2. A Crença que devemos ter nas coisas que ainda não conseguimos ver
Estamos neste mundo corpóreo, considerado como de expiações e
provas, para passar por experiências que nos são adequadas, tendo em
vista o aprendizado e a evolução do nosso ser, onde crer ou não crer em
nossa natureza espiritual não é essencial para que vivamos essas
experiências. Crer ou não crer em Deus também não é essencial para que
o homem seja capaz de viver neste mundo. A vida lhe foi dada e ele terá
que vivê-la. Portanto, não importa como ele percebe essa vida ou deixa
de crer sobre ela. A fé, entretanto, significa o repositório dos valores
morais que ajudam a nortear a caminhada terrestre.
3. Dependendo daquilo que se creia, pode-se assumir diante do mundo uma
postura que contraria a moral necessária à harmonia universal. A fé
refletida pelas crenças ajuda o homem a construir seu caminho,
motivando-o e impulsionando-o no sentido de uma vida proveitosa.
Aquele que não crê na vida espiritual tem mais dificuldade para justificar
as necessidades de harmonia com valores morais. A fé espírita é apoiada
na lógica e no princípio de que o Universo está em constante evolução.
Mesmo com tantos conflitos, essa evolução se dá na Humanidade, dia
após dia, ano após ano. É algo incontestável. Basta olharmos para a
história da vida no planeta e constatarmos através de inúmeras formas
que a evolução nunca parou, independente da vontade do homem.
4. Os seres espirituais utilizam-se do corpo para viverem experiências sob
condições limitantes de sentidos e de movimentos, necessitando aprender
do que seja compartilhar com seus semelhantes a obra da Criação.
Algumas pessoas só acreditam naquilo que os seus cinco sentidos
materiais conseguem perceber. É a chamada regra de São Tomé: “Ver
para crer”. Para estas pessoas, torna-se difícil crer na vida após a morte,
ou mesmo crer em Deus, o que me parece um contrassenso. Como não
crer em Deus, o Criador de todas as coisas, se os nossos sentidos estão
constantemente a observar o dia e a noite, a chuva e o sol, as árvores, os
pássaros, as estrelas. Como negar então a existência do Criador se estas
coisas não foram feitas pelo homem, que mais nada é do que simples
criatura?
5. Segundo a teoria materialista, nossa alma é a sede da inteligência e o
princípio da vida material orgânica, mas se aniquila com a morte. Estes
que assim pensam acham que depois da morte nada resta, e que a alma é
criada junto com o corpo. Os espiritualistas, no entanto, acreditam que a
alma é a causa da inteligência, mas independente da matéria. Creem que
a alma sobrevive a morte. Assim pensam todos aqueles que professam as
chamadas religiões não materialistas: judeus, árabes, budistas e todas as
religiões orientais. A Doutrina Espírita é espiritualista, mas diferencia-se
de outras seitas cristãs por crer que a alma não apenas sobrevive após a
morte como também é pré-existente à vida.
6. A Doutrina Espírita é reencarnacionista. Em “O Livro dos Espíritos”
encontramos os seguintes pontos básicos de nossa crença, de nossa fé:
Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente
justo e bom. Assim, Deus é justiça. Criou o Universo, que abrange todos
os seres: animados e inanimados; materiais e imateriais.
Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os
imateriais o mundo invisível ou dos espíritos. O mundo dos espíritos é o
mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevive a tudo. O
mundo corporal é secundário, poderia deixar de existir ou não ter jamais
existido, sem que isso se altere a existência do mundo espiritual. A alma
é o espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
7. Portanto, o espírito não é um ser indefinido. É um ser real. Esta é a nossa
crença, e nela está a base de nossa fé e o apoio dos valores que norteiam
nossas ações. No meu entendimento, não pode o homem moderno, o
homem do século XXI, dizer que crê apenas naquilo que vê. A Ciência
evoluiu tanto, e já deu demonstrações factíveis que muita coisa existe
além daquilo que o homem é capaz de perceber através dos seus sentidos
materiais. As ondas eletromagnéticas, responsáveis pelas transmissões de
rádio, de televisão, de telefonia celular, são exemplos do que estou me
referindo. Ninguém vê a onda de televisão, mas a voz e a imagem de
quem está falando chegam e se reproduzem em nossos aparelhos.
8. Portanto, são reais. Não é porque nem todos conseguem ver ou perceber
a presença do mundo espiritual que ele não exista. Sabemos que os
nossos sentidos são todos materiais. Aqueles que conseguem perceber
além da matéria são considerados como possuidores de um sexto sentido.
Portanto, não se trata de ver para crer, mas ao contrário, de crer para ver,
e a visão neste caso tem o sentido de perceber a natureza do mundo
espiritual à nossa volta. Os princípios contidos em O Livro dos Espíritos
e a doutrina cristã trazida por Jesus, o Mestre dos Mestres, são o grande
consolo que podemos usufruir neste mundo de expiações e provas. Que
Deus nos permita compreender e manter nossa fé na vida futura e na
evolução espiritual. Que possamos converter nossas ações em utilidade
para o mundo em que vivemos.
9. Muita Paz!
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levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão
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