curto,
utiliza-se apenas de uma foto com legenda e mais nenhum recurso gráfico. Existem apenas
dois links para redes sociais: Twitter e Facebook.
Nota-se que o colaborador é oposicionista, ou desiludiu-se com o partido da presidente
da República. Por se tratar de um colaborador cadastrado, o site não faz moderação das
matérias. De certa forma, podemos dizer que é uma matéria tendenciosa e até um desabafo do
colaborador. Para finalizar, acredito que o tipo de texto produzido pelo internauta trata-se
mais de um artigo, ou crônica, do que propriamente de uma notícia de relevância. Levando
em consideração que ele não se utilizou de nenhuma fonte, nem especialistas no assunto, nem
pessoas envolvidas. Em Ammus Comming Apud Lage (1982), a notícia é o relato de uma
série de fatos, a partir do espaço mais importante ou interessante.

41
Figura 03 – Colaboração em destaque no dia 12 de novembro de 2011
3.2.2 – 13 de novembro de 2011
No dia 13 de novembro de 2011 a página inicial do site BrasilWilki! apresentava a
seguinte matéria: “o loteamento do Estado” e está disponível através do link
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47436.

A colaboração foi postada pelo jornalista colaborador Firmino500, ou Firmino
Caetano da Silva Junior. Repórter fotográfico também da cidade de Recife (PE). Além de
colaborador no site BrasilWiki! ele também alimenta um blog com as notícias postadas no
endereço http://www.blogdofirminojunior.blogspot.com/.
Mais uma matéria com traços de crônica ou artigo. Um texto relativamente curto, 15
linhas, onde o colaborador não utiliza fotos, mas sim uma ilustração, um dado estranho por
ele ser um repórter fotográfico. O uso de links também é restrito às redes sociais, Twitter e
Facebook. Outro caso de notícia em que se adjetivou demais o texto. Na “notícia”, o
42
colaborador supõe que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou os Ministérios ou
Secretarias Especiais, como fonte de renda e enriquecimento dos partidos aliados e do próprio
PT (Partido dos Trabalhadores). Por exemplo, podemos citar o trecho em que ele diz: “...
maximizou seus "resultados paralelos" ao transformar os ministérios em máquina de arrecadar
recursos para os partidos...”
Mais uma vez, o colaborador não teve o trabalho, ou cuidado, de procurar opiniões de
especialistas e não ouviu os envolvidos e, ao final, Firmino cita Mara Montezuma Assaf como
fonte. Não especifica se ela quem fez o texto ou se foi retirado de alguma matéria da própria,
deixando assim uma lacuna.

Figura 04 – Colaboração em destaque dia 13 de novembro de 2011
3.2.3 – 14 de novembro de 2011
No dia 14 de novembro de 2011 a página inicial do site BrasilWilki! apresentava a
seguinte matéria: “Veja como era o dia de trabalho de ‘Nem da Rocinha’” e está disponível
através do link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47458.

43
A colaboração foi postada pelo jornalista colaborador Roberto Leal da cidade de
Salvador (BA). No site não existem especificações sobre formação ou perfil do usuário.
No caso desta matéria duas diferenças em relação às demais. A primeira é a questão do
uso de recursos de hipermídia, com a inclusão de um vídeo na matéria. Existe uma seção
destinada às matérias com vídeos, mas esta, porém, estava em destaque. De acordo com
Primo e Träsel (2006), as publicações online incorporaram a hipermídia à produção do texto,
aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade permitidas pela convergência das
mídias digitais.
Uma matéria que foi “copiada” do site www.R7.com.br. Um site de notícias da Rede
Record de Comunicação. O colaborador não alterou nenhuma parte do texto, inserindo no
BrasilWiki! na íntegra. A partir deste dado notou-se que haveria necessidade de citar as
fontes, como foi feito por Leal. Além do vídeo, existem apenas links para redes sociais,
Twitter e Facebook, conforme as demais matérias. Lembrando que os links são do lay out do
site e não postados pelos colaboradores. Acredita-se que alguns links enriqueceriam a matéria,
uma vez que o texto ficou curto novamente devido ao vídeo.
Em relação à produção textual, segue as normas de um site hipermidiático normal.
Sendo de uma empresa de comunicação. Ou seja, o colaborador só teve o trabalho de postá-lo
e citá-lo ao final.

44
Figura 05 – Matéria em destaque dia 14 de novembro de 2011

3.2.4 – 15 de novembro de 2011
No dia 15 de novembro a página inicial do site BrasilWiki! apresentava a seguinte
notícia: “Fronteiras Virtuais – Viagem a Lugar Nenhum” e está disponível no link
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47500.

A colaboração foi postada por W. Gerling da cidade de São Paulo (SP). No site não há
especificações acadêmicas ou formação profissional no perfil do colaborador.
O texto tem um tema recorrente, interessante, a cibercultura, mas já na primeira
palavra do texto notou-se um erro da prática jornalística: o uso da frase na primeira pessoa.
“Eu estava escrevendo...”. Além disso, a falta de fotos deixa o texto com aspecto pesado,
denso; quando chega à metade, já não se tem vontade de continuar, até por que a forma que o
colaborador abordou o assunto também o deixou carregado. Alguns erros de digitação e
pontuação comprometem a qualidade, leitura e legibilidade do texto; existe grafia de algumas
palavras de forma errônea; o lay out do texto, não justificado, também contribui para
desorganização das ideias. A produção do texto como um todo é boa, mas como foi dito, em
45
alguns pontos o colaborador deixou a desejar e faz com que o leitor perca a atração pela
notícia, até pela falta de fotos e excesso de palavras.
Por fim, ele cita, em algumas partes do texto, a cibercultura e não explica o que
significa. Um leitor leigo não consegue identificar o que é o termo, acredito que deveria
explicar melhor, ou pelo menos colocar um link direcionando a algum site que passe esta
informação. Falando em links, mais uma vez nenhum foi inserido, além das redes sociais,
Facebook e Twitter. Não sei se é regra do site, mas acredito não ser permitido incluir links,
mesmo disjuntivos21 nas matérias.

Figura 06 – Matéria em destaque dia 15 de novembro de 2011

3.2.5 – 16 de novembro de 2011
No dia 16 de novembro a página inicial do site BrasilWiki! apresentava a seguinte
notícia: “Crédito consignado – mais uma perversão contra os aposentados” e está disponível
no link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47507.
A colaboração foi postada por um colaborador que se apresenta com o nickname de
Acstupp de Santo Amaro da Imperatriz (SC). Foi produzida no dia 15/11/2011, no entanto se
21

Links que não abrem na mesma página do navegador e sim em outra janela.

46
tornou página inicial dia 16/11/2011. No texto há uma citação com o nome de Aurélio e o link
de um site: http://aposentadolabutando.com/ e o mesmo texto está disponível em
http://aposentadolabutando.com/?p=497, acessado em 16/11/2011 às 16:21. O blog citado é de

textos referentes à defesa dos aposentados e contra o fim do fator tributário. Na própria
especificação do site tem a frase “Luta pelo fim do fator previdenciário e pela reposição das
perdas nos benefícios dos aposentados.” No site não há especificações acadêmicas ou
formação profissional no perfil do colaborador.
Alguns jornalistas colaborativos são ativistas de ONG’s, sindicatos e afins e utilizam
desta arma para disseminar informações em proveito próprio. Podemos exemplificar esta
afirmativa acima com o próprio texto.
Neste texto, voltado para uma parcela da sociedade, mesmo sendo de interesse
público, o colaborador se passa como personagem da matéria. Ele cita que “milhões de
aposentados vivem com 70% do salário mínimo...”. Acredito que não seria difícil encontrar
um personagem e uma fonte para a matéria. Utilização de adjetivos a começar pelo título
quando se fala em “perversão”. Outro caso de adjetivação é quando cita os envolvidos nos
escândalo do Mensalão de 2003, como “Corja” e dá título a uma parcela de aposentados,
chamando-os de “miseráveis”.
A construção textual da matéria também deixa a desejar. Vários erros de pontuação
dificultam o entendimento da matéria. O texto apresenta uma única foto, como todos os outros
que têm fotos. Em alguns casos nenhuma imagem foi adicionada ao texto. Mais uma vez foi
notada a falta de links na matéria, além dos direcionáveis às redes sociais, Facebook e
Twitter. O único link além destes é o do site http://aposentadolabutando.com/. Ele cita alguns
dados que não são de conhecimento da maioria da população como, fator previdenciário.
Acredito que poderia ter sido criado um link para este termo em específico para explicar
melhor do que se trata. Outro termo citado é o Mensalão. Muitos leitores provavelmente não
se recordam o que realmente aconteceu, seria viável a ligação com alguma página que
explicasse a situação.
Por fim, nota-se que é mais um texto voltado à crônica, ou artigo, do que ao
jornalismo, criando-se uma confusão nos gêneros jornalísticos. Neste caso podemos dizer que
é um texto opinativo.
47
Figura 07 – Matéria em destaque dia 16 de novembro de 2011
3.2.6 – 17 de novembro de 2011
No dia 17 de novembro de 2011 a matéria principal do site tem o título
"Partido que guerreou contra os Cristeros volta ao poder no México", foi publicada em
15/11/2011, no entanto se tornou capa em 17/11/2011 e está disponível no endereço
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47501.

A colaboração foi postada por Jefferson Nóbrega de Brasília (DF). Ele administra o
blog HTTP://candangoconservador.blogspot.com. Neste site ele também postou a mesma notícia
através do endereço eletrônico: http://candangoconservador.blogspot.com/2011/11/partido-queguerrou-contra-os-cristeros.html Acessado dia 17/11/2011 às 15:38. Nóbrega, como ele mesmo

afirma em seu site é “Católico, conservador, monarquista e totalmente anti-comunista,
48
portanto, não seria nunca imparcial!”. Não há especificações de formação acadêmica ou
profissional do colaborador.

Figura 08 - Matéria em destaque dia 17 de novembro de 2011
Começando a analisar a matéria supra citada, pude perceber uma grande diferença
entre a abordagem visual do BrasilWiki! e do Blog. O BrasilWiki! traz, além do texto, uma
foto e quatro links. O primeiro deles direcionando para o blog do próprio colaborador, e no
final da matéria mais três, direcionando o internauta para a história dos Cristeros. Tornou-se
interessante por que foi o primeiro texto que tentou explicar pro internauta do que se tratava
Um destes links leva a um documentário com o título “A Revolução Cristera”
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Krd4WdTtOl8, dividido em duas

partes. Foi inevitável a comparação entre as duas plataformas devido a quantidade de
elementos que o blog utilizou. Conforme imagem abaixo, foram duas fotos e dois vídeos, os
mesmos que foram utilizados no site, no entanto, os links utilizados no site não incorporam os
vídeos à página, mas sim direcionam a outra página.
Diante desta situação, notou-se que a falta de link nas outras pode ser por deficiência
do próprio servidor do site BrasilWiki!. os links das redes sociais, Facebook e Twitter
também estão presentes no site BrasilWiki!. Além disso, foram usadas Tags, palavras-chave,
49
para que se o internauta/leitor quiser saber mais sobre algum dos assuntos mais abordados no
texto, ele será direcionado aos sites de busca.
A construção textual é bem definida, contudo, o colaborador, como já é recorrente do
site, não ouviu fontes ou especialistas, neste caso historiadores para dar mais veracidade e
credibilidade ao texto. A notícia, como esperado, tem mais função como crônica do que como
matéria jornalística. Como ele mesmo disse, “não seria nunca imparcial”. Outro ponto a
questionar é a questão dos valores-notícia, como o interesse de uma determinada categoria.
Este é o tipo de notícia que tem interesse do público e não interesse público.

Figura 09 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com

50
Figura 10 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com
3.2.7 – 18 de novembro de 2011
No dia 18 de novembro de 2011 a matéria principal do site tem o título "Hospital
Israelita Albert Einstein realiza a primeira cirurgia de ponte de safena através de robô", e está
disponível no link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47571. A mesma matéria
está disponível no site http://www.jornalalef.com.br/.
A colaboração foi postada por Mauro Wainstock da cidade do Rio de Janeiro (RJ). No
BrasilWiki! não há especificações de formação acadêmica ou profissional do colaborador. No
entanto, no site www.jornalalef.com.br ele é apresentado como jornalista e administra o site
desde 1995.

51
Figura 11 – Página inicial do site www.jornalalef.com.br
A notícia é bem estruturada e, já no início, conta com o link do Jornal Alef. Fato novo,
já que até então, não havia nenhum link no início da matéria e, em alguns casos, nem links
havia no texto. Outro fato é a presença de uma imagem, que quebra o texto e faz com que
fique mais fácil a leitura, além disso, a foto provavelmente foi feita no momento da cirurgia.
Por ter sido uma matéria produzida por colaborador, é raro se ter imagens do momento.
Provavelmente, até jornalistas profissionais teriam dificuldade de conseguir autorização para
acompanhar o procedimento.
A construção textual é bem simples e direta, faz com que o leitor se interesse pela
matéria. Acredita-se que, no lead, faltou apenas o dia que foi realizada a cirurgia. No mais, ele
está completo. Outro fato interessante é que, mesmo sendo um procedimento feito no Hospital
Israelita e divulgado por um site voltado para os assuntos da comunidade Israelita, é um tema
recorrente no país e de interesse público.
Ao final do texto que explica sobre a cirurgia, o colaborador criou uma retranca para
mostrar o que é o Jornal Alef e para qual público ele se volta. Mais uma vez existe a presença
de links direcionando ao site. No entanto, há um equívoco dos desenvolvedores do site
52
BrasilWiki! ao criarem um link conjuntivo, ou seja, o internauta clica no link e abre na mesma
página, saindo da página principal do site.
Ao final de toda matéria existem outros links direcionando às redes sociais da
comunidade Israelita, Facebook e Twitter, um email para contato e novamente um link para o
site do Jornal Alef. Além dos links direcionando para as redes sociais, Facebook e Twitter, do
próprio BrasilWiki!.

Figura 12 – Matéria em destaque dia 18/11/2011

53
CONCLUSÃO
Quando de fala em internet e jornalismo, de qualquer forma, na rede, pensa-se logo em
facilidades tecnológicas, em comodidade. Até mesmo os jornalistas profissionais alegam que
a internet auxilia, e muito, o trabalho do apurador. Sem sombra de dúvidas que sim, mas estas
facilidades podem, e devem, ser bem aproveitadas. Coisa que nem sempre acontece.
O Jornalismo Colaborativo é uma das ferramentas que o internauta, leitor comum, tem
para interagir com o universo da redação jornalística. Mas há de se pensar em como fazê-lo.
As técnicas de redação, apuração e reportagem, presentes nas escolas de comunicação, são
eficazes e indispensáveis, as teorias aplicadas ao jornalismo colaborativo também, mas
quando colocamos em paralelo com a prática, diante da análise feita nas matérias em destaque
entre os dias 12 e 18 de novembro de 2011 do site BrasilWiki!, observamos várias
divergências.
Aplicou-se a metodologia neste Trabalho de Conclusão de Curso para responder, ou
pelo menos tentar, às perguntas feitas na introdução. Notou-se que as facilidades na produção
das notícias não são sinônimo de qualidade. Muitas vezes esta facilidade torna-se um inimigo
do bom jornalismo.
Em análise do site BrasilWiki!, percebe-se que nem sempre a informação é confiável,
principalmente quando se trata de partidários, ativistas e simpatizantes de alguma causa.
Matérias com sentido de crônicas ou artigos são veiculadas diariamente, sem nenhum tipo de
controle, ou crivo. Acredita-se que a figura do Gatekeeper está ultrapassada, mas a divulgação
de informações inverídicas pode acarretar em problemas. Notou-se também que alguns
colaboradores são privilegiados, ao terem várias matérias publicadas, mesmo não sendo
página inicial do site.
Fatos, como citado por José Aparecido Miguel, ex-editor do site em entrevista
fornecida por e-mail, ocorrem com frequencia em redações de sites. Segundo ele, há um caso
de uma matéria veiculada que citava uma igreja e a mesma se sentiu ofendida. Ainda de
acordo com Miguel, a matéria e o processo foram arquivados.
Diante do recorte feito do site BrasilWiki!, esta pesquisa chega à conclusão que o
jornalismo colaborativo não se torna uma ameaça ao jornalismo clássico. O jornalismo
tradicional exige experiência, técnicas corretas de apuração e pelo visto nas sete matérias
54
veiculadas e analisadas, não houve este cuidado com a maioria delas. Dentre as matérias
analisadas, a produzida dia 18 de novembro, “Hospital Israelita Albert Einstein realiza a
primeira cirurgia de ponte de safena através de robô”, foi a mais completa, ou que chegou
mais próximo ao padrão jornalístico profissional. Talvez por ter sido feita por um jornalista
com experiência.
Quando se fala em jornalismo colaborativo, algumas emissoras de TV, rádios e jornais
impressos podem até dizer que utilizam desta fonte para estimular a produção. No entanto,
com o recorte feito, acredita-se que as matérias são muito opinativas para serem divulgadas
em um jornal ou TV que preze pela imparcialidade e objetividade.
Quando questionado quais são os critérios para uma matéria se tornar página inicial do
site, o ex-editor, Miguel, informou que são “critérios de editores profissionais de jornalismo
da equipe do Jornal do Brasil”. Duas considerações a fazer neste caso: a primeira é que o
Jornal do Brasil é uma empresa e como toda tem patrocínios e desavenças; a segunda é que
sendo desta forma, não se fará um site colaborativo parecido com o site do jornal principal.
Ou seja, o site tem suas limitações técnicas pra não fazer concorrência.
Quando não se utiliza fontes com conhecimento técnico, as matérias perdem, e muito,
a credibilidade. No caso da matéria do dia 16 de novembro, “Crédito consignado – mais uma
perversão contra os aposentados”, o próprio colaborador é a fonte e personagem da notícia.
Sendo ele prejudicado e o que seria privilegiado, no caso de uma melhora no sistema.
Entende-se que é uma forma de autopromoção ou simplesmente favorecimento a uma classe.
Os poucos links disponibilizados no site são praticamente iguais ao texto. Acredita-se
que seria viável o destaque dos links no texto para melhor visualização, como palavras
sublinhadas ou coloridas. Além disto, a maioria das matérias apresenta ilustrações e não fotos
realmente. Isso faz com que a notícia perca credibilidade e interesse por parte do
leitor/internauta.
Por fim, o próprio site faz pouco uso das ferramentas disponibilizadas pela internet
para otimizar a navegação, visualização e legibilidade. As matérias não utilizam links, o que
faz a hipertextualidade, citada por Lévy (1993), ficar comprometida. Os elementos gráficos
são pouco utilizados, com apenas uma foto, ou um vídeo por matéria, e isto se dá devido à
superficialidade das notícias ou pelo tom crítico, conforme visto anteriormente.
55
GLOSSÁRIO
Blog - Blog ou Weblog designa um diário mantido na Internet através de sistemas de
publicação fáceis de utilizar. Os Weblogs popularizaram-se nos últimos anos, criando sites
pessoais que se tornaram verdadeiras referências de opinião e informação na Internet.
Facebook – Rede social, uma das mais utilizadas do mundo. Disponível em
www.facebook.com

Flog - fotolog ou fotoblog - É um registro publicado na Internet com fotos colocadas em
ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma parecida com um
Blog. A palavra é uma abreviação de fotolog, que por sua vez surge da justaposição de "foto"
e "log" (do inglês, diário). Num flog, o principal objetivo é compartilhar imagens de maneira
interativa, já que as pessoas que visitam o site geralmente podem fazer comentários, sugestões
ou críticas.
Freelancer - também conhecido como freela ou frila, é o termo inglês para denominar o
profissional autônomo, que se auto-emprega em diferentes empresas ou, ainda, guia seus
trabalhos por projetos, captando e atendendo seus clientes de forma independente.
Incorporar: Colocar o player do vídeo na mesma página da postagem do texto.
Lay Out - a área de design ou formato de página e as margens
Newsmaking - Trata-se de teoria da rotina de produção do jornalismo. A partir da interação
constante das pessoas especializadas em comunicação (jornalistas, editores, fotógrafos, etc.)
surge a notícia. Abandona-se a Teoria do Espelho para entender que, de fato, o jornalismo
ajuda a construir a realidade, não sendo mero reprodutor dessa realidade.
On Line - Em linha, ligado. Estado em que o computador está em ligação direta com uma
rede.
da Internet que teve o crescimento mais rápido em toda a rede. Abreviada como WWW ou só
Web.
Post – Postagens feitas em blogs ou perfis de redes sociais

56
Servidor - Sistema informático que permite o acesso a informação por parte de outros
sistemas ou computadores dispostos em rede; computador que, numa rede de computadores,
aloja esse tipo de sistema informático.
Site - Sítio, local. Também designado Website. Refere-se geralmente a um grupo de páginas
web que apresentam um produto, uma empresa, uma ideia, etc. Engloba por isso páginas e
conteúdos, assim como zonas para descarregar ficheiros (download). Deste conjunto de
páginas, a principal (Home Page) é aquela a que se chega quando o endereço principal ou o
domínio são selecionados.
Tags - Palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação.
Twitter – Microblog onde se pode discorrer em 140 caracteres sobre qualquer assunto.
Disponível em www.twitter.com
Webcam - É uma câmara de vídeo de baixo custo que capta imagens, transferindo-as de
modo quase instantâneo para o computador ou para Internet. Muito utilizada em
videoconferências, geralmente possui baixa qualidade de imagem e ausência de som. O tipo
de conexão utilizada com o computador geralmente é do tipo USB.
Web - Teia, rede. Abreviatura de World Wide Web. Pode ser referida como “The Web”.
www - Rede mundial. O sistema de informação e de fontes baseado no hipertexto (hypertext)
YouTube – Site exclusivamente de vídeos www.youtube.com.br

57
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TRAQUINA, Nelson. O Estudo do Jornalismo no Século XX. São Leopoldo: Unisinos,
2003. P. 172

60
Matéria da página inicial dia 12/11/2011
Será que os "ministros lullistas" estão testando a coragem cívica de Dilma Rousseff?
72 acessos - 0 comentários
Publicado em 09/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter Júlio Ferreira, Recife - PE
Ao que parece, chegamos ao ponto em que os ministros que foram "empurrados goela abaixo"
pelo ex-presidente Lulla no governo Dilma Rousseff, resolveram seguir a orientação do chefe,
e colocar em cheque a autoridade da presidente de plantão, como que fazendo um teste quanto
a coragem cívica da ex-guerrilheira.
Recorde-se que em relação ao ministro Orlando Silva, quando começaram a surgir as
denúncias de "mutretagens" no Ministério do Esporte, o ex-presidente Lulla foi incisivo no
incentivo para Orlandinho resistir às pressões, negando-se a deixar o cargo. Infelizmente, para
decepção de Lulla, Orlandinho preferiu jogar a toalha, talvez com medo de que, chegando-se
a um embate, o PCdoB acabasse perdendo o direito de indicar seu sucessor, o que colocaria
em risco a garantia de que, ficando o Ministério do Esporte nas mãos de um "cupincha", suas
maracutaias pudessem ser "empurradas para baixo do tapete".
Agora, quando a podridão começa a tomar conta do Ministério do Trabalho, parece que o
ministro Carlos Lupi está disposto a seguir a orientação lullista, e promete resistir até as
últimas consequências, inclusive fazendo discursos ameaçadores, dando a entender que, se
cair, vai "botar a boca no trombone". Agora eu quero ver se essa tal de Dilma Rousseff,
cantada e decantada como uma mulher de fibra, é tudo isso que dizem ser? Afinal, depois do
que foi dito por Carlos Lupi, só falta a presidente Dilma Rousseff fingir que não entendeu as
ameaças veladas contidas nas últimas declarações do "boquirroto" Lupinho.
(FONTE -> www.ex-vermelho.blogspot.com/)
Matéria da página inicial dia 13/11/2011
O loteamento do estado
13 acessos - 0 comentários
61
Publicado em 13/11/2011 pelo(a) Wiki Repórter firmino500, Recife - PE
Em abril de 2002 contavamos com 23 ministérios no governo de Fernando Henrique. Já era
um número alto, mas nos governos de Lula da Silva, ao serem criadas as tais Secretarias
Especiais (com status de ministério) ele os aumentou para 32. E por que isso? Porque Lula
modificou a razão de ser dos ministérios e maximizou seus "resultados paralelos" ao
transformar os ministérios em máquina de arrecadar recursos para os partidos, principalmente
para o seu próprio, o PT. Por sua vez, os partidos encontraram ali um bom cabide de emprego
para pendurar seus filiados, cuja missão precípua passou a ser a de desviar parte das verbas
deste ministério para o cofrinho do seu partido. Não é à toa que eles brigam para não perder a
sua Pasta... Chegou? Não... Tem mais: ocupar um ministério significa para o político entrar
em contato com os mega empresários, e neste contato saem "bons negócios para ambas as
partes"... Sem falar que estes empresários serão aqueles mesmos que nas eleições farão
generosas doações em dinheiro para seu dileto amigo. Conclusão: Lula conseguiu lotear a
administração pública no Brasil, que virou uma bandalheira geral e, não por acaso, em 11
meses de mandato Dilma ela foi obrigada a defenestrar 6 dos seus ministros... E, pelo visto,
outros mais também cairão. Que desserviço!... Que 'herança maldita' nos foi legada por Lula!
fonte Mara Montezuma Assaf.
WWW.BLOGDOFIRMINOJUNIOR.BLOGSPOT.COM

Matéria de página inicial dia 14/11/2011
Veja como era um dia de trabalho de "Nem da Rocinha"
48 acessos - 0 comentários
Publicado em 14/11/2011 pelo(a) Wiki Repórter Roberto Leal, Salvador - BA
Antônio Francisco Bonfim Lopes, o "Nem", comandava um exército de duzentos homens na
Rocinha. Os lucros com o tráfico de drogas fizeram dele um homem rico e poderoso. De
acordo com uma das pessoas que conviveram com o traficante, na comunidade ele era
conhecido como "O Mestre", que comandava um mercado nobre das drogas, um dos mais
rentáveis do Brasil. "Nem" dominava as comunidades da Rocinha e do Vidigal, localizadas
62
entre os bairros de São Conrado, Gávea e Leblon, regiões ricas do Rio de Janeiro. A equipe
do Domingo Espetacular subiu o morro e mostra imagens exclusivas da rotina dentro do
território de "Nem". Assista!
Link do vídeo: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47458.
Matéria de página inicial dia 15/11/2011
FRONTEIRAS VIRTUAIS - VIAGEM A LUGAR NENHUM
6 acessos - 0 comentários
Publicado em 15/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter W.GERLING, SÃO PAULO - SP
Eu estava escrevendo um texto para o post de meu fotolog e , de repente uma música dos
Beatles me veio à mente : Magical Mistery Tour.Comecei a rir porque , com certeza, Lennon
& McCartney não imaginaram que a música pudesse retratar de alguma forma os rumos que o
mundo tomou dirigido por correntes de pensamentos , movimentos de insatisfação e
extrapolações ficcionais que juntas pintariam o quadro que apreciamos hoje.Na década de 60,
quando ainda não éramos seres informatizados, movimentos como Beatniks e Hippies eram
chamados de “ contracultura”.A ficção científica retratava uma Utopia (temos falado muito
em Utopia ,ultimamente!) , que significava isso mesmo : era muito bom para ser verdade
!Thomas More quando escreveu seu trabalho, imaginou que tudo se passava numa ilha isolada
em lugar indeterminado. Uma sociedade de iguais onde os bens materiais não eram a razão de
viver.Por isso , Utopia é “ lugar nenhum” .
No começo da década de 70 Bill Gates idealizou o primeiro computador pessoal , mas nem
ele acreditava que as pessoas , como indivíduos tivessem necessidade de um computador
pessoal.O criador enganou-se a respeito da sua criação e da revolução que ela provocaria no
nosso mundo .
A informática produziu mudanças mais profundas , mexendo com o âmago e as aspirações
humanas .O que chamamos hoje “ realidade virtual” veio como um gatilho que disparou
nossos íntimos “ projéteis” representados por anseios, fantasias, sentimentos de fracasso e
sucesso e insatisfações .
63
Em face disso a contracultura hoje recebe outro nome, ou outros nomes. Fala-se em “cultura
underground”, em Cyberpunk, ambas contidas no “Cyberspace”. Mas, afinal o que é esse tal
de Cyberspace? É a implementação mais direta do que chamamos realidade virtual, onde um
espaço tridimensional é criado pelo computador de forma que possa existir uma interação
homem-máquina. O Cyberspace é o mundo dos computadores em rede.
Não vou entrar em detalhes, mas esse fenômeno mudou a maneira de ver o mundo e
extrapolar idéias para o futuro. A contracultura de hoje , “underground” ou cyberpunk não
pode ser chamada de Utopia porque desprezam o sentimento humano uma vez que o cérebro
esta ligado à máquina e aos seus sistemas, gerando indiferença entre as pessoas.
Falamos da realidade virtual, em ser um gatilho que disparou nossos projéteis mais íntimos
.Um exemplo disso é o Programa “Second Life” onde escolhemos um Avatar, um segundo Eu
, um “alter Ego?” que simplesmente, atropela nossa realidade e nos torna perfeitos, ricos,
poderosos e tudo o mais que quisermos ser. Acredito ser esse um momento de verdadeira
paranóia onde nos afastamos da realidade à velocidade da luz e nos tornamos “deuses”, ainda
que virtuais. O regresso é sempre penoso pois alimentamos nosso inconsciente de valores
imediatos que conscientemente e realmente não dispomos .
A ficção cyberpunk tornou o mundo futuro uma desolação. Não há esperança de melhoria, as
imagens são de pessimismo, uma vez que o homem esta em contato direto com a máquina e
sua luta consiste em não ser por ela subjugado.
Antigamente dizia-se que ’informação é poder’. Já não é mais!Uma vez que qualquer pessoa
pode de maneira imediata dispor da informação que quiser. O poder consiste em usar
corretamente a informação e, parece que esse é o problema que as novas gerações vivem:
Simplesmente, não sabem usá-la. O desprezo pelos valores que alcançamos até aqui (não à
custa da cibernética) fez surgir novos movimentos e novas buscas, responsáveis pelo imenso
lixo cultural que podemos apreciar em qualquer lugar, desde a mídia (que o produz aos
montes) até as salas de aula, onde uma interpretação de texto é feita por história em
quadrinhos do Alvin relegando-se ao posto de simples curiosidade os mestres da literatura. A
justificativa é a “memória áudio-visual”.
Um movimento de contracultura deveria ter características visíveis e sólidas se pretende
combater o que há de errado com nossa cultura. Mas, já a partir do nome (não me justifiquem
64
que é apenas uma referência!): “underground” – subterrâneo – é algo que já nasceu enterrado,
escondido, ( subversivo?). Sendo subterrâneo não pode ver o que se passa, realmente, à vista
de todos. Quando muito pode fazer adeptos do tipo “Eu contra o Mundo” representados
virtualmente por um super-herói Punk caracterizado por uma fantasia “dark and down” a
título

de

protesto,

contra

o

que,

nem

eles

saberão

responder!

Ao se falar em valores humanos lembro uma frase atribuída a Einstein, em sua visão pessoal
do mundo: “Nada verdadeiramente valioso pode ser conseguido simplesmente através da
ambição e do senso de dever, mas nasce através do amor e da devoção”
Ainda ia render pano pras mangas mas, paro aqui porque meus chips sofreram
superaquecimento e preciso dar um reboot para novas tarefas!.
Até mais!
Matéria de página inicial dia 16/11/2011
"Crédito consignado - Mais uma perversão contra os aposentados"
89 acessos - 0 comentários
Publicado em 15/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter Acstupp, Santo Amaro da Imperatriz - SC
Por (*) Aurelio
Tente imaginar-se ganhando um salário mínimo, e agora tente imaginar-se vivendo com
apenas 70% desse valor.
É inviável não é?
Pois é assim que vivem milhões de aposentados no Brasil, seu benefício que mais parece uma
esmola, na verdade muito menor do que é dado aos criminosos, e tendo esse desconto de 30%
todo mês descontado direto do seu benefício sem que ele (a) sequer veja esse valor.
Faça os cálculos: 1 salário mínimo = R$545,00
Tire desse valo 30% = R$163,00
Valor restante para passar o mês inteiro = R$382,00

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  • 1. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ IGOR RODRIGUES ROCHA JORNALISMO COLABORATIVO NA INTERNET: Como informar sem perder a atração pela notícia? Belo Horizonte 2011 9
  • 2. IGOR RODRIGUES ROCHA JORNALISMO COLABORATIVO NA INTERNET: COMO INFORMAR SEM PERDER A ATRAÇÃO PELA NOTÍCIA. Monografia apresentada à Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em comunicação social, com habilitação em jornalismo. Orientador: Prof. Ms. Gilvan Araújo 10
  • 3. BELO HORIZONTE 2011 Dedico este trabalho aos meus filhos, Pedro e Carlos. Que um dia possa servir de exemplo a eles; à minha amiga e ex-coordenadora, Rosânia Carvalho (In Memorian); e à minha família Zeca, Reji e Bel (Hoje é minha vez), que sempre estão comigo em todos os caminhos. 11
  • 4. Agradeço a Deus por permitir mais esta vitória em minha vida. À Rejane, comadre, Anésia, madrinha e Johannes e Beto, afilhados. Aos meus amigos sinceros que sempre estiveram, e estão, comigo. Às “minhas meninas” Kelly Brígida, Maria Miranda (Kinha) e Michely Oliveira. Agradeço também ao meu orientador mestre, Gilvan Araújo. Muito Obrigado a todos. 12
  • 5. RESUMO Este projeto de Trabalho de Conclusão de Curso tem como tema o Jornalismo Cidadão suas implicações e aplicações no dia-a-dia da sociedade. Para isso, em primeiro momento, no capítulo 2 se fará a construção das bases teóricas para fundamentar o estudo de caso do site BrasilWiki! (www.brasilwiki.com.br), que será feito no capítulo 3. A escolha do site BrasilWiki! se deu devido à influência do Jornal do Brasil no cenário jornalístico brasileiro. Para análise das notícias foram observados critérios como ferramentas utilizadas, construção textual, diagramação do site, assuntos abordados e valores-notícia, tais como, ineditismo, relevância e imediatismo, e qualidade ortográfica e qualificação profissional do colaborador. Palavras-chave: Jornalismo colaborativo; Jornalismo on line; práticas jornalísticas, hipertexto. 13
  • 6. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 - Página de matérias bloqueadas do site BrasilWiki 31 Figura 02 – Página inicial do BrasilWiki! – 12 de novembro de 2011 32 Figura 03 – Colaboração em destaque no dia 12 de novembro de 2011 35 Figura 04 – Colaboração em destaque no dia 13 de novembro de 2011 36 Figura 05 – Colaboração em destaque no dia 14 de novembro de 2011 38 Figura 06 - Colaboração em destaque dia 15 de novembro de 2011 39 Figura 07 – Colaboração em destaque dia 15 de novembro de 2011 41 Figura 08 - Matéria em destaque dia 17 de novembro de 2011 42 Figura 09 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com 43 Figura 10 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com 44 Figura 11 – Página inicial do site www.jornalalef.com.br 45 Figura 12 – Matéria em destaque dia 18/11/2011 46 14
  • 7. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 REFERENCIAL TEÓRICO 12 2.1. Um Pouco de História 12 2.2. Cenário Contemporâneo 16 2.2.1. Tecnologias da Informação em Comunicação 16 2.2.2. O Que é Notícia? 18 2.3. As Redes Sociais 22 2.3.1 Facebook 23 2.3.2. Twitter 23 2.4. Contrapontos do Colaborativo 25 3. ESTUDO DE CASO BRASILWIKI 30 3.1. Colaborando 31 3.2. Analisando as Matérias Postadas por Colaboradores 33 3.2.1. 12 de Novembro de 2011 35 3.2.2. 13 de Novembro de 2011 34 3.2.3. 14 de Novembro de 2011 36 3.2.4. 15 de Novembro de 2011 38 3.2.5. 16 de Novembro de 2011 39 3.2.6. 17 de Novembro de 2011 41 3.2.7. 18 de Novembro de 2011 44 CONCLUSÃO 47 GLOSSÁRIO 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51 ANEXOS 54 15
  • 8. 1. INTRODUÇÃO O mundo passou por uma transformação significativa nos últimos 20 anos e pelo visto não vai parar pelos próximos. Em consequência disto, as profissões estão mudando e com o jornalismo não é diferente. Imagine, hoje, como seria a sua vida sem a internet. Agora imagine a vida de um jornalista sem a internet. As ferramentas digitais fizeram o homem “transformar” a comunicação mundial. O que antes era um modelo linear – emissor, mensagem, receptor – hoje se transformou em interatividade. Essa interatividade faz com que o espectador, ouvinte ou internauta não seja apenas contemplador da notícia e sim parte integrante dela, além de, em muitos casos, ser o produtor da mesma. A revolução nas ferramentas de publicação na internet fez os usuários/consumidores de informação a repensarem o modo de produzi-las e divulgá-las. Com o crescente aumento de Blogs e páginas do gênero (Flogs e Vlogs), o internauta passa a ser não somente consumidor, mas produtor de notícias, entretenimento e afins. Imagine uma pessoa que produza 200 milhões de Tuítes por dia. Ou então que postasse 48 horas de vídeos no YouTube por minuto. E criasse um blog a cada segundo. Impossível? Sim para um único ser humano1. Mas a colaboração faz com que isso se torne possível e cada indivíduo com uma câmera digital, um celular pode produzir um vídeo ou tirar uma foto de algo que julgar interessante e fazer com que esse momento se torne uma notícia. A internet potencializou ainda mais a participação do público no processo de produção da notícia. Uma maior interação ocorre pelas características do meio, que tem maior acesso e mais fácil manuseio que os outros veículos. Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Ao profissional desta área dá-se o nome de jornalista. É também a profissão de pessoas que reúnem, avaliam, difundem ou comentam as notícias. O jornalista seria o profissional envolvido na formulação de conteúdos analíticos para a comunicação de massa, seja na apuração, na apreciação, no processamento ou na divulgação de informações. (KUNCZIK; VARELA, 1997) 1 Dados disponíveis em http://info.abril.com.br/noticias/internet/youtube-recebe-48h-de-videos-a-cadaminuto-26052011-0.shl - acessado em 18/09/2011 às 19:44 16
  • 9. O jornalismo se apresentou, e se apresenta até hoje, como um auxiliar da sociedade. Denunciando, apurando e divulgando informações de grande relevância para o povo, não só o brasileiro. A partir de um dado momento, o jornalismo passou a ser feito também pelos cidadãos, estes auxiliando o profissional nesta batalha do dia-a-dia. Através de uma análise de sites noticiosos esta pesquisa vai verificar a eficácia do jornalismo colaborativo e suas vertentes. Além disso, verificar se as mídias tradicionais, rádio, TV e impresso, utilizam dessa ferramenta nos trabalhos diários. No primeiro capítulo traçou-se um histórico da criação da internet, como foi seu surgimento e desenvolvimento. Citou sobre relacionamento em redes lembrado por Thompson (1999), a criação e disseminação no ciberespaço como referenciado em Lévy (1999), Lemos (2000) e Figueiredo (2009). A inserção dos meios de comunicação na internet veio citada em Dourado (2010). Primo e Träsel (2006) mostram a evolução da internet com novas ferramentas, como a introdução de vídeos em páginas de periódicos on line. Após as citações do primeiro capítulo, a pesquisa se voltou para o cenário contemporâneo baseado nas teorias de Beltrão (2007). As novas tecnologias da informação em comunicação vêm fundamentadas em Pacievitch (2005), que mostra a revolução nas ferramentas tecnológicas que fez produzir milhões de sites, blog’s e afins. Mostrou a diferença em se produzir um programa de rádio e um site. Fez-se um paralelo entre o jornalismo colaborativo e o jornalismo comunitário em Traquina (2003), Pena (2008). Foschini e Taddei (2006) lembram que “o mundo está repleto de pontos de vista distintos e os meios de comunicação tradicionais já não bastam para descrevê-lo, compreendê-lo e descobri-lo”. Após elucidar estas questões, a pesquisa trouxe à tona o que vem a ser notícia, quais os critérios para noticiar um fato e quais as implicações deste fato noticiado. Como vimos em Lage (1982, p. 65), a notícia “é o relato de uma série de fatos, a partir do espaço mais importante ou interessante. Os eventos estarão ordenados por ordem de importância decrescente, respeitando a regra da pirâmide invertida” e também em Rodrigues (1993). Falou-se também das redes sociais e suas influências no dia a dia do Jornalismo Colaborativo. Em Figueiredo (2009) lembrou-se da quantidade de jornalistas profissionais 17
  • 10. que utilizam ferramentas de Facebook e Twitter para facilitar o trabalho e em contraponto, Torres (2011) fala, em artigo científico, que jornalismo de Twitter não é jornalismo. Lembrando que muitos jornalistas utilizam Tuites de famosos para pautas diárias. De posse da constituição teórica dos capítulos iniciais, voltou-se a pesquisa para o estudo de caso do site BrasilWiki!. O site foi escolhido por apresentar algumas das características expostas nas teorias anteriormente citadas. Nele, as especificidades que envolvem as teorias do jornalismo e a produção de jornalismo em redes são perceptíveis. No estudo de caso foram observadas as sete matérias da página inicial do site nos dias 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 de novembro de 2011. Para análise das notícias foram observados critérios tais como, ineditismo, relevância e imediatismo; a qualidade ortográfica das matérias, e a qualificação profissional do colaborador. Palavras estrangeiras foram inseridas no decorrer da pesquisa. No final desta monografia, existe um glossário com todos os termos e significados, caso o leitor ache pertinente, esclarecer eventuais dúvidas. Esta pesquisa não pretende esgotar o assunto “Jornalismo Colaborativo”, mas sim discorrer, analisar, descrever, interpretar sobre os motivos que levam a sociedade a aderir ao chamado Jornalismo Colaborativo e por que ele está se difundindo tanto nos meios de comunicação. Verificar se existe veracidade nas informações; se as facilidades na produção, com os meios eletrônicos, proporcionam uma informação de qualidade e confiável; analisar quais as vantagens e desvantagens proporcionadas; examinar se o Jornalismo Colaborativo apresenta um risco para o jornalismo clássico e por fim, questionar se existe credibilidade no que é produzido. 18
  • 11. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Um Pouco de História Uma arma de guerra. Com essa finalidade foram desenvolvidos os primeiros computadores. Com os inimigos interceptando facilmente os telégrafos, notou-se a necessidade da criação de uma ferramenta mais potente, eficaz e segura para a comunicação em tempos de guerra. No entanto, as dimensões desta nova ferramenta não ajudavam na locomoção. Com o passar do tempo, novas ferramentas foram desenvolvidas e possibilitaram a redução no tamanho das máquinas. Já na década de 1960, na eminência de uma nova guerra, os Estados Unidos, preocupados com possíveis ataques da extinta União Soviética a bases militares, viram a necessidade da descentralização das informações. Com o apoio dos países aliados e de alguns institutos de pesquisas europeus – principalmente o CERN2 – foi criada a primeira rede de computadores. Desta forma, se um deles fosse destruído a informação não se perdia, pois estava em fluxo constante. A internet foi concebida em 1969, durante a Guerra Fria, quando a Advanced Research Projects Agency (Arpa – Agência de Pesquisa e projetos avançados), uma organização ligada ao Departamento de Defesa norte-americano, criou a Arpanet. Rede nacional de computadores que servia para garantir a comunicação emergencial, caso os Estados unidos fossem atacados por outro país, principalmente a União Soviética, no período da guerra fria. A partir de então foram criados os primeiros PC’s (em inglês Personal Computers). Com essa nova modalidade de computadores, ficou mais fácil o acesso a eles, que até então era destinado somente às forças armadas. A princípio foram desenvolvidos para auxiliar o homem em cálculos complexos, assim demandaria menos tempo e seriam feitos com maior exatidão. Em 1986, a National Science Foundation (NSF – Fundação Nacional de Ciência), fez uma significativa contribuição para a expansão da internet, quando desenvolveu uma rede que conectava pesquisadores de todo país por meio de grandes centros de informática e computadores. Foi denominada NSFNET, que continuou se expandindo e, no começo da década de 1990, eram mais de 80 países interligados. 2 CERN em francês: Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire. O maior laboratório de física de partículas do mundo sediado em Genebra – Suíça. Fonte: www.wikipedia.com.br 19
  • 12. Timothy John Berners-Lee, ou simplesmente Tim Berners-Lee, um físico britânico, trabalhou durante anos em um projeto com a colaboração do estudante Robert Cailliau, em 1989, propôs a criação da World Wide Web (WWW) e, em 6 de agosto de 1991, há vinte anos, entrava na rede o primeiro site: www.info.cern.ch. O crescimento da www foi tão rápido que, em 1996, já existiam mais de 56 milhões de usuários no mundo. No mesmo ano, 95 bilhões de mensagens eletrônicas foram enviadas nos Estados Unidos, enquanto as cartas convencionais somaram 83 bilhões de postagens nos correios, de acordo com a Computer Industry Almanac3. Você já imaginou como seria a vida hoje sem a internet? Pois esta ferramenta e muitas outras colaboram para o fluxo de informações nas redes digitais. No entanto, houve um grande diferencial nas relações humanas e de acordo com Thompson (1999, p. 13), “a interação face a face perdeu espaço para os meios desenvolvidos pelas tecnologias”. Sem sombra de dúvidas que a internet representa uma nova era para a mídia. Uma infraestrutura interconectada para múltiplas formas de comunicação. A internet pode vir a ser a primeira esfera pública global e, é o primeiro meio que oferece a chance de comunicar-se com suas próprias vozes, com uma audiência internacional de milhões de pessoas. As formas populares e os fóruns de interação incluem websites pessoais e coletivos e outras diversas ferramentas comunicacionais. Eles facultam novas e extraordinárias possibilidades. É a primeira vez que se tem um veículo acessível a um vasto número de indivíduos e coletivos do mundo inteiro, que permite a transmissão de, praticamente, qualquer informação. O chamado ciberespaço4 não necessita da presença física para a interação. E conforme Lemos (2000), “O ciberespaço é um espaço de fluxos. Ele nos coloca em meio a processos de mobilidade imóvel, ou imobilidade móvel, de contatos sem presença física, de deslocamentos imaginários”. Lévy (1999) complementa o pensamento de Lemos lembrando que “o ciberespaço encoraja uma troca recíproca e comunitária, enquanto as mídias clássicas praticam uma comunicação unilateral na qual os receptores estão isolados, uns dos outros”. Dessa forma: 3 Pesquisa disponível em http://www.c-i-a.com/ - acessado 27/09/2011 às 16:46 4 Artigo disponível em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/viagem.html acessado em 08/04/2011 às 16h45min 20
  • 13. A internet abre espaço para novos atores sociais e novas vozes; ela propõe a diversidade informacional. Os indivíduos deixam de ser representados e passam a ser reconhecidos pela própria voz através de seus próprios relatos e suas próprias linguagens; passam a ser co-autores do processo de construção do conhecimento (CASTRO, 2005). Neste contexto, o ciberespaço pode ser considerado: Como uma virtualização da realidade, uma migração do mundo real para um mundo de interações virtuais. A desterritorização, saída do “agora” e do “isto” é uma das vias régias da virtualização por transformar a coerção do tempo e do espaço em uma variável contingente. Esta migração em direção à uma nova espaço-temporalidade estabelece uma realidade social virtual, que, aparentemente, mantendo as mesmas estruturas da sociedade real, não possui, necessariamente, correspondência total com esta, possuindo seus próprios códigos e estruturas (GUIMARÃES, 1997) No início da INTERNET, a ausência de sistemas e aplicativos de fácil manuseio impedia a apropriação pelos usuários das possibilidades de conversação e produção de conteúdo. A Web era mais “lida” do que “escrita”. De acordo com o site www.infoabril.com.br, em meados da década de 1990 alguns jornais engatinhavam com o chamado “webjornalismo”. O advento da internet que possibilitou o novo gênero, e ele veio para revolucionar as relações profissionais e as próprias rotinas produtivas. Na segunda metade da década de 1990 a INTERNET se tornou comercial e muitos jornalistas migraram para a nova mídia. No entanto, a maioria dos sites jornalísticos surgiu como meros reprodutores do conteúdo publicado em papel. O pioneiro foi o norte-americano The Wall Street Jornal, que em março de 1995 lançou o Personal Jornal, veículo entendido pela mídia como sendo o “primeiro jornal com tiragem de um exemplar” (Ferrari, 2004). Já no Brasil, o primeiro a se lançar na internet foi o Jornal do Brasil, criado em maio de 1995 e seguido logo depois pela versão eletrônica do jornal O Globo. O jornalismo digital inclui todo produto discursivo que re-produz a realidade pela singularidade dos fatos, tem como suporte de circulação as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia que transmita sinais numéricos e que incorpora a interação com os usuários no processo produtivo (GONÇALVES apud PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 10). O jornalismo digital surgiu muito precário devido às proporções e disponibilidade de ferramentas. Com a velocidade de navegação na internet de cerca de 9 kbytes/seg. tornava 21
  • 14. praticamente impossível se trabalhar qualquer idéia de hipermídia. Os jornais trabalhavam com sites que chamamos de “transpositivos”, ou seja, aqueles que somente passam idéias, informações, etc. não há interatividade com o leitor/internauta, nem a utilização de fotos, áudios e vídeos. As notícias seguem o padrão de texto e diagramação do jornal tradicional, agregando poucos recursos para interação com o leitor, em geral apenas e-mail e um menu de navegação, mas também fóruns e enquetes (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7) A partir do ano 2000 podemos verificar uma significativa mudança, ou melhora da tecnologia. Daí em diante observamos surgir os sites “midiáticos”. Eles permitem uma interação entre usuário e portal. Os jornais mais uma vez foram atrás desse filão. Alguns elementos específicos da Web passam a ser agregados à notícia online, embora esta continue seguindo o padrão de texto da edição impressa. Porém, passa-se a oferecer recursos de mídia, listas de últimas notícias e matérias relacionadas, bem como material exclusivo para a versão online (PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7). De acordo com uma pesquisa da União Internacional de Telecomunicações (UIT) 5, realizada em janeiro de 2011, a internet hoje chega a mais de dois bilhões de pessoas no mundo todo. Com o advento de novas ferramentas, aumento da velocidade de navegação e outros fatores, atualmente encontramos sites chamados de hipermidiáticos6, para interagir com o leitor. As publicações online incorporaram a hipermídia à produção do texto, aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade permitidas pela convergência das mídias digitais. Passa a ser levada em conta a possibilidade de distribuição do conteúdo para outras plataformas, como telefones celulares e handhelds. (PRIMO E TRÄSEL, 2006, p. 7). 5 Disponível em http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/01/numero-de-usuarios-de-internet-nomundo-alcanca-os-2-bilhoes.html acessado em 06/04/2011 às 13:50 6 São sites que utilizam de várias ferramentas para interagir com o leitor (vídeos, áudios, texto, etc.) 22
  • 15. Como exemplos, podemos citar os portais jornalísticos da Rede Globo de Televisão, o portal do Jornal Estado de Minas, Jornal Hoje Em Dia, dentre outros. Eles utilizam de todas as ferramentas disponíveis. Segundo Anderson (2006), a televisão está perdendo cada vez mais espaço para internet. Não porque a programação é melhor, mas por não haver tantas alternativas como na web. Ainda segundo Anderson (2006), os homens entre 18 e 34 anos estão desligando a TV e gastando mais tempo na internet e vídeo games. 2.2. Cenário Contemporâneo “O cenário contemporâneo midiático está sendo diretamente afetado pelas últimas transformações sociais decorrentes da mediação tecnológica do conhecimento” (BARBERO apud BELTRÃO, 2007, p.2). 2.2.1 Tecnologias de Informação em Comunicação (TIC’s) Conjunto de recursos tecnológicos utilizados de formas integradas, com objetivo comum: eles são usados em indústrias, comércios, investimentos e educação. A criação de hardwares e softwares potencializa os processos em meios virtuais. De acordo com Thaís Pacievitch, através da internet, novos sistemas de comunicação e informação foram criados, formando uma verdadeira rede. Criações como o e-mail, o chat, os fóruns, a agenda de grupo online, comunidades virtuais, web cam, entre outros, revolucionaram os relacionamentos humanos. A gestão do próprio conhecimento depende da infraestrutura e da vontade de cada indivíduo. A democratização da informação, aliada a inclusão digital, pode se tornar um marco dessa civilização. Contudo, é necessário que se diferencie informação de conhecimento. Sem dúvida, vivemos na Era da Informação7. Para se produzir um programa em uma rádio, por exemplo, necessita-se de pessoal capacitado, técnicos de áudio, uma estrutura para divulgação desse trabalho, maquinário para 7 Artigo disponível em www.infoescola.com.br acessado em 07/11/2011 às 19:23 23
  • 16. gravação e todo um aparato profissional. Já na internet, a própria ferramenta, além de ser de fácil acesso, pode-se ampliar a divulgação do trabalho – textos, vídeos, fotos, etc. – por um custo quase zero. Uma pessoa que presencia ou simplesmente quer divulgar algo, tem meios de fazê-lo em questão de minutos. O internauta passa a não depender, diretamente, dos meios tradicionais para fazer e virar notícia. Ocupar um espaço na internet era o que o consumidor precisava para entrar de vez no mundo da informação e ele conseguiu. Os internautas contribuíram significativamente para um aumento da interação empresas/leitores e a palavra que mais vai nortear esta pesquisa é colaboração. Mas, comumente o Jornalismo Colaborativo é confundido com o jornalismo cívico, ou jornalismo comunitário e, em Traquina (2003, p. 172) observamos que o jornalismo comunitário ou “novo jornalismo” surgiu no final da década de 1980 para suprir uma necessidade da sociedade. Cada vez mais descrente com os mídias, a comunidade lança o desafio de querer mudar o Status Quo (estado atual das coisas) se assemelhando a uma reforma na comunicação. Para falar em jornalismo comunitário precisamos antes pensar o que vem a ser comunidade. Segundo o dicionário Aurélio, é qualidade do que é comum, sociedade, lugar onde residem indivíduos agremiados, comuna. Se é assim, então, todo jornalismo é comunitário, afinal um jornal é lido por centenas de sociedades, de indivíduos agremiados (TAVARES Apud PENA, 2008, p. 184). O jornalismo comunitário atende às demandas da cidadania e serve como instrumento de mobilização social. O jornalismo comunitário tem por missão desvendar as causas e consequências que justificam a condição de vida de uma determinada comunidade. O compromisso não é apenas factual, mas também social. Para Merrit (1995) apud Traquina (2003, p. 172), “existem duas suposições fundamentais: a vida pública não vai tão bem e o jornalismo enquanto profissão está em dificuldade”. Este “novo jornalismo” seria mais voltado a uma comunidade em específico do que com a colaboração dos cidadãos no geral. Também havendo colaboração de cidadãos, mas com um foco diferente. Para exemplificar um modelo de jornalismo cívico, podemos utilizar o quadro Proteste Já, do programa Custe o Que Custar (CQC), veiculado às segundasfeiras, às 22 horas, na Rede Bandeirantes de Televisão. 24
  • 17. Há algum tempo que assistimos matérias que são creditadas com “imagens de cinegrafista amador”. Este “amador” nada mais é do que um cidadão jornalista. Algumas críticas ao jornalismo “tradicional” permanecem atuais no universo on line, como, por exemplo, a velocidade, a simplificação, a superficialidade e a banalização. Mas este fenômeno, Jornalismo Colaborativo, está no nosso cotidiano há mais tempo que imaginamos. Ele está nos atentados ao metrô de Londres, ou nas imagens do Tsunami no Oceano Índico e em um acidente com ônibus de turistas. Os veículos tradicionais não estavam lá no momento exato dos acontecimentos e foram esses “cidadãos jornalistas” que municiaram a mídia com imagens do local na hora do ocorrido. Como vemos em Foschini e Taddei (2006, p. 11), “O mundo está repleto de pontos de vista distintos e os meios de comunicação tradicionais já não bastam para descrevê-lo, compreendê-lo e descobri-lo. Por isso, sua perspectiva (do cidadão) é importante para desenhar um cenário mais completo”. Marcondes Filho (1989) aconselha que o ideal do jornalismo é que todos tenhamos a oportunidade de expressar ideias e posições como forma de amenizar o desequilíbrio e da distribuição de poder. 2.2.2. O Que é Notícia? Quando se fala em jornalismo imagina-se, logo, uma sala repleta de jornalistas, editores, repórteres e afins. Numa correria incessante para conseguir “o furo”, correria para terminar a edição a tempo, correria para fechar com anunciantes, correr atrás de fontes, etc. Realmente esta é a rotina do profissional de jornalismo. Mas nos últimos tempos vemos surgir um fenômeno que vai muito além do jornalismo, feito somente por profissionais. O chamado Jornalismo Colaborativo, jornalismo participativo ou ainda jornalismo open source.8 Esta nova modalidade é uma idéia de jornalismo na qual o conteúdo é produzido por cidadãos sem formação jornalística, em colaboração com jornalistas profissionais. Caracteriza-se pela maior liberdade na produção e veiculação de notícias, já que não exige formação específica em jornalismo para os indivíduos que a executam. 8 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo Acessado dia 12/03/2011 às 11h23min. 25
  • 18. As informações são divulgadas a partir de depoimentos, vivências e experiências de cidadão comuns, que relatam fatos a jornalistas, empresas de comunicação, etc. Mas não somente desta forma tem sido feito o jornalismo colaborativo. Os chamados cidadãos comuns criam seus blogs, páginas no Twitter e lançam informações – verídicas – na rede. Todas estas informações são avaliadas pelos critérios de noticiabilidade em uma redação, mas o que definitivamente, é notícia? Quais são os critérios de noticiabilidade. O que é notícia e o que não é? O que é de interesse público? Quem faz essa seleção das notícias para serem divulgadas nos sites e portais que se utilizam dessa ferramenta? Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta o interesse do público a que o jornal se destina. Mas para jornais e jornalistas: Notícia é a matéria prima do jornal. A base de tudo que é publicado da nota mais alegre ao mais sério editorial. Em sua busca, concentra-se todo o esforço da redação. Ela comanda o ritmo de trabalho, determina os horários, impõe gastos, provoca edições extras. Sem ela não haveria o que dizer, comentar, criticar ou elogiar (AMARAL 2008 p. 234) Para Ammus Comming Apud Lage (1982), a notícia é o relato de uma série de fatos, a partir do espaço mais importante ou interessante. Os eventos estarão ordenados por ordem de importância decrescente, respeitando a regra da pirâmide invertida. O acontecimento jornalístico é, por conseguinte, um acontecimento de natureza especial, distinguindo-se do número indeterminado dos acontecimentos possíveis em função de uma classificação ou uma ordem ditada pela lei das probabilidades (RODRIGUES, 1993, p. 27). Traquina (2003) diz que transformar um acontecimento em notícia significa dar-lhe existência pública, levá-lo à discussão. A notícia conta aquilo que assistimos diretamente e cujo conhecimento seria remoto de outra forma. Mesmo sendo de grande importância no momento, esses novos veículos não representam uma ameaça à categoria (jornalistas), nem às plataformas tradicionais como impresso, rádio e TV. Os sites de Jornalismo Colaborativo vêm ocupar o vácuo deixado pela grande mídia em diversas áreas onde não há interesse comercial. A internet, como nenhum outro meio, potencializa a participação do público no processo noticioso. A possibilidade de uma maior interação ocorre, principalmente, pelas características do meio que, diferentemente de outros veículos, é de mais fácil acesso e não 26
  • 19. possui uma delimitação rígida de espaço. Com o advento das tecnologias digitais, a popularização do computador, da câmera digital, do telefone celular que fotografa, filma e enviam mensagens e imagens, entre outros equipamentos tecnológicos, os cidadãos comuns passaram a ter acesso a formas de publicação de conteúdo. Uma pessoa que presencia e registra um fato jornalístico ou que quer transmitir algo que julga importante para a sociedade passou a ter acesso mais rápido e fácil aos meios que possibilitam essa publicação. Quem quer divulgar algo pode montar um site, um blog ou até mesmo postar o conteúdo num portal colaborativo e deixar aquela notícia acessível a todos. O internauta não depende do jornalista ou do dono de um determinado veículo para divulgar as informações que deseja. Maior acesso à internet e interfaces simplificadas para publicação e cooperação on line. Popularização e miniaturização de câmeras digitais e celulares; a “filosofia hacker” como espírito de época; insatisfação com os veículos jornalísticos e a herança da imprensa alternativa. Por outro lado, as tecnologias digitais têm servido como motivador para uma maior interferência popular no processo noticioso (PRIMO e TRÄSEL apud LIMA JUNIOR, 2011, p. 64). A internet deu aos indivíduos os meios técnicos e econômicos para desenvolver iniciativas de jornalismo ordinário; a interação do público na produção de conteúdo é vital para a eficiência da internet como meio de divulgar informações jornalísticas. A participação do jornalista, como mediador neste processo, também é de suma importância, mas ele não pode alterar a qualidade e a pertinência informativa do conteúdo. Amaral, Baldessar, Lapolli e Spanhol afirmam que o papel do jornalista como mediador é essencial para dar significado e contexto à diversidade de materiais publicados por internautas. O grande desafio do profissional que atua em portais noticiosos é garantir uma maior inclusão do internauta sem prejudicar a qualidade da informação. Novas funções foram adquiridas, como facilitar a comunicação e organizar os arquivos enviados pelos cidadãos-repórteres, verificar, reformular e complementar as informações, controlar a qualidade do material publicado, entre outras. O jornalista passa ser visto mais como um intérprete do que guardião da notícia (AMARAL et al Apud LIMA JR, 2009, p. 11). 27
  • 20. Nos dias atuais ainda há a figura do Gatekeeper,9 uma teoria que privilegia a ação pessoal. Refere-se à pessoa que tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se a bloqueia. Diante de um grande número de acontecimentos, só viram notícia aqueles que passam por uma cancela, portão. E quem decide isso é uma espécie de porteiro ou selecionador (o Gatekeeper), que é o próprio jornalista. Ele é responsável pela progressão da notícia, ou por seu arquivamento. O termo apareceu pela primeira vez em 1947, através do psicólogo Kurt Lewin, para estudar problemas ligados à modificação de hábitos alimentares. No entanto, em 1950, David Manning White, foi o primeiro teórico a aplicar o termo ao jornalismo e conclui que as decisões foram subjetivas e arbitrárias, dependentes de juízos de valor baseados no conjunto de experiências, atitudes e expectativas do Gatekeeper. De cada dez despachos, nove foram rejeitados. Nos anos subseqüentes, a teoria do Gatekeeper foi perdendo prestígio e estudos posteriores mostraram que as decisões do Gatekeeper estavam mais influenciadas por critérios ligados às rotinas, do que por uma avaliação individual de noticiabilidade. Uma das primícias do jornalismo colaborativo é a “não censura” de quaisquer matérias. Axel Bruns cria o termo gatewatching para os trabalhos on line, que vão designar a oposição do Gatekeeping. No ciberespaço a função do Gatekeeper tem menor força explicativa. …online os portões estão nas mãos dos produtores de informação (no limite, qualquer um que publique um website com informação com potencial valor de notícia), bem como nas mãos do usuário final, que navegando pela web age constantemente como seu próprio gatekeeper — mas não necessariamente com as organizações midiáticas de notícias (BRUNS apud PRIMO e TRÄSEL, 2006, p. 7). De acordo com Pena (2008), a imprensa funcionaria como um espelho do real. Por essa teoria (do espelho), o jornalista é um mediador desinteressado, seu dever é somente informar, e informar significa buscar a verdade acima de qualquer outra coisa. O aparecimento da Teoria do Espelho está veiculado às mudanças na imprensa norte-americana na segunda metade do século XX. Outra teoria jornalística que devemos observar é a do Newsmaking. Segundo Pena (2008), ela leva em consideração os critérios de noticiabilidade, valores-notícia, constrangimentos organizacionais, construção da audiência e rotinas de 9 Teoria jornalística onde um profissional é responsável pela escolha das matérias que serão divulgadas, ou seja, o “Guardião do portal”. 28
  • 21. produção. Isto quer dizer que o processo de produção da notícia é planejado como uma rotina industrial. Segundo Traquina (2005), o processo de produção da notícia resulta da cultura profissional, dos processos produtivos, dos critérios de noticiabilidade e dos valores-notícia. Além, é claro, dos códigos e regras particulares do campo da comunicação. 2.3 As Redes Sociais Virtuais As redes sociais sempre existiram desde que o homem começou a se comunicar e não surgiram com a tecnologia. Uma rede social é composta por indivíduos ou organizações ligados por algum interesse em comum. Seja uma família, os amigos do bairro, os conhecidos da escola e por assim em diante. Estas redes podem ser relacionamentos horizontais, ou seja, sem hierarquia ou comando. Para o escritor e crítico Howard Rheingold em geral entende-se que comunidade virtual, é uma rede eletrônica auto-definida de comunicações interativas e organizada ao redor de interesses ou fins em comum, embora às vezes a comunicação se torne a própria meta (RHEINGOLD apud FIGUEIREDO, 2009). Rheingold afirma ainda que a internet não apareceu mais como um meio de interação de “poucos para muitos”, mas sim de “muitos para muitos”, fazendo com que o poder da informação fosse descentralizado possibilitando o debate e a circulação de ideias. No entanto, a partir do desenvolvimento de ferramentas tecnológicas, estas redes migraram para o âmbito virtual. As plataformas digitais potencializaram estas redes, mas o objetivo ainda é o mesmo: exercer a interação e a comunicação entre indivíduos, mudando apenas o canal. Antes era via carta, telefones e afins, agora são os computadores que mediam essa relação. Figueiredo (2009) define redes sociais como “um espaço virtual onde existem relações (afetivas, profissionais, entre outras) entre os usuários que compartilham de interesses em comum”. Assim como no mundo real, o virtual também tem seus públicos. Em cada cultura uma rede social é mais aceita. Nos Estados Unidos existe uma divisão entre MySpace e Facebook10. De acordo com Figueiredo (2009), isso é perfeitamente aceitável, uma vez que, como seus usuários, cada rede tem seu perfil e suas ferramentas específicas que fazem de cada uma, redes exclusivas. 10 Pesquisa disponível em www.lemonde.fr 29
  • 22. 2.3.1. Facebook A rede foi criada em 2004 por Mark Zuckerberg, ex-estudante da Universidade de Harvard, na época com 19 anos. O Facebook conta hoje com mais de 800 milhões de usuários em todo mundo e em menos de cinco anos tornou-se a rede social virtual mais popular e mais visitada do mundo. O Facebook conseguiu ultrapassar o Orkut e o MySpace em visitas e usuários em pouco tempo de existência. A princípio a rede era apenas para interação de alunos dentro da universidade de Harvard, depois de algum tempo, outros usuários foram aceitos e, em 2006, a rede foi aberta para o resto do mundo. Quando lançamos o Facebook em 2004, nosso objetivo era criar um jeito mais rico e rápido das pessoas dividirem informação sobre o que estava acontecendo ao seu redor. Pensávamos que dando para as pessoas melhores ferramentas para elas se comunicarem, isso ajudaria a entenderem melhor o mundo, o que faria com que elas tivessem mais poder de transformá-lo (ZUCKERBERG apud FIGUEIREDO 2009, p. 40). O Facebook hoje é uma das maiores marcas do mundo. Recentemente uma avaliação feita por analistas estimulou-se que a rede pode chegar a U$ 85 bilhões e até 2015 a U$ 234 bilhões, aproximadamente11. 2.3.2. Twitter O microblog revolucionou a internet ao fazer uma pergunta simples: “O que você está fazendo agora?”. Com o espaço de 140 caracteres, o Twitter fez com que pessoas pensassem no que estavam fazendo e como sintetizar isso em um texto curto. A ferramenta foi criada e lançada também em 2006, por Jack Dorsey, com seu lay out simples e com a ideia de minimizar os pensamentos e inspirado na comunicação entre os taxistas. Em janeiro de 2009 eram 5,9 milhões de visitantes únicos e 54 milhões de visitas ao todo. Um grande diferencial do Twitter é que as postagens podem ser feitas tanto pelo site oficial 12, como por aplicativos instalados no navegador. Ou ainda pelo celular, outra forma de interatividade e instantaneidade. Para saber o que outro usuário “tuíta” basta ser um seguidor, a partir daí 11 Dados coletados em http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2011/03/31/facebook-sera-avaliado-emus-234-bilhoes-em-2015-dizem-analistas-924135628.asp Acessado 29/09/2011 às 15:50 12 www.twitter.com 30
  • 23. receberá atualizações que os seus seguidos fizerem no seu próprio perfil. As pesquisadoras Gabriela Zago e Raquel Recuero indicam que a ferramenta no Brasil costuma ter uma utilização bem mais voltada para fins informacionais. Embora muitos usem a ferramenta para conversar, o uso informacional parece predominar (ZAGO apud FIGUEIREDO 2009, p. 43). Com toda essa notoriedade, o Twitter não iria passar despercebido pelas empresas que passaram a utilizar o microblog como fonte de informação e publicidade gratuitas. Segundo a revista Fortune, 34 das 100 maiores empresas do mundo a utilizam redes sociais. Alguns exemplos são a Kodak, que usa o Twitter para promover o blog da marca, divulgando e discutindo os posts. As redes sociais não funcionam apenas para comunicação entre amigos, disseminador de informações e diversão. Elas possuem um importante papel midiático e as empresas estão utilizando dessas ferramentas para estreitar os laços com os clientes e fornecedores. O instinto de propagador do internauta faz com que ele espalhe notícias na rede em ritmo epidêmico. O espírito colaborativo é uma grande característica do novo consumidor e isso implica em mais cautela da empresa. Uma vez que a mensagem for mal interpretada, corre-se o risco de um elogio transformar-se em crítica rapidamente e se espalha com a mesma velocidade pela rede. É preciso sensibilidade das empresas para conseguir o impacto positivo de uma determinada campanha na internet. É certo, portanto que, neste meio as técnicas convencionais de propaganda não funcionam. Banners invasivos e de produtos e serviços fora de contexto, spam e Rich Media13 são estratégias não bem vindas no meio das comunidades virtuais. Publicidade meramente persuasiva não surte efeito neste meio (MARI apud FIGUEIREDO, 2006, p. 49). As ferramentas de comunicação, assim como as redes sociais em plataformas digitais, vieram para potencializar a comunicabilidade, no entanto, se mal usadas podem se tornar grandes vilãs, tanto de empresas quanto de pessoas. A forma que nos relacionamos com estes instrumentos é determinante para o sucesso, ou não, de uma campanha, empresa ou carreira profissional. Como foi o caso do jovem René Silva que usou sua conta no Twitter para enviar notícias sobre a ocupação da Polícia Militar do Rio de Janeiro ao complexo de favelas do Morro do Alemão, zona Norte da cidade, em fevereiro de 2011. Após a iniciativa, o número de seguidores do twiteiro aumentou significativamente. Hoje ele soma cerca de quarenta mil 13 É o conjunto de algumas ferramentas e linguagens de programação como Flash, Director, DHTML, streaming de vídeo e áudio, entre outros. 31
  • 24. seguidores no Twitter, mantém um jornal on-line e impresso para comunidades do Complexo do Alemão. Isso mostra que o público está interessado em outros olhares, além do ponto de vista da grande mídia. “Hoje, a comunicação social é mais ampla. Mais ampla que o jornalismo e que os próprios meios de comunicação” (BUCCI, 2000, p. 191)14. 2.4 Contrapontos do Colaborativo Mas como em toda inovação, o jornalismo colaborativo tem seus contrapontos. A veiculação de uma notícia falsa pode acarretar em problemas graves, tanto para o portal quanto para o envolvido/citado no texto. O site colaborativo do canal CNN, iReport, é aberto a usuários postarem informações sem mediação da redação, no entanto, em outubro de 2008, um internauta postou no iReport que o executivo-chefe da Apple, Steves Jobs, que faleceu em 2011, havia sofrido um ataque cardíaco. Em pouco tempo, a notícia provocou uma queda nas ações no mercado financeiro e a empresa teve que se apressar em corrigir a informação. Segundo Salaverría apud Becker e Teixeira (2009), frente ao mito, se apresenta uma modesta realidade porque o hipertexto raramente é utilizado como recurso no ciberespaço. Apesar de todos os avanços tecnológicos, a imprensa on line ainda busca uma identidade própria. O hipertexto é uma forma de escrita mais utilizada na internet. No entanto, os primeiros conceitos de hipertexto não datam da invenção da internet e sim na década de 1940, com o engenheiro e político norte-americano, Vannevar Bush, que publicou um ensaio no qual ele criticava os sistemas de armazenamentos de informações da época, que eram sempre lineares, hierárquicos, verticais. Segundo Bush, o pensamento humano não funciona de forma linear e sim por associações. Para Nelson apud Santaella (2004), o hipertexto é um sistema de escrita não sequencial, um texto que se desmembra e que permite escolhas ao leitor. Desta forma, Lévy (1993) analisa o conceito de hipertexto informando que o texto é um objeto virtual, abstrato, independente de um suporte específico. 14 Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_cidad%C3%A3o> acessado em 12/03/2011 às 11h55min 32
  • 25. O hipertexto, hipermídia ou multimídia interativo leva adiante, portanto, um processo já antigo de artificialização da leitura. Se ler consiste em selecionar, em esquematizar, em construir uma rede de remissões internas ao texto, em associar a outros dados, em integrar as palavras e as imagens em uma memória pessoal em reconstrução permanente, então os dispositivos hipertextuais continuam de fato uma espécie de objetivação, de exteriorização, de virtualização dos processos de leitura (LÉVY apud SANTAELLA, 2004, p43) Lévy (1993) cita os critérios para se caracterizar o hipertexto e são eles: o princípio da metamorfose, que é processo de constante construção e renegociação de sentidos que se dá nos hipertextos; princípio da heterogeneidade, tanto os nós quanto as conexões que se estabelecem entre as diversas partes são heterogêneos, ou seja, os dados são qualitativamente diferentes (sons, imagens, textos); princípio da multiplicidade, no hipertexto cada nó ou conexão pode revelar toda uma rede de novos nós e cada uma dessas novas conexões pode apresentar um universo de conexão; princípio de exterioridade, o fluxo constante de elétrons, de dados digitais que mudam constantemente são incorporados e trocados a todo momento; princípio da topologia, a rede não está no espaço, ela é o espaço; princípio da mobilidade dos centros, a cada conexão desenham-se novos cenários de leituras com novos centros e novas possibilidades. A ideia de que é necessário a criação de um centro é transferida para o leitor. Ele é o centro. Segundo Castells (1999), as redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma voluntária e democrática, em torno de objetivos e/ ou temáticas comuns, e são estabelecidas por relações que supõe o trabalho colaborativo participativo. Dessa forma, a produção jornalística em redes permite o compartilhamento de informações em todos os níveis, sem canais reservados, favorecendo a formação de uma cultura participativa do cidadão e que tenha, ao mesmo tempo, uma autonomia. A audiência possui um controle maior sobre a produção nesse meio, se transforma em um Jornalismo freelance sem censura. Essas redes de computadores vieram incrementar e não substituir outras formas essenciais de organização. Os computadores também proporcionaram maior rapidez na disseminação, no intercâmbio e na análise das informações. Ainda de acordo com Becker e Teixeira (2009), as informações de redes colaborativas que funcionam como plataformas, sejam rapidamente reproduzidas nas emissoras de TV e websites de mídias, apenas para postagem de conteúdo. Até por que “fotos de um incêndio, de um massacre ou de um fenômeno ambiental agregam valor de consumo imediato, mas não de 33
  • 26. conhecimento” (BECKER e TEIXEIRA, 2009, p. 47). Aguiar apud Becker e Teixeira (2009), afirma que informações transmitidas por essas redes são de tratamento diferenciados dos fatos sociais, que valorizam mais a notícia como mercadoria do que como forma de conhecimento de realidades sociais. A perspectiva do usuário como agente no processo de comunicação subverte a forma de distribuição unilateral e a recepção passiva de informações nas redes colaborativas, e aponta para uma nova maneira de pensar a relação entre os produtores e consumidores, entre jornalistas e cidadãos, entre os veículos de comunicação e a sociedade. (BECKER; TEIXEIRA, 2009, p. 48) Outra crítica às ferramentas colaborativas de produção na internet é que ela dissolve as divisórias entre fato e ficção, entre invenção e realidade, obscurecendo o princípio da objetividade. A criação em demasia se trata, para o autor, em um culto ao amadorismo, gerando assim uma disfunção na comunicação. Cleyton Carlos Torres15, em seu artigo “Jornalismo de Twitter não é jornalismo16”, fala que “o aparente modismo das redes sociais tem feito com que muitos veículos de comunicação trabalhem de maneira simplória e até mesmo errônea”. Outro exemplo é o uso massivo do Twitter para cobertura e criação de pautas. O chamado “segundismo” tem dado espaço para a rede, onde comentários e opiniões de usuários estão sendo utilizados para complementar matérias. Um risco que, segundo Carlos Torres, o veículo corre por não se ter confirmação da identidade real de seus usuários. Ele cita ainda um outro fator agravante e alguns veículos ainda assim fazem uso. Utilizar o microblog para realização de matérias rápidas, como por exemplo, “Fulano de Tal disse em sua conta no Twitter que acordou com dores e talvez não jogue a próxima partida”. Nem sempre esta fonte é confiável e na maioria das vezes não é o próprio envolvido quem posta, pode ser, por exemplo, um assessor. O jornalista encerra seu artigo lembrando que as ferramentas digitais devem ser usadas para que a notícia chegue mais rápido ao público e não que ela se torne fonte exclusiva de pesquisa. “O jornalismo digital deve usar o maior número possível de meios para chegar ao público, porém com qualidade editorial, e não apenas de forma quantitativa e exibicionista”. 15 Cleyton Carlos Torres é professor, jornalista, blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/-jornalismo-de-twitternao-e-jornalismo – acessado em 19/09/2011 às 16:04 16 34
  • 27. Outra ponderação é do também jornalista Marcel J. Cheida17, em seu artigo “Jornalista: as responsabilidades de uma profissão nada simples18”, ele lembra que “o jornalismo colaborativo não dispõe, pelo menos até agora, dos recursos técnicos e éticos, geralmente, para a produção intensiva noticiosa como ocorre no jornalismo profissional. Isso porque, o colaborador é eventual e não rotineiro”. Outro ponto a se pensar é em relação à imparcialidade e a objetividade jornalística. Atualmente os estudantes não aprendem somente a publicar informações sob as pressões das redações, eles também escrevem em blogs, fazem uso das redes sociais, escrevem artigos opinativos e, de algum modo, as faculdades já vem ensinando a escrever editoriais. A noção e definição de objetividade jornalística, da década de 1990, fala em divulgar apenas os fatos e eliminava todas as interpretações ou opiniões jornalísticas. “Se você quer dar opinião no jornal, compre um pra você” (Assis Chateaubriand). Mas o jornalismo atual tende a ser mais pessoal e a objetividade não é uma neutralidade perfeita ou eliminação de interpretação, ela se refere à vontade de uma pessoa utilizar métodos objetivos para testar interpretações. Esta objetividade como método é compatível com o jornalismo que assume um ponto de vista. Mas nem somente o jornalismo colaborativo é criticado em relação à objetividade, ou falta dela. Toda a imprensa está envolvida numa grande manipulação conspiratória. Critica abertamente o que ele chama de "falsa objetividade" da imprensa comercial burguesa, colocando o jornalismo praticado pelo mercado como um instrumento de controle político das elites, contrário aos interesses maiores do povo brasileiro, dando a entender que toda a vida inteligente no jornalismo é manipulada, ou seja, caindo nas armadilhas do desconstrucionismo 19 (MIGUEL, 2005). A responsabilidade de todo processo comunicacional é do cidadão, sendo ele jornalista ou não. A objetividade e a imparcialidade são primícias do jornalismo que são procuradas há 17 Marcel J. Cheida é jornalista e professor na Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. 18 Disponível em http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:m3CMrt674IJ:eptv.globo.com/empregos/NOT,0,0,270795,Jornalista%2BAs%2Bresponsabilidades%2Bde%2Bum a%2Bprofissao%2Bnada%2Bsimples.aspx+contrapontos+do+jornalismo+colaborativo&cd=1&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br – acessado em 19/09/2011 às 16:20 19 Artigo disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/critica_ao_desconstrucionismo_da_objetividade_jornalis tica acessado em 07/11/2011 às 18:46 35
  • 28. tempos, desde os primórdios da profissão. No entanto, com os diversos interesses envolvidos, estes substantivos ficam em segundo plano ou simplesmente são esquecidos. 36
  • 29. 3. ESTUDO DE CASO BRASILWIKI! Esta pesquisa terá uma metodologia do tipo descritiva e que, de acordo com Gil (2002, p. 54), “tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Ela utilizará a técnica de estudo de caso e instrumento de coleta de dados baseado na análise de conteúdo. Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa uma vez que analisará a qualidade das matérias postadas por determinados colaboradores. Durante o processo de pesquisa foi definido o site BrasilWiki! (www.brasilwiki.com.br) como estudo de caso para exemplificar como é feita a produção do jornalismo colaborativo na internet. No site, observou-se que existe uma hierarquia presente nas redações, mas, percebemos que a teoria do Gatekeeper não está presente como um mediador de notícias, nem como uma “censura” prévia. Existe a possibilidade de publicar matérias sem passar pelo crivo do editor, no caso de quem já é cadastrado. Para o colaborador que não é cadastrado, existe uma moderação por parte de editores. O site conta também com uma seção chamada “Barradas”. São várias matérias com algum tipo de impedimento para publicação, como texto sem sentido, cópias de artigos de outros sites ou jornais impressos, texto todo em caixa alta, mas o mais recorrente dos motivos é a notícia sem assinatura ou anônima. Segundo o ex-editor do site, José Aparecido Miguel, todos os usuários cadastrados têm que criar um Nickname20, de no mínimo cinco caracteres. Para melhor elucidar esta questão, segue imagem abaixo. 20 Nome fictício, ou não, para publicações em determinado lugar, site, sala de bate-papo, etc. 37
  • 30. Figura 01 – Página de matérias bloqueadas do site BrasilWiki! O hipertexto, citado por Lévy (1993) aparece em alguns links principalmente direcionando às redes sociais, como Twitter e Facebook. Estas redes que também são citadas como grandes parceiras do jornalismo colaborativo, de empresas e pessoas por Figueiredo (2009). As matérias veiculadas no site seguem o modelo de redação jornalística para plataformas On Line e utilizam-se de ferramentas de produção, como fotos, para facilitar o acesso e visibilidade das notícias. 3.1. Colaborando O site BrasilWiki! foi lançado em 2006 pelos jornalistas Eduardo Fernando de Mattos e José Aparecido Miguel, ambos da editora MM Comunicação Integrada. Em 2010, foi incorporado à Casa Brasil Empreendimentos Culturais do Jornal do Brasil (JB On Line), sob a edição de Paulo Márcio Vaz e Débora Lannes. Vale lembrar que o Jornal do Brasil foi o primeiro, em plataforma impressa, a migrar para plataforma on line. Em agosto de 2010, o jornal passou a não circular mais nas ruas como papel. Com o intuito de disseminar informações e criar um canal de expressão a partir de cidadãos comuns, o site divulga informações de vários conteúdos que vão de cultura à economia; do esporte à política. As 38
  • 31. matérias são enviadas por colaboradores de várias partes do país que se propõem a dividir experiências com os demais colaboradores e leitores do site. Figura 02 – Página inicial do BrasilWiki! – 12 de novembro de 2011 No BrasilWiki!, o processo de divulgação das notícias é descentralizado para os usuários cadastrados. No caso dos não cadastrados, existe uma moderação, para que se tenha um controle do que é publicado. No site BrasilWiki!, 12 são os espaços destinados às notícias e são divididos em editorias, a qual são chamados de abas, a exemplo do site do JB (Jornal do Brasil – www.jb.com.br). 1) Home – página inicial, onde é divulgada a matéria mais relevante para o momento do país. 2) Últimas – onde são veiculadas as matérias mais recentes. 3) Cotidiano – São as notícias de uma editoria de cidades em um jornal impresso. 4) Humor – matérias voltadas a piadas, charges, etc. 5) Cultura – Notícias que reúne agendas, shows, cinema, teatro, etc. 6) Economia – todos os assuntos voltados à economia e seus desdobramentos. 7) Esportes – são matérias relacionadas ao esporte em geral, não só o futebol, como na maioria dos sites “esportivos”. 8) Press Releases – é uma seção de dicas diversas, de cursos gratuitos a indicações de presentes criativos. 9) Deu no Papel – matérias que repercutem as capas dos principais jornais impressos do país. 10) Política – todo assunto 39
  • 32. voltado à política. 11) Fotos – é a seção de fotojornalismo. Divulgando apenas imagens com uma pequena legenda. 12) Vídeos – são todas as matérias que são publicadas com vídeos. 3.2. Analisando as matérias postadas por colaboradores Nesta fase da pesquisa serão analisadas as matérias em destaque na primeira página do site BrasilWiki! dos dias 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 de novembro de 2011. Foi feita uma entrevista, via email, com o ex-editor do site, José Aparecido Miguel. Ele foi editor do site durante 4 anos, se desligando do mesmo no final de 2010. Miguel informou que o critério para a escolha da matéria da página inicial é “Critério de editores profissionais de jornalismo da equipe do Jornal do Brasil”. Percebeu-se, mais uma vez, que a teoria do Gatekeeper está presente no jornalismo colaborativo. Mesmo não sendo como forma de censura, mas sim de critérios de noticiabilidade. De acordo com Bruns apud Primo e Träsel (2006), cria-se o termo gatewatching para os trabalhos on line, que vão designar a oposição do Gatekeeping. No ciberespaço a função do Gatekeeper tem menor força explicativa. Mas ainda assim ela aparece. O estudo de caso com essa amostragem será utilizado para munir críticas, positivas ou não, sobre o jornalismo colaborativo exercido no site. Acredita-se que a amostragem de sete matérias é suficiente para ilustrar algumas questões sugeridas durante a pesquisa, sendo possível fornecer o perfil do site. Nesta etapa serão analisados os critérios naturais de uma notícia, como ferramentas utilizadas, diagramação do site, assuntos abordados e valoresnotícia, tais como ineditismo, relevância e imediatismo; a qualidade ortográfica das matérias, e a qualificação profissional do colaborador. 3.2.1. 12 de novembro de 2011 Nesta data, a matéria da página inicial do site é intitulada de “Será que os ‘ministros Lullistas’ estão testando a coragem cívica de Dilma Rousseff?”, está disponível através do link: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47345. A colaboração foi produzida por Julio Ferreira, da cidade de Recife (PE) e foi postada dia 09/11/2011, mas tornou-se página inicial no dia 12/11/2011. Pela identificação oficial, ele se diz contador, no entanto, ao final de todas as suas postagens existe uma assinatura com link 40
  • 33. de um blog denominado ex-vermelho.blogspot.br, supõe-se que era um ex militante de esquerda que se desiludiu com os rumos que o partido tomou, depois que chegou ao poder. O colaborador comete algumas falhas condenáveis pela pratica jornalística, como por exemplo, o excesso de adjetivação, usando termos como "mutretagens", “podridão”, para se dirigir aos processos do governo e dos ministros. Além disso, utiliza de termos íntimos para citar o ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, e também ao atual ministro do Trabalho, Calos Lupi, como por exemplo, chamando-os de "boquirroto" e Lupinho e Orlandinho. O colaborador se refere ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como “Lulla”, com dois “L”. Não se identifica, no texto, se o internauta não sabe a grafia correta ou se faz uma alusão ao ex-presidente e senador Fernando Collor de Melo. Ferreira também escreve, de forma incorreta, alguns termos, como por exemplo, “Colocar em cheque”, o correto seria “colocar em Xeque”, que significa desafiar. No texto, de certa forma curto, utiliza-se apenas de uma foto com legenda e mais nenhum recurso gráfico. Existem apenas dois links para redes sociais: Twitter e Facebook. Nota-se que o colaborador é oposicionista, ou desiludiu-se com o partido da presidente da República. Por se tratar de um colaborador cadastrado, o site não faz moderação das matérias. De certa forma, podemos dizer que é uma matéria tendenciosa e até um desabafo do colaborador. Para finalizar, acredito que o tipo de texto produzido pelo internauta trata-se mais de um artigo, ou crônica, do que propriamente de uma notícia de relevância. Levando em consideração que ele não se utilizou de nenhuma fonte, nem especialistas no assunto, nem pessoas envolvidas. Em Ammus Comming Apud Lage (1982), a notícia é o relato de uma série de fatos, a partir do espaço mais importante ou interessante. 41
  • 34. Figura 03 – Colaboração em destaque no dia 12 de novembro de 2011 3.2.2 – 13 de novembro de 2011 No dia 13 de novembro de 2011 a página inicial do site BrasilWilki! apresentava a seguinte matéria: “o loteamento do Estado” e está disponível através do link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47436. A colaboração foi postada pelo jornalista colaborador Firmino500, ou Firmino Caetano da Silva Junior. Repórter fotográfico também da cidade de Recife (PE). Além de colaborador no site BrasilWiki! ele também alimenta um blog com as notícias postadas no endereço http://www.blogdofirminojunior.blogspot.com/. Mais uma matéria com traços de crônica ou artigo. Um texto relativamente curto, 15 linhas, onde o colaborador não utiliza fotos, mas sim uma ilustração, um dado estranho por ele ser um repórter fotográfico. O uso de links também é restrito às redes sociais, Twitter e Facebook. Outro caso de notícia em que se adjetivou demais o texto. Na “notícia”, o 42
  • 35. colaborador supõe que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou os Ministérios ou Secretarias Especiais, como fonte de renda e enriquecimento dos partidos aliados e do próprio PT (Partido dos Trabalhadores). Por exemplo, podemos citar o trecho em que ele diz: “... maximizou seus "resultados paralelos" ao transformar os ministérios em máquina de arrecadar recursos para os partidos...” Mais uma vez, o colaborador não teve o trabalho, ou cuidado, de procurar opiniões de especialistas e não ouviu os envolvidos e, ao final, Firmino cita Mara Montezuma Assaf como fonte. Não especifica se ela quem fez o texto ou se foi retirado de alguma matéria da própria, deixando assim uma lacuna. Figura 04 – Colaboração em destaque dia 13 de novembro de 2011 3.2.3 – 14 de novembro de 2011 No dia 14 de novembro de 2011 a página inicial do site BrasilWilki! apresentava a seguinte matéria: “Veja como era o dia de trabalho de ‘Nem da Rocinha’” e está disponível através do link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47458. 43
  • 36. A colaboração foi postada pelo jornalista colaborador Roberto Leal da cidade de Salvador (BA). No site não existem especificações sobre formação ou perfil do usuário. No caso desta matéria duas diferenças em relação às demais. A primeira é a questão do uso de recursos de hipermídia, com a inclusão de um vídeo na matéria. Existe uma seção destinada às matérias com vídeos, mas esta, porém, estava em destaque. De acordo com Primo e Träsel (2006), as publicações online incorporaram a hipermídia à produção do texto, aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade permitidas pela convergência das mídias digitais. Uma matéria que foi “copiada” do site www.R7.com.br. Um site de notícias da Rede Record de Comunicação. O colaborador não alterou nenhuma parte do texto, inserindo no BrasilWiki! na íntegra. A partir deste dado notou-se que haveria necessidade de citar as fontes, como foi feito por Leal. Além do vídeo, existem apenas links para redes sociais, Twitter e Facebook, conforme as demais matérias. Lembrando que os links são do lay out do site e não postados pelos colaboradores. Acredita-se que alguns links enriqueceriam a matéria, uma vez que o texto ficou curto novamente devido ao vídeo. Em relação à produção textual, segue as normas de um site hipermidiático normal. Sendo de uma empresa de comunicação. Ou seja, o colaborador só teve o trabalho de postá-lo e citá-lo ao final. 44
  • 37. Figura 05 – Matéria em destaque dia 14 de novembro de 2011 3.2.4 – 15 de novembro de 2011 No dia 15 de novembro a página inicial do site BrasilWiki! apresentava a seguinte notícia: “Fronteiras Virtuais – Viagem a Lugar Nenhum” e está disponível no link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47500. A colaboração foi postada por W. Gerling da cidade de São Paulo (SP). No site não há especificações acadêmicas ou formação profissional no perfil do colaborador. O texto tem um tema recorrente, interessante, a cibercultura, mas já na primeira palavra do texto notou-se um erro da prática jornalística: o uso da frase na primeira pessoa. “Eu estava escrevendo...”. Além disso, a falta de fotos deixa o texto com aspecto pesado, denso; quando chega à metade, já não se tem vontade de continuar, até por que a forma que o colaborador abordou o assunto também o deixou carregado. Alguns erros de digitação e pontuação comprometem a qualidade, leitura e legibilidade do texto; existe grafia de algumas palavras de forma errônea; o lay out do texto, não justificado, também contribui para desorganização das ideias. A produção do texto como um todo é boa, mas como foi dito, em 45
  • 38. alguns pontos o colaborador deixou a desejar e faz com que o leitor perca a atração pela notícia, até pela falta de fotos e excesso de palavras. Por fim, ele cita, em algumas partes do texto, a cibercultura e não explica o que significa. Um leitor leigo não consegue identificar o que é o termo, acredito que deveria explicar melhor, ou pelo menos colocar um link direcionando a algum site que passe esta informação. Falando em links, mais uma vez nenhum foi inserido, além das redes sociais, Facebook e Twitter. Não sei se é regra do site, mas acredito não ser permitido incluir links, mesmo disjuntivos21 nas matérias. Figura 06 – Matéria em destaque dia 15 de novembro de 2011 3.2.5 – 16 de novembro de 2011 No dia 16 de novembro a página inicial do site BrasilWiki! apresentava a seguinte notícia: “Crédito consignado – mais uma perversão contra os aposentados” e está disponível no link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47507. A colaboração foi postada por um colaborador que se apresenta com o nickname de Acstupp de Santo Amaro da Imperatriz (SC). Foi produzida no dia 15/11/2011, no entanto se 21 Links que não abrem na mesma página do navegador e sim em outra janela. 46
  • 39. tornou página inicial dia 16/11/2011. No texto há uma citação com o nome de Aurélio e o link de um site: http://aposentadolabutando.com/ e o mesmo texto está disponível em http://aposentadolabutando.com/?p=497, acessado em 16/11/2011 às 16:21. O blog citado é de textos referentes à defesa dos aposentados e contra o fim do fator tributário. Na própria especificação do site tem a frase “Luta pelo fim do fator previdenciário e pela reposição das perdas nos benefícios dos aposentados.” No site não há especificações acadêmicas ou formação profissional no perfil do colaborador. Alguns jornalistas colaborativos são ativistas de ONG’s, sindicatos e afins e utilizam desta arma para disseminar informações em proveito próprio. Podemos exemplificar esta afirmativa acima com o próprio texto. Neste texto, voltado para uma parcela da sociedade, mesmo sendo de interesse público, o colaborador se passa como personagem da matéria. Ele cita que “milhões de aposentados vivem com 70% do salário mínimo...”. Acredito que não seria difícil encontrar um personagem e uma fonte para a matéria. Utilização de adjetivos a começar pelo título quando se fala em “perversão”. Outro caso de adjetivação é quando cita os envolvidos nos escândalo do Mensalão de 2003, como “Corja” e dá título a uma parcela de aposentados, chamando-os de “miseráveis”. A construção textual da matéria também deixa a desejar. Vários erros de pontuação dificultam o entendimento da matéria. O texto apresenta uma única foto, como todos os outros que têm fotos. Em alguns casos nenhuma imagem foi adicionada ao texto. Mais uma vez foi notada a falta de links na matéria, além dos direcionáveis às redes sociais, Facebook e Twitter. O único link além destes é o do site http://aposentadolabutando.com/. Ele cita alguns dados que não são de conhecimento da maioria da população como, fator previdenciário. Acredito que poderia ter sido criado um link para este termo em específico para explicar melhor do que se trata. Outro termo citado é o Mensalão. Muitos leitores provavelmente não se recordam o que realmente aconteceu, seria viável a ligação com alguma página que explicasse a situação. Por fim, nota-se que é mais um texto voltado à crônica, ou artigo, do que ao jornalismo, criando-se uma confusão nos gêneros jornalísticos. Neste caso podemos dizer que é um texto opinativo. 47
  • 40. Figura 07 – Matéria em destaque dia 16 de novembro de 2011 3.2.6 – 17 de novembro de 2011 No dia 17 de novembro de 2011 a matéria principal do site tem o título "Partido que guerreou contra os Cristeros volta ao poder no México", foi publicada em 15/11/2011, no entanto se tornou capa em 17/11/2011 e está disponível no endereço http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47501. A colaboração foi postada por Jefferson Nóbrega de Brasília (DF). Ele administra o blog HTTP://candangoconservador.blogspot.com. Neste site ele também postou a mesma notícia através do endereço eletrônico: http://candangoconservador.blogspot.com/2011/11/partido-queguerrou-contra-os-cristeros.html Acessado dia 17/11/2011 às 15:38. Nóbrega, como ele mesmo afirma em seu site é “Católico, conservador, monarquista e totalmente anti-comunista, 48
  • 41. portanto, não seria nunca imparcial!”. Não há especificações de formação acadêmica ou profissional do colaborador. Figura 08 - Matéria em destaque dia 17 de novembro de 2011 Começando a analisar a matéria supra citada, pude perceber uma grande diferença entre a abordagem visual do BrasilWiki! e do Blog. O BrasilWiki! traz, além do texto, uma foto e quatro links. O primeiro deles direcionando para o blog do próprio colaborador, e no final da matéria mais três, direcionando o internauta para a história dos Cristeros. Tornou-se interessante por que foi o primeiro texto que tentou explicar pro internauta do que se tratava Um destes links leva a um documentário com o título “A Revolução Cristera” http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Krd4WdTtOl8, dividido em duas partes. Foi inevitável a comparação entre as duas plataformas devido a quantidade de elementos que o blog utilizou. Conforme imagem abaixo, foram duas fotos e dois vídeos, os mesmos que foram utilizados no site, no entanto, os links utilizados no site não incorporam os vídeos à página, mas sim direcionam a outra página. Diante desta situação, notou-se que a falta de link nas outras pode ser por deficiência do próprio servidor do site BrasilWiki!. os links das redes sociais, Facebook e Twitter também estão presentes no site BrasilWiki!. Além disso, foram usadas Tags, palavras-chave, 49
  • 42. para que se o internauta/leitor quiser saber mais sobre algum dos assuntos mais abordados no texto, ele será direcionado aos sites de busca. A construção textual é bem definida, contudo, o colaborador, como já é recorrente do site, não ouviu fontes ou especialistas, neste caso historiadores para dar mais veracidade e credibilidade ao texto. A notícia, como esperado, tem mais função como crônica do que como matéria jornalística. Como ele mesmo disse, “não seria nunca imparcial”. Outro ponto a questionar é a questão dos valores-notícia, como o interesse de uma determinada categoria. Este é o tipo de notícia que tem interesse do público e não interesse público. Figura 09 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com 50
  • 43. Figura 10 – Blog HTTP://candangoconservador.blospot.com 3.2.7 – 18 de novembro de 2011 No dia 18 de novembro de 2011 a matéria principal do site tem o título "Hospital Israelita Albert Einstein realiza a primeira cirurgia de ponte de safena através de robô", e está disponível no link http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47571. A mesma matéria está disponível no site http://www.jornalalef.com.br/. A colaboração foi postada por Mauro Wainstock da cidade do Rio de Janeiro (RJ). No BrasilWiki! não há especificações de formação acadêmica ou profissional do colaborador. No entanto, no site www.jornalalef.com.br ele é apresentado como jornalista e administra o site desde 1995. 51
  • 44. Figura 11 – Página inicial do site www.jornalalef.com.br A notícia é bem estruturada e, já no início, conta com o link do Jornal Alef. Fato novo, já que até então, não havia nenhum link no início da matéria e, em alguns casos, nem links havia no texto. Outro fato é a presença de uma imagem, que quebra o texto e faz com que fique mais fácil a leitura, além disso, a foto provavelmente foi feita no momento da cirurgia. Por ter sido uma matéria produzida por colaborador, é raro se ter imagens do momento. Provavelmente, até jornalistas profissionais teriam dificuldade de conseguir autorização para acompanhar o procedimento. A construção textual é bem simples e direta, faz com que o leitor se interesse pela matéria. Acredita-se que, no lead, faltou apenas o dia que foi realizada a cirurgia. No mais, ele está completo. Outro fato interessante é que, mesmo sendo um procedimento feito no Hospital Israelita e divulgado por um site voltado para os assuntos da comunidade Israelita, é um tema recorrente no país e de interesse público. Ao final do texto que explica sobre a cirurgia, o colaborador criou uma retranca para mostrar o que é o Jornal Alef e para qual público ele se volta. Mais uma vez existe a presença de links direcionando ao site. No entanto, há um equívoco dos desenvolvedores do site 52
  • 45. BrasilWiki! ao criarem um link conjuntivo, ou seja, o internauta clica no link e abre na mesma página, saindo da página principal do site. Ao final de toda matéria existem outros links direcionando às redes sociais da comunidade Israelita, Facebook e Twitter, um email para contato e novamente um link para o site do Jornal Alef. Além dos links direcionando para as redes sociais, Facebook e Twitter, do próprio BrasilWiki!. Figura 12 – Matéria em destaque dia 18/11/2011 53
  • 46. CONCLUSÃO Quando de fala em internet e jornalismo, de qualquer forma, na rede, pensa-se logo em facilidades tecnológicas, em comodidade. Até mesmo os jornalistas profissionais alegam que a internet auxilia, e muito, o trabalho do apurador. Sem sombra de dúvidas que sim, mas estas facilidades podem, e devem, ser bem aproveitadas. Coisa que nem sempre acontece. O Jornalismo Colaborativo é uma das ferramentas que o internauta, leitor comum, tem para interagir com o universo da redação jornalística. Mas há de se pensar em como fazê-lo. As técnicas de redação, apuração e reportagem, presentes nas escolas de comunicação, são eficazes e indispensáveis, as teorias aplicadas ao jornalismo colaborativo também, mas quando colocamos em paralelo com a prática, diante da análise feita nas matérias em destaque entre os dias 12 e 18 de novembro de 2011 do site BrasilWiki!, observamos várias divergências. Aplicou-se a metodologia neste Trabalho de Conclusão de Curso para responder, ou pelo menos tentar, às perguntas feitas na introdução. Notou-se que as facilidades na produção das notícias não são sinônimo de qualidade. Muitas vezes esta facilidade torna-se um inimigo do bom jornalismo. Em análise do site BrasilWiki!, percebe-se que nem sempre a informação é confiável, principalmente quando se trata de partidários, ativistas e simpatizantes de alguma causa. Matérias com sentido de crônicas ou artigos são veiculadas diariamente, sem nenhum tipo de controle, ou crivo. Acredita-se que a figura do Gatekeeper está ultrapassada, mas a divulgação de informações inverídicas pode acarretar em problemas. Notou-se também que alguns colaboradores são privilegiados, ao terem várias matérias publicadas, mesmo não sendo página inicial do site. Fatos, como citado por José Aparecido Miguel, ex-editor do site em entrevista fornecida por e-mail, ocorrem com frequencia em redações de sites. Segundo ele, há um caso de uma matéria veiculada que citava uma igreja e a mesma se sentiu ofendida. Ainda de acordo com Miguel, a matéria e o processo foram arquivados. Diante do recorte feito do site BrasilWiki!, esta pesquisa chega à conclusão que o jornalismo colaborativo não se torna uma ameaça ao jornalismo clássico. O jornalismo tradicional exige experiência, técnicas corretas de apuração e pelo visto nas sete matérias 54
  • 47. veiculadas e analisadas, não houve este cuidado com a maioria delas. Dentre as matérias analisadas, a produzida dia 18 de novembro, “Hospital Israelita Albert Einstein realiza a primeira cirurgia de ponte de safena através de robô”, foi a mais completa, ou que chegou mais próximo ao padrão jornalístico profissional. Talvez por ter sido feita por um jornalista com experiência. Quando se fala em jornalismo colaborativo, algumas emissoras de TV, rádios e jornais impressos podem até dizer que utilizam desta fonte para estimular a produção. No entanto, com o recorte feito, acredita-se que as matérias são muito opinativas para serem divulgadas em um jornal ou TV que preze pela imparcialidade e objetividade. Quando questionado quais são os critérios para uma matéria se tornar página inicial do site, o ex-editor, Miguel, informou que são “critérios de editores profissionais de jornalismo da equipe do Jornal do Brasil”. Duas considerações a fazer neste caso: a primeira é que o Jornal do Brasil é uma empresa e como toda tem patrocínios e desavenças; a segunda é que sendo desta forma, não se fará um site colaborativo parecido com o site do jornal principal. Ou seja, o site tem suas limitações técnicas pra não fazer concorrência. Quando não se utiliza fontes com conhecimento técnico, as matérias perdem, e muito, a credibilidade. No caso da matéria do dia 16 de novembro, “Crédito consignado – mais uma perversão contra os aposentados”, o próprio colaborador é a fonte e personagem da notícia. Sendo ele prejudicado e o que seria privilegiado, no caso de uma melhora no sistema. Entende-se que é uma forma de autopromoção ou simplesmente favorecimento a uma classe. Os poucos links disponibilizados no site são praticamente iguais ao texto. Acredita-se que seria viável o destaque dos links no texto para melhor visualização, como palavras sublinhadas ou coloridas. Além disto, a maioria das matérias apresenta ilustrações e não fotos realmente. Isso faz com que a notícia perca credibilidade e interesse por parte do leitor/internauta. Por fim, o próprio site faz pouco uso das ferramentas disponibilizadas pela internet para otimizar a navegação, visualização e legibilidade. As matérias não utilizam links, o que faz a hipertextualidade, citada por Lévy (1993), ficar comprometida. Os elementos gráficos são pouco utilizados, com apenas uma foto, ou um vídeo por matéria, e isto se dá devido à superficialidade das notícias ou pelo tom crítico, conforme visto anteriormente. 55
  • 48. GLOSSÁRIO Blog - Blog ou Weblog designa um diário mantido na Internet através de sistemas de publicação fáceis de utilizar. Os Weblogs popularizaram-se nos últimos anos, criando sites pessoais que se tornaram verdadeiras referências de opinião e informação na Internet. Facebook – Rede social, uma das mais utilizadas do mundo. Disponível em www.facebook.com Flog - fotolog ou fotoblog - É um registro publicado na Internet com fotos colocadas em ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma parecida com um Blog. A palavra é uma abreviação de fotolog, que por sua vez surge da justaposição de "foto" e "log" (do inglês, diário). Num flog, o principal objetivo é compartilhar imagens de maneira interativa, já que as pessoas que visitam o site geralmente podem fazer comentários, sugestões ou críticas. Freelancer - também conhecido como freela ou frila, é o termo inglês para denominar o profissional autônomo, que se auto-emprega em diferentes empresas ou, ainda, guia seus trabalhos por projetos, captando e atendendo seus clientes de forma independente. Incorporar: Colocar o player do vídeo na mesma página da postagem do texto. Lay Out - a área de design ou formato de página e as margens Newsmaking - Trata-se de teoria da rotina de produção do jornalismo. A partir da interação constante das pessoas especializadas em comunicação (jornalistas, editores, fotógrafos, etc.) surge a notícia. Abandona-se a Teoria do Espelho para entender que, de fato, o jornalismo ajuda a construir a realidade, não sendo mero reprodutor dessa realidade. On Line - Em linha, ligado. Estado em que o computador está em ligação direta com uma rede. da Internet que teve o crescimento mais rápido em toda a rede. Abreviada como WWW ou só Web. Post – Postagens feitas em blogs ou perfis de redes sociais 56
  • 49. Servidor - Sistema informático que permite o acesso a informação por parte de outros sistemas ou computadores dispostos em rede; computador que, numa rede de computadores, aloja esse tipo de sistema informático. Site - Sítio, local. Também designado Website. Refere-se geralmente a um grupo de páginas web que apresentam um produto, uma empresa, uma ideia, etc. Engloba por isso páginas e conteúdos, assim como zonas para descarregar ficheiros (download). Deste conjunto de páginas, a principal (Home Page) é aquela a que se chega quando o endereço principal ou o domínio são selecionados. Tags - Palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação. Twitter – Microblog onde se pode discorrer em 140 caracteres sobre qualquer assunto. Disponível em www.twitter.com Webcam - É uma câmara de vídeo de baixo custo que capta imagens, transferindo-as de modo quase instantâneo para o computador ou para Internet. Muito utilizada em videoconferências, geralmente possui baixa qualidade de imagem e ausência de som. O tipo de conexão utilizada com o computador geralmente é do tipo USB. Web - Teia, rede. Abreviatura de World Wide Web. Pode ser referida como “The Web”. www - Rede mundial. O sistema de informação e de fontes baseado no hipertexto (hypertext) YouTube – Site exclusivamente de vídeos www.youtube.com.br 57
  • 50. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Luiz. Jornalismo: matéria de primeira página. 5 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. 234 p. ANDERSON, Chris. A Cauda Longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. Rio de Janeiro: Elsevier, Campus, 2006. 240 p. BECKER, Beatriz; TEIXEIRA, Juliana. Um Panorama da produção audiovisual no ciberespaço: as experiências das redes colaborativas. Artigo disponível http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/6316/4591 em acessado dia 28/09/2011 às 16:50 BELTRÃO, Felipe Barros. Produção e edição colaborativa na Internet. Artigo disponível em http://www.overmundo.com.br/banco/a-comunicacao-colaborativa-na-internet-o-caso-doovermundo - acessado em 19/09/2011 às 18:30 BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. Página 191. São Paulo, 2000. Companhia das Letras. Arquivo em Pdf Disponível <http://books.google.com.br/books?id=5N47BKH0x0YC&source=gbs_navlinks_s.> em Acessado 12/03/2011 às 12h25min CASTRO, C. “O sistema nacional no espaço global”, Mídia Cidadã, utopia brasileira. São Paulo: Metodista, disponível http://www2.metodista.br/unesco/agora/PMC_Acervo_eixos_focais_txt_1_contexto em: _midiático acessado 08/12/2011 às 12:25 DOURADO, Mariana. A esfera pública no jornalismo cidadão on line. Artigo disponível em https://bocc.ufp.pt/pag/bocc-jornalismo-mariana.pdf acessado em 22/09/2011 às 16:33 FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 2. ed. São Paulo, Contexto, 2004. 23 p. FIGUEIREDO, Giovanna Santos. As redes sociais na era da comunicação interativa. Recife, 2009. PUC- Pernambuco FOSCHINI, A.C.; TADEI, R.R. Jornalismo Cidadão: Você Faz a Notícia. São Paulo, 2006. Arquivo disponível em pdf. 7 f. disponível em <http://www.overmundo.com.br/banco/conquistea-rede-jornalismo-cidadao-voce-faz-a-noticia> acessado em 06/04/2011 às 12:20 GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002, 54 p. 58
  • 51. GUIMARÃES, Mário. A Cibercultura e o Surgimento de Novas Formas de Sociabilidade. Artigo disponível em: http://www.cfh.ufsc.br/~guima/ciber.html Acessado em: 08/12/2011 às 12:08 KUNZIK, Michael; VARELA, Jr. Rafael. Conceitos de jornalismo: norte e sul – Manual de Comunicação. São Paulo. EdUSP, 1997. LAGE, Nilson. A Estrutura da Notícia. 5 Ed. São Paulo, Ática, 2000. 65p. LEMOS, André Artigo disponível em http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/viagem.html acessado em 08/04/2011 às 16h45min LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro,1993. 34. Ed LIMA JUNIOR, Walter Teixeira. Internet Comunicação, tecnologia e cultura de rede. São Paulo: Momento Editorial, 2011. MARCONDES FILHO, Ciro. O capital da notícia: jornalismo como produto social de segunda natureza. 2. ed. São Paulo, Ática, 1989 MIGUEL, Éverton. Crítica ao desconstrucionismo da objetividade jornalística. Artigo disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/critica_ao_desconstrucionismo_da_objetividad e_jornalistica Acessado 07/11/2011 às 18:46 MILANI, Fábio. Modelos de colaboração nos meios sociais da internet: Uma análise a partir dos portais de jornalismo participativo. Artigo disponível em www.sitedaescola.com.br/artigos acessado em 17/09/2011 às 18:14 PACIEVITCH, Thais. Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e Redes Digitais. Artigo disponível em http://www.fapesp.br/indicadores2004/volume1/cap10_vol1.pdf acessado dia 14/11/2011 às 16:34 PENA, Felipe. Teorias do Jornalismo: 2 ed., 3 reimpressão – São Paulo. Contexto, 2008 PRIMO, Alex ; TRÄSEL, Marcelo Ruschel . Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Contracampo (UFF), 2006. RODRIGUES, Adriano Duarte. Comunicação e Cultura: a experiência cultural na era da informação. 2.ed. Lisboa: Presença, 1993. 27 p. SANTAELLA, Lúcia. Antecedentes da alinearidade hipermidiática nas Midas mosaicas. In BRASIL, André ET AL. Cultura em fluxo: novas mediações em rede. Belo Horizonte: PUC Minas, 2004 59
  • 52. TORRES, Clayton Carlos. Jornalismo de Twitter não é jornalismo. Artigo disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/-jornalismo-de-twitter-nao-e-jornalismo – acessado em 19/09/2011 às 16:04 THOMPSON, John B. A Mídia e a Modernidade: Uma Teoria Social da Mídia. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1999. 261 p. TRAQUINA, Nelson. O Estudo do Jornalismo no Século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2003. P. 172 60
  • 53. Matéria da página inicial dia 12/11/2011 Será que os "ministros lullistas" estão testando a coragem cívica de Dilma Rousseff? 72 acessos - 0 comentários Publicado em 09/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter Júlio Ferreira, Recife - PE Ao que parece, chegamos ao ponto em que os ministros que foram "empurrados goela abaixo" pelo ex-presidente Lulla no governo Dilma Rousseff, resolveram seguir a orientação do chefe, e colocar em cheque a autoridade da presidente de plantão, como que fazendo um teste quanto a coragem cívica da ex-guerrilheira. Recorde-se que em relação ao ministro Orlando Silva, quando começaram a surgir as denúncias de "mutretagens" no Ministério do Esporte, o ex-presidente Lulla foi incisivo no incentivo para Orlandinho resistir às pressões, negando-se a deixar o cargo. Infelizmente, para decepção de Lulla, Orlandinho preferiu jogar a toalha, talvez com medo de que, chegando-se a um embate, o PCdoB acabasse perdendo o direito de indicar seu sucessor, o que colocaria em risco a garantia de que, ficando o Ministério do Esporte nas mãos de um "cupincha", suas maracutaias pudessem ser "empurradas para baixo do tapete". Agora, quando a podridão começa a tomar conta do Ministério do Trabalho, parece que o ministro Carlos Lupi está disposto a seguir a orientação lullista, e promete resistir até as últimas consequências, inclusive fazendo discursos ameaçadores, dando a entender que, se cair, vai "botar a boca no trombone". Agora eu quero ver se essa tal de Dilma Rousseff, cantada e decantada como uma mulher de fibra, é tudo isso que dizem ser? Afinal, depois do que foi dito por Carlos Lupi, só falta a presidente Dilma Rousseff fingir que não entendeu as ameaças veladas contidas nas últimas declarações do "boquirroto" Lupinho. (FONTE -> www.ex-vermelho.blogspot.com/) Matéria da página inicial dia 13/11/2011 O loteamento do estado 13 acessos - 0 comentários 61
  • 54. Publicado em 13/11/2011 pelo(a) Wiki Repórter firmino500, Recife - PE Em abril de 2002 contavamos com 23 ministérios no governo de Fernando Henrique. Já era um número alto, mas nos governos de Lula da Silva, ao serem criadas as tais Secretarias Especiais (com status de ministério) ele os aumentou para 32. E por que isso? Porque Lula modificou a razão de ser dos ministérios e maximizou seus "resultados paralelos" ao transformar os ministérios em máquina de arrecadar recursos para os partidos, principalmente para o seu próprio, o PT. Por sua vez, os partidos encontraram ali um bom cabide de emprego para pendurar seus filiados, cuja missão precípua passou a ser a de desviar parte das verbas deste ministério para o cofrinho do seu partido. Não é à toa que eles brigam para não perder a sua Pasta... Chegou? Não... Tem mais: ocupar um ministério significa para o político entrar em contato com os mega empresários, e neste contato saem "bons negócios para ambas as partes"... Sem falar que estes empresários serão aqueles mesmos que nas eleições farão generosas doações em dinheiro para seu dileto amigo. Conclusão: Lula conseguiu lotear a administração pública no Brasil, que virou uma bandalheira geral e, não por acaso, em 11 meses de mandato Dilma ela foi obrigada a defenestrar 6 dos seus ministros... E, pelo visto, outros mais também cairão. Que desserviço!... Que 'herança maldita' nos foi legada por Lula! fonte Mara Montezuma Assaf. WWW.BLOGDOFIRMINOJUNIOR.BLOGSPOT.COM Matéria de página inicial dia 14/11/2011 Veja como era um dia de trabalho de "Nem da Rocinha" 48 acessos - 0 comentários Publicado em 14/11/2011 pelo(a) Wiki Repórter Roberto Leal, Salvador - BA Antônio Francisco Bonfim Lopes, o "Nem", comandava um exército de duzentos homens na Rocinha. Os lucros com o tráfico de drogas fizeram dele um homem rico e poderoso. De acordo com uma das pessoas que conviveram com o traficante, na comunidade ele era conhecido como "O Mestre", que comandava um mercado nobre das drogas, um dos mais rentáveis do Brasil. "Nem" dominava as comunidades da Rocinha e do Vidigal, localizadas 62
  • 55. entre os bairros de São Conrado, Gávea e Leblon, regiões ricas do Rio de Janeiro. A equipe do Domingo Espetacular subiu o morro e mostra imagens exclusivas da rotina dentro do território de "Nem". Assista! Link do vídeo: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=47458. Matéria de página inicial dia 15/11/2011 FRONTEIRAS VIRTUAIS - VIAGEM A LUGAR NENHUM 6 acessos - 0 comentários Publicado em 15/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter W.GERLING, SÃO PAULO - SP Eu estava escrevendo um texto para o post de meu fotolog e , de repente uma música dos Beatles me veio à mente : Magical Mistery Tour.Comecei a rir porque , com certeza, Lennon & McCartney não imaginaram que a música pudesse retratar de alguma forma os rumos que o mundo tomou dirigido por correntes de pensamentos , movimentos de insatisfação e extrapolações ficcionais que juntas pintariam o quadro que apreciamos hoje.Na década de 60, quando ainda não éramos seres informatizados, movimentos como Beatniks e Hippies eram chamados de “ contracultura”.A ficção científica retratava uma Utopia (temos falado muito em Utopia ,ultimamente!) , que significava isso mesmo : era muito bom para ser verdade !Thomas More quando escreveu seu trabalho, imaginou que tudo se passava numa ilha isolada em lugar indeterminado. Uma sociedade de iguais onde os bens materiais não eram a razão de viver.Por isso , Utopia é “ lugar nenhum” . No começo da década de 70 Bill Gates idealizou o primeiro computador pessoal , mas nem ele acreditava que as pessoas , como indivíduos tivessem necessidade de um computador pessoal.O criador enganou-se a respeito da sua criação e da revolução que ela provocaria no nosso mundo . A informática produziu mudanças mais profundas , mexendo com o âmago e as aspirações humanas .O que chamamos hoje “ realidade virtual” veio como um gatilho que disparou nossos íntimos “ projéteis” representados por anseios, fantasias, sentimentos de fracasso e sucesso e insatisfações . 63
  • 56. Em face disso a contracultura hoje recebe outro nome, ou outros nomes. Fala-se em “cultura underground”, em Cyberpunk, ambas contidas no “Cyberspace”. Mas, afinal o que é esse tal de Cyberspace? É a implementação mais direta do que chamamos realidade virtual, onde um espaço tridimensional é criado pelo computador de forma que possa existir uma interação homem-máquina. O Cyberspace é o mundo dos computadores em rede. Não vou entrar em detalhes, mas esse fenômeno mudou a maneira de ver o mundo e extrapolar idéias para o futuro. A contracultura de hoje , “underground” ou cyberpunk não pode ser chamada de Utopia porque desprezam o sentimento humano uma vez que o cérebro esta ligado à máquina e aos seus sistemas, gerando indiferença entre as pessoas. Falamos da realidade virtual, em ser um gatilho que disparou nossos projéteis mais íntimos .Um exemplo disso é o Programa “Second Life” onde escolhemos um Avatar, um segundo Eu , um “alter Ego?” que simplesmente, atropela nossa realidade e nos torna perfeitos, ricos, poderosos e tudo o mais que quisermos ser. Acredito ser esse um momento de verdadeira paranóia onde nos afastamos da realidade à velocidade da luz e nos tornamos “deuses”, ainda que virtuais. O regresso é sempre penoso pois alimentamos nosso inconsciente de valores imediatos que conscientemente e realmente não dispomos . A ficção cyberpunk tornou o mundo futuro uma desolação. Não há esperança de melhoria, as imagens são de pessimismo, uma vez que o homem esta em contato direto com a máquina e sua luta consiste em não ser por ela subjugado. Antigamente dizia-se que ’informação é poder’. Já não é mais!Uma vez que qualquer pessoa pode de maneira imediata dispor da informação que quiser. O poder consiste em usar corretamente a informação e, parece que esse é o problema que as novas gerações vivem: Simplesmente, não sabem usá-la. O desprezo pelos valores que alcançamos até aqui (não à custa da cibernética) fez surgir novos movimentos e novas buscas, responsáveis pelo imenso lixo cultural que podemos apreciar em qualquer lugar, desde a mídia (que o produz aos montes) até as salas de aula, onde uma interpretação de texto é feita por história em quadrinhos do Alvin relegando-se ao posto de simples curiosidade os mestres da literatura. A justificativa é a “memória áudio-visual”. Um movimento de contracultura deveria ter características visíveis e sólidas se pretende combater o que há de errado com nossa cultura. Mas, já a partir do nome (não me justifiquem 64
  • 57. que é apenas uma referência!): “underground” – subterrâneo – é algo que já nasceu enterrado, escondido, ( subversivo?). Sendo subterrâneo não pode ver o que se passa, realmente, à vista de todos. Quando muito pode fazer adeptos do tipo “Eu contra o Mundo” representados virtualmente por um super-herói Punk caracterizado por uma fantasia “dark and down” a título de protesto, contra o que, nem eles saberão responder! Ao se falar em valores humanos lembro uma frase atribuída a Einstein, em sua visão pessoal do mundo: “Nada verdadeiramente valioso pode ser conseguido simplesmente através da ambição e do senso de dever, mas nasce através do amor e da devoção” Ainda ia render pano pras mangas mas, paro aqui porque meus chips sofreram superaquecimento e preciso dar um reboot para novas tarefas!. Até mais! Matéria de página inicial dia 16/11/2011 "Crédito consignado - Mais uma perversão contra os aposentados" 89 acessos - 0 comentários Publicado em 15/11/2011 pelo (a) Wiki Repórter Acstupp, Santo Amaro da Imperatriz - SC Por (*) Aurelio Tente imaginar-se ganhando um salário mínimo, e agora tente imaginar-se vivendo com apenas 70% desse valor. É inviável não é? Pois é assim que vivem milhões de aposentados no Brasil, seu benefício que mais parece uma esmola, na verdade muito menor do que é dado aos criminosos, e tendo esse desconto de 30% todo mês descontado direto do seu benefício sem que ele (a) sequer veja esse valor. Faça os cálculos: 1 salário mínimo = R$545,00 Tire desse valo 30% = R$163,00 Valor restante para passar o mês inteiro = R$382,00 65