1. O documento apresenta uma pesquisa sobre os impactos da Refinaria Gabriel Passos (REGAP) na comunidade do bairro Petrovale em Betim, Minas Gerais.
2. Realizou-se um estudo teórico sobre responsabilidade social empresarial e stakeholders, e uma pesquisa de campo com moradores, clientes da Petrobras e gestores da REGAP.
3. Os dados indicam conflitos entre a REGAP e moradores do Petrovale, apesar do discurso da empresa sobre responsabilidade social. Há desafios para a com
Monografia Greidson De Almeida Puc Minas Unidade Betim 2009
1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Unidade Universitária de Betim
Curso de Graduação em Administração
“Nós não vamos pagar nada?”:
um estudo sobre os impactos da Petrobras na comunidade do
bairro Petrovale em Betim/MG.
Greidson de Almeida
Betim
2009
2. Greidson de Almeida
“Nós não vamos pagar nada?”:
um estudo sobre os impactos da Petrobras na comunidade do
bairro Petrovale em Betim/MG.
Monografia apresentada ao programa de
Graduação da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção de titulo de Bacharel
em Administração.
Orientador: Armindo dos Santos de Sousa
Teodósio
Betim
2009
3. Greidson de Almeida
“Nós não vamos pagar nada?”:
um estudo sobre os impactos da Petrobras na comunidade do bairro
Petrovale.
Monografia apresentada ao programa de
Graduação da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais
____________________________________________________________
Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Orientador) – PUC Minas
____________________________________________________________
Walter Tedeschi – PUC Minas
Betim, 01 de dezembro de 2009
4. A meus pais e minha esposa,
pelo incondicional incentivo.
5. AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Professor Armindo dos Santos de Sousa Teodósio, pelo
empenho e paciência em suas orientações, só assim este trabalho seria possível.
Aos meus familiares que souberam entender as noites em claro.
A todos que de alguma maneira contribuíram para esta construção.
6. “A simples reprodução de uma idéia não
contribui para a formação de uma sociedade
melhor”.
Cláudia Souza Passador
Liliane Canopf
João Luiz Passador
7. RESUMO
Este estudo tem por objetivo analisar a visão dos stakeholders da Petrobras no
bairro Petrovale em Betim/MG. São discutidos no marco teórico da pequisa as
diferentes correntes da Responsabilidade Social Empresarial, as abordagens que
estruturam a Gestão Ambiental e suas implicações para as partes interessadas nas
atividades das organização, através da análise crítica da chamada Teoria de
Stakeholders. Trata-se de um estudo de caso em uma comunidade próxima às
instalações dessa empresa pertrolífera, que apresenta baixos índices de
desenvolvimento humano e se caracteriza por ser uma região de grande
vulnerabilidade social. Busca-se com este estudo compreender a relação de
empresa e comunidade impactada pelas atividades produtivas da organização,
como se estabelecem os processos de diálogo entre as partes e os principais
conflitos e perspectivas de avanço da Responsabilidade Social Empresarial que se
apresentam nessa realidade. O estudo se inscreve no âmbito da pesquisa qualitativa
e recorreu a diferentes estratégias para coleta de dados, incluindo o levantamento
bibliográfico, visita e interação em profundidade com associações de moradores do
bairro, aplicação de questionários para os moradores da região e também clientes
da empresa e realização de entrevista semi-estruturada com o gestor da relação
com stakeholders da organização. Os dados indicam que perduram vários conflitos e
demandas em relação aos stakeholders do bairro Petrovale, apesar do amplo
discurso de apoio da organização à Responsabilidade Social Empresarial e mesmo
de várias ações de investimento social da organização no município de Betim, Além
disso, pode-se constatar os desafios enfrentados pela comunidade para se organizar
e estabelecer diálogos mais horizontais e participativos com a organização.
Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial, Stakeholders,. Gestão
Ambiental, Investimento Social Empresarial.
8. ABSTRACT
This study analyzes the vision of the stakeholders of Petrobrás in the neighborhood
Petrovale in Betim/MG. The theoretical discussion is based in the analyses of
different currents of the Coporate Social Responsibility, the approaches that structure
the Environmental Management and its implications for the interested groups in the
activities of the organization, through the critical analysis of the called Theory of
Stakeholders. It is a case study in a community near to the plant of that petrol
company, that it presents low nevels of human development and it is characterized
by being an area of great social risk. This study tries to understand the company
relationship and community, as they settle down the dialogue processes between this
group and the principal conflicts and perspectives of progress of the Corporate Social
Responsibility that come in that reality. The study is based in the qualitative research
marks and it uses different strategies for data collection, including the documental
analyses, visits and interaction in depth with members of the neighborhood
associations, application of questionnaires for the residents of the area and
customers of the company and interview semi-structured with the manager of the
relationship with stakeholders of this organization. The data indicate that several
conflicts and demands persist in the relation between this stakeholders and the
corporation, in spite of the wide speech of support of the organization to the
Corporate Social Responsibility and even of several actions of social investment of
the organization in the municipality of Betim. There are many challenges for this
stakeholders, related to organize their association and to establish more horizontal
and participatory dialogues with the organization.
Key-words: Corporate Social Responsibility. Stakeholders. Environmental
Management, Corporate Social Investmet.
9. LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Os quatro niveis de responsabilidade social............................................25
FIGURA 2 As três abordagens da responsabilidade social.......................................28
FIGURA 3 Niveis de investimento sócio ambiental privado ......................................30
FIGURA 4 Stakeholders envolvidos em um processo decisório ...............................36
FIGURA 5 Distribuição de Stakeholders ...................................................................38
FIGURA 6 Esquema referencial teórico ....................................................................40
10. LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Surgimento e evolução da responsabilidade social ...............................22
QUADRO 2 5 Abordagens da responsabilidade social ........................................26/27
QUADRO 3 Ganhos empresariais a partir da Responsabilidade Social ...................31
11. LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Faixa etária dos clientes respondentes ...................................................45
TABELA 2 Faixa salarial dos clientes respondentes .................................................46
TABELA 3 Faixa etária dos moradores respondentes ..............................................47
TABELA 4 Gênero dos moradores respondentes .....................................................47
TABELA 5 Tempo em que habitam no petrovale ......................................................48
TABELA 6 Região x impacto sofrido .........................................................................52
TABELA 7 Percepção dos moradores quanto ao trânsito de caminhoes pesados
causados pelas atividades da regap .........................................................................53
TABELA 8 Relação regap petrovale..........................................................................53
TABELA 9 Frequencia de solicitações aceitas pela regap ........................................55
TABELA 10 Percepção dos moradores quanto ao bairro petrovale ..........................56
TABELA 11 Satisfação dos moradores quanto ao bairro petrovale ..........................56
TABELA 12 Percepção dos moradores quanto a segurança da petrobras ...............57
TABELA 13 Frequencia de reuniões de moradores com a presença de um
representante da regap .............................................................................................58
TABELA 14 Avaliação quanto aos eventos realizados pela petrobras no bairro
petrovale....................................................................................................................59
TABELA 15 Relacionamento regap e prefeitura........................................................60
TABELA16 Relacionamento petrobras e midia .........................................................60
TABELA 17 Relacionamento regap e ong.................................................................60
TABELA 18 Perspectivas para o petrovale no futuro ................................................61
TABELA 19 Perspectivas para a regap no futuro......................................................62
TABELA 20 Informação dos moradores quanto a expansão da regap .....................62
TABELA 21 Modo que os moradores se informaram sobre a expansão...................62
TABELA 22 Itens que terão possibilidade de maior crescimento com a expansão da
regap (percepção dos moradores) ............................................................................63
TABELA 23 Investimento que a regap deverá realizar no petrovale com sua
expansão...................................................................................................................64
TABELA 24 Motivação para a escolha dos postos petrobras ...................................65
TABELA 25 Opinião quanto as propagandas veiculadas pela petrobras ..................65
TABELA 26 Preocupação da petrobras com o meio ambiente em betim (visão dos
clientes).....................................................................................................................67
TABELA 27 Satisfação com a petrobras entre os clientes betinenses......................67
12. TABELA 28 Importancia da regap para o desenvolvimento sustetavel para betim ...68
TABELA 29 Maior beneficio que a regap trouxe para betim .....................................68
TABELA 30 Maior prejuizo que a regap trouxe para betim .......................................69
TABELA 31 Maior problema de betim que a regap poderia ajudar a solucionar......69
TABELA 32 Persepção do relacionamento da regapcom o governo ........................71
TABELA 33 Persepção do relacionamento da regap com as ong de betim..............72
TABELA 34 Perspectivas para a repag no futuro......................................................73
TABELA 35 Perspectivas para o bairro petrovale no futuro ......................................74
TABELA 36 Item que tera maior crescimento com a expansão da regap ................75
TABELA 37 Item que tera maior impacto negativo com a expansão da regap .........75
TABELA 38 Principal beneficiado com a expansão da regap ...................................75
13. LISTA DE GRAFICOS
GRAFICO 1 Estado civil dos clientes ........................................................................45
GRAFICO 2 Genero dos clientes ..............................................................................46
GRAFICO 3 Estado civil dos moradores respondentes ............................................47
GRAFICO 4 Media de filhos por moradores respondentes ......................................48
GRAFICO 5 Grau de escolaridade dos moradores ...................................................49
GRAFICO 6 Maior problema no bairro petrovale ......................................................51
GRAFICO 7 Classificação dos moradores quanto a poluição atmosferica causadas
pelas atividades da regap .........................................................................................52
GRAFICO 8 Canal usado pelos moradores quando há necessidade de revindicações
..................................................................................................................................54
GRAFICO 9 Classificação do dialogo petrobras e petrovale.....................................54
GRAFICO 10 Frequencia de participação dos moradores nas reuniões comunitárias
..................................................................................................................................55
GRAFICO 11 Avaliação do desenvolvimento do bairro petrovale pelos moradores .56
GRAFICO 12 Saude no petrovale .............................................................................57
GRAFICO 13 Frequencia que a regap busca a opinião dos moradores ..................58
GRAFICO 14 Relacioanmento prefeitura e associação petrovale.............................59
GRAFICO 15 Participação da prefeitura na solução de problemas no petrovale......59
GRAFICO 16 Como é vista as propagandas veiculadas pela petrobras...................61
GRAFICO 17 Possiveis impactos gerados com a expansão da regap .....................63
GRAFICO 18 Quem ganhara mais com a expansão da regap .................................64
GRAFICO 19 Local onde os clientes tem maior contato com a marca petrobras .....65
GRAFICO 20 Local onde a população busca informações sobre a regap ................66
GRAFICO 21 Importancia que a regap tem para betim ............................................67
GRAFICO 22 Maior efeito poluidor da petrobras em betim ......................................69
GRAFICO 23 Politica ambiental de betim (avaliada pela população) .......................70
GRAFICO 24Informações sobre as ong de betim .....................................................70
GRAFICO 25 Avaliação dos programas desenvolvidos pela regap .........................70
GRAFICO 26 Percepção do bairro petrovale pelos moradores de betim..................71
GRAFICO 27 Percepção do relacionamento da regap com a midia .........................72
GRAFICO 28 Maior impacto ambiental já causado pela petrobras ..........................73
GRAFICO 29 Maior preocupação do poder publico de betim com a regap ..............73
GRAFICO 30 Informação dos moradores de betim quanto a expansão da regap ...74
14. GRAFICO 31 Midia em que os moradores de betim ficaram sabendo da expansão
da regap ....................................................................................................................71
15. LISTA DE SIGLAS
ONG - Organizações Não-Governamentais
MG - Minas Gerais
PTB - Posto Telegráfico de Betim
REGAP - Refinaria Gabriel Passos
RSC - Responsabilidade Social Corporativa
RSE - Responsabilidade Social Empresarial
Petrobras - Petróleo Brasileiro S/A
16. SUMÁRIO:
1. – INTRDUÇÃO......................................................................................................16
1.1 – Justificativa e Problematização ....................................................................17
1.2 – Objetivos .........................................................................................................19
1.2.1 – Objetivo Geral:...........................................................................................199
1.2.2 – Objetivos Específicos: ..............................................................................199
2 – ESTADO DA ARTE ............................................................................................20
2.1 – Responsabilidade Social paradoxal: ............................................................20
2.1.1 - Responsabilidade social Corporativa versus necessidades dos
stakeholders: ...........................................................................................................29
2.1.2 - Responsabilidade social e suas abordagens:.........................................34
2.2 – Importância dos Stakeholders para a gestão empresarial e a RSE..........................35
2.2.1 – Tipos de stakeholders: ...............................................................................38
2.2.2 – Diálogo com os stakeholders: ...................................................................39
3 – ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS:.................................................................42
3.1 – Investigando os Desafios Da R.S.E. da Petrobras: .....................................44
4 – ANALISE DOS DADOS:.....................................................................................50
4.1 – Caracterização da Organização: ...................................................................50
4.2 – Analise dos Dados de Campo:......................................................................51
4.2.1 – Questionário aplicado nos moradores do bairro Petrovale: ...................51
4.2.3 – Questionário aplicado nos clientes de postos Petrobras: ......................64
4.3 – Proposta de Intervenção: .........................................................................77/78
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:...............................................................................79
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:...................................................................81
APÊNDICES: ............................................................................................................84
17. 16
1 – INTRODUÇÃO
A presente pesquisa apresenta uma proposta de estudo sobre os impactos
que uma organização pode causar a comunidade na qual está situada. Este estudo
foi realizado através de estudo de caso na REGAP (Refinaria Gabriel Passos) em
Betim.
Inicialmente foi feito um levantamento teórico sobre as teorias de
Stakeholders, sua real importância para as organizações e que principalmente como
se dá sua relação com as empresas. Em um segundo momento foi levantado um
referencial teórico sobre a RSE (Responsabilidade Corporativa Empresarial), sua
importância para as organizações e principalmente a importância para a sociedade.
Em outro momento é apresentado uma pesquisa de campo realizada com os
moradores do bairro Petrovale, alunos da PUC Minas em Betim (na qualidade de
clientes Petrobras) e com os gestores da REGAP e da Regional Petrovale.
Juntamente com a apresentação da pesquisa é feita uma criteriosa analise dos
dados coletados.
Dada a analise dos dados descritos anteriormente, o pesquisador apresenta
seu plano de intervenção indicando ações que podem levar a um melhor
relacionamento entre comunidade e empresa a partir do efetivo exercício da
Responsabilidade Social Empresarial.
18. 17
1.1 – JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAÇÃO
O mundo está vivendo um tempo em que as pessoas estão se
preocupando muito mais com sua saúde, bem estar social, saúde financeira e o
impacto que suas ações podem provocar no meio ambiente, passando por um
processo de educação ambiental na qual os cidadãos estão cobrando seus direitos.
Direitos esses que estão cada vez mais disseminados impulsionados pela
democratização do acesso as informações, a população munida deste conhecimento
começa a cobrar das empresas soluções e prevenções sobre possíveis impactos
que elas possam sofrer por essas organizações, que se vêem na necessidade de
efetuar estudos sobre os stakeholders. Mesmo a classe de baixa renda consegue
acesso rápido a informações. As Organizações não governamentais (ONGs),
associações e outras entidades levam até esse público o conhecimento da causa e
posteriormente o pensamento de cobrança.
Esta crescente necessidade de informação dos stakeholders vem
levando a um processo de elevada exposição por parte das empresas que agora
divulgam seus balanços ambientais. Empresas que agora se vêem na necessidade
de investir nas reivindicações e necessidades de quem estão a sua volta. ONGs e
associações de bairro nos dias de hoje tem voz ativa nos mais diversos planos
organizacionais . Contudo esta relação ainda é um pouco turbulenta, principalmente
quanto as organizações de proteção ambiental.
Com estes fatos apresentados fica muito claro que é imprescindível para um
bom resultado e uma boa imagem organizacional que as empresas invistam nesta
crescente “onda verde”.
Este estudo deve ser visto como ponto de convergência de diversas
disciplinas da administração, com um incremental que a comunidade estará
participando ativamente dentro das metodologias estudadas, assim propiciando
tanto a comunidade quanto ao pesquisador uma oportunidade de ampliar seus
conhecimentos. Para a sociedade civil este estudo pretende mapear, analisar e
expor soluções de integração da sociedade com a organização, afim de que
estreitem suas relações sendo que uma parte não afete a outra. E para o
19. 18
pesquisador este estudo pretende por em pratica os conhecimentos adquiridos no
banco escolar e propiciar a experiência da pesquisa cientifica.
A empresa estudada será a Petrobrás que segundo a opinião pública é uma
organização que investe em trabalhos de cunho social em todo o país. A
organização utiliza os diversos meios de comunicação em massa para passar a
população uma imagem de empresa preocupada com a sociedade. Também é de
grande divulgação quanto ao apóio as práticas esportivas. Perante a opinião publica
a empresa mostra-se socialmente responsável.
Em Betim, M.G., encontra-se a Refinaria Gabriel Passos (REGAP), com seus
12,5 km2, que abrangem não somente a cidade de Betim , mas também Ibirité e
Sarzedo iniciaram suas atividades quando a região ainda era considerada rural.
Segundo informações divulgadas em seu web site, ao redor da empresa nasceram
quatro bairros (Petrolina, Petrovale, Cascata e Ouro Negro). Hoje esta região é
altamente populosa e os possíveis impactos feriam também proporções bem
maiores. Contudo, o que será fruto de estudo é a relação da REGAP com as
comunidades vizinhas. Como se dá o relacionamento Petrovale e Petrobras frente
aos impactos?
20. 19
1.2 – OBJETIVOS
1.2.1 – Objetivo Geral:
Analisar o relacionamento entre a REGAP e seus stakeholders da
comunidade Petrovale.
1.2.2 – Objetivos Específicos:
Identificar e analisar os impactos da REGAP na comunidade do Petrovale;
Problematizar as demandas da comunidade perante a empresa e as fontes
de conflito nessa relação;
Discutir as estratégias desenvolvidas pela comunidade para se relacionar
com a empresa frente a suas demandas e interesses;
Analisar como a empresa gerencia seu relacionamento com a comunidade;
Analisar quais são os pontos vulneráveis dos stakeholders segundo a
percepção da empresa e das próprias comunidades;
Propor um plano de intervenção para melhorar a relação dos stakeholders do
Petrovale para com a Petrobras.
21. 20
2 – ESTADO DA ARTE
2.1 – Responsabilidade Social paradoxal:
Em tempos que a população mundial vive em tensão com os desastres
naturais provocados pelo uso inconseqüente das fontes naturais e da
despreocupação com o meio ambiente, se faz necessário um estudo sobre a
responsabilidade empresarial e comunitária da preservação dos recursos naturais,
bem como a garantia de qualidade de vida das gerações futuras. Dentro deste
contexto estrutura-se a Responsabilidade Social Empresarial (R.S.E.), que pode ser
entendida segundo Richard Daft citado por Lourenço (2002) como uma obrigação
que a administração tem para a sociedade e a organização de preservar o bem estar
e os interesses dos mesmos. Em outras palavras, a administração não pode pura e
simplesmente ser responsável somente pela sustentabilidade financeira, devendo
sim zelar pelo bem estar das gerações presentes e futuras, alcançar objetivos e
cumprir metas respeitando o ambiente na qual esta inserida faz uma organização se
tornar socialmente responsável. A R.S.E. contrapõe-se a diversos conceitos da
Administração tradicional, dizendo que as empresas não somente devem ser
instituições geradoras de lucro, mais instituições preocupadas com o ambiente que
estão situadas, e com o dever de manter equilíbrio entre desenvolvimento
econômico e crescimento das responsabilidades para com a sociedade.
Em uma Administração contemporânea, os ideais da R.S.E. é muito mais bem
visto e aceito, visto que o capital humano tem ganhado cada vez mais valor e
significância dentro do contexto empresarial. De acordo com Lyra (2006) a R.S.E.
pode ser entendida como uma obrigação que a organização assume com a
sociedade, a autora completa dizendo que ser socialmente responsável é focar
todos os esforços no aumento de impactos positivos sobre os stakeholders e
diminuir os impactos negativos sobre a sociedade. Por fim, a autora coloca que o
maior desafio da responsabilidade social é atender as reivindicações da sociedade.
22. 21
A R.S.E. é um desafio no qual todas as empresas devem encará-los com total
seriedade, essa “onda verde” que se espalha por todo o planeta é um retrato da
preocupação da humanidade com todos os anos de exploração do meio ambiente. A
exploração irresponsável das gerações anteriores é refletias nesta geração. Por tal
motivo e conseqüências destas explorações irresponsáveis, a geração presente vive
em um planeta degradado e condenado a um possível colapso. O papel de
conservar o meio ambiente é de todos e principalmente daqueles que mais o
degradam, visto que são também os que mais necessitam de uma ambiente seguro
e estável.
Segundo Malafaia (2006) a responsabilidade social é um compromisso que as
organizações têm de preencher suas necessidades com responsabilidade para que
as gerações futuras possam preencher suas necessidades e habilidades sem
nenhum prejuízo. Isso vale dizer que as organizações devem pensar em um
processo produtivo sustentável e responsável. Responsabilidade na qual os
consumidores começam a apresentar em suas mudanças de hábitos quanto a
escolha na hora da compra. É crescente o número de países que boicotam
mercadorias de nações em que há exploração irresponsável do meio ambiente ou
de trabalho.
Ainda sobre a R.S.E. existem correntes contra essa pratica, Paul Hawken
citado por Malafaia (2006) diz em uma fala muito pessimista que independentemente
dos diversos órgãos e organizações de preservação ambiental que lutam por tal
causa, o mundo está sentenciado ao colapso e a degradação, pois as grandes
organizações são as mais poderosas forças de destruição.
Falas pessimistas sobre a R.S.E. ainda são comuns principalmente pelas
varias empresas que maquiam seus balanços sociais e pelo fato que não há uma
normatização especifica para tais balanços. Esta realidade está em mudança devido
ao rápido e importante crescimento de pesquisas na área, principalmente por
grandes entidades sociais e acadêmicas.
Sobre a R.S.E. recai uma grande carga negativa por parte da própria cultura
hunama, visto que o maior paradoxo é que as pessoas não mudam seus hábitos de
consumo por uma determinada empresa não ser socialmente responsável. Ninguém
para de usar garrafas pet mesmo sabendo que tal material demora mais de 400
anos para se decompor. O primeiro paradoxo se dá quando as pessoas cobram das
23. 22
empresas a responsabilidade com o meio ambiente, mas em conta partida não se
inserem na cadeia de degradação.
Contudo muitos autores vêem a responsabilidade social como uma promessa
para o bem estar publico, com as organizações pagando bons salários criando
novos empregos, melhorando as condições de trabalho e buscando o lucro
respeitando as condições e restrições legais impostas pela sociedade.
(LOURENÇO, 2002, p. 4).
Para entender melhor o conceito de R.E.S, faz-se necessária uma analise do
surgimento da mesma. O Quadro 1 resume desde os primeiros pensamentos até os
dias atuais traçando uma visível evolução dos conceitos. Conceitos esses que
tornam-se estratégicos no mundo organizacional.
Surgimento e evolução da Responsabilidade Social Empresarial
Décadas: Evento:
Iniciam-se as discussões quando Henry Ford decidiu que parte dos dividendos
10 e 20 dos acionistas iriam para um fundo de reserva, para aumentos salariais e
aumento da capacidade produtiva. A Suprema Corte de Michigan decidiu em favor
dos acionistas, pois segundo ela a responsabilidade corporativa só deveria ser
feita se trouxesse ganhos para os acionistas
Segunda guerra mundial – A idéia de que as organizações deveriam responder
40 somente para seus acionistas começou a cair por terra, com o crescimento
industrial dos EUA diversas decisões da corte americana foram filantrópicas.
50 O fato de a justiça estabelecer a lei de filantropia corporativa foi a propulsão para
trazer este assunto a publico, vendo a importância da inserção da empresa na
sociedade e suas devidas responsabilidades.
As universidades começam a discussão sobre a importância da responsabilidade
50 e 60
social.
Os estudiosos começam, a publicar as primeiras apresentações de problemas
60 sociais e suas possíveis soluções, nos EUA as empresas já se preocupavam com
a questão ambiental e as suas atitudes com campo social.
Surge a preocupação de como e quando as empresas devem responder e
70 demonstrar suas ações sociais, nesta mesma época fica evidente a importância
de se divulgar este tipo de trabalho.
As participações dos escritores bem como a do meio acadêmico apresentam a
90 até hoje discussão sobre ética e moral nas empresas. Assim enfatizando a importância da
discussão do meio empresarial sobre a responsabilidade social.
Quadro 1: Surgimento e evolução da responsabilidade social.
Fonte: Adaptado de GARCIA (2002, p 76)
24. 23
O quadro acima resume o surgimento e evolução do conceito de R.S.E. e a
sua importância. O curioso é que ao contrário que muitas pessoas pensam, as
primeiras discussões foram “plantadas” por Ford, evidenciando a importância da
discussão para as organizações. Ford pensava muito alem da sua época. Seu
pensamento pode ser explicado com a lógica de mercado, para vender é preciso de
clientes. Esses clientes são os seus stakeholders, assim como empregados e
demais sociedade. Este crescimento de discussões deve-se em grande parte a
comunidade acadêmica que por sua vez vem ao longo da história aprofundando e
expandindo cada vez mais seus conhecimentos.
Porem cria-se um segundo paradoxo da R.S.E. quanto a verdadeira visão das
organizações sobre suas responsabilidades. Muito se tem falado sobre as
organizações serem socialmente responsáveis, mais esse pensamento é realmente
voltado para a sociedade, para a economia, ou para o mercado? Como o descreve o
quadro 1, Ford foi o precursor da R.S.E., porem com a visão mais deteriorada sobre
as responsabilidades empresariais, visto que, suas reais pretenções não eram
combater o desenvolvimento desordenado do inicio do século, ou o consumo
inconseqüente das fontes naturais, mais ele visualizava o mercado e a receptividade
do seu produto.
Ford plantou muito bem essa raiz mercadológica, principalmente em seu
segmento (automobilístico) que são grandes vilões e que somente agem
responsavelmente quando seguem atrás de seus interesses comerciais. A partir do
momento em que o estado começa a intervir na atividade produtiva (quanto a sua
exploração dos recursos naturais) é que as organizações investem mediocremente
em mecanismos de combate aos impactos causados por suas atividades.
Em toda história da humanidade foram os estudiosos que influenciaram
pensamentos e ações, e com a R.S.E não foi, ou não é diferente, visto que, a partir
das discussões cientificas que o tema passou a realmente ser disseminado para
todas as classes, passando de uma fala empresarial e política para uma demanda
social. Na própria história brasileira a influencia dos estudantes foram de suma
importância para a nação, e por que não falar de R.S.E. nas faculdades, sendo
essas grandes formadoras de opinião e geralmente engajadas em movimentos
sociais.
O terceiro paradoxo da R.S.E. é ser vista como caridade das empresas para a
sociedade, principalmente pelo fato de grande maioria das organizações estarem
25. 24
situadas as margens de bairros carentes. Esse paradoxo pode ser um dos mais
polêmicos a serem relatados, visto que, as empresas impactam diretamente na vida
das pessoas que residem próximas a ela. Em suma, as organizações tratam esses
programas como ajudas ou doações feitas a comunidade, quando na verdade esses
programas tendem a maquiar os impactos causados por suas atividades produtivas
e pelo modelo falho de gestão dos recursos naturais utilizados.
Segundo Canopf, Passador e Passador (2005) a responsabilidade social é
vista como uma obrigação legal, outros tem uma visão mais distorcida ainda, vendo
a responsabilidade social como caridade. Os autores completam dizendo que as
empresas como membros da sociedade devem ter uma participação efetiva e
responsável dentro da comunidade.
O quarto paradoxo da R.S.E. é a participação da sociedade, item pouco
discutido sobre a ótica das responsabilidades. A sociedade não só tem, como deve
participar, auditar e fiscalizar as ações das empresas. As próximas gerações só
terão um futuro mais prospero se as comunidades se inserirem dentro das
discussões da R.S.E., isso é dever da sociedade civil, não somente das
governanças publicas. A sociedade precisa ser mais proativa, buscar seus direitos e
impor suas opiniões.
Vinha (2003) aborda uma visão que a responsabilidade social é um marco
para a sociedade, pois esta deve aprender a controlar (assim como o Estado) as
ações tomadas pelas empresas. Esta opinião enfatiza a verdadeira função/obrigação
da sociedade em reivindicar seus direitos como ser humano, ou seja, o direito a
preservação e qualidade de vida são de todos. A sociedade não deve somente
esperar que as empresas façam sua parte, ela deve buscar interação com as
organizações a fim de defender seus ideais e direitos.
O combate as mazelas sociais não são as únicas responsabilidades das
empresas, pelo o contrário as organizações devem trabalhar em função de seu
crescimento dentro da economia e inversamente proporcional, a diminuição dos
impactos gerados.Ideal este completado por Malafaia (2006) que deixa bem claro
que a responsabilidade social não somente combate a pobreza e a miséria, mais
busca o desenvolvimento social em todas as esferas, não somente a econômica.
Esse desenvolvimento passa pela educação, pelo respeito ao meio ambiente e as
gerações futuras. Sob essa perspectiva são criados vários grupos de proteção
ambiental e proteção aos direitos do homem.
26. 25
Archie Carroll citado por Lourenço (2002) diz que a R.S.E. pode ser dividida
em quatro níveis: O econômico que é o tipo mais encontrado nas organizações, visto
que o lucro é sua principal aspiração. Essa responsabilidade econômica é pura e
simplesmente a produção de bens e serviços que a sociedade precisa, com um
preço que gere lucratividade para a empresa e seus sócios. A responsabilidade legal
é o puro cumprimento da legislação vigente. A responsabilidade ética diz respeito ao
comportamento da sociedade com as organizações, mesmo que isto não esteja
previsto juridicamente. E por fim a responsabilidade discricionária, que Lourenço
(2002 p. 3) define como sendo “uma contribuição social não imposta pela economia,
pela lei ou pela ética”. Esta visão pode ser melhor exemplificada conforme figura
abaixo:
Figura 1. Os quatro níveis de responsabilidade social
Fonte: LOURENÇO (2002 p.2)
Nessa discussão entra o quinto paradoxo da R.S.E, visto que, a
responsabilidade econômica é a mais simples a ser assegurada pelas organizações,
mesmo porque esta responsabilidade e fator fundamental para a manutenção das
empresas e dos lucros de seus acionistas, em conjunto também trabalha-se a
responsabilidade legal que também é fundamental para a funcionalidade das
27. 26
organizações. Até esta faze as empresas estão sendo coniventes com seus
interesses absolutos.
O paradoxo se dá quando fala-se do todo da pirâmide, a começar pela
turbulenta discussão sobre Ética nas organizações. A primeira pergunta que surge é
se existe Ética nos negócios, e principalmente nas relações empresa/comunidade.
Nos casos de empresas com um índice de emissões de grande quantidade de
poluentes, essa relação Ética pode cair por água abaixo quando a empresa não
divulga os verdadeiros riscos de suas atividades produtivas. Fato que não só se
contradiz a Ética, mas também a a própria responsabilidade legal,que é item básico
da pirâmide.
Esse paradoxo fica ainda mais eminente quando fala-se em responsabilidade
discricionária, pois a que ponto uma organização pode contribuir para a qualidade de
vida de alguém? Principalmente das comunidades mais próximas a ela? Acredita-se
que programas sociais, cestas básicas e outras atividades bastante duvidosas
amenizam os impactos gerados. Mas essas ações são contraditórias a Ética e
principalmente ao conceito de R.S.E., que por Canopf, Passador e Passador (2005)
e pode ser melhor observada no quadro 2:
Tipo de
Características Autores
abordagem
O fenômeno da moda é um comportamento temporário
Sproles (1985)
Responsabilidade que melhor se encaixa para a situação.
Social
como Modismo A moda é uma espécie de retrato que como é o tempo Tomei e Lerner
e a sociedade daquele momento (1997)
Friedman
O principio do bem estar social neoliberal
(1988)
A organização deve cumprir objetivos próprios e os da Friedman
Liberais, sociedade (1988)
Neoliberais e
Afins Empresa-cidadã é uma necessidade do mercado
Soares (2002)
globalizado
Canopf,
A empresa ética, ou seja, socialmente responsável é vista como
Passador e
a solução no mundo corporativo para as pressões do mundo dos
Passador
negócios.
(2005)
28. 27
(continuação)
Tipo de
Características Autores
abordagem
Apesar do lucro ser a principal função ética do gestor, este deve
agora alcançá-lo de acordo com as novas demandas da
Soares (2002)
sociedade estando de acordo com os novos objetivos sociais do
mundo corporativo.
Os stakeholders influenciam e sofrem influencias devendo ser Sousa e
tratados como investidores ou tomadores de decisão. Almeida (2003)
As empresas são as responsáveis pelo esfacelamento da
Freitas (1997)
identidade das pessoas e conseqüentemente da sociedade.
Legitimação Apoio a movimentos culturais e a ecologia são atitudes cidadãs
Freitas (1997)
Social das empresas.
A sensibilidade social já está institucionalizada dentro das
organizações, e o não cumprimento acarretará na perda dos Ventura (2003)
clientes.
Preocupação com o outro e com as gerações futuras. Srour (1998)
Questão Ética
Ética como fator fundamental para a sobrevivência das
Srour (1998)
organizações.
Ashley,
A responsabilidade social deve estar alinhada aos objetivos
Coutinho e
estratégicos da empresa.
Responsabilidade Tomei (2000)
Social
Corporativa Canopf,
A simples reprodução de uma idéia não contribui para a Passador e
formação de uma sociedade melhor. Passador
(2005)
Quadro 2: Cinco abordagens de R.S.E.
Fonte: Adaptado de Canopf, Passador e Passador (2005)
O quadro 2 evidencia a importância de boa parte dos conceitos que permeiam
a R.S.E em diferentes tempos e abordagens. Iniciando toda uma discussão sobre a
RS.E. como modismo, que é uma visão muito polêmica que pairou sobre o as
organizações durante muito tempo, até que a sociedade começou, mesmo que
discretamente, a participar as discussões sobre a ótica das responsabilidades.
As demais abordagens colocam os stakeholders (sociedade) com centro das
atenções, mais será que realmente funciona assim? É o que a abordagem sobre a
29. 28
Responsabilidade Social Corporativa cita como os stakeholders como periféricos as
ações organizacionais.
Ainda sobre as discussões quanto a responsabilidade social, Montana e
Charnov citados por Lourenço (2002) destacam outra abordagem sobre o tema.
Essa abordagem se divide assim: Obrigação social, quando a organização toma
uma postura eticamente social, porem procurando o lucro entre essas ações.
Reação social, visão mais passiva, da organização quanto às reivindicações de
grupos como: sindicatos, consumidores e outros. E a sensibilidade Social que a
organização é mais proativa quanto suas ações e responsabilidades. A disposição
desta abordagem pode ser melhor compreendida visualizando a figura abaixo:
Figura 2. As três abordagens da responsabilidade social
Fonte: Archie Montana e Charnov citados por Lourenço (2002 p.3)
Em fim o sexo paradoxo da R.S.E. é quanto a obtenção de lucro sendo
socialmente responsável, discussão dicotômica principalmente quanto aos lucros
obtidos pelas ações sociais. É de estrema relevância citar os incentivos fiscais
concedidos as empresas que mantém algum programa social. Esses incentivos não
seriam pagos com o dinheiro da sociedade que é impactada pelas ações
degradantes das empresas?
Boa parte das empresas ainda não estão preparadas para assumirem esta
visão socialmente responsável, assim cometendo graves erros quando vão se inserir
neste grupo de organizações socialmente responsáveis. Isso muita das vezes é
provocado pela ânsia de atender as exigências do mercado sem antes traçar um
planejamento estratégico, segundo Vasconcelos citado por Lyra (2006) as empresas
30. 29
na ânsia de praticar ações socialmente responsáveis acabam pecando e acordando
para um pensamento estratégico quando é criticada publicamente por praticas em
desacordo ou inadequadas.
2.1.1 - Responsabilidade social Corporativa versus necessidades dos
stakeholders:
Nesse clima de encontros e desencontros, que se sustenta o alicerce da
R.S.E na capacidade de ouvir todos os interesses das diferentes partes, como os
acionistas e os demais stakeholders, na busca da satisfação do desejo de todos.
(MALAFAIA, 2006). Essa busca, ou ideário de se sustentar entre a obtenção de
lucro e a Responsabilidade Social é sem duvida o grande desafio das organizações
modernas.
Cabe a sociedade se organizar, se informar e principalmente se consientizar
que o problema é de todos, não somente das governanças (o que é muito cotado).
Nesta mesma visão a abordagem de Vinha (2003) completa sustentando a
afirmativa que as empresas juntamente com sociedade devem criar alternativas que
solucionem à crise de sustentabilidade.
A sociedade civil se organiza, mesmo que em baixa escala, para disseminar o
conhecimento de seus direitos e deveres, e a importância de todos estarem
envolvidos na busca de um melhor relacionamento com as organizações.
Grandes ONG’s e institutos foram criados para a discussão do assunto,
Lourenço e Schroder (2003) citam o Instituto Ethos quando conceituam R.S.E como
indo alem da postura legal da empresa, significando a mudança da postura com foco
na geração de valores para todos.
As organizações em suma, seguem uma linha de raciocínio de investimentos
em R.S.E. , isso vale dizer que investem primeiro em que mais as convém. Estes
investimentos “na teoria” deveriam ser focados na necessidade de seus
stakeholders, contudo na realidade é visto que na grande maioria dos casos as
necessidades dos stakeholders são deixadas de lado para dar lugar a um jogo de
interesses.
31. 30
Tal fato pode ser visualizado pelo estudo de Costa citado por Teodósio e
Carvalho Neto (2003) que exemplificam os níveis de investimentos sócio-ambientais
privados e onde as empresas preferem investir primeiro. As empresas investem
primeiro internamente, em suas políticas organizacionais, em segundo vem os
investimentos para o publico ao redor da organização e por fim os recursos são
focados para a luta de direitos sócio-ambientais, exemplificados na figura abaixo:
Figura 3. Níveis de investimento sócio-ambiental privado
Fonte: Costa citado por Teodósio e Carvalho Neto (2003, p.6)
A figura 3 exemplifica a realidade quanto ao direcionamento dos
investimentos em R.S.E. das organizações. As empresas mantém grande parte dos
recursos disponíveis dentro da organização, posteriormente investe ainda em seus
ativos, ainda com um enfoque pouco voltado para as suas responsabilidades, como
por exemplo instalar filtros em chaminés, coisa que geralmente é feita não pela
preocupação com o meio ambiente, mais para cumprimento de normas ou leis.
Somente após imobilizar grande parte dos recursos dentro da organização, as
empresas extrapolam seu parque fabril, e somente então tem os primeiros contatos
com a sociedade civil e com os problemas por ela sofrida. Algumas empresas,
mesmo com toda discussão dobre R.S.E., ainda vêem não viáveis os investimentos
na sociedade.
A visão mais critica da responsabilidade social corporativa ficam por conta de
Lourenço (2002) que evidencia a importância econômica que a organização enfoca
sobre este assunto, pois as empresas investem na responsabilidade social
unicamente pensando no que podem desfrutar (economicamente) destas ações,
32. 31
levantando os possíveis retornos para a empresa. No quadro abaixo estão listados
alguns ganhos pleiteados pelas organizações, destacando principalmente o valor se
sua marca.
Tipos de Retorno para a Empresa Efeito das ações socialmente responsáveis
Em imagem e em vendas Fortalecimento e fidelidade à marca e ao produto
Em aumento no valor da empresa Valorização da empresa na sociedade e no mercado
Em publicidade Geração de mídia espontânea
Em tributação Possibilidade de isenções fiscais em âmbitos
Municipal, Estadual e Federal para as empresas
patrocinadoras ou diretamente para os projetos
Em produtividade e pessoas Maior empenho e motivação para os funcionários
Sociais Mudanças comportamentais da sociedade
Quadro 3 .Ganhos empresariais a partir da responsabilidade social
Fonte: Lourenço (2002 p.5)
A busca pelo investimento de retorno, por parte das organizações é um dos
grandes problemas na discussão da R.S.E., pois esse relacionamento com os
Stakeholders não deveriam ser encarados como um negocio, ou investimento na
marca. Assim como é colocado no quadro 3, acontecem em tais ações
“responsáveis”. Se observado, o ganho social é o ultimo da lista, e o melhor quando
comparado aos demais.
As ações das empresas não vão mudar o comportamento da sociedade, o
máximo que pode ocorrer é a mudança de opinião, principalmente das pessoas com
menor conhecimento e grau de escolaridade. Tal vez por isso os investimentos das
empresas são em sua grande maioria realizados em bairros com baixa infra
estrutura e de classes muito baixas, caracterizando muita das vezes como doações.
Hoje as organizações estão mais suscetíveis ao propósito, e quanto ao
continuo crescimento, é explicito o desenvolvimento de literaturas e estudos sobre a
responsabilidade social, que deixa de ser um ato filantrópico e passa a ser
ferramenta competitiva. (ASHLEY, COUTINHO E TOMEI, 2000)
O movimento de responsabilidade corporativa juntamente com a abertura das
empresas para a sociedade cria a necessidade de um informativo do que e quanto
33. 32
se investe em ações sociais, cria-se então o balanço social que contabilmente se
demonstra todo investimento em tal área. No Brasil os primeiros balanços foram
publicados em 1991 e daí por diante foi adotado por um crescente número de
empresas mesmo sem ser obrigatório. (MALAFAIA, 2006)
Essa necessidade de um modo de controle ou exposição dos investimentos
partiu das empresa que precisavam de expor seus investimentos e as áreas que
eles estavam sendo aplicados. Cria-se uma visão muito controversa sobre esses
balanços, principalmente por ele não ser voltado a sociedade civil, mais sim para
relações de negócios, principalmente internacional.
Estes balanços hoje são usados por grande parte das industrias como
instrumento de marketing societal, ou seja, não é dada a devida importância a esse
que futuramente pode ser um instrumento de sustentabilidade responsável entre as
empresas.
Malafaia (2006) critica a falta de veracidade dos balanços, tornando-os
ferramentas mercadológicas, outra critica é que este balanço é voltado para o
conhecimento da sociedade sobre o avanço social que as empresas tem durante o
ano, porém com uma linguagem contábil que grande maioria das pessoas não
entendem, a informação que era de muitos agora para a ser de poucos.
Citado este lamentável fato, é importante colocar que uma das vertentes da
R.S.E é levar ao conhecimento de seus diversos stakeholders suas intenções e
investimentos a serem feito. Porem esbarrar ou se aproveitar da falta de
conhecimento da grande maioria da população trás lacunas nessa responsabilidade
que para muitos pode ser vista como uma maquilagem e/ou instrumento de
impedimento para aqueles que se beneficiariam com algumas medidas citadas no
balanço ambiental. A sociedade deve por sua vez tomar conhecimento destas
ações, Vinha citada por Malafaia (2006) afirma que o problema é de todos, a
sociedade, as empresas e o poder publico devem se unir em uma única esfera, em
um único objetivo.
Grupos com ONG, associações de moradores e até mesmo grupos
independentes devem fazer frente as empresas um dialogo justo e que mostre
verdadeiramente sua força e seus objetivos. Segundo Lourenço (2002) as partes
interessadas estão fazendo maior pressão sobre as empresas, influenciando-as na
visão do que realmente é a responsabilidade social empresarial.
34. 33
Esse gerenciamento das variáveis sócio-ambientais também pode ser
chamado de gestão ambiental, que por sua vez procura o equilíbrio ecológico e o
desenvolvimento econômico. Esta gestão tem como objetivo traçar, organizar e
executar objetivos pré definidos em convergência com a comunidade interessada, os
stakeholders. (CARNEIRO, 1993)
As reivindicações são geralmente feitas por grupos ambientais e pelo poder
publico que representa o objetivo comum de uma maneira mais formal um grande
número de stakeholders, não somente de um pequeno nicho.
Este objetivo comum tão falado no desenvolvimento sustentável deve partir
das organizações para com a sociedade minimizando conflitos para que ambas as
esferas (social e empresarial) trabalhem em um único “norte”, o de preservar os
recursos para as gerações futuras. (MALAFAIA, 2006).
O trabalho das stakeholders é verificar e fiscalizar se as ações estão sendo
cumpridas. Este grupo tem grande influência, pois são verdadeiros formadores de
opinião, motivo pelo qual as organizações dedicam tal respeito.
Um fato muito relevante quanto ao relacionamento empresa/Stakeholders é a
ausência de pesquisas que os envolva nas tomadas de decisões junto as
organizações. Grande parte dos trabalhos realizados pelas empresas não são
pesquisados junto as comunidades. Infelizmente fica-se bem claro que a intenção
das empresas não é a R.S.E. somente, mais sim a busca por resultados.
Os indicadores de produção sustentável segundo Lyra (2006) avaliam os
aspectos de interesse e retornos organizacionais sobre as praticas sociais
praticadas pelas organizações. Não existe um indicador que busque os
Stakeholders, que levante sua percepção sobre o trabalho da organização, muitas
vezes só é usado como objeto de mensuração a reputação e a aceitação da
organização por parte da sociedade como um todo, não do grupo de Stakeholders
mais próximo.
Outro tema a ser abordado dentro de R.S.E. é o conceito de cidadania
empresarial. Segundo Ashley, Coutinho e Tomei (2000) um erro comum é as
pessoas dizerem que responsabilidade social corporativa é sinônimo de cidadania
empresarial, na verdade a cidadania empresarial é um dos itens que compõem a
responsabilidade social corporativa. Ainda sobre o assunto Ashley, Coutinho e
Tomei (2000) citam uma reunião que Bill Clinton realizou em 1996 com lideres
trabalhistas, empresários e estudantes. Nesta reunião Clinton destaca cinco
35. 34
princípios da cidadania empresarial: ambientes de trabalho favoráveis, saúde e
plano de previdência, segurança no trabalho, investimento nos empregados e
parceria com os empregados.
Quando fala-se em cidadania empresarial as organizações focam em
pensamentos intra-organizacionais, geralmente voltados para seus funcionários. Na
verdade tal conceito aplica-se em um ambiente macro-organizacional, ou seja, com
todos os elementos fundamentais para a organização (seus Stakeholders).
Ashley, Coutinho e Tomei (2000) criticam tais princípios da cidadania
empresarial, pois esses princípios da cidadania empresarial deve ser mais
relacionados as dimensões e relações com os stakeholders
2.1.2 - Responsabilidade social e suas abordagens:
Dias e Teodósio (2006) apresentam quatro abordagens sobre o
questionamento ético e social das empresas. Estas abordagens não constituem um
campo de pesquisa independente assim como na teoria dos stakeholders.
A primeira abordagem é a Neoclássica que segundo Dias e Teodósio (2006)
define a responsabilidade social como sendo ações que tem como interesse o
aumento da lucratividade dos acionistas respeitando a legislação. Esta abordagem
defende o repasse dos custos com projetos sociais para seus clientes ou até para a
sociedade.
A abordagem da ética empresarial é composta por valores morais e
permeada pela ética. Para esta abordagem ser socialmente responsável é um dever
de todos. Esta abordagem é de caráter filosófico e pode ser resumida como
permeada de caráter normativo. (DIAS e TEODÓSIO, 2006)
A abordagem de negócios e sociedade é contratual, ou seja, ela diz que as
empresas para se legitimar perante a sociedade devem cumprir determinadas
funções sociais. Quanto maior o poder de uma organização maior é sua rede de
stakeholders, os impactos que ela pode causar, e a demanda que ela atue na
amenização destes impactos. (DIAS e TEODÓSIO, 2006)
36. 35
Enfim a abordagem da gestão de questões sociais que trabalham na gestão
estratégica as os diversos problemas sociais a serem tratados pelas organizações.
Sugere implicitamente a médio e longo prazo que tudo que é bom para a empresa é
bom para a sociedade.
2.2 – Importância dos Stakeholders para a gestão empresarial e a RSE:
Os Stakeholders são as pessoas interessadas direta ou indiretamente nas
atividades empresariais, ou seja, quem estabelece uma relação com alguma
organização. Essa relação pode ser como cliente, fornecedor e como comunidade
(pessoas que são impactadas com as atividades industriais).
Segundo Daft citado por Lourenço (2002) os Stakeholders são grupos
internos ou externos as organizações interessadas em seu bom desempenho, sendo
que cada Stakeholder tem um modo particular de ver este desempenho, mesmo
sendo os interesses iguais ou divergentes. As empresas incluíram em suas
estratégias o relacionamento com os stakeholders. (VINHA, 2003). Para Savage
citado por Lyra (2006) os stakeholders são indivíduos ou grupos que tem interesse
nas ações de uma determinada empresa e que tenha habilidade para influenciá-la.
O grupo formado pelos Stakeholders deve ser observado pelas organizações,
são detentores de importantes informações, e são demandantes de investimentos
por parte das organizações. Investimentos esses para manter uma boa relação e
confiabilidade, como por exemplo os clientes e a sociedade como um todo.
Os stakeholders estão cada vez mais informados, pois o processo educativo
político e ambiental está cada vez mais ganhando fortes proporções, deste modo
essa comunidade interessada está ganhando novos e importantes adeptos, pessoas
ou ONG’s (Organizações Não Governamentais) que fazem seu papel como
cidadãos e buscam seus direitos, mostram suas necessidades para as
organizações. (CARNEIRO, 1993).
As esferas sociais influenciam em todo o processo decisório organizacional,
sendo de suma importância de as organizações conhecerem profundamente seus
stakeholders, que por sua vez são peças estratégicas para o sucesso empresarial.
37. 36
Os principais stakeholders podem ser facilmente visualizados na figura abaixo, onde
Rosseto (1997) faz uma menção de quais os envolvidos em um processo decisório.
Figura 4. Stakeholders envolvidos em um processo decisório
Fonte: Rosseto (1997, p. 112)
As decisões organizacionais devem ser tomadas levando em conta os
diversos Stakeholders envolvidos. Quanto aos Stakeholders cabe a
responsabilidade de controlar e cobrar ações das empresas, principalmente quanto
se trata da participação dentro da sociedade. As empresas também fazem parte dos
atores sociais e devem sim participar e buscar ativamente os interesses sociais.
A sociedade está cada vez mais controlando e fiscalizando o trabalho das
empresas, como prova disso é o crescente número de organizações querendo
divulgar suas ações sociais para a comunidade, principalmente através de grandes
meios de comunicação em massa. A boa imagem organizacional é de grande valia.
(MALAFAIA, 2006).
Ainda segundo Malafaia (2006) o dialogo com os Stakeholders é de grande
importância, pois são estes que vão levantar ou não a marca e o nome da empresa,
é através deste dialogo que as organizações reservam verbas e criam metas para se
tornar legitima esta relação. Segundo Martinelli citado por Malafaia (2006) as
empresas esperam assim ganhar credibilidade e possivelmente competitividade.
38. 37
As empresas devem divulgar a importância desses investimentos e fazê-los
de fato, sendo assim, a organização deve fazer com que seus Stakeholders
acreditem que para ter um ambiente ameno e estável, que essa relação seja menos
conflituosa possível.
Quanto às empresas estas devem utilizar de todas as formas possíveis
quanto à relação com os stakeholders, utilizando seus funcionários e mostrando que
o relacionamento com a comunidade é importante para a organização. Sempre que
possível estimular para que estes participem de programas voluntários nas
comunidades, desde que não interfira na execução de suas tarefas. (GARCIA, 2002)
Do mesmo modo que qualquer empresa luta por seus direitos, por isenções
de impostos, em fim, os Stakeholders devem lutar, dever fazer jus de sua
importância. Os Stakeholders devem se manter não em uma posição de guerra, mas
devem estar voltados para seus direitos e deveres, principalmente como sociedade.
Lourenço (2002) afirma que os stakeholders são uma espécie de sócios que
não só tem, mas deve esperar retorno das empresas, eles devem levantar suas
reivindicações, fundamentá-las e posteriormente averiguar se tais “promessas”
foram cumpridas. “empresa e o empresário que tratam os seus stakeholders com
negligência podem sofrer importantes perdas empresariais” (LOURENÇO, 2002. p.
6).
De acordo com Queiroz (2005) a preocupação com os princípios éticos, e é
claro com os Stakeholders é necessária para estabelecer critérios e parâmetros para
quer as atividades empresariais possam ser chamadas de socialmente
responsáveis. Esta preocupação não é somente econômica, mais também quanto
ao respeito à ética, valores e cultura. Os Stakeholders devem ter seus direitos
preservados.
Ainda sobre o conceito de Stakeholders é importante dizer que são indivíduos
de todas as classes e etnias, essa diversidade deve ser respeitada e compreendida.
Queiroz (2005) afirma que é crescente a necessidade de uma boa relação com
funcionários, clientes, enfim com todas as partes interessadas. A autora coloca que
está relação de boa relação se expande para outras camadas e porque não dizer
que o mundo é um Stakeholder.
39. 38
2.2.1 – Tipos de stakeholders:
Segundo Nunes (2009) existem sete tipos de stakeholders, sendo assim
divididos: Stakeholder adormecido é Aquele que tem poder para impor sua vontade
nas não o usa, Stakeholder arbitrário é aquele que possui legitimidade mas não
influencia a empresa (falta poder de influencia), Stakeholder dominante é aquele que
tem influencia e poder, Stakeholder perigoso é aquele que usa medidas extremas
para tentar legitimas o poder que não o pertence (muitas vezes por meio de
violência), Stakeholder dependente é aquele que tem legitimidade porem usa um
outro Stakeholder para levar suas reivindicações e enfim o Stakeholder definitivo
que nada mais é aquele que sabe, reivindica e legitima seu poder sempre que
possível.
Os Stakeholders vistos e avaliados de tal forma mostram-se importantes e
decisivos no futuro de uma organização. Esta por sua vez deve levantar quais são
seus Stakeholders e mapeá-los, Teodósio (2009) apresenta o seguinte esquema:
Figura 5: Distribuição de Stakeholders
Fonte: Notas de aula de Teodósio (2009).
40. 39
Verificando tal modelo proposto, os Stakeholders mais impactados ficam na
franja, ou seja o grau de importância destinado a tais grupos é muito menor do que
realmente demandam.
Segundo Teodósio (2009) o modelo proposto na figura 5 exemplifica todos os
stakeholders alocando-os em grupos. O interessante é que os grupos foram
formados conforme a necessidade de cada Stakeholder, ou seja, são alocados
conforme seus interesses. Teodósio (2009) coloca este modelo como a abertura das
empresas para os stakeholders de franja, ou seja, aqueles que estão na borda da
periferia.
2.2.2 – Diálogo com os stakeholders:
Vendo a veemente importância dos Stakeholders as organizações estudam a
necessidade de se estabelecer um melhor dialogo com este grupo, no intuito de
diminuir a probabilidade de confrontos entre as partes. Setores específicos são
criados, profissionais são devidamente capacitados para estabelecer melhor dialogo
e conseqüentemente um melhor relacionamento empresa/ Stakeholders.
Sobre o dialogo com os Stakeholders Lourenço (2002) diz que estes estão
mais conscientes do seu papel dentro da sociedade e por sua vez estão fazendo
maior pressão sobre as empresas, e que este fato influi diretamente nos
pensamentos e ações do empresariado sobre o que é verdadeiramente a
responsabilidade social.
Vinha (2003) reforça colocando que historicamente a sociedade vem
cobrando mais das empresas. Malafaia (2006) completa dizendo que a importância
e a atenção que os consumidores dão ao fato, inclusive deixando de observar preço
e qualidade, os consumidores estão aprendendo qual a importância do consumo
consciente, e selecionando na hora da compra as empresas que possuem um
melhor relacionamento com a sociedade.
Os Stakeholders sabendo aproveitar sua importância, pode sim fazer a
diferença, quanto uma determinada organização for tomar qualquer decisão que os
41. 40
envolva. Sabendo utilizar os canais disponibilizados, toda a sociedade estará mais
engajada com as responsabilidades. Principalmente quando todos se
conscientizarem que o problema é de coletivo.
Enfim a sociedade ganha com este diálogo e este “movimento verde” que traz
maior qualidade de vida, maiores garantias futuras. As pessoas ganham com as
empresas investindo no ambiente que as cerca, e acima de tudo, ganham respeito e
voz ativa dentro das organizações. (MALAFAIA 2006)
Após analise dos conceitos citados, pode-se resumir todo o conteúdo deste
referencial teórico conforme o esquema apresentado na figura 6. Este esquema
mostra de forma simplificada a relação dos conceitos de desenvolvimento
sustentável e os stakeholders, quais as técnicas que as empresas utilizam para
chegar até a comunidade. E o que as empresas esperam receber como resposta da
sociedade (feedback).
Figura 6: Esquema referencial teórico
Fonte: Elaborado pelo autor em 2009.
42. 41
As organizações estão inseridas entro das comunidades, ou seja, também
são atores sociais, cuja participação torna-se fundamental para manutenção das
necessidades sociais. Na figura 6 observa-se que as empresas mantendo um
trabalho de comunicação e interação com seus Stakeholders através de vários
métodos como o de R.S.E. ou até quanto uma gestão ambiental suficiente, recebe
da sociedade um feedback que será o maior termômetro dos seus trabalhos e
projetos.
Essa relação deve ser criada em um ambiente baseado na Ética, no dialogo
aberto e nas relações de respeito mutuo. O quadro atual da R.S.E. e preocupante,
pois as organizações estão muito mais preocupadas com o retorno financeiro de
seus investimentos, do que o retorno positivo de suas ações responsáveis.
A figura 6 mostra a relação das empresas com seus stakeholders e a relação
de troca entre as partes, que segundo Ashley, Coutinho e Tomei (2000) o conceito
de responsabilidade social vem focando a cada dia mais na relação com
Stakeholders. Daí a receptividade das empresas pelo tema de cidadania
empresarial.
43. 42
3 – ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS:
A presente pesquisa adotou metodologia de enfoque qualitativo, visto que
segundo Godoy (1995a) este tipo de pesquisa proporciona ao pesquisador um
contato direto com a realidade estudada, e que deve ser usado quando o mesmo
tem uma visão clara e objetiva sobre seu objeto de estudo. A pesquisa qualitativa é
valida assim como a quantitativa, podendo até levantar dados quantitativos, porém a
diferença entre as duas é que a pesquisa qualitativa não mede os dados estudados.
(GODOY, 1995a)
A pesquisa de campo foi realizada em forma de um estudo de caso, que por
Godoy (1995b) é um tipo de pesquisa que tem como objetivo uma análise
aprofundada e uma visão detalhada sobre o ambiente ou situação pesquisada. O
estudo de caso tem por objetivo a convivência do pesquisador com seu objeto de
pesquisa. Esta proximidade proporciona uma melhor análise e possíveis soluções
para os problemas levantados.
Ainda sobre estudo de caso, Filho (1984) diz que este tipo de pesquisa
permite um maior aprofundamento e visa uma compreensão de processos. A
escolha desta metodologia foi diretamente influenciada por essas idéias de maior
aprendizado e conseqüentemente maior interação com a realidade atual.
O caso estudado é da Refinaria Gabriel Passos (REGAP) da Petrobrás que
está em Betim a trinta e um anos. Com o surgimento da REGAP , houve um
importante crescimento populacional e econômico na região, passando de área com
fortes traços rurais para um núcleo de alta densidade urbana, ocupando a posição
de segunda economia do Estado de Minas Gerais. Grande parte deste crescimento
deve-se a instalação da refinaria.
Ao redor da refinaria cresceram grandes comunidades como os bairros
Petrolina, Cascata, Ouro Negro (em Ibirité e Sarzedo respectivamente), em Betim
aconteceu o surgimento do bairro de classe media baixa denominado Petrovale, ao
redor da refinaria. Este estudo será mais focado no Petrovale pois é o mais próximo
da empresa e possivelmente o mais impactado. O bairro Petrovale, segundo dados
da regional PTB anexo 2, tem cerca de cinco mil moradores, sendo considerado um
bairro muito populoso, podendo este fator ser de grande importância na coleta de
dados. Sobre este universo foi retirada uma amostra não probabilística por
44. 43
conveniência de vinte e quatro moradores que participam efetivamente das reuniões
da associação de bairro. Outro fator é que a refinaria mantém um programa de ajuda
a comunidade mais carente do bairro, segundo a associação de moradores este
programa é paliativo com o programa federal Fome Zero. Yin citado por Teodósio
(2000) diz que o estudo de caso ajuda na compreensão de um determinado
fenômeno, seja ele organizacional ou social.
Ainda analisando os stakeholders, a empresa possui 1000 funcionários
diretos e 1000 indiretos, sendo que em períodos de parada para manutenção este
número pode dobrar. São muitos stakeholders envolvidos direta ou indiretamente
com a refinaria.
Segundo Teodósio (2000) este tipo de pesquisa tem sido muito usada na
Administração, um outro incremental é que este tipo de estudo envolve uma serie de
técnicas de coleta de dados como entrevistas, aplicação de questionários e analise
documental.
Para o levantamento de dados primários foram feitas entrevistas com o gestor
responsável pelas áreas sociais e ambientais da REGAP, sendo extraído o máximo
de informações sobre o que a unidade da Petrobras faz para combater os possíveis
impactos sofridos pelas comunidades vizinhas, em especial ao bairro estudado.
Foram também temas de entrevistas as ações de conscientização (sobre poluição,
emergências e impactos) que a empresa desenvolve para com a comunidade. Junto
aos moradores foram levantados, através de questionários, quais são os maiores
impactos sofridos (positivos e negativos), o que estes esperam da empresa e qual o
grau de importância que os mesmos dão a atividade da empresa. Junto a gestora da
regional foi feito uma entrevista levantando a percepção dos moradores quanto aos
problemas enfrentados.
Após a coleta de dados foi utilizada a análise dos conteúdos que segundo
Godoy (1995b) se divide em três fases: Pré-análise, exploração do material e
tratamento dos resultados. Após feita a pré-analise onde se separa o material mais
relevante para a pesquisa, a exploração do material que é exatamente o estudo
aprofundado sobre o material coletado e por fim o tratamento dos resultados que
pode ser tanto quantitativo quanto qualitativo. No presente trabalho foi explorado
com mais veemência os dados qualitativos. Quanto à relevância teórica do estudo
Teodósio (2000) diz que só acontece quando a teoria é confirmada por um ou mais
45. 44
casos. Outra advertência que Teodósio (2000) coloca é quanto ao erro que o
pesquisador pode cometer, quando não verifica a fidelidade e segurança dos dados.
Quanto à acessibilidade dos dados Godoy (1995b) deixa explícito que pode
haver dificuldades no acesso as informações, principalmente se as mesmas forem
de cunho pessoal ou particular, nestes casos é recomendado fazer uma pesquisa
com amostra menor. No caso estudado houve resistência por parte da organização
em fornecer alguns dados, pois o tema é polêmico geraa atrito entre as partes.
Quanto à ocorrência de fatores que prejudicariam a investigação, é importante
destacar que dado ao fato de ser uma comunidade carente e de pouco grau de
instrução, vários tipos de resistência poderiam se manifestar na interação com o
pesquisador. No entanto, a elaboração dos questionários e entrevistas levaram em
conta o grau de conhecimento e de escolaridade da população pesquisada, a fim de
reduzir o risco de dupla interpretação por parte dos pesquisados, bem como o
pesquisador procurou estabelecer um relacionamento próximo, aberto e franco junto
aos indivíduos investigados, mitigando a probabilidade de ocorrência dessas
problemas, que acabaram por não acontecerem de forma evidente e/ou significativa
na investigação. Além disso, o pesquisador acessou também boa parte das
informações necessárias junto a associação existente, a regional PTB anexo 2,
dentro do bairro Petrovale, como forma de cruzar os dados e aumentar a
confiabilidade das informações colhidas em campo.
3.1 – INVESTIGANDO OS DESAFIOS DA R.S.E DA PETROBRAS:
A primeira entrevista foi realizada com a gestora da área de relacionamento
com a comunidade, a entrevistada 1 trabalha a 17 anos na REGAP, na função atual,
a entrevistada tem 7 anos. Tempo este que se mostra relevante para a pesquisa,
visto que a entrevistada detém bastante conhecimento sobre a relação comunidade
empresa.
Foram levantados em forma de questionário a percepção dos consumidores
betinenses quanto a Petrobras e ao bairro Petrovale. O universo pesquisado foi os
alunos de Administração da PUC Betim, visto que o curso proporciona debates e um
46. 45
maior conhecimento sobre responsabilidade social. A amostra foi de 50 (cinqüenta)
alunos, ou seja, 10 (dez) por cento do universo de 500 estudantes.
Tabela 1: Faixa etária dos clientes respondentes
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
17 ├─ 20 6 12%
20 ├─ 24 14 28%
24 ├─ 28 12 24%
28 ├─ 32 6 12%
32 ├─ 36 2 4%
36 ├─ 40 6 12%
40 ├─ 48 2 4%
Acima de 48 2 4%
TOTAL 50 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
A amostra entrevistada pelo fato de ser em um curso universitário não causou
surpresas quanto a faixa etária ficando 28% dos respondentes com idade entre 20 à
23 anos pelo menos. Item que refletiu no levantamento do estado civil dos
respondentes, 72 por cento são solteiros (ver gráfico 1).
Gráfico 1: Estado civil dos Clientes
2% 2%
24%
Casados
Solteiros
Viuvo
Separado
72%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Quanto a divisão dos gêneros as mulheres predominaram com 72 por cento
(ver gráfico 2).
47. 46
Gráfico 2 e: Gênero dos Clientes
28%
Feminino
Masculino
72%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Outro fato relevante é a faixa salarial da amostra, visto que como
consumidores o poder aquisitivo é de fundamental importância quanto a escolha no
ato da compra ou contratação de um serviço.
Tabela 2: Faixa salarial dos clientes respondentes
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
01 ├─ 03 Salários 17 34%
03 ├─ 05 Salários 16 32%
05 ├─ 07 Salários 7 14%
Acima de 07 Salários 6 12%
Não responderam 4 8%
TOTAL 50 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Como observado, 34 por cento da amostra tem salários que variam entre 1 a
2 salários e 32 por cento com 3 a 4 salários, isso vale dizer que a maioria dos
consumidores respondentes são de classe média, fator relevante para o resultado
da pesquisa podendo refletir quanto a percepção de impacto econômico e social que
a Petrobras trouxe para Betim.
A segunda entrevistada foi a líder de bairro (Regional Petrovale), que foi
escolhida pelo pesquisador pois tem um alto grau de conhecimento sobre o assunto
abordado e ao fato dela ser moradora do Petrovale a dezenove anos. A entrevistada
2 participa de ações comunitárias desde que mudou para o bairro. Fatos muito
relevantes a pesquisa, visto que, a entrevistada 2 participou ativamente tanto dos
programas, quanto das negociações com a REGAP.
Quanto aos moradores do bairro Petrovale foi aplicado um questionário a 24
pessoas residentes no bairro, esse questionário foi aplicado em uma reunião
realizada na regional PTB anexo II Petrovale. A escolha da amostra se dá ao fato
48. 47
que os moradores respondentes teoricamente são os mais interessados no
desenvolvimento do bairro, visto que propuseram a participar de tal reunião.
Tabela 3 Faixa etária dos moradores respondentes
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
17 ├─ 20 4 17%
20 ├─ 25 0 0%
25 ├─ 30 1 4%
30 ├─ 35 5 21%
35 ├─ 40 6 25%
40 ├─ 45 3 13%
Acima de 45 2 8%
Não responderam 3 13%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
A amostra pesquisada possui uma característica muito importante e de total
relevância para a pesquisa, 25% das pessoas estão entre 35 a 39 anos. Como um
todo, averigua-se um maior esclarecimento e uma opinião mais formada sobre o
tema pesquisado. A faixa etária predominante (35 a 40 anos) traz maior
confiabilidade a pesquisa, visto que, os moradores não somente responderam, mas
também se interessaram pelo assunto
Gráfico 3 Estado civil dos moradores respondentes
38%
Casados
Solteiros
62%
Tabela 4 Gênero dos moradores respondentes
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
Feminino 22 92%
Masculino 2 8%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
49. 48
Gráfico 4 Media de filhos por moradores respondentes
40% 38%
35%
29%
30%
25%
25% Não tem filhos
1 ├─ 3
20%
3 ├─ 7
15%
7 ├─ 9
10% 8%
5%
0%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
A pesquisa foi realizada em uma reunião comunitária, onde percebe-se uma
presença massiva das mulheres como principais interessadas em discutir sobre os
assuntos da comunidade, 92 por cento da amostra são mulheres. Outro item
relevante é o fato de 62 por cento da amostra ser composta de pessoas casadas,
com média de 3 a 6 filhos (38 por cento). Isso vale dizer que são pessoas
preocupadas com o futuro de seus descendentes, ou seja, o futuro de seus filhos.
Por outro lado mostra um dos grandes problemas enfrentados pela região, um forte
crescimento demográfico desordenado. Fato comum em locais de baixo nível de
renda e escolaridade.
Tabela 5 Tempo em que habitam no Petrovale
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
07 ├─ 14 anos 9 38%
14 ├─ 21 anos 13 54%
21 ├─ 28 anos 0 0%
28 ├─ 35 anos 2 8%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
50. 49
Gráfico 5 Grau de escolaridade dos moradores
13% 13%
1a. ├─ 5a. Serie ensino
fundamental
5a. ├─ 9a. Serie ensino
fundamental
20% Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
41%
Não responderam
13%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Item que merece destaque é que 54% dos entrevistados moram de 14 a 20
anos no bairro Petrovale, característica essa que reflete quanto às analises de
desenvolvimento do bairro, relação e negociação com a refinaria, impactos sofridos
ao longo dos anos e a analise que como se sentem sendo Stakeholders da REGAP.
Outra característica que merece destaque é que a maioria dos moradores (41 por
cento) possuem apenas de quinta a oitava serie do ensino fundamental,
comprovando o gráfico 2 quanto as famílias com mais números de filhos geralmente
terem menor formação escolar.Item no qual pode ser colocado como um problema
na discussão com a REGAP, já indicado por Malafaia (2006) que diz que os
balanços ambientais divulgados pelas empresas contém uma linguagem contábil, e
que somente pessoas com um bom grau de conhecimento saberão interpretá-los.
51. 50
4 – ANALISE DOS DADOS:
4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO:
A Petrobras é uma empresa brasileira de exploração e beneficiamento de
petróleo, líder nacional em seu ramo de atuação e uma das maiores empresas
petrolíferas do mundo. Hoje a empresa é respeitada internacionalmente pelo
importante know how em seu principal ramo de atuação, a extração e refino do
petróleo. (PETROBRAS, 2009)
Para analisar tal empresa se faz necessário um breve comentário sobre sua
história. Empresa fundada em 1953, foi monopolista na atuação de extração e refino
de petróleo no país até o ano de 1997. A empresa tem como referência seu continuo
crescimento, econômico e físico. Hoje a Petrobrás torna o Brasil auto-sustentável
quanto ao consumo de petróleo e derivados. (PETROBRAS, 2009)
Atualmente a empresa mantém 15 refinarias, sendo 11 dentro do país e 4 em
terras internacionais. Argentina, Japão e Estados Unidos são as nações que
abrigam tais refinarias. A empresa vem recebendo diversas premiações e títulos de
empresa mais sustentável e responsável socialmente.
A Petrobrás é conhecida pela população como um todo, por ser uma empresa
preocupada com o social, com a economia e com a ecologia. Diversos programas
são lançados anualmente com a premissa de desenvolvimento sustentável. Projeto
Peixe-Boi, Agenda 21, Ação e Cidadania são alguns desses projetos que a empresa
mantém ou patrocina.
O “carro-chefe” de qualquer campanha de divulgação é a Responsabilidade
Social, até em seu balanço anual, a empresa deixa explicito seus investimentos em
tal área, sendo também uma das empresas brasileiras que mais investem em
esporte, independente da modalidade.
Das refinarias em solo brasileiro, a REGAP é a sétima em capacidade
instalada, ou seja, capacidade de refino de petróleo. A REGAP movimenta cerca de
1,26 bilhões de Reais por ano somente com impostos (ICMS), tendo atualmente 31
52. 51
anos de efetivo funcionamento. Cerca de 80% da refinaria fica localizado em Betim,
os 20% restantes se dividem entre Ibirité e Sarzedo. (PETROBRAS, 2009)
A refinaria possui vários programas sociais, como a exemplo de outras
refinarias e um trabalho com as comunidades mais próximas. Assistências como
cursos profissionalizantes, eventos culturais e treinamentos são algumas das
atividades desempenhadas com as comunidades vizinhas.
4.2 – ANALISE DOS DADOS DE CAMPO:
4.2.1 – Questionário aplicado nos moradores do bairro Petrovale:
Sobre os questionários aplicados aos moradores do bairro Petrovale foram
observados uma grande reclamação sobre a exposição ao cheiro de gás, visto que,
67 por cento dos moradores indicaram como maior problema enfrentado pelo bairro
Petrovale é a exposição ao cheiro de gás.
Gráfico 6 Maior problema do bairro Petrovale
67%
Cheito de Gás
25%
Saúde
4% Transito de caminhões pesados
1 4% Violencia
0% Poluição sonora
Transporte
0%
Educação
0%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Á poluição do ar gerada pela REGAP, 71 por cento dos moradores
responderam que o maior impacto sofrido, informação que evidência que as
53. 52
atividades produtivas da Petrobras afeta consideravelmente a comunidade (ver
tabela 6).
Tabela 6 Região X Impacto sofrido
FREQ. FREQ.
ITEM ABSOLUTA RELATIVA
Poluição do ar 17 71%
Poluição Sonora 0 0%
Transito de Caminhões 2 8%
Risco de acidentes 5 21%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Gráfico 7 Classificação dos moradores quanto a poluição
atmosférica causadas pelas atividade da REGAP
60%
50%
50%
Insuportavel
40%
33% Incomoda muito
30% Não sabem
Incomoda pouco
20% 17%
Não incomoda
10%
0% 0%
0%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Ainda sobre os impactos causados pela REGAP, os 50 por cento dos
moradores classificaram como a poluição atmosférica sendo insuportável. Com tal
informação pode-se dizer que os moradores se sentem muito afetados com as
atividades da Petrobras, e que este impacto possivelmente é a maior causa de
reclamação e insatisfação dos moradores quanto a empresa.
Na verdade hoje essa questão da poluição é a coisa que mais aflige a
gente, mais já melhorou muito a dez / quinze anos atrás era insuportável.
Realmente as vezes eles soltam cheiro forte e enxofre., a gente não
consegue ficar dentro de casa. Quando você passou para cá deve ter
sentido um cheiro de enxofre, esse cheiro chega vem pra dentro da casa da
gente, aqui agora não está muito forte, mas vem pra dentro da casa da
gente. A gente quase morre. (Entrevistada 2, 2009)
Outro impacto que a comunidade sofre, esse bem visível em uma observação
primária da realidade do bairro, é o grande fluxo de caminhões pesados e com
54. 53
material altamente perigoso, conforme observado na tabela 6, 46 por cento dos
respondentes dizem que este transito incomoda muito o bairro.
Tabela 7 Percepção dos moradores quanto ao transito de
caminhões pesados causados pelas atividades da REGAP
ITEM FREQ. ABSOLUTA FREQ. RELATIVA
Insuportável 4 17%
Incomoda Muito 11 46%
Insuportável 4 17%
Incomoda Muito 11 46%
Não sei 2 8%
Incomoda Pouco 6 25%
Não incomoda 1 4%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
Vendo tais problemas enfrentados pela comunidade do bairro Petrovale,
mostra-se necessário averiguar como a comunidade procura se relacionar e
comunicar com a REGAP sobre os problemas por ela gerados. Vinha (2003) diz que
a sociedade juntamente com as empresas devem se organizar para a solução de
problemas em conjunto. A partir desta perspectiva é levantado o grau de satisfação
da relação entre Petrovale e REGAP (ver tabela 8).
Tabela 8 Relação REGAP e Petrovale
FREQ. FREQ.
ITEM ABSOLUTA RELATIVA
Péssima 2 8%
Ruim 6 25%
Mais ou menos 10 42%
Muito boa 5 21%
Excelente 1 4%
TOTAL 24 100%
Fonte: Dados coletados na pesquisa em 2009
A comunidade classifica seu relacionamento com a REGAP como mediado,
42 por cento dos moradores classificaram este relacionamento como mediano,
contudo para tira conclusões é preciso averiguar os gráficos 8 e 9 abaixo:
Gráfico 8 Canal usados pelos moradores quando há necessidades de reivindicações