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ANALISAR OBRAS DE ARTE Ao estudarmos os conceitos de beleza relacionados com a estética percebemos que qualquer tipo de obra estabelece uma relação com o espetador, uma troca de sentido e significado, um testemunho histórico, social, cultural e religioso. Dessa forma, ao apreciar uma obra de arte é importante saber analisar os elementos presentes para que essa troca ocorra da melhor maneira possível e o espetador compreenda, então, o que o artista quis transmitir. A leitura de uma obra é uma atividade tão importante quanto a produção artística, pois possibilita a interpretação das imagens, compreensão e apreensão de informações. Tipos de análise de obra (ou leitura, interpretação, apreciação) OBJETIVA (ou visual): descrever o que todos nós vemos. SUBJETIVA (ou simbólica): descrever o que sentimos ao visualizá-la. FORMAL (ou estética): analisar a composição visual – a sintaxe visual -, o seu contexto histórico, o seu tema, a sua organização (o que envolve um pouco mais de pesquisa). Como analisar uma obra de Arte Apesar da obra de arte despertar diferentes sensações em cada pessoa, há elementos comuns que devem ser tidos em consideração quando se analisa uma obra de arte como: a época, a técnica, o tema e os recursos usados pelo artista para melhor compreender a sua função. 
1. Observar atentamente as informações dadas na legenda da obra: autor, título, data da execução, suporte, dimensões, lugar de conservação. 
2. Obter dados sobre o autor: Data e lugar de nascimento e morte, origem social, anos e lugares de formação, idade que tinha quando foi realizada a obra, outras obras suas. 
3. Reconhecer o tipo de assunto representado: cenas religiosas, históricas, mitologias, alegóricas, retrato, paisagem (no caso da pintura) se e quando apareceu ao público, acolhimento. 
4. Analisar o assunto. Descrever o que está representado, lugares (pintura), enquadramento da cena (pintura), personagens, ação das personagens, objetos. 
No caso da pintura deve tentar perceber-se porque é que o autor pintou um quadro com aquelas dimensões e não outras, proceder à análise da cena, do enquadramento desta, dos móveis, dos objetos representados, da paisagem, da posição dos personagens, identificando- as, como estão vestidas, em que atitude se encontram, etc.
A LINGUAGEM DA PINTURA 
A composição – Quais são as linhas que organizam um quadro (organização das figuras segundo esquemas geométricos ou não, com eixos bem marcados ou não, segundo as leis da perspetiva ou sem ela). 
O desenho – Qual é a função da linha, a sua espessura e forma. Esta tem papel fundamental ou acessório. 
O volume – Como é conseguida a tridimensionalidade. 
As cores – Quais as cores dominantes, cores quentes ou frias, fundamentais ou complementares. Porquê o uso de determinado tipo de cores. 
A luz – De onde vem a luz, está repartida uniformemente, qual é o seu efeito. 
A técnica – Mancha larga, pontilhada, sfumato, modelado. Se o emprego de determinada técnica marca o estilo autor. 
A matéria – Óleo, tempera, etc. Se o emprego de determinada matéria representa um avanço em relação aos outros. 
O suporte – Parede, papel, tela, etc. 
A LINGUAGEM DA ARQUITETURA Na análise formal ter em conta:  Os materiais em que a obra é feita.  As técnicas construtivas.  A leitura morfológica das unidades espaciais que a compõem (planta, volumes, forma das paredes e muros, os elementos de sustentação e de cobertura e os elementos decorativos).  A composição arquitetónica e princípios ordenadores (proporção, simetria, ordenação rítmica). Na análise da função ter em conta:  O uso a que o edifício se destina.  O seu significado – capacidade de expressão e significado das formas (deve-se recorrer a fontes documentais). A LINGUAGEM DA ESCULTURA  Materiais.  Técnicas de trabalho (técnica substrativa e aditiva).  Análise das superfícies (polimento, texturas), dos volumes em relação com o espaço (cheio/vazio; saliência/reentrância) e da massa (peso, gravidade, etc).  Composição escultórica (repouso/movimento). Ter ainda em conta que: 
A análise da obra deve terminar com a leitura da expressividade e a descodificação do significado real ou simbólico desta.

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Como analisar obras de arte

  • 1. ANALISAR OBRAS DE ARTE Ao estudarmos os conceitos de beleza relacionados com a estética percebemos que qualquer tipo de obra estabelece uma relação com o espetador, uma troca de sentido e significado, um testemunho histórico, social, cultural e religioso. Dessa forma, ao apreciar uma obra de arte é importante saber analisar os elementos presentes para que essa troca ocorra da melhor maneira possível e o espetador compreenda, então, o que o artista quis transmitir. A leitura de uma obra é uma atividade tão importante quanto a produção artística, pois possibilita a interpretação das imagens, compreensão e apreensão de informações. Tipos de análise de obra (ou leitura, interpretação, apreciação) OBJETIVA (ou visual): descrever o que todos nós vemos. SUBJETIVA (ou simbólica): descrever o que sentimos ao visualizá-la. FORMAL (ou estética): analisar a composição visual – a sintaxe visual -, o seu contexto histórico, o seu tema, a sua organização (o que envolve um pouco mais de pesquisa). Como analisar uma obra de Arte Apesar da obra de arte despertar diferentes sensações em cada pessoa, há elementos comuns que devem ser tidos em consideração quando se analisa uma obra de arte como: a época, a técnica, o tema e os recursos usados pelo artista para melhor compreender a sua função. 1. Observar atentamente as informações dadas na legenda da obra: autor, título, data da execução, suporte, dimensões, lugar de conservação. 2. Obter dados sobre o autor: Data e lugar de nascimento e morte, origem social, anos e lugares de formação, idade que tinha quando foi realizada a obra, outras obras suas. 3. Reconhecer o tipo de assunto representado: cenas religiosas, históricas, mitologias, alegóricas, retrato, paisagem (no caso da pintura) se e quando apareceu ao público, acolhimento. 4. Analisar o assunto. Descrever o que está representado, lugares (pintura), enquadramento da cena (pintura), personagens, ação das personagens, objetos. No caso da pintura deve tentar perceber-se porque é que o autor pintou um quadro com aquelas dimensões e não outras, proceder à análise da cena, do enquadramento desta, dos móveis, dos objetos representados, da paisagem, da posição dos personagens, identificando- as, como estão vestidas, em que atitude se encontram, etc.
  • 2. A LINGUAGEM DA PINTURA A composição – Quais são as linhas que organizam um quadro (organização das figuras segundo esquemas geométricos ou não, com eixos bem marcados ou não, segundo as leis da perspetiva ou sem ela). O desenho – Qual é a função da linha, a sua espessura e forma. Esta tem papel fundamental ou acessório. O volume – Como é conseguida a tridimensionalidade. As cores – Quais as cores dominantes, cores quentes ou frias, fundamentais ou complementares. Porquê o uso de determinado tipo de cores. A luz – De onde vem a luz, está repartida uniformemente, qual é o seu efeito. A técnica – Mancha larga, pontilhada, sfumato, modelado. Se o emprego de determinada técnica marca o estilo autor. A matéria – Óleo, tempera, etc. Se o emprego de determinada matéria representa um avanço em relação aos outros. O suporte – Parede, papel, tela, etc. A LINGUAGEM DA ARQUITETURA Na análise formal ter em conta:  Os materiais em que a obra é feita.  As técnicas construtivas.  A leitura morfológica das unidades espaciais que a compõem (planta, volumes, forma das paredes e muros, os elementos de sustentação e de cobertura e os elementos decorativos).  A composição arquitetónica e princípios ordenadores (proporção, simetria, ordenação rítmica). Na análise da função ter em conta:  O uso a que o edifício se destina.  O seu significado – capacidade de expressão e significado das formas (deve-se recorrer a fontes documentais). A LINGUAGEM DA ESCULTURA  Materiais.  Técnicas de trabalho (técnica substrativa e aditiva).  Análise das superfícies (polimento, texturas), dos volumes em relação com o espaço (cheio/vazio; saliência/reentrância) e da massa (peso, gravidade, etc).  Composição escultórica (repouso/movimento). Ter ainda em conta que: A análise da obra deve terminar com a leitura da expressividade e a descodificação do significado real ou simbólico desta.