O documento discute os desafios da transição do cuidado após a alta hospitalar, incluindo a comunicação deficiente entre profissionais de saúde e pacientes, a falta de adesão aos tratamentos e altas taxas de eventos adversos e readmissões. Ele também apresenta intervenções possíveis como educação do paciente, reconciliação de medicamentos e follow-up após a alta para melhorar os resultados.
2. ROTEIRO DA
APRESENTAÇÃO
Um olhar de quem está dentro do hospital para:
• Valorização do tema
• Sugestões de algumas poucas (pelo tempo) intervenções APLICÁVEIS
3. ALTA HOSPITALAR:
UM PROCESSO CRÍTICO
Desafios para os profissionais da saúde
não são poucos…
• Comunicação entre os profissionais da
saúde
• Comunicação com os pacientes
• Comunicação entre hospitais e unidades
básicas (banco de dados nacional
padronizado – quando teremos?)
4. ALTA HOSPITALAR:
UM PROCESSO CRÍTICO
Desafios para os pacientes
• Compreender as instruções
Instruções por escrito nem sempre fáceis de seguir
Instruções verbais geralmente complexas e “despejadas”
• Aderência
5. Metade dos pacientes admite algum grau de não-aderência
Kripalani S, et al. Mayo Clin Proc 2008
NÃO-ADERÊNCIA
APÓS ALTA HOSPITALAR
6. ALTA HOSPITALAR:
UM PROCESSO CRÍTICO
Problemas e eventos adversos tornam-se comuns
• 1 a cada 2 pacientes são vítimas de
erros associados aos cuidados em saúde
• 1 a cada 5 sofrem eventos adversos
• Metade dos eventos adversos é evitável
• O impacto de readmissões é imenso
Estudo de Jencks e colaboradores, NEJM 2009
20% dos pacientes do Medicare readmitidos dentro de um mês
após a alta e um terço retorna dentro de 90 dias
Estimaram o custo das readmissões evitáveis em 17 bilhões de
dólares!
Tese de doutorado de Marizélia Leão de Moreira – USP 2010
Analisadas 12.878.422 internações; a proporção de readmissões
foi de 19,8%. Quanto leitos abriríamos reduzindo 5%?
Maior utilização das já superlotadas salas de emergência dos
hospitais, porta de entrada do sistema
7. Poucos sumários de alta chegam ao médico da
Atenção Primária até o momento que o paciente
retorna para sua primeira consulta pós-alta.
Kripalani S, et al. JAMA 2007
8. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO NA
ALTA HOSPITALAR É UM PROCESSO
FALHO (ATÉ MESMO EM BOSTON)
Revisadas 1501 altas de 5 hospitais
Dados importantes faltaram nos sumários:
• Exame físico na admissão (11.4%)
• Condição na alta (14.2%)
• Lista de medicações pré-admissão (20.3%)
• Razões para alterações nas medicações (35.3%)
• Lembrete de teste com resultado pendente (47.2%)
• Planejamento do follow up (11.1%)
Gandara E, et al. J Hosp Med 2009
9. CONFUSÃO COM AS
MEDICAÇÕES SÃO COMUNS
Revisão de medicações por farmacêutivos do Brigham & Women’s
Hospital (Boston, MA)
• Discrepâncias entre a lista pré-admissão e da alta de 49%
• Metade potencialmente danosa
Contato telefônico pós-alta
• Discrepâncias entre a lista da alta e a das medicações em uso
domiciliar de 29%
Schnipper JL, et al. Arch Intern Med 2006
10. ERROS RELACIONADOS À
QUEBRA DE CONTINUIDADE
Metade dos pacientes que tiverem alta de um hospital geral foi
atingida por algum erro
• Erro de medicação – 42%
• Medicação registrada no ambulatório diferente da orientada no
hospital no momento da alta
• Teste diagnóstico recomendado ou até agendado, mas não
realizado – 12%
• Resultado pendente na alta e depois não checado – 8%
Moore C, et al. J Gen Intern Med 2003
11. De 2644 altas de 2 centros médicos acadêmicos, em 1095 (41%)
haviam resultados pendentes
Realizado contato com amostragem dos médicos do ambulatório: 2/3
desconheciam existir pendências
• Destas pendências (pesquisadores e médicos entrevistados
concordaram), 37% demandavam ações, 13% delas urgentes
Roy C, et al. Ann Intern Med 2005
EXAMES OU RESULTADOS SE
PERDEM APÓS ALTA HOSPITALAR
12. RECOMENDAÇÕES
NÃO SÃO SEGUIDAS
De 693 altas hospitalares, em 191 (27.6%) havia
recomedação de algum tipo de follow up
• Procedimentos diagnósticos (47.9%)
• Encaminhamento para subespecialidades (35.4%)
• Testes laboratorias (16.7%)
35.9% das recomendações não foram seguidas
A presença destas recomendações no sumário de alta
aumentou a chance de cumprimento (OR=2.35, p=0.007)
Moore C, et al. Arch Intern Med 2003
13. INTERVENÇÕES
POSSÍVEIS
Antes da alta
• Educação do paciente
• Planejamento precoce da
alta
Depois da alta
• Follow-up adequado
• Telefone pós-alta
• Visita domicilar
Hansen LO, et al. Ann Intern Med 2011
Fazendo a ponte
• Continuidade do
médico
• Gerente de
transição
• Intruções adequadas
para a alta hospitalar
16. INSERT MAIN MED LIST
Ambulatório
UTI
Enfermeria
Reconciliação
pós-alta
Reconciliação
de admissão
Reconciliação
de alta
RECONCILIAÇÃO
MEDICAMENTOSA
17. PROJETO RED
(REENGINEERED
DISCHARGE)
Desenvolvido por uma equipe da Boston University
Resumo do Protocolo:
• Aconselhamento intensivo pré-alta
• Nurse Discharge Advocate: educação do paciente, reconciliação
medicamentosa, agendamento de follow-up
• Uma nota de alta personalisada
• Um telefonema por farmacêutico precoce pós alta (2-4 dias)
• Uma consulta de seguimento em tempo adequado
18.
19. Intervention
(n = 370)
Control
(n = 368)
ER Visits* 16.5% 24.5%
Rehospitalization** 15% 21%
*p < 0.05
**p = 0.09
Jack BW, et al. Ann Intern Med 2009
RESULTADOS DO
PROJETO RED
20. Super recente estudo
avaliando o BOOST em
11 hospitais norte-
americanos encontrou
redução média de
readmissões em 30 dias
de 13.6%
Article first published online:
22 JUL 2013
25. GESTÃO DA ALTA
NO HCPA
Projeto envolve:
• Grupo de trabalho multidisciplinar
• Campanha de conscientização
• Educação continuada
• Divisão clara e pactuada de tarefas e funções
• Suporte de TI
26. OBRIGADO!
Dúvidas, sugestões ou críticas:
gbbarcellos@medicinahospitalar.com.br
Gestão da alta hospitalar não é ciência espacial – as
intervenções que foram apresentadas são possíveis a
custos manejáveis. Exigem vontade institucional, uma
equipe de trabalho forte e apreciação de princípios
básicos de melhoria da qualidade.